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Universidade de Trás-os-Montes

e Alto Douro

Departamento de Agronomia

ESTUFAS E OUTROS ABRIGOS:


CARACTERIZAÇÃO E PROPRIEDADES

António José Duque Pirra

VILA REAL, 2021


ÍNDICE GERAL

1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................. 1
1.1. NOTA INTRODUTÓRIA .................................................................................................... 1
1.2. DEFINIÇÃO E ORIGEM DAS ESTUFAS:......................................................................... 1
1.3. VANTAGENS DA ESTUFA: .............................................................................................. 1
1.4. GRAU DE UTILIZAÇÃO DA ESTUFA ............................................................................. 2
1.5. EFEITO ESTUFA ................................................................................................................ 2

2. FACTORES A ATENDER NA INSTALAÇÃO DE ABRIGOS .................................. 4


2.1. FACTORES CLIMÁTICOS ........................................................................................................ 4
2.2. SOLO E ÁGUA ........................................................................................................................ 5
2.3. CULTURAS, TÉCNICAS E MERCADOS ..................................................................................... 5
2.4. ESTUFAS E TÚNEIS ................................................................................................................ 5
2.4.1. Orientação ................................................................................................................... 5
2.4.2. Dimensões ................................................................................................................... 5

3. MATERIAIS DE COBERTURA ..................................................................................... 6


3.1. PROPRIEDADES ÓPTIMAS DOS MATERIAIS DE COBERTURA ............................... 6

4. NATUREZA DO MATERIAL PLASTICO UTILIZADO EM AGRICULTURA..... 7


4.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 7
4.2. TIPO DE MATERIAIS ........................................................................................................ 7
4.3. CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS PLÁSTICOS ................................................................... 8
4.3.1. PROPAGAÇÃO DO CALOR .................................................................................. 11
4.4. INVERSÃO TÉRMICA ........................................................................................................... 12
4.5. COBERTURA DO SOLO ......................................................................................................... 12
4.6. MATERIAIS DE COBERTURA DE ESTUFAS E TÚNEIS ............................................................ 13
4.6.1. VIDRO ...................................................................................................................... 13
4.6.2. PLÁSTICOS: FILME E PLACAS ........................................................................... 13
4.7. OUTRAS APLICAÇÕES DOS MATERIAIS PLÁSTICOS NA AGRICULTURA ......... 15
4.8. INCINERAÇÃO E RECICLAGEM DOS PLÁSTICOS ................................................... 18
4.8.1. EXEMPLOS DE RECICLAGEM EM ALGUNS PAÍSES ...................................... 20
4.8.2. OUTRAS ESTRATÉGIAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL .......................... 21
4.9. EFEITOS DOS MUSGOS NA COBERTURA DE ESTUFAS/ABRIGOS ....................... 22

5. ESTRUTURA DA ESTUFA E MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO ........................... 23


5.1. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO ............................................................................................. 23

6. FORMAS DAS ESTUFAS .............................................................................................. 25


6.1. RECTILÍNEAS ...................................................................................................................... 25
II
6.2. ARREDONDADAS ................................................................................................................ 26

7. FACTORES QUE INFLUENCIAM A ESCOLHA DO TIPO DE ESTUFAS .......... 26


7.1. ESTRUTURA, COBERTURA, EQUIPAMENTOS.......................................................... 26
7.2. INFLUÊNCIA DA FORMA DA ESTUFA NA PENETRAÇÃO DA LUZ ........................................... 30

8. TIPOS DE ABRIGOS (ESTUFAS E TÚNEIS) ............................................................ 31

9. CLIMA, AREJAMENTO E VENTILAÇÃO ............................................................... 37


9.1. SISTEMAS DE VENTILAÇÃO ........................................................................................ 37

10. AQUECIMENTO/ARREFECIMENTO ....................................................................... 41


10.1. TROCAS TÉRMICAS NAS ESTUFAS ...................................................................... 42

11. OUTROS FACTORESIMPORTANTES NAS ESTUFAS.......................................... 44


11.1. FACTORES CLIMÁTICOS: H2O, LUZ, TEMPERATURA ............................................ 44
11.1.1. FORNECIMENTO DE ANIDRIDO CARBONICO (FERTILIZAÇÃO
CARBÓNICA) .................................................................................................................... 46
11.1.2. ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL ............................................................................. 49
11.1.3. AQUECIMENTO DO SOLO: ............................................................................. 51
11.2. RELAÇÃO ÁREA/ VOLUME E ÁREA DAS ABERTURAS DE VENTILAÇÃO .... 52
11.3. CORTA-VENTOS PARA ESTUFAS .......................................................................... 52
11.4. DISTÂNCIA ENTRE ESTUFAS A FIM DE EVITAR SOMBREAMENTO .................................. 54
11.5. VOLUME E PERÍMETRO DA ESTUFA ............................................................................... 54

BIBLIOGRAFIA .................................................................................................................... 55

ANEXOS ................................................................................................................................. 56

III
Índice de figuras
Figura 1.1 Rendimento em função do aperfeiçoamento do abrigo (com o consequente aumento
do investimento) 8 Semedo, 1988) ................................................................................................ 2
Figura 1.2 A luz incidente sobre uma estufa pode ser absorvida, refectida ou transmitida (Pedro
e Vicente, 1988) ............................................................................................................................. 3
Figura 4.1 Materiais de cobertura utilizados em estufas (espessuras usuais; 100 galgas =0,025
mm) (Matallana e Montero, 1989). ............................................................................................... 8
Figura 4.2 Materiais de cobertura utilizados em estufas (espessuras usuais; 100 galgas =0,025
mm) (Matallana e Montero, 1989). ............................................................................................... 9
Figura 4.3 Gráfico de temperaturas observadas em estufas com dois tipos de PE (Pedro e
Vicente, 1988) .............................................................................................................................. 12
Figura 4.4 Caracteristicas dos materiais plásticos (F-Fraca; ME-Media .............................................. 16
Figura 4.5 Simbologia utilizada e respectivos polimeros dos materiais plásticos ................................. 16
Figura 4.6 Simbologia utilizada na identificação e reciclagem dos materiais plásticos......................... 17
Figura 7.1 Formas de cobertura de estufas ............................................................................................. 28
Figura 7.2– Vantagens e inconvenientes dos diversas formas de cobertura de estufas (Pedro e
Vicente, 1988) .............................................................................................................................. 29
Figura 7.3 - Influencia da forma da estufa na luminosidade recebida (Semedo, C., 1988) ................... 30
Figura 7.4- Influencia da forma das estufas e sua orientação mais favorável (estufas seguidas e
coberturas em dente de serra) (Semedo, C., 1988). ..................................................................... 30
Figura 8.1 Estufa comercial de forma curva com cobertura de plástico e estrutura de metal
(Matallana e Montero, 1989). ...................................................................................................... 32
Figura 8.2 Estufa com estrutura de madeira não aparelhada (Semedo, 1988). ...................................... 32
Figura 8.3 Estufa com estrutura de madeira aparelhada (Semedo, 1988). ............................................. 33
Figura 8.4 Estufa com estrutura de madeira e arame tipo Parral- Almeria (Pedro e viecente,
1988). ........................................................................................................................................... 33
Figura 8.5 Estufa comercial com duas águas com cobertura de vidro e estrutura metálica
(Matallana e Montero, 1989). ...................................................................................................... 34
Figura 8.6 Estufa comercial com duas águas com cobertura de vidro e estrututa metálica
(Matallana e Montero, 1989). ...................................................................................................... 34
Figura 8.7 Tunel de forma semicilindrica e respectiva cobertura (Semedo, 1988) ................................ 35
Figura 8.8 Túnel em forma de arco abatido e respectiva cobertura (Semedo, 1988) ............................. 35
Figura 8.9 Fixação da cobertura do túnel com fio cruzado utilizando arcos com argola (Semedo,
1988) ............................................................................................................................................ 35
Figura 8.10 Parâmetros intervenientes na escolha de um modelo de estufa (Semedo, 1988). ............... 36
Figura 9.1– Formas de ventilação estática em diverso tipo de estufas (Semedo, 1988) ........................ 38
Figura 9.2– Funcionamento do Cooling–system (V-Ventiladores, P-Painel de cooling) ...................... 39
Figura 9.3 Posição do cooling–system na estufa (Semedo, 1988) ......................................................... 39
IV
Figura 9.4 Posição do cooling–system com comando automático (Semedo, 1988) .............................. 40
Figura 9.5 Arrefecimento de estufas por nebulização (Semedo, 1988) ................................................. 40
Figura 10.1 Aquecimento eléctrico de bancadas de enraizamento e viveiros em estufas
(Semedo, 1988) ............................................................................................................................ 51
Figura 10.2 Efeitos produzidos por corta-ventos impermeáveis e permeáveis nas zonas
protegidas por estes (Pedro e Vicente, 1988; Merino, 1991))...................................................... 52
Figura 10.3 Corta vento natural (sebe estratificada) (Merino, 1991) ..................................................... 53
Figura 10.4 Corta vento artificial de rede de malha de polipropileno .................................................... 53
Figura 10.5 Pormenor de um corta vento artificial de rede de malha de polipropileno ........................ 54
Figura 10.6 Determinação da distância a guardar entre estufas para evitar sombreamento entre
estas (Pedro e Vicente, 1988)....................................................................................................... 54

Índice de Tabelas
Tabela 1.1 Transparência de filmes para estufas ás radiações nocturnas (IR de 2500 a 25000
nm) emitidas pelo solo (Pedro e Vicente, 1988) ............................................................................ 3
Tabela 4.1 Transparência comparativa de diversos materiais utilizados em cobertura de estufas
(%) (Semedo, C., 1988). .............................................................................................................. 10
Tabela 4.2 Pesos e superfícies cobertas por filmes de PEBD e PVC transparentes em função da
sua espessura (Semedo, C., 1988). ............................................................................................... 10
Tabela 4.3 Principais características dos materiais plásticos e do vidro (Semedo, C., 1988). ............... 10
Tabela 4.4- Consumos mundiais de plástico (Dados de áreas (ha) ou quantidades (t) relativos ao
ano de 1992 .................................................................................................................................. 18
Tabela 5.1 Valores médios de cargas e sobrecargas em estufas (Semedo, 1988) .................................. 23

Índice de anexos
Anexo 1- Vista de um conjunto de estufas ............................................................................................ 56
Anexo 2- Gráfico psicométrico ............................................................................................................. 56

V
1. INTRODUÇÃO

1.1. NOTA INTRODUTÓRIA

Este trabalho tem como objectivo dar aos alunos dos diversos cursos da UTAD em que

a problemática da construção de estufas e abrigos é abordada, as principais noções relativas ao

tipo de estufas existentes, respectivos materiais de cobertura e factores que influenciam a escolha

de um determinado tipo em detrimento de outro bem como algumas noções mais técnicas

relativas ao seu aquecimento, ventilação e factores climáticos mais importantes tendo em vista o

seu controlo ambiental. Não pretende ser exaustivo, apresentando-se apenas algumas notas de

modo a apoiar os alunos que se debrucem sobre esta matérias.

1.2. DEFINIÇÃO E ORIGEM DAS ESTUFAS:

“Construção de estrutura e forma diversas, coberta com materiais transparentes ou

translúcidos, com ou sem sistemas de climatização e destinada à hortofloricultura fora de época”.

- Origem em Roma: jardins; no século XVI Holanda e Bélgica tinham também já

grande número . Século XIX: início da exploração comercial (hortícolas e flores)

1.3. VANTAGENS DA ESTUFA:

- melhores condições de trabalho e segurança;


- precocidade de colheita;
- colheita fora da época;
- aumento do rendimento/ha (2 a 4 x + que ao ar livre);
- melhor qualidade dos produtos;
- economia de água;
- melhor controlo das pragas e doenças.

-- - - -- -
Figura 1.1 Rendimento em função do aperfeiçoamento do abrigo (com o consequente
aumento do investimento) 8 Semedo, 1988)

FACTORES A ATENDER PARA MAXIMIZAÇÃO DE RENDIMENTOS:


- cultivares apropriadas;
- controlo ambiental (principalmente temp. e humidade);
- técnicas culturais adequadas.

1.4. GRAU DE UTILIZAÇÃO DA ESTUFA

É definido como a superfície útil ocupada pela cultura sobre a superfície total da estufa,
e deve ser o mais elevado possível.
Adoptam-se, em geral, valores da ordem de 0,6 a 0,75 ou 0,85 a 0,90, no caso da
utilização de bancadas (Mattallana, 1989).

1.5. EFEITO ESTUFA

O EFEITO ESTUFA resulta essencialmente das características do material de


cobertura:
- Reter as radiações emitidas sob o abrigo (IV longos) por absorção ou por reflexão.
- Deixar penetrar facilmente as radiações exteriores
- Reduzir as trocas de ar entre o abrigo e a atmosfera exterior (estanquecidade).

O material deve apresentar boa transmissão à radiação solar e uma má transmissão, absorção
elevada à radiação terrestre
Radiação solar: U.V.(300-380nm), visível (380-760nm), PAR (400-700nm), I.V. (curtos
e médios com 760-2500nm)
Radiação terrestre: I.V. longos (2500-5000nm)
Radiação global: Radiação directa +Radiação difusa (representa no mínimo 20% da
global isto se o Sol estiver no zénite, tempo claro e se for Verão, se o Sol estiver encoberto

2
representará 100% da radiação global.

O efeito de estufa é a acumulação de calor sob uma cobertura atravessada pelas


radiações solares e opaca aos infravermelhos longos, reenviados pelo solo e pelas plantas.

Das radiações solares:


• 10% são absorvidas pela estrutura dos abrigos;
• 10% são reflectidas para a atmosfera pela própria cobertura;
• 20% são reflectidas pelo solo e plantas para a atmosfera,

pelo que somente 60% poderão ser retidas no abrigo.

Figura 1.2 A luz incidente sobre uma estufa pode ser absorvida, refectida ou transmitida
(Pedro e Vicente, 1988)

Tabela 1.1 Transparência de filmes para estufas ás radiações nocturnas (IR de 2500 a
25000 nm) emitidas pelo solo (Pedro e Vicente, 1988)

Devem portanto evitar-se perdas de calor por:

3
. radiação (materiais opacos aos infravermelhos; favorecer a formação de uma fina
película de condensação na face interior da estufa; aumentar a superfície de cobertura em relação
à área do solo);

. convecção e radiação: cobertura dupla; diminuir a superfície de cobertura;

. renovação de ar: a estufa deve ser o mais estanque possível (plástico é preferível ao
vidro); abaixamento de temperatura é de 2-3 ºC.

2. FACTORES A ATENDER NA INSTALAÇÃO


DE ABRIGOS
2.1. FACTORES CLIMÁTICOS

Os factores climáticos mais importantes na produção intensiva são os seguintes:


1. - temperatura do ar mínima, média e máxima (ºC)
2. - temperatura do solo mínima, média e máxima (ºC)
3. - Precipitação (mm)
4. - humidade absoluta (g/kg ar seco) e relativa (%)
5. - velocidade e direcção do vento (km/h)
6. - horas de sol descoberto (h)
7. - duração do dia (fotoperíodo)

Normalmente estes dados são colhidos no campo em estações meteorológicas clássicas


ou automáticas e comparados com tabelas de registo meteorológico. Os items 1 e 2 são
determinados por termómetros, termógrafos ou termo-hidrógrafos. O 3º por udómetro ou
udógrafo, o 4º por psicrómetro ou termo-hidrógrafo, o 5º por cata-vento com anemómetro; o 6º
por heliógrafo e o 7º através de tabelas ou fórmulas empíricas. As estações meteorológicas
automáticas facilitam muito as tarefas de registo deste dados, no entanto é usual ainda o uso de
termo-hidrógrafo no interior dos abrigos

→ A humidade relativa no abrigo deve ser de 50 a 90% (excesso de humidade causa


doenças criptogâmicas)
→ Efectuar a renovação do ar

4
→ Promover o arrefecimento em períodos quentes

2.2. SOLO E ÁGUA

- Deve ser homogéneo e de preferência ligeiro;


- Razoável profundidade, bem drenado;
- Boas características físico-químicas;
- Pouco inclinado (máximo 1 %).

Deve dispor-se de água de boa qualidade e em quantidade suficiente (1 ha necessita de


9 000 m3/ano)

2.3. CULTURAS, TÉCNICAS E MERCADOS

Boas sementes, boa programação e rotação cultural, atendendo às necessidades das


plantas e melhores alturas de colocação no mercado, nas melhores condições de sanidade e
apresentação.

2.4. ESTUFAS E TÚNEIS

2.4.1. ORIENTAÇÃO

Em terrenos terraceados, oferecendo aos ventos dominantes a sua maior face e reforçando

a cobertura se necessário. Deve oferecer-se ao vento dominante a face de maior dimensão.


Considerar a hipótese de colocação de quebra-ventos (pelo menos em zonas do litoral),
afastados pelo menos 8 m dos abrigos.
Orientação preferencial em relação à insolação:
- Este - Oeste (estufas isoladas)
- Norte-Sul (estufas contínuas)

2.4.2. DIMENSÕES

Possibilidade de efectuar trabalho mecânico; área mínima para exploração comercial:


1000-1500 m2 numa ou duas estufas; área ideal: 2 500 a 3 000 m2 para empresas familiares.

5
- LARGURA: 3 A 12 m
- ALTURA NO FRECHAL ENTRE 1,8 A 2,2 m
- COMPRIMENTO ATÉ 50 m (facilitar controlo das pragas e do ambiente).
Excepcionalmente 100 m – floricultura
No caso dos Túneis:
- filmes de PE de 0,15-0,2 mm espessura
-Altura > 0,5 m; em geral 0,8-1 m e largura 0,7-1 m
- Comprimento indeterminado
- 1/2 m 3 de ar/m2 superfície
- estrutura em arcos de arame de 6 mm, colocados a 0,8-1,5 m de distancia e enterrados
cerca de 30 cm.

3. MATERIAIS DE COBERTURA

3.1. PROPRIEDADES ÓPTIMAS DOS MATERIAIS DE COBERTURA

→ absorver o menos possível a quantidade de luz incidente


→ permitir a penetrabilidade das radiações do espectro solar.
→ Não provocar modificações desfavoráveis nas características do espectro de emissão da luz.
→ Na banda dos infravermelhos (IV), o comportamento do material deverá permitir a obtenção
do máximo efeito estufa.

O plástico é mais ligeiro, adaptando-se com facilidade a todos os tipos e formas de


estufas, permite estruturas mais leves => menor sombreamento; permite estruturas móveis e
formas arredondadas. Pela sua flexibilidade e adaptação a estruturas redondas é mais resistente a
ventos e outros agentes atmosféricos.
Os filmes e chapas de plástico são mais estanques do que o vidro. No entanto, o
arejamento é mais fácil de estabelecer nestas últimas.

6
A condensação da água nas estufas de plástico e a sua queda sobre as plantas é maior do
que no vidro. Estas últimas têm maior sombreamento no seu interior devido à sua estrutura mais
pesada.

Uma Estufa de vidro é sempre muito mais cara do que estufa de plástico. Em Portugal a
produção não será mais rentável no vidro do que no plástico (em igualdade de condições) =>
logo a opção mais racional será o plástico.

4. NATUREZA DO MATERIAL PLASTICO


UTILIZADO EM AGRICULTURA
4.1. INTRODUÇÃO

Os plásticos são materiais de síntese molecular e são hoje largamente utilizados na


cobertura de estufas e túneis. São compostos semiorgânicos ou orgânicos formados por resinas
puras ou polímeros de massas moleculares elevadas, aliadas a adjuvantes específicos (como os
lubrificantes, plastificantes e estabilizantes) que lhes vão dar melhores propriedades (como a
maior resistência mecânica e durabilidade, melhoria do efeito de estufa, resistência aos
ultravioletas, etc.).

4.2. TIPO DE MATERIAIS

Os materiais plásticos mais usualmente utilizados são:


Filmes:
- polietileno de alta e baixa densidade (PEAD e PEBD);
- policloreto de vinilo (PVC);
- poliéster linear (UP);
- copolímeros EVA (Etil vinil acetato).

Materiais rígidos, semi-rígidos e outros:


- PVC rígido ou semi-rígido;
- poliéster insaturado com fibras diversas, especialmente com fibras de vidro (UP);
7
- polimetacrilato (PMMA) ou vidro acrílico, utilizado em chapas celulares;
- policarbonato (PC), de maior resistência do que o PMMA, utilizado também em chapas
celulares;
- polipropileno (PP), conhecido também por tela não tecida.

Chapas: Onduladas ou lisas; largura: 1 a 2 m; comp. variável.


Filmes: comercializados a peso, em bobinas de 60 a 80 kg.

Figura 4.1 Materiais de cobertura utilizados em estufas (espessuras usuais; 100 galgas
=0,025 mm) (Matallana e Montero, 1989).

4.3. CARACTERÍSTICAS DOS MATERIAIS PLÁSTICOS

<=> Leveza, durabilidade e envelhecimento:

Todos os plásticos usados em agricultura são relativamente leves, e portanto fáceis de


transportar (têm densidade próxima de 1).

Os plásticos degradam-se sob a acção da luz, particularmente dos ultravioletas. Esta


degradação toma o nome de envelhecimento, que é mais lento pela adição de adjuvantes anti
UV, o que em Portugal permite aumentar a durabilidade até 2 anos.
À diminuição das propriedades ópticas e mecânicas das estufas chama-se
envelhecimento.
Todos os plásticos resistem mecanicamente ao frio e ao calor.

<=> Permeabilidade aos gases/impermeabilidade aos líquidos:


Todos os plásticos agrícolas são impermeáveis aos líquidos. Os PE apresentam
permeabilidade diferenciada ao CO2 e ao O2, que é a base do sistema Marcellin para embalagem
em atmosfera controlada. As espessuras normalmente utilizadas rondam os 0,15-0,20 mm.

-
<=> Transparência à luz:
O vidro e os materiais plásticos usados em agricultura têm propriedades muito
aproximadas quer quanto à quantidade, quer quanto à qualidade da luz transmitida.

<=> Isolamento térmico:

Em condições práticas as perdas de calor por condução e convecção através do PE são


comparáveis ao vidro.

As perdas por radiação infravermelha (comprimentos de onda longos) emitidos durante a


noite pelo solo e pelas plantas: PVC e PE térmico (com adjuvantes) têm comportamento
semelhante ao vidro (idem para o PMMA e o PVC em chapa).

O PE térmico, apesar de mais caro, deve ser preferido, dado que aumenta em cerca de 15
dias a precocidade das colheitas, dando lugar a aumentos de produção da ordem dos 20% e
reduzindo o fenómeno de inversão térmica.

<=> Inflamabilidade e imputrescibilidade:

Em geral todos os plásticos ardem, uns mais do que outros. O PE é talvez o que arde mais
dificilmente, enquanto o poliéster arde com bastante facilidade. Todos os plásticos se degradam
por acção dos raios UV e por oxidação dos adjuvantes, mas não apodrecem.

Figura 4.2 Materiais de cobertura utilizados em estufas (espessuras usuais; 100 galgas
=0,025 mm) (Matallana e Montero, 1989).

-
Tabela 4.1 Transparência comparativa de diversos materiais utilizados em cobertura de
estufas (%) (Semedo, C., 1988).

Tabela 4.2 Pesos e superfícies cobertas por filmes de PEBD e PVC transparentes em função
da sua espessura (Semedo, C., 1988).

Tabela 4.3 Principais características dos materiais plásticos e do vidro (Semedo, C., 1988).

10
4.3.1. PROPAGAÇÃO DO CALOR

O calor pode ser transmitido por 3 formas:

RADIAÇÃO - O calor é transferido por ondas electromagnéticas não necessitando da qualquer


meio físico
Todos os corpos emitem uma radiação electromagnética resultante da transformação da
sua energia calorífica em RADIAÇÃO TÉRMICA (aumenta com a temperatura do corpo)
Propaga-se por: REFLEXÃO (), ABSORÇÃO () e TRANSMISSÃO ()

I 

CONDUÇÃO - Propagação do calor por agitação molecular, de um meio mais quente para um
meio mais frio
t1
q = K*S* t/e q
t2 < t 1

K - condutividade térmica, característica do material (W.m-1.ºC-1)


e - espessura do material (m)
t - diferença de temperatura (ºC ou K)
S - secção de passagem (m2)
q - fluxo de calor (W)

CONVECÇÃO - Através de um fluido que aquece por contacto com uma superfície mais
quente, circula e transmite esse calor a uma superfície mais fria

a) NATURAL - Resulta da heterogeneidade de temperaturas no fluido. O ar mais quente


tem uma densidade inferior ao ar frio (que é mais pesado) e sobe enquanto o ar frio desce.

b) FORÇADA - O movimento de ar é imposto (ventilação forçada)

c) MISTA - Conjugação das 2 anteriores

11
4.4. INVERSÃO TÉRMICA

Este fenómeno ocorre quando a temperatura sob abrigo (ti) desce abaixo da temperatura
exterior(te):ocorre quando as perdas por radiação são intensas, principalmente em noites claras.
É tanto maior quanto mais permeável for o material ás radiações IV longos (Possibilidade da ti
ser inferior em 2 a 3 °C em relação à Te).
É preocupante para te baixa (5°C ou inferior).Acontece com PE não térmico pois este é
permeável aos infravermelhos, cuja fuga se verifica principalmente em noites claras, sem
condensação no interior dos abrigos e no caso de plantas jovens.

Pode ser contrariado com o uso do PE térmico, arejamento suave do ambiente, utilização
de parede dupla pulverização de água na face externa do filme e o aquecimento interior.

Figura 4.3 Gráfico de temperaturas observadas em estufas com dois tipos de PE (Pedro e
Vicente, 1988)

4.5. COBERTURA DO SOLO

Este procedimento serve para evitar a dissecação do solo, a formação de crosta superficial
e a perda de água por evaporação; promover o aquecimento do solo; evitar a proliferação de
ervas daninhas e evitar a contaminação de frutos que se formem junto ao solo.

Palhas, matos, caruma, etc., hoje substituídas por plásticos, que podem ser transparentes
(maior aquecimento do solo), negros (> efeito estufa, controlo ervas daninhas) ou fumados.
Vantagens:
- maior precocidade;
- economia (mondas, regas e outros amanhos);

12

- -- - - - -- - - - -
- aumento das produções (melhores condições culturais do solo;
- diminuição do perigo de orvalhos e geadas nocturnas;
- diminui a humidade relativa ambiente, diurna;
- mobilização mínima.

4.6. MATERIAIS DE COBERTURA DE ESTUFAS E TÚNEIS

4.6.1. VIDRO

- Bom isolante térmico - incapaz de transmitir radiação com comprimento de onda


superior a 4600 nm revela-se um óptimo material para provocar o efeito estufa.
- Conserva quase indefinidamente as suas propriedades - insensível às radiações,
inalterável aos ácidos e à humidade, incombustível.
- Fragilidade.
- Preço.

4.6.2. PLÁSTICOS: FILME E PLACAS

Os plásticos podem apresentar-se sob a forma de placas semi- rígidas ou em películas.


Podem ainda, conter adjuvantes entre os quais lubrificantes, plastificantes (flexibilidade) e
estabilizantes (evitam alterações provocadas por agentes externos).
Há uma particularidade comum a todas as matérias plásticas que se traduz no facto do seu
emprego reduzir os custos das estruturas de apoio necessárias, uma vez que estas têm que suster
pesos bastante menores do que no caso de se usar o vidro como material de cobertura. a
eliminação de alguns suportes faz aumentar a luminosidade e o isolamento do abrigo.

Materiais Plásticos - Aditivos


• Processo: evitar a degradação durante a transformação (estabilizantes e anti-oxidantes) e
melhorar a sua processabilidade (lubrificantes);
• Plastificantes: aumentar a flexibilidade dos materiais;
• Anti-envelhecimento: evitar a degradação pela acção da luz, temperatura, oxigénio
(estabilizantes e anti-oxidantes UV);
• Modificadores de superfície: agentes anti-condensação, anti-bloqueamento, anti-estáticos,
de deslizamento

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- -------- -
• Modificadores ópticos: pigmentos: negro de fumo, branco dióxido de titânio, vermelho
óxido de ferro, amarelo sulfureto de cádmio, laranja molibdato, azul/verde ftalocianinas
de cobre, etc.
• Agentes de espuma: produção de materiais celulares

POLIETILENO (PEBD E PEAD)


- baixo peso específico- 0,9 (película de 0,1 mm pesa 90 g/m2)
- Condutividade térmica muito baixa (1/4 inferior à do vidro).
- Transparência (capacidade de se deixar atravessar por radiações U.V. e radiação visível) é boa.
- Efeito estufa médio
- resistência mecânica (granizo, vento).
- Inércia química
- Deterioração rápida (1 ano) quando exposto à radiação solar nos meses de maior intensidade
luminosa e temperaturas elevadas.

POLIMETACRILATO DE METILO (PMMA)


- Revestimento rígido de estufas.
- transparência superior à do vidro.
- Elevada resistência ao envelhecimento (inatacável pelos U.V.).
- Mais leve e menos frágil que o vidro mas com maior peso especifico que o polietileno (1,5 a 3).
- Dureza baixa - facilmente riscado (perde qualidades ópticas).
- Preço elevado.

RESINAS DE POLIÉSTER (UP)


- Revestimento rígido de estufas, sob a forma de chapas lisas, onduladas ou nervadas.
- frequentemente reforçadas com fibras de vidro ou de nylon.
- Notável poder de difusão (evita-se a caiação das paredes durante o período estival, como
acontece nas estufas de vidro).
- transparência muito boa desde que bem fabricadas (evitar formação de bolhas).
- Duração de cerca de 10 anos.
14
- Menor peso especifico que o vidro.
- Excelentes propriedades mecânicas.

POLICLORETO DE VINILO (PVC)


- Pode apresentar-se sob a forma de placas rígidas ou em película.
- Duração superior a 2 anos.
- Resistência mecânica e inércia química semelhante à do polietileno.
- Mais permeável ao vapor de água que o P.E.
- Efeito estufa e transparência superior ao do P.E., mas com menor condutividade térmica.
- Peso especifico de 1,3 o que o torna cerca de 1/3 mais caro que o P.E.

COPOLÍMEROS EVA
- Têm interesse quer para cobertura quer para embalagem de produtos agrícolas frescos, semi-
preparados e congelados.
- Melhores propriedades ópticas e mecânicas e melhor efeito estufa que o P.E.
- Menos resistente ao rasgamento (não convêm usar em zonas ventosas).

POLICARBONATO (PC)
- Chapas semelhantes ao PMMA, com maior resistência ao choque e à temperatura, mas com
menor transparência.

FILMES FOTODEGRADÁVEIS
- Filmes de degradação rápida e controlada por acção da luz.

4.7. OUTRAS APLICAÇÕES DOS MATERIAIS PLÁSTICOS NA AGRICULTURA

Os plásticos usados na agricultura são frequentemente de curta duração, o que aliado ao


seu grande consumo origina vastas quantidades de resíduos.
A agravar a situação, os agricultores e a população em geral, não estão sensibilizados
para este tipo de problemas. Apesar da quantidade de plástico desperdiçado proveniente de uso
agrícola ser insignificante quando comparado com a proveniente de uso doméstico e comercial, o

15
sector agrícola deve também ter consciência da necessidade de protecção ambiental e conjugar
esforços para a redução das quantidades de resíduos produzidas.

Figura 4.4 Caracteristicas dos materiais plásticos (F-Fraca; ME-Media


B-Bom; MB-Muito bom; EXC-Excelente; VAR-Variavel)

Figura 4.5 Simbologia utilizada e respectivos polimeros dos materiais plásticos

16
Figura 4.6 Simbologia utilizada na identificação e reciclagem dos materiais plásticos

Das possíveis aplicações dos plásticos reciclados/novos destacam-se as seguintes:

- Modificação da estrutura do solo por incorporação de granulados, contribuindo para aligeirar


terrenos argilosos ou compactos.
- Solarização do solo, com o objectivo de destruir infestantes e evitar algumas pragas e doenças.
- Cobertura do solo, que substitui a antiga técnica de proteger os solos e culturas com palhas,
conserva a humidade, impede que as folhas e os frutos se sujem, evita o desenvolvimento de
infestantes, conserva o calor do solo.
- Cultura semi-forçada com túneis.
- Estufas e abrigos altos; Paredes duplas de estufas
- Represas artificiais; Rega e drenagem.
- Redes anti-granizo, corta-ventos, anti-pássaros, anti-geada, etc.
- Recipientes e embalagens de produtos agrícolas, sacos para adubos e pesticidas.
- Tectos duplos de estufas com filmes plásticos para aumentar o isolamento térmico.
- Caixas de utilização variada e vasaria
- Cultura hidropónica.
- Obtenção de produtos de maior qualidade, precoces ou tardios, pelo emprego de filmes foto-
selectivos.
- Aquecimento do solo com sistemas de tubagem onde circula água aquecida à temperatura
desejada (Pedro e Vicente, 1988).
-Ensilagem (construção e cobertura de silos)
Os plásticos mais utilizados na agricultura/horticultura são os de curta duração. Os

17
filmes transparentes normalmente são utilizados durante um ou dois anos/campanhas, enquanto
que os filmes negros o são durante três.
- Os filmes fotodegradáveis entram em processo de autodestruição após um tempo determinado -
30 ou 100 dias - depois da sua colocação no solo (Semedo, 1988).

Tabela 4.4- Consumos mundiais de plástico (Dados de áreas (ha) ou quantidades (t)
relativos ao ano de 1992
País Estufas Pequenos Cobertura Mulching Silos Irrigação
túneis directa
360-540
Alemanha 5 700 ha 1 200 ha 35 000 t
ha
Bélgica 300 t 250 ha 2 600 ha 600 t 7 000 t
Bulgária 4 900 t 1 200 t 50 t 1 800 t 5 000 t
Checoslov 4 300 t 50 t 2 100 t
Egipto 2 600 t 8 900 t 590 t
Espanha 28 350 ha 17 100 ha 100 725 ha 5 000 t
Finlândia 2 700 t
10 000- 25 000-
França 7 500 t 8 000 ha 18 500 t
12 000 t 27 000 t
Grécia 9 900 t 3 600 t 30 t 900 t
Hungria 12 000 t 100 t 450 t 450 t 3 000 t
Índia 103 000 t
Irlanda 8 000 t
Itália 56 600 t 24 000 t 600 t 18 000 t 8 000 t
Japão 47 000 ha 55 000 ha 4 000 ha 155 000 ha
Marrocos 4 400 ha
México 2 320 t 1 670 t 7 000 t 1 400 t
Noruega 3 500 t
Polónia 2 000 ha 800 ha 3 500 ha
Portugal 4 800 t 50 t 4 200 t
R. Unido 1 000 t 200-500 t 3 200 t 800 t 21 800 t
Suécia 2 500 t
Fonte: Wide Width Film Working Group in Plasticulture (1993)

4.8. INCINERAÇÃO E RECICLAGEM DOS PLÁSTICOS

Vários estudos mostraram que a incineração e a reciclagem são as tecnologias mais


apropriadas para fazer face ao desperdício de plásticos de origem agrícola.

INCINERAÇÃO

Os restos de filmes e de sacos de fertilizantes não devem ser abandonados porque não se
decompõem e causam poluição visual.

18
Regra geral estes materiais acabam em aterros onde ocupam espaço; a energia investida
na sua produção fica perdida sem qualquer uso. Hoje em dia, dois terços destes materiais
continuam sem ser aproveitados.
A incineração destes produtos permite a utilização da energia neles contida, que pode ser
utilizada para a produção de calor e energia eléctrica. Na Alemanha, um projecto de recolha e
incineração destes desperdícios, de onde se espera obter 2,5% da energia eléctrica necessária
para o país.
Estas incineradoras necessitam para o seu funcionamento de um combustível fóssil.
Uma vez que o plástico é uma forma deste combustível, deixa de ser necessário utilizar petróleo
ou os seus derivados nestas centrais, até porque o plástico possui mais energia (43-44 MJ/kg)
que os combustíveis fósseis (42,3 MJ/kg). No entanto, continua a ser necessário o tratamento dos
gases resultantes da incineração.
Assim, a utilização, por incineração, da energia armazenada nos plásticos desperdiçados
é uma actividade proveitosa (Marten, 1988).

RECICLAGEM

Os processos químicos de reciclagem dos materiais plásticos de modo a obterem-se


matérias-primas podem fazer-se por diversas formas:

PIRÓLISE - neste processo os materiais plásticos são desintegrados, dentro de um


reactor fechado a altas temperaturas (400 ºC), altas pressões e sem oxigénio, nos seus
componentes químicos. Desta forma a pirólise não é um processo de combustão, pois não há a
produção secundária de gases, mas sim um processo que fornece energia sob a forma de gás,
bem como óleos aromáticos que podem ser empregues no aumento da qualidade de combustíveis
ou directamente como matéria-prima para a produção de produtos químicos. No entanto, por
cada 100 kg de plástico assim processado, permanecem 10 kg de fuligem por transformar
(Marten, 1988).

HIDRÓLISE - Neste processo, pela acção de vapor de água, alta pressão e temperatura,
os constituintes primários são recuperados numa forma pura. Dentro dos materiais plásticos, os

19
poliuretanos, as poliamidas e os poliésteres são os que mais se adequam a este processo (Marten,
1988).
A reciclagem deve ser encarada apenas para plásticos seleccionados, limpos, não
degradados e com custos de recolha e transporte aceitáveis. Nas indústrias produtoras de plástico
os resíduos foram sempre reciclados. Os resíduos plásticos seleccionados e limpos, disponíveis
em quantidades suficientes e com composição química semelhante, são agora economicamente
interessantes como matéria-prima para reciclagem.
Os plásticos usados na agricultura não possuem as características para se enquadrarem
na classificação de “seleccionados, limpos e não degradados” e muito menos como material para
reciclagem. Para solucionar este problema desenvolveram-se máquinas (DBE System) que
limpam, escovam e enrolam o filme utilizado no “mulching”. Estas máquinas conseguem
remover a maior parte da terra e de resíduos vegetais existentes nos plásticos (Anónimo, 1992).
Existem já outras máquinas, em pequeno número, que retiram o plástico de túneis e abrigos.
Pela reciclagem dos plásticos podem obter-se outros produtos de uso agrícola: filmes,
painéis de divisão de estábulos, manjedouras, estrados (ripados) para animais, vedações, malhas,
vasos, silos, contentores, roldanas, tubos flexíveis para irrigação e drenagem.
Misturas de polietileno virgem e reciclado proveniente da agricultura podem ser usados
na produção de filmes transparentes para “mulching” (pela adição de estabilizadores UV) ou de
filmes opacos (negro de fumo) sendo possível, em alguns casos, garantir-lhes uma vida útil de
pelo menos cinco meses (Sanchez-Lopez et al, 1991).

4.8.1. EXEMPLOS DE RECICLAGEM EM ALGUNS PAÍSES

Na Alemanha, após várias experiências piloto em algumas campanhas de recolha, os


agricultores estão, dispostos em entregar os seus plásticos limpos, devidamente acondicionados,
nos locais de recolha. No entanto, cerca de 20% em peso do material recolhido está sujo de terra
e com restos de forragem, com pedras e por vezes com sacos de papel à mistura e outro lixo.
Numa destas campanhas, numa grande cooperativa agrícola alemã (Oldenburg), houve
um retorno de 16% de 1000t de filme de cobertura de silos vendido, (160t recuperadas).
Constatou-se que o plástico recolhido é de baixa qualidade, muito sujo e bastante degradado por
radiações UV, Algumas campanhas tiveram bons resultados devido à consciencialização
ecológica dos agricultores e também à diminuição dos intervalos de recolha que evitaram uma
20
degradação excessiva dos plásticos.
As Cooperativas funcionam como locais de recolha dos plásticos mas recusam-se a
proceder à selecção, limpeza e ao acondicionamento do material recebido. Nesta altura, torna-se
indispensável a intervenção de empresas especializadas para procederem à selecção, à
prensagem e ao transporte dos plásticos. No Japão, mais concretamente na ilha de Kiushu, uma
empresa recolhe os plásticos usados junto dos agricultores, transforma-os num granulado e
vende-os a uma outra empresa. Esta, refunde este granulado e produz os sacos que serão
utilizados na recolha de lixos domésticos (Anónimo, 1994).
Na Itália, na província de Modena, existe um sistema de recolha e reciclagem ainda em
fase experimental, de polietileno utilizado na agricultura. As operações de recolha, compressão e
enrolamento dos plásticos são feitas mecanicamente no campo, sendo depois transportados para
a cooperativa local. O plástico é então submetido a um processo semelhante ao caso japonês, de
onde resultam produtos de utilização directa na agricultura (tubos de drenagem) e noutras
actividades (Zerbini, 1994).
Na China, construiu-se uma unidade piloto em Xangai, para reciclagem de plásticos. Os
resultados obtidos nesta fase experimental foram de tal maneira encorajadores, que se estimou
que se poderiam reciclar metade dos plásticos de proveniência agrícola (Anónimo, 1994).

4.8.2. OUTRAS ESTRATÉGIAS DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

Devem também utilizar-se outras estratégias com o objectivo de diminuir a quantidade


de resíduos plásticos provenientes da agricultura/horticultura, como por exemplo:

1- Redução do uso de recursos não - renováveis


2- Diminuição da espessura de plásticos empregues em cobertura de estufas, sacos de
fertilizantes, cobertura de silos (Sale, 1993).
3- Aumento do tempo de vida útil dos plásticos utilizados ou fomento do uso de
plásticos de longa duração.
4- Utilização de plásticos biodegradáveis elaborados a partir de amido de milho (por
ex.: sacos de pesticidas), que quando em contacto com a água se dissolvem por si próprios (Otey,
1983).
5- Substituição do plástico utilizado em “mulching” por papel reciclado que é
facilmente degradado pelos microorganismos do solo e desaparece totalmente. Para atrasar a

21
degradação deste material, é-lhe adicionado normalmente resina natural. Após ensaios realizados
em estufas e ao ar livre em condições de humidade, verificou-se que a sua duração é cerca de
quatro meses (Anónimo, 1988).
6- Utilização de filmes fotodegradáveis: o desenvolvimento de plásticos com uma
durabilidade programada teve o objectivo de obter um filme para “mulching” que se desintegra
num número pré-determinado de dias após ter início a sua utilização. Da desintegração total
destes produtos, resulta CO2 e H2O e pequenas partículas que se podem dispersar facilmente no
solo. Esta técnica oferece uma alternativa na produção de filmes para “mulching” que, contribui
para o aumento da produtividade agrícola, e simultaneamente reduz a formação de resíduos
plásticos e a poluição dos solos (Sánches-Valdés et al, 1995).
No entanto existe a possibilidade de toxicidade para as plantas, atribuída aos indutores
de fotodegradabilidade presentes em certos tipos de plásticos, utilizados para “mulching”.
Durante o processo de degradação destes plásticos, o níquel e o ferro são libertados para o solo
(na forma de sais e/ou óxidos), podendo causar fenómenos de toxicidade ou ficar acumulado nas
culturas. Contudo, segundo resultados obtidos por Casalicchio et al, (1990), em que se simulou
60, 120 e 180 anos consecutivos de “mulching”, não foram encontrados valores significativos de
níquel no solo ou nas plantas. De facto, até se verificou, que a quantidade de níquel solúvel na
água diminuiu.
Um outro aspecto é a não total biodegradabilidade destes plásticos. A sucessiva
utilização desta técnica ao longo de vários anos pode provocar alterações nas características do
solo, pois a quantidade de resíduos que aí permanecem torna-se cada vez maior.

4.9. EFEITOS DOS MUSGOS NA COBERTURA DE ESTUFAS/ABRIGOS

EFEITOS NEGATIVOS
Os musgos e algas aparecem geralmente nas coberturas viradas a Norte ou por
influência de sombra de árvores. O seu desenvolvimento origina:
• Diminuição da luminosidade de 10 a 30% em função do grau de ataque
• Diminuição do rendimento das culturas
• Eliminação do efeito precocidade
• Necessidade de mudar mais frequentemente a cobertura (maiores custos)
• Aumento dos riscos fitossanitários devido à humidade relativa mais elevada, resultado de
uma menor insolação
• Estiolamento das plantas
22
TRATAMENTO
H2O - Muito moroso; não garante o não reaparecimento após algum tempo
• PRODUTOS químicos ( pH 6,5-7,8); não podem conter cloro, enxofre, ácido sulfúrico ou
ácido clorídrico (alguns produtos comerciais hortiseptyl e désogerme)

APLICAÇÃO
• Em dias com insolação forte e com pouco vento
• cobertura deve ser molhada até começar ao limite de escoamento

5. ESTRUTURA DA ESTUFA E MATERIAIS


DE CONSTRUÇÃO
A ESTRUTURA DA ESTUFA DEVE TER EM ATENÇÃO:
Cargas naturais:
(peso da estrutura e cobertura; Insolação; Vento, Chuva).

Sobrecargas:
Climáticas: chuva, vento e outros agentes atmosféricos) e Funcionais: tutores, material de
aquecimento, rega e acessórios

Tabela 5.1 Valores médios de cargas e sobrecargas em estufas (Semedo, 1988)

Cargas e sobrecargas Filme plástico (kg/m2) Vidro 2-3 mm (kg/m2)


Estrutura 5-10 10
Vento 40 40
Chuva 15 20
Neve 15 25
Tutores 15 15
Rega 15 15
Aquecimento 15 15

5.1. MATERIAIS DE CONSTRUÇÃO

MADEIRA

Usada sobretudo em pequenas explorações.


23
Deve ser tratada, ter um diâmetro de 10 a 12 cm e altura de 2,1 a 2,4 metros,
considerando 0,3 a 0,7 m para enterrar.
É preferível inserir os postes numa pequena sapata de betão, com 0,4 m x 0,4 m na base
inferior, 0,20 m x 0,20 m na superior e altura de 0,4 a 0,5 m.
A distância entre os prumos varia de 3 a 5 m.
Vantagens:
- preço inicial mais baixo;
- facilidade de trabalho;
- fraca condutibilidade térmica, com a consequente economia de aquecimento.
Inconvenientes:
- duração limitada;
- excessivo sombreamento;
- susceptível a deformações naturais;
- exigência de formas rectilíneas;
- maior exigência de mão-de-obra para colocação da cobertura;
- precária e difícil utilização se a cobertura é de vidro.

METAL

Vantagens:
- elevada durabilidade;
- permite estufas ligeiras, com o mínimo de sombreamento;
- permite formas mais convenientes, inclusive arredondadas.
Inconvenientes:
- custo inicial elevado;
- bom condutor (fuga de calor);
- atacado pela corrosão (problema resolvido com pintura ou galvanização)
- necessidade de utilização de filmes plásticos de grandes dimensões.

São construídas normalmente em:

- Tubo galvanizado:

→ sólido, durável, fácil montagem e desmontagem

- Perfis de ferro diversos: T, V e barra

24
→ é basicamente para estruturas de vidro ou chapas de materiais plásticos semi-rígidos.

- Alumínio:

→ é um bom material para estufas, apresentando como inconvenientes o seu preço e a


menor resistência nos pontos de soldadura.

BETÃO

→ é normalmente usado em combinação com outros materiais, é muito durável, mas é


mais caro e provoca maior sombreamento no interior.

6. FORMAS DAS ESTUFAS


6.1. RECTILÍNEAS

Os materiais rígidos obrigam a formas rectilíneas, em "capela" com abas iguais ou


desiguais, enquanto os flexíveis possibilitam ainda a construção de estufas arredondadas, mais
convenientes do ponto de vista da recepção da luz e resistência ao vento.

a) Duas abas iguais ou capela

Permite o total aproveitamento do solo.


A inclinação deve ser maior que 22° (maior recepção de luz e escorrimento de água de
condensação).
Podem usar-se estufas isoladas (em grupos, com espaços entre si de cerca de 8 m) ou em
bateria.

b) Duas abas desiguais ou "dente de serra"

Recebe mais luz no Inverno do que a "capela".


Quando isoladas, a aba menos inclinada deve ficar virada a sul. Em bateria a orientação
deve ser a contrária. Um caso particular destas estufas é o das assimétricas com arejamento
permanente.
c) De uma só aba

Utilizada apenas em zonas de socalcos (ex. Madeira).

d) Em torre

Estufa particular, em forma de torre de secção circular ou poligonal, em aço e vidro ou

25

-
plástico e com 4 a 5 m de base e 14 a 23 m de altura. São estufas caras, utilizadas praticamente
só em investigação.

6.2. ARREDONDADAS

a) Semicilíndricas

Muito eficientes quanto à resistência ao vento, absorção de luz e escoamento de água.


Têm em geral 5 a 9 m de largura, a que corresponde uma altura de 2,5 a 4,5 m e um
comprimento até cerca de 60 m.
Têm o inconveniente da dificuldade de utilização do terreno junto à ligação da estufa com
o solo.

b) Arco abatido ou asa de cesto

Idênticas às anteriores, excepto no inconveniente citado.

c) Semielípticas e ogivais

Aptas para estufas de grandes dimensões.

d) Insufladas

Não necessitam de estruturas de suporte e têm excelente luminosidade, mas têm como
principais inconvenientes serem caras e o facto de terem pequena renovação de ar.
Necessitam de cuidado e experiência para serem usadas com sucesso.

7. FACTORES QUE INFLUENCIAM A


ESCOLHA DO TIPO DE ESTUFAS

7.1. ESTRUTURA, COBERTURA, EQUIPAMENTOS

Em termos de estrutura e forma deve escolher-se o que melhor corresponde às:

• Exigências climáticas
• Técnicas de produção
• Terreno disponível
26

-- -
• Capacidades financeiras
• Estratégias comerciais

Estruturas de apoio reforçadas (neve, vento)


Formas adaptadas ao clima
Formas e volume em função das técnicas culturais
• Condições de trabalho (intervenções culturais, tutoramento de plantas, equipamentos)
• Mecanização (sementeira, plantação, tratamentos fitossanitários, desinfecções,
lavouras, colheita)
Métodos de arejamento
• Percentagem de aberturas de cerca de 17 a 20% área coberta
• Várias janelas laterais aumentar os pontos de arejamento, alternância de aberturas
laterais e zenitais (maior movimentação do ar)

Facilidade de montagem

ESCOLHA DA COBERTURA EM FUNÇÃO DE:


• Objectivos culturais (espécie, rotações)
• Equipamento climático (antigeada, aquecimento, arrefecimento, protecções
temporárias)
• Factor climático mais limitante (para o poder corrigir)

27
Figura 7.1 Formas de cobertura de estufas

28
Figura 7.2 Vantagens e inconvenientes dos diversas formas de cobertura de estufas (Pedro
e Vicente, 1988)

29
7.2. INFLUÊNCIA DA FORMA DA ESTUFA NA PENETRAÇÃO DA LUZ

Figura 7.3 - Influencia da forma da estufa na luminosidade recebida (Semedo, C., 1988)

Figura 7.4- Influencia da forma das estufas e sua orientação mais favorável (estufas
seguidas e coberturas em dente de serra) (Semedo, C., 1988).
30

- - -- --
8. TIPOS DE ABRIGOS (ESTUFAS E TÚNEIS)
CLASSIFICAÇÃO DAS ESTUFAS
CONSOANTE A ESTRUTURA:
→ madeira;
→ metal;
→ mistas.

CONSOANTE O MATERIAL DE COBERTURA:


→vidro;
→ plástico:
- em filme
- semi-rígido
- rígido
→ misto.

CONSOANTE A FORMA:
→rectilíneas:
- capela:
- 2 abas iguais
- 2 abas desiguais:

→ dente de serra
→ assimétrica com arejamento permanente
- de uma só aba
→ arredondadas:
- semicilíndricas
- arco abatido ou asa de cesto
- ogivais
- semielípticas
- insufladas

31
Figura 8.1 Estufa comercial de forma curva com cobertura de plástico e estrutura de metal
(Matallana e Montero, 1989).

Figura 8.2 Estufa com estrutura de madeira não aparelhada (Semedo, 1988).

32
Figura 8.3 Estufa com estrutura de madeira aparelhada (Semedo, 1988).

Figura 8.4 Estufa com estrutura de madeira e arame tipo Parral- Almeria (Pedro e
viecente, 1988).

33
Figura 8.5 Estufa comercial com duas águas com cobertura de vidro e estrutura metálica
(Matallana e Montero, 1989).

Figura 8.6 Estufa comercial com duas águas com cobertura de vidro e estrututa metálica
(Matallana e Montero, 1989).

34
Figura 8.7 Tunel de forma semicilindrica e respectiva cobertura (Semedo, 1988)

Figura 8.8 Túnel em forma de arco abatido e respectiva cobertura (Semedo, 1988)

Figura 8.9 Fixação da cobertura do túnel com fio cruzado utilizando arcos com argola
(Semedo, 1988)

35
Figura 8.10 Parâmetros intervenientes na escolha de um modelo de estufa (Semedo, 1988).

36

- - - - - - --- - - -- - - - - -
9. CLIMA, AREJAMENTO E VENTILAÇÃO
9.1. SISTEMAS DE VENTILAÇÃO

VENTILAÇÃO NATURAL (janelas laterais ou zenitais)

Quando a estufa tem aberturas, as trocas gasosas, entre o exterior e o interior, aparecem
espontaneamente por diferença de densidade (resultante da diferença de temperatura entre o
exterior e o interior, entre a face exposta ao sol e a ensombrada) ou por diferença de pressão
(devido ao vento).
Para condições naturais e para um dado tipo de estufa, a intensidade dessas trocas
depende da posição das aberturas, do seu número e da sua secção (grau de abertura).
A fórmula que se apresenta a seguir resume o que se disse anteriormente.

Q = mS2 g P
Q : débito de ar
S : secção de passagem
P : diferença de pressão entre interior e exterior
m : coeficiente que depende das características geométricas da cobertura

Na prática, são utilizados numerosos dispositivos mais ou menos perfeitos para ventilação
natural de estufas ou abrigos.

• Se forem abrigos temporários, durante a estação fria, onde o clima é ameno, pode ser usada
uma ventilação permanente:
- seja pela porosidade própria do material de cobertura
- seja por uma estanquecidade voluntariamente defeituosa
- seja ainda através de filmes perfurados, furos esses criados e multiplicados à medida
que a estação avança

• Se for ventilação temporária e resultante de uma intervenção especifica:


- através do levantamento lateral do filme
- através de janelas que podem ser comandadas manualmente ou então motorizadas e
automatizadas (a ventilação é mais eficaz quando se associam janelas laterais com janelas de

37
topo (cumeeira) tendo em conta a direcção do vento)

Figura 9.1– Formas de ventilação estática em diverso tipo de estufas (Semedo, 1988)

VENTILAÇÃO FORÇADA (ventiladores)


• devem ser lentos (450 rpm), projectados para distâncias máximas de 60 a 80 m
• devem permitir como mínimo 12 e como máximo 30 a 40 renovações horárias do volume de
ar (cerca de 0,75 a 1 renovação por minuto, para um salto térmico de 5°C)
→ Possibilidade de utilização do "cooling system" (é mais eficiente para baixas
humidades relativas exteriores - é capaz de reduzir a temperatura ambiente até 10°C).

“COOLING SYSTEM” (Ventilação com fornecimento de água)


O arrefecimento evaporativo resulta do arrefecimento ambiental provocado pela
evaporação da água fornecida a uma massa de ar que atravessa a estufa.
• acréscimo de entalpia resulta do calor latente de vaporização da água; do calor sensível
do ar seco e do calor sensível do vapor de água.
• O fornecimento de água facilmente vaporizável oferece um duplo interesse:
- reduzir a temperatura e permitir a abertura dos estomas.
- A pulverização da água também favorece a vaporização e permite fornecimentos dispersos pela
estufa, homogeneizando assim o clima.
38
O painel deverá ser uniformemente molhado (cerca de 2L/min/m2); cada m2 de painel
deve permitir a entrada de cerca de 3000 m3 ar/hora, que será frequentemente renovado no
interior do abrigo, passando pela estufa à velocidade de cerca de 1 m/s. Os ventiladores devem
ser lentos e permitir uma ventilação de cerca de 190-420 m3 ar/ min.

Figura 9.2– Funcionamento do Cooling–system (V-Ventiladores, P-Painel de cooling)

Figura 9.3 Posição do cooling–system na estufa (Semedo, 1988)


39
Figura 9.4 Posição do cooling–system com comando automático (Semedo, 1988)

Figura 9.5 Arrefecimento de estufas por nebulização (Semedo, 1988)

40
10. AQUECIMENTO/ARREFECIMENTO

→ Estático (radiadores com painéis ou tubos aquecidos);


→ Dinâmico (ar ou água aquecidos são obrigados a circular)

AQUECIMENTO DAS ESTUFAS:

1- REDUÇÃO DE PERDAS DE CALOR: concepção da estufa (forma, dimensão,


materiais); cuidados na construção;
2- FAVORECER AS ENTRADAS DE CALOR (procurar aumentar a luminosidade)

3- FORNECIMENTO DE CALOR ARTIFICIALMENTE


Podem usar-se sistemas por ar quente (com queimadores de propano, por ex.) ou por
circulação de água quente. Uma das fórmulas a usar poderá ser a seguinte

Q=KV(ti-te)

Q= calor a fornecer em kcal/h


K= coeficiente transmissão térmica (kcal/m2hºC) dependente do material: PE=6; PE
duplo= 3,5; PE térmico= 5,4; PVC chapa=4,9; Vidro ou PVC filme=5,5; Vidro Duplo=2,5; PC
de 4,6,10 e 16 mm= respectivamente a 3,7; 3,3; 2,9 e 2,3
V= volume da estufa
ti e te = temperatura interior e exterior

MATERIAIS OPACOS À LUZ


Servem para cobertura do solo impedindo o desenvolvimento de infestantes e redução
das perdas de água por evapotranspiração, branqueamento de certas culturas, efeito fotoperiódico
(écrans de ensombramento), criam condições favoráveis às plantas de sombra, diminuição da
temperatura por ensombramento, durante a noite podem servir para manter a temperatura dentro
da estufa.
FILME NEGRO
Reflecte pouco, absorve quase toda a radiação solar; aquece pouco (menos que os filmes
transparentes).
FILME OPACO TÉRMICO
A absorção não é total mas atenuada com o fim de : impedir o desenvolvimento de
infestantes ; permitir o aquecimento do solo de forma mais intensa que o filme negro.

41
FILME BRANCO
Reflecte fortemente a luz solar, aquece pouco, aumenta a claridade.

10.1. TROCAS TÉRMICAS NAS ESTUFAS

Apresentam uma alternância de períodos onde os ganhos naturais excedem as perdas


(dias soalheiros, Verão) com períodos de características opostas (noite, Inverno)
Compensar os défices de um período com os excessos de outro, permite tornar as
estufas autónomas e suprimir as variações de aquecimento e arrefecimento. Uma certa
compensação é feita, de forma espontânea, nas estufas normais, graças à sua inércia térmica
devida essencialmente ao solo (calor sensível) e à água (calor sensível e latente) mas essa
compensação torna-se insuficiente para as exigências de muitas culturas.

INTERVENÇÕES CONTRA TEMPERATURAS ELEVADAS


ARREFECIMENTO DAS ESTUFAS: Apesar da maior parte da energia que chega ao
interior da estufa ser utilizada pela evapotranspiração das plantas (calor latente), o aumento de
temperatura no seu interior (calor sensível) é rápido e forte; pode prejudicar as culturas, pelos
efeitos directos sobre as reacções biológicas, ou indirectos, como o abaixamento da humidade do
ar. O excesso de calor existe na maior parte dos climas durante uma parte do ano o que torna
indispensável atenuá-lo ou suprimi-lo quer pela redução das entradas de energia quer
aumentando os desperdícios.

a) MECANISMOS DE REDUÇÃO DAS ENTRADAS DE ENERGIA (essencialmente


solar)

Estes mecanismos (materiais) devem apresentar as seguintes características:


- Redução da entrada de energia, se possível sem diminuir a luminosidade (salvo algumas
excepções)
- Assegurar uma boa adaptação às variações do fluxo incidente
- Serem facilmente manejáveis e se possível automáticos
- Terem uma performance e longevidade elevada e baixo custo

ECRANS TERMICOS/REDES DE SOMBREAMENTO


O limite entre écran térmico e rede de sombreamento não é fixo porque qualquer um
pode actuar quer nas saídas quer nas entradas e poder-se-á até utilizar um só écran polivalente.

42
A solução ideal consistiria na utilização de um écran selectivo permeável às PAR e com
capacidade de deter a radiação I.V. mas ainda não existe no mercado um écran com essas
características. Os que existem são não selectivos e reduzem a totalidade da radiação solar. Estes
écrans não devem impedir a ventilação e portanto devem ser permeáveis ao ar. Podem diferir em
função de:

SOMBREAMENTO (necessário em ocasiões de sol intenso e culturas específicas).


Utilizam-se normalmente redes de sombreamento de 25 a 75% em PE verde ou negro.
Podem ser colocadas dentro ou fora dos abrigos, com repercussões diferentes.

• Forma de acção: reflexão ou absorção (menos eficaz porque cerca de metade da energia
absorvida é posteriormente enviada para as plantas.
• Localização: exterior ou interior (pior do ponto de vista térmico visto que, a energia
proveniente do écran é parcialmente captada pela parede da estufa o que irá aquecer o
ambiente da estufa
• Estrutura: écran continuo ou descontinuo
Se os écrans exteriores são preferíveis do ponto de vista energético, na prática a sua
utilização é mais complicada mecanicamente, por estarem sujeitos aos agentes atmosféricos. O
branqueamento das estufas com produtos de forte coeficiente de reflexão (caiação), utilizado
durante o período estival tem o inconveniente de não permitir qualquer adaptação às variações de
insolação e de ser necessário retirar essa pintura no final do Verão com produtos muitas vezes
corrosivos que acabam por danificar o material de cobertura.
Os écrans interiores são os mais utilizados. São, em geral, agrotêxteis tecidos, com
mistura de material plástico ou alumínio com a função de reflectir a radiação solar, ou filmes
“aluminizados” sobre uma ou duas faces.
Podem ser montados sobre dispositivos mecânicos automáticos e comandados por
células fotoeléctricas em função da ti.

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b) AUMENTO DA PERDA DE ENERGIA

Renovação de ar (trocas gasosas)


A quantidade de vapor de água no ar é importante para as trocas energéticas

• Se o ar que sai e o que entra na estufa diferem apenas na temperatura:


- um abaixamento considerável da temperatura interior implicará um débito de ar de renovação
muito elevado já que um m3 de ar não transporta mais do que 1,2 KJ para uma diferença de 1 ºC
- a temperatura do ar interior permanecerá sempre superior à do ar exterior

• Se o ar que sai tem um teor em vapor de água (kg vapor / kg ar seco) maior do que o que
entra, o abaixamento da temperatura poderá ser superior, pois este aumento de humidade na
travessia da estufa exige a vaporização da água liquida, fenómeno que absorve muita energia
(2500KJ / kg vaporizado). Logo 1 kg de vapor retira da estufa cerca de 2500KJ.

• Se o ar que sai para além de ter mais vapor de água for também mais quente então, a descida
de temperatura no interior da estufa ainda será maior porque há um ganho suplementar de
1,84 KJ / kg de vapor e por ºC de diferença.

Daqui se depreende que é o calor de vaporização da água que está na base dos
procedimentos usuais de arrefecimento das estufas. Assim, o arrefecimento será regulado pela
intensidade:
- das trocas gasosas: ventilação natural ou forçada
- da vaporização natural ou artificial

11. OUTROS FACTORESIMPORTANTES


NAS ESTUFAS

11.1. FACTORES CLIMÁTICOS: H2O, LUZ, TEMPERATURA

Elementos climáticos com efeito mecânico - vento, neve, granizo


REGA
Estima-se que uma cultura sob abrigo necessite de 0,6-1 m3 água por m2/ano.

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Esta pode ser fornecida por:
a) sulcos
b) mangueiras perfuradas
c) por aspersão ou microaspersão
d) gota-a-gota

- ACÇÃO SOBRE OS FACTORES CLIMÁTICOS

1. CONSTITUIÇÃO DE “ECRANS”
Modificam as trocas de energia e matéria entre a planta e o meio
• Corta-ventos
• Cobertura do solo (paillage)
• Mantas térmicas (sem armação)
• Pequenos túneis, chassis
• Estufas, abrigos

2. INTRODUZIR/RETIRAR ENERGIA OU MATÉRIA ARTIFICIALMENTE


(H2O, CO2, calor, luz)

• Arejamento por aberturas


• Irrigação
• Aquecimento
• Ventilação forçada
• Fornecimento de CO2
• Iluminação artificial
• Écrans móveis: térmicos, ensombramento, obscuridade
Existe sempre uma INTERDEPENDENCIA dos factores climáticos: a modificação do
nível de um elemento altera o de outro ou mais elementos ( luminosidade temperatura
humidade)

EVAPOTRANSPIRAÇÃO (no Verão pode atingir 1 mm por hora)

CONDENSAÇÃO - A quantidade de vapor que o ar contêm depende da sua


temperatura. Quanto maior a temperatura maior quantidade de vapor retêm o ar

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Ex. 20ºC e 70% de H.R. 10,3 g vapor/kg ar seco
10,3-7,6 = 2,7 g (de vapor condensado)
10ºC 7,6 g vapor/kg ar seco

Condensação nas paredes. As gotas formadas reduzem a transmissão solar, danificam as


culturas ao caírem sobre elas. É conveniente usar filmes anti-gota que contem cargas que
permitem a manutenção de uma película de água continua.

11.1.1. FORNECIMENTO DE ANIDRIDO CARBONICO (FERTILIZAÇÃO


CARBÓNICA)

O enriquecimento em CO2 é benéfico em algumas culturas:


→ acelera o desenvolvimento das plantas;
→ aumenta a robustez;
→ melhora a cor verde das plantas.

Concentração ideal entre 1 000 e 2 000 ppm. Acima de 3 000 ppm é tóxico para as
plantas e para o Homem.
Reconhecendo a importância do CO2 no crescimento das plantas convirá fazer uma
breve abordagem sobre as variações de concentração deste gás dentro de uma estufa.
O teor de CO2 na atmosfera é de cerca de 0,03% (300 ppm) variando entre 0,02 e
0,04%. Contudo a concentração deste gás varia muito mais no interior de uma estufa. Verifica-se
que durante as primeiras horas da manhã de um dia descoberto, a concentração de CO2 no
interior da estufa é mais elevada do que na atmosfera. Com a elevação da intensidade luminosa
e, portanto, do processo de formação de compostos orgânicos dá-se uma rápida inflexão do CO2
que atinge níveis muito baixos (cerca de 200 ppm).
Este nível mantêm-se praticamente constante enquanto a intensidade luminosa não
começa a diminuir; a partir daí, verifica-se um aumento gradual da concentração de CO2, que
acaba por atingir novamente os níveis iniciais. Durante os períodos quentes, a elevada
temperatura que rapidamente se atinge na estufa obriga a abrir as janelas e, portanto, o nível de
CO2 que eventualmente diminuíra, volta ao normal.
Durante o Inverno a concentração é mais baixa nos dias encobertos do que nos dias de
céu limpo, pois naquelas condições as estufas têm que permanecer fechadas durante todo o dia e
o gás presente na estufa é utilizado pelas plantas sem ser reposto do exterior. Portanto, no

46
Inverno importa não esquecer que entre os factores limitantes se encontra não apenas a luz mas
também a concentração de CO2, e que o nível deste elemento no interior de uma estufa depende
principalmente da energia solar e da temperatura exterior.
• Em período frio, a estufa, fechada, impede a influência regularizadora da atmosfera livre e
amplifica as variações de concentração no ar interior, devidas essencialmente ao metabolismo
das plantas. Ao final da noite o teor em CO2 é elevado e é tanto mais quanto mais elevada for
a temperatura nocturna (pode atingir os 500 ppm).
Durante o dia e com o desenrolar da actividade fotossintética, a concentração decresce
tanto mais rapidamente quanto mais intensa for a actividade fotossintética (grande intensidade
luminosa, regime térmico e hídrico satisfatórios) podendo atingir os 150 ppm, valor próximo do
ponto de compensação.
• Em período quente, a necessidade de ventilação para agir sobre outros factores (temperatura,
humidade do ar) tende a manter a concentração interna ao nível da concentração externa,
sendo no entanto impossível, com a ventilação, atingir valores superiores aos do exterior.
Convém não esquecer que, em ambiente protegido os processos fisiológicos assumem
ritmos de desenvolvimento mais intensos o que leva a que a concentração de CO2 na estufa seja
frequentemente insuficiente para as necessidades da planta, a ponto de se tornar um factor
limitante por isso em certas condições torna-se necessário proceder a uma distribuição
suplementar para atingir, pelo menos, o nível de 0,03% que é o normal na atmosfera mas
podendo ir até valores de 0,1%.

Um primeiro objectivo será manter na estufa um teor idêntico ao exterior (300 ppm).
Uma simples ventilação é suficiente mas, em períodos frios, o arrefecimento que a ventilação
provoca acarreta mais inconvenientes que as compensações que este enriquecimento traria. Na
prática, o enriquecimento visa um teor bastante mais elevado que é conseguido por
compensações específicas. Está estabelecido que para a maior parte das culturas os valores de
compensação estão compreendidos entre 600 e 1500 ppm, com algumas excepções como é o
caso do pepino (2000 ppm).

A ADUBAÇÃO CARBÓNICA pode ser efectuada com gás puro distribuído por
contentores apropriados e com gás quente obtido por combustão de substâncias geradoras de
CO2. O CO2 puro é comercializado no estado líquido em garrafas metálicas sob pressão e
volatiliza-se facilmente em CO2 gasoso. É um sistema muito simples que requer apenas uma

47
válvula reguladora da pressão e um medidor de capacidade, podendo o gás ser canalizado para
qualquer parte por meio de tubos de plástico perfurados.
O método de combustão baseia-se principalmente no emprego de propano que se
volatiliza facilmente à temperatura e pressão normais de modo a realizar-se uma combustão
completa.A quantidade de gás necessário para obter um determinado nível varia em função do
tamanho e do tipo de estufa e da velocidade de renovação do ar. Na prática considera-se que o
propano liberta na sua combustão uma quantidade de CO2 equivalente a três vezes a própria
massa.
Outras fontes como sejam o petróleo de iluminação (a sua combustão origina muitas
impurezas, sobretudo sulfuretos), o álcool etílico puro ou misturas de propano e álcool (exigem
sistemas de regulação muito complexos), neve carbónica que é óptima geradora de CO2 mas que
tem o inconveniente de arrefecer a atmosfera, propano liquefeito que requer um equipamento
apropriado (queimador protegido de qualquer infiltração de água). Pode conseguir-se uma
automação do sistema introduzindo temporizadores ou células fotoeléctricas que regulam a
combustão em função da intensidade da luz.
Convém não esquecer que é necessário modificar convenientemente algumas operações
de cultivo quando se inicia a adubação carbónica. Assim, é necessário controlar o teor hídrico do
ar, que está directamente relacionado com a humidade do solo e, portanto, com a rega. É
necessário também verificar se a temperatura média diurna e nocturna é superior em cerca de 2-
5ºC relativamente à que existe em culturas de estufa comuns, de qualquer modo convém recordar
que ao fornecer CO2 com geradores, se produz também uma certa quantidade de energia
calorífica que contribui para elevar a temperatura do ar ambiente.
Outro aspecto que não deve ser descurado é a riqueza do solo em nutrientes. Como se
está a forçar a cultura ao fazer adubação carbónica convém actuar nas fertilizações quer ao nível
dos macro quer ao nível dos micronutrientes.

DÉBITO
D=A+V.n.C.(Ci-Ce)

D - débito da compensação (gm-2h-1)


A - consumo das culturas (gm-2h-1) (3 a 4 g m-2h-1)
V - volume / m2 do solo (m) ou altura média (m)
n - taxa de renovação / hora (1 renovação por hora)
 - massa volúmica do ar (1,3 Kgm-3)
Ci, Ce - concentração de CO2 interior e exterior (gKg-1 ar seco)

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O controlo da concentração é feito por aparelhos da medição - O princípio baseia-se na
absorção da radiação I.V. longos pelo CO2.

11.1.2. ILUMINAÇÃO ARTIFICIAL

Em Portugal é praticamente dispensável recorrer-se à iluminação artificial em estufas,


pelo que só em casos específicos se pensará na sua instalação rentável. A sua utilização é restrita
praticamente à investigação.
As condições de energia luminosa no interior da estufa, especialmente nas zonas
setentrionais e no período Outono-Inverno, podem ser insuficientes. Em tais casos recorre-se à
iluminação artificial, combinando-a ou não com a distribuição de CO2, a fim de se tirar mais
vantagem com a aplicação simultânea das duas técnicas.

OBJECTIVOS DA SUBSTITUIÇÃO/COMPLEMENTAÇÃO DA LUZ SOLAR:

1. Reduzir o período de crescimento


2. Utilizar não apenas pela luz mas também pelo fornecimento de calor
3. Utilização das lâmpadas mais adequadas para o fim em vista
4. Utilizar luz adequada para evitar o período de aclimatação da planta a novas condições

Os tipos de lâmpadas utilizadas são essencialmente os três seguintes:


1. LAMPADAS INCANDESCENTES: apresentam a vantagem do baixo custo de instalação
mas o consumo é mais elevado do que nos outros sistemas, nas estufas de grande dimensão
utilizam-se, geralmente, lâmpadas de 150-200 W obtendo-se uma intensidade luminosa de 500 a
600 lux quando os reflectores estão dispostos a 1,10 m do solo.
• CRESCIMENTO: folha pálida mais espessa e maior que em plantas que crescem sob outras
condições de luz, alongamento excessivo do caule, altura excessiva, reduzida a nula rebentação
lateral, floração rápida
• GERMINAÇÃO: inibe a germinação de algumas espécies
• FOTOPERIODO: eficaz quer em plantas de dia longo quer de dia curto

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2. LAMPADAS FLUORESCENTES: as tubulares permitem atingir intensidades luminosas de
5000 lux e mais, com pouca produção de energia térmica, contrariamente às lâmpadas
incandescentes. Para uma iluminação equivalente, o seu consumo é menor.
As normais apresentam algumas desvantagens, entre as quais a sua fraca intensidade luminosa.
• CRESCIMENTO: folhas verdes com crescimento paralelo à superfície da lâmpada,
alongamento lateral dos caules, desenvolvimento de vários rebentos laterais, floração durante
muito tempo.
• GERMINAÇÃO: resposta pronta e uniforme
• FOTOPERIODO: ineficiente em plantas de dia longo

3. LAMPADAS DE MERCÚRIO: Usam-se geralmente lâmpadas de 400 W, que são capazes


de assegurar 150-200 W /m2. São capazes de gerar uma enorme luminosidade.

LAMPADAS MERCURIO-INCANDESCENTES: Utilizadas para intensidades luminosas


reduzidas, da ordem de 800-1000 lux.
LAMPADAS DE TUNGSTENIO E MERCÚRIO: São lâmpadas de luz mista. Têm a vantagem
de reduzir o custo de aquisição, de aumentar a quantidade de radiação vermelha (máximo efeito
fotossintético, efeito fotoperiódico, alongamento dos caules) e de emitir igualmente radiação
infravermelha. O custo de manutenção é, contudo, superior ao de muitos outros tipos, para além
do facto de a elevada quantidade de IV poder originar que os caules fiquem tortuosos.
MERCÙRIO OU HALOGÉNEO
• CRESCIMENTO: semelhante as fluorescentes
• GERMINAÇÃO: semelhante as fluorescentes
• FOTOPERIODO: ineficientes quer para plantas de dia curto quer para de dia longo

Muitas das lâmpadas referidas são utilizadas no controlo do fotoperíodo, podendo


recordar-se a propósito que as plantas de dias curtos e de dias longos utilizam diferentemente as
fracções do espectro; por exemplo, as plantas de dias longos são insensíveis às radiações
vermelhas mas não ao IV. Portanto, as melhores lâmpadas para este caso serão as
incandescentes. Também são utilizados os seguintes tipos de lâmpadas:

4. LAMPADAS DE SÓDIO ALTA PRESSÃO


• CRESCIMENTO: folhas verde-escuro, alongamento muito lento dos caules, com crescimento
superior às fluorescentes, desenvolvimento de outros caules mais espessos, desenvolvimento de
50
vários rebentos laterais, floração tardia, os escapes florais não se alongam
• GERMINAÇÃO: rápida, com plantinhas mais pequenas do que as obtidas com lâmpadas de
mercúrio ou halogéneo
• FOTOPERIODO: ineficazes para plantas de dia longo

5. LAMPADAS DE SÓDIO BAIXA PRESSÃO


• CRESCIMENTO: folhas verde muito escuro, maiores e mais espessas que em qualquer outra
situação, redução no alongamento do caule e caules muito espessos, desenvolvimento de vários
rebentos laterais mesmo secundários, escape floral não se alonga
• GERMINAÇÃO: resposta pronta e uniforme
• FOTOPERIODO: ineficaz em plantas de dia curto e longo

RESUMINDO, Que lâmpadas usar:


FOTOSSINTESE: fluorescentes, de libertação de mercúrio ou halogéneo, sódio alta
pressão e baixa pressão
FOTOPERIODO: incandescentes, fluorescentes

11.1.3. AQUECIMENTO DO SOLO:

É também um equipamento difícil de rentabilizar. No entanto pode ter interesse no caso


de estufas de multiplicação, utilizando energias renováveis ou recorrendo a camas quentes.
Pode ser feito por tubos de PE enterrado onde circula água quente ou por resistências
eléctricas.

Figura 10.1 Aquecimento eléctrico de bancadas de enraizamento e viveiros em estufas


(Semedo, 1988)
51
11.2. RELAÇÃO ÁREA/ VOLUME E ÁREA DAS ABERTURAS DE VENTILAÇÃO

A relação área/volume ideal é da ordem dos 3,9 a 4,0 m3/m2, o que permite uma maior
inércia térmica e melhora a captação de energia luminosa (Matallana, 1989).
Segundo Pedro e Vicente (1988) esse valor deve ser de2,7 a 3,0 m3/m2.
A área das aberturas de ventilação deve ser de 10 a 25 % da área coberta a fim de permitir
uma ventilação eficiente (Veloso et al., s.d.; Mattallana & Montero, 1989).
Uma janela zenital ventila tanto como 2 ou 3 janelas laterais com a mesma superfície
(Cermeno, 1990). Em climas mediterrâneos é conveniente poder dispor do valor máximo.

11.3. CORTA-VENTOS PARA ESTUFAS

Os corta-ventos podem ser naturais ou artificiais, impermeáveis ou permeáveis (sebes


naturais ou redes de malha de polietileno ou polipropileno), provocando qualquer uma deles uma
diminuição da velocidade do vento que atinge o abrigo, diminuição da evapotranspiração na
zona protegida, diminuição das oscilações de temperatura e da erosão eólica e aumento da
produção (Merino, 1991).
Um corta-vento com 50% de porosidade diminui a velocidade do vento cerca de 70-80%,
protegendo uma distância 15 a 25 vezes a sua altura (segundo respectivamente Merino, 1991 e
Pedro e Vicente, 1988). Um impermeável apenas protege cerca de 4 a 10 vezes a sua altura
(segundo respectivamente Merino, 1991 e Pedro e Vicente, 1988).

Figura 10.2 Efeitos produzidos por corta-ventos impermeáveis e permeáveis nas zonas
protegidas por estes (Pedro e Vicente, 1988; Merino, 1991))

A altura normal dos corta-ventos é de 2,5 a 3 m, devendo estes ficar afastados 6 a 8 m das
52
estufas, a fim de não as sombrearem. No caso de culturas fruteiras, a altura mínima é de 2x a
altura destas, sendo a orientação preferencial a perpendicular à direcção dos ventos dominantes.
O seu comprimento máximo não deve ultrapassar 24 x a sua altura (Merino, 1991).

Figura 10.3 Corta vento natural (sebe estratificada) (Merino, 1991)

Figura 10.4 Corta vento artificial de rede de malha de polipropileno

53
Figura 10.5 Pormenor de um corta vento artificial de rede de malha de polipropileno

11.4. DISTÂNCIA ENTRE ESTUFAS A FIM DE EVITAR SOMBREAMENTO

No ábaco seguinte apresenta-se a sobra projectada pelo sol e produzida por um corpo
com 1 m de altura segundo a hora do dia e a latitude do lugar.
O cálculo refere-se ao solstício de Inverno (21 Dez) por ser o dia de menor altura solar,
e que projecta as maiores sombras do ano.
Exemplo de utilização: pretendem colocar-se 2 estufas de 16 m de largura e com uma
altura de cumeeira de 4 m cada, num lugar sobre o paralelo 46º. Neste caso a sombra projectada
ás 9h é de 16 m a partir do centro da estufa, pelo que a separação mínima entre as estufas deverá
ser de 8 m para evitar sombreamento entre estas.

Figura 10.6 Determinação da distância a guardar entre estufas para evitar sombreamento
entre estas (Pedro e Vicente, 1988)

11.5. VOLUME E PERÍMETRO DA ESTUFA

ESTUFA ELÍPTICA

V=  x 1/2 largura x altura x comprimento


2
Perímetro do arco

P =  x 1/2 (1,5 (a + b) - ab)

54
a = 1/2 largura da estufa
b = altura da estufa

ESTUFA SEMICILINDRICA

V=r2/2*comprimento

Perímetro do arco

P=*largura

Nota: Atender a que é necessário mais um metro para fixação na terra bem como área
para os topos

BIBLIOGRAFIA
- ALPI, A. e TOGNONI, F. (1991). Cultivo en invernadero. Ediciones Mundi-Prensa. Madrid,
347 pp.
- CERMENO, Z. (1990). Estufas. Instalações e maneio. Litexa Editora, Lda. Lisboa, 355 pp.
- MATALLANA, A. e MONTERO, J. (1989). Invernaderos. Diseño, construcción y
ambientación. Ediciones Mundi-Prensa. Madrid, 159 pp.
- MERINO, D. (1991). Cortavientos en agricultura. Agroguias Mundi Prensa, 80 pp.
- NALLET, H. (1983) A intensificação da produção agrícola. Ulmeiro agricultura. 117 pp.
- PEDRO, F. e VICENTE, L. (1988). Aplicación de los plasticos en la agricultura. Ediciones
Mundi Prensa. Madrid, 571 pp.
- SEMEDO, C. (1969). A aplicação de plásticos na agricultura. Junta geral do distrito autónomo
do Funchal., 123 pp.
- SEMEDO, C. (1988). A intensificação da produção hortícola. Publicações Europa América,
Mem-Martins, 189 pp.
- VELOSO, S.; GARRIDO, J. e Bettencourt, J. (s.d.). Horticultura e floricultura. Editorial
Notícias. Lisboa, 179 pp.
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ANEXOS
Anexo 1- Vista de um conjunto de estufas

Anexo 2- Gráfico psicométrico

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