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Eletrotécnica básica

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SENAI
Eletrotécnica básica

Caldeiraria e Estruturas Metálicas


Eletrotécnica básica

SENAI Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial


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Eletrotécnica básica

Sumário

Conteúdos 5
Objetivos gerais 9
Formas de energia – Teoria eletrônica 11
Eletricidade estática – Fontes de eletricidade 19
Eletricidade dinâmica – Tensão - corrente - resistência 29
Eletricidade dinâmica – A lei de Ohm 39
Eletricidade dinâmica – Circuitos elétricos 45
Eletricidade dinâmica – Potência - trabalho 61
Magnetismo 71
Eletromagnetismo 83
Corrente contínua e corrente alternada 97
Transformador 121
Motores elétricos 133
Isolação e aterramento 153
Prevenção de acidentes e primeiros socorros 161

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Conteúdos

Formas de energia – Teoria eletrônica 2 horas


• Introdução
• Definição de energia
• Formas de energia
• Teoria eletrônica

Eletricidade estática – Fontes de energia 2 horas


• Lei de atração e repulsão das cargas elétricas
• Descargas estáticas
• Eletricidade produzida por:
- fricção
- pressão
- calor
- luz
- química
- magnetismo

Eletricidade dinâmica – Tensão - Corrente – Resistência 3 horas


• DDP Tensão (diferença de potencial)
• Medição e unidades
• Corrente
• Medição elétrica
• Resistência elétrica
• Materiais
• Cálculo da resistência

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Eletricidade dinâmica – A lei de Ohm 3 horas


• A interdependência entre U, I, R
• A fórmula da lei de Ohm
• Exercícios (cálculos)

Eletricidade dinâmica – Circuitos elétricos 5 horas


• Circuitos em série
• Circuitos em paralelo
• Cálculo de resistores nos circuitos em série
• Cálculo de resistores nos circuitos em paralelo
• Primeira e segunda lei de Kirchhoff
• A lei de Ohm nos circuitos
• Circuitos em série, em paralelo e mistos
• Exercícios de cálculo

Eletricidade dinâmica – Potência e trabalho 3 horas


• Fórmula para o cálculo de potência
• Instrumentos e ligação para medir a potência
• Fórmula para o cálculo do trabalho elétrico
• Instrumentos e ligação para medir trabalho
• Exercícios de cálculo

Magnetismo 2 horas
• Substâncias magnéticas
• Pólos de ímã
• Linhas de força e campo magnético
• Teoria molecular da magnetização
• Permeabilidade, fluxo, densidade e relutância magnética

Eletromagnetismo 5 horas
• O princípio de indução
• Eletromagnetismo
• Sentido das linhas de força magnética
• Campo magnético em espiras
• Eletroímã
• Disposições de ímãs

Teste l 1 hora

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Corrente contínua e corrente alternada 4 horas


• Princípio do gerador elementar
• Regra da mão direita
• Geração da corrente alternada
• O gráfico da corrente alternada
• A definição de freqüência
• Gerador trifásico e corrente trifásica
• Ligação estrela e triângulo
• Cálculo de U, I, P na ligação estrela e triângulo
• Ponto neutro do fechamento em estrela
• Corrente contínua
• Vantagens e desvantagens da corrente alternada e corrente contínua

Transformador 3 horas
• O princípio de indução no transformador
• A relação de transformação (cálculo)
• A perda do transformador
• Rendimento

Motores elétricos 4 horas


• O princípio do motor elétrico
• Campos magnéticos giratórios
• Classificação dos motores
• Motores de corrente alternada (universal/trifásico síncrono/trifásico assíncrono)
• Motor de corrente contínua

Isolação e aterramento 1 hora


• Isolação
• Curto circuito
• Massa
• O neutro como condutor de proteção

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Prevenção de acidentes e primeiros socorros 1 hora


• Riscos em eletricidade
• Efeitos do choque elétrico
• Causas provenientes do choque elétrico
• Meios para prevenir acidentes
• Respiração artificial
• Parada cardíaca
• Desmaios
• Estado de choque
• Queimaduras
• Hemorragias

Teste ll 1 hora
Total 40 horas

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Objetivos gerais

Ao final deste programa o participante deverá:

Conhecer
Ser informado sobre:
• Conceitos básicos da eletrotécnica.
• Conceitos básicos do magnetismo.
• Utilização básica de instrumentos de medição elétrica.
• Tipos de motores elétricos.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Grandezas e unidades básicas mais utilizadas em eletricidade.
• Fórmulas tais como Lei de Ohm, Lei de Kirchhoff, trabalho e potência elétrica e
suas deduções em vários tipos de circuitos.
• Geração de corrente contínua e corrente alternada.
• Princípios da indução (eletromagnetismo) e sua aplicação em motores elétricos.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Comprovar através de experiências, fenômenos e leis fundamentais da
eletrotécnica.
• Calcular exercícios práticos aplicando leis fundamentais.
• Resolver problemas do dia a dia, consultando tabelas e gráficos.
• Prevenção de acidentes diários, identificando falhas de isolação e aterramento nos
equipamentos.

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Formas de energia
Teoria eletrônica

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Conhecer
Ser informado sobre:
• A diferença entre formas de energia potencial e cinética.
• A definição de átomo e molécula.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• A definição de energia.
• Formas e características de energia (mecânica, térmica, química e elétrica).
• As partículas do átomo e suas cargas elétricas.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Descrever as formas de energia citando exemplos práticos.

Introdução

Utilização da eletricidade
Há poucas décadas encontrou-se inúmeras possibilidades de aplicação da energia
elétrica, as quais agem em todos os setores de nossas vidas, seja no lar, na indústria,
no comércio, no trânsito ou na administração.

Com o emprego da eletricidade em aparelhos, máquinas e equipamentos industriais,


os nossos trabalhos manuais e mentais foram facilitados, ou mesmo substituídos.

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Para a utilização da eletricidade, faz-se necessário conhecimentos básicos da matéria,


os quais este módulo “Eletrotécnica Básica” pretende fornecer.

Energia e suas formas

Energia é a capacidade que um corpo tem de realizar trabalho.

Esta energia poderá estar presente em repouso ou em movimento num determinado


corpo.

Quando se encontra em repouso, a energia armazenada chama-se Energia Potencial.

Como exemplo, podemos citar uma mola comprimida; outro exemplo importante é a
água represada, que constitui um enorme reservatório de energia potencial.

Energia Cinética
É a energia que surge em conseqüência do movimento de um corpo.

Exemplo
Um automóvel em velocidade poderá utilizar-se da energia cinética para subir uma
ladeira; um martelo que se move rapidamente pode exercer uma força num prego e
fazê-lo penetrar numa tábua; um pêndulo mantém-se sem movimento durante certo
tempo, utilizando-se de energia cinética.

A energia potencial da bola em “A” transforma-se em energia cinética em “B”, e


novamente em potencial em “C”.

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Outro exemplo é o da abertura de comportas ou registros das represas das


hidroelétricas, que proporcionam a descida da água pela tubulação em grande
velocidade, apresentando uma grande energia cinética, que é utilizada para acionar as
turbinas dos geradores.

A energia toma as mais variadas formas. As mais comuns são: energia mecânica,
térmica, química, elétrica, etc.

Energia mecânica
Manifesta-se pela produção de um trabalho mecânico, no deslocamento ou
deformação de um corpo. Exemplo: um operário empurrando um caixote.

Energia térmica ou calor


Manifesta-se nos corpos através da elevação de temperatura. Exemplo: uma máquina
a vapor utiliza o calor produzido na fornalha, que aquece a água, formando o vapor
para acionar os pistões no cilindro.

Energia química
A energia química manifesta-se desde que certos corpos que a possuem são postos
em contato. Numa pilha elétrica, por exemplo, quando ligamos o pólo positivo com o
pólo negativo através de uma lâmpada, obtemos a energia química do seu interior,
transformada em energia elétrica e, esta, produzindo luz pela incandescência do
filamento da lâmpada.

SENAI 13
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Energia elétrica
Manifesta-se em nossos sentidos por seus efeitos: magnéticos (rotação de um motor);
térmicos (aquecimento de um condutor); luminoso (incandescência de uma
lâmpada); fisiológicos (choque elétrico).

Transformação da energia e a lei da sua conservação

Lei da conservação da energia


“A energia nunca desaparece. Transforma-se, pois ela é indestrutível.”

Transformação da energia elétrica em mecânica


Um dos meios de se transformar energia elétrica em mecânica é a utilização do motor
elétrico, que recebe energia elétrica nas bobinas do seu enrolamento e a transforma
em mecânica, que aparece em forma de rotação do seu eixo.

Durante o funcionamento, o motor sofre um pequeno aquecimento que ocasiona


alguma perda de energia durante a transformação.

Transformação da energia química em térmica, térmica em mecânica e mecânica


em elétrica
Numa máquina a vapor, a energia potencial química do grupo carbono-oxigênio
(combustível e oxigênio do ar) transforma-se em energia térmica que aquece a água,
formando o vapor. Este, por sua vez, vai acionar o pistão transformando energia
térmica em mecânica, que através do excêntrico produz movimento de rotação.
Acoplando-se ali um gerador elétrico, transforma-se energia mecânica em energia
elétrica.

Teoria eletrônica

Matéria
É tudo o que tem massa e ocupa lugar no espaço. Ela existe em três estados: sólido,
líquido e gasoso. Exemplo: água, cobre, hidrogênio, etc.

Corpo
É uma quantidade limitada de matéria que possui uma determinada forma. Ex: bloco
de cimento, viga de madeira, gota d’água, etc.

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Corpos simples
São os corpos constituídos de um só tipo de elemento. Exemplo: ouro, cobre,
hidrogênio, etc.

Corpos compostos
São os corpos formados pela combinação de dois ou mais corpos simples. Exemplo:
Cloreto de Sódio (sal de cozinha) que é formado pela combinação de cloro e sódio. A
água (H2O), que é formada por duas partes de hidrogênio e uma parte de oxigênio.

Os corpos podem ser divididos em partes cada vez menores, podendo, por processos
especiais, chegar a partes tão pequenas que seria impossível vê-las a olho nu.

A menor partícula em que se pode dividir um corpo, sem que este perca as suas
características, chama-se molécula.

Se formos dividindo uma gota d’água em muitas partes, ela vai se tornando cada vez
menor, até chegar à molécula, isto é, a menor partícula em que pode ser dividida,
conservando as suas características.

Átomo
É a menor partícula física em que se pode dividir um elemento.

O átomo é formado por inúmeras partículas, mas vamos estudar somente as que
interessam à teoria eletrônica.

SENAI 15
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O átomo é formado por uma parte central fixa, chamada núcleo, que é constituído de
dois tipos de partículas, chamadas prótons e nêutrons.

Os prótons possuem carga elétrica positiva e os nêutrons são partículas eletricamente


neutras.

Em torno do núcleo dos átomos existem as órbitas, que são produzidas pelo giro de
partículas em alta velocidade, chamadas elétrons.

O elétron possui carga elétrica negativa. O número de elétrons e prótons em um átomo


é igual.

Existe uma grande variedade de elementos, com variações no número de elétrons e


órbitas.

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Exemplos

Carbono 6 elétrons com duas órbitas eletrônicas.


Silício 14 elétrons com três órbitas eletrônicas.
Ferro 26 elétrons com quatro órbitas eletrônicas.
Cobre 29 elétrons com quatro órbitas eletrônicas.
Zinco 30 elétrons com quatro órbitas eletrônicas.
Prata 47 elétrons com cinco órbitas eletrônicas.
Ouro 79 elétrons com seis órbitas eletrônicas.
Urânio 92 elétrons com sete órbitas eletrônicas.

O que mantém os elétrons em suas órbitas é o equilíbrio entre as forças centrífuga e


centrípeta, ou de atração. O número de órbitas depende do número de elétrons que o
elemento possui.

Existem elementos, como é o caso do hélio, com dois elétrons, e o hidrogênio, com um
elétron, que possui somente uma órbita.

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O alumínio tem 13 elétrons em três órbitas. O cobre tem 29 elétrons com quatro
órbitas, etc.

Os elétrons das órbitas internas são chamados Elétrons Presos, dificilmente


removíveis.

Os elétrons das órbitas externas são chamados Elétrons Livres, pois têm uma certa
facilidade de se desprenderem de seus átomos.

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Eletricidade estática
Fontes de eletricidade

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Conhecer
Ser informado sobre:
• Os processos de descargas estáticas.
• Os diversos tipos de fontes de eletricidade.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• A lei de atração e repulsão das cargas elétricas.
• Os princípios de geração de eletricidade nos diversos tipos de fontes.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Descrever as experiências simples para as explicações das fontes de eletricidade.

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Eletricidade estática

Dá-se o nome de eletricidade estática às cargas elétricas em repouso.

Os corpos tendem sempre a ficar em equilíbrio elétrico (eletricamente neutro), pois


seus átomos tendem a manter sempre o mesmo número de prótons e elétrons.

Corpo eletricamente neutro

Um corpo poderá ficar eletrizado positiva ou negativamente, através da ação de uma


força externa. Quando um corpo receber um ou mais elétrons, diz-se que ele adquiriu
carga elétrica negativa; se, porém, um corpo ceder elétrons, ele ficará com falta de
elétrons, adquirindo carga elétrica positiva.

Corpo com carga elétrica negativa (excesso de elétrons)

Corpo com carga elétrica positiva (falta de elétrons)

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Lei de atração e repulsão das cargas elétricas

As cargas de nomes iguais se repelem e as cargas de nomes contrários se atraem.

Eletrização por contato


Ao tocarmos um corpo carregado positivamente em outro sem carga, alguns elétrons
do corpo neutro passarão para o corpo positivo, devido à atração do mesmo.

O corpo que estava eletricamente neutro tornou-se carregado positivamente porque


cedeu elétrons; a isto chamamos transferência de cargas por contato.

SENAI 21
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Descargas estáticas
Sempre que dois corpos com cargas contrárias forem postos próximos um do outro, o
excesso de elétrons de um deles será atraído na direção daquele que está com falta
de elétrons.

Descarga através de um fio


Se ligarmos um fio entre dois corpos, com cargas elétricas diferentes, ofereceremos
um caminho para que os elétrons possam se deslocar no sentido do corpo positivo, até
que haja um equilíbrio elétrico entre eles.

Descarga por arco


Se aproximarmos dois corpos com cargas opostas bastante elevadas, os elétrons
poderão pular do corpo negativo para o positivo antes de eles se tocarem; aí diremos
que a descarga deu-se por arco voltáico.

As grandes descargas elétricas são chamadas raios e a principal criadora desses é a


própria natureza.

Quando as cargas elétricas atingem um valor muito elevado, os elétrons saltam em


forma de centelha (relâmpagos) para outras nuvens ou para a terra.

Para que haja uma proteção contra os raios, instala-se um pára-raio no ponto mais alto
de uma residência, indústria ou edifício.

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Existem vários tipos de pára-raios, como exemplo o tipo feito de uma haste metálica
que termina em várias pontas revestidas de platina e um cabo metálico muito bem
ligado à terra.

As pequenas descargas elétricas são chamadas faíscas e aparecem sempre que haja
corpos em atrito. Todos os caminhões-tanque, que transportam combustível, possuem
na parte de trás uma corrente pendurada, que nas valetas toca a terra, proporcionando
assim a descarga da eletricidade estática acumulada no tanque.

Fontes de eletricidade

Podemos distinguir as seguintes fontes de eletricidade:


• Atrito ou fricção: eletrização dos corpos;
• Pressão: cristais (microfone);
• Calor: elemento térmico;
• Luz: fotocélula: célula fotoelétrica;
• Ação química: células primárias e secundárias;
• Magnetismo: princípio do funcionamento dos motores e geradores elétricos.

SENAI 23
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Eletricidade produzida por fricção


A fricção ou atrito é a principal fonte de eletricidade estática.

Toda vez que atritamos dois corpos diferentes, retira-se alguns elétrons de um dos
corpos, enquanto que o outro corpo aprisionará estes elétrons.

O corpo que aprisionou elétrons adquiriu uma carga elétrica negativa e o corpo que
cedeu elétrons adquiriu uma carga elétrica positiva.

Esse deslocamento de elétrons é provocado pelo aquecimento dos corpos durante o


atrito, o que provoca uma aceleração na velocidade dos elétrons, aumentando a força
centrífuga, possibilitando a sua fuga do orbital.

Algumas substâncias que facilmente produzem eletricidade estática são: vidro, âmbar,
ebonite, ceras, flanelas, sedas, nylon, rayon, etc.

Quando se esfrega um bastão de ebonite com uma flanela, esta última perde elétrons
para o bastão.

O bastão fica carregado negativamente e a flanela positivamente.

Experiência 1

Meios
2 bastões de acrílico, 1 suporte e flanela.

Execução
Friccione um dos bastões de acrílico na flanela e pendure-o no suporte.

Friccione o outro bastão na flanela e aproxime-o do bastão no suporte, conforme


ilustração seguinte.

Antes da fricção Após a fricção Após a fricção

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Conclusão
Dois bastões de acrílico se repelem após serem esfregados com uma flanela, por
terem adquirido a mesma carga elétrica (negativa).

Eletricidade produzida por pressão de cristais


Se um cristal feito de quartzo, turmalina e dos sais de Rochelle for colocado entre duas
placas metálicas e aplicarmos uma pressão sobre elas, obteremos uma carga elétrica
produzida por pressão.

Nas duas superfícies planas são criadas cargas elétricas diferentes por causa da
pressão.

A grandeza da carga dependerá da pressão.

O uso da pressão como fonte de eletricidade é largamente observado em aparelhos de


pequena potência, como por exemplo nos toca-discos, nos telefones e nos microfones.

Eletricidade produzida por calor


Outro método de se obter eletricidade é a conversão direta do calor em eletricidade,
pelo aquecimento de uma junção de dois metais diferentes.

Se um fio de cobre e outro de constantan forem torcidos juntos, de modo a formar uma
junção, ao aquecermos esta junção produziremos uma carga elétrica.

SENAI 25
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A quantidade de carga elétrica produzida dependerá da diferença de temperatura entre


a junção e a outra extremidade dos metais.

Quanto maior for a diferença de temperatura, maior será a carga produzida.

Uma junção desse tipo é denominada elemento térmico e produzirá eletricidade


enquanto o calor estiver sendo aplicado.

Os elementos térmicos não fornecem grandes quantidades de carga, e, assim sendo,


não podem ser empregados na obtenção de potência elétrica.

Eles são usados normalmente em combinação com instrumentos termoindicadores


para a apresentação visual direta da temperatura em graus.

Sua aplicação maior é nos pirômetros dos fornos de altas temperaturas.

Eletricidade produzida pela luz


Certas substâncias, ao serem atingidas pela luz, são capazes de conduzir ou produzir
as cargas elétricas com certa facilidade.

Em resumo: convertem energia luminosa em cargas elétricas.

Destes efeitos, o mais utilizado é o da produção de cargas elétricas pela fotocélula,


que ocorrerá quando o material sensível da mesma for exposto à luz.

A fotocélula é um conjunto metálico, composto de três camadas de forma circular,


sendo uma de ferro, a outra de material translúcido ou transparente, que permite a
passagem da luz, e a camada do centro de uma liga de selênio.

A luz passa pelo material transparente ou translúcido, atinge o selênio, que gera uma
corrente elétrica entre as camadas.

Se ligarmos um medidor a esse conjunto poderemos medir a corrente produzida.

26 SENAI
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Eletricidade produzida por ação química


Uma fonte de eletricidade de uso comum é a ação química que ocorre nas pilhas e
baterias.

Princípio – elemento galvânico

Numa solução de ácido sulfúrico e sais de baixa concentração (eletrólito) estão


imersas placas de cobre e zinco. Ligando estes materiais externamente por um
condutor, e observando através de um instrumento de medição, constatamos que esse
elemento galvânico é uma fonte de eletricidade.

Exemplo:
A pilha seca compõe-se de um recipiente de zinco, que é a placa negativa, de um
bastão de carbono servindo como placa positiva e uma solução pastosa de cloreto de
amônia constituindo o eletrólito.

1 – Terminais de latão
2 – Resina
3 – Areia
4 – Serragem
5 – Recipiente de zinco (placa negativa)
6 – Eletrólito
7 – Bastão de carvão (placa positiva)
8 – Papel alcatroado

A força eletromotriz de uma pilha seca depende da combinação dos dois materiais;
geralmente é de 1,5 V.

SENAI 27
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Eletricidade produzida pelo magnetismo (indução)

Experiência 2

Meios
Uma bobina de 12.000 espiras, um galvanômetro para AC e um ímã permanente.

Execução
Faça a ligação conforme desenho seguinte.

Movimente o ímã dentro da bobina.

Observação
O ponteiro do galvanômetro se desloca nos dois sentidos

Conclusão
Quando se desloca um ímã numa bobina, produz-se eletricidade na bobina devido ao
magnetismo do ímã.

A eletricidade produzida pelo magnetismo é o método mais usual de produção de


eletricidade em larga escala.

A fonte de eletricidade através de magnetismo torna-se mais eficiente porque pode-se


conseguir uma potência apreciável.

A eletricidade produzida em grande escala é capaz de mover as grandes máquinas do


nosso parque industrial e é conseguida com o uso do magnetismo.

Isto se verifica nos grandes geradores das usinas de força, as quais necessitam de
uma fonte de movimento constante e eficiente.

Estas fontes de movimentos são conseguidas através da energia hidráulica, das


caldeiras a vapor ou por motores a combustão interna.

28 SENAI
Eletrotécnica básica

Eletricidade dinâmica
Tensão - Corrente -
Resistência

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Conhecer
Ser informado sobre:
• As unidades derivadas de tensão, corrente e resistência.
ρ."
• A fórmula a ser aplicada para o cálculo da resistência {R = }.
A

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Os instrumentos de medição e sua ligação nos circuitos elétricos.
• Os símbolos para grandeza e unidade de tensão, corrente e resistência.
• A classificação dos materiais em função da condutibilidade elétrica.
• Os símbolos para os instrumentos de medição, usados nos desenhos de circuitos
elétricos.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Descrever a diferença de potencial (tensão), como causa da corrente elétrica.
• Descrever a corrente elétrica como movimento dos elétrons livres.

SENAI 29
Eletrotécnica básica

Tensão (diferença de potencial)

Anteriormente, nós estudamos as cargas estáticas, ou seja, cargas em repouso.

A eletricidade dinâmica refere-se a cargas elétricas em movimento, de um átomo para


outro.

Esse movimento é idêntico a um trem em movimento, pois, quando a locomotiva se


desloca os demais carros a acompanham.

Para que haja movimento de cargas elétricas em um circuito é necessário que alguma
força ou pressão apareça para fazer com que essas cargas elétricas se movimentem.
A esta pressão damos o nome de diferença de potencial (d.d.p.) ou tensão, que nos
é dada em volts.

Num circuito fechado, onde se tem eletricidade dinâmica, a tensão aplicada é que faz
com que as cargas elétricas se movimentem, formando, assim, a corrente elétrica.

As cargas elétricas que se movimentam são os elétrons.

Na unidade anterior, estudamos as fontes de eletricidade. São exatamente estas fontes


que geram a pressão ou a força, que é a tensão ou d.d.p. nos elétrons.

30 SENAI
Eletrotécnica básica

Analogia entre o circuito elétrico e o circuito hidráulico

Podemos compará-lo à água num encanamento. Ela não sobe a um determinado


reservatório porque não há pressão suficiente para que isso aconteça.

Por isso, é necessário que o reservatório que abastece a região ou local seja colocado
numa altura tal que proporcione a pressão desejada.

Esta diferença de nível é que proporcionará a pressão hidráulica necessária.

O mesmo ocorre com a eletricidade, pois nós temos elétrons nos condutores, mas se
não houver uma tensão elétrica ou d.d.p. não haverá eletricidade dinâmica.

Medição da tensão elétrica (diferença de potencial)


O aparelho utilizado para medir a tensão elétrica chama-se voltímetro.

Para se medir a diferença de potencial, o voltímetro deverá ser sempre ligado


conforme o desenho abaixo, ou seja, em paralelo.

SENAI 31
Eletrotécnica básica

Grandeza da tensão
Símbolo: U
Unidade de medida da tensão: 1Volt
Símbolo: V

Unidades derivadas

1 Quilovolt = 1kV = 1.000V


1 Megavolt = 1MV = 1.000.000V
1
1 Milivolt = 1mV = V
1.000
1
1 Microvolt = 1 µ V = V
1.000.000

Voltagens comuns

Pilha 1,25V a 1,5V


Bateria 3V a 12V
Geradores 110V a 220V – 380 V

Corrente

Definição
Corrente elétrica é o movimento ordenado de cargas elétricas por um condutor.

A intensidade de corrente se refere à quantidade de cargas elétricas, num dado


momento, que passa num ponto qualquer de um circuito elétrico.

No caso da água, a vazão é medida em litros por segundo, ou seja, a quantidade de


litros que estiver passando num ponto do encanamento no tempo de um segundo.

Toda vez que passar uma corrente de elétrons em um circuito elétrico ela poderá
também ser medida.

Quando num ponto qualquer de um circuito elétrico passar 6,25 . 1018 elétrons, diz-se
que passou um Coulomb, medida essa utilizada para medir cargas elétricas.

32 SENAI
Eletrotécnica básica

Medição de corrente
Porém, se passar num ponto do mesmo circuito, um Coulomb de elétrons no tempo de
1 segundo, a corrente será de 1 ampère.

1 A = 1 coulomb/s.

Grandeza da corrente
Símbolo: I
Unidade de medida da corrente: 1 ampère
Símbolo: A

Unidades derivadas

1 Quiloampère = 1kA = 1.000A


1
1 Miliampère = 1mA = A
1.000
1
1 Microampère = 1µ A = A
1.000.000

O aparelho utilizado para medir a intensidade de corrente (em ampère) de um circuito


é o amperímetro.

O amperímetro é ligado em série, pois ele registrará a quantidade de elétrons que


estiver passando naquela parte do circuito.

SENAI 33
Eletrotécnica básica

Fluxo da corrente
Foi definido que, no circuito elétrico, o fluxo da corrente vai do pólo positivo (+) para o
pólo negativo (-) – corrente convencional.

Os elétrons livres, porém, se movem do pólo negativo (-) para o pólo positivo (+) –
corrente eletrônica ou real.

Resistência elétrica
Resistência é a dificuldade que um condutor oferece à passagem da corrente elétrica.

No caso da água, podemos dizer que há, também, resistências devido a curvas,
cotovelos, luvas, reduções, etc.

Tudo isso dificulta a passagem da água, opondo-se à sua circulação.

A resistência elétrica nos é dada de acordo com o próprio material, conforme a


facilidade ou não da movimentação dos seus elétrons.

Grandeza da resistência
Símbolo: R
Unidade de resistência: 1 ohm
Símbolo: Ω

34 SENAI
Eletrotécnica básica

Unidades derivadas

1 Quilohm = 1k Ω = 1.000 Ω
1 megohm = 1M Ω = 1.000.000 Ω
1 gigohm = 1G Ω = 1.000.000.000 Ω

O valor da resistência de um condutor depende:


• Da resistência específica do material ( ρ );
• Do comprimento do condutor ( " );
• Da secção (A).

Calcula-se a resistência através da seguinte fórmula:

ρ."
R=
A

Símbolos nos desenhos de circuitos elétricos:

Ω . mm 2
ρ = resistência específica em
m

" = comprimento do condutor em m

A = secção transversal do condutor em mm2

d2 . π
A = π . r2 =
4

Exemplo
Calcular a resistência em Ω de um condutor de cobre de " = 130m de comprimento, e
de uma secção de A = 0,1257mm2, quando a resistência específica do cobre for

0,0178Ω . mm 2
ρ= .
m

ρ."
R=
A

0,0178Ω . m
/m
2
/ /m
/ . 130m
/
R= 2
/m
0,1257m /

R = 18,4 Ω

SENAI 35
Eletrotécnica básica

Medição
O aparelho usado para a medição da resistência elétrica é o ohmímetro.

Para se efetuar a ligação do ohmímetro deve-se tomar a precaução de desligar a


corrente elétrica do circuito em questão, isto porque o ohmímetro possui bateria própria
para o seu funcionamento.

Exercícios

Qual o comprimento “ " ” em metros de um fio de alumínio de diâmetro de 2mm, para


receber a resistência de: R = 2,5 Ω quando a resistividade específica for de ρ =
0,0278 Ω .mm2/m.
_____________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

Isolantes, condutores, resistores e semicondutores

Isolantes
São materiais que oferecem grande dificuldade à passagem da corrente elétrica, não
permitindo que seus elétrons se libertem facilmente dos seus átomos.

Esses materiais são utilizados para bloquear a passagem da corrente elétrica.

Isolantes

Louça plásticos
Vidro ebonite
Borracha fibras

36 SENAI
Eletrotécnica básica

Condutores
São materiais que oferecem pouca dificuldade à passagem da corrente elétrica e são
usados para transportá-la de um local para outro.

Esses materiais possuem grande quantidade de elétrons livres em suas órbitas,


facilmente removíveis.

Os metais são os melhores condutores de eletricidade; dentre eles, o cobre e o


alumínio são os mais usados.

O cobre tem tido maior aplicação porque, além de ser um bom condutor, oferece boa
resistência mecânica e suas emendas podem ser facilmente soldadas.

Condutores
Condutibilidade elétrica em Resistividade específica a 20ºC
Material m Ω . mm 2
Ω . mm 2 m
Ouro Au 45,7 0,0219
Prata Ag 60 0,0167
Cobre Cu 56 0,0178
Alumínio Al 36 0,0278
Constantan (CuNi) 2,04 0,4902
Carbono C 0,015 66,6667

O alumínio é um bom condutor e tem um peso baixo em relação ao cobre; porém, o


único inconveniente da sua aplicação é que ele requer uma solda especial.

É muito usado nas linhas de alta tensão.

Resistores
São elementos usados para se introduzir resistência adicional aos circuitos.

Os resistores são fabricados com materiais maus condutores, ou seja, materiais que
permitem a passagem da corrente elétrica, porém com certa dificuldade.

SENAI 37
Eletrotécnica básica

São feitos de fios metálicos, de materiais à base de grafite (carbono) ou de películas


metálicas.

Os resistores podem se divididos em dois grupos, a saber: os fixos e os variáveis.

Semicondutores
São materiais que têm propriedades intermediárias, entre condutores e isolantes.

Os semicondutores permitem a passagem de corrente num só sentido, não


possibilitando o seu retorno. São empregados na produção de diódos retificadores,
fotocélulas, células fotoelétricas, diódos piesoelétricos, etc.

Semicondutores

Selênio
Germânio
Silício

38 SENAI
Eletrotécnica básica

Eletricidade dinâmica
A lei de Ohm

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Interdependência entre corrente e tensão.
• Interdependência entre corrente e resistência.
• As três fórmulas da lei de Ohm.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Calcular exercícios práticos, aplicando a lei de Ohm.
• Determinar valores de U, I e R consultando gráficos.

Para a regulagem do fluxo de líquidos e gases, pode-se alterar a pressão, o diâmetro


do tubo, ou os dois casos, consequentemente, variando a resistência.

Quanto maior for a pressão e quanto menor for a resistência, tanto maior será o
volume do líquido ou gás que dará vazão.

Estes conhecimentos também podem ser considerados válidos para o fluxo da


corrente. Vamos estudá-los através de experiências simples.

SENAI 39
Eletrotécnica básica

A interdependência entre corrente e tensão

Experiência 1

Meios
Bateria de U = 4,5V, com 3 células, resistor de R = 47 Ω - 1W. Voltímetro, amperímetro,
fios.

Execução
Ligar os componentes conforme o desenho seguinte. Medir tensão e corrente quando
ligar 1, 2 e 3 células. Conferir os valores na tabela e observar o próximo gráfico.

Observação
U {V} 1,5 3,0 4,5
I {mA} 31,9 63,8 95,7
R {Ω} 47 47 47

Conclusão
Usando o mesmo resistor e aumentando a tensão, a corrente aumentará
proporcionalmente ao aumento da tensão.

40 SENAI
Eletrotécnica básica

Podemos dizer que a corrente é diretamente proporcional à tensão.

I α U

α = símbolo de proporcionalidade

A interdependência entre a corrente e a resistência

Experiência 2

Meios
Bateria de U = 4,5V, 3 resistores R1 = 10 Ω - 2W, R2 = 18 Ω - 2W, R3 = 33 Ω - 1W,
voltímetro, amperímetro, fios.

Execução
Ligar os componentes, conforme o desenho seguinte. Medir a tensão e a corrente para
cada um dos resistores e conferir na próxima tabela.

Observação
U {V} 4,5 4,5 4,5
I {A} 0,45 0,25 0,13
R {Ω} 10 18 33

Conclusão
Usando a mesma tensão, a corrente diminuirá, na mesma proporção, conforme
aumentamos o resistor. Podemos dizer que a corrente é inversamente proporcional à
resistência.

1
I α
R

SENAI 41
Eletrotécnica básica

A lei de Ohm

Fazendo um resumo das experiências, podemos concluir:

A corrente de um circuito é diretamente proporcional à tensão e inversamente


proporcional à resistência.

Dela extrai-se a seguinte fórmula básica:

tensão
corrente =
resistência

É a Lei de Ohm.

Lei de Ohm
U
I=
R
U
R=
I

Unidades:
V
= Ω
A

Unidades: I em A
U em V
R em Ω

Observação
Para calcular qualquer grandeza da fórmula da lei de Ohm, podemos representar a lei
por um triângulo, com seus valores no interior do mesmo. As letras dispostas formam a
palavra RUI, e assim podem facilitar a transformação das fórmulas entre si.

U=R.I

U
R=
I

U
I=
R

42 SENAI
Eletrotécnica básica

Exercícios

1 Calcular a resistência da lâmpada no circuito seguinte.

2 Através dos dados seguintes, construa o gráfico da reta da resistência e determine


o seu valor.

U1 = 3V I1 = 0,04A
U2 = 6V I2 = 0,08A
U3 = 9V I3 = 0,12A

3 Determine por meio do gráfico do ex. 2:

a) Quais os valores de tensão U1 e U2 quando a corrente for de:


I1 = 0,05A e I2 = 0,1A

b) Quais os valores de I3 e I4 quando a tensão for de:


U3 = 4,5V e U4 = 8V

SENAI 43
Eletrotécnica básica

4 Qual a tensão correta de um aparelho elétrico, quando I = 0,3A e R = 80 Ω .

44 SENAI
Eletrotécnica básica

Eletricidade dinâmica
Circuitos elétricos

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Conhecer
Ser informado sobre:
• A classificação de circuitos elétricos em circuitos dependentes e independentes.
• O cálculo de circuitos mistos.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• As fórmulas para cálculos de R, U e I nos circuitos em série e em paralelo.
• A determinação das fórmulas através de experiências.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Identificar circuitos série e paralelo em função de desenhos.
• Calcular exercícios, aplicando a primeira e a segunda lei de Kirchhoff.
• Calcular exercícios de circuitos série e paralelo, aplicando a lei de Ohm.

Circuitos elétricos

Os circuitos elétricos, de um modo geral, dividem-se em três tipos. Conforme as suas


ligações, eles podem ser:
• Série
• Paralelo
• Misto

SENAI 45
Eletrotécnica básica

Circuito Série
É aquele cujos elementos são ligados um após outro, sendo que um elemento
depende do outro e constitue uma malha elétrica.

Esse circuito recebe o nome de dependente, porque se um dos elementos for


interrompido os demais deixarão de funcionar; isto porque ele se compõe de um só
ramo, ou seja, um só caminho para a passagem da corrente.

Circuito Paralelo
É aquele em que seus elementos são colocados um independente do outro.

Isto quer dizer que, se um elemento qualquer deixar de funcionar, não perturbará o
funcionamento dos demais.

46 SENAI
Eletrotécnica básica

Circuito Misto
É aquele que é formado pela combinação dos dois anteriores, sendo parte em série e
parte em paralelo.

O funcionamento dos circuitos, Série, Paralelo e Misto, para corrente e tensão, é


definido pelas leis de Kirchhoff.

1a Lei de Kirchhoff (Lei dos Nós)


A intensidade de corrente que chega a um ponto do circuito é igual a intensidade que
dele sai.

SENAI 47
Eletrotécnica básica

2a Lei de Kirchhoff (Lei das Malhas)


A tensão total de uma malha é igual a soma das tensões parciais dessa malha.

Associação de resistores

Circuito Série

Experiência 1

Meios
Fonte de tensão U = 10V; e resistores, 18 Ω - 1W, 18 Ω - 1W, 68 Ω - 1W, voltímetros,
amperímetros, ohmímetros, fios.

Execução
Monte o circuito conforme o desenho seguinte.

48 SENAI
Eletrotécnica básica

Medir os valores de U, R e I e conferir na tabela a seguir os valores encontrados.

Observação
I II III
Total
Medição Medição Medição
U (V) U1 = 1,75V U2 = 1,75V U3 = 6,5V U = 10V

I (A) I1 = 0,096A I2 = 0,096A I3 = 0,096A I = 0,096A

R (Ω) R1 = 18 Ω R2 = 18 Ω R3 = 68 Ω R = 104 Ω

Conclusão
A resistência total num circuito série é igual à soma de todas as resistências oferecidas
pelos resistores desse circuito.

Rt = R1 + R2 + R3 + ... + Rn

A intensidade de corrente num circuito série é igual em todas as partes do circuito.

It = I1 = I2 = I3 = ... = In

Observação
Para encontrarmos um valor desconhecido de I, U ou R em qualquer circuito, primeiro
empregamos as leis de Kirchhoff e depois a lei de Ohm.

Exemplo
1. Determine no circuito seguinte a resistência Rt, a corrente total I e as tensões
parciais U1, U2 e U3.

Dado: R1 = 50 Ω ; R2 = 100 Ω ; R3 = 70 Ω e Ut = 220V.

SENAI 49
Eletrotécnica básica

R = R1 + R2 + R3

R = 50 Ω + 100 Ω + 70 Ω = 220 Ω

U 220 V
I= = = 1A
R 220 V

U1 = R1 . I = 50 Ω . 1A = 50V
U2 = R2 . I = 100 Ω . 1A = 100V
U3 = R3 . I = 70 Ω . 1A = 70V

Controle: U = U1 + U2 + U3
U = 50V + 100V + 70V =
U = 220V

Exercício 1

No circuito a seguir mede-se os seguintes valores:

R1 = 20 Ω ; Rt = 100 Ω ; U = 24V e U1 = 4,8V.

Determine U2 e I.

50 SENAI
Eletrotécnica básica

Exercício 2

Ligar lâmpadas de 6V/0,1A em série.

Determine:
a) Quantas lâmpadas podem ser ligadas a uma tensão de U = 42V?

b) Qual a resistência R de cada lâmpada e qual a resistência total Rt do circuito do


item (a).

Circuito paralelo

Experiência 2

Meios
Fonte de tensão U = 10V, 3 resistores, R1 = 10 Ω - 10W, R2 = 20 Ω - 5W, R3 = 68 Ω -
2W, voltímetros, amperímetros, fios, ohmímetros.

Execução
Montar o circuito conforme desenho seguinte.

SENAI 51
Eletrotécnica básica

Meça os valores de U, I e R conforme indicado no circuito anterior e confira os valores


na tabela.

I II III
Total
Medição Medição Medição
U [V] U = 10V U = 10V U = 10V U = 10V

I [A] I = 1,0A I = 0,5A I = 0,147A I = 1,65A

R [Ω] R = 10 Ω R = 20 Ω R = 68 Ω R = 6Ω

Conclusão
1 A tensão no circuito paralelo é a mesma em todas as partes do circuito.

Ut = U1 = U2 = U3 = ... = Un

2 A corrente que chega a um ponto no circuito é igual à soma das correntes que dele
saem, ou vice-versa. É definido pela 1a lei de kirchhoff.

It = I1 + I2 + I3 + ... + In

I4 = I1 + I2 + I3

3 A resistência total Rt de um circuito elétrico ligado em paralelo é menor do que a


resistência oferecida pelo menor resistor do circuito.

Para se calcular a resistência total Rt de um circuito paralelo, aplicamos as fórmulas da


lei de Ohm.

U U
R= I=
I R

52 SENAI
Eletrotécnica básica

Sabendo-se que a fórmula para calcular It do circuito paralelo é:

It = I1 + I2 + I3 + ... + In

U
Substituindo I por temos:
R

Ut U U U U
= 1 + 2 + 3 + ... + n
Rt R1 R2 R3 Rn

Simplificando, temos:

1 1 1 1 1
= + + + ... +
Rt R1 R2 R3 Rn

Fórmula geral:

1
Rt =
1 1 1 1
+ + + ... +
R1 R 2 R 3 Rn

Exemplo
Cálculo da resistência total Rt na experiência anterior.

SENAI 53
Eletrotécnica básica

1 1 1 1
= + +
Rt R1 R2 R3

1
Rt =
1 1 1
+ +
10Ω 20Ω 60Ω

1
Rt =
6 + 3 +1
60Ω

1 1 60Ω
Rt = = x
10 1 10
60Ω

60Ω
Rt = = 6Ω
10

O resultado é o mesmo que foi medido.

Fórmula específica para calcular a resistência total de dois resistores em paralelo:

R1 . R 2
Rt =
R1 + R 2

Cálculo de circuitos em paralelo

Exemplos
Dois resistores, R1 = 30 Ω e R2 = 60 Ω são ligados paralelamente. A tensão é de U =
12V.

54 SENAI
Eletrotécnica básica

Calcule a resistência Rt, a corrente It e as correntes I1 e I2.

Solução
R1 . R 2 30Ω . 60Ω
Rt = =
R1 + R 2 30Ω + 60Ω

Rt = 20 Ω
U 12V
It = = = 0,6A
R 20Ω

U 12V
I1 = = = 0,4A
R1 30Ω

U 12V
I2 = = = 0,2A
R2 60Ω

Comparamos a relação entre resistores e correntes.

R1 30Ω 1 I1 0,4 A 2
= = = =
R2 60Ω 2 I2 0,2A 1

Conclusão
Também nos circuitos em paralelo, as correntes são inversamente proporcionais às
resistências.

R1 I
= 2
R2 I1

SENAI 55
Eletrotécnica básica

Exercício 1

Calcule os valores Rt, It, I1, I2 e I3 do exemplo anterior, se for ligado um terceiro resistor
R3 = 20 Ω paralelamente:

Cálculo de circuitos mistos

Exemplo
No circuito a seguir devem ser calculados os valores de R, U e I.

Dados: R1 = 20 Ω ; R2 = 60 Ω
R3 = 25 Ω ; R4 = 40 Ω
Ut = 20V

Solução
Determine os valores.
RI, RII, Rt, I1, I2, I3, I4, It, UI e U3.

56 SENAI
Eletrotécnica básica

a) Circuito parcial I

R1 . R 2 20Ω . 60Ω
RI = =
R1 + R 2 20Ω + 60Ω

RI = 15 Ω

Circuito parcial II

RII = RI + R3 = 15 Ω + 25 Ω

RII = 40 Ω

Circuito parcial III

R II . R 4
RIII = =
R II + R 4
40Ω . 40Ω
40Ω + 40Ω

RIII = 20 Ω

RIII = Rt = 20 Ω

SENAI 57
Eletrotécnica básica

U 20V
b) It = = = 1A
R 20Ω

c) Conforme o desenho do circuito parcial III, podemos concluir que RII e R4 recebem
o valor total da tensão U, sendo Ut = 20V. Os dois resistores têm o mesmo valor de
40 Ω ; por isso, as correntes também são iguais.

I4 = III

Então:

It = I4 + III ou

It = 2 . I4

It 1,0 A
I4 = = = 0,5A
2 2

I4 = III = 0,5A

d) A corrente III circula nos resistores R3 e RI; isto significa:

III = I3 = II = 0,5A

e) Calculamos I1 e I2 através da tensão parcial UI.


UI = RI . II
UI = 15 Ω . 0,5A
UI = 7,5V

ou

U3 = R3 . I3 Ut = UI + U3
U3 = 25 Ω . 0,5A UI = Ut – U3
U3 = 12,5V UI = 20V – 12,5V
UI = 7,5V

UI 7,5 V
I1 = = = 0,375A
R1 20Ω
UI 7,5 V
I2 = = = 0,125A
R2 60Ω

58 SENAI
Eletrotécnica básica

Exercícios

1 Calcule a resistência Rt dos resistores: R1 = 10 Ω , R2 = 30 Ω e R3 = 70 Ω .


Se eles forem ligados:
a) Em série

b) Em paralelo.

2 Calcule os valores que faltam ao circuito abaixo.

Rt =
It =
I1 =
I2 =

3 Calcule os valores que faltam ao circuito abaixo.

U1 =
U2 =
Rt =
It =

SENAI 59
Eletrotécnica básica

60 SENAI
Eletrotécnica básica

Eletricidade dinâmica
Potência - Trabalho

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Conhecer
Ser informado sobre:
• A ligação correta de instrumentos para medir a potência e o trabalho no circuito
elétrico.
• As unidades de potência e trabalho conforme o sistema internacional.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• As fórmulas para calcular a potência, trabalho elétrico e preço de consumo.
• As unidades watt, Quilowatt e Quilowatt-hora.
• O trabalho elétrico como forma de energia.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Calcular exercícios práticos aplicando as fórmulas de potência, trabalho e preço de
consumo.

SENAI 61
Eletrotécnica básica

Potência elétrica

Potência é a quantidade de trabalho efetuado na unidade de tempo. E é esse trabalho,


realizado dentro de um tempo determinado, que representa a potência elétrica. A
unidade de medida é o Watt (W).

Experiência

Meios
Fonte de tensão variável de U = 0 a 100V; voltímetro, amperímetro; resistor R=
1.000 Ω - 10W; fios; Wattímetro.

Execução
Monte o circuito seguinte.

a) Primeiro passo:
Medir a corrente para valores de tensão, conforme tabela, e conferir os valores
obtidos.

Resistor R = 1.000 Ω - 10W


U I
U.I
{V} {A}
0 0 0
20 0,02 0,4
40 0,04 1,6
60 0,06 3,6
80 0,08 6,4
100 0,10 10

62 SENAI
Eletrotécnica básica

b) Segundo passo:
Ligar um wattímetro conforme o desenho seguinte. Medir a potência para cada um
dos valores de tensão (U) da tabela anterior conferindo os valores com a coluna
U . I.

Conclusão
O valor da leitura do wattímetro é o mesmo obtido pelo produto U x I. Podemos definir:

Potência Elétrica = Tensão x corrente

P=U.I

A unidade da potência é o watt.

U
Aplicando a fórmula I = da Lei de Ohm, podemos transformar a fórmula de potência.
R

1 P=U.I

U U
P=U. ← I=
R R

U2
P=
R

U
I=
R

U=I.R

SENAI 63
Eletrotécnica básica

2 P=U.I
P= I.R .I

P = I2 . R

Observação:
Por ser um fator muito importante, a potência sempre é designada nos aparelhos e
máquinas elétricas.

Unidade da Potência

1 volt x 1 Ampère = 1 Watt


1V x1A =1W
1 quilowatt = 1 kW = 1.000 W
1 megawatt = 1 MW = 1.000.000 W
1
1 milliwatt = 1 mW = W
1.000

Conforme sistema internacional:

newton metro joule


1 watt = 1 =1
segundo seg

Nm J
1W=1 =1
s s

V/ 2 V.A
{P} = = = VA = W
Ω V/

{P} = A2 . Ω = A/ 2 . V = V . A = W
A/

Exemplo: Motor elétrico

Potência: 5 kW
Designação
Tensão: 110V

64 SENAI
Eletrotécnica básica

Trabalho elétrico

Ao ligarmos um motor elétrico a uma tensão, este será capaz de acionar uma máquina,
executando trabalho. O trabalho elétrico do motor transforma-se em trabalho mecânico
e em energia calorífica (efeito joule). Trabalho é sempre uma forma de energia.
Trabalho elétrico é energia elétrica.

Exemplo de trabalho elétrico


O nosso motor tem a potência de 2kW. Após uma hora de funcionamento, o consumo
elétrico é de 2kWh. Esse consumo elétrico é o trabalho elétrico induzido no motor. E é
exatamente este consumo que deve ser pago ao fornecedor de eletricidade.

Circuito elétrico para medir trabalho elétrico

Unidade de trabalho elétrico


{T} = kW x h = kWh

{T} =V.A.h

SENAI 65
Eletrotécnica básica

Cálculo
Podemos calcular o trabalho elétrico através da seguinte fórmula:

Trabalho = Potência x Tempo

T =Pxt
T =U.I.t

Para calcular o preço do consumo elétrico residencial, (trabalho elétrico) multiplicamos


o trabalho pelo preço por kWh.

Preço
Preço de consumo = Trabalho x
kWh

R$
/ h.
Preço = k W = R$
kW/h

Exemplos de cálculos

Potência
1 Um aquecedor elétrico de uma potência de 1.000 watts é ligado a uma tensão de
110V.
Qual a corrente no aquecedor?

P = 1.000W
U = 110V

Aquecedor

Solução
P=U.I

P 1.000 W 1.000 V . A
I= = =
U 110 V 110V

I = 9,09A

66 SENAI
Eletrotécnica básica

2 Um motor elétrico tem uma potência de 5,5kW, o que corresponde a uma corrente I
= 50A.
Calcule:
a) A tensão em V.
b) A resistência do motor em Ω .

Solução
a) P = U . I

P 5.500 W
U= = = 110V
I 50 A

U 110 V
b) R = = = 2,2 Ω
I 50 A

Trabalho
3 O motor de um torno é ligado a 380V. A corrente medida é de I = 14,47A.
Calcule:
a) A potência do motor.
b) O trabalho elétrico após 8 horas de uso do torno.
c) O preço para o consumo, quando o custo do kWh for de R$20,00.

U = 380V
I = 14,47A

Solução
a) P = U . I = 380V . 14, 47A
P = 5.500 watt

b) T = P . t
T = 5,5kW . 8h = 44kWh

preço
c) Preço = T .
kWh

R$20,00
Preço = 44kWh .
kWh

Preço = R$880,00
SENAI 67
Eletrotécnica básica

Exercícios

1. A potência de um chuveiro é de 4.000W. Tensão necessária de 220V.


Calcule:
a) A corrente I no chuveiro.

b) O fusível do circuito é para 30A. Será possível ligar, ao mesmo tempo, mais um
aparelho de 1,5kW?

2. A potência de uma máquina de lavar é de 2.000W. A tensão 110V.


Calcule:
a) O consumo após 4 horas de funcionamento.

b) Qual o fusível necessário no circuito?

c) O preço para o funcionamento de 3 horas, com o kWh a R$20,00.

P = 2.000W
U = 110V

Máquina de lavar roupa

68 SENAI
Eletrotécnica básica

3. Uma lâmpada de P = 100W é ligada a uma U = 110V.


Calcule e responda:
a) Qual a corrente I?

b) Será possível ligar, no mesmo circuito, um aquecedor de 2kW, se o fusível for


de 20A?

SENAI 69
Eletrotécnica básica

70 SENAI
Eletrotécnica básica

Magnetismo

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Conhecer
Ser informado sobre:
• A origem do magnetismo.
• O magnetismo terrestre, a designação dos pólos e dos pólos magnéticos.
• A classificação dos materiais magnéticos.
• A definição de fluxo, densidade e relutância magnética.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• A designação dos pólos de um ímã.
• A descrição da força magnética através de linhas de força.
• A lei de atração e repulsão.
• A teoria elétrica da magnetização.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Descrever o campo, as linha, os pólos e a reação entre os pólos de um ímã.

SENAI 71
Eletrotécnica básica

Substâncias magnéticas

Dá-se o nome de magnetismo à propriedade que certos corpos possuem de atrair


materiais ferrosos.

Em época bastante remota, os gregos descobriram que um certo tipo de rocha,


encontrada na cidade de Magnésia, na Ásia Menor, tinha o poder de atrair pequenos
pedaços de ferro.

A rocha era constituída por um tipo de minério de ferro chamado magnetita e por isso o
seu poder de atração foi chamado magnetismo.

Mais tarde, descobriu-se que prendendo-se um pedaço dessa rocha (ímã natural) na
extremidade de um barbante, ela se posicionava de tal maneira que uma de suas
extremidades apontava sempre para uma mesma direção.

Bússolas primitivas

Esses pedaços de rochas, suspensos por um fio, receberam o nome de “pedras-guia”


e foram usados pelos chineses há 2 mil anos, para viagens no deserto, e também
pelos marinheiros, quando das primeiras descobertas marítimas.

Assim sendo, descobriu-se que a Terra é um grande ímã natural e o giro dos ímãs em
direção ao norte é causado pelo seu magnetismo.

72 SENAI
Eletrotécnica básica

Pólos dos ímãs

Os pólos dos ímãs localizam-se nas suas extremidades e são denominados de Norte e
Sul.

Imã

Nos pólos, a força magnética do ímã é maior, por ser o local de maior concentração de
linhas magnéticas.

Linhas de força magnética

Linha de força magnética é uma linha invisível que fecha o circuito magnético de um
ímã, passando por seus pólos.

Pólo magnético é toda superfície nas quais saem ou entram linhas magnéticas.

Para provar, praticamente, a existência das linhas de força magnética do ímã,


podemos fazer a experiência do espectro magnético.

SENAI 73
Eletrotécnica básica

Para tal, coloca-se um ímã sobre uma mesa; sobre o ímã um vidro plano e, em
seguida, derrama-se limalhas, aos poucos, sobre o vidro. As limalhas se unirão pela
atração do ímã, formando o circuito magnético do ímã sobre o vidro, mostrando assim
as linhas magnéticas.

A linha de força magnética é a unidade do fluxo magnético.

Podemos notar, através do espectro magnético, que as linhas de força magnética


caminham dentro do ímã: saem por um dos pólos e entram pelo outro, formando assim
um circuito magnético.

Observa-se também a grande concentração de linhas nos pólos dos ímãs, ou seja, nas
suas extremidades.

Sentido das linhas de força de um ímã

O sentido das linhas de força de um ímã, por convenção, é sempre, externamente, do


polo norte para o polo sul e, internamente ao ímã, o sentido é do pólo sul para o pólo
norte.

Linhas de força num ímã

74 SENAI
Eletrotécnica básica

Fragmentação de um ímã

Se um ímã for quebrado em três partes, por exemplo, cada uma das partes constituirá
um novo ímã.

Os pólos de um ímã, independente do seu tamanho, sempre ocorrem em pares N - S.

Campo magnético do ímã

Damos o nome de campo magnético do ímã ao espaço ocupado por suas linhas de
força magnética.

Lei de atração e repulsão dos ímãs

No ímã observa-se o mesmo princípio das cargas elétricas. Ao aproximarmos uns dos
outros, pólos de nomes diferentes se atraem e pólos de nomes iguais se repelem.

SENAI 75
Eletrotécnica básica

Magnetismo terrestre

O Pólo Norte geográfico da Terra é, na realidade, o pólo sul magnético e o Pólo Sul
geográfico é o pólo norte magnético. Esta é a razão pela qual o pólo norte da agulha
de uma bússola aponta sempre para o Pólo Norte geográfico.

Outras causas do magnetismo terrestre são as correntes elétricas (correntes telúricas)


originadas na superfície do globo em sua rotação do Oriente para o Ocidente, e a
posição do eixo de rotação da Terra em relação ao Sol.

Ímãs artificiais

São aqueles fabricados pelo homem, e podem ser obtidos pelo contato ou atrito com
outro ímã ou pela influência de uma corrente elétrica.

Esses ímãs oferecem uma vantagem sobre os naturais, pois, além de proporcionar
maior força de atração, podem ser fabricados em tamanhos e formatos variados.

Os ímãs artificiais são classificados em permanentes e temporários.

76 SENAI
Eletrotécnica básica

Teoria molecular da magnetização

Esta teoria presume que cada molécula de um material magnetizável constitui um


diminuto ímã (ímã elementar), cujos eixos encontram-se desalinhados entre si. Sem
alinhamento dos ímãs elementares, o corpo não apresentará efeito magnético.

Barra de aço não magnetizada

Colocando-se uma barra desse material sob os efeitos de um campo magnético


externo, as moléculas alinhar-se-ão, polarizando-a, e formando um campo magnético
conjunto.

Barra de aço sob ação de um campo magnético.


As moléculas se orientam numa só direção.

Quando todos os ímãs elementares forem alinhados, o material se tornará saturado.

Nos aços de alto teor de carbono, ao ser retirada a influência do campo externo, os
ímãs elementares permanecerão alinhados, e por esse fator são denominados ímãs
permanentes.

Os melhores ímãs desse tipo são os aços ligados com níquel e cobalto, e ainda com
pequena porcentagem de alumínio.

Al = Alumínio
Ni = Níquel
Co = Cobalto

SENAI 77
Eletrotécnica básica

Todo ímã permanente pode perder, total ou parcialmente, o seu fator de imantação,
isto é, ter os seus ímãs elementares novamente desalinhados quando submetidos a
um campo alternado intenso ou a temperaturas elevadas.

Nos aços de baixo teor de carbono (ferro doce), ao ser retirada a influência do campo
externo, os ímãs elementares tornam a desalinhar-se, total ou parcialmente, daí a
receberem a denominação de ímãs temporários. Quando o desalinhamento é parcial, o
material conserva um “restante” de magnetismo, que é chamado de remanescência.

Remanescência magnética

Existem substâncias que facilitam a passagem das linhas magnéticas, assim como
existem outras que dificultam a passagem.

Permeabilidade magnética

Permeabilidade magnética é o mesmo que condutibilidade magnética, ou seja, a


facilidade que certos materiais oferecem à passagem das linhas magnéticas.

Os metais ferrosos, em geral, são bons condutores das linhas magnéticas.

78 SENAI
Eletrotécnica básica

Os materiais magnéticos estão classificados da seguinte maneira:


a) Paramagnéticos: são materiais que têm imantação positiva, porém constante. Ex:
alumínio, platina, ar e outros materiais que são atraídos para dentro do campo
magnético.
b) Ferromagnéticos: são materiais que têm imantação positiva, porém não
constante, que depende do campo indutor. Ex: ferro, níquel, cobalto, etc.
c) Diamagnéticos: são materiais que têm imantação negativa e constante, como:
bismuto, cobre, prata, zinco e outros, que são repelidos para fora do campo
magnético.

Atração de materiais pelo ímã

Relutância magnética

Dá-se o nome de relutância magnética à propriedade de certas substâncias se oporem


à circulação, nelas, do fluxo magnético.

Repulsão de materiais pelo ímã

SENAI 79
Eletrotécnica básica

Pode-se comparar à resistência opondo-se à passagem da corrente elétrica em um


circuito elétrico.

Densidade magnética

Densidade magnética é o número de linhas magnéticas ou o fluxo magnético


produzidas por um ímã numa unidade de superfície. Ela é representada pela letra (B).

Fluxo magnético

O fluxo de um campo magnético é o número total de linhas de forças que compreende


esse campo. Ele é representado pela letra “ Φ ” (que se pronuncia FI).

Fluxo por unidade de área = Densidade magnética B.

Φ
B=
A

Unidade:

 Vs 
[B] =  2
 cm 

A unidade do fluxo magnético é o WEBER (Wb).

Unidade de fluxo magnético

[Φ ] = [Vs] = Wb

Φ =B.A

O fluxo magnético é o produto da indução magnética (densidade magnética) pela


superfície do polo de um ímã. Portanto, a unidade de fluxo magnético é igual ao
produto das unidades de fluxo magnético é igual ao produto das unidades de indução e
superfície.

80 SENAI
Eletrotécnica básica

Vs 2
1Wb =
2
/
.m
/
m

1Wb = 1Vs

Blindagem magnética

Blindagem magnética é o processo de isolamento de um corpo da ação de um campo


magnético.

Existem equipamentos que não podem sofrer a ação magnética por se danificarem ou
fornecerem dados incorretos.

Para blindarmos um corpo da ação de um campo magnético basta envolvê-lo com um


material de alta permeabilidade magnética.

SENAI 81
Eletrotécnica básica

82 SENAI
Eletrotécnica básica

Eletromagnetismo

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Conhecer
Ser informado sobre:
• As linhas de força de condutores em paralelos.
• A aplicação do eletroímã.
• Disposições de ímãs e o sentido do campo magnético.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• A geração da corrente e tensão, através do processo de indução.
• O sentido das linhas de força ao redor de um condutor percorrido pela corrente.
• O sentido do campo magnético em espiras e bobinas.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Descrever o princípio da indução com exemplos práticos.
• Determinar o sentido do campo magnético em função do sentido da corrente,
aplicando a regra do “saca-rolhas”.
• Determinar o sentido do campo magnético nas espiras, aplicando a regra da “mão-
direita”.

SENAI 83
Eletrotécnica básica

Indução

Experiência 1

Meios
Bobina 12.000 espiras, ímã permanente e voltímetro (MV).

Execução
Faça a ligação conforme o desenho seguinte e movimente o ímã dentro da bobina.

Observação
Pelo movimento de um ímã numa bobina é produzida uma corrente elétrica I, ou,
podemos também dizer, uma tensão U nas espiras. O mesmo efeito se obtém ao
mover a bobina.

Conclusão
Pelo movimento do ímã varia-se a grandeza e o sentido do fluxo magnético nas
espiras.

Esta variação é responsável pela geração de uma corrente ou uma tensão elétrica que
chamamos de tensão induzida. Esse processo é denominado por indução.

Como o magnetismo pode gerar eletricidade, bastaria um pouco de imaginação para


que se fizesse uma pergunta: será que a eletricidade pode gerar campos magnéticos?
A seguir, veremos que isso realmente acontece.

84 SENAI
Eletrotécnica básica

Eletromagnetismo

Experiência 2

Meios
Condutor, acumulador ou fonte de alimentação e bússola.

Execução
Posicione um condutor verticalmente e ligue-o a um acumulador. Aproxime uma
bússola ao redor do condutor.

Observação
A bússola sempre se posiciona tangencialmente ao círculo das linhas, conforme o
desenho seguinte.

Campo magnético ao redor de um condutor percorrido por uma corrente elétrica.

Experiência 3

Inverter os pólos do acumulador, e, assim, inverter a direção da corrente.

Observação
A bússola se posiciona na direção contrária.

Campo magnético ao redor de um condutor percorrido por uma corrente elétrica.

SENAI 85
Eletrotécnica básica

Conclusão
Para desviar a bússola, atraída normalmente pelo magnetismo da terra, foi preciso
outra força magnética. Essa força aparece no condutor quando este é percorrido por
uma corrente elétrica.

Sempre que um condutor for percorrido por uma corrente elétrica, a bússola
posicionada corretamente terá a agulha desviada pelo campo magnético formado no
condutor.

Este é o efeito magnético da corrente ou o eletromagnetismo.

Linhas de força magnética

Experiência 4

Meios
Condutor, chapas de acrílico, limalha de ferro, pilha ou acumulador ou fonte de
alimentação e interruptor.

Execução
Conecte por intermédio de uma chave, um fio grosso de cobre em série com um
acumulador ou fonte de alimentação. Introduza as chapas de acrílico na posição
horizontal, perpendicular ao condutor. Ligue o interruptor e espalhe a limalha de ferro.

A seguir, bata levemente nas chapas de acrílico para ajudar o alinhamento da limalha.

Linhas de limalhas configurando o espectro magnético.

Conclusão
A figura formada chama-se espectro magnético, esta experiência é utilizada para
demonstrar a existência de um campo magnético ao redor de um condutor, quando
percorrido por uma corrente elétrica.

86 SENAI
Eletrotécnica básica

Sentido das linhas de força magnética

No circuito a seguir constatamos o sentido das linhas de força magnética nas posições
indicadas pela bússola.

Lembre-se que, na bússola, os pólos são conforme a figura seguinte.

A bússola indica o sentido das linhas de força.

Vamos agora inverter o sentido da corrente. O sentido das linhas de força também será
invertido.

SENAI 87
Eletrotécnica básica

Regra para determinar o sentido do campo magnético, através do sentido da corrente:

Regra do saca-rolhas

Compare o sentido da corrente e das linhas de força com o sentido de penetração e


sentido de giro do sacarolhas.

O sentido de penetração corresponde ao sentido da corrente elétrica; o sentido de giro


corresponde ao sentido das linhas de força.

Podemos também definir sentido de campo magnético através da regra da mão direita
para condutores.

Envolvendo um condutor com a mão direita, o polegar voltado no sentido da corrente,


as pontas dos dedos indicarão o sentido do campo magnético.

88 SENAI
Eletrotécnica básica

Condutores em posição paralela

Correntes no mesmo sentido


A seguir, temos dois condutores em paralelo. Por eles passam correntes de mesmo
sentido e mesma intensidade, produzindo campos magnéticos de mesma densidade e
fluxo no mesmo sentido.

Observando os campos magnéticos dos condutores verificamos que as linhas de


forças dos campos magnéticos, entre os condutores, estão em sentidos contrários.
Logo não existirá campo magnético entre os condutores

Neste caso, as linhas de forças magnéticas formam um único campo em torno dos dois
condutores.

Correntes em sentidos opostos


A seguir, temos dois condutores percorridos por correntes de mesma intensidade e
sentidos opostos, produzindo campos magnéticos de mesma densidade porém com
fluxo em sentido contrário.

SENAI 89
Eletrotécnica básica

Observando os campos magnéticos dos condutores, verificamos que as linhas de


forças dos campos magnéticos entre os condutores, estão no mesmo sentido. Logo o
campo magnético entre os condutores será mais intenso.

Neste caso, as linhas de forças magnéticas serão concentradas entre os condutores,


formando um fluxo magnético mais intenso.

Campo magnético em espiras

Obtém-se o espectro magnético de uma espira simples, espalhando limalha de ferro na


cartolina; os grãos de limalha orientam-se na direção das limalhas magnéticas,
mostrando a trajetória do campo magnético.

Se nós juntarmos várias espiras obteremos um conjunto de espiras denominado


solenóide.

90 SENAI
Eletrotécnica básica

Observe que a linhas de força se unem e formam um único campo magnético.

Campo magnético de um solenóide percorrido pela corrente elétrica.

Cada espira contribui com uma parcela para a composição do campo magnético.

Assim, as linhas de força atuarão no solenóide, da mesma maneira que agem nos
ímãs.

As linhas de força passam por dentro do solenóide e retornam por fora.

Bobina
É o condutor enrolado em muitas espiras, em camadas sucessivas, umas sobre as
outras.

Na bobina também existe um só campo magnético de maior intensidade.

SENAI 91
Eletrotécnica básica

Eletroímã

Um eletroímã é constituído de uma ou duas bobinas de fio de cobre e um núcleo de


ferro, com o respectivo fecho; ele tem, portanto, o circuito elétrico das bobinas e o
circuito magnético do núcleo. A corrente passando nas bobinas cria um campo
magnético no núcleo, que atrai fortemente o fecho móvel.

O núcleo completo com fecho constitue o circuito magnético do eletro-ímã.

O fecho de ferro é atraído pelos pólos do eletroímã e, quanto mais o fecho se


aproximar, mais violenta é a atração.

A força de atração depende dos elementos seguintes:


• Área da secção do núcleo;
• Número total de espiras das bobinas;
• Intensidade da corrente.

Os pólos no eletroímã
Nos aparelhos elétricos, muitas vezes torna-se necessário saber qual o sentido do
campo magnético, isto é, onde ficam os pólos Norte e Sul.

Para determinar os pólos N e S aplicamos a

Regra da Mão Direita

Tomando-se o solenóide na mão direita, como


na figura ao lado, as pontas dos dedos
indicarão o sentido da corrente e o dedo
polegar indicará o sentido do fluxo interno das
linhas magnéticas do solenóide ou,
simplesmente, o seu pólo Norte.

92 SENAI
Eletrotécnica básica

Aplicações
O eletroímã tem inúmeras aplicações em eletrotécnica, principalmente nos comandos
à distância. Algumas aplicações em sinalização:

Campainha c c Anunciador c/no

Relé de corrente de trabalho Cigarra sincronizada (CA)

Aplicações Mecânicas

SENAI 93
Eletrotécnica básica

Freio magnético Máquina de C.C.

Opcional

Disposições de ímãs

No espectro magnético, as linhas de força, como nós já sabemos, saem do pólo norte
e entram no pólo sul na parte externa do ímã e percorrem o trajeto do sul para o norte
na parte interna.

Seccionando o ímã em duas partes, mantém-se o mesmo alinhamento.

94 SENAI
Eletrotécnica básica

Mudando-se a posição dos ímãs, como mostra a próxima figura, a trajetória da linha de
força continua sem alteração. Temos somente um circuito magnético.

Separando novamente os ímãs e adotando a disposição seguinte, temos ainda o


mesmo circuito magnético.

O circuito magnético é formado pelos ímãs e pelo ar.

Para facilitar a passagem das linhas de força usam-se duas peças de ferro, que é
material de alta permeabilidade magnética.

Agora, o circuito magnético tem uma parte comum pelos ímãs, e outra parte que se
divide em duas ramas pelo ferro.

SENAI 95
Eletrotécnica básica

Também são possíveis outras disposições dos ímãs. No lugar de ímãs podem ser
usados, também, eletroímãs.

A seguir pode-se observar quatro eletroímãs. Seus pólos externos estão ligados com
material magnético para facilitar a passagem das linhas de força. Esta figura é parte de
um motor com quatro pólos.

96 SENAI
Eletrotécnica básica

Corrente contínua e corrente


alternada

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Conhecer
Ser informado sobre:
• O sentido da corrente na bobina, aplicando a regra da mão direita (corrente
convencional).
• O princípio de funcionamento do gerador trifásico.
• O cálculo de U, I e P nas ligações estrela e triângulo.
• Vantagens e desvantagens da corrente contínua e da corrente alternada.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• O princípio do gerador elementar.
• A geração da corrente alternada, baseando-se no princípio do gerador elementar.
• A representação gráfica da corrente alternada.
• A definição da freqüência em Hz.
• O sistema trifásico representado graficamente.
• A representação esquemática das ligações estrela e triângulo.
• A relação de tensão ao ponto neutro da ligação estrela.
• A geração da corrente contínua.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Representar graficamente a corrente contínua e a corrente alternada.
• Identificar as ligações estrela e triângulo nos circuitos elétricos.

SENAI 97
Eletrotécnica básica

Gerador elementar

Experiência
Colocar um pedaço de fio de cobre entre dois ímãs, como mostra a figura seguinte.

Ligar as duas pontas do fio a um galvanômetro (aparelho de alta sensibilidade, para


medição de micro-ampères).

Movimentar o fio para a direita e para a esquerda; durante o movimento, observar o


ponteiro do galvanômetro.

Observação
Ao movimentar o fio perpendicularmente entre os dois ímãs, haverá o corte das linhas
de força pelo fio.

O fluxo magnético, ao ser cortado pelo fio de cobre, produz nele uma pressão
magnética. Esta pressão faz com que os elétrons se desloquem, gerando eletricidade.

Essa é a forma mais elementar de gerar tensão elétrica (U) – condutor, movimento e
magnetismo, também chamada princípio de indução. É o princípio de um gerador
elementar.

98 SENAI
Eletrotécnica básica

O gerador elementar é idêntico aos geradores industriais quanto ao seu


funcionamento, sendo diferente apenas na sua construção, que consiste de uma espira
de fio disposta de tal modo que pode ser girada dentro de um campo magnético
estacionário. Este movimento causa a indução de uma corrente na espira. Para ligar a
espira a um circuito externo que aproveite a tensão (U, em volts) induzida usam-se
contatos deslizantes (escovas).

Os pólos norte e sul do ímã que fornece o campo magnético, são denominados de
peças polares. A espira de fio que gira dentro do campo magnético é chamada de
armadura ou induzido.

As extremidades da espira do induzido são ligadas aos anéis coletores que giram com
a armadura. As escovas fazem contatos com os anéis coletores e transmitem para o
circuito externo a eletricidade gerada na armadura.

Em 1830, Faraday obteve a corrente elétrica induzida movendo um condutor num


campo magnético de um ímã permanente, estabelecendo o princípio ou lei de
Faraday, que diz: “todo condutor que corta um campo magnético induz nele uma
corrente elétrica”.

SENAI 99
Eletrotécnica básica

O sentido da corrente induzida em uma espira depende do sentido do seu movimento


e do sentido das linhas de força do campo magnético. A intensidade da corrente
induzida depende da velocidade do movimento e da densidade do campo magnético.
Para que possamos analisar o sentido da corrente numa espira, utilizamos a regra da
mão direita.

1) O dedo polegar indica o sentido do movimento da espira (condutor).


2) As pontas dos outros dedos indicam o sentido da corrente induzida.
3) As linhas do fluxo magnético sempre devem penetrar perpendicularmente à palma
da mão.

Regra da mão direita

100 SENAI
Eletrotécnica básica

Lembre-se: A teoria eletrônica nos define o sentido real da corrente: o fluxo dos
elétrons flui do pólo negativo para o pólo positivo. Porém, a teoria elétrica utiliza o
sentido convencional, que prevê o fluxo do pólo positivo para o pólo negativo.

Se utilizarmos o sentido da corrente eletrônica (real), a regra da mão direita


transforma-se na regra da mão esquerda, mas o princípio é o mesmo.

Sentido da corrente elétrica


Exemplo: Bateria

SENAI 101
Eletrotécnica básica

A corrente alternada

Supondo-se que o movimento de uma espira seja da esquerda para a direita dentro de
um campo magnético, demonstraremos a variação da corrente elétrica em função
desse movimento. A isto chamamos de geração da corrente elétrica alternada.

Posição 1: A espira não se deslocou.

Os dois lados da espira não estão cortando as linhas de força; portanto, não há
produção de tensão elétrica e, por isso, fluxo da corrente.

O ponteiro do galvanômetro está na posição zero.

102 SENAI
Eletrotécnica básica

Posição 2: A espira se deslocou 45º a partir do ponto inicial.

Os condutores da espira estão começando a interferir nas linhas de força do campo


magnético.

O ponteiro do galvanômetro está indicando o surgimento de uma tensão induzida nos


condutores da espira.

Posição 3: A espira se deslocou 90º a partir do ponto inicial.

À medida que a espira se aproxima do ponto “A”, o ponteiro do galvanômetro desloca-


se mais do que na posição anterior.

Na posição “A”, as secções transversais dos condutores estão cortando


perpendicularmente as linhas de força magnética (ângulo de 90º).

Quanto maior a quantidade de linhas de força cortadas pela espira, maior é a tensão
nela induzida. Portanto, o ponteiro do galvanômetro está marcando a máxima
quantidade de tensão produzida na espira e, respectivamente, a máxima quantidade
de corrente.

SENAI 103
Eletrotécnica básica

Posição 4: A espira se deslocou 135º.

Agora, o ponteiro do galvanômetro está indicando valor menor que o valor marcado
anteriormente.

Os dois lados da espira estão, neste momento, em posição inclinada entre as peças
polares.

Nesta posição, apenas parte do fluxo magnético está sendo interrompido pela espira,
produzindo nesta uma tensão cada vez menor.

À proporção que a espira se afasta do ponto de maior convergência do fluxo magnético


(ponto “A”), o galvanômetro registra menor tensão induzida e, respectivamente, menor
corrente elétrica.

Posição 5: A espira se deslocou 180º.

O ponteiro do galvanômetro retornou novamente para a posição zero.

Aqui, os dois lados da espira não estão cortando as linhas de força.

Não há indução de tensão nos condutores da espira.

104 SENAI
Eletrotécnica básica

Posição 6: A espira se deslocou 225º.

Agora, o ponteiro do galvanômetro está se deslocando para a esquerda.

Lembre-se de que, até a posição 5, a parte escura da espira estava cortando o fluxo
magnético de cima para baixo e, a parte clara, de baixo para cima.

A partir da posição 6, a parte escura começou a deslocar-se dentro do campo


magnético de baixo para cima, e, a parte clara, de cima para baixo.

Como o sentido de deslocamento dos lados da espira ficou invertido, inverteu-se


também o sentido de deslocamento da corrente elétrica.

Por este motivo é que o ponteiro do galvanômetro mudou de sentido, ou seja, agora
ele está se deslocando para a esquerda.

Posição 7: A espira se deslocou 270º.

Nesse momento, o ponteiro do galvanômetro está marcando indução máxima de


corrente elétrica na espira.

SENAI 105
Eletrotécnica básica

Nesta posição, novamente as secções transversais dos condutores estão cortando


perpendicularmente as linhas de força, logo, o máximo corte de linhas de força e,
consequentemente, a máxima tensão induzida.

Posição 8: A espira se deslocou 315º.

Novamente, os valores medidos pelo aparelho estão diminuindo.

A corrente elétrica induzida na espira está se reduzindo, pois os dois lados da espira
estão cortando um número cada vez menor de linhas de força.

Posição 9: Finalmente, completou-se uma volta ou 360º.

Segundo o ponteiro do aparelho, não há presença de corrente elétrica na espira. Com


isto, completamos uma volta de deslocamento da espira dentro de um campo
magnético. Para cada volta seguinte, os fenômenos da indução elétrica serão idênticos
aos demonstrados.

106 SENAI
Eletrotécnica básica

Veremos, a seguir, a demonstração gráfica das variações da corrente elétrica induzida


na espira de um gerador com anel coletor.

No gráfico está representada a curva senoidal (ou senóide). Ela demonstra a variação
da corrente elétrica induzida durante uma volta completa da espira.

No eixo horizontal é representado o movimento da espira em função de uma volta


completa dentro de um campo magnético.

No eixo vertical é representada a intensidade da corrente elétrica induzida, de acordo


com as indicações do galvanômetro, nas várias posições.

Note que a tensão ou a corrente elétrica parte de um ponto zero, desloca-se para um
lado (+) e volta para o ponto zero; depois, desloca-se para o outro lado (-) e, assim,
sucessivamente. A esse movimento denominamos corrente alternada (CA).

Definição
Corrente alternada é aquela que varia periodicamente de intensidade e sentido.

Freqüência

Supondo-se que o tempo gasto para a espira percorrer os 360º tenha sido de 1
segundo, podemos representá-lo graficamente como na figura seguinte.

SENAI 107
Eletrotécnica básica

Se continuarmos girando a espira, o tempo continuará sendo representado


graficamente de acordo com a figura seguinte.

Exemplo
Durante 0,5 segundos, a corrente circula no sentido conforme desenho seguinte.

De 0,5 segundo até 1 segundo, a corrente muda de sentido.

108 SENAI
Eletrotécnica básica

Quando um gerador de corrente alternada com dois pólos completa uma rotação, a
tensão completa um ciclo.

Se essa rotação for completada no tempo de 1 segundo, temos, então, 1 ciclo/s.

Na realidade, podem ser gerados mais ciclos por segundo; o número de ciclos
depende de dois fatores:
• Rotação por segundo
• Número de pólos do gerador

O número de ciclo/s é denominado freqüência, que tem como unidade de medida o


Hertz.

Definição
Freqüência é o número de oscilações por segundo ou, simplesmente, ciclos por
segundo (ciclos/seg.).

Unidade da freqüência

Hertz = Hz

ciclos
Hz =
segundo

SENAI 109
Eletrotécnica básica

Exemplo
Na sua casa, a freqüência da corrente elétrica é de 60 hertz. Isto significa que a
corrente elétrica completa 60 ciclos em 1 segundo.

Gerador trifásico

O gerador seguinte apresenta uma bobina e é, portanto, monofásico. E, como tem


coletor de anéis, produz CA monofásica.

Este gerador apresenta três bobinas fixas, com um ímã móvel. Neste caso, trata-se de
um tipo de gerador que produz três CAs monofásicas. Esse tipo de gerador é
denominado gerador trifásico.

110 SENAI
Eletrotécnica básica

Princípio do gerador trifásico


Um ímã indutor girando no centro de um sistema de três bobinas, colocadas 120º uma
da outra, constitui um gerador de corrente trifásica.

Cada vez que o pólo N passa em frente a uma bobina, produz-se uma CA, nessa
bobina; em uma volta completa do pólo N produzem-se 3 CAs, deslocadas 120º uma
das outras.

As 3 correntes alternadas geradas em atraso de 1/3 do ciclo uma da outra, chama-se


corrente trifásica.

Seguindo o giro do pólo N:

• A fase I começa em 0º

• A fase II começa em 120º

SENAI 111
Eletrotécnica básica

• A fase III começa em 240º

Se a duração do ciclo for de 1 segundo, a fase I começa em 0 segundo, a fase II em


1/3 seg e a fase III em 2/3 seg.

O circuito de corrente trifásica chama-se Sistema Trifásico.

Veremos, a seguir, a demonstração gráfica das variações de uma corrente elétrica


trifásica, supondo-se que o início do gráfico corresponde ao início da geração da
tensão.

As correntes do sistema trifásico atuam no circuito individualmente, sem se


atrapalharem mutuamente. A corrente de uma fase, tomada isoladamente, chama-se
corrente monofásica.

112 SENAI
Eletrotécnica básica

Ligação estrela e triângulo

Para transportar estas três CAs até aos consumidores, seriam necessários seis
condutores, dois para cada fase.

Para diminuir este número de condutores, o gerador poderá ser ligado de duas formas
diferentes, através da:

Ligação estrela
Consiste em manter as pontas 1, 2 e 3 das bobinas, separadas, e as pontas 4, 5 e 6
unidas.

Simbolicamente representada pela letra maiúscula (Y).

A seguir, está a representação esquemática desta ligação:

SENAI 113
Eletrotécnica básica

Ligação triângulo ou delta


Consiste em ligar as bobinas de tal forma que a ponta 1 fique ligada à 6, a 2 fique
ligada à 4 e a 3 fique ligada a 5, e retirar, de cada uma dessas uniões, uma derivação.

Simbolicamente representada pelo símbolo (∆ ) .

A seguir, está a representação esquematizada desta ligação.

Ponto neutro do fechamento em estrela

Caso haja necessidade de se obter, de um mesmo gerador, a tensão de linha e a


tensão de fase, devemos ligar um condutor no ponto neutro do fechamento em
estrela.

114 SENAI
Eletrotécnica básica

Este condutor é chamado de condutor neutro.

Com a ligação do condutor neutro, o consumidor poderá contar com a tensão de linha
e a tensão de fase.

Entre duas fases, tem-se a tensão de linha; neste caso, de 220V.

Entre uma fase e o neutro, tem-se a tensão de fase; neste caso, de 127V.

Esse tipo de ligação em um gerador trifásico, fechado em estrela e com condutor


neutro, tem aplicação:
• Nas cargas de alta potência, tais como: fornos elétricos, aquecedores centrais e
motores trifásicos.
• Nas cargas de baixa potência, tais como: luminárias, eletrodomésticos, ferramentas
elétricas e motores monofásicos.

SENAI 115
Eletrotécnica básica

Opcional

Cálculo

A tensão (U) entre os dois extremos de cada bobina é chamada de Tensão de Fase
(Uf).

A tensão entre duas fases é chamada de Tensão de Linha (Ul).

Na ligação estrela, a tensão de linha (Ul) é igual à tensão de fase (Uf), multiplicada por
1,732.

Ul = 1,732 . Uf

Exemplo:
Uf = 127V
Ul = 127V x 1,732 = 219 V
Ul ≅ 220V

Corrente de linha é igual à corrente de fase.

Il = If

Potência do sistema (P) é igual à potência de fase multiplicada por 3.

P = 3 . Pf

116 SENAI
Eletrotécnica básica

Na ligação triângulo, a tensão de linha é igual à tensão de fase.

Ul = Uf

Corrente de linha = Corrente da fase x 1,732.

Il = If . 1,732

Potência do sistema (P) = Potência da fase x 3.

P = 3. Pf

Corrente contínua – CC

Agora, estudaremos o tipo de corrente elétrica fornecida pelo gerador com coletor
comutador.

O coletor comutador tem a função de comutar (mudar) a ligação da bobina com as


escovas e permitir a retirada da corrente das bobinas.

SENAI 117
Eletrotécnica básica

Um coletor comutador é um anel em duas (ou mais) partes, isoladas entre si e da


massa.

Consequentemente, a corrente de saída terá sempre a mesma polaridade, variando


apenas de valor, crescendo de zero até um valor máximo e voltando a zero.
Posteriormente, cresce novamente até um máximo, caindo, por fim, outra vez a zero.
Isto ocorre para cada volta completa da espira.

Observando o gráfico seguinte, podemos definir que esse tipo de corrente tem um só
sentido, e é denominado Corrente Contínua (CC) pulsante.

118 SENAI
Eletrotécnica básica

Vantagens e desvantagens da corrente alternada e da corrente contínua

Corrente alternada (CA)


A principal vantagem da CA é que nós podemos aumentar ou diminuir facilmente a sua
tensão, através de transformador.

Exemplo
Você sabe que a distância entre as hidrelétricas e as cidades é muito grande. Portanto,
para se conduzir a eletricidade de um ponto até o outro costuma-se elevar a sua
tensão.

Para uma determinada potência, quando a tensão aumenta a corrente diminui.

Diminuindo a intensidade da corrente elétrica, podemos diminuir também a bitola dos


fios condutores, diminuindo, consequentemente, a perda na rede.

Lembrete
Nas hidrelétricas, a tensão é elevada para tensões entre 120.000V e 500.000V e,
assim, transportada até os centros de consumo, onde, novamente, é abaixado o valor
da tensão; e, assim, sucessivamente, até à tensão de 110/220V, que é a usada nas
residências.

SENAI 119
Eletrotécnica básica

A principal desvantagem está na sua utilização por motores, que só apresentam torque
satisfatório quando atingem velocidade ideal de funcionamento, e por tornar difícil um
controle de velocidade.

Corrente contínua (CC)


Quando aplicada em motores, apresenta grande vantagem: elevado torque inicial,
grande gama de rotações, controle fácil de rotação e recuperação de energia.

Essas aplicações são comuns em: locomotivas elétricas, ônibus elétricos, elevadores,
eletroímã, trens elétricos, etc.

Os rotores dos motores para corrente contínua são bobinados e possuem coletores,
comutadores.

Com isso, o motor torna-se mais complexo, de difícil manutenção e mais caro.

Por outro lado, a corrente contínua tem a desvantagem de não ser facilmente
transformada em valores maiores ou menores, exigindo, para isso, equipamentos
especiais, tais como oxiladores.

120 SENAI
Eletrotécnica básica

Transformador

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Conhecer
Ser informado sobre:
• O princípio de construção do transformador: bobina primária, secundária e núcleo
de ferro laminado.
• Tipos de transformadores.
• O cálculo do rendimento.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• A indução como princípio do transformador (corrente indutora e induzida).
• A transferência da energia do primário para o secundário.
• A relação da transformação em função do número de espiras do primário e do
secundário (fórmulas).

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Descrever o princípio da indução aplicada ao transformador.
• Calcular a potência, o número de espiras e a relação de transformação com
exemplos simples.

SENAI 121
Eletrotécnica básica

Recapitulação

1 O movimento de um ímã no interior de uma bobina produz uma variação do campo


magnético. Essa variação produz uma tensão induzida na bobina. O fenômeno do
surgimento de uma tensão elétrica, a partir da variação de um campo magnético, é
denominado indução magnética.

2 Uma bobina, quando percorrida por uma corrente elétrica alternada, dará origem a
um campo magnético variável, em função da variação da corrente.

O princípio do transformador

Experiência 1

Meios
Duas bobinas de 600 espiras, varivolt, miliamperímetro e resistor.

Execução
Colocar duas bobinas de 600 espiras ao lado uma da outra.

122 SENAI
Eletrotécnica básica

Eletrizar a primeira bobina (primário) com 24 volts alternados, através do varivolt.

Conectar um miliamperímetro à segunda bobina (secundário).

Conectar uma carga de 200 Ω - 5W, à segunda bobina e ao miliamperímetro. Variar a


distância entre as bobinas.

Simbologia

Observação
O amperímetro acusará uma corrente elétrica, que será tanto maior quanto mais
próxima estiver uma bobina da outra (acoplamento).

Conclusão
Sempre que uma bobina for colocada ao lado de outra bobina energizada, com
corrente alternada, será automaticamente envolvida pelo seu campo magnético
variável, embora não existam contatos elétrico ou físico entre elas (fenômeno da
indução eletromagnética). E a corrente induzida será menor ou maior, dependendo do
acoplamento (distância) entre as bobinas, utilizando-se um mesmo meio (mesma
permeabilidade).

SENAI 123
Eletrotécnica básica

Assim funcionam os transformadores:

Uma bobina A, com campo magnético variável, induz corrente alternada em outra
bobina B.

A bobina A é chamada primária e a B, secundária.

Se existe corrente elétrica, existirá também tensão elétrica.

A corrente ou tensão da bobina A é denominada corrente ou tensão indutora; a


corrente ou tensão da bobina B é denominada corrente ou tensão induzida.

Experiência 2

Meios
Duas bobinas de 600 espiras, núcleo de ferro, varivolt e miliamperímetro.

Execução
Colocar as bobinas da experiência 1 em um núcleo de ferro, construído de chapa
siliciosa.

Observação
A corrente medida pelo amperímetro será maior que a da experiência 1.

124 SENAI
Eletrotécnica básica

Conclusão
O circuito magnético, ou seja, a tensão ou corrente induzida, é maior quando
empregados materiais de alta permeabilidade para fazer o acoplamento das bobinas.

A relação de transformação

Experiência 3

Meios
Um núcleo comum com fecho, uma bobina de 300 espiras no primário, uma bobina de
600 espiras no secundário, varivolt e voltímetro.

Execução
Aplicar 24 volts alternados na bobina primária, através do varivolt.

Medir a tensão na bobina secundária.

Observação
A tensão do secundário é igual a 48 volts alternados, que corresponde ao dobro da
aplicada no primário.

Primário Secundário Relação de transformação

300 espiras 600 espiras 1:2


24 volts 48 volts 1:2

Conclusão
Como a bobina secundária tem o dobro de espiras e de tensão, existe uma
correspondência entre a tensão e o número de espiras.

SENAI 125
Eletrotécnica básica

A relação existente entre o número de espiras ou valor das tensões do Primário (Pr) e
Secundário (Sec) chama-se relação de transformação.

Relação de n o de espiras do Pr
=
transformação n o de espiras do Sec

Relação de volts Pr
=
transformação volt Sec

Assim, podemos deduzir que:

N1
Rel =
N2

U1
Rel =
U2

N1 U
= 1
N2 U2

No transformador, a tensão induzida é diretamente proporcional ao número de espiras.

Cálculo de potência
O transformador ideal não teria perdas de potência, por isso, podemos definir:

Potência indutora (bobina primária):

PI = U1 . I1

Potência induzida (bobina secundária):

PII = U2 . I2

126 SENAI
Eletrotécnica básica

Como não existe perda, logo:

PI = PII

Para uma mesma potência, as correntes dos secundários dos transformadores são
inversamente proporcionais às tensões.

PI = PII

U1 . I1 = U2 . I2

I1 U
= 2
I2 U1

Exercícios

1. Um transformador sem carga tem as tensões 220V / 24V. O número de espiras do


primário é de 1.060.
a) Calcule o número de espiras do secundário.

b) Qual a relação de transformação?

2. Um pequeno transformador para solda tira de uma fonte elétrica de 220V uma
corrente de 11,5A. A tensão no secundário é de 31V.

SENAI 127
Eletrotécnica básica

a) Calcule a corrente para soldar.

b) Qual é a potência do transformador?

Perda no transformador

Experiência 4

Meios
Duas bobinas 1.200 espiras, núcleo de chapa siliciosa, um wattímetro para 10W e
varivolt.

Execução
Montar um circuito como o do desenho seguinte.

Energizar o circuito com 24 volts alternados, através do varivolt.

Observação
O wattímetro acusará uma deflexão, ou seja, um determinado valor de watts.

Conclusão
A variação acusada pelo wattímetro em um transformador sem carga é a potência que
ele consome para seu funcionamento.

Ela não é transferida para o secundário, ocorrendo assim o que chamamos de perda
no transformador.

128 SENAI
Eletrotécnica básica

Essa perda de potência é assim distribuída:

Perda no núcleo:
• Calor por correntes parasitas;
• Perdas magnéticas, que são linhas de força que não transferem energia para o
secundário.

Perdas na bobina:
• São perdas em forma de calor, que é desenvolvido na bobina como se esta fosse
um resistor (resistividade intrínseca do material).

Experiência 5

Meios
Duas bobinas de 1.200 espiras, núcleo de chapa siliciosa, dois wattímetros, resistor e
varivolt.

Execução
Ligar ao transformador da experiência 4 uma carga de 15 Ω - 50W e um outro
wattímetro conforme desenho seguinte. Observar a indicação dos wattímetros W 1 e
W2.

Observação
O wattímetro W 2 indica que o transformador fornece 50W de potência à carga. O
wattímero W 1 indica que o transformador consome 54W da rede.

Conclusão
A diferença de 54W – 50W = 4W é a perda no transformador, ou seja, a potência que o
transformador consome para si mesmo.

SENAI 129
Eletrotécnica básica

Rendimento do transformador

É a porcentagem da potência de entrada, que é obtida na saída.

O rendimento é representado pela letra grega “ η ” (lê-se eta).

Para calcular “ η ” em porcentagem:

Ps
η= . 100%
Pe

η sempre é ≤ 1,0.

Exemplo
Cálculo do rendimento do transformador anterior (exp. 5).
Ps = Potência de Saída
Pe = Potência de Entrada

Ps
η= . 100%
Pe

50W
η= . 100% = 92,5%
54W

A importância do transformador

A importância fundamental dos transformadores reside no fato de podermos elevar ou


abaixar uma tensão, sendo utilizados em larga escala na transmissão de energia por
corrente alternada.

Neste tipo de transmissão, a tensão gerada é aplicada a um transformador, que a


eleva a valores altos – 88.000 volts, por exemplo. Esses 88 mil volts são abaixados no
fim da linha para 3.800 volts, nas sub-estações transformadoras, para fins de
distribuição local.

Para alimentação de aparelhos elétricos e para iluminação, abaixamos ainda mais a


tensão para 110 ou 220 volts.

130 SENAI
Eletrotécnica básica

Tipos de transformadores

Em função das diferentes aplicações, os transformadores podem ser classificados em:


a) De alta freqüência;
b) De freqüência intermediária – usados em aparelhos de telecomunicações;
c) De baixa freqüência;
d) De potencial – para medição de alta tensão;
e) De corrente – para medição de alta intensidade de corrente;
f) De força – para alimentação em geral.

Os transformadores ainda podem ser:


a) De indução mútua ou auto-transformador;
b) Monofásicos ou trifásicos;
c) Elevadores ou redutores.
Cada um dos tipos tem sua característica e construção específicas; porém, esses
detalhes não são considerados objetivos desta unidade.

Transformador de indução mútua, monofásico, elevador

Autotransformador, monofásico, elevador

SENAI 131
Eletrotécnica básica

Transformador trifásico de indução mútua

132 SENAI
Eletrotécnica básica

Motores elétricos

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Conhecer
Ser informado sobre:
• O cálculo do número de rotações do campo magnético giratório.
• A classificação dos motores em função da corrente elétrica.
• O motor universal, funcionamento e aplicação.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• O princípio do motor elétrico, partindo:
- do condutor percorrido pela corrente no campo magnético;
- da espira percorrida pela corrente no campo magnético.
• A geração de um campo magnético giratório (trifásico).
• O princípio do motor trifásico síncrono e assíncrono.
• A aplicação (vantagens e desvantagens) dos motores síncrono e assíncrono.
• O princípio e a aplicação do motor de corrente contínua.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Determinar o sentido da corrente, movimento e fluxo magnético aplicando a “regra
do motor”.
• Explicar e concluir o comportamento de um condutor e de uma espira percorrida
pela corrente no campo magnético, através de experiências simples.

SENAI 133
Eletrotécnica básica

Princípio do motor elétrico

Condutor percorrido por uma corrente elétrica dentro de um campo magnético

Experiência 1

Meios
Fitas de metal, condutor, ímã em U e fonte de alimentação.

Execução
Posicione um condutor (Al, Cu..) suspenso por duas fitas de metal, entre os pólos de
um ímã. Ligá-lo a um gerador variável de corrente contínua e aumentar a tensão
gradativamente.

Observação
O condutor movimenta-se para fora do ímã.

134 SENAI
Eletrotécnica básica

Experiência 2

Inverter os pólos elétricos da ligação e repetir a experiência 1.

Observação
O condutor movimenta-se no sentido inverso, isto é, para dentro do ímã.

Experiência 3

Inverter os pólos do ímã.

Observação
O condutor movimenta-se novamente para fora do ímã.

Explicação
Em um dos lados do condutor, as linhas do seu campo magnético percorrem em
sentido contrário às linhas do campo magnético do ímã, tornando a densidade do fluxo
magnético menor nesse lado do condutor, pois as linhas magnéticas em sentido
contrário subtraem-se.

SENAI 135
Eletrotécnica básica

No outro lado desse condutor, as linhas do seu campo magnético coincidem com o
sentido das linhas do campo magnético do ímã, tornando maior a densidade do fluxo
magnético nesse lado do condutor, pois linhas magnéticas no mesmo sentido somam-
se.

Logo, temos de um lado do condutor menor fluxo e, de outro lado desse mesmo
condutor, maior fluxo magnético; esse fenômeno implica no desvio do condutor,
sempre no sentido do fluxo magnético menor.

Conclusão
Um condutor percorrido por uma corrente elétrica, quando dentro da ação de um
campo magnético, sempre sofre desvio.

O sentido do desvio depende do sentido do campo magnético do ímã e do sentido da


corrente.

136 SENAI
Eletrotécnica básica

Determinação do sentido de movimento de um condutor


Determinamos facilmente o sentido de movimento de um condutor dentro de um
campo magnético, aplicando a regra do motor, também chamada de regra da mão
esquerda.

Lembrete: Empregando-se a convenção de fluxo de corrente do (+) → (-) – (corrente


convencional), utilizamos a regra da mão direita para geração (corrente induzida) e a
regra da mão esquerda para consumo (motores).

Coloque a mão esquerda de maneira que as linhas do fluxo magnético entrem pela
palma da mão e as pontas dos dedos fiquem voltadas para o sentido do fluxo de
corrente no condutor. Desse modo, o polegar indicará sempre o sentido de
deslocamento (movimento) do condutor.

A espira é percorrida pela corrente no campo magnético

Experiência 4

Meios
Bobina de 4 espiras, fio ≠ 18AWG, ímã em U, fonte de alimentação variável e fitas de
metal.

SENAI 137
Eletrotécnica básica

Execução
Pendurar a bobina, através de duas fitas de metal, perpendicularmente entre os pólos
de um ímã.

Ligue as fitas ao gerador variável de corrente contínua e aumente a tensão


gradativamente.

Observação
A espira sofre um movimento de giro, causado por um momento de força.

Experiência 5

Mudar os pólos elétrico de ligação, e repetir a experiência 4.

Observação
O sentido de movimento se inverte.

138 SENAI
Eletrotécnica básica

Experiência 6

Mudar os pólos do ímã e repetir a experiência 5.

Observação
O sentido de movimento muda novamente.

Explicação
A corrente que circula pelos condutores da espira gera um campo magnético circular,
que somado e subtraído ao campo magnético do ímã, origina um campo magnético
resultante.

Esse campo resultante efetua um momento de força nos condutores da espira,


provocando o movimento de giro.

A espira terá o movimento de giro até que o seu campo magnético tenha o mesmo
sentido do campo magnético do ímã. Nesse instante, a espira “pára” porque não
existirá momento de força, pois os campos magnéticos estão paralelos.

Conclusão
Uma espira colocada dentro de um campo magnético sofre um movimento de giro
quando percorrida por uma corrente elétrica. O sentido desse giro depende do sentido
da corrente que circula na espira e do sentido do fluxo magnético do ímã.

Uma rotação ou giro permanente pode ser obtida quando se introduz a corrente na
espira através de um comutador (anel dividido em duas ou mais partes, isoladas entre
si, chamadas de lâminas).

SENAI 139
Eletrotécnica básica

Uma das lâminas está ligada ao início da espira (bobina) e a outra ao seu término.

A corrente é introduzida por meio de duas escovas fixas. O comutador sempre muda o
sentido da corrente na espira, após cada meia rotação, proporcionando a inversão do
seu campo magnético. Assim, a espira continua virando.

Esse é o princípio de um motor elétrico simples.

Campo magnético girante

Nos geradores e motores trifásicos, existem campos magnéticos girantes.

Geração de um campo magnético girante

Geração de um campo magnético girante de dois pólos

140 SENAI
Eletrotécnica básica

Quando um ímã gira mecanicamente, de tal maneira que os seus pólos descrevem um
círculo, cria-se nas bobinas um campo magnético girante. É dessa maneira que,
geralmente, cria-se um campo magnético girante nos geradores.

Aplicando-se corrente alternada trifásica em 3 bobinas, posicionadas 120º uma da


outra, criamos campos magnéticos independentes, que, ao somarem-se, geram um
campo magnético girante, sem necessitar de movimento mecânico.

Em um ciclo, o campo magnético gira 360º, que comprovamos com o auxílio de uma
agulha magnética, que terá o seu giro por atração e repulsão magnética idêntico ao do
campo magnético girante, como mostram a figura anterior e a figura seguinte.

Posição do campo magnético em três pontos de tempos diferentes

Se o campo magnético gira uma agulha imantada, podemos supor que será capaz de
girar, pelo mesmo fenômeno, um rotor.

Esse é o princípio aplicado na construção de motores trifásicos simples.

Os motores elétricos são constituídos de estator (indutor) e rotor (indutor).

Lembrete: Um campo magnético girante é criado quando um ímã é movimentado, ou


quando uma corrente alternada percorre uma bobina.

O número de rotações do campo depende da freqüência da corrente e do número dos


pólos. Os pólos magnéticos sempre ocorrem em pares.

SENAI 141
Eletrotécnica básica

Cálculo do número de rotações do campo magnético:

f . 60
n=
P

n = número de rotações do campo magnético em rpm.


f = freqüência da corrente indutora em Hz.
P = número de pares de pólos magnéticos.

Classificação dos motores elétricos

Os motores elétricos são máquinas que transformam energia elétrica em energia


mecânica. Assim, ao ligarmos um motor à rede, ele irá absorver uma quantidade de
energia elétrica, e, em troca, acionará uma carga.

Esse processo de conversão da forma de energia é análogo ao que se verifica num


motor à gasolina.

Existem vários tipos de motores, que podem ser classificados em função da sua
construção, princípio elétrico, ligação elétrica, características elétricas, torque e
propriedades.

Não é objetivo desta unidade tratar de todas as classificações. A seguir, será fornecida
a classificação mais comum dos tipos de motores, e, depois, serão apresentados os
motores mais importantes, com o seu funcionamento, características e aplicações.

Classificação dos motores elétricos (quanto ao tipo de corrente)

Motores de
Motores elétricos de corrente alternada
corrente contínua
(CA)
(CC)

Motores
Motores trifásicos
Motores monofásicos universais
CA
CA - CC
- de indução ou assíncrono - de indução ou assíncrono
- síncrono - série
- repulsão

142 SENAI
Eletrotécnica básica

Motores de corrente alternada

Motor universal
O motor elétrico universal é um motor que permite ligação tanto na corrente contínua
como na corrente alternada tendo, para isto, um coletor. O seu rotor, bem como seu
estator, são formados por chapas de ferro-silício, que reduzem ao mínimo os efeitos
caloríficos originados pelas correntes induzidas nas massas metálicas, quando sob a
ação de um campo magnético variável.

Nas ranhuras do estator são alojadas as bobinas de campo (geralmente duas)


necessárias para a formação do campo indutor. Nas ranhuras do rotor são enroladas
diretamente as bobinas induzidas, cujas pontas terminais são ligadas devidamente nas
lâminas que formam o coletor.

Estator

SENAI 143
Eletrotécnica básica

O induzido I e o campo indutor C são ligados em série, como mostra o próximo


diagrama. Para a mudança do sentido de rotação, basta inverter as ligações no porta-
escovas, ou as ligações das bobinas do campo indutor, quando a calagem de ligações
ao coletor são equivalentes aos dois sentidos.

Diagrama de ligações

Os motores universais apresentam um alto conjugado de partida (torque no arranque),


desenvolvem alta velocidade, são construídos para tensões de 110V e 220V CC ou CA
e normalmente a sua potência não vai além de 300W, salvo em casos especiais.

Esse tipo de motor é aplicado na maioria dos aparelhos portáteis eletrodomésticos e


em algumas máquinas portáteis usadas na indústria.

Motor trifásico síncrono

Definição
É aquele em que o número de rotações do rotor é igual ao número de rotações do
campo magnético girante do estator.

144 SENAI
Eletrotécnica básica

Funcionamento
A corrente alternada trifásica cria um campo magnético giratório no estator. Os pólos
desse campo giratório agem sobre os pólos de campo magnético fixo do rotor.

Os pólos magnéticos do estator, em função da corrente alternada, ora serão Norte e


ora serão Sul, proporcionando o giro do rotor, através da repulsão e atração
magnética, sincronizando com a variação do campo magnético girante do estator.

Os motores síncronos, quando do início de funcionamento, necessitam de uma força


externa para dar o sentido de giro do rotor e permitir que o campo magnético girante
do estator arraste o rotor.

Essa força externa pode ser aplicada através de uma polia ou pela inclusão de um
enrolamento auxiliar, denominado de enrolamento de partida.

O rotor, ao atingir uma determinada velocidade, geralmente desliga o enrolamento


auxiliar.

Os motores síncronos geralmente partem em vazio, isto é, sem carga, pois os


enrolamentos de partida são de baixa potência.

Efeito da força do campo giratório ao rotor giratório

SENAI 145
Eletrotécnica básica

Comportamento
Quando da aplicação da carga, os motores síncronos apresentam um escorregamento
dos pólos do rotor em relação aos pólos do estator. Esse escorregamento será maior,
quanto maior for a carga aplicada ao motor, e é definido pelo ângulo “ ϑ ”, denominado
ângulo de carga.

Precaução
Nunca deve ser ultrapassado o ângulo de carga previsto pelo fabricante, pois o motor
queimará.

Aplicação específica
• Para compressores de alto forno;
• Máquinas têxteis;
• Relógios elétricos;
• Toca-discos.

Aplicação geral
Para serviços que exigem velocidade constante ou onde se deseja corrigir o fator de
potência da rede elétrica.

Motor trifásico assíncrono

Definição
Chamamos um motor de assíncrono quando o número de rotações do rotor for menor
que o número de rotações do campo magnético girante do estator.

146 SENAI
Eletrotécnica básica

O motor assíncrono trifásico, também chamado de indução trifásica, é o de maior


utilização na indústria.

Princípio de funcionamento
O motor trifásico compõe-se de um estator, com ranhuras no seu interior, onde são
alojadas várias bobinas, perfeitamente isoladas da massa estatórica, devidamente
distribuídas e ligadas, formando três circuitos distintos e simétricos chamados fases.

Essas fases deverão estar ligadas normalmente em triângulo ( ∆ ) a uma rede trifásica,
para que suas bobinas produzam um campo resultante giratório de valor invariável.

No interior do campo magnético coloca-se o rotor com espiras ligadas em curto-


circuito. Em virtude da variação do fluxo do campo giratório, induz-se nas espiras uma
tensão e uma corrente alternada de sentido contrário à causa que a gerou (Lei de
Lenz).

3 correntes alternadas

SENAI 147
Eletrotécnica básica

O campo originado nas espiras, opondo-se ao campo giratório, põe o rotor em


movimento. Com a finalidade de impedir a variação do fluxo, o rotor (espiras) tende a
atingir a velocidade de sincronismo (velocidade do campo giratório) sem contudo
alcançá-la, pois, neste caso, não haveria corte de linhas de força magnética, sendo
nulo o conjugado sobre as espiras (rotor), o que ocasionaria a parada do rotor.

O efeito resultante do campo magnético giratório do rotor e estator

Como vimos, a velocidade do rotor é inferior à do campo giratório, sendo, por isso,
denominados assíncronos ou de indução, por terem o seu funcionamento baseado no
princípio da indução.

O motor trifásico de indução tem a rotação de campo girante de acordo com a


F . 60
freqüência da rede e do número de pares de pólos: n = .
P

O rotor do motor a plena carga dá um deslize que varia de 3% para os motores


potentes até 6% para os de pequena potência.

Aplicação
A maioria dos motores trifásicos empregados na indústria são assíncronos ou de
indução, porque esses motores são robustos, de construção simples, custo reduzido,
vida longa, facilidade de manobra e de manutenção.

148 SENAI
Eletrotécnica básica

Esses motores levam vantagem sobre o motor síncrono, pelo fato de poderem partir
com carga.

Motor de corrente contínua

O motor de corrente contínua (CC) se compõe dos mesmos elementos que constituem
os geradores de corrente contínua, que nós apresentamos na unidade Corrente
contínua e corrente alternada, no item Geração de corrente contínua.

Repetição
O princípio de funcionamento do gerador é o de girar uma bobina num campo
magnético, ou vice-versa, e, assim, proporcionar uma variação do fluxo, induzindo uma
corrente alternada (tensão alternada) de forma senoidal.

Para retificar a corrente alternada usa-se o coletor formado por lâminas de cobre
isoladas entre si, também chamado de comutador.

SENAI 149
Eletrotécnica básica

Motor é constituído de duas partes distintas; estator e rotor.

Estator é formado pelas sapatas polares, bobinas de campo e carcaça.

Estator

As sapatas e as bobinas de campo podem ser 2, 4, 6 ou mais, de acordo com o


número de pólos do motor.

Rotor é formado de um pacote de chapas circulares de ferro-silício isoladas, com


ranhuras na sua periferia, onde são alojadas as bobinas com as pontas terminais
devidamente ligadas às lâminas do coletor. Sendo fixado nas duas tampas, através de
rolamentos ou buchas.

Rotor, também conhecido como induzido ou armadura

150 SENAI
Eletrotécnica básica

Numa das tampas tem-se os porta-escovas fixado através de buchas isolantes, onde
são colocadas as escovas que ficam apoiadas sobre o coletor, exatamente naquelas
lâminas que estão com as bobinas sem produzir a tensão.

Porta-escovas de carvão

Aplicação
Os motores de corrente contínua têm suas aplicações em máquinas que precisam de
rotação constante, como motores de tração, onde a carga se acha presente em
qualquer instante, e em máquinas operatrizes de alta velocidade, onde é exigido alto
conjugado de arranque e velocidade constante.

SENAI 151
Eletrotécnica básica

152 SENAI
Eletrotécnica básica

Isolação e aterramento

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Conhecer
Ser informado sobre:
• A classificação dos materiais em função da condutibilidade.
• A definição do conceito de massa e alguns exemplos.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• O perigo de acidentes elétricos no caso de falhas na isolação.
• A definição de curto-circuito e seus efeitos.
• A representação simbólica de aterramento.
• A determinação do neutro através de cores normalizadas.
• A aplicação do neutro como condutor de proteção.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Interpretar um circuito simples com 3 fases e um neutro.
• Determinar nas máquinas fases e condutor de proteção através das cores.

SENAI 153
Eletrotécnica básica

Isolação

Na unidade Eletricidade dinâmica – Tensão - Corrente - Resistência nós


classificamos os materiais em condutores, isolantes e semicondutores.

Lembre-se que os materiais isolantes são os que não conduzem a corrente elétrica
com facilidade, oferecendo alta resistência à passagem da mesma.

Eles são necessários na geração de energia elétrica, no transporte e nos


consumidores para obrigar a corrente elétrica a percorrer o caminho previsto e para
evitar acidentes elétricos.

Se o material isolante falhar, em qualquer ponto de um circuito, a corrente poderá


deixar de percorrer o caminho previsto e provocar sérios acidentes.

Por causa da segurança é necessário examinar, freqüentemente, o estado dos


materiais isolantes nas máquinas elétricas e aparelhos domésticos.

Curto-circuito

O circuito elétrico possui, basicamente, três componentes:


• Fonte de energia
• Condutores
• Aparelhos de consumo

Dessa forma, quando a corrente não percorre o caminho previsto, através desses três
componentes , por falha do meio isolante, ela forma um novo circuito. Esse circuito é
muito breve, de muito baixa resistência e não produz trabalho útil.

154 SENAI
Eletrotécnica básica

Observe que esse novo caminho liga dois pontos que apresentam diferença de
potencial em uma resistência quase zero.

A essa ligação denominamos curto-circuito.

Curto-circuito é o contato não intencional de baixa resistência, entre dois pontos, onde
existe uma diferença de potencial elétrico.

Um curto-circuito pode ocorrer tanto nos consumidores e condutores, como também na


própria fonte.

Ele provoca o aquecimento dos componentes elétricos, que acarretará a queima do


isolante podendo, assim, destruir os componentes.

Massa

Para o eletricista, massa é um termo técnico incorporado às normas ABNT.

Massa é o conjunto de materiais condutores, porém não destinados a conduzir


corrente elétrica.

Observe-se alguns exemplos de massa:


• A carcaça dos motores;
• O gabinete da máquina de lavar roupa;
• A lataria do carro;
• As torres metálicas das redes;
• Os armários de aço para comandos elétricos;
• As instalações de eletrodutos metálicos;
• A estrutura metálica de uma ponte.

Assim, se um condutor elétrico tiver sua isolação rompida e estiver em contato com
uma viga de aço, caixa de passagem ou a carcaça do motor, podemos dizer que o
condutor está em contato com a massa, ou, como habitualmente se diz, o condutor
está em massa.

SENAI 155
Eletrotécnica básica

A seguir, observe a instalação esquematizada:

Note que esse esquema, de modo geral, representa as instalações de baixa tensão.
Estas, por norma, têm um condutor ligado à terra (N1) através do eletrodo de
aterramento ou dispersão de terra.

Simbolicamente, o eletrodo de aterramento é representado por:

O condutor ligado à terra proporciona a ligação à terra.

Ligação à terra é a colocação de


instalações e equipamentos em
contato com a terra, através de um
condutor ligado ao eletrodo de
aterramento ou dispersão de terra. É
feita para prevenir um eventual
acidente e proteger as pessoas,
equipamentos e instalações.

156 SENAI
Eletrotécnica básica

Examinemos, agora, o que acontece em caso de acidente, estando um transformador


aterrado.

Havendo o contato acidental do primário com o secundário, o transformador terá o


primário em curto-circuito, como você pode observar através das setas indicativas da
corrente de curto-circuito, no diagrama seguinte.

Por sua vez, essa corrente de curto-circuito deverá interromper os fusíveis do primário,
isolando a parte afetada da rede secundária.

A ligação da massa à terra é feita por um condutor de proteção.

SENAI 157
Eletrotécnica básica

O neutro como condutor de proteção

Como nós já sabemos, nos sistemas de distribuição de energia, o mais comum é


aquele que utiliza o neutro como você pode observar no diagrama seguinte.

Neste sistema, o neutro é aterrado através de vários eletrodos de aterramento, em


intervalos regulares.

Para sistemas de distribuição onde o fio neutro é aterrado, este pode ser utilizado
para aterramento de equipamentos e de elementos de instalação, observando-se para
tal, os procedimentos necessários.

158 SENAI
Eletrotécnica básica

O neutro corresponde nos equipamentos elétricos ao fio de cor amarela, com lista
verde, e só servirá para proteção.

Condutor de proteção

SENAI 159
Eletrotécnica básica

160 SENAI
Eletrotécnica básica

Prevenção de acidentes e
primeiros socorros

Objetivos
Ao final desta unidade o participante deverá:

Conhecer
Ser informado sobre:
• A importância da prevenção de acidentes em eletricidade.
• A importância dos primeiros socorros.

Saber
Reproduzir conhecimentos sobre:
• Normas de prevenção de acidentes em eletricidade.
• Os sintomas apresentados pelo acidentado para prestar os socorros de urgência.
• As causas e os efeitos de um choque elétrico.

Ser capaz de
Aplicar conhecimentos para:
• Evitar acidentes durante o trabalho.
• Efetuar as técnicas 1 e 2 da respiração artificial.
• Estancar hemorragia do acidentado, aplicando vários processos.

SENAI 161
Eletrotécnica básica

Prevenção de acidentes

Introdução
Freqüentemente, as atividades de um eletricista são executadas por profissionais de
outras áreas de formação, sem aplicar as normas técnicas básicas para que a
instalação ofereça segurança na sua utilização.

Pelos riscos que envolvem os trabalhos com eletricidade, que necessitam de mão-de-
obra especializada, por tratar de segurança, seguem abaixo alguns tópicos da norma
regulamentadora no 10, da Portaria 3.214, de 2 de julho de 1978, que entendemos ser
de grande importância para os supervisores de 1a linha.

a) Todas as instalações ou peças condutoras que não façam parte de um circuito


elétrico, mas que eventualmente possam ficar sob tensão, deverão ser
adequadamente protegidas, de acordo com as normas técnicas oficiais vigentes no
País.
b) Instalações elétricas sob tensão, quando em reparos ou estabelecida a
necessidade de segurança, deverão possuir placas de aviso e inscrição de
advertência.
c) Dispositivos de interrupção ou de comando deverão ser cobertos por placas
indicando proibição, quando em reparos ou manutenção, alertando para o nome da
pessoa responsável pela recolocação em serviço normal do equipamento. A placa
deverá ser visível a olho nu, à distância mínima de 5 metros.
d) Ao final dos trabalhos de reforma, ampliação e execução de instalações elétricas,
deverá ser feita a inspeção e elaborado laudo técnico por profissional qualificado.

Riscos em eletricidade
O choque ocasionado por eletricidade (choque elétrico) é caracterizado pelo estímulo
rápido e acidental do sistema nervoso, pela circulação da corrente elétrica através do
corpo humano.

O que determina a gravidade do choque elétrico é a intensidade e o caminho


percorrido pela corrente elétrica no corpo humano, sendo os de maior gravidade
aqueles em que a corrente elétrica passa pelo coração.

162 SENAI
Eletrotécnica básica

Efeitos
Como efeitos diretos do choque elétrico podemos ter a morte, a fibrilação do coração,
queimaduras, contração violenta dos músculos, e, como indiretos as quedas, as
batidas, etc.

A morte ocorrerá por asfixia se a intensidade da corrente elétrica for, normalmente,


acima de 30 MA, e circular por alguns minutos por região vital do corpo. A morte por
asfixia advém da contração dos músculos do tórax, cessando assim a respiração. Há
também a possibilidade de ocorrer a interrupção da circulação do sangue, ocasionando
uma parada cardíaca à vítima. Daí a necessidade de uma ação rápida, nos sentido de
interromper a passagem da corrente elétrica pelo corpo da pessoa.

Fibrilação do coração é a contração desritmada do coração que, não permitindo


desta forma a circulação do sangue pelo corpo, resulta na falta de oxigênio nos tecidos
do corpo e no cérebro.

A próxima figura mostra em porcentagem a influência da gravidade do choque elétrico


em função do percurso da corrente elétrica no corpo da vítima. Uma corrente de
intensidade elevada, que circule de uma perna à outra, pode resultar só em
queimaduras locais, sem outras lesões mais sérias. No entanto, se a mesma
intensidade da corrente circular de um braço a outro, poderá levar a uma parada
cardíaca.

Porcentagem de corrente que circula pelo coração, em função do tipo de contato.

Causas
Veremos a seguir dois meios pelos quais são criadas condições para que uma pessoa
venha sofrer choque elétrico.

SENAI 163
Eletrotécnica básica

1. Contato com condutor nu energizado


Muitos acidentes ocorrem devido à falta de proteção nos condutores nus
energizados, ou mesmo à falta de cuidado das pessoas ao trabalharem em
instalações elétricas.

2. Falha na isolação elétrica


Os condutores empregados em instalações elétricas, ou em equipamentos, são
recobertos por uma película isolante. No entanto, a deterioração por agentes
agressivos, ou mesmo o envelhecimento natural ou forçado, comprometem a
eficácia da película como isolante.

Alguns conselhos para se prevenir acidentes:


• Usar roupas adequadas ao trabalho.
• Não fazer qualquer manutenção com máquina em movimento.
• Utilizar ferramentas adequadas e em bom estado de conservação.
• Sempre que o trabalho exigir, usar os dispositivos de segurança, tais como: cintos
de segurança, luvas de borracha, óculos protetores, estrado de madeira, tapetes de
borracha, botas, etc.
• Não deixar ferramentas sobre escadas.
• Utilizar escadas adequadas ao serviço.
• Estar sempre atento ao trabalho, pois da distração ocorrem acidentes muitas vezes
fatais.

Primeiros socorros

Introdução
É fato bastante conhecido que mais de uma vida se perdeu por falta dos auxílios
imediatos, prestados por um leigo a uma pessoa acidentada, a um doente ou vítima de
mal súbito, tendo como finalidade manter a vítima com vida, minorar a dor e evitar
complicações do problema, até a chegada do médico.

Visamos, com as informações que daremos a seguir, transmitir conhecimentos


mínimos necessários para um socorro de urgência.

164 SENAI
Eletrotécnica básica

Asfixia

Asfixia é caracterizada pela cor azulada da pele e das mucosas, inibição da respiração,
seguida imediatamente pela inconsciência, choque elétrico, afogamento,
envenenamento e enforcamento são os tipos mais comuns de acidentes que provocam
asfixia.

O acidentado poderá ser salvo se aplicarmos a respiração artificial. O atendimento


deverá ser feito imediatamente, no próprio local.

Respiração artificial
Técnica no 1
a) Põe-se o paciente deitado de costas, com as roupas soltas e o cinto desafivelado.
b) Em seguida, os braços são puxados para trás, acima da cabeça, um pouco
abertos, até tocarem o solo.

c) Sem perder tempo, trazer os braços para frente, descrevendo um arco de círculo
sobre o corpo, cruzando-os sobre o peito.

SENAI 165
Eletrotécnica básica

d) O socorrista faz, então, a pressão vertical com o seu próprio peso sobre o tórax do
paciente, para que haja esvaziamento dos pulmões.

e) Ritmadamente, inicia-se novo ciclo, seguido de outros, até o acidentado


demonstrar sinais de reanimação.

Observação
Este processo não pode ser muito lento; nunca inferior a 10 (dez) vezes por minuto.

Técnica no 2
Método boca-a-boca
É um dos métodos mais eficientes que se conhece, e dos mais antigos. Como o
próprio nome indica, basta apenas que o socorrista encha os pulmões do acidentado,
soprando fortemente em sua boca.

a) Para que haja passagem livre do ar, põe-se a cabeça do paciente em posição
adequada, levantando-se o pescoço do acidentado e forçando-se a cabeça em
flexão para trás.

166 SENAI
Eletrotécnica básica

Observação
Este cuidado é muito importante porque, normalmente, quando uma pessoa perde os
sentidos as mucosas ficam flácidas e a língua recua, oprimindo a entrada de ar.

b) Com os polegares, abre-se a boca do paciente, permitindo que a circulação do ar


se faça normalmente.
c) Conservando a cabeça da vítima para trás, com uma das mãos sob o pescoço e a
outra sobre a testa, aperta-se-lhe as narinas para evitar que o ar escape.

d) O socorrista põe sua boca aberta sobre a boca do acidentado soprando fortemente
até notar a expansão do peito do acidentado.

e) O socorrista retira sua boca para que haja expulsão do ar e, assim, se esvazie o
pulmão do acidentado.

SENAI 167
Eletrotécnica básica

Observação
1. Repete-se esse ciclo tantas vezes quanto necessário, em ritmo de doze (12) vezes
por minuto.
2. Nos casos de asfixia por gases ou outros tóxicos, não é aconselhável este método,
pelo perigo de envenenamento do próprio socorrista.
3. Em casos em que se torna difícil abrir a boca, e nos casos de ferimentos nos
lábios, fazer a respiração boca-a-nariz e seguir os mesmos passos acima descritos.

Parada cardíaca

Muitas vezes a asfixia é acompanhada de parada cardíaca, o que torna o quadro muito
grave. Nestes casos, ao mesmo tempo em que praticamos a respiração artificial,
devemos tentar reanimar os batimentos cardíacos por meio de um estímulo exterior, de
natureza mecânica, e fácil de ser aplicado por qualquer pessoa.

Caracterização da parada cardíaca


Inconsciência; ausência de batimentos cardíacos; parada respiratória; extremidades
arroxeadas; palidez intensa e dilatação das pupilas.

A massagem cardíaca consiste na compressão ritmada sobre o tórax do acidentado,


na área cardíaca, visando estimular a circulação através do esvaziamento parcial das
cavidades do coração.

Procedimento
a) Deite o acidentado de costas, sobre uma superfície dura.
b) Faça pressão sobre o tórax o qual, deste modo, comprimirá o coração de encontro
ao arco costal posterior e à coluna vertebral.

168 SENAI
Eletrotécnica básica

c) Descomprima rapidamente.
d) Repita o ciclo em um ritmo de 60 vezes por minuto, até haver batimentos
espontâneos ou até a chegada do médico.

Desmaios

Quando alguém sente que vai desmaiar, visto que a perda da consciência não é
instantânea, deverá sentar-se e baixar imediatamente a cabeça, curvando-se para a
frente até que a cabeça fique mais baixa que os joelhos, e respirar profundamente.

Se o paciente perdeu a consciência e caiu deve-se tomar os seguinte cuidados:


a) Deitar o paciente de costas.
b) Desapertar-lhe a roupa.
c) Aplicar-lhe panos frios na testa e no rosto, massageando suavemente.

Estado de choque

É um estado de grande hipotensão, com acentuada baixa de irrigação cerebral, em


conseqüência da falta de pressão sangüínea.

De modo geral, o estado de choque pode ser causado sempre que houver dor intensa,
causada por: ferimentos graves; traumatismos generalizados; hemorragias internas;
queimaduras extensas; esmagamento de membros; choque elétrico; exposição a
extremos de calor ou frio; infartos de miocárdio; envenenamentos. As grandes
emoções podem provocar estado de choque.

SENAI 169
Eletrotécnica básica

Caracterização
Hipotensão arterial; respiração curta, rápida ou irregular; pulso fraco e rápido; pele fria
e pegajosa; suores nas mãos e na testa; face pálida e expressão de ansiedade;
sensação de frio; tremores generalizados; náuseas e vômitos; inconsciência.

Procedimento
a) Conservar a vítima deitada.
b) Afrouxar a roupa, gravata e cinto, a fim de permitir livre respiração.
c) Se houver hemorragia abundante, procurar contê-la.
d) Retirar quaisquer objetos existentes na cavidade bucal (dentadura, goma de
mascar, etc), a fim de evitar que caiam na traquéia.
e) Manter a respiração.
f) Caso não haja fratura nos membros inferiores, levantar as pernas do acidentado,
para garantir a circulação cerebral.

Observação
Manter sempre a cabeça mais baixa que o tronco.

g) Se a vítima puder engolir, dar-lhe líquidos à vontade (água, café, chá, etc.).

Observação
Quando houver suspeita de lesão interna, ou ferimentos no abdômen, ou quando a
vítima estiver semiconsciente ou inconsciente, não se deve dar líquidos.

h) Se a vítima vomitar, deve-se virar-lhe a cabeça para o lado.


i) Agasalhar o paciente com cobertores.

Queimaduras

Queimadura é uma lesão causada por ação do calor ou de outras radiações sobre o
organismo.

As queimaduras podem ser causadas pelos seguintes agentes:


• Eletricidade (pela passagem direta da corrente pelos tecidos, provocando a
eletrólise dos mesmos, ou pela ação direta do calor em forma de arco voltaico,
comum nas aberturas ou fechamento das chaves elétricas de grande potência).
• Radiações infravermelhas e ultravioletas naturais (Sol) ou de laboratório
(aparelhos).

170 SENAI
Eletrotécnica básica

• Substâncias químicas (ácidos corrosivos, soda cáustica, etc.).


• Contato direto com chama.
• Vapores quentes e líquidos ferventes.

Classificação em graus

1o Grau
Caracteriza a lesão superficial da pele sem formação de bolhas; forma-se somente
uma vermelhidão.

2o Grau
Caracteriza a lesão das camadas mais profundas da pele, com formação de bolhas por
desprendimento das camadas superficiais.

3o Grau
Neste nível, as lesões atingem todas as camadas da pele, tecido celular subcutâneo e,
em certos casos, os músculos profundos, podendo chegar à carbonização da área
atingida.

Observação
A gravidade da queimadura implicando risco de vida não está na profundidade
atingida, mas, sim, na superfície.

Queimadura por chamas


Procedimento
a) Arranque imediatamente as vestes em chamas, se for de tecido leve e de fácil
remoção, ou procure abafar o fogo, envolvendo a vítima em um cobertor, toalha,
capa, etc.
b) Deite o acidentado.
c) Coloque a cabeça e o tórax do acidentado em plano inferior ao corpo e levante as
pernas do acidentado.
d) Se o acidentado estiver consciente, dê-lhe bastante líquido para beber: água, chá,
refrigerantes, etc.
e) Ponha um pano limpo sobre a superfície queimada.

Observação
Nunca dê bebidas alcoólicas.

SENAI 171
Eletrotécnica básica

Queimadura por agentes químicos


Procedimento
a) Lave a região atingida com bastante água.

Observação
1 Não aplique ungüentos, graxas ou outras substâncias.
2 Não toque com as mãos a área afetada.
3 Não retire corpos estranhos das lesões.
4 Não fure as bolhas que aparecerem.

Queimadura nos olhos


Podem ser produzidas por substâncias tóxicas ou irritantes, tais como: ácidos, álcalis,
etc., ou pelo calor: água quente, vapor, metal fundido, chama direta, arco voltaico, etc.

Procedimento
a) Lavar os olhos com água em abundância, durante vários minutos.

b) Vendar os olhos com gaze ou pano limpo umedecido.


c) Levar o acidentado ao médico imediatamente.

Observação
Não permitir que o acidentado esfregue os olhos.

Hemorragia

Hemorragia é a perda de sangue por rompimento de um vaso, que tanto pode ser uma
veia como uma artéria. Qualquer hemorragia deve ser controlada imediatamente.

172 SENAI
Eletrotécnica básica

Procedimento
Em um ferimento, empregue compressa limpa de pano, lenço, toalha, etc.

Coloque a compressa sobre o ferimento e pressione com firmeza. Aplique em seguida


uma tira de pano, atadura, gravata ou cinta para amarrar a compressa e mantê-la
apertada no lugar.

• Se o ferimento for pequeno e não dispuser imediatamente de um curativo


adequado, estanque a hemorragia com o dedo, comprimindo-o fortemente sobre o
corte.
• Se o ferimento for em uma artéria ou em um membro, pressione a artéria acima do
ferimento, para interromper a circulação, de preferência apertando-a contra o osso.
• Quando o ferimento for no antebraço, dobre o cotovelo, colocando junto à
articulação um objeto duro para interromper a circulação.
• Quando o ferimento for nos membros inferiores, aperta-se a virilha ou a face
interna das coxas no trajeto da artéria femural. Dobra-se o joelho contra a coxa e,
junto à concavidade dos joelhos, previamente colocar um objeto duro, que poderá
ser um chumaço de pano.

Utilização do torniquete
O torniquete é utilizado para estancar uma hemorragia, principalmente quando houver
amputação total ou parcial do acidentado.

É feito com um pano resistente, borracha ou um cinto.

SENAI 173
Eletrotécnica básica

Procedimento
a) Faz-se um nó e enfia-se um pedaço de madeira entre as pontas, aplicando-se
também nós para fixá-la.

b) Torce-se em seguida, até haver pressão suficiente da atadura, que interrompa a


circulação.

c) Fixa-se o torniquete com outra atadura, marcando-se o tempo de interrupção da


circulação.

174 SENAI
Eletrotécnica básica

Observação
1 A cada 15 minutos, desapertar o torniquete no lugar, frouxamente porém, de forma
a ser apertado no caso de voltar a sangrar.
2 Não se deve usar arame ou fios finos.

Questionário – resumo

1 Como devem ser sinalizados os equipamentos em reparos?

2 Qual a distância mínima que deve ser vista uma placa de advertência de um
equipamento em reparos?

3 Qual é o risco mais freqüente em eletricidade?

4 Cite dois efeitos que poderão causar o choque elétrico.

5 Cite uma das causas pela qual uma pessoa venha sofrer choque elétrico.

6 Qual é a finalidade dos primeiros socorros ao acidentado?

7 Descreva os passos a serem seguidos na respiração artificial da Técnica 2.

SENAI 175
Eletrotécnica básica

8 Descreva a caracterização de uma parada cardíaca.

9 Quando se utiliza um torniquete?

10 Após quanto tempo deve-se afrouxar o torniquete?

176 SENAI
Caldeiraria e estruturas metálicas
46.30.23.030-5 Eletrotécnica básica

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