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Sem o PT no governo: Desigualdade é a maior em sete anos

A situação ainda precária no mercado de trabalho fez a concentração de renda se


aprofundar no País ano passado. No quarto trimestre de 2018, a desigualdade, quando
observada a renda domiciliar per capita, atingiu o maior patamar em pelo menos sete
anos, segundo levantamento do Instituto Brasileiro de Economia da
Fundação Getúlio Vargas (Ibre/FGV) obtido com exclusividade pelo Estadão/Broadcast.

O Índice de Gini do rendimento domiciliar per capita obtido do trabalho subiu de 0,6156 no
terceiro trimestre de 2018 para 0,6259 no quarto trimestre do ano, o 16.º trimestre
consecutivo de aumento. O Índice de Gini mede a desigualdade numa escala de 0 a 1 –
quanto mais perto de 1, maior é a concentração de renda.

No quarto trimestre de 2018, o índice atingiu o maior patamar da série histórica iniciada no
primeiro trimestre de 2012. Foi quando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios
Contínua (Pnad Contínua) começou a ser apurada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE).

Segundo Daniel Duque, pesquisador do mercado de trabalho no Ibre/FGV, há algumas


razões para a piora na desigualdade de renda. Entre elas, estão a dificuldade de
trabalhadores menos qualificados aumentarem seus rendimentos e a dinâmica de
reajustes do salário mínimo. “Na crise, a probabilidade de estar empregado e ter renda
maior depende mais de o trabalhador ter qualificação.

Além disso, o salário mínimo não tem ganhos reais desde 2015”, enumerou Duque, autor
do levantamento. “Houve também muita geração de ocupação informal, que tem menores
salários. E há um desalento muito grande ainda.”

Situação precária

Indicador de concentração de renda atinge o maior nível da série histórica


O salário mínimo não teve ganho real nos últimos anos por causa do encolhimento do
Produto Interno Bruto (PIB) em 2015 e 2016. Pela regra de reajuste criada ainda nos
governos do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o reajuste do mínimo de um ano é a
soma da inflação (medida pelo INPC) do ano anterior somada à variação do PIB de dois
anos antes. Como em 2015 e 2016 o PIB teve variação negativa, o salário mínimo teve
reajustes equivalentes apenas à inflação. A regra vale até este ano.

Embora, no ano passado, o número de pessoas trabalhando tenha aumentado, a


subutilização da força de trabalho segue elevada, lembrou Thiago Xavier, analista da
Tendências Consultoria Integrada. São considerados “subutilizados” os trabalhadores à
procura de emprego, os que não procuram uma vaga por acreditar que não encontrariam
emprego ou os que estão ocupados, mas trabalhando menos horas do que poderiam ou
gostariam, ganhando menos por isso.

“Precisa ter uma reação do mercado de trabalho (para reduzir a desigualdade)”, defendeu
Xavier. “Precisa de geração de vagas formais, com salário médio maior, jornadas de
trabalho que não fiquem aquém do desejado.”

 Estadão

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