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Curso Técnico em Agronegócio

Economia Rural - Entenda por que a inflação preocupa no


Brasil
Curso Técnico em Agronegócio
Economia Rural - Entenda por que a inflação preocupa no
Brasil
Entenda por que a inflação preocupa no Brasil
10 abril 2013

A inflação é um velho inimigo da


economia brasileira. Depois de anos
de hiperinflação, após a adoção do
Plano Real, em 1994, a taxa anual caiu
de forma significativa.
Em junho daquele ano, quando a nova
moeda foi lançada, a taxa mensal foi
de 47,43%. No mês seguinte, caiu
para 6,84%, posteriormente, em
setembro, para 1,53%.
Hoje em dia, o Brasil trabalha com um sistema de metas de inflação anual. O centro
da meta para 2013, por exemplo, estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional, era
de 4,5% , mas o BC admite, ainda dentro da meta, uma variação de dois pontos
percentuais para cima e para baixo.
Entre março de 2012 e março de 2013, segundo os dados divulgados pelo IBGE nesta
quarta-feira, a inflação oficial, medida pelo Índice Nacional de Preços ao Consumidor
Amplo (IPCA) acumulou alta de 6,59%, estourando o teto da meta.
Foi a primeira vez que isso ocorreu desde novembro de 2011, quando o aumento em
igual período foi de 6,64%.
"A alta da inflação é extremamente prejudicial ao país. O aumento dos preços mina o
poder de compra da população, especialmente das classes mais baixas que, com
menos dinheiro no bolso, corre mais riscos de ficar endividada e inadimplente", afirma
à BBC Brasil Samy Dana, professor de economia da FGV-SP.
"Além disso, cria um cenário de incertezas para o investidor, que, desconfiado dos
rumos da economia do país, tende a suspender ou adiar investimentos, prejudicando o
crescimento", acrescenta.

O que explica a alta da inflação?


Inúmeros fatores explicam a escalada inflacionária no Brasil. De maneira geral, a
origem está no desequilíbrio entre a
oferta e a demanda.
Segundo o governo, foi o que aconteceu
com os alimentos, já considerados os
principais vilões para o aumento da
inflação.
O tomate, por exemplo, dobrou de preço
entre 2012 e 2013, com alta de 122,13%.

Preço do tomate subiu 151,39% em um ano 3


No mesmo período, a farinha de mandioca registrou alta de 151,39%, segundo dados
do IBGE.
Existe um consenso de que parte da culpa é das condições climáticas. Nos Estados
Unidos, a seca elevou o preço dos grãos, ao passo que, no Brasil, a seca no Nordeste
e as chuvas na Região Sul também afetaram o valor cobrado pelos alimentos no
mercado doméstico.
Porém, para especialistas, o aumento dos preços também é explicado pelos rumos
mais recentes da economia brasileira, bem como problemas estruturais do passado.
"Nos últimos anos, o mercado de trabalho passou por uma melhora importante, e a
taxa de desemprego vem caindo. Paralelamente, devido ao déficit de mão de obra, os
salários subiram, e esse aumento de renda também contribuiu para acelerar o
consumo", explica a economista Alessandra Ribeiro, da consultoria Tendências,
especialista em inflação.
"O problema é que, ao passo que a demanda cresceu, a produção vem caindo e
o nível de investimento (para ampliar a capacidade produtiva), também. Com
mais pessoas consumindo e menos produtos disponíveis, o desequilíbrio é
inevitável e se reflete nos preços", acrescenta.
"A pressão por maiores salários também elevou, por sua vez, o repasse de custos",
conclui.
Por fim, o Banco Central diminuiu os juros, incentivando a expansão do crédito e,
consequentemente, o consumo das famílias.

Como o mercado tem reagido?


Para especialistas, os rumos recentes da economia brasileira vêm criando um cenário
de incertezas que afasta o investidor.
"Há um aumento do nível de desconfiança em relação ao Brasil, tanto do ponto de
vista macroeconômico quanto microeconômico. De um lado, existe uma sensação de
que o BC tem perdido autonomia sobre a condução da política monetária. De outro, há
um crescente enfrentamento por parte do governo com o setor privado", afirma
Ribeiro.
"Prova disso é que o nível de investimentos no Brasil tem caído na comparação com
outros países emergentes. O problema é que, sem novos aportes financeiros, nossa
produção fica comprometida, o que trava o crescimento e gera desemprego",
acrescenta ela.

O que o governo tem feito?

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A principal aposta do governo para a
redução dos preços tem ocorrido por
meio de desonerações tributárias.
No início de 2013, por exemplo, o
governo prorrogou a alíquota
reduzida do Imposto sobre Produtos
Industrializados (IPI) sobre carros
até dezembro deste ano.
Além disso, desonerou a cesta
básica, a energia elétrica e a folha
Governo tem adotado política de desonerações
de pagamento de inúmeros setores, tributárias para conter inflação
entre outras medidas.
A mais recente foi a decisão de zerar o PIS/Cofins de smartphones de até R$ 1,5 mil
fabricados no Brasil.
Por essa lógica, o governo espera que as empresas repassem ao consumidor a
redução do custo com os tributos. A medida, entretanto, é criticada por especialistas.
Para Dana, da FGV-SP, a política é "arbitrária" ao privilegiar determinados setores da
economia.
Já para Ribeiro, da Tendências, o efeito das desonerações não passa de um "alívio
temporário", porque "o preço, ainda que caia a curto prazo, se desenvolve de acordo
com as condições de mercado".
Além de fazer reduções de impostos, a equipe econômica já negociou com os
governos estaduais o adiamento dos reajustes em transportes coletivos. Já o Banco
Central não descarta um possível aumento dos juros.

Quais medidas deveriam ser tomadas?


Para Dana, da FGV-SP, o governo deveria estimular a concorrência, o que puxaria os
preços para baixo.
"As margens de lucro praticadas no Brasil ainda são bem maiores do que as de outros
países, como os Estados Unidos, onde o próprio mercado elimina os ineficientes",
afirma.
Segundo Ribeiro, da Tendências, já passou da hora de o Banco Central subir a taxa
de juros.
"Na minha avaliação, o BC cometeu um erro grave em 2011, quando decidiu reduzir
os juros na marra apesar de os primeiros sinais do aumento da inflação. Agora,
precisa recuperar o tempo perdido."
Há um consenso, entretanto, de que o governo deveria corrigir os gargalos estruturais
da economia brasileira, o chamado "Custo Brasil", o que contribuiria para aliviar a
pressão sobre os preços.

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Trechos do texto disponível em:
http://www.bbc.com/portuguese/noticias/2013/04/130409_inflacao_entenda_lgb

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