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oglobo.globo.com/economia/coluna/2023/03/o-desemprego-e-alto-mas-esta-baixo.ghtml
No passado recente, o patamar mais baixo se deu em 2014, com média de 6,9%, em
plena campanha para a reeleição de Dilma. Um quadro insustentável, porém, tendo em
vista os muitos estímulos artificiais na economia. Tratava-se, provavelmente, de um nível
inferior à taxa natural de desemprego, que é aquela que reflete as condições estruturais
do país, de tal forma que o desempenho do mercado de trabalho não gera pressão
inflacionária.
Um importante debate entre economistas é justamente sobre qual seria hoje a taxa
natural de desemprego, havendo forças em direções contrárias.
Apesar da surpreendente abertura de vagas formais desde a pandemia, que pode ter
sido potencializada pelas reformas trabalhistas, acredito que o efeito de um mercado de
trabalho mais exigente prevalece, implicando o aumento do desemprego estrutural.
Há poucos trabalhos recentes no tema. O pesquisador do Insper Vitor Fancio estima uma
taxa neutra de 10,5%, em uma tendência de elevação nos últimos anos. Nos EUA, o
Federal Reserve de São Francisco estimou aumento da taxa neutra para 6%, ante cerca
de 4,5% antes da pandemia.
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Dessa forma, é possível que o atual nível de desemprego (8,7%) esteja abaixo da taxa
natural, alimentando a inflação e adiando cortes de juros. Há manifestações nessa
direção, como o aumento de 20% anual do rendimento nominal efetivo. Vale ainda citar a
alta de 12% no custo da mão de obra da construção civil.
Enquanto a taxa média de desemprego no Brasil em 2022 foi de 9,3%, no Nordeste foi
de 12,6% e, no outro extremo, no Sul, 5,4%. Isso apesar da menor taxa de participação
(significa menor procura por trabalho) no Nordeste (apenas 54,8% da população em
idade ativa faz parte da força de trabalho) em comparação com o Sul (66,1%). Se a taxa
de participação no Nordeste fosse a mesma do Sul, o desemprego lá teria sido de 27,5%
em 2022.
Esses dados indicam que a redução do desemprego estrutural passa também por
aumentar a mobilidade da mão de obra, entre setores e entre regiões. Cabem políticas
públicas para isso, como maior difusão da informação sobre vagas de trabalho e
condições de requalificação e treinamento dos indivíduos.
Descontente com o quadro atual, o governo precisa avançar em uma agenda de redução
do desemprego estrutural, a começar pelo cuidado com a educação básica. E que não
seja pelo “modelo” do México, com a fuga de pessoas do país.
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