ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO
um imenso sentimento de alívio. A
TEXTO DE CONTRIBUIÇÃO PARA A
REUNIÃO DA COORDENAÇÃO
GERAL DA AR
O que segue tem a pretensão de
apresentar uma breve atualização da
conjuntura e dela avançar para uma
discussão mais estrutural dos desafios
que estão colocados. A ideia dessa
escrita é dar uma base para a
discussão coletiva, para produzir um
documento do conjunto da organização
que nos ajude a darmos um salto na
nossa construção.
Crescer no próximo período
exige agregar um processo de
propaganda sistemática a agitação
regular que fazemos em setores
amplos da sociedade e que são a
nossa marca para além da intervenção
nas lutas e nos processos sociais mais
delimitados.
É preciso dar um salto na nossa
formação nos capacitando para ganhar
a segurança necessária para enfrentar
os grandes debates, tão ausentes na
esquerda brasileira, e que devemos ter
como perspectiva ter a ousadia de
pautar do ponto de vista da revolução.
“Há um contínuo
movimento de crescimento das forças
produtivas, de destruição
das relações sociais, de formação de
idéias; a única coisa
imutável e a abstração do
movimento - mors imortais1
Depois de uma sucessão de
anos que pareciam não terminar, anos
com o pisca das luzes de Natal e fogos
de artificio opacos, 2023 foi tomado por
1
Karl Marx, A Miséria da Filosofia;
eleição de Lula é o grande divisor, mas
apesar dessa grande mudança de rumo
não se apresentaram mudanças
qualitativas. Os traços marcantes do
período anterior estão se diluindo e vão
adquirindo novas formas, mas sem
superar as contradições que seguem
se desenvolvendo sem superar a crise
que as determinou.
A crise segue e o povo sofre,
enquanto isso, as forças políticas, em
particular as de esquerda, só se
orientam pelas movimentações
eleitorais para 2024, se iludem e
repetem o mantra de um hit de anos
atrás “tá suave, tá tranquilo, tá
favorável”, não está e a depender deles
não vai ficar. Cabe a nós nos preparar
para o que está por vir.
O BRASIL E O MUNDO
Nos últimos meses foram
anunciados uma série de indicadores
econômicos com resultados positivos.
• O desemprego está nos menores
índices, 7,7% - menor cifra para o 3º
trimestre desde 2014;
• Pela primeira vez desde 2020, a
inflação deve encerrar o ano dentro
da meta fixada pelo Conselho
Monetário Nacional, 4,5%;
• A inflação de alimentos foi de 3,79%
para as famílias de renda alta e de
2,32% para as de renda baixa;
• A previsão do FMI é de que o país
deverá retomar a posição de 9ª
economia mundial até dezembro;
• O IPEA reajustou as projeções de
crescimento do PIB de 2,3% a.a para
3,3%, com avanços de 15,5% na
agropecuária, 2,5% nos serviços e
1,5% na indústria de transformação;
• Redução da taxa de juros, SELIC,
para 11,75%;
ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO
Junto a esses indicadores
também se acumulam notícias positivas
para o governo.
• Aprovação do regime fiscal - Novo
Arcabouço Fiscal;
• Reforma tributária em andamento no
Congresso Nacional;
• Renovação e a extensão de
programas sociais reconhecidos
internacionalmente: Bolsa Família,
“contenção” da devastação da
Amazônia e lançamento de plano de
transformação ecológica;
• Negociação através do Desenrola
Brasil entre 13 a 15 bilhões de reais
em dívidas, grande parte de famílias
com renda de até 2 salários mínimos;
• Segundo o DataFolha o governo Lula
era mais bem avaliado em 8 meses
(agosto) do que o de Bolsonaro.
Ótimo 38X29, regular 30X30,
ruim/péssimo 31X38, Não Sabem
2X2;
Pelo que é dito tudo vai bem no
país que depois da destruição
promovida pelos governos Temer e
Bolsonaro reencontra-se com o seu
destino e inicia o longo processo de
reconstrução.
Escrevemos esse parágrafo
carregado de ironia, porque este
parece ser o entendimento da ampla
maioria das forças de esquerda no
país, mas a realidade não é bem
aquela que se deseja.
• As taxas de desemprego, como se
sabe, medem aproximadamente o
desemprego entre aquelas pessoas
que seguem procurando emprego.
Aquelas que desistiram não são
computados pelo indicador. Afora
isso, é preciso ter em mente que,
segundo o IPEA no terceiro trimestre
haviam 99,8 milhões de pessoas
ocupadas “com algum tipo de vaga”,
destas 37,4 milhões com carteira
assinada, o restante 62,4 milhões
sem carteira assinada ou CNPJ;
• A renda média habitual do trabalho
está em R$2.982,00;
• Apesar do avanço significativo do
PIB, “surgiu”, portanto algo além do
esperado, o déficit primário estimado
de 100 bilhões de reais;
• Há dificuldades para cumprir as
metas estabelecidas no Novo
Arcabouço Fiscal, o que só seria
eventualmente possível com a
aprovação de novas fontes de
receita. Isso abriu uma disputa dentro
do governo quanto a necessidade de
ampliar a margem de déficit permitido
e com isso evitar o
contingenciamento do orçamento;
• A reforma tributária foi relativamente
desfigurada com o aumento de
setores isentos do novo IVA, o que
deve resultar em alíquotas acima de
25% - o que inviabilizaria iniciativas
quanto a reindustrialização;
• A crise crônica da indústria é um dos
motivos da elevada incerteza das
projeções de crescimento econômico
do próximo ano. “Em relação a
indústria de bens duráveis e de
transformação, uma hipótese é de
que ela tenha passado por um
processo de histerese2, com perda de
capacidade produtiva.”
• "O indicador de estoque de capital,
calculado pelo IPEA, aumentava
desde a década de 1980, portanto,
havia uma dinâmica de crescimento,
e a partir de 2016, simplesmente
parou de se expandir, algo inédito
nas últimas décadas3.
• “O Lula 1 teve o PROUNI, o “Luz
para Todos” e a defesa das cotas em
universidades públicas. Isso para não
falar nos programas tucanos
reciclados com criatividade como o
Bolsa Família. A Reforma Tributária
tem muitas virtudes e tantas
exceções que ainda é prematura
avaliá-la. Não faz sentido que em
quase um ano de governo no
2
A histerese econômica é a dificuldade de
retorno ao estado original depois de uma
crise
3
Economista Julia Braga, professora da
Universidade Federal Fluminense
ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO
Planalto reine um deserto de ideias
novas. Governo sem ideias novas
vê-se obrigado a discutir as ideias
dos outros.4
Essa nos parece mais a
dinâmica da realidade, um quadro em
que as contradições da vida real,
provocadas pela continuidade da crise
se fazem sentir com força ainda mais
ameaçadora porque está encadeada
intrinsicamente ao cenário
internacional.
"A zona do Euro já
tem recessão e inflação acima da meta. O
mesmo no Reino Unido. Na China não há
inflação, mas forte desaceleração do
crescimento, o que significa um pouso
acidentado. Hoje a exceção parcial são os
EUA, onde até agora o crescimento está
ligeiramente acima do potencial e a inflação
cai. Resta ver se conseguirão o pouso
suave.”5
Ainda que fale que a inflação cai
nos EUA, no mesmo artigo, Roubini
enfatiza a contradição entre a política
de juros altos para combater a inflação,
o que só dará resultado após “vários
trimestres de crescimento baixo para
levar a inflação a 2%”, mas enquanto a
política monetária é restritiva nos EUA
e na Europa há "uma variedade de
estímulos”.
Ele também alerta para o fato
que os gargalos nos suprimentos, que
começaram a ser sentidos na
pandemia, vão continuar sendo um
problema o que tende a reduzir o
crescimento e aumentar os custos de
produção e de que se seja improvável
uma nova crise financeira deve-se
4
Elio Gaspari, Folha de S.Paulo, 1 de
novembro de 2023, A12
5
Economista Nouriel Roubini, Valor,
Sexta-feira 20 de outubro de 2023, EU
&, 4;
esperar um pouso, também acidentado,
nos EUA.
A depender do país há sintomas
de problemas com o custo da dívida
pública pressionada pelo aumento da
taxa de juros exigida para controlar a
inflação. Onde houver grande
endividamento há risco de
inadimplência e restauração (isso nos
remete a Argentina). Segundo o Banco
Mundial há pelo menos 6 países em
desenvolvimento em que a dívida já é
insustentável.
Quanto a China não se trata de uma
situação conjuntural. Segundo Roubini:
“Os problemas da China são estruturais. A
população envelhece rapidamente. Há
grandes dívidas privadas e públicas. Há
crise no setor imobiliário. O setor privado
está de mal humor devido as medidas
repressivas contra investidores. As
pessoas estão inseguras, então tendem a
gastar menos e economizar mais. E a taxa
de consumo é baixa. Para que ela aumente
e a taxa de poupança diminua, será
necessária uma maior rede de segurança
social. Os chineses têm que poupar para a
velhice, para quando adoecem, quando
perdem o emprego, para as incertezas
econômicas. Um trabalhador migrante nem
sequer tem acesso aos serviços públicos
na cidade onde trabalha. A menos que se
alargue a rede de segurança social, algo
que o governo chinês não quer fazer, as
pessoas terão que poupar mais e gastar
menos. No passado, o crescimento da
China era conduzido pelas exportações,
mas agora, por causa da geopolítica, da
desglobalização, do comércio seguro, a
capacidade da China atrair investimento e
de exportar será limitada. O crescimento
da China foi de 10% por 3 décadas. Depois
caiu para 5%. Hoje há uma aposta se são 3
ou 4%. E essa redução do crescimento
chinês enfraquece as economias da Ásia
que estão nas suas cadeias de
abastecimento, bem como os produtores
de matérias-primas que exportam para lá.
A repercussão é global.”
ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO
Fizemos essa longa
caracterização, porque a rigor ela é a
síntese da situação mundial, uma
descrição concreta de como a crise que
segue se manifesta e dos problemas
políticos que disso decorre. Há também
uma bela descrição do “comunismo
chinês” que é visto por setores da
esquerda como uma referência vendo
aí uma variante da Nova Política
Econômica - NEP, aplicada por Lenin e
Trotsky entre 1924 e 1926, no período
anterior a ascensão e consolidação da
contrarrevolução stalinista.
Há, então uma combinação
entre a crise mundial aberta em 2008, a
sua concretização no Brasil a partir de
2016, com sintomas anteriores que
geraram as “Jornadas de Junho de
2013”, e os problemas estruturais,
históricos engendrados pela
colonização subordinada, dependente,
as necessidades do mercado mundial
capitalista com base ao latifúndio e
trabalho escravo.
O quadro é de extrema
gravidade em dinâmica, porque a crise
no mundo também se manifesta no
aumento dos conflitos regionais, na
amplitude potencial que pode ganhar a
guerra da Rússia contra a Ucrânia, do
revide absolutamente desproporcional
de Israel as ações do Hamas
promovendo o genocídio do povo
palestino, nas sanções comerciais
contra aqueles que desafiam a ordem
global, na guerra comercial entre os
EUA e a China, na utilização das
imprescindíveis legislações ambientais
com vistas a proteção de mercados,
etc.
CRISE É OPORTUNIDADE
Porém a crise em si também é
oportunidade, ou a esperança de que
nela surjam situações novas da qual se
possa tirar algum proveito. Como
muitas vezes buscamos enfatizar o
processo de desindustrialização
brasileiro está no centro da piora das
condições de vida da classe
trabalhadora no país. É na indústria
que estão os empregos de melhor
qualidade e com melhores
remunerações.
Acontece que, para além do
significado das inovações tecnológicas
e seus desdobramentos na
organização do trabalho, nós ficamos
de fora da reestruturação produtiva que
marcou a superação da crise do
capitalismo do final dos anos 1960.
Enquanto o mundo passava
pela revolução neoliberal promovida a
partir dos governos Regan e Thatcher,
precedida pelo experimento
sanguinário de Pinochet no Chile, a
dinâmica do Brasil era diferente.
Se pelo mundo a classe
trabalhadora sofria derrotas históricas
como a da greve dos mineiros na
Inglaterra, dos controladores de voo
nos EUA e a Glasnost era
implementada na URSS iniciando o
processo político que conduziu a queda
do “socialismo" real, o Brasil vivia um
intenso processo de mobilização e
grandes lutas.
A luta política contra a ditadura
em crise, as lutas pela
redemocratização incidiam nas lutas
sindicais e do movimento estudantil, foi
o tempo em que se reconstruiu a UNE,
se fundou o PT, se organizou o MST e
o novo sindicalismo classista varria os
sindicatos vencendo eleição após
eleição a velha burocracia avessa as
greves e a luta política, e do novo
sindicalismo classista que surge a CUT.
Ao contrário de derrotas, a
classe trabalhadora estava em
assenso. É esse processo político que
ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO
impede que a burguesia brasileira, já
“globalizada”, “sócia" menor do
imperialismo, se localize na
reestruturação do mercado mundial.
Ela fica fora das cadeias produtivas que
nas décadas seguintes criaram a
“prosperidade” proporcionada pela
globalização.
Isto é importante: Nenhuma
crise do capitalismo pode ser superada
sem que se imponha a classe
trabalhadora derrotas históricas de
grande monta.
Para não irmos mais longe, é a
ascensão do nazifascismo nos anos
1930, o esmagamento da classe
trabalhadora na Europa e a repressão
que acompanhou a 2ª Guerra que
criaram as condições para os
chamados “30 gloriosos” do pós guerra.
É a derrota da Revolução Portuguesa,
do Solidariedade na Polônia e as
derrotas do movimento operário que
acompanham a ascensão de Pinochet,
Thatcher, Regan que propiciam a
queda da URSS e reconversão
capitalista da China e viabilizam a
globalização.
No Brasil, em 1980 a trabalho no país para equaliza-lo ou
participação da indústria brasileira no
PIB era de 35%, hoje está entre 10 e
11%, em 2005 ela representava 3% da
indústria mundial, hoje é em torno de
1,8%. Mas nenhuma dessas ilustrações
é mais chocante do que a comparação
com a China. Em 1980 nós
exportávamos US$ 9 bilhões em
produtos manufaturados, a China US$
8,7 bilhões. Quarenta e um anos
depois, nós exportamos US$ 70 bilhões
enquanto a China exporta US$3,14
trilhões.
É evidente que a economia
brasileira conseguiu se reorganizar e se
inserir no mercado mundial retomando
a sua dita vocação histórica,
fornecedora de commodities. A nossa
economia hoje é fundamentalmente
baseada no setor primário, exportamos
produtos agrícolas, minérios e capitais.
Vendemos para o mundo soja, suco de
laranja, frango, boi em pé, ferro e
petróleo, Os navios levam esses
produtos com baixo valor agregado
para o mundo, principalmente a China,
e retornam com produtos baseados nas
tecnologias que os dólares auferidos
assim podem comprar e para aqueles
que detém esse poder aquisitivo.
a) Uma aposta
A burguesia brasileira
estrategicamente deixa de aproveitar
da crise e dos deslocamentos que ela
provoca nas relações internacionais
para se integrar finalmente a essas
cadeias produtivas que estão sendo
reformatadas. Para isso ela precisa
infringir com urgência uma derrota
ainda maior a classe trabalhadora,
precisa avançar com novas reformas
trabalhistas, da previdência, moldar o
sistema educacional e de saúde a
serviço dessa lógica. A burguesia
precisa reduzir ainda mais o custo do
oferecer patamares menores do que
competidores como México, etc.
Isto vem acompanhado
obviamente com a alavancagem de
setores específicos. Aloizio
Mercadante, Presidente do BNDES fala
da “importância do setor de defesa no
processo de neoindustrialização do
país”, o mesmo Mercadante informa
que “acreditamos que uma indústria de
Defesa forte, capacitada e inovadora, é
um alicerce para nossa política
externa.”
Assim como a indústria
armamentista, a política ambiental e o
complexo de saúde do país são vistos
como espaços privilegiados para essas
ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO
inciativas, até porque há entre elas
grande potencial de sinergia, a indústria
armamentista por exemplo pode
oferecer inovações que permitam o
monitoramento do meio ambiente e das
fronteiras, garantindo segurança a
terras indígenas, da população e dos
territórios.
A vontade da burguesia reflete
as suas frações mais importantes e
poderosas, ligadas ao imperialismo. Os
obstáculos não estão só na resistência
da classe trabalhadora para defender
as suas necessidades vitais, nem
apenas nas ações de outras burguesias
"nacionais" que concorrem com a
brasileira. Está na força do
agronegócio, na defesa que faz dos
privilégios que desfruta no atual arranjo
econômica.
Observe-se que no governo
Bolsonaro a política externa perseguida
foi de isolamento e de afastamento dos
grandes debates que estão
reconfigurando o mundo. Não é um
dado aleatório, motivado por
característica pessoal ou vontade de
viajar que tem feito da agenda
internacional uma das principais tarefas
cumpridas por Lula.
Fizemos essas considerações
que nos parecem refletir processos
reais em curso, porque eles sinalizam
as movimentações que realmente
determinam o futuro do governo Lula e
os grandes temas que a classe
trabalhadora deve tomar consciência,
porque eles determinaram o seu futuro.
Veja-se que a viagem de Lula
para COP 28 em Dubai se desdobrou
em reuniões com presidente francês e
alemão, respectivamente Emmanuel
Macron, e Frank-Walter Steinmeier, na
tentativa de acelerar a assinatura do
acordo comercial do MERCOSUL com
a Zona Euro dado o receio de que o
presidente eleito da Argentina, Javier
Milei, o atrase ou o inviabilize.
Nessa digressão focamos numa
hipótese, no entanto é preciso levar em
consideração que essa especulação da
burguesia de encontrar espaço para
promover uma reindustrialização do
país, de uma forma ainda mais
subordinada e dependente se
integrando e internacionalizando parte
das cadeias produtivas construídas
pela globalização liberal - e sob o
capitalismo não há outra forma que não
subordinada e dependente -, pressupõe
impor uma derrota histórica a classe
trabalhadora.
Essa derrota não objetiva
apenas essa “reindustrialização”, ela é
muito funcional para a revitalização e
desenvolvimento do país nos setores
em que é protagonista no mercado
mundial, é importante para ampliar a
acumulação de capital com base a
exportação de commodities. Lugar que
está ameaçado pela consequência da
crise ambiental.
b) O problema ambiental: um
elemento também econômico da
crise
O Brasil tem que se adaptar ao novo
clima. Traduzindo em frentes concretas,
o país tem que repensar como
estruturar o futuro da economia
baseada em commodities produzidas
no Centro-Oeste e da energia elétrica,
com 50% baseada em hidreletricidade.
Tem que pensar como abrigar os
prováveis refugiados climáticos
brasileiros que hoje vivem no semiárido
nordestino e na região do rio São
Francisco.
Por ser um país tropical, é um dos que
mais tem a perder com a mudança
climática, compare o Brasil com a
Suécia, veja, Teresina, Cuiabá ou
Palmas que no verão já tem
ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO
temperaturas de 41º C. Quando a
temperatura nessas regiões subir 3º ou
4º o que vamos ver são verões com
47ºC ou 48ºC, com impactos gigantes
na saúde e nos ecossistemas.
O agronegócio no Brasil central não tem
muito futuro. Estamos vivendo um
período muito crítico de transição.
Nosso sistema econômico é
absolutamente insustentável, teremos
que aprender a ser muito mais
sustentáveis e usar menos os recursos
naturais do planeta.
Além de proteger a população contra
eventos climáticos extremos, tem que
haver mudanças fundamentais na
estrutura econômica do Brasil, porque
temos um país com uma economia
muito dependente do clima, no
agronegócio. E quase 50% da geração
de eletricidade no Brasil é por
hidreletricidade, que depende da chuva,
que depende do clima.
O que o Brasil, como nação fará para
tirar milhões de brasileiros que hoje
vivem no semiárido nordestino e que
não terão condições de sobreviver ali
nas próximas décadas?
O extrato que fazemos acima é
de uma entrevista com Paulo Artaxo,
físico e cientista do IPCC6. Cremos que
a simples leitura desses parágrafos dá
uma concretude ainda maior para
problema ambiental do que a abstração
da sobrevivência genérica da
humanidade.
As gerações futuras estão sob
risco, mas as de agora, os seres
humanos que caminham hoje sobre a
terra e não tem condições de
adaptação biológica terão que lidar com
os efeitos imediatos desta questão.
Se Artaxo estiver correto e o
agronegócio se tornar em algum grau
inviável as repercussões para a
6
Vulnerabilidades do Brasil “são imensas”,
afirma Paulo Atraso, Valor, Sexta-feira, 17
de novembro 2022, A4
economia brasileira e sua organização
social, já extremamente precária, se
tornariam inimagináveis.
Aqui vale a pena relembrar que
é a organização dos homens, a forma
como organizam a sua reprodução que
determina a forma como se relacionam
com a natureza, sem mudar
radicalmente a sociedade é improvável
que se enfrente com sucesso esse
aspecto da crise capitalista.
Veja-se, a simples pergunta do
que fazer com os nordestinos na
eminência de expulsam das regiões do
semiárido é um problema político, uma
dimensão do significado da contradição
entre o crescimento das forças
produtivas e as relações sociais
estruturadas com base aos ditames da
superestrutura e, portanto, em profunda
contradição.
A título de sei lá o quê
Causa estranheza, mas nem
tanta assim, o fato de que temas como
esse que apresentamos não faça parte
cotidiana do debate ao menos das
vanguardas da esquerda, em especial
no movimento estudantil e a apaixone
pela necessidade de construir o
caminho para a revolução socialista e
nisso a emancipação da humanidade.
A POLÍTICA DA BURGUESIA E SUAS
FRAÇÕES
Na análise que construímos até
aqui, se buscou captar a partir da
conjuntura os caminhos que o país
tende a seguir a partir das linhas mais
estruturais determinadas pela dinâmica
mundial e a herança da nossa inserção
colonial na divisão internacional do
trabalho.
ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO

Dessa análise segue a e econômicas e governar acima de

caracterização de que a estratégia da todos.
burguesia de conjunto é uma só, impor
Essas frações da burguesia,
uma derrota histórica a classe
como sempre dizemos, não são as
trabalhadora: reduzir os seus padrões
mais fortes nem hegemônicas, no
culturais de subsistência de forma a
entanto ao se ligarem a Jair Bolsonaro
criar condições a atrair novos capitais
embarcaram num movimento de
seja para se inserir e internacionalizar
massas perigoso porque para além da
parte das cadeias produtivas criadas
influência nas forças armadas (uma dos
com a globalização neoliberal seja para
sustentáculos do regime), da
redinamizar e fortalece o seu lugar de
articulação com as igrejas
fornecedor de commondities. Enfim,
neopentecostais, provavelmente
seja como for, trata-se de reduzir o
também com o tráfico e as milícias, a
custo do trabalho no Brasil e ampliar o
força do bolsonarismo reside na sua
espaço de extração de mais-valia.
capacidade de mobilização
Nisso o que distingue as diversas demonstrada na campanha pelo
frações da burguesia é a forma de impeachment de Dilma, na greve dos
concretizar essa estratégia, as táticas e caminhoneiros, nos imensos comícios
as ferramentas que escolhem para da campanha eleitoral de 2018 e nos
cumprir a tarefa. atos promovidos ao longo da
presidência de Jair Bolsonaro.

a) O bolsonarismo é funcional, mas
não é a opção
As frações alinhadas com o
bolsonarismo estão espremidas pela
crise, e pela dinâmica que visualizam,
se comportam como se não tivessem
tempo nem condições de desenvolver
os seus negócios nos marcos do
regime democrático de direito burguês,
se enervam com as mediações que o
capital se obriga a fazer nessa forma
de dominação e se orienta para
mobilizar todo o cabedal de tradições
reacionárias disperso na sociedade a
serviço de um projeto que passa pelo
fortalecimento dos aparelhos de
repressão estatal e paraestatal com
vistas a ampliar o controle sobre os
conflitos sociais que o aumento
desmedido da exploração deve
provocar. No limite buscam a
supressão das liberdades democráticas
para também disciplinar as frações
burguesas suas concorrentes políticas
Essa capacidade de
mobilização e a diretriz autoritária
trouxeram mais instabilidade ao
processo político em meio à crise que
somado a outros fatores, como
incapacidade gerencial. Demonstraram
na prática que não era aconselhável
seguir com Bolsonaro e lhe propiciar
um segundo mandato.
Concluíram que os riscos de
apostar no caminho de uma
radicalização, ainda maior, implicava
em colocar em risco a continuidade da
forma de dominação preferencial da
burguesia. Perspectiva que se
confirmou com a intentona protofascista
brancaleônica7 de 8 de janeiro.
7
Alusão ao filme “O Incrível Exército de
Brancaleone”, comédia italiana em que “A
ingenuidade e a falta de coragem de
Brancaleone e seu temido «exército»
causam situações irônicas e humorísticas,
enquanto o grupo de aventureiros mal
equipados busca realizar a sua missão”;
ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO
A manutenção do estado
democrático de direito com base ao
redimensionamento conflituoso em
curso do regime da Nova República
(que se expressa nas disputas entre os
poderes executivo, legislativo e
judiciário entre outros elementos como
o pacto Federativo - reforma tributária,
etc.) é incompatível com o
bolsonarismo na forma com ele se
apresentou.
A política das frações da
burguesia que não veem no momento
necessidade de formas mais abruptas
de dominação, foi encontrar um
oponente capaz de derrotar
eleitoralmente Jair Bolsonaro. Após
especular com candidatos orgânicos,
por dentro e fora do sistema político, a
conclusão foi que apenas Lula podia
cumprir a tarefa.
Com essa definição foi operada
a liberdade e a revisão da condenação
em 2ª instância, costurada uma
composição com um representante
extremamente confiável dessas
frações, Geraldo Alckmin, e diante das
dificuldades da disputa no segundo
turno se garantiu outros apoios com os
de Simone Tebet, João Amoedo,
Fernando Henrique Cardoso, etc.
A par e como parte disso, o
judiciário reviu posicionamentos e
avocou para si o desmonte de parte da
máquina de propaganda ligada ao
bolsonarismo como inquéritos, prisões,
multas.
Eleito Lula a diretriz em relação
ao bolsonarismo foi o de o manter na
defensiva deflagrando uma campanha
para destruir seus “atributos morais”
(por exemplo o escândalo das joias) e
punição exemplar a uns pobres
coitados que participaram da invasão
aos palácios. É uma política para
quebrar o apelo popular do
bolsonarismo lhe retirando capacidade
de mobilização, mas sem ter como
orientação a sua liquidação
b) Para infringir essa derrota
histórica a classe trabalhadora no
Brasil conta com Lula e o PT.
Como já dissemos inúmeras
vezes, os governos do PT são
governos burgueses, porém não são
governos típicos dessa classe. Como
tem origem operária, com base na
classe trabalhadora e nos setores mais
empobrecidos da população e no
imaginário coletivo fizeram muitas
coisas boas - o que é realmente parte
da verdade - detém prestígio e controle
sobre os movimentos políticos e sociais
que atuam. A manutenção dessa
hegemonia o obriga a fazer mediações
que um governo burguês não precisaria
fazer para além de conveniência
eleitorais.
São essa mediações que
impediram Dilma de tomar como
prioridade a exigência da burguesia de
fazer a reforma trabalhista e da
previdência por exemplo, é por
necessidade de mediação que há
ministério de meio-ambiente mas não é
escondida a vontade de explorar
petróleo na foz do Amazonas, e por
isso que há ministério de
direitos-humanos, mas as periferias do
país seguem entregues a truculências
das polícias militares, as milícias e ao
tráfico, que há ministério de mulheres,
mas são poucas no primeiro escalão e
estão ausentes nas indicações para o
STF.
Em certo sentido, o governo
Lula é atípico como foi o de Jair
Bolsonaro que se elegeu apoiado
centralmente na sua capacidade de
mobilização do movimento de massas
junto a articulação com as igrejas
ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO
neopentecostais e a influência na
oficialidade das forças armadas,
polícias militares e outros órgãos
ligados a repressão estatal e frente do movimento operário no Brasil,
paraestatal; um candidato do sistema
que se apresentando “por fora” e contra
ele se elegeu contra.
Ao contrário de Bolsonaro, não
só do ponto de vista político, ideológico,
mas também civilizatório, Lula pertence
a um partido que conta com grande
presença nos governos municipais,
estaduais. Governou o país por três
mandatos e meio, conta com
vereadores, deputados, senadores, faz
indicações para milhares de cargos
públicos, diretorias de empresas
estatais e para o poder Judiciário.
Além disso, o PT e Lula
passaram pela prova da prisão com
comportamento exemplar, disciplinado,
dentro da ordem. Nem mesmo a
campanha pelo impeachment de
Bolsonaro, em si um mecanismo
normal do regime democrático burguês
da Nova República se dispôs a usar.
Não só o PT e Lula estão integrados ao
regime como se tornaram previsíveis e
mais controláveis.
Os laços das frações da
burguesia, nos termos de um governo
atípico seu, com o PT e Lula se
estreitaram para muito além do que
havia entre 2003 e 2016.
Se a isso juntarmos, o governo do PT garantirá que na eleição
fantasma do bolsonarismo, com alguma
materialidade, ainda reunir condições
de engendrar um novo 8 de janeiro ,
somado ao fato do governo não contar
com uma maioria sólida no Congresso
Nacional e os poderes da Presidência
da República sobre o orçamento
estarem divididos e de que Lula venceu
as eleições com Geraldo Alckmin como
vice e aliados como Simone Tebet,
bem, vamos desenhando um cenário
em que Lula e o PT venceram as
eleições com base ao prestigio que
adquiriram ao longo de décadas a
mas só puderam mobilizar esse
prestígio com base a um acordo que
passou pela liberdade de Lula, e a
revisão do julgamento em segunda
instância para viabilizar uma
candidatura que se efetiva já em
aliança com um dos nomes de maior
confiança das frações majoritárias da
burguesia e nos termos de um governo
com minoria real no Congresso
Nacional e que ainda por cima é
obrigado, em nome da
“governabilidade" a trazer para o
ministério bolsonaristas como André
Fufuca, Ministro dos Esportes, e Silvio
Costa Filho, Ministro dos Portos e
Aeroportos.
Esse quadro é de terror, mas é
o melhor dos mundos para Lula e o PT.
Porque as condições que aceitaram
para serem reconduzidos ao governo e
operam para manter são os
argumentos que usam para justificar
esse estado das coisas. Por que há
bolsonaristas no ministério? Porque se
não for assim não há votos para
derrotar a oposição bolsonarista e
viabilizar os projetos do governo. O
projeto do governo é rever a reforma
trabalhista, por exemplo? Não, se o
governo encaminhar isso será
derrotado no Congresso Nacional. O
municipal a esquerda dispute
prefeituras e grandes bancadas de
vereadores para mudar a correlação de
forças nas eleições de 2026? Sim, mas
o fará quando necessário com os
partidos do “Centrão” e até mesmo com
PL que abriga hoje Jair Bolsonaro, sua
esposa Michele, filhos e o pior que o
bolsonarismo produziu e reúne.
A burguesia conta com o PT,
porque ele de certa forma, e estamos
ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO
carregando nas tintas para tentar
captar a essência do fenômeno, se
transformou numa espécie de
marionete que às vezes pode não
responder ao comando de uma ou
outra corda, mas no geral a voz que
vocaliza no fim das contas é a do seu
ventríloquo. São coisas pesadas, mas
que devem ser consideradas na nossa
caracterização do governo, mas
convém lembrar que não fazem, nem
devem fazer parte da nossa agitação.
Não se agita caracterizações e sim
política.
A política parte da análise que
fazemos da dinâmica do país, do que
pretende a burguesia, da sua relação
com o governo e da situação do
movimento operário.
Nós vimos que a dinâmica do
país não indica uma melhora qualitativa
da realidade, pelo contrário, a
perspectiva é que dado o quadro
mundial as contradições se ampliem
muito até um novo arranjo ser
produzido na luta intra e inter classes.
Apontamos que a burguesia
busca se recolocar no rearranjo do
mercado mundial que está se dando
nessa luta e especula com a
possibilidade de ser beneficiado com o
deslocamento das cadeias produtivas
construídas no sudeste da Ásia e China
no processo de globalização neoliberal.
Afirmamos que isso só é possível se a
classe trabalhadora no Brasil sofrer
uma derrota histórica que equalize o
seu padrão de vida ao dos
trabalhadores ainda mais pauperizados
e que Lula e PT, com importantes
mediações, são instrumentos das
frações mais importantes da burguesia
nessa tarefa.
A diferença colocada com o
bolsonarismo é de que as frações da
burguesia que o compõe estão de tal
forma premidas pela crise que não tem
condições de assimilar os custos
dessas mediações, custo de tempo e
econômico. Por certo não acreditam
que o PT possa levar até o fim essa
política ou que possa controlar a
resistência que a classe trabalhadora
de uma forma ou outra vai apresentar.
A sua opção é o fortalecimento dos
aparelhos de segurança pública estatal
e paraestatal visando sustentar a
repressão generalizada e no limite a
supressão das liberdades
democráticas.
A estratégia da burguesia de
conjunto é a mesma, o que distingue as
suas frações e a forma de
concretizá-la, as táticas e as
ferramentas que escolhe para cumprir a
tarefa.
A necessidade de encontrar um
caminho para construir as condições
para constituir a oposição de esquerda
não são de hoje, vêm dos primeiros
mandatos do PT a frente do governo
federal, se não de antes, dos primeiros
momentos em que esse partido
efetivamente começou a se integrar ao
regime democrático burguês, a ser
peça fundamental do regime da Nova
República.
A NOSSA POLÍTICA
a) Diretrizes Gerais
• Somos independentes do governo
Lula, impulsionamos as lutas dos
trabalhadores e da juventude para
que vençam e derrotem os patrões e
o seu governo;
• Estamos empenhados na unidade de
ação com qualquer setor da
burguesia e com o governo Lula na
defesa das liberdades democráticas;
• Em nenhuma hipótese e
circunstância nos afastamos da
defesa da autonomia política e
ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO
financeira das organizações que
construímos;
b) O que fazer
• Nossa orientação é participar do
lançamento de oposição de
esquerda.
Para nós isso não deve ser uma
declaração vã em algum material ou
intervenção de assembleia e reunião.
Ao nosso ver é preciso construir as
condições mínimas necessárias,
ganhar peso social para cumprir essa
tarefa que é estratégica.
Sem oposição a esquerda do
governo não há como colocar em
circulação na sociedade uma
alternativa ao que está aí,
principalmente porque o bolsonarismo
se apresenta como oposição não só ao
governo como ao regime e capitaliza
todo o fracasso inevitável que repousa
na ingrata missão que o PT e Lula
assumiram com prazer, e o PSOL se
posiciona para compartilhar, de
administrar a crise.
É absolutamente insuficiente
criticar o que está ruim no governo,
porque isso significa se colocar na
totalidade de um governo que opera
para a burguesia e media as suas
ações para manter o enorme prestígio
que possui. O ruim faz parte do “bom" e
o define.
Nessa direção nosso eixo central deve
ser:
• Estreitar a nossa intervenção nos
setores em luta. É preciso nos
apresentarmos nas lutas para além
daqueles setores que temos relações
orgânicas. Nossos dirigentes e
figuras públicas devem prestar
solidariedade e a partir disso
acompanhar esses movimentos e
apresentar a nossa política ao
ativismo;
• Devemos ampliar o contato com as
organizações na esquerda do PSOL
e fora dele articulando ações e
campanhas comuns que
potencializem a circulação de uma
perspectiva independente frente ao
governo:
• A campanha eleitoral de 2024 deve
buscar expressar uma orientação
distinta da esquerda que “esqueceu"
de dizer o seu nome sem que isso
signifique adotar posturas de auto
proclamação que não dialogam com
a consciência presente das massas.
Nós devemos atuar como
facilitadores de um aprendizado que
também estamos fazendo;
• Preparar a organização para o
autofinanciamento: regularizar as
cotizações da A.R e definir uma
política de finanças na
“FERRAMENTA" e designar quadros
com a tarefa “financeira" dedicada a
estruturar economicamente a
organização.
Assumir e praticar uma postura
independente significa que nossos
aliados na superestrutura não existem.
Os que pensam mais ou menos como
nós são nossos concorrentes, da
mesma forma que nos concorremos
com eles. É uma tragédia que
produzida pela ausência dos debates
estratégicos e a dominância das
distorções sindicalistas, burocráticas.
Nós ainda não somos imunes a isso.
Isso significa que as
dificuldades que enfrentaremos são
ainda maiores das que tivemos até aqui
e elas vão se expressar no
financiamento que o PSOL vai destinar
aos nossos candidatos e nos espaços
que teremos nos aparelhos do
movimento. A política financeira
independente é um corolário da política
geral.
ATUALIDADE DA REVOLUÇÃO

ALGUMAS PALAVRAS SOBRE O Nesta direção queremos colocar

PSOL E A REORGANIZAÇÃO DO
MOVIMENTO
O PSOL no último congresso
deu um passo na direção de confirmar
a nossa caracterização de que se trata
de uma localização tática para os que
desejam militar pela revolução.
As definições da relação do
partido com o governo e o simbolismo
de Boulos sendo a maior figura pública
do PSOL, ser o candidato de Lula na
principal cidade do país dizem tudo.
a necessidade de realizarmos um
fórum mais específico que realize ou
atualize o balanço que se tem sobre o
processo de reorganização e o estado
de iniciativas como a CSP-Conlutas,
Intersindical-Central, Fórum por direitos
e liberdades democráticas. Junto com
esse debate é necessário realizar um
fórum deliberativo, um ativo sindical,
que defina a nossa localização ou o
que fazer.

Essas definições políticas por

certo estão acompanhadas por
medidas organizavas que vão enrijecer
e ampliar o controle do partido pelos
grupamentos que compõe a maioria.

É importante fazer um
parêntese e dizer que os grupamentos
de origem trotskista que enveredaram
pelo caminho de dar suporte a Boulos e
a Primavera Socialista, de Ivan Valente,
repetem o percurso que correntes,
digamos, assemelhadas como o
Trabalho e a Democracia Socialista
realizaram no PT. A evolução delas as
transformou em coletivos de mandatos
parlamentares e dirigentes sindicais e
seus assessores de parlamentares e
sindicatos que transformaram a suas
posições localizações políticas em
instrumento de manutenção de cargos,
empregos e salários.

Isso reforça nossa orientação

de não disputar o PSOL e estar nas
suas instâncias de direção nos termos
de garantir os nossos espaços a
serviço do nosso fortalecimento
enquanto grupamento político. E como
dissemos explorar os contatos com
aqueles grupamentos que mantem uma
postura independente dentro e fora do
PSOL.