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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA POLITÉCNICA DA USP

PECE – PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA

EAD – ENSINO E APRENDIZADO À DISTÂNCIA

eHO-009

VENTILAÇÃO INDUSTRIAL
ALUNO

SÃO PAULO, 2009


EPUSP/PECE
DIRETOR DA EPUSP
Ivan Gilberto Sandoval Falleiros
COORDENADOR GERAL DO PECE
Antonio Marcos de Aguirra Massola
EQUIPE DE TRABALHO
CCD – COORDENADOR DO CURSO À DISTÂNCIA
Sérgio Médici de Eston
PP – PROFESSOR PRESENCIAL
João Vicente de Assunção
Francisco Kulcsar
CPD – CONVERSORES PRESENCIAL PARA DISTÂNCIA
André Lomonaco Beltrame
Diego Diegues Francisca
Fernando Madeira Perissé
Giselle Cañedo Ramirez
Ivan Koh Tachibana
Maria Renata Machado Stellin
Michiel Wichers Schrage
FILMAGEM E EDIÇÃO
Diego Diegues Francisca
Pedro Margutti de Almeida
Maria Renata Machado Stellin
IMAD – INSTRUTORES MULTIMÍDIA À DISTÂNCIA
André Lomonaco Beltrame
Ivan Koh Tachibana
Michiel Wichers Schrage
CIMEAD – CONSULTORIA EM INFORMÁTICA, MULTIMÍDIA E EAD
Carlos César Tanaka
Jorge Médici de Eston
Shintaro Furumoto
APOIO ADMINISTRATIVO
Ana Rita Clemente
Neusa do Carmo Teixeira Barros
Vicente Tucci Filho

“Todos os direitos reservados. Proibida a reprodução total ou parcial, por qualquer meio
ou processo, sem a prévia autorização de todos aqueles que possuem os direitos autorais
sobre este documento.”
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SUMÁRIO

SUMÁRIO
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO A VENTILAÇÃO ..........................................................1
1.1. HIGIENE DO TRABALHO ...........................................................................................2
1.2. INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA DE CONTROLE EM SAÚDE OCUPACIONAL .....2
1.3. INTRODUÇÃO À VENTILAÇÃO INDUSTRIAL ..........................................................2
1.3.1. APLICAÇÕES INDUSTRIAIS PRÁTICAS DA VENTILAÇÃO LOCAL
EXAUSTORA ..................................................................................................................3
1.3.2. MÉTODOS DE CONTROLE AMBIENTAL...........................................................4
1.3.3. PRINCIPAIS PRODUTOS DA INDÚSTRIA DE VENTILAÇÃO...........................4
1.3.4. TIPOS DE INDÚSTRIA CONSUMIDORES DE PRODUTOS DE VENTILAÇÃO
.........................................................................................................................................5
1.3.5. OPERAÇÕES QUE LIBERAM POEIRAS ............................................................5
1.3.6. OPERAÇÕES QUE LIBERAM FUMOS ...............................................................6
1.3.7. OPERAÇÕES QUE LIBERAM NÉVOAS .............................................................6
1.3.8. OPERAÇÕES QUE LIBERAM VAPORES...........................................................6
1.3.9. OPERAÇÕES QUE LIBERAM GASES................................................................7
1.4. FUNDAMENTOS .........................................................................................................7
1.4.1. ASPECTOS GERAIS............................................................................................7
1.4.2. DEFINIÇÕES ........................................................................................................8
1.4.3. OBJETIVOS ..........................................................................................................8
1.5. AR CONDICIONADO ..................................................................................................8
1.6. VENTILAÇÃO NATURAL ............................................................................................8
1.6.1. MOVIMENTO DEVIDO AOS VENTOS ................................................................9
1.6.2. MOVIMENTO DEVIDO À DIFERENÇA DE TEMPERATURAS (EFEITO
CHAMINÉ).......................................................................................................................9
1.6.3. REGRAS GERAIS ................................................................................................9
1.7. VENTILAÇÃO GERAL.................................................................................................9
1.8. VENTILAÇÃO LOCAL EXAUSTORA........................................................................11
1.8.1. CAPTORES ........................................................................................................11
1.8.1.1. Introdução – Captores de Exaustão ............................................................11
1.8.1.2. Velocidade de Captura (v) - Captores de Exaustão....................................12
1.8.1.3. Projeto - Captores de Exaustão...................................................................12
1.8.1.4. Velocidades - Captores de Exaustão ..........................................................13
1.8.1.5. Recomendações de Projeto – Captores de Exaustão ................................13
1.8.2. VENTILADORES ................................................................................................14
1.8.2.1. Definição - Ventiladores ...............................................................................14
1.8.2.2. Tipos - Ventiladores .....................................................................................14
1.8.3. COLETORES ......................................................................................................14
1.8.3.1. Definição - Coletores....................................................................................14
1.8.3.2. Objetivos.......................................................................................................14
1.8.3.3. Poluição do Ar Ambiente – Coletores..........................................................14
1.8.4. REDE DE DUTOS...............................................................................................14
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eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
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SUMÁRIO

1.8.4.1. Introdução - Dutos........................................................................................14


1.8.4.2. Recomendações Técnicas - Dutos..............................................................15
1.8.4.3. Definições, abreviaturas e glossário – Dutos. .............................................15
1.9 AVALIAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DE SISTEMAS DE VENTILAÇÃO 16
1.10. TESTES ...................................................................................................................17
CAPÍTULO 2. CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE VENTILAÇÃO E CONCEITOS
BÁSICOS. ..................................................................................................................19
2.1. INTRODUÇÃO...........................................................................................................20
2.2. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO..............................................................................20
2.3. TIPOS DE POLUENTES DO AR...............................................................................20
2.4. CONCEITOS BÁSICOS DE ENGENHARIA APLICÁVEIS À VENTILAÇÃO ...........23
2.4.1. DEFINIÇÃO DE FLUIDO ....................................................................................23
2.4.2. VISCOSIDADE....................................................................................................23
2.4.2.1. Variação da viscosidade com a temperatura: .............................................24
2.4.3. ALGUMAS DEFINIÇÕES IMPORTANTES........................................................24
2.4.3.1. Peso Específico ( γ ).....................................................................................24
2.4.3.2. Massa Específica ou Densidade ( ρ ) ...........................................................24
2.4.3.3. Peso Específico Relativo ( γ r )......................................................................25
2.4.3.4. Densidade Relativa ou Gravidade Específica ( ρ ou GE). .........................25
r
2.4.3.5. Viscosidade cinemática ( υ ) .........................................................................25
2.4.3.6. Compressibilidade........................................................................................26
2.4.4. EQUAÇÃO DE ESTADO DOS GASES..............................................................26
2.4.5. PRESSÃO ...........................................................................................................30
2.4.5.1. Pressão Estática (Pe) ..................................................................................30
2.4.5.2. Pressão Cinética ou de Velocidade (Pc) .....................................................30
2.4.6. MEDIÇÃO DE PRESSÕES ................................................................................31
2.4.7. REGIMES DE MOVIMENTO DE FLUIDOS .......................................................32
2.4.8. EQUAÇÃO DA HIDROSTÁTICA ........................................................................33
2.4.9. REFERENCIAL DE PRESSÕES........................................................................34
2.4.10. RELAÇÃO ENTRE PRESSÃO CINÉTICA E VELOCIDADE...........................34
2.4.11. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE (PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DA
MASSA).........................................................................................................................35
2.4.12. EQUAÇÃO DE BERNOUILLI (PRINCÍPIO DE CONSERVAÇÃO DE
ENERGIA) .....................................................................................................................36
2.5. TESTES .....................................................................................................................37
CAPÍTULO 3. TAXAS DE VENTILAÇÃO..................................................................39
3.1. NECESSIDADES HUMANAS DE VENTILAÇÃO .....................................................40
3.2. TAXA DE VENTILAÇÃO PARA RETIRADA DE CALOR .........................................43
3.2.1. CONDIÇÕES DE CONFORTO TÉRMICO ........................................................43
3.2.1.1. Temperatura Efetiva (TE) ............................................................................44
3.2.1.2. Temperatura Efetiva Corrigida (TEC) ..........................................................47

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eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
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SUMÁRIO

3.2.2. VELOCIDADE DO AR PARA RETIRADA DE CALOR ......................................47


3.2.2.1. Controle de Calor Radiante .........................................................................48
3.2.3. CARGA TÉRMICA ..............................................................................................48
3.2.4. CÁLCULO DA TAXA DE VENTILAÇÃO PARA RETIRADA DE CALOR ..........50
3.3. TESTES .....................................................................................................................52
CAPÍTULO 4. VENTILAÇÃO GERAL .......................................................................54
4.1. VENTILAÇÃO GERAL NATURAL.............................................................................55
4.1.1. VAZÃO DEVIDA AOS VENTOS.........................................................................55
4.1.2. Vazão Devida ao Efeito Térmico ....................................................................58
4.2. VENTILAÇÃO GERAL DILUIDORA..........................................................................62
4.2.1. USOS, VANTAGENS E DESVANTAGENS .......................................................63
4.2.2. VENTILAÇÃO PARA PROTEÇÃO À SAÚDE....................................................64
4.2.3. VAZÃO PARA DILUIÇÃO DE MISTURA DE POLUENTES ..............................68
4.2.4. TAXA DE VENTILAÇÃO PARA EVITAR INCÊNDIO OU EXPLOSÃO .............69
4.3. TESTES .....................................................................................................................71
CAPÍTULO 5. VENTILAÇÃO LOCAL EXAUSTORA – CAPTORES. .......................72
5.1. COMPONENTES.......................................................................................................73
5.2. CAPTAÇÃO DOS POLUENTES ...............................................................................74
5.2.1. TIPOS DE CAPTORES ......................................................................................74
5.2.2. ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES NO PROJETO E LOCALIZAÇÃO DO
CAPTOR........................................................................................................................76
5.2.3. VELOCIDADE DE CAPTURA ............................................................................78
5.2.4. VAZÃO DE EXAUSTÃO .....................................................................................79
5.2.5. REQUISITOS DE ENERGIA DO CAPTOR........................................................86
5.3. TESTES .....................................................................................................................93
CAPÍTULO 6. VENTILAÇÃO LOCAL EXAUSTORA – DUTOS................................94
6.1. TRANSPORTE DOS POLUENTES ..........................................................................95
6.2. DIMENSIONAMENTO DOS DUTOS ........................................................................96
6.3. REQUISITOS DE ENERGIA NO SISTEMA DE DUTOS..........................................97
6.3.1. DUTOS RETOS ..................................................................................................97
6.4. SINGULARIDADES ...................................................................................................99
6.4.1. COTOVELOS......................................................................................................99
6.4.2. CHAPÉUS (SAÍDA DE CHAMINÉ) ....................................................................99
6.5. BALANCEAMENTO DE TRAMOS ..........................................................................101
6.6. TESTES ...................................................................................................................103
CAPÍTULO 7. EQUIPAMENTOS DE CONTROLE DE POLUIÇÃO DO AR............105
7.1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................106
7.2. EFICIÊNCIA DE CONTROLE E PENETRAÇÃO....................................................106
7.3. EQUIPAMENTOS PARA COLETA DE MATERIAL PARTICULADO.....................107
7.3.1. CÂMARA DE SEDIMENTAÇÃO GRAVITACIONAL........................................108

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SUMÁRIO

7.3.2. COLETORES CENTRÍFUGOS SECOS (CICLONES) ....................................108


7.3.3. FILTROS ...........................................................................................................108
7.3.4. LAVADORES ....................................................................................................109
7.3.5. PRECIPITADORES ELETROSTÁTICOS ........................................................110
7.4. EQUIPAMENTO PARA TRATAMENTO DE GASES E VAPORES .......................112
7.4.1. CONDENSADORES.........................................................................................112
7.4.2. ADSORVEDORES............................................................................................112
7.4.3. INCINERAÇÃO .................................................................................................113
7.4.4. ABSORVEDORES ............................................................................................114
7.4.5. BIOREATORES ................................................................................................115
7.5. TESTES ...................................................................................................................119
CAPÍTULO 8. CONJUNTO VENTILADOR - MOTOR – CHAMINÉ.........................120
8.1. IMPORTÂNCIA ........................................................................................................121
8.2. CLASSIFICAÇÃO DOS VENTILADORES..............................................................121
8.2.1. VENTILADORES CENTRÍFUGOS RADIAIS ...................................................121
8.2.2. VENTILADORES CENTRÍFUGOS DE PÁS PARA TRÁS ..............................121
8.2.3. VENTILADORES CENTRÍFUGOS DE PÁS CURVADAS PARA FRENTE ....121
8.2.4. VENTILADORES "RADIAL TIP".......................................................................122
8.3. CURVA OU TABELA CARACTERÍSTICA ..............................................................123
8.4. PRESSÃO E POTÊNCIA DO VENTILADOR..........................................................125
8.5. LEI DOS VENTILADORES......................................................................................127
8.6. INTERAÇÃO VENTILADOR-SISTEMA ..................................................................128
8.6.1. ALTERAÇÃO DA VELOCIDADE DE ROTAÇÃO DO VENTILADOR .............129
8.6.2. "DAMPERS" NA SAÍDA OU NA ENTRADA DO VENTILADOR......................129
8.6.3. CONTROLE DE VOLUME DE AR NA ENTRADA DO VENTILADOR............129
8.7. SELEÇÃO DO VENTILADOR .................................................................................132
8.8. USO DE VENTILADORES EM SÉRIES E EM PARALELO...................................132
8.9. LOCALIZAÇÃO DO VENTILADOR .........................................................................135
8.10. INSTALAÇÃO ........................................................................................................135
8.11. INTERLIGAÇÃO DO SISTEMA.............................................................................135
8.12. MOTOR..................................................................................................................136
8.13. CHAMINÉ...............................................................................................................136
8.14. TESTES .................................................................................................................138
CAPÍTULO 9. AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE VENTILAÇÃO .............................140
9.1. INTRODUÇÃO.........................................................................................................141
9.2. AVALIAÇÃO QUALITATIVA ....................................................................................141
9.2.1. OBSERVAÇÃO DOS ASPECTOS DE PROJETO, CONSTRUÇÃO,
INSTALAÇÃO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO ........................................................141
9.2.2. OBSERVAÇÃO DO PADRÃO DE FLUXO DE AR ..........................................142
9.3. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA .................................................................................142
9.3.1. MEDIÇÃO DA VAZÃO DE AR..........................................................................142

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eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
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SUMÁRIO

9.3.2. MEDIÇÃO DA VELOCIDADE DO AR EM DUTOS..........................................143


9.3.3. MEDIÇÃO DA VELOCIDADE DO AR EM CAPTORES ..................................144
9.4. EQUIPAMENTOS ....................................................................................................144
9.4.1. AVALIAÇÃO QUALITATIVA .............................................................................144
9.4.1.1. Sinalizadores de Correntes de Ar..............................................................144
9.4.2.1. Anemômetros .............................................................................................145
9.5. AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE EXAUSTÃO ........................................................147
9.5.1. NOVAS INSTALAÇÕES ...................................................................................147
9.5.2. INSTALAÇÕES EXISTENTES .........................................................................148
9.5.3. PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO...................................................................149
9.5.4. EQUIPAMENTOS .............................................................................................149
9.6. TESTES ...................................................................................................................150
CAPÍTULO 10. PROJETO DE VENTILAÇÃO.........................................................153
10.1. DADOS DO PROJETO..........................................................................................154
10.2. PROCEDIMENTOS ...............................................................................................154
10.2.1. DETERMINAR QUE TIPO DE CAPTOR DEVE SER UTILIZADO................154
10.2.2. DETERMINAR AS VELOCIDADES DE CAPTURA PARA LOCAIS SEM
CORRENTES CRUZADAS.........................................................................................156
10.2.3. DETERMINAR AS VAZÕES MÍNIMAS DE CAPTAÇÃO...............................157
10.2.4. EQUIPAMENTO DE CONTROLE DE POLUIÇÃO DO AR ...........................158
10.2.5. LAYOUT DO SISTEMA ..................................................................................158
10.2.6. DIMENSIONAMENTO DE DUTOS E CHAMINÉ...........................................159
10.2.7. CONDIÇÕES PARA COTOVELOS E JUNÇÃO (DERIVAÇÃO) ...................160
10.2.8. VAZÃO TOTAL DO SISTEMA (QT) ...............................................................160
10.2.9. CÁLCULO DA PERDA DE CARGA E PRESSÕES DO SISTEMA. ..............160
10.2.10. DADOS DO VENTILADOR A SER UTILIZADO ..........................................161
10.2.11. CORREÇÕES PARA AR NÃO-PADRÃO ....................................................162
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................167
ANEXO A - AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE VENTILAÇÃO .................................170
ANEXO B- AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE VENTILAÇÃO ..................................172

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 1. Introdução a Ventilação
1

CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO A VENTILAÇÃO


Prof. FRANCISCO KULCSAR

OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar conceitos atualizados e aspectos gerais de Ventilação Aplicada à
Higiene do Trabalho que serão desenvolvidos no curso.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Aplicar o conceito moderno de Higiene do Trabalho;
• Reconhecer, planejar e classificar as medidas de controle mais utilizadas;
• Aplicar fundamentos e conceitos básicos de ventilação;
• Verificar em quais indústrias e operações a ventilação é mais utilizada;
• Conhecer os principais produtos de ventilação;
• Ter a noção de aspectos gerais básicos de Higiene do Trabalho, Tecnologia de
Controle em Saúde Ocupacional, Ar Condicionado, Ventilação, Ventilação
Natural, Ventilação Geral, Ventilação Local Exaustora Avaliação Qualitativa e
Quantitativa de Sistemas de Ventilação;

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eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 1. Introdução a Ventilação
2
1.1. HIGIENE DO TRABALHO
É a ciência que trata da antecipação, reconhecimento, avaliação e controle dos
riscos nos locais de trabalho e que podem prejudicar a saúde e o bem-estar dos
trabalhadores, também tendo em vista o possível impacto nas comunidades vizinhas e no
meio ambiente em geral.

1.2. INTRODUÇÃO À TECNOLOGIA DE CONTROLE EM SAÚDE OCUPACIONAL


As medidas de controle são de Engenharia, Administrativas ou Pessoais.

Medidas de Controle de Engenharia

• Substituição de Materiais;
• Substituição ou Modificação de Operações, Processos e Equipamentos;
• Isolamento – Enclausuramento por Barreiras Mecânicas;
• Métodos Úmidos;
• Ventilação Local Exaustora;
• Ventilação Geral Diluidora.

Medidas de Controle Administrativas

• Normas, Permissões de Trabalho, Práticas Seguras de Trabalho e Ordens de


Serviço;
• Métodos Seguros de Trabalho, Manutenção e Limpeza;
• Armazenamento e Rotulagem Adequados;
• Sinalização, Rotas de Fuga e Avisos;
• Vigilância e Prevenção do Impacto Ambiental.

Medidas de Controle Pessoal

• Exames Médicos Periódicos;


• Treinamento e Educação - Capacitação de Trabalhadores;
• Limitação da Exposição – Rodízio ou Rotação de Tarefas;
• Higiene Pessoal;
• Equipamentos de Proteção Individual;
• Seleção; Adaptação/Vedação; Manutenção; Treinamento.

1.3. INTRODUÇÃO À VENTILAÇÃO INDUSTRIAL


A Ventilação Industrial é extremamente importante no controle de agentes químicos
tóxicos, é tida como a mais importante medida de controle por não interferir no processo
e ser eficiente na captura de poluentes. É utilizada também no controle de atmosferas
potencialmente explosivas reduzindo a concentração dos materiais inflamáveis a níveis
seguros. A Ventilação Industrial contribui no controle da sobrecarga térmica e na
manutenção do conforto térmico dos trabalhadores.
A Ventilação Geral pode diluir substâncias menos tóxicas presentes no ar até níveis
seguros, respeitando algumas condições e restrições, pois os trabalhadores de qualquer

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eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 1. Introdução a Ventilação
3

forma irão respirar contaminantes mesmo que diluídos e às vezes poderão estar tão
próximos da fonte que não haverá tempo de diluição.
A Ventilação Local deve capturar a substância tóxica antes de ela conseguir chegar
a se espalhar no ar e vir alcançar a sua zona respiratória.
Vejamos alguns fatos sobre ventilação:

Preste atenção nesta informação:


Não espere que um ventilador no alto de uma parede capture os vapores emitidos
do outro lado da parede.

Esta informação é importante:


Use a Ventilação Geral Diluidora somente se o contaminante for de baixa
toxicidade, o volume gerado for pequeno, a geração for uniforme próxima à saída, o
trabalhador estiver longe da fonte e se o ar da sala se misturar facilmente ao ar de
diluição, caso contrário use Ventilação Local Exaustora.

1.3.1. APLICAÇÕES INDUSTRIAIS PRÁTICAS DA VENTILAÇÃO LOCAL


EXAUSTORA
Os produtos químicos tóxicos, perigosos, inflamáveis ou explosivos que são
emitidos por processos, equipamentos ou operações industriais podem estar presentes
no ar em quantidades suficientes para causar acidentes, doenças ou até a morte. Como
por exemplo, nos seguintes grupos e operações estão:

• Fundição: Jateamento, Fornos, Misturadores, Moinhos, Shake-Out;


• Metalúrgicas: Serra de corte abrasivo, Esmerilhamento, Polimento, Solda,
Spray Metálico, Corte de Metal com Serra de Fita;
• Materiais Altamente Tóxicos: Capelas de Laboratório, Comuns, Ácido
Perclórico, Glove Box;
• Manuseio de Materiais: Enchimento de Saco, Empacotadores, Enchimento de
Barril, Depósito e Tremonha, Elevador de Caneca, Transportador por Correias,
Peneiras;
• Tanques de Superfície Aberta: Desengraxe, Decapagem, Imersão,
Galvanoplastia;
• Pintura: Cabine de Spray de Carros, Largas, Pequenas;
• Trabalhos em Madeira - Carpintarias, Serrarias, Movelarias: Tupias,
Lixadeiras, Serras, Desengrossadeiras;
• Miscelânea: Ferramentas Pneumáticas, Bamburi, Misturadores, Calandras,
Coifas, Garagens, Sala de Testes de Motores Diesel, Cozinhas, Lavadoras,
Grelhas, Corte de Granito, Indústria de Grãos, Salas Limpas, Leito Fluidizado, Corte
a Fogo, Fumigação, Cerâmica, Pintura, Limpeza com Ar Comprimido, Lixamento,
Torno.

Instalar preferencialmente sempre Sistemas de Ventilação Local Exaustora no


controle ambiental. A Ventilação Geral pode ser utilizada para reposição do ar
exaurido, no controle de calor e diluição de odores e agentes químicos menos
tóxicos.
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eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 1. Introdução a Ventilação
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1.3.2. MÉTODOS DE CONTROLE AMBIENTAL


As Medidas de Controle podem ser divididas em:

• Medidas de Engenharia: Equipamentos de Controle Coletivo e Monitoramento


Ambiental;
• Medidas Administrativas: Normas, Procedimentos Seguros de Trabalho,
Sinalização e Rotulagem;
• Medidas Pessoais: EPI, Treinamento e Monitoramento Ambiental e Médico.

1.3.3. PRINCIPAIS PRODUTOS DA INDÚSTRIA DE VENTILAÇÃO


Captores de exaustão: Proteção da zona respiratória dos trabalhadores.
• Ventiladores:
9 Ventiladores Axiais: Minas, Axiais de Parede, de Teto (Roof - Top) e Tubo -
Axiais (Vane – Axiais);
9 Ventiladores Centrífugos: Baixa, Média e Alta Pressão (Sopradores e Turbo
- Sopradores), Especiais para Tiragem em Alta Temperatura, Sistemas de
Ventilação Geral, Renovação de Ar, Pressurização de Ambientes, Filtragem,
Cortinas de Ar, Sistemas de Ventilação Local Exaustora (Gases, Vapores,
Poeiras, Fibras, Fumos, Névoas, Neblinas, Captores, Dutos, Chaminés,
Coletores Secos e Úmidos, Lavagem e Neutralização), Cabines de Pintura,
Aplicações Produtivas: Estufas, Secadores e Transporte Pneumático, Centrais
de Ventilação, Aquecimento, Umidificação e Resfriamento.
• Coletores:
Proteção do Meio Ambiente e Comunidades Vizinhas
9 Ciclones de Alta Eficiência e Baterias de Ciclones: Aplica-se a todos os
segmentos produtivos;
9 Ciclone Universal: Pré-filtro para filtro de mangas, indústria em geral, menos
para indústrias de minas, ferro e aço, alimentação e energia. (Coletores
Dinâmicos Secos);
9 Filtros de Mangas: Filtros de Mangas são extremamente eficientes na coleta
de partículas finas secas com o objetivo de controlar a poluição do meio
ambiente, recuperação e reaproveitamento de matérias primas de valor.
9 O processo de limpeza dos filtros de manga é realizado através de um
pulso de ar comprimido, apresentando maior eficiência e maior utilização da
área de filtragem. A limpeza das fileiras de filtros é realizada de forma
seqüencial, automática, contínua e sem a necessidade de se interromper o
processo de filtragem.
9 Os filtros de mangas manuais, ou automáticos com reversão de fluxo de ar
ou com injeção de ar comprimido são aplicados em todos os segmentos
produtivos;
9 Coletores Úmidos: Lavadores de Ar, Torre com de Enchimento e Venturi -
Aplicável a todos os setores. Atualmente muito utilizados no controle de gases
e vapores.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 1. Introdução a Ventilação
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1.3.4. TIPOS DE INDÚSTRIA CONSUMIDORES DE PRODUTOS DE


VENTILAÇÃO
• Mineração (Minas Subterrâneas e Abertas):
Ventiladores de minas, renovação de ar, retirada de poeira viável,
despoeiramento através de coletores, transporte e beneficiamento de minerais,
peneiramento, britagem, moagem, elevadores de caneca, transportadores de
correia e vibratórios.

• Siderurgia, Metalurgia (Fundição, Forjaria, etc.), Indústria de Ferro e Aço:


Ventiladores industriais, sopradores, turbo-sopradores, processos de ventilação
geral e local, resfriamento, tiragem mecânica direta ou induzida, aspiração e coleta
de aerodispersóides, gases e vapores em sinterização, altos fornos, laminação,
dessulfuração, chaminés, fornos Cubilot e elétricos, preparação de areia,
desmoldagem, rebarbação, secagem de núcleos e laminação. Não Metais -
Ventiladores Industriais, sopradores, turbosopradores, processos de ventilação
geral e local, aspiração e coleta de aerodispersóides, gases e vapores em fornos
rotativos e cadinhos.

• Indústria Química, Medicamentos, Computadores, Agroindústria, Cimento,


Abrasivos de Papel e Celulose:
Ventiladores industriais, limit-load, siroco, sopradores, turbo-sopradores.
processos de ventilação geral e local, resfriamento, tiragem mecânica direta ou
induzida, aspiração e coleta de aerodispersóides, gases e vapores, absorção e
adsorção de gases, secagem, transporte pneumático e reaproveitamento de
matéria prima.

• Indústria de Construção: Ventilação Geral, renovação de ar e pressurização.


Indústria Madeireira, Indústria Alimentícia e Embalagem, Indústria Têxtil, Espaços
Confinados, Usinas Hidroelétricas, Termoelétricas e Atômicas, Usinas de
Reciclagem de Lixo e Incineradores.

1.3.5. OPERAÇÕES QUE LIBERAM POEIRAS


Operações de extração mineral, transporte e beneficiamento, britagem, moagem,
peneiramento e transporte. Poeiras contendo sílica livre cristalizada.

• Construção civil:
Polimento de fachadas, cavação de poços e túneis - Sílica e asbesto. Agroindústria
- silos e granjas. Síndrome da Poeira Tóxica Orgânica. Grãos, fibras, algodão e
cana de açúcar.

• Siderúrgicas e metalúrgicas:
Coque, corte de tijolo refratário, jateamento abrasivo, esmerilhamento, polimento,
lixamento, fundição e shake-out. Sílica livre cristalizada, óxido de ferro, silicatos e
carbonatos.

o
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Capítulo 1. Introdução a Ventilação
6

• Madeireiras:
Corte, desbaste, lixamento e acabamento.

• Cerâmica, vidro, cimento, fibra de vidro:


Sílica livre cristalizada, poeira de soda, chumbo, fibra de vidro, cimento.

• Tintas:
Sais de chumbo, óxido de zinco, óxido de ferro, óxido de cromo (pigmentos).

1.3.6. OPERAÇÕES QUE LIBERAM FUMOS


• Solda:
Cádmio, manganês, cromo, chumbo, berílio, níquel, mercúrio, zinco, vanádio
molibdênio e ferro.
• Fornos:
Óxido de alumínio, ferro, manganês e chumbo.
• Baterias:
Chumbo, óxido de chumbo, níquel e cádmio.

1.3.7. OPERAÇÕES QUE LIBERAM NÉVOAS


• Banhos de galvanoplastia, decapagem e desengraxe:
Ácido crômico, cianetos, ácido clorídrico, ácido sulfúrico.

• Baterias:
Ácido sulfúrico.

1.3.8. OPERAÇÕES QUE LIBERAM VAPORES


• Indústria metalúrgica em operações de desengraxe:
Clorados como tricloroetileno, percloroetileno, tricloroetano e tetracloreto de
carbono.

• Indústrias químicas e petroquímicas:


BTX e complexo de substâncias.

• Indústrias de borracha:
Aminas aromáticas e solventes orgânicos como o tolueno, disocianato, isocianatos
e benzeno.

• Indústrias de plásticos:
Tetracloreto de carbono, dissulfeto de carbono.

• Indústrias de calçados:
Colagem libera hexano e tolueno.

o
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Capítulo 1. Introdução a Ventilação
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• Indústria de madeira:
Hexano, xileno, tolueno, formaldeído.

• Indústria gráfica:
BTX, hexano.

• Indústria de cervejaria:
Limpeza libera tricloroetileno.

• Indústria de fibras artificiais:


Dissulfeto de carbono e benzeno.

• Indústria do papel:
Solventes orgânicos.

1.3.9. OPERAÇÕES QUE LIBERAM GASES


• Aciaria:
Monóxido de carbono, dióxido de carbono, dióxido de enxofre.

• Cervejaria:
Fermentação libera dióxido de carbono.

• Frigoríficos e refrigerantes:
Vazamento de gases refrigerantes como amônia e clorofluorcarbonos.

• Coque:
Monóxido de carbono.

• Papel:
Dióxido de enxofre e gás sulfídrico na preparação da pasta de papel.

1.4. FUNDAMENTOS
1.4.1. ASPECTOS GERAIS
A mais importante medida de controle de poluição do ar é a ventilação de
operações, equipamentos, processos e ambientes que produzem e emitem
contaminantes.
A ventilação industrial evita a dispersão de poluentes tóxicos e inflamáveis e/ou
promove a sua diluição, como também mantém e promove o conforto térmico.
O projeto inicia-se com a delimitação da área, equipamentos poluentes,
trabalhadores expostos e o selecionamento do tipo de sistema e equipamentos a serem
utilizados.

o
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Capítulo 1. Introdução a Ventilação
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1.4.2. DEFINIÇÕES
A ventilação industrial é a movimentação intencional do ar no ambiente de trabalho,
projetada, executada, instalada, operada, mantida e alterada para atender as
necessidades de saúde, segurança, conforto, eficiência e bem-estar dos trabalhadores, e
proteção à propriedade e à produção (materiais, processos e equipamentos).
ASHRAE - Processo de se retirar ou fornecer ar por meios naturais ou mecânicos
de ou para um recinto. Tal ar pode ou não ter sido previamente condicionado.
ABNT - Processo de renovar o ar de um recinto.

1.4.3. OBJETIVOS
• Objetivo Geral
9 O objetivo fundamental da ventilação é controlar a qualidade do ar de um
recinto fechado.

• Objetivos Específicos
9 Com a ventilação podem ser controladas a vazão, a velocidade, a pureza, a
pressão e a distribuição do ar no recinto.
9 Dentro de certos limites a ventilação também pode controlar a temperatura e
a umidade do ar em um recinto fechado.

1.5. AR CONDICIONADO
É o processo de tratamento de ar que controla simultaneamente temperatura,
umidade, pureza e distribuição para atender as necessidades do(s) (ocupantes do)
ambiente condicionado.
Como exemplo da necessidade de utilização destacam-se as seguintes áreas:

Saúde – Hospitais – salas de cirurgia, UTI, CTI, salas de recuperação, tratamento


de alérgicos.
Conforto Térmico – Bem-Estar, Produtividade – Bancos, lojas, cinemas,
residências, hotéis, veículos.
Operação de Equipamentos – Eletrônicos, computadores, laboratórios,
metrologia, balanças de precisão.
Processos Produtivos – Eletrônicos, produtos farmacêuticos, fiação, ind.
alimentícia balas, chocolates, impressão.

1.6. VENTILAÇÃO NATURAL


É o deslocamento intencional ou controlado do ar através de aberturas como
portas, janelas, lanternins, e dispositivos específicos de ventilação.
A vazão de ar que entra ou sai de um edifício depende da diferença de pressão
entre o interior e o exterior e da resistência ao fluxo de ar oferecido pelas aberturas e
frestas do edifício.
Os responsáveis pela movimentação do ar no interior do edifício são a força dos
ventos e as diferenças de temperatura entre o ar interior e o exterior do edifício.
O efeito chaminé é também conhecido como efeito diferença de densidade ou efeito
diferença de temperatura.
o
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Capítulo 1. Introdução a Ventilação
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Os efeitos da Ventilação Natural num edifício são dependentes da variação de


velocidade e direção dos ventos e da diferença de temperaturas.

Importante:
As aberturas devem ser projetadas, construídas, instaladas, localizadas e
controladas de forma a agir de forma cooperativa.

1.6.1. MOVIMENTO DEVIDO AOS VENTOS


No projeto considerar as seguintes variáveis:
• Velocidade média sazonal do vento;
• Direção predominante do vento;
• Variações diárias e sazonais do vento;
• Interferências locais como edifícios, colunas;
• Localização das aberturas de entrada voltadas para o vento;
• Localização das aberturas de saída na parede oposta ao vento, no telhado na
área de baixa pressão causada pelo vento e em dispositivos de ventilação
instalados nos telhados;
• Dimensionamento baseado em 50% do valor da velocidade média sazonal do
vento.

1.6.2. MOVIMENTO DEVIDO À DIFERENÇA DE TEMPERATURAS (EFEITO


CHAMINÉ)
No projeto considerar as seguintes variáveis:
• Não deve haver resistência significativa ao fluxo dentro do edifício e nas
aberturas de entrada e saída;
• Quanto maior a distância entre aberturas de entrada e saída melhor.

1.6.3. REGRAS GERAIS


• Edifícios e equipamentos de ventilação devem ser projetados para que a
ventilação natural seja efetiva em todas as direções do vento;
• Aberturas de entrada não devem ser obstruídas por edifícios, árvores,
equipamentos, etc.;
• Obtém-se uma vazão maior por área total de abertura usando-se áreas iguais
de abertura de entrada e saída;
• Deve haver uma distância vertical tão grande quanto possível entre as
aberturas de entrada e saída, para que o efeito chaminé possa produzir uma força
adequada.

1.7. VENTILAÇÃO GERAL


A Ventilação Geral pode ser utilizada no controle de calor ou na diluição de agentes
químicos. A ventilação geral para conforto térmico pode utilizar, de forma simplificada, os
requisitos ou recomendações de vazão dadas em termos de renovações ou trocas de ar
por hora. Com esta técnica também há vantagens no controle de odores.
A vazão de ar de um ambiente é a taxa de ventilação que um sistema de ventilação
geral insufla e/ou retira de um ambiente. Normalmente é fornecida em m3/h ou pé3/min.
o
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Capítulo 1. Introdução a Ventilação
10

Quando o sistema de ventilação geral faz passar um volume de ar igual ao volume


do ambiente podemos dizer que ocorreu uma renovação de ar do ambiente ou que todo o
ar do ambiente foi trocado. O número de renovações é dado em unidade de tempo.
Número de renovações por Hora (N°Ren/h) ou Número de Trocas por Hora (N°Tr/h)
Este critério é baseado no número de renovações ou trocas completas de ar no
recinto por hora.
Q = V.Nº
Q = Vazão de ar (m3/h)
V = Volume de ar (m3)
Nº = Número de renovações por hora (Ren/h)

Q (m3/h)
Nº de trocas de ar / h =
V (m3)
Vazão por pessoa (m3/h ou cfm por pessoa)
Este critério é baseado na vazão de ar necessária por pessoa, de modo a remover
odores e fumaça.

Quadro 1.1.
Calcular a vazão (Q) em m3/h necessária para ventilar um banheiro público com as

seguintes dimensões 10x10x3 m. Sabe-se que o número de renovações recomendado

será este caso é 10 renovações/h.

Vazão de Ventilação é dada por: Q = V x N°

Onde:

Q = Vazão de ar (m3/h)

V = Volume de ar (m3)

Nº = Número de renovações por hora (Ren/h) = 10 Ren/h

Volume V = 10x10x3 = 300 m3 Q = V x Nº

Q = 300 x 10 = 3.000 m3/h

o
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Capítulo 1. Introdução a Ventilação
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1.8. VENTILAÇÃO LOCAL EXAUSTORA


O Sistema de Ventilação Local Exaustora (SVLE) é composto pelos seguintes
elementos.

1.8.1. CAPTORES
1.8.1.1. Introdução – Captores de Exaustão
O captor é uma peça ou dispositivo especialmente projetado para enclausurar o
contaminante e estabelecer uma corrente de ar para o seu interior, pela manutenção da
diferença de pressões entre o ar ambiente e o ar existente no interior do captor. O
movimento dos contaminantes para o captor pode ser natural ou forçado. O caso de
movimento natural é aquele em que as partículas são produzidas com velocidade inicial
(ex.: politriz, esmeril) ou sobem devido a diferença de peso específico (ex.: lareira,
churrasqueira).
No caso de não terem velocidade inicial, faz-se com que os contaminantes sejam
capturados, criando em torno dos mesmos uma corrente de ar chamada vazão de
controle com uma determinada velocidade de controle ou captura.

Nota:
a) Cabines de pintura
b) Captores externos laterais para galvanoplastia
c) Captores receptores para esmeris e politrizes
d) Captores enclausurantes para operações de transporte e beneficiamento de minérios

Figura 1.1. Sistema de ventilação local exaustora.

o
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Capítulo 1. Introdução a Ventilação
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1.8.1.2. Velocidade de Captura (v) - Captores de Exaustão


A velocidade de captura é a velocidade que o ar deverá ter na frente do captor
numa distância X de captura suficiente para arrastar o contaminante para o captor. Há
casos em que o captor envolve completamente o processo de geração de contaminante;
nesse caso a velocidade na boca é suficiente para impedir tendências de fuga de ar do
seu interior. Nas cabines a velocidade de captura é igual à velocidade de face.

1.8.1.3. Projeto - Captores de Exaustão


O objetivo do captor é criar uma corrente de ar com velocidade de captura na fonte
contaminante. Usar a base de cálculo de vazão de ar de controle por área contaminada.
Determinados cuidados devem ser tomados no projeto de um captor, devendo ser:
• Desenvolvimento: Enclausurar a operação; envolver ao máximo a fonte
geradora; caso não seja possível localizá-lo o mais próximo possível da fonte e seu
formato deve gerar um padrão de fluxo de ar que controle a área de contaminação;
• Executar as aberturas absolutamente necessárias para realizar as tarefas;
• Providenciar acessos e aberturas para o trabalho como portas de inspeção,
manutenção e limpeza; o projeto deve facilitar a limpeza; não atrapalhar o operador;
não interferir com o processo;
• Captores não enclausurantes: São último recurso, pois necessitam grandes
volumes de exaustão e ainda afetados por correntes de ar transversais;
• Coifas: Usar correntes térmicas em processos quentes de gases, vapores e não
aplicar coifas em processos com substâncias tóxicas e o trabalhador se inclinar
sobre o processo;
• Tomada de duto: Localizar na linha de centro do movimento do poluente;
grandes captores devem ter múltiplas tomadas para evitar distribuição insatisfatória
ou tendência de concentrar-se num ponto como a face do duto, gerando perda de
carga excessiva;
• Aproveitar o movimento inicial de geração do poluente;
• Eliminar ou minimizar as correntes de ar transversais;
• O captor deve ser cuidadosamente instalado para proteger a zona respiratória
do trabalhador;
• Correntes de ar não devem atrapalhar a captura dos contaminantes pelos
captores de exaustão, devendo ser mínimas ou favorecer a captura.
Eliminar fontes de movimento de ar próximo ao captor como:
• Correntes térmicas;
• Movimento de máquinas, como esmeril, transportadores;
• Movimento de materiais, enchimento;
• Movimentos do operador;
• Correntes de ar transversais na sala; 0,25 m/s é o máximo permitido.
O ar deve mover-se rápido o suficiente à frente do captor para capturar o
contaminante. Isto é a chamada velocidade de captura.

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Capítulo 1. Introdução a Ventilação
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1.8.1.4. Velocidades - Captores de Exaustão


Velocidade de Captura - Velocidade do Ar num ponto em frente ao captor
necessária para vencer as correntes de ar em oposição e capturar o ar contaminado num
ponto pela formação de um fluxo para o interior do captor.
Velocidade de Face - Velocidade do Ar na face do captor.
Velocidade de Fresta - Velocidade do Ar através das aberturas do captor tipo
fresta ou fenda. É usada primeiramente para obter uma distribuição do ar através do
captor.
Velocidade de Plenum - Velocidade do Ar no plenum do captor tipo fresta ou
fenda. É usada primeiramente para obter uma distribuição do ar através do captor, a
velocidade máxima é ½ da velocidade da fresta.
Velocidade de Duto - Velocidade do Ar da seção transversal do duto. Quando há
material particulado na corrente de fluxo, a velocidade no duto é igual a Velocidade
Mínima de Projeto no Duto.
Velocidade Mínima de Projeto no Duto - É a mínima velocidade do ar requerida
para mover as partículas no fluxo de ar.
A localização e o formato do captor deve aproveitar a velocidade original do
contaminante enviando-o para a abertura do captor.
Criar um fluxo de ar passando na fonte suficiente para capturar o contaminante.
Vários dos padrões são arbitrários, outros não. Velocidade de captura na fonte e
vazão/área na fonte.
Efeito do insuflamento possui um alcance e uma esfera de influência 30 vezes
maior que o efeito da exaustão.
Efeito do insuflamento é direcional. Efeito da exaustão é omnidirecional.
O ar de exaustão aumenta com o quadrado da distância.
Para que a Ventilação possa protegê-lo, ela deve ser usada corretamente ou então
não funcionará.

1.8.1.5. Recomendações de Projeto – Captores de Exaustão


• Vazão de controle, velocidade de captura;
• Requisitos de energia;
• Localização;
• Forma geométrica, modelo aerodinâmico;
• Posição do Trabalhador;
• Mínima vazão de controle;
• Mínimo consumo de energia;
• Partículas grossas necessitam barreiras mecânicas para serem controladas;
• Partículas finas são controladas pelas correntes de ar.

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Capítulo 1. Introdução a Ventilação
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1.8.2. VENTILADORES
1.8.2.1. Definição - Ventiladores
Os ventiladores são máquinas de fluxo em que o meio operante é um gás que
normalmente é o ar. Podemos compará-los em parte com as turbinas hidráulicas,
bombas centrífugas e axiais. Como equipamentos normalmente são montados em um
conjunto moto-gerador, sendo chamado conjunto moto-ventilador.
O termo ventilador se refere a qualquer dispositivo que possa criar fluxo de ar
requerido em um Sistema de Ventilação Local Exaustora.
Os ventiladores como máquinas de fluxo, o trabalho mecânico transforma-se em
energia cinética e uma parte em energia de pressão.

1.8.2.2. Tipos - Ventiladores


Os ventiladores são normalmente classificados em dois tipos, centrífugos ou axiais.
Nos ventiladores centrífugos a descarga ocorre num plano normal à entrada. Nos
ventiladores axiais, o ar é descarregado na mesma direção da entrada, paralelo ao eixo.

1.8.3. COLETORES
1.8.3.1. Definição - Coletores
São equipamentos que propiciam meios de limpeza do ar. Os coletores são usados
na separação dos contaminantes do ar transportados pelos S.V.L.E.

1.8.3.2. Objetivos
Os coletores são projetados, construídos, instalados, operados e mantidos visando:
• Adequar-se às leis ambientais, evitando riscos de poluição ou incômodo na área
de descarga dos efluentes;
• Prevenir a reentrada dos contaminantes na indústria controlando, coletando ou
filtrando o retomo do ar de descarga;
• Proteger ventiladores dos efeitos dos poluentes, como entupimento, abrasão,
corrosão ou desbalanceamento;
• Permitir a recirculação de ar em ambientes interiores climatizados;
• Recuperar materiais valiosos.

1.8.3.3. Poluição do Ar Ambiente – Coletores


O controle da poluição ambiental através da limpeza do ar do Sistema de
Ventilação Local Exaustora deve ser feito através de adequado selecionamento do
coletor levando-se em conta as leis ambientais, a posição da chaminé de descarga, a
natureza e a quantidade do poluente. Poeiras e fibras requerem normalmente controle
ambiental pois se sedimentam rapidamente no meio ambiente e comunidades vizinhas.

1.8.4. REDE DE DUTOS


1.8.4.1. Introdução - Dutos
Os dutos devem correr seguindo a distribuição das máquinas poluentes através da
planta e layout, interligando seus respectivos captores ao coletor, ventilador exaustor e
o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 1. Introdução a Ventilação
15

chaminé de descarga. A configuração final da linha de dutos dependerá também das


características e singularidades arquitetônicas da edificação.
Como pré-projeto, normalmente se utiliza o diagrama unifilar para esquematizar a
linha de dutos. Essa linha deverá ter o menor comprimento possível, minimizando a
perda de carga e maximizando a economia de energia.
Recomenda-se que o sistema de coleta e o conjunto moto-ventilador deva ser
instalado o mais próximo possível dos pontos de captação, porém do lado externo da
fábrica ou numa casa de máquinas apartada da área de produção de forma a reduzir os
problemas de ruído e poluição causados respectivamente pelo ventilador e pelo coletor.
O dimensionamento da seção transversal dos dutos e singularidades ao longo da
linha deverá computar as vazões, velocidade de transporte recomendada e perdas de
carga em cada trecho da tubulação principal, secundária ou ramal.

1.8.4.2. Recomendações Técnicas - Dutos


São dadas a seguir, algumas recomendações técnicas sobre dutos:
• Dutos de seção transversal circular;
• Curvas de 90º;
• Raio longo com curvatura r =2D (duas vezes o diâmetro do duto);
• Entradas de ramal ou conexões à 30º.

Não se recomenda a utilização dutos de seção retangular pelos seguintes motivos:


• Cantos vivos que facilitam a deposição de poeiras;
• Formação de zonas mortas de ar nos ângulos do retângulo;
• Maior desgaste dos dutos por abrasão ou corrosão.

1.8.4.3. Definições, abreviaturas e glossário – Dutos.


São dadas a seguir, algumas definições, abreviaturas e glossário sobre dutos:
• Duto - Tubulação destinada ao transporte de contaminantes no Sistema de
Ventilação Local Exaustora (SVLE);
• Duto Principal - É a linha mestra dos dutos. Os ramais e os dutos secundários
são conectados ao duto principal que depois se une ao coletor, ao ventilador
exaustor e chaminé de descarga;
• Duto Secundário - É uma seção secundária do duto principal, que conecta
ramais ou outros dutos secundários ao duto principal;
• Ramal - É um duto conectado ao captor de exaustão;
• Chaminé – É a parte da rede de dutos que é localizada após o ventilador e é
responsável pela descarga do ar de exaustão;
• Velocidade de Transporte - m/s (metros por segundo) ou pés/min (pés por
minuto) FPM (feet per minute) Velocidade de ar real necessária para manter os
contaminantes em suspensão e em movimento, garantindo a flutuação e o
transporte no interior de dutos, evitando sedimentações, estagnações e
entupimentos, direcionando-os ao ventilador e ao coletor;
• Velocidade Mínima de Projeto – m/s (metros por segundo) ou pés/min (pés por
minuto) FPM (feet per minute) É a velocidade projetada para garantir flutuação e
transporte dos poluentes;

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 1. Introdução a Ventilação
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• Q - Vazão de ar em m3/h, (metros cúbicos por hora) m3/min, (metros cúbicos por
minuto) m3/s (metros cúbicos por segundo) ou pés3/min (pés cúbicos por minuto)
CFM (cubic feet per minute).

1.9 AVALIAÇÃO QUALITATIVA E QUANTITATIVA DE SISTEMAS DE


VENTILAÇÃO
Nos ambientes industriais, a avaliação da eficiência dos sistemas de ventilação é
feita de modo qualitativo e quantitativo. A avaliação qualitativa depende da inspeção
visual do sistema para verificar se foi bem projetado, construído, instalado, operado e
mantido. A avaliação qualitativa ainda pode ser utilizada na verificação dos aspectos
aerodinâmicos do sistema onde tubos geradores de fumaça detectam correntes de ar no
ambiente ou em captores de exaustão. A geração de fumaça pode ser usada também
para detectar vazamentos e testar a estanqueidade de sistemas vedados. A avaliação
quantitativa é realizada com o auxilio de equipamentos de medição como anemômetros
para medir a velocidade do ar e manômetros para medir a pressão.

o
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Capítulo 1. Introdução a Ventilação
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1.10. TESTES
1. Em relação as medidas de controle, julgue se são verdadeiras ou falsas as
afirmações abaixo e escolha a alternativa com a seqüência correta (de cima para
baixo):
I. As medidas de controle são classificadas em Medidas de Controle de Engenharia,
Administrativas ou Pessoais.
II. As Medidas de Controle de Engenharia são: Substituição de
Materiais,Substituição ou Modificação de Operações, Processos e Equipamentos,
Isolamento – Enclausuramento por Barreiras Mecânicas, Métodos Úmidos,
Ventilação Local Exaustora, Ventilação Geral Diluidora.
III. As Medidas de Controle Administrativas são: Normas, Permissões de Trabalho,
Práticas Seguras de Trabalho e Ordens de Serviço, Métodos Seguros de Trabalho,
Manutenção e Limpeza, Armazenamento e Rotulagem Adequados, Sinalização,
Rotas de Fuga e Avisos, Vigilância e Prevenção do Impacto Ambiental.
IV. As Medidas de Controle Pessoal são: Exames Médicos Periódicos, Treinamento
e Educação - Capacitação de Trabalhadores, Limitação da Exposição – Rodízio ou
Rotação de Tarefas, Higiene Pessoal, Equipamentos de Proteção Individual,
Seleção; Adaptação/Vedação; Manutenção; Treinamento e Ventilação Local
Exaustora.
a) V V V V.
b) F F F F.
c) F F F V.
d) V V V F.
e) V F F F.

2. Com relação a Ventilação Industrial julgue se são verdadeiras ou falsas as


afirmações abaixo e escolha a alternativa com a seqüência correta (de cima para
baixo):

I. A Ventilação Geral pode diluir substâncias menos tóxicas presentes no ar até


níveis seguros, respeitando algumas condições e restrições, pois os trabalhadores
de qualquer forma irão respirar contaminantes mesmo que diluídos e às vezes
poderão estar tão próximos da fonte que não haverá tempo de diluição.
II. A Ventilação Local Exaustora tem por finalidade capturar a substância tóxica
presente no ambiente de trabalho antes que ela consiga se espalhar no ar e
alcance a zona respiratória do trabalhador.
III. A Ventilação Geral Diluidora deve ser utilizada somente nas seguintes
condições: se o contaminante for de baixa toxicidade, se o volume gerado for
pequeno, se a geração for uniforme e próxima à saída, se o trabalhador estiver
longe da fonte, se o ar da sala se misturar facilmente ao ar de diluição.
IV. A ventilação industrial é a movimentação intencional do ar no ambiente de
trabalho, projetada, executada, instalada, operada, mantida e alterada para atender
as necessidades de saúde, segurança, conforto, eficiência e bem-estar dos
trabalhadores, e proteção à propriedade e à produção (materiais, processos e
equipamentos).

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eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 1. Introdução a Ventilação
18

a) V V V V.
b) F F F F.
c) F V F V.
d) V F V F.
e) F F V V.

3. Segundo a definição da ABNT, a ventilação Industrial é o processo de recircular


o ar de um recinto.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

4. A ventilação Natural é o processo de se retirar ou fornecer ar por meios naturais


ou mecânicos de ou para um recinto, sendo que tal ar pode ou não ter sido
previamente condicionado.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

5. São apresentadas a seguir, possíveis recomendações técnicas sobre o uso de


dutos em Ventilação Local Exaustora julgue as afirmações e assinale a alternativa
que apresenta a seqüência correta (de cima para baixo):
I. Recomenda-se o uso de Dutos de seção transversal retangular;
II. Recomendá-se raio longo com curvatura linha de centro de raio igual a duas
vezes o diâmetro do duto (R = 2D).
III. Entradas de ramal ou conexões devem ser de 90º.
IV. Recomenda-se o uso de curvas de 60° ou menos.

a) F F F F.
b) V F V V.
c) V V F F.
d) F V F F.
e) F F V V.

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eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
19

CAPÍTULO 2. CLASSIFICAÇÃO DE SISTEMAS DE VENTILAÇÃO E CONCEITOS


BÁSICOS.
Prof. JOÃO VICENTE DE ASSUNÇÃO

OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar os tipos de ventilação disponíveis, suas aplicações e alguns conceitos
básicos que serão utilizados nos cursos.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Distinguir entre ventilação local e ventilação geral e seus potenciais usos;
• Identificar os tipos de poluentes e a conceituação e classificação dos aerossóis;
• Ter a noção do que é partícula respirável ou inalável;
• Identificar os padrões ocupacionais e ambientais e seu campo de aplicação;
• Conhecer os principais conceitos básicos de engenharia aplicáveis à ventilação
industrial.

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eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
20

2.1. INTRODUÇÃO
A ventilação é uma técnica disponível e bastante efetiva para controle da poluição
do ar de ambientes de trabalho e mesmo de ambientes residenciais e de lazer. A sua
adequada utilização promove a diluição ou retirada de substâncias nocivas ou incômodas
presentes no ambiente de trabalho, de forma a não ultrapassar os limites estabelecidos
na legislação (Limites de Tolerância) ou os níveis aceitáveis ou recomendados. A
ventilação também pode ser utilizada para controlar a concentração de substâncias
explosivas e/ou inflamáveis agindo dessa forma no aspecto de segurança tanto do
trabalhador como dos bens materiais da empresa. A ventilação também é útil na
conservação de materiais e equipamentos. Finalmente, seu uso pode promover ou
auxiliar no conforto térmico dos ambientes de trabalho e ambientes em geral.
Na prática se tem verificado que muitos dos sistemas de ventilação instalados não
vem funcionando a contento, seja por falha de projeto, seja por construção ou
funcionamento fora das condições de projeto ou mesmo por falta de manutenção
adequada.

2.2. DEFINIÇÃO E CLASSIFICAÇÃO


Ventilação pode ser definida como a movimentação intencional do ar, de forma
planejada, com o intuito de atingir um determinado objetivo. Essa movimentação pode ser
feita por meios naturais ou mecânicos. Deve-se ter em mente que o ar sempre se
movimenta da zona de maior pressão para zona de menor pressão. Portanto, o projeto
correto de diferenciais de pressão no sistema é de fundamental importância para o seu
bom funcionamento.
Os sistemas de ventilação podem ser classificados em VENTILAÇÃO GERAL,
natural ou mecânica, que é aquela que ventila o ambiente como um todo e apenas dilui,
também conhecida como Ventilação Geral Diluidora (VGD), e VENTILAÇÃO LOCAL
EXAUSTORA (VLE) que retira as substâncias emitidas diretamente do local de geração,
conduzindo-os para o ar externo. Os dois tipos estão mostrados na Figura 2.1.

2.3. TIPOS DE POLUENTES DO AR


As substâncias emitidas nos ambientes de trabalho podem estar na forma de
partículas sólidas ou líquidas ou na forma gasosa (gases e vapores) ou na forma mista.
A forma como o poluente é emitido e as suas características são importantes do
ponto de vista de ventilação e também do ponto de vista toxicológico. Os gases e
vapores se misturam mais facilmente no ar ambiente. Partículas grosseiras (maiores que
40 micrômetros) se depositam logo após a emissão e não representam em geral um
problema de saúde ocupacional. A inércia das partículas é um fator importante do ponto
de vista aerodinâmico e deve ser levado em consideração quanto do projeto do sistema
de captação e transporte.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
21

Figura 2.1. Diferença entre Ventilação Geral Diluidora e Ventilação Local Exaustora.

Quanto menor o diâmetro da partícula, maior a probabilidade de penetração mais


profunda no aparelho respiratório, aumentando o risco de causar danos à saúde. Esses
danos dependem evidentemente da toxicidade, quantidade de partículas presentes no
fluxo e do tempo de exposição. Deve-se estar atento às diversas definições das
partículas quanto à penetração no aparelho respiratório (inaláveis, torácicas, respiráveis),
que diferem para aplicações em higiene do trabalho (norma ISO) e em poluição do ar
externo (baseadas na Agência de Proteção Ambiental dos EUA), ou seja, partícula
inalável para higiene do trabalho tem um significado, são as que depositam em qualquer
local do trato respiratório, com diâmetro aerodinâmico de corte (penetração/deposição de
50%) de 100 micrômetros e para aplicação em poluição do ar externo são aquelas com
diâmetro aerodinâmico de corte menor que 10 micrômetros, que para higiene do trabalho
são as torácicas. As partículas respiráveis também diferem, pois tem diâmetro de corte
de 4 micrômetros em higiene do trabalho e 2,5 micrômetros em poluição do ar externo.
Os aerossóis são sistemas dispersos cujo meio de dispersão é gasoso e cuja fase
dispersa consiste de partículas sólidas ou líquidas. A classificação usual aceita é aquela
que diferencia entre aerossóis formados por dispersão e condensação adotando-se a
seguinte terminologia para os diversos aerossóis:
• Poeiras: Aerossóis formados por ação mecânica e constituídos por partículas
sólidas, com participação maior de partículas de diâmetro acima de 1 micrômetro.
Exemplos: poeira de sílica, poeira de asbesto, poeira de algodão;
• Fumos: Aerossóis formados pela condensação após sublimação com ou sem
oxidação e com grande participação de partículas pequenas, menores que 1
micrômetro. Exemplos: fumos metálicos em geral (de chumbo, alumínio, zinco, etc.)
e fumos de cloreto de amônio;
• Fumaça: Aerossóis constituídos de partículas sólidas e líquidas resultantes da
combustão incompleta de materiais orgânicos (combustíveis em geral). São

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
22

constituídas por partículas com grande participação daquelas de diâmetro menor


que 1 micrômetro;
• Névoas: Aerossóis constituídos por partículas líquidas, independentemente da
origem e do tamanho das partículas. Podem ser resultantes de condensação de
vapores ou dispersão por atomização. Exemplo: névoa de ácido sulfúrico e névoa
de tinta e névoas de ácido crômico.
As substâncias gasosas podem ser subdivididas em gases verdadeiros e vapores.
Os gases verdadeiros são fluidos sem forma e que somente podem ser liquefeitos ou
solidificados pelo efeito continuado de aumento de pressão e/ou da diminuição da
temperatura. Em outras palavras, os gases verdadeiros não estão presentes na forma
líquida ou sólida nas condições usuais do ambiente em termos de temperatura e pressão.
O seu tamanho logicamente é o molecular. O monóxido de carbono, o cloro, o ozônio são
exemplos de gases verdadeiros. Os vapores são oriundos de materiais sólidos ou
líquidos nas condições usuais do ambiente e que podem ser condensados em geral por
simples diminuição de temperatura. Vapores de mercúrio, benzeno, álcool etílico, tolueno,
são alguns exemplos.
Existem também no ar partículas de organismos vivos de interesse para a
ventilação tais como os polens, vírus, fungos, etc.

Quadro 2.1.
Que importância tem o fato do poluente estar na forma de gases ou vapores e na

forma de partículas sólidas ou líquidas em relação à sua mistura com o ar ambiente e o

tipo de ventilação a ser utilizado?

Os poluentes na forma gasosa possuem capacidade de difusão grande no ar,

ou seja, se misturam rapidamente e mais uniformemente que os poluentes na

forma de partículas. Assim, a ventilação geral, no caso da diluição, é recomendada

somente para poluentes na forma gasosa.

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
23

2.4. CONCEITOS BÁSICOS DE ENGENHARIA APLICÁVEIS À VENTILAÇÃO


2.4.1. DEFINIÇÃO DE FLUIDO
O fluido é um corpo não rígido que não resiste a tensões de cisalhamento, por
pequenas que sejam. Um fluido sob a ação de uma força tangencial qualquer, deforma-
se continuamente. Os fluidos são compostos de moléculas em constante movimento e
colisão.

2.4.2. VISCOSIDADE
Sobre os corpos fluidos ocorrem apenas os esforços de compressão e
cisalhamento . Os pontos de um fluido em contato com uma superfície sólida possuem a
mesma velocidade dos pontos desta com os quais estejam em contato (Princípio da
Aderência).
Seja uma F aplicada sobre uma superfície de área A, de um fluido. Esta força pode
ser decomposta em uma força normal de compressão ( FN ) e outra tangencial ( Ft ). Esta
força tangencial ocasiona então a tensão de cisalhamento (τ).

Figura 2.2. Força tangencial aplicada a uma camada de fluído.

A Tensão de cisalhamento (τ) será

Ft
τ=μ
A

onde: A = área no fluído onde está aplicada a força.


Ft = força tangencial.
...........µ = coeficiente de viscosidade.

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
24

Se na camada de fluido A, de espessura elementar de, aplicarmos uma força


tangencial Ft, a camada A do fluído irá adquirir uma velocidade vA. Este movimento será
transferido às camadas inferiores na direção do eixo y. Isto indica que há esforços agindo
nas superfícies de contato de camadas inferiores, sendo estes esforços de cisalhamento
(τ). Para fluidos newtonianos (ar, água, certos óleo) temos:

τ = μ dv
dy

Onde
µ é uma constante de proporcionalidade denominada viscosidade absoluta ou
dinâmica.
dv
é o gradiente de velocidades no eixo Y.
dy
O esforço de cisalhamento entre camadas e por conseqüência a viscosidade são
decorrentes de dois fenômenos:
• forças de coesão intermoleculares;
• transferência de momento.

2.4.2.1. Variação da viscosidade com a temperatura:


A viscosidade absoluta em fluídos líquidos varia de forma inversa à variação da
temperatura, ou seja, quanto maior a temperatura menor a viscosidade. Um exemplo
para fácil observação desse fenômeno é a comparação do óleo de motor quente e frio, o
óleo quente é menos viscoso que o óleo frio.
No caso de gases ocorre o inverso, ou seja, quanto maior a temperatura maior a
viscosidade. Esse fenômeno é explicado pela prevalência da transferência de momento
que aumenta com o aumento da temperatura, em relação à força de coesão
intermolecular.

2.4.3. ALGUMAS DEFINIÇÕES IMPORTANTES


2.4.3.1. Peso Específico ( γ )

Peso específico é o peso do fluído na unidade de volume.

P mg m
γ = = = ρ. g ,onde ρ =
V V V

P = peso
V = volume

2.4.3.2. Massa Específica ou Densidade ( ρ )

É a massa de fluído por unidade de volume.

m
ρ =
V

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
25

2.4.3.3. Peso Específico Relativo ( γ r )

• Para líquido:

γ subst
γr =
γ água

• Para gases:

γ subst
γr =
γ ar padrão

γar padrão = 1,2kgf/m3 (a 210C e 1 atm)

2.4.3.4. Densidade Relativa ou Gravidade Específica ( ρ ou GE).


r
• Para líquidos ou sólidos:

ρ subst
ρr =
ρ água ( 4°C e 1ATM)

ρágua = 1.000kg/m3

• para gases:

ρ subst
ρr =
ρ ar padrão (21°C e 1ATM)

ρar padrão = 1,2kg/m3

2.4.3.5. Viscosidade cinemática ( υ )


μ
υ =
ρ
μ - coeficiente de viscosidade absoluta ou dinâmica do fluído
ρ - densidade do fluído

Unidades:
2
Sistema MKS* -m /s
2
Sistema MKS Giorgi - m /s
2
Sistema CGS - cm /s = Stoke
2
Sistema inglês - pé /s

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
26

2.4.3.6. Compressibilidade
Fluído incompressível é aquele cujo volume não varia com a variação de pressão.

2.4.4. EQUAÇÃO DE ESTADO DOS GASES


Para um gás perfeito temos:

PV = nRT (Equação de CLAPEYRON)

onde: P = pressão; V= Volume do fluido; n=nº de moles do gás:


R = Constante dos gases e T = Temperatura Absoluta

m
Como n =
M
m = massa
M = massa molecular do gás

Tem-se:
m m RT
PV = RT ⇒ P = x
M M V

m
como ρ =
V

ρ RT PM
P= ⇒ ρ=
M RT

OBS : Em baixas pressões o ar e outros gases podem ser considerados perfeitos

- Em uma transformação isotérmica tem-se T2 = T1 = T


Logo :
ρ2 P P2
= 2 ou ρ2 = ρ1
ρ1 P1 P1

- Em uma transformação isobárica tem-se P2 = P1 = P e portanto:


Logo :
ρ2 T T
= 1 ou ρ2 = ρ1 1
ρ1 T2 T2

Nota importante: a nomenclatura T significa temperatura absoluta. Para


passar de temperatura relativa (t) em graus Celsius (ºC) para temperatura absoluta
em grau Kelvin (K) soma-se 273 à temperatura em graus Celsius.

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
27

Quadro 2.2.
Suponha que o ar que entra num sistema de ventilação, instalado em uma empresa

em São Paulo (Pressão atmosférica de 704 mmHg ou 0,9263 atm), esteja na temperatura

de 120ºC e durante seu percurso no sistema sua temperatura caia para 70ºC. Qual será

a relação de densidades entre a segunda condição e quando este entra no sistema

((ρ2(SP) / (ρ1(SP))?

Inicialmente transformamos a temperatura de °C para K:

T (K) = T (°C) +273

T1 = 120°C + 273 = 393K

T2 = 70°C + 273 = 343K

Sendo:

Densidade do ar na entrada = ρ1

Densidade do ar na situação 2 = ρ2

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
28

Quadro 2.3.
Se o sistema do quadro 2.2 for instalado em uma cidade ao nível do mar (Pressão

atmosférica de 760 mmHg ou 1 atm) qual seria a nova densidade do ar, na entrada do

sistema e na seção 2 (ρ2 (NM)) , considerando que a Massa Molecular (M) do ar seja 29.

Calculemos primeiro a densidade do ar na condição de São Paulo e a 120ºC,

ou seja, na entrada do sistema de ventilação.

A fórmula derivada da Equação de Clayperon (Equação do Estado dos

Gases) resulta:

A constante dos gases R tem valor de 0,082 atm.L.gmol /K. Assim,

A densidade na seção 2, usando a relação calculada no Quadro 2.2 será:

o
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29

A densidade na seção 2 e ao nível do mar pode ser calculada considerando a

variação de pressão entre as duas cidades:

Lembrete: Aumento de pressão significa aumento da densidade dos gases e

aumento de temperatura resulta em diminuição da densidade e vice-versa.

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
30

2.4.5. PRESSÃO
2.4.5.1. Pressão Estática (Pe)
É a pressão exercida por um fluído em repouso em um corpo imerso no mesmo.

Figura 2.3. Pressão estática sobre um corpo.

A pressão estática em um ponto de um fluído é a mesma em todas as direções,


mesmo se o fluído estiver em movimento.
OBS.: A pressão estática efetiva pode ser positiva ou negativa, em relação a
pressão atmosférica local, se for respectivamente maior ou menor que a pressão do local.

2.4.5.2. Pressão Cinética ou de Velocidade (Pc)


É a pressão devido a energia cinética do fluído. A pressão cinética não age na
direção perpendicular à direção de escoamento do fluído. A pressão cinética é sempre
positiva ou nula.

Figura 2.4. Ação da pressão estática e pressão cinética.

2.4.5.3. Pressão Total (Pt)


A pressão total é a soma algébrica da pressão estática e pressão cinética, ou seja:

PT = PE + PC

OBS.: A pressão total pode ser positiva, negativa ou nula em relação à pressão
atmosférica local.

o
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31

2.4.6. MEDIÇÃO DE PRESSÕES


• Condição antes do ventilador

Figura 2.5. Medição da pressão antes do ventilador.

Nota: Antes do ventilador a Pe é negativa, a Pc positiva e a Pt negativa.

• Condições depois do ventilador

Figura 2.6. Medição da pressão após o ventilador.

Nota: Após o ventilador todas as pressões são positivas.

o
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32

Quadro 2.4.
Considere uma medição de pressões num ponto situado antes do ventilador

(exaustor) de um sistema de ventilação local exaustora. Os valores obtidos foram: PE =

-125 mmH2O e Pc = 6 mmH2O. Pergunta-se qual é a pressão total neste ponto?

Segundo a fórmula da pressão total:

Pt = PE + Pc = (-125 mmH2O) + (6 mmH2O) = -119 mmH2O

2.4.7. REGIMES DE MOVIMENTO DE FLUIDOS


Um fluido em movimento pode estar em regime laminar, turbulento ou de transição,
divisão essa que pode ser relacionada com o número de Reynolds ( R e).

Regime: nº de Reynolds:
Laminar - Re < 2.000
Transição - 2.000 < = Re < = 2.500
Turbulento - Re > 2.500

FORÇAS INERCIAIS ρVD


Re = =
FORÇAS VISCOSAS μ

Nota: Em ventilação usualmente o regime é turbulento

• Perfil de Velocidade no regime laminar (perfil parabólico)

Figura 2.7. Perfil de velocidades no regime laminar.

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
33

• Perfil de velocidades no regime turbulento (parábola achatada)

Figura 2.8. Perfil de velocidades em regime turbulento.

v MÉDIA
= f (R / D ; Re)
v MÁXIMA
onde: R= Rugosidade
D= Diâmetro da Tubulação

2.4.8. EQUAÇÃO DA HIDROSTÁTICA


Essa equação demonstra que a variação da pressão estática entre dois pontos
quaisquer de um corpo fluído é função da diferença de cotas entre esses pontos.
Sendo P1 = Pressão do líquido na altura h1 e P2 = Pressão do líquido na altura h2
tem-se, pelo teorema de Stevin:

P1 = h1.γ e P2 = h2. γ

Portanto:

P1 h1
=
P2 h 2

γ = peso especifico (kgf/m3).


h = altura (m).

OBS.: Considerando γ constante com a variação da pressão.

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
34

2.4.9. REFERENCIAL DE PRESSÕES

Figura 2.9. Referencial de pressões.

2.4.10. RELAÇÃO ENTRE PRESSÃO CINÉTICA E VELOCIDADE


Usando a equação de Torricelli:
v = 2gh

Onde v é a velocidade do fluído, g é a constante gravitacional e h é a pressão


cinética, em altura de coluna de fluído, nas condições em que o mesmo se encontra.
Em ventilação usamos Pc em altura de coluna de líquido. Convertendo a equação
para v = m/s e Pc = mm CA e considerando ρ = densidade do ar e que g = 9,8 m/s2 e h =
Pc/ρ tem-se:

Pc PC
e para ar padrão ( ρ = 1,2 kg/ m ) ,
3
v = 2 × 9,8 × Assim, v = 4,43
ρ ρ
tem - se :

v = 4,043 PC , onde: v = m/s; PC = mmCA

Para Pc em polCA (polegadas de coluna de água) e v em fpm (pés por minuto),


tem-se:
PC
v = 1096,5
ρ

Para o ar padrão, ou seja ar a 21 ºC e 1 atm ( ρ = 0,075 1b/pés3), tem-se:

v = 4005 PC
ONDE : v = FPM ; P = " CA ; AR PADRÃO
C

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
35

Quadro 2.5.
Calcule a velocidade média numa seção de um duto onde a pressão cinética

media medida foi de 8 mmH2O e o gás possui densidade de 1,1kg/m3.

Usando a relação entre pressão cinética e velocidade:

2.4.11. EQUAÇÃO DA CONTINUIDADE (PRINCÍPIO DA CONSERVAÇÃO DA


MASSA)
Sejam duas secções de um duto

Figura 2.10. Variação da velocidade por mudança de área de seção.

Se um fluído estiver escoando em regime permanente (não há entrada ou saída de


fluído entre as secções) a massa na unidade de tempo é constante ou seja, a derivada da
massa na unidade de tempo é zero. Assim,

dm °
= 0 ⇒ m° = constante
dt

sendo: m° = ρ.v.a tem-se:

ρ1.A1.v1 = ρ2.A2.v2

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
36

Admitindo fluído incompressível e não havendo variação de temperatura entre as


duas seções, a densidade permanecerá constante resultando em:

A1.v1 = A2.v2

2.4.12. EQUAÇÃO DE BERNOUILLI (PRINCÍPIO DE CONSERVAÇÃO DE


ENERGIA)
Considerando duas secções (seção 1 e 2) de uma tubulação, sendo uma seção em
cota mais elevada que a outra, tem-se:

• Para fluído ideal sem fornecimento de energia

PC1 + PE1 + EP1 = PC2 + PE2 + EP2

onde Pc = pressão cinética; Pe = pressão estática e EP = energia potencial

ou seja, em altura de coluna de fluido:

v12 P v2 P
+ 1 + Z1 = 2 + 2 + Z 2
2g γ 2g γ

Sendo Z a cota do local e V a velocidade média

• Para fluído real com fornecimento de energia W tem-se:

v12 P v2 P
+ 1 + Z 1 + W = 2 + 2 + Z 2 + ΔP (PERDAS)
2g γ 2g γ

OBS.: em ventilação pode-se, em muitos casos, desprezar a variação de pressão


devido à diferença de cota (z), face ao baixo peso específico do ar e às pequenas
diferenças de cota que usualmente ocorrem.

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
37

2.5. TESTES
1. É relativamente comum o leigo dizer que um corpo flutua no ar porque ele é mais
leve que o ar. Está correta esta afirmação?
a) Sim, pois ele está flutuando no ar realmente.
b) Não, o correto é dizer que o corpo tem densidade menor que a densidade do ar.
c) Depende do corpo.
d) Depende da composição do ar.
e) Não, o correto é dizer que o corpo tem densidade maior que a densidade do ar.

2. Um quilograma de ar ocupa o volume de 0,833 m3 a determinada condição de


temperatura e pressão. Qual é a densidade do ar nesta condição?
a) 0,833 kg/m3
b) 1 kg/m3
c) 1,2 kg/m3
d) 1,666 kg/m3
e) 0,12 kg/m3

3. Uma partícula que está sendo transportada pelo ar numa tubulação de um


sistema de ventilação está submetida a que tipo de pressão?
a) Somente pressão estática.
b) Pressão estática e pressão cinética resultando em pressão total.
c) Somente pressão cinética.
d) Pressão total e pressão cinética.
e) Pressão Total e Pressão Estática.

4. O ar escoa numa tubulação de 0,6 m de diâmetro com velocidade média de 10


m/s. Sabendo-se que a densidade do ar é de 1 kg/m3 e sua viscosidade de 2.10-4
g/cm.s (correspondente a 2.10-5 kg/m.s). Calcule o Número de Reynolds (Re) e
verifique em que regime de escoamento este fluido está?
a) Re = 1.200.000 regime turbulento.
b) Re = 1.200 regime laminar.
c) Re = 1.200.000 regime laminar.
d) Re = 300.000 regime turbulento.
e) Re = 1.200 regime turbulento.

o
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Capítulo 2. Classificação de sistemas de ventilação e conceitos básicos
38

5. Com base no referencial de pressões dado na apostila, qual seria o significado


de uma pressão total negativa numa seção de um duto? Esta pressão seria
absoluta ou efetiva?
a) Significa que a pressão dentro do duto é maior que a externa (pressão efetiva).
b) Significa que a pressão dentro do duto é igual à externa (pressão absoluta).
c) Significa que a pressão dentro do duto é menor que a externa (pressão efetiva).
d) Significa que a pressão dentro do duto tem o valor negativo (pressão relativa).
e) Significa que houve erro de medição e não é nem efetiva nem absoluta.

Considere as afirmativas a seguir e assinale verdadeiro ou falso:

6. A ventilação que dá melhor proteção ao trabalhador é a local exaustora.


a) Verdadeiro.
b) Falso.

7. A diferença fundamental entre ventilação geral e ventilação local exaustora, em


relação à finalidade da ventilação é que a primeira só dilui e a segunda retira os
poluentes do ambiente.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

8. Os fluídos só podem estar no estado gasoso.


a) Verdadeiro.
b) Falso.

9. A viscosidade do ar diminui com o aumento da temperatura assim como a de


óleos lubrificantes de motores.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

10. O tamanho das partículas emitidas no ambiente de trabalho é importante em


relação ao seu efeito à saúde pois define o seu potencial de entrada no aparelho
respiratório e o local de deposição?
a) Verdadeiro.
b) Falso.

o
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Capítulo 3. Taxas de Ventilação
39

CAPÍTULO 3. TAXAS DE VENTILAÇÃO


Prof. FRANCISCO KULCSAR

OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar e reconhecer as necessidades humanas de ventilação e respectivas
taxas de ventilação recomendadas.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Conhecer as Necessidades Humanas de Ventilação
• Estimar a Taxa de Ventilação para Retirada de Calor
• Conhecer condições de Conforto Térmico

o
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Capítulo 3. Taxas de Ventilação
40

3.1. NECESSIDADES HUMANAS DE VENTILAÇÃO


O ser humano utiliza o ar como fonte de oxigênio, para troca térmica e como
receptor dos gases da respiração, principalmente o gás carbônico, da transpiração (suor)
e do hábito de fumar e odores corporais em geral.
A finalidade básica de se ventilar um ambiente é a de diluir ou retirar os poluentes
gerados, e controlar a temperatura interna, requisitos estes mais críticos do que substituir
o oxigênio consumido. O índice de geração de gás carbônico e de calor latente depende
basicamente da atividade exercida pelos ocupantes (índice metabólico).
Para o nível de atividade comum de aproximadamente 1,2 MET (Unidades
3
Metabólicas), a taxa de ventilação de 8,5 m /h (5 CFM) por pessoa seria suficiente para
manter a concentração interna de 2500 ppm (0,25%) de CO2 considerando-se o ar
externo com cerca de 300 ppm de CO2.
Pesquisa recente demonstraram que 25,5 m3/h (15 CFM) de ar externo por pessoa
são necessários para diluir os odores corporais, até um nível aceitável por 80% dos
ocupantes, no momento em que chegam ao recinto.
A taxa de ventilação de 25,5 m3/h (15 CFM) de ar exterior por pessoa reduz a
concentração de CO2 interna para 0,1% (1000 ppm), para nível de atividade de 1,2 MET,
valor esse tido como ideal e compatível com as recomendações tanto da Organização
Mundial da Saúde - OMS, como da maioria dos países europeus e do Japão.
A taxa de ventilação de 25,5 m3/h (15 CFM) é também suficiente para controlar o
odor da fumaça de cigarro em recintos onde se fuma relativamente pouco, conforme
dados de Leaderer e Cain, que colocam como necessários 50m3 (1800 pé3) de ar para
diluir a fumaça de um cigarro até um nível satisfatório para 70% da população recém-
ingressa no recinto.
Com base nos dados acima, em 1989, a ASHRAE revisou a norma ASHRAE 62-
1981R, baixando a norma ASHRAE 62-1989, sendo que a taxa mínima de renovação de
ar foi elevada de 8,5 m3/h (5 CFM) por pessoa para 25,5 m3/h (15 CFM) por pessoa. Para
escritório, o índice recomendado é de 34 m3/h (20 CFM) e para bares e salões para
coquetéis onde há incidência maior de fumantes, a taxa de ventilação recomendada é de
60 m3/h (35 CFM) por pessoa. A Tabela 3.1. apresenta taxas de ventilação para várias
aplicações, com base nesta Norma.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 3. Taxas de Ventilação
41

Tabela 3.1. Taxas de ventilação segundo a Norma ASHRAE nº 62-1989.


OCUPAÇÃO m 3 /hora
m 3 /hora
APLICAÇÕES (PESSOAS POR pessoa
100 m2) m2

Restaurantes e Salas de almoço 75 34 -


Cervejarias Cafeterias e Lanchonetes 107 34 -
Bares 170 51 -
Cozinha (cozimento) 22 25,5 -
Escritórios Salas de trabalho 8 34 -
Áreas de recepção 65 25,5 -
Salas de conferências 54 34 -
Espaços Salas de fumantes 75 102 -
públicos Elevadores - - 18,5
Lojas a varejo; Porões e ruas 33 - 5,5
andares com Andares superiores 22 - 3,7
lojas; andares Corredores e galerias 22 - 3,7
com
Salas de fumar 75 102 -
exposições
Esporte e lazer Áreas dos espectadores 160 25,5 -
Salão de jogos 75 42,5 -
Andares de diversão 33 34 -
Salão de danças e 107 42,5 -
discotecas
Teatros Sala de espera 160 34 -
Auditório 160 25,5 -
Educação Salas de aula 54 25,5 -
Salas de música 54 25,5 -
Biblioteca 22 25,5 -
Auditórios 160 25,5 -
Hotéis, motéis Quartos de dormir - - 51 m3/h/amb.
e resorts Salas de estar - - 3
51 m /h/amb.
Salas de espera 33 25,5 -
Salas de conferências 54 34 -
Salas de reunião 129 25,5 -
Fonte: ASHRAE Standard 62-1989, Ventilation for Acceptable Air Quality

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 3. Taxas de Ventilação
42

Em relação ao oxigênio, a taxa mínima recomendada é de 18% para que a vida


humana seja mantida sem risco algum, valor esse menos crítico que o do gás carbônico.
No metabolismo basal, o consumo de oxigênio é de 240 ml/min. No caso de trabalho
moderado, o consumo de oxigênio é de cerca de 2 l/min, e o volume aspirado da ordem
de 40 litros de ar por minuto, sendo produzidos cercas de 1,7 l de CO2 por minuto.
A cada atividade corresponde um consumo de oxigênio. O máximo consumo é da
ordem de 5 L de oxigênio por minuto. O valor médio é da ordem de 3 L/min. O calor
produzido pelo metabolismo pode ser estimado considerando-se 5 Kcal para cada litro de
oxigênio consumido. A Tabela 3.2 mostra valores do calor liberado pelas pessoas em
vários tipos de atividades. Deve-se ressaltar que o calor metabólico se divide em calor
sensível e calor latente, dado esse importantíssimo para o cálculo das necessidades de
ventilação de ambientes para fins de conforto térmico.
Para projetos de ventilação geral devem ser utilizadas as taxas de ventilação
recomendadas por fontes confiáveis quando não for possível o cálculo para o caso
específico. A Tabela 3.3 mostra valores típicos recomendados pela ASHRAE, para
controle de odores. A norma NBR 6401/80 apresenta taxas de ar exterior para
renovação, baseados em dados da ASHRAE.

Tabela 3.2. Calor metabólico (kcal/hora).


CALOR CALOR CALOR
ATIVIDADE
METABÓLICO SENSÍVEL LATENTE
Basal 73 36,5 36,5
Sentado, em repouso 97 57 40
De pé, lendo em repouso 109 57 52
Cantando 123 57 66
Empregado de escritório 124 57 67
De pé, em trabalho leve 139 57 82
Datilografando com rapidez 141 57 84
Lavando pratos 151 57 94
Balconista em pé 151 57 94
Confecção de calçados 166 57 109
Jogando bilhar 171 58 113
Trabalho leve em bancada 213 70 147
Garçom 251 82 169
Andando, 4,8 km/hora 263 85 178
Andando, 6,4 km/hora 348 113 235
Pedreiro 374 122 252
Jogando boliche 376 123 253
Serrando madeira 451 148 303
Fonte: R. JORGENSEN, Fan Engineering
o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 3. Taxas de Ventilação
43

Tabela 3.3. Taxas de ventilação para controle de odores corporais segundo a ASHRAE.
ÁREA FUNCIONAL TROCAS DE AR POR HORA
Hospitais 8 - 12
Hospitais (salas de operação) 10 - 15
Laboratório de animais 12 - 16
Auditórios 10 - 20
Padaria e confeitaria 20 - 60
Boliches 15 - 30
Igrejas 15 - 25
Salas de aula 10 - 30
Salas de conferência 25 - 35
Lavagem de pratos 30 - 60
Lavagem a seco 20 - 40
Fundições 5 - 20
Garagens 6 - 30
Cozinhas 10 - 30
Lavanderias 10 - 60
Bibliotecas 15 - 25
Salas de depósito 2 - 15
Pequenas oficinas 8 - 12
Berçários 10 - 15
Escritórios 6 - 20
Pintura e polimento 18 - 22
Radiologia 6 -10
Restaurantes 6 - 20
Lojas pequenas 18 - 22
Residências 5 - 20
Equipamentos telefônicos 6 - 10
Salas de controle de tráfego aéreo 18 - 22
Toaletes 8 - 20
Fonte: ASHRAE, guide and data book
Nota : consultar a nova norma ASHRAE 62-1989 para valores atuais.

3.2. TAXA DE VENTILAÇÃO PARA RETIRADA DE CALOR


3.2.1. CONDIÇÕES DE CONFORTO TÉRMICO
As condições de conforto térmico ou de sobrecarga térmica de um ambiente estão
relacionadas às condições atuais de temperatura de bulbo seco (TBS), temperatura de
bulbo úmido (TBU), umidade relativa (UR) calor radiante ou temperatura de globo (TG) e
velocidade do ar.
A norma NBR 6401/80 da ABNT estabelece condições recomendáveis e máximas
para ambientes não industriais. Assim, para residências, hotéis, escritórios e escolas tem-
se as seguintes condições para conforto:
Recomendável: TBS (°C) = 23 a 25 e U.R (%) = 40 a 60
Máxima: TBS (°C) = 26,5 e U.R (%) = 65

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 3. Taxas de Ventilação
44

Os efeitos do calor sobre o ser humano vão desde os psicológicos (desconforto,


irritação, absenteísmo e eficiência reduzida para trabalhar mentalmente) até os
fisiológicos (desbalanceamento do conteúdo de água e sal, alterações no sistema
circulatório, capacidade de trabalho reduzida e exaustão aguda), passando pelos efeitos
psicofisiológicos (aumento de erros, eficiência reduzida para trabalhos especializados e
aumento de acidentes).
Para que haja equilíbrio do organismo é necessário que o calor ganho pelo corpo
seja igual ao calor perdido para o ambiente. Os fatores que afetam o balanço de energia
estão mostrando na Tabela 3.4.

Tabela 3.4. Fatores que afetam o balanço térmico corporal.

VIA FATORES AMBIENTAIS FATORES PESSOAIS

Atividade; peso;
Metabolismo Pouco Efeito. Área superficial;
idade; sexo.
Temperatura de bulbo úmido; Habilidade de suar;
Evaporação (E) Temperatura de bulbo seco; Área superficial;
Velocidade do ar. Vestimenta.
Diferença de temperatura entre corpos; Área superficial;
Radiação (R)
Emissividade das superfícies. Vestimenta.

Temperatura de bulbo seco; Vestimenta; temperatura;


Convecção (C) média da superfície;
Velocidade do ar. corporal; área superficial.

Os mecanismos de troca de calor entre o homem e o ambiente são:


• ganho de calor por metabolismo;
• ganho ou perda por condução-convecção;
• ganho ou perda por radiação;
• perda por sudação e evaporação
A máxima quantidade de calor que o organismo pode perder por evaporação é de
600 kcal/h, correspondentes à sudação máxima de 1 litro de água por hora, num
ambiente com umidade relativa baixa o suficiente para receber esta quantidade de vapor.
A velocidade do ar é importante tanto na troca de calor por condução-convecção
como na troca por evaporação . A seguir são exemplificados os índices de carga térmica
usuais.

3.2.1.1. Temperatura Efetiva (TE)


Tem como base o inter-relacionamento entre temperatura de bulbo seco, umidade e
velocidade do ar, e equivale à mesma sensação de calor de um ambiente com ar parado,
saturado de umidade e com temperatura igual a TE. Como crítica a este índice, tem-se
que o mesmo superestima a umidade a temperaturas normais e baixas, subestima a
umidade a temperaturas elevadas e omite o calor radiante . Os ábacos das figuras 3.1 e
3.2 são utilizados para determinar a temperatura efetiva.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 3. Taxas de Ventilação
45

Figura 3.1. Ábaco de determinação da temperatura efetiva para pessoas em repouso ou


em atividade leve e com vestimentas normais.

o
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Capítulo 3. Taxas de Ventilação
46

Figura 3.2. Ábaco pata determinação da temperatura efetiva para homens nus da cintura
para cima.

o
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Capítulo 3. Taxas de Ventilação
47

3.2.1.2. Temperatura Efetiva Corrigida (TEC)


Este índice inclui o efeito do calor radiante medido através do termômetro de globo,
que é constituído de uma esfera oca de cobre de 15 cm de diâmetro e 1 mm de
espessura pintada externamente de preto fosco e provida de um termômetro cujo bulbo
deve localizar-se no centro da esfera. Este aparelho deve ser montado no local de
medição, sem contato direto com o suporte, a fim de evitar perda por condução.
A leitura obtida após 30 minutos de estabilização da temperatura é denominada
temperatura de globo (TG). Para determinar a temperatura efetiva corrigida (TEC), deve-
se primeiro determinar a umidade absoluta do ambiente através das temperaturas de
bulbo seco e bulbo verdadeiras e, em seguida utilizando a temperatura de globo como
temperatura de bulbo seco, para a mesma condição de umidade determinada acima,
determinar a pseudo-temperatura de bulbo úmido (TBU pseudo) correspondente a TG.
Determina-se então a TEC com TG e TBU (pseudo).
Condições máximas toleradas estão exemplificadas na Tabela 3.5 com base na
temperatura efetiva corrigida.

Tabela 3.5. Condições ambientais máximas que podem ser toleradas em trabalhos
diários por homens saudáveis aclimatados e usando roupa de verão.
Umidade Velocidade de Ar
Atividade Relativa 0,13 m/s 0,5 m/s 1,5 m/s
(%) TBS (°C) TBU (°C) TBS (°C) TBU (°C) TBS (°C) TBU (°C)
80 31,7 28,9 32,8 29,4 33,9 30,6
Trabalho
60 34,4 27,8 35,6 28,9 36,7 29,4
Leve, no
40 37,8 26,1 38,3 27,2 39,4 27,8
Verão
20 42,8 23,9 43,3 23,9 43,3 23,9
(TEC=29,4)
5 48,3 20,6 47,8 20,6 47,2 20,0
80 28,3 25,6 30,0 27,2 31,7 28,3
Trabalho
60 31,1 31,1 32,2 25,6 33,9 26,7
pesado, no
40 33,9 22,8 35,0 23,9 36,1 24,4
verão
20 37,8 20,6 38,3 21,1 38,9 21,1
(TEC=26,7)
5 41,7 17,8 41,7 17,8 41,1 17,2
Trabalho 80 25,6 22,8 27,2 27,2 29,4 26,1
leve ou 60 27,2 21,7 29,4 23,3 31,1 24,4
pesado no 40 30,0 20,0 31,7 21,1 32, 8 22,2
Inverno 20 32,8 17,2 33,9 18,3 34,4 18,9
(TEC= 23,9) 5 36,1 14,4 36,1 14,4 36,1 15,0
OBS: TBU Corrigida para radiação (TBU pseudo); TEC em 0C . Fonte : Industrial Ventilation

3.2.2. VELOCIDADE DO AR PARA RETIRADA DE CALOR


Velocidade do ar é um fator importante na troca de calor entre o corpo e o ar. Em
temperatura de bulbo seco ou de bulbo úmido inferior a 36 – 37°C, o ser humano pode
ser resfriado por convecção - evaporação. O ar com temperatura acima da temperatura
corporal normal ocasionará aumento da temperatura corporal se o calor ganho não puder
ser perdido por evaporação do suor. Para a obtenção de bons resultados práticos, a

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 3. Taxas de Ventilação
48

temperatura do ar a ser utilizado para troca de calor com o corpo não deveria exceder a
27°C. O ar a altas velocidades pode ser utilizado para alívio de carga térmica diretamente
sobre o trabalhador.
A Tabela 3.6. mostra valores de velocidade do ar recomendados para várias
situações.

Tabela 3.6. Velocidades do ar aceitáveis sobre o trabalhador.


CONDIÇÃO VELOCIDADE DO AR
1. EXPOSIÇÃO CONTÍNUA
- Espaço com ar condicionado. 0,25 - 0,40
- Local do trabalho fixo com .
ventilação geral ou sopro .
sobre o trabalhador:
- sentado. 0,40 - 0,65
- em pé. 0,50 - 1,00

2. EXPOSIÇÃO INTERMITENTE
Sopro sobre o trabalhador.
- Carga térmica e atividade Leve. 5,0 - 10,0
- Carga térmica e atividade Moderada. 10,0 - 15,0
- Carga térmica e atividade Pesada. 15,0 - 20,0

Atenção: valores acima de 5,0 m/s podem ocasionar influências negativas em


sistemas de ventilação local exaustora próximos às áreas de sopro.

3.2.2.1. Controle de Calor Radiante


O uso da ventilação para controle de calor só é recomendado para casos onde a
temperatura de globo não exceda em mais do que 10 graus centígrados a temperatura de
bulbo seco. Para casos acima desse limite, devem ser providos anteparos ou outros
meios para controle do calor radiante.

3.2.3. CARGA TÉRMICA


Carga térmica é a quantidade de calor sensível e latente que, no caso de
ventilação, deve ser retirada do ambiente de forma a promover as condições de conforto
desejadas.
O ambiente recebe calor via insolação direta e transmissão por paredes e tetos e
via fontes internas de calor como máquinas, aparelhos, iluminação, fornos, calor
metabólico, etc. A norma NBR6401/80 fornece valores de carga térmica para vários tipos
de fontes de calor.
O calor é transmitido por condução, convecção e radiação. O calor sensível é
aquele que altera a temperatura do corpo que está cedendo ou recebendo o calor, ao
passo que o calor latente se refere ao calor na mudança de estado. Assim, o calor latente
no caso de ventilação está relacionado ao vapor de água adicionado ou retirado do ar.

o
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Capítulo 3. Taxas de Ventilação
49

O calor latente de vaporização da água para condições usuais de pressão e


temperatura é de 583 Kcal/Kg água (1050 Btu/lb).
A quantidade de calor sensível transmitida através de uma determinada superfície,
entre dois fluidos pode ser estimada por:

H = A . U . Δt
onde:

H = fluxo de calor, kcal/h


A = Área da superfície, m2
U = Coeficiente global de transmissão de calor Kcal/h.m2.0C
Δt = diferença de temperatura entre as duas faces da superfície.

Quadro 3.1.
Estimar a quantidade de calor sensível transmitida através de uma determinada

superfície, entre dois fluidos. Calcular H em kcal/h onde:

Dados:

A = 100 m2

U = 10 Kcal/h.m2.°C

Δt = 10 °C

Resolução:

A quantidade de calor sensível é calculada por:

H = 100 x 10 x 10 = 10.000 kcal/h

O coeficiente global de transmissão de calor (U) é o recíproco da resistividade


térmica global (R). Se não estiver disponível U ou R, o seu valor pode ser obtido através
do valor de cada camada que compõe a superfície considerando-se inclusive a camada
de ar externa e interna através de:

1
U = e R = R S EXT + R I + R S INT
R

Sendo R S EXT e RS INT referente às camadas de ar externo e interno


respectivamente e Ri referente às diversas camadas da superfície.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 3. Taxas de Ventilação
50

A quantidade de calor solar introduzida no ambiente através do teto, paredes e


janelas dependerá principalmente dos seguintes fatores:
• coordenadas geográficas do local;
• inclinação dos raios solares (depende da época do ano e da hora);
• tipo e espessura do material de construção;
• cor e rugosidade da superfície;
• posição da superfície (horizontal, vertical, etc.);
• temperatura ambiente.
No hemisfério sul, nos meses de verão, a parede que recebe maior insolação é
aquela voltada para oeste por volta das 16 horas e para as clarabóias (teto de vidro), a
maior insolação ocorre ao meio-dia.
O cálculo da carga térmica proveniente do calor solar é complexo e o seu
conhecimento preciso é praticamente impossível, tendo em vista fatores envolvidos como
velocidade dos ventos, nebulosidade, sombra de árvores, latitude, longitude, altitude e
relevo local. A estimativa da carga solar é em geral feita com base em condições de céu
claro, tempo quente, máxima radiação solar e são apresentados como dados práticos,
em função da posição da superfície do material de construção, horário e outras condições
específicas.

3.2.4. CÁLCULO DA TAXA DE VENTILAÇÃO PARA RETIRADA DE CALOR


Conhecida a carga térmica do ambiente, fixadas as condições desejadas no mesmo
(temperatura e umidade) e conhecidas as condições do ar externo (temperatura e
umidade), pode-se determinar a taxa de ventilação (vazão de ar) para esse ambiente. No
caso de calor sensível tem-se:

H S = m CP (t e - t i ) = ρ Q CP (t e - t i )

ou seja

HS
QS =
ρ CP (t e - t i )

Em unidades métricas com ρ = 1,2 Kg/m3 e Cp = 0,24 Kcal/kg°C Tem-se:

H S (kcal / h)
Q S (m 3 / h) =
0,29 x Δt ( 0 C)
lb Btu
Em unidades inglesas, com ρ = 0,075 3
e CP = 0,24
pé lb 0 F
tem-se:

H S (Btu / min)
Q S (cfm) =
0,018 x Δt ( 0 F)

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 3. Taxas de Ventilação
51

ou usualmente:

H S (Btu / hora)
Q S (cfm) =
1,08 x Δt ( 0 F)

Para o controle de calor latente, a taxa de ventilação (QL) é dada por:

HL
QL =
H V x ρ x (U e - U i )

onde:
HL = calor latente introduzido no ambiente
HV = calor latente de vaporização específico da água
ρ = densidade do ar
Ue = umidade absoluta do ar externo
Ui = umidade absoluta do ar interno
Para unidades métricas e nas condições usuais de pressão e temperatura tem-se:

HL (Kcal / hora)
Q L (m 3 / h) =
583 x 1,2 x ΔU (kg água/kg ar seco)

HL (Kcal / hora )
Q L (m 3 / h) =
700 x ΔU (kg água/kg ar seco)

Nas unidades inglesas tem-se:

H (Btu / hora )
Q L (cfm) =
0,67 x ΔU ( grão de água / lb de ar sec o)

As umidades absolutas podem ser obtidas da carta psicrométrica do ar úmido.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 3. Taxas de Ventilação
52

3.3. TESTES

Dadas as seguintes afirmações assinalar verdadeiro ou falso:

1. A norma NBR 6401/80 da ABNT estabelece condições recomendáveis e


máximas para ambientes não industriais. Assim, para residências, hotéis,
escritórios e escolas têm-se as seguintes condições para conforto:

TBS (°C) U.R (%) Condição


23 a 25 40 a 60 Recomendável
26,5 65 Máxima

a) Verdadeira
b) Falsa

2. A Temperatura Efetiva Corrigida (TEC) inclui o efeito do calor radiante medido


através do termômetro de globo, que é constituído de uma esfera oca de cobre de
15 cm de diâmetro e 1 mm de espessura pintada externamente de preto fosco e
provida de um termômetro cujo bulbo deve localizar-se no centro da esfera.
a) Verdadeira.
b) Falsa.

3. O Termômetro de globo deve ser montado no local de medição, com contato


direto com o suporte, a fim de permitir perda por condução.
a) Verdadeira.
b) Falsa.

4. A leitura obtida após 130 minutos de estabilização da temperatura é denominada


temperatura de globo (TG).
a) Verdadeira.
b) Falsa.

5. Para determinar a temperatura efetiva corrigida (TEC), deve-se primeiro


determinar a umidade absoluta do ambiente através das temperaturas de bulbo
seco e bulbo verdadeiras e, em seguida utilizando a temperatura de globo (TG)
como temperatura de bulbo seco, para a mesma condição de umidade determinada
acima, determinar a pseudo-temperatura de bulbo úmido (TBU pseudo)
correspondente a TG.
a) Verdadeira.
b) Falsa.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 3. Taxas de Ventilação
53

6. A Velocidade do ar não é um fator importante na troca de calor entre o corpo e o


ar.
a) Verdadeira.
b) Falsa.

7. Quando submetido a temperaturas de bulbo seco ou de bulbo úmido superiores a


36 0C, o ser humano pode ser resfriado por convecção - evaporação.
a) Verdadeira.
b) Falsa.

8. O ar com temperatura acima da temperatura corporal normal ocasionará


aumento da temperatura corporal se o calor ganho não puder ser perdido por
evaporação do suor.
a) Verdadeira.
b) Falsa.

9. Para a obtenção de bons resultados práticos, a temperatura do ar a ser utilizado


para troca de calor com o corpo não deve exceder a 27°C.
a) Verdadeira.
b) Falsa.

10. O ar a altas velocidades não pode ser utilizado para alívio de carga térmica
diretamente sobre o trabalhador.
a) Verdadeira.
b) Falsa.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 4. Ventilação Geral
54

CAPÍTULO 4. VENTILAÇÃO GERAL


Prof. JOÃO VICENTE DE ASSUNÇÃO

OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar os parâmetros que regem a ventilação geral, seus diversos usos e
limitações e modelos de cálculo.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Dimensionar um sistema de ventilação geral simples;
• Verificar situações existentes e sugerir alterações para melhorar a eficácia de
sistemas instalados;
• Propor medidas que melhorem a condição de ventilação em projetos novos e já
implantados;
• Decidir sobre a possibilidade de uso ou não da ventilação geral para propiciar
boas condições de ventilação.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 4. Ventilação Geral
55

4.1. VENTILAÇÃO GERAL NATURAL


A ventilação geral é aquela que ventila o ambiente como um todo e não locais
específicos. É em geral utilizada para auxiliar na promoção do controle térmico de
ambiente (retirada de calor) ou para diluição de substâncias nocivas ou incômodas
(fumaça de cigarro, odor corporal, gases e vapores em geral), bem como para o controle
da concentração de substâncias explosivas ou inflamáveis.
A Ventilação Geral Natural utiliza as forças existentes para a movimentação do ar
para ventilar o ambiente. Essas forças são o vento e a diferença de temperatura entre
duas camadas de ar, ou seja com densidades diferentes nas duas parcelas de ar (efeito
chaminé).
Essa movimentação de ar pelas forças disponíveis ocasionará então uma
determinada vazão de ar (vazão disponível) que deverá ser confrontada com a vazão de
ar necessária para o controle das condições do ambiente (vazão requerida).

4.1.1. VAZÃO DEVIDA AOS VENTOS


Consideremos uma determinada massa de ar movimentada pela ação dos ventos e
incidindo sobre uma abertura (janela por exemplo) em uma edificação que contém
também aberturas para saída do ar. Esse vento possui uma certa velocidade que
ocasiona uma vazão de ar através dessa abertura, que pode ser calculada por:
Q V = CE x A x V
onde: Qv = vazão disponível devida aos ventos
C = Coeficiente de entrada (efetividade) da abertura
E
A = Área da abertura
V = velocidade do ar incidindo na abertura
Considera-se que as aberturas de entrada tenham área total igual às aberturas de
saída. Caso sejam diferentes deve-se calcular para a menor área disponível (de entrada
ou de saída) e corrigir o resultado por meio do gráfico da Figura 4.1.
Qv (corrigida) = Qv + (y . Qv/100)

sendo y o aumento de vazão, em porcentagem, obtido do gráfico da Figura 4.1


apresentado a seguir:

Figura 4.1. Gráfico de variação da vazão para áreas desiguais de entrada e saída do ar.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 4. Ventilação Geral
56

O valor do coeficiente de efetividade das aberturas varia de 0,5 a 0,6 para


ventos perpendiculares e de 0,25 a 0,35 para ventos diagonais à abertura.
A velocidade do ar a ser adotada dependerá da velocidade do vento na região onde
será implantada a edificação, recomendo utilizar velocidade igual à metade da velocidade
média para o período mais desfavorável, em geral o verão.

Quadro 4.1.
Considere uma confecção de roupas com uma das janelas voltadas para a direção

vento predominante da região no verão e com velocidade média de 2,4 m/s nesta

estação do ano. Estas janelas têm área livre total para entrada do ar de 12 m2. A saída

natural do ar é pela parede em frente, que possui área total livre de 4 m2. Calcule a vazão

de ar de ventilação natural deste galpão, pela ação do vento, assumindo que não haja

interferências à circulação do ar no ambiente.

A fórmula a ser aplicada será: Qv = Ce.A.v

(nota: A será sempre a área menor seja de entrada ou de saída)

Como o vento é frontal às aberturas de entrada tem-se um coeficiente de

efetividade Ce = 0,5 a 0,6 . Adotaremos 0,55. A área menor é a de saída portanto, As

= 4 m2. Usando a recomendação de v = ½ da velocidade média do vento, tem-se

Assim, Qv = 0,55 x 4 x 1,2 = 2,64 m3/s = 9.504 m3/hora

Como as saídas perfazem área total de 4 m2 a relação,.

Pelo gráfico da Figura 4.1 têm-se aumento de y = 34% (aproximadamente).

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 4. Ventilação Geral
57

Assim, a vazão de ar será calculada por:

Deve-se ressaltar que a velocidade do vento para um determinado local sofre


influência da presença de outras estruturas no seu entorno e da presença de árvores,
bem como da topografia local que pode agir como barreira para uma boa movimentação
do ar. Essas interferências e a dependência de condições meteorológicas sobre as quais
não se tem controle, mostram que a vazão calculada poderá diferir bastante da vazão
real. Contudo, deve-se procurar utilizar essa força natural sempre que possível,
considerando-se o seu baixo custo.
A localização das aberturas deve seguir a seguinte orientação:
As aberturas de entrada deverão estar bem distribuídas e localizadas na face mais
voltada para o vento, bem como próximas à parte inferior do edifício (no terço inferior do
pé direito do ambiente).
• As aberturas de saída deverão estar localizadas na parte superior na face
menos voltada para o vento. No caso de não haver fontes significativas de calor
dentro do ambiente, as entradas e saídas de ar poderão estar à mesma altura, mas
não muito distantes do topo para prover ar na região em que as pessoas
normalmente permanecem.
• Utilizar, sempre que possível, aberturas entrada e saída com áreas iguais, pois
a maior vazão por unidade de área de abertura é conseguida nesta condição.
• Para aproveitar o efeito chaminé localize as aberturas de saída em cota mais
alta que a das aberturas de entrada.
As aberturas de entrada ou de saída não deverão ser obstruídas por edificações,
árvores, placas, bem como estruturas internas.
Quando a direção e o sentido do vento for muito variável, no período mais crítico
principalmente, é recomendável instalar aberturas reguláveis em todas as faces de forma
a aproveitar a força do vento em qualquer direção em que o mesmo sopre.
A infiltração de ar é um processo não controlado e que ocorre mesmo quando as
entradas e saídas normais estão fechadas, pois há sempre alguma abertura para a
passagem do ar por frestas de janelas e portas mal ajustadas, por trincas nas paredes
etc.
No caso de projetos de instalações de ar condicionado é importante considerar o ar
infiltrado na carga térmica. Em ventilação pode-se assumir que essa vazão adicional irá
acrescentar um fator de segurança na vazão calculada. A taxa de infiltração pode ser
estimada por dados práticos existentes na literatura, como por exemplo as do livro Fan
Engineering, editado por Jorgensen, R, que mostram a taxa de infiltração em função da
velocidade do vento. A norma brasileira NBR 6401/80 também apresenta estimativas de
taxas de infiltração.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 4. Ventilação Geral
58

4.1.2. Vazão Devida ao Efeito Térmico


Num ambiente com ar mais quente que o externo ocorre a movimentação
ascensional do ar decorrente do gradiente de temperatura nas várias camadas internas
ao ambiente. Considerando os parâmetros da Figura 4.2:

Figura 4.2. Esquema da movimentação do ar por efeito de gradiente térmico.

E com base em Hemeon (1963) o gradiente de pressão devido à diferença de


temperatura na vertical é dado por:
ΔP = H (γF - γQ)
sendo:
ΔP = diferencial de pressão devido ao gradiente térmico
H = altura da coluna de ar quente
γ F = peso específico do ar frio
γ Q = peso específico do ar quente

Esse gradiente de pressão quando expresso em altura de coluna de ar ( h Q ) é dado


por:
tQ - tF H.Δt
hQ = H ( )=
tQ tQ

Onde t Q e tF são as temperaturas absolutas do ar quente e frio respectivamente.


A pressão ascensional é estabelecida em termos de pressão cinética, ou seja,
velocidade, a qual é expressa por:
o
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Capítulo 4. Ventilação Geral
59

v = k 2gh

onde k é um coeficiente que expressa a resistência à passagem do ar. Assim, a


velocidade ascensional do ar em unidades métricas será:

Δt
v =k 2 x 9,8 x H x
tQ

Δt
v = 4,43 k Hx
tQ

em unidades inglesas tem-se:

Δt
v = 8,02 k Hx
tQ

Para T Q na faixa usual (300 a 400 K), k = 0,5 e v expresso em m/h tem-se:

v (m/h) = 4,43 x 3600 x 0,5 x 0,054 x H x Δt

= 430 x H x Δt

A vazão de ar nessas condições para área de abertura A será dada por:

Q(m 3 / h) = 430 x A(m 2 ) x H (m) x Δt (°C)

Na aplicação da fórmula anterior alguns autores adotam H como sendo a diferença


de cota entre as alturas médias das aberturas de saída e de entrada e o Δt referente à
temperatura média interna (ti média) e temperatura externa (te) ou seja: (Δt = ti média - te).
Para que o ar entre e depois saia do ambiente por meios naturais deve ocorrer
pressão negativa desde a entrada até uma certa altura HN, fazendo com que o ar penetre
no ambiente, e à partir desta altura a pressão interna torna-se positiva (maior que a
externa) fazendo com que o ar saia pela parte superior.
O plano referente a HN é denominado "plano de pressão neutra", conforme
mostrado na Figura 4.3. Com base neste fato, outros autores preferem usar a fórmula
desenvolvida a seguir:

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 4. Ventilação Geral
60

Figura 4.3. Variação de pressões no ambiente em função da movimentação do ar por


diferença de temperatura nas várias camadas de ar (i, I, s, S e N subscritos significam
inferior, superior e zona neutra respectivamente).

Com base neste fato, Emswiler (1926) citado por Hemeon (1963) desenvolve a
fórmula a seguir:

Para a situação ilustrada na Figura 4.3 tem-se:

Q = 430 x A I HNI ( Δt)I = 430 x A S HNS ( Δt) S

A I 2 ( Δt)I
H( ) x
AS ( Δt)S
sendo HNI = H - HNS , tem - se : HNS =
A I 2 ( Δt)I
1+ ( ) x
AS ( Δt)S

Assim, a fórmula final geral para cálculo da vazão devida a gradientes de


temperatura será:
H (m) Δt S (°C)
Q t (m 3 / h) = 15948 x k x A S (m 2 ) NS
TS ( K )
sendo que k em geral está entre 0,5 e 0,6 e HNS é obtido pela fórmula anterior. Para
as aplicações usuais a fórmula simplificada anterior pode ser utilizada.

o
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Capítulo 4. Ventilação Geral
61

Quadro 4.2.
Considere o galpão do quadro 4.1 mas modificado com a instalação de um

lanternim ao longo do telhado, com área livre para saída do ar de 4 m2, mantendo-se

as janelas existentes. Qual será a vazão devida ao gradiente de temperatura que se

estabelece pela temperatura interna média de 32ºC e a externa de 27ºC, considerando

diferença de cotas de entrada e saída do ar de 5 m?

A fórmula a ser empregada é:

A área a ser considerada é a menor entre entrada e saída do ar. Neste caso a

entrada do ar ocasionada pelo gradiente de temperatura se dará pelas janelas das

duas paredes, perfazendo Ae = 4 + 12 = 16 m2 e a de saída será a do lanternim ou

seja, As = 4 m2, assim considera-se a área de saída:

H = 5 m e Δt = (tint. - text) = 32 – 27 = 5ºC

Assim,

Como as áreas totais das aberturas de entrada e de saída do ar são

diferentes temos que aplicar a correção para áreas desiguais por meio da Figura

4.1. A relação entre Ae/As = (4 + 12) / 4 = 4. Pelo gráfico da Figura 4.1 têm-se

y = 37%. Portanto a vazão corrigida será de:

Qt (corrigida) = 2,39 + (37/100)x2,39 = 3,274 m3/s

o
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Capítulo 4. Ventilação Geral
62

4.1.3. Vazão Combinada: Vento e Temperatura


Quando ocorrem simultaneamente as ações do vento e do gradiente de
temperatura, a vazão total resultante na abertura será:

2 2
Q VT = Q V + Q T

onde QV e QT são as vazões individuais devidas ao vento e ao gradiente de


temperatura respectivamente, calculadas conforme descrito acima.

Importante: No caso de uso de abertura superior para saída do ar, tipo lanternim
por exemplo, esta deverá estar protegida contra a ação negativa do vento, adotando-se
proteções laterais, conforme mostrado na Figura 4.3.

4.2. VENTILAÇÃO GERAL DILUIDORA


A ventilação geral diluidora (VGD) é a ventilação geral mecânica ou não utilizada
para diluição de substâncias emitidas no ambiente com a finalidade de proteção à saúde
e /ou redução de incomodo dos ocupantes do recinto e também para prevenir riscos de
explosão e incêndio.

Quadro 4.3.
Considere agora a ação conjunta vento-gradiente de temperatura neste galpão da

confecção, nas condições do vento especificado no Quadro 4.1. e já com o lanternim

descrito no Quadro 4.2. Qual será a vazão combinada vento-temperatura resultante neste

galpão?

a) Vazão devida ao vento:

Nesta situação a entrada do ar pela ação do vento se dará pela janela frontal a

direção do vento e que tem área de 12 m2 e a saída será pelo lanternim, com área

de 4 m2. Não se considera a área das janelas da parede oposta a esta, pois ali

passará a servir de entrada ar face ao gradiente de temperatura existente. Vamos

considerar Ce = 0,55. Assim, a vazão resultante será:

o
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Capítulo 4. Ventilação Geral
63

Qv = 0,55 x 4 x 1,2 = 2,64 m3/s = 9.504 m3/hora.

A vazão corrigida por serem as áreas de entrada e de saída desiguais

(Ae= 12m2 e As= 4 m2), onde Ae/As = 12/4 = 3 e y = 34%, será de:

Qv (corrigida) = 2,64 x (34/100) x 2,64 = 3,538 m3/s = 12.736,8 m3/hora

b) Vazão devida ao gradiente de temperatura:

Esta será a mesma calculada no Quadro 4.2., ou seja,

Qt (corrigida) = 3,274 m3/s = 11.787,5 m3/hora

c) Vazão combinada vento-gradiente de temperatura:

Pela fórmula da vazão combinada ()

Utilizando as vazões corrigidas calculadas acima se tem:

QVT (corrigida) = 17.354 m3/hora

4.2.1. USOS, VANTAGENS E DESVANTAGENS


A ventilação Geral diluidora é usualmente utilizada nas seguintes condições:

• O poluente emitido está presente em concentrações que podem ser diluídas


com quantidades aceitáveis de ar, tendo em vista o custo de movimentação de
grandes volumes de ar;
• Deve existir boa distância entre a fonte e os usuários do recinto de forma a
permitir a diluição nesta distância;
• A toxidade dos poluentes não deve ser muito alta tendo em vista a possibilidade
de ocorrência de concentrações mais altas que as permitidas considerando-se a
efetividade da diluição no recinto, o que representa um risco à saúde do usuário. É

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 4. Ventilação Geral
64

recomendado utilizar a VGD para substâncias com TLV a partir de 100 ppm. Em
outros casos fica dependendo de ponderações específicas;
• Geração do poluente relativamente uniforme de forma a evitar o super
dimensionamento para suportar os picos de geração;
• As fontes estão dispersas no ambiente dificultando a utilização de ventilação
local exaustora.

A ventilação geral, em relação à ventilação local exaustora, tem a vantagem de não


interferir com os processos e operações que estejam sendo realizados. Contudo, não
deve ser utilizado para substâncias altamente tóxicas, pois movimenta maiores volumes
de ar e não retira totalmente o poluente.
Apresenta dificuldade de utilização quando o ar deve ser filtrado antes do seu
lançamento na atmosfera para atender normas de controle de poluição do ar, devido aos
grandes volumes de ar movimentados. Além disso, não se recomenda o seu uso para
diluição de poluentes na forma de partículas, pois estas não se misturam rapidamente e
de forma uniforme no ambiente.

4.2.2. VENTILAÇÃO PARA PROTEÇÃO À SAÚDE


A vazão de ventilação necessária (QN) é a vazão de ar a ser insuflada ou retirada
do ambiente. No caso de ambientes não industriais muitas vezes se tem recomendações
da taxa de ventilação por ocupante ou número de trocas de ar por unidade de tempo,
mencionadas no capítulo 3. Neste caso a vazão total de ar necessária pode ser calculada
por:
QN = (Nº de Ocupantes máximo) x (vazão específica recomendada por ocupante)
ou
QN = (volume do ambiente) x (Nº. de trocas de ar por unidade de tempo
recomendada)
Quando a geração de poluentes no ambiente pode ser quantificada e qualificada a
vazão necessária para diluição de gases e vapores, visando a não ultrapassagem do
limite recomendado, é calculada por:
G 10 6
Q = x 24,1 x xK
M LT

Sendo:
Q = Vazão de ar necessária à diluição (m3/h)
G = Taxa de geração do poluente (kg/h)
M = Massa molecular do poluente (kg/kg.mol)
24,1 = Volume em m3 ocupado por 1 kg mol de qualquer gás a 21°C e 1 atm.
LT = Limite de Tolerância do poluente considerado (ppm)
106 = Fator de conversão do LT de ppm para partes por partes
K = Fator de efetividade da distribuição do ar. Em geral varia de 1,5 a 10 (vide
Tabela 4.1)

o
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Capítulo 4. Ventilação Geral
65

Em unidades inglesas a fórmula acima se converte em:


G 10 6
Q= x 387 x xK
M LT
Sendo Q em pés3/min; G em lb/min.
As massas moleculares de outras características importantes de várias substâncias
são fornecidas no Anexo B.
Deve-se ponderar que, do ponto de vista de engenharia, Fatores de Efetividade da
distribuição do ar muito grandes, acima de 5 por exemplo, indicam que a distribuição do
ar deve ser modificada para que possa ser utilizado um fator menor ou é um caso em que
a vazão resultante não será muito alta e neste caso não há custo excessivo.

Tabela 4.1. Fator de efetividade da distribuição do ar (valor K).


Moderadamente Levemente
Tipo de entrada Altamente Tóxico
Tóxico Tóxico
e/ou saída do ar (TLV < 100 ppm)
(100 <LT <500 ppm) (TLV > 500 ppm)

Entrada de ar por teto Não se recomenda


3 1,5
perfurado o uso de VGD

Entrada de ar por Não se recomenda


3a6 2a3
bons difusores o uso de VGD

Entrada de ar por
aberturas normais Não se recomenda
6 a 10 3a6
existentes e saída por o uso de VDG
exaustores de parede
Fonte: ACGIH (Industrial Ventilation)

A Figura 4.4 mostra a qualidade da distribuição do ar no ambiente em função das


condições de entrada e saída do ar e da localização da fonte de emissão de poluentes.

o
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Capítulo 4. Ventilação Geral
66

Fonte: ACGIH (Industrial Ventilation)

Figura 4.4. Valores do fator “K” sugeridos em função das localizações de entrada e de
exaustão.

o
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Capítulo 4. Ventilação Geral
67

Quadro 4.4.
Considere uma fábrica de cintos que utiliza no processo a operação de aplicação

manual de cola em bancada e que contêm 60% de solvente xilol (xileno comercial). O

consumo médio de cola por hora é de 2 litros. Qual será a vazão necessária para diluir o

solvente ao nível do TLV, considerando ambiente com entrada de ar por bons difusores

e saída por exaustores de parede localizados próximos à bancada de aplicação da cola?

Dados: Massa molecular do Xileno M = 106,16 e TLV do xileno = 100 ppm, e

massa específica do Xileno = 0,881 kg/L (na forma líquida).

Utilizando a forma para cálculo da vazão para proteção à saúde do

trabalhador tem-se:

QN = (G/M) x 24,1 x (106/TLV) x k

Onde:

G = 2 L/hora x 0,6 x 0,881 kg/L = 1,0572 kg/hora

Pela Tabela 4.1 o valor de k varia de 3 a 6. Como o Xileno tem TLV de 100

ppm ou seja, está no limite inferior da faixa de toxicidade, deveríamos adotar o

valor 6. Considerando que a saída se dá por exaustores de parede, ou seja, uma

situação melhor que somente saída por janelas, vamos utilizar um valor menor.

Adotaremos k = 5. Assim tem-se para a vazão de diluição:

QN = (G/M)x24,1x(106/TLV)xk = (1,0572/106,16)x24,1x(106/100)x5

QN = 12.000m3/h

o
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Capítulo 4. Ventilação Geral
68

4.2.3. VAZÃO PARA DILUIÇÃO DE MISTURA DE POLUENTES


Em muitos casos práticos ocorre emissão de vários poluentes ao mesmo tempo
num mesmo ambiente. Quando dois ou mais poluentes estão presentes, o efeito
combinado deve ser considerado.
O efeito sinérgico ou potenciação pode ocorrer com várias combinações de
poluentes, devendo ser, estudado caso a caso. Como regra geral, na ausência de
informações específicas, deve-se levar em consideração a possibilidade de ocorrência de
efeitos aditivos em misturas de poluentes. Quando houver informações suficientes para
caracterizar a ocorrência somente dos efeitos individuais de cada substâncias, pode-se
então calcular a taxa de ventilação para efeitos independentes.
Utilizando a metodologia da ACGIH tem-se que o Limite de Tolerância da mistura
de poluentes estará excedido se a somatória das frações individuais de concentração real
e limite de tolerância for maior que um, ou seja:

C1 C C
+ 2 + ..... + N > 1
LT1 LT2 LTN

onde: Ci = concentração do poluente (i) no ambiente


LTi = limite de tolerância do poluente (i)

A taxa de ventilação para mistura de poluentes com efeitos aditivos será então a
somatória das taxas de ventilação individuais ou seja:

QN (MIST) = ΣQ i

No caso de efeito independente a taxa de ventilação necessária será a maior taxa


de ventilação individual ou seja:

QN (MIST) = Maior Qi

o
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Capítulo 4. Ventilação Geral
69

Quadro 4.5.
Suponha que um outro fabricante fornecedor de cola para produtos de couro

apresente proposta à empresa do quadro 4.4 com preço de venda menor que o atual só

que o solvente desta cola é o toluol (tolueno comercial). Considerando que o tolueno tem

TLV = 50 ppm, você acha que a vazão calculada no quadro 4.4 seria suficiente para o

mesmo consumo de cola?

O tolueno pode ser considerado como altamente tóxico conforme critério da

Tabela 4.1, situação em que não se recomenda o uso da ventilação geral diluidora.

O correto neste caso seria não utilizar um solvente mais tóxico, mas se fosse o

caso de utilizá-lo seria então necessário adotar a ventilação local exaustora para

prevenir danos à saúde do trabalhador.

4.2.4. TAXA DE VENTILAÇÃO PARA EVITAR INCÊNDIO OU EXPLOSÃO


Similarmente à diluição de gases e vapores para proteção à saúde, pode-se
determinar a taxa de ventilação para evitar incêndio ou explosão com base na emissão
do poluente e no limite de explosividade específico. A fórmula utilizada é a seguinte:

G 102 f
QN = x 24,1 x x S
M LIE B

sendo:
QN = taxa de ventilação necessária (m3/h)
G = taxa de emissão de substância (kg/h)
M = massa molecular da substância (kg/kg mol)
LIE = limite inferior de Explosividade (%)
fs = fator de segurança. Em geral usa-se
fs = 4 (25% do LIE)
fs = 5 (20% do LIE)
B = correção para temperatura tendo em vista que o LIE varia com a temperatura
B = 1 para t < 120 0C
B = 0,7 para t > 120 0C

o
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Capítulo 4. Ventilação Geral
70

Deve-se ressaltar que, na maioria dos casos, a diluição ao nível do limite de


tolerância satisfaz a condição de controle de risco de explosão tendo em vista que o
limite de explosividade é em geral bem maior que o limite de tolerância. Os limites de
explosividade para várias substâncias são fornecidos no Anexo 02.

Quadro 4.6.
Calcule a vazão de diluição para evitar incêndio na aplicação da cola com xilol

conforme condições descritas no quadro 4.4. Considerando fator de segurança suficiente

para manter a concentração a 20% do limite inferior de explosividade (LIE) que é de 1%.

Compare o valor encontrado com a vazão necessária par proteção à saúde, conforme

calculado no quadro 4.4.

Deve-se utilizar a fórmula para evitar incêndio ou explosão, ou seja:

Como a temperatura ambiente é menor que 100 ºC, B = 1 e como devemos

manter a concentração a 20% do LIE fs = 5. Conforme já calculado G = 1,0572

kg/hora.

Assim tem-se:

QN (incêndio) =

A vazão para proteção à saúde calculada é QN (saúde) = 12.000 m3/hora,

portanto muito maior que a necessária por questões de segurança (incêndio ou

explosão). Observa-se então que a diluição para proteção à saúde é suficiente para

prevenir também a ocorrência de incêndio ou explosão.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 4. Ventilação Geral
71

4.3. TESTES
1. Como a ventilação natural é promovida pelo vento e por gradientes de
temperatura, sua confiabilidade é muito alta.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

2. Para otimizar a vazão natural devida aos ventos e a gradientes de temperatura


em um galpão as aberturas de entrada deverão se localizar na parte inferior deste e
as de saída na parte superior do mesmo.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

3. A vazão natural devida a gradientes de temperatura depende, entre outras


coisas, da área de entrada e de saída do ar e é obtida pela soma dessas duas
áreas.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

4. A ventilação geral diluidora é recomendável para o controle da concentração no


ambiente interno de todos os tipos de poluentes.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

5. O cálculo da vazão de ar de diluição necessária para atingir níveis seguros


depende da substância a ser diluída.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
72

CAPÍTULO 5. VENTILAÇÃO LOCAL EXAUSTORA – CAPTORES.


Prof. FRANCISCO KULCSAR

OBJETIVOS DO ESTUDO
Introduzir a ventilação local exaustora mostrando seus componentes e suas
funções; Apresentar os aspectos relacionados à captação do poluente com a definição
dos tipos de captores mais comuns, modelos de cálculo da vazão de captação do
poluente, conceituação de velocidade de captura e seus valores segundo condições
específicas, bem como os aspectos que interferem negativamente na eficiência de
captação.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Caracterizar os componentes de sistemas de ventilação local exaustora e a
finalidade de cada componente;
• Selecionar um captor e calcular a vazão para situações simples;
• Verificar situações existentes e sugerir alterações para melhorar a eficácia de
captação dos poluentes;
• Decidir sobre a possibilidade de uso ou não de determinado captor.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
73

5.1. COMPONENTES
A ventilação local exaustora capta os poluentes diretamente na fonte evitando desta
forma a dispersão dos mesmos no ambiente de trabalho. Pode-se deduzir portanto que
esse tipo de ventilação é mais adequada à proteção da saúde do trabalhador. Um
sistema de ventilação local exaustora é composto das seguintes partes, conforme
mostrado na Figura 5.1:
• CAPTORES - os captores são os pontos de entrada dos poluentes mais o gás
carreador no sistema. O gás carreador é em geral o ar ou um fluido com
propriedades próximas da do ar.
• DUTOS - tem a função de transportar o fluido carreador dos poluentes. Podem
ser divididos em tramos ou ramais, duto principal e chaminé.
• EQUIPAMENTO DE CONTROLE DE POLUIÇÃO DO AR (ECP) - o
equipamento de controle da poluição do ar é destinado à limpeza do ar exaurido
antes do seu lançamento na atmosfera, incluindo tudo o que é necessário para o
seu funcionamento, como por exemplo, trocadores de calor e pré-coletores. O tipo e
eficiência destes equipamentos dependerão de um conjunto de fatores, tais como:
tipo de poluentes (gases, vapores ou partículas), toxicidade dos poluentes, tamanho
das partículas, normas locais de controle de poluição e localização da indústria.
• CONJUNTO VENTILADOR-MOTOR - o conjunto motor-ventilador fornece a
energia necessária para movimentar o fluido e vencer todas as perdas de cargas do
sistema.
• CHAMINÉ - a chaminé é parte integrante do sistema de transporte do gás
carreador dos poluentes e é a parte final do sistema cuja finalidade é o lançamento
do gás carreador mais a emissão residual na atmosfera.
O projeto, instalação e o funcionamento adequado de cada uma das partes são
importantes para a eficiência e eficácia do sistema como um todo, influenciando portanto
na performance final do mesmo.

Figura 5.1. Componentes principais de Sistemas de Ventilação Local Exaustora.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
74

5.2. CAPTAÇÃO DOS POLUENTES


A captação é um ponto fundamental do sistema. Este não atingirá seus objetivos se
não houver uma captação adequada dos poluentes. No projeto deste componente estão
envolvidos os seguintes fatores: escolha do tipo e geometria dos captores;
posicionamento do captor em relação à fonte; velocidade de captura requerida para
captar o poluente no ponto mais desfavorável; determinação da vazão de captação;
requisitos de energia do captor.

5.2.1. TIPOS DE CAPTORES


Os captores são usualmente classificados quanto à sua forma e posição relativa à
fonte, conforme relacionado a seguir:
• CAPTORES ENCLAUSURANTES - são os captores que envolvem a fonte de
poluição, ou seja, a emissão dos poluentes acontece dentro do captor. Neste tipo
de captor existem aberturas pequenas (frestas) para entrada do ar de exaustão.
• CAPTORES TIPO CABINE - são captores similares aos enclausurantes mas
que se diferenciam pela maior área aberta para entrada do ar de exaustão.
Exemplo típico são as cabines com exaustão utilizadas em operações de pintura a
revólver.
• CAPTORES EXTERNOS - são os captores posicionados externamente à fonte.
Esses captores devem induzir, na zona de emissão dos poluentes, correntes de ar
em velocidade suficiente para a captação e condução dos poluentes para dentro do
captor. Podem ser do tipo lateral, superior ou inferior. O captor tipo coifa (Figura
5.2) é um exemplo típico de captor externo superior.
• CAPTORES RECEPTORES - são os captores colocados estrategicamente no
sentido de movimentação dos poluentes, de forma a receber naturalmente o fluxo
de poluentes induzido pela própria operação poluidora, como por exemplo os gases
quentes de fornos.
Os diversos tipos de captores são apresentados na Figura 5.2. A seleção do tipo de
captor ideal para uma determinada fonte poluidora dependerá do tipo de fonte, toxicidade
do poluente emitido, restrições de espaço, condições operacionais, etc. Deve-se ter como
regra geral que o melhor captor é aquele que capta com a eficiência desejada, não
ocasiona problemas para a operação da fonte e para a movimentação de pessoas,
materiais e equipamentos na área, que apresenta a menor perda de carga e que
necessita a menor vazão de captação, sendo os dois últimos fatores importantes sob o
ponto de vista de custo do sistema e custo operacional.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
75

Figura 5.2. Principais tipos de captores.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
76

Na Figura 5.3 está mostrado o captor tipo coifa com sugestões de dimensões e
condições conforme ACGIH (Industrial Ventilation)

FÓRMULA DA VAZÃO: Q = 1,4 P.v.H


onde P é o perímetro do tanque, e v é a velocidade de captura e H a distância da base da coifa até a borda superior
da fonte conforme mostrado na figura.
PERDA DE ENTRADA: ΔPE = 0,25xPCd
onde PCd é a pressão cinética do duto conectado ao captor.
Não deve ser utilizado quando o material é muito tóxico e o operário precisa curvar-se sobre o tanque.

Figura 5.3. Captor tipo coifa com dimensões e condições sugeridas pela ACGIH
(Industrial Ventilation).

5.2.2. ALGUNS ASPECTOS IMPORTANTES NO PROJETO E LOCALIZAÇÃO DO


CAPTOR
O captor deve ser colocado o mais próximo possível da fonte poluidora. Isso
promove melhor captação a uma vazão menor (menor custo operacional). Ressalte-se
ainda que, quanto maior for a distância do captor à fonte, maior será a possibilidade de
ação de correntes transversais de ar (vento) existentes no ambiente que agirão no
sentido de prejudicar o encaminhamento dos poluentes para o captor, necessitando
portanto de velocidade de captura mais alta, aumentando em conseqüência a vazão
necessária.
A direção do fluxo dos poluentes captados pelo sistema de exaustão em relação ao
operador da fonte é importante do ponto de vista de proteção à exposição a alta
concentrações.
A Figura 5.4 mostra a diferença da direção do fluxo de ar no caso de captores
laterais e captores tipo coifa. O fluxo de ar induzido, ainda sem os poluentes, no caso do
captor lateral, passa primeiro pela zona respiratória do operador, arrasta os poluentes e
então se dirige para o captor. No caso de coifas, o operador pode ficar sujeito a altas
concentrações de poluentes ao se curvar para retirada ou colocação de peças em um
tanque, por exemplo.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
77

Figura 5.4. Influência da direção do fluxo de ar de exaustão sobre o trabalhador.

O enclausuramento da fonte é um fator importante tanto para reduzir a vazão de


exaustão como também para melhorar a eficiência de captação. Quanto mais aberta a
área entre o captor e a fonte, maior a possibilidade de ação de correntes de ar (vento)
que arrastarão os poluentes para longe do captor, impedindo a sua captação. O
enclausuramento age de duas formas na redução da vazão de captação: uma na
exigência de menores velocidades de captura e a outra na diminuição da área aberta.
Como a vazão necessária é proporcional à velocidade de captura e à área aberta,
verifica-se a importância de adotar o procedimento da limitação de áreas abertas. A
colocação de anteparos para diminuir ou impedir a ação dos ventos é uma medida barata
e que muitas vezes pode ser adotada quando não for possível enclausurar a fonte. Esses
aspectos estão mostrados na Figura 5.5.

Figura 5.5. Ação do enclausuramento na área de emissão e fluxo do ar de captação dos


poluentes.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
78

A crença existente de que os gases mais densos que o ar sempre se dirigem para o
solo não é verdadeira no caso de concentrações usuais em ambientes de trabalho. Os
gases e vapores emitidos no ambiente de trabalho se misturam com o ar e essa mistura
passa a se comportar como um todo, devendo então ser considerada a densidade da
mistura para os projetos de ventilação. Somente nos casos de altas emissões de gases
ou vapores mais densos que o ar é que consideraríamos a localização dos captores mais
próximos ao solo para evitar incêndio ou explosão. Essa condição em geral só ocorre em
casos de vazamentos acidentais com pluma densa. A Figura 5.6 ilustra essa situação.

Em higiene industrial, a densidade da mistura de solventes não é muito diferente da


do ar. A instalação de exaustão no solo só deve ser usada para proteção contra incêndio
ou explosão.
Exemplo:
Densidade do ar 1,00
Densidade do vapor do acetato de amila 100 % 4,49
Densidade do limite inferior de explosividade 1,038
Densidade da mistura ao nível do TLV 1,0003

Figura 5.6. Influência da densidade do poluente na localização do captor.

5.2.3. VELOCIDADE DE CAPTURA


A velocidade de captura é a velocidade que deve ter o ar na região estabelecida de
forma a captar os poluentes, conduzindo-os para dentro do captor. Se o poluente emitido
no ponto mais desfavorável for captado, então todos os demais serão captados.
Em ventilação também se utiliza o termo "velocidade de controle" que no caso de
captores externos é a própria velocidade de captura. No caso de captores tipo
enclausurante ou tipo cabine, a velocidade de controle pode ser entendida como a
velocidade necessária para evitar a saída dos poluentes do captor já que o captor
envolve a fonte.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
79

A velocidade de captura requerida para um determinado caso depende do tipo de


captor, da velocidade de emissão, da toxidade do poluente, do grau de movimentação do
ar do ambiente (correntes transversais), do tamanho do captor e da quantidade de
poluentes emitida.
A tabela 5.1 mostra valores usuais de velocidade de captura para várias condições
de dispersão e de correntes transversais do ar no ambiente, mostrando também alguns
exemplos típicos.

5.2.4. VAZÃO DE EXAUSTÃO


A vazão de exaustão representa o volume de ar que deve ser movimentado para
captar uma determinada massa ou volume de poluentes emitidos por uma fonte
poluidora. A vazão total a ser movimentada será a somatória das vazões exigidas em
cada captor.
Os seguintes requisitos devem ser atendidos pela vazão de exaustão:
• Deve captar a totalidade dos poluentes emitidos;
• Não deve interferir nos processos e operações, como por exemplo o arraste de
matérias-primas e produtos, diminuição da temperatura dos equipamentos e de
processos, etc.;
• Deve ser uma vazão econômica, ou seja, deve ser a mínima necessária para
atender aos requisitos acima.
A formula geral para cálculo da vazão é dada por: Q = Ac.Vc, onde Q é a vazão
necessária num determinado captor; Ac é a área da superfície de controle e Vc é a
velocidade do ar na superfície de controle necessária para captar os poluentes e conduzi-
los ao sistema de exaustão.
No caso de captores enclausurantes a superfície de controle é a área das
aberturas. No captor tipo cabine a superfície de controle é a área da face da cabine mais
qualquer área aberta que possa existir nas laterais da mesma. Nesses casos é fácil
visualizar a superfície de controle através da qual se impõe uma determinada velocidade
e determina-se a vazão.
No caso de captores externos tem-se que ter um certo volume de ar passando pelo
ponto mais desfavorável de emissão, de forma que esse volume de ar capture e arraste
os poluentes para o captor, conforme ilustrado na Figura 5.7. Nesse caso a superfície de
controle não está fisicamente delimitada. Se considerarmos uma superfície de controle
imaginária na qual o ar, em todos os pontos possui a mesma velocidade e se houver
condições de determinar a área dessa superfície podemos então determinar a vazão, se
aplicarmos nessa área a velocidade de captura necessária.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
80

Tabela 5.1. Valores para velocidade de controle (ou de captura).


VELOCIDADE
CONDIÇÕES DE DISPERSÃO DE
EXEMPLOS
DO POLUENTE CONTROLE
(m/s)
Emitidos praticamente sem Evaporação de tanques,
0,25 - 0,50
velocidade em ar parado desengraxe, etc.
Cabines de pintura, enchimento de
tanques de armazenamento
Emitidos a baixa velocidade
(intermitente), pontos de
em ar com velocidade 0,50 - 1,00
transferência de transportadores
moderada
de baixa velocidade, solda,
deposição eletrolítica, decapagem.

Grande geração em zona de ar Enchimento de barris, carga de


1,00 - 2,50
com velocidade alta transportador

Emitido com alta velocidade


Esmeris, jateamento com
inicial em zona de ar com 2,50 - 10,0
abrasivos
velocidade alta

Em cada categoria apresentada na Tabela 5.1. escolha dos valores na faixa


mostrada depende de diversos fatores a saber:

Limite inferior da faixa de velocidade:


• Ambiente sem correntes de ar ou favorável à captura
• Poluente de baixa toxicidade
• Intermitente, baixa emissão
• Captor grande - grande vazão de ar

Limite superior da faixa de velocidade:


• Existência de corrente de ar
• Poluente de alta toxicidade
• Alta emissão
• Captor pequeno - somente para controle local

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
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Figura 5.7. Fluxo de ar para captores externos.

A determinação da superfície de controle bem como o comportamento da


velocidade induzida dentro da região de exaustão, tem sido motivo de estudos práticos e
teóricos realizados por vários autores, entre os quais Dallavalle, Hemeon, Silverman,
Garrison, e Fletcher.
A prática usual, pela simplificação da aplicação, tem sido aquela de considerar a
velocidade induzida ao longo do eixo. A Figura 5.8 mostra diversos tipos de captores e
respectivas fórmulas para cálculo da vazão de exaustão.
Deve-se ressaltar que no caso de exaustão a velocidade do ar cai rapidamente à
medida que se afasta da face do captor. Em geral a velocidade num ponto situado a uma
distância igual a 1 diâmetro da face do captor é de 10% da velocidade da face do captor.
No caso de sopro (jato), a velocidade cai menos rapidamente atingindo o valor 10% da
velocidade da face a distâncias de aproximadamente 30 diâmetros da face do captor.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
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Fonte: ACGIH (Industrial Ventilation)


Figura 5.8. Fórmula de vazão para diversos captores.

Vazão insuficiente significa captação deficiente e, portanto maior poluição do


ambiente de trabalho. A Figura 5.9 dá uma visão do que ocorre quando a vazão é
insuficiente.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
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Figura 5.9. Efeito da vazão na captação dos poluentes.

Deve-se ressaltar que a distribuição uniforme do ar na região frontal do captor é


muito importante e isso pode ser conseguido de várias formas, conforme mostra a Figura
5.10, sendo a utilização de fendas uma prática usual.

Figura 5.10. Formas de uniformização do ar na entrada de captores.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
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A ventilação de tanques, principalmente de tratamento superficial, e processos


quentes (fornos de fundição por exemplo) por suas características específicas tem
tratamento em separado. Existe metodologia específica para a escolha do captor e da
velocidade de controle e para a determinação da vazão de exaustão para tanques de
tratamento superficial (galvanoplastia). No caso de processos quentes a captação deve
levar em consideração a tendência natural de ascensão dos gases quentes, sendo
preferível utilizar captores receptores, normalmente o captor tipo coifa.

Quadro 5.1.
Considere um captor tipo coifa do tipo recomendado pela ACGIH (Figura 5.3) a ser

instalado para captar as emissões de poluente de baixa toxicidade provenientes de um

tanque retangular cujos lados medem 1,5 m x 1,0 m x 1,2 m. A coifa está localizada a

uma distância de 0,7 m da borda do tanque. Qual será a velocidade de captura a ser

adotada neste caso e a vazão recomendada se o ambiente estiver sujeito a correntes

transversais de ar de baixa velocidade?

Resolução:

Utilizando a Tabela 5.1 e considerando a condição “emitidos a baixa

velocidade em ar com velocidade moderada” a faixa da velocidade de captura vai

de 0,5 m/s a 1,0 m/s. Como os poluentes são de baixa toxicidade, a velocidade de

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
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captura V=0,5 m/s será suficiente.

Para o nosso caso a vazão vale: Q = 1,4 x P x H x v (figuras 5.3 e 5.8).

Onde:

H = 0,7 m (dado)

P = perímetro da borda do tanque = 1,5+1,0+1,5+1,0 = 5,0 m

Assim: Q = 1,4 x 5,0 x 0,7 x 0,5 = 2,45 m3/s = 8.820 m3/hora

Quadro 5.2.
Considere do quadro 5.1 agora uma chapa quente retangular de uma lanchonete,

com as mesmas dimensões do tanque (lados medindo 1,5 m x 1,0 m e altura de 1,2 m). A

borda da coifa também estará localizada a 0,7 m da chapa quente, mas adotaremos

fechamento por vidro nas laterais direita e esquerda e na parte de trás da chapa, ou seja,

somente há possibilidade de emissão pela parte da frente (lado maior), onde está o

trabalhador. Qual será a velocidade de captura a ser adotada neste caso e a vazão

recomendada se o ambiente estiver sujeito a correntes transversais de ar de baixa

velocidade? Dica: considerar que não é o caso de cálculo específico para fonte quente.

Resolução:

Utilizando a Tabela 5.1 e considerando a condição “emitidos a baixa

velocidade em ar com velocidade moderada” a faixa da velocidade de captura vai

de 0,5 m/s a 1,0 m/s. Vamos adotar, para este caso, poluentes de média toxicidade,

assim, a velocidade de captura V = 0,75 m/s será suficiente.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
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O cálculo da vazão da coifa neste caso está facilitado, pois a área aberta é

somente a da frente, e vale:

A área é dada por A = H x lado maior, A = 1,5 x 0,7 = 1,05 m2.

Sendo: Q = 1,05 x 0,75 = 0,7875 m3/s = 2.835 m3/hora

Observem que neste caso, mesmo considerando poluentes de média

toxicidade, ou seja, mais tóxicos que os do quadro 5.1, a vazão necessária é bem

menor porque a área aberta por onde poderia haver escape dos poluentes diminuiu.

Esta medida deve ser adotada sempre que possível, pois representa economia e até

protege mais o trabalhador por ser menos susceptível à fuga dos poluentes para o

ambiente.

5.2.5. REQUISITOS DE ENERGIA DO CAPTOR


Para que o ar se movimente e penetre no captor é necessário fornecer energia ao
mesmo. Essa energia é fornecida na forma de pressão estática, a qual denominamos
"pressão estática do captor".
A pressão estática do captor é a somatória da pressão cinética necessária à
movimentação do fluido até atingir a velocidade que o fluido deve ter no duto logo após o
captor (energia de aceleração), mais as perdas de cargas desde a face do captor até o
início do duto, incluído a região da "vena contracta", conforme na Figura 5.11, ou seja:
PEc = - (PCd + ΔPE)
Onde PEc é a pressão estática do captor, PCd a pressão cinética no duto e ΔPE a
perda de energia (perda de carga) no captor.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
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Figura 5.11. Pressão estática do captor.

A perda de carga acarreta uma redução na vazão de exaustão em um captor,


quando comparada com a vazão ideal que seria exaurida se não houvesse tal perda. A
relação entre a vazão real e a ideal define o coeficiente de perda na entrada (Ce) do
captor, que depende somente da geometria do captor.
A vazão real (Q) em m3/s é dada pela expressão
PEc
Q = 4,43.A d .Ce. ρf

onde Ad é a área da seção transversal do duto e ρf é a densidade do fluido. Para o


ar padrão (ρf = 1,2 kg/m3) a fórmula acima se torna:

Q = 4,043.A d .Ce. PEc

Observe que, se tivéssemos a Pc média na seção do duto logo após o captor, ao


invés da pressão estática do captor a fórmula seria, para ar o padrão:

Q = 4,043.A d . Pc (média )
A Pressão Estática do Captor (Pec) representa a energia a ser fornecida ao fluido
para se movimentar até atingir a velocidade do duto (em geral correspondente a 1 Pc, em
termos de pressão, pois usualmente o fluido está parado ou quase parado zona de
entrada do captor) e para vencer a perda de carga (resistência) do captor desde sua
entrada até o início do duto (ΔPE).
1 - Ce 2
ΔPE = Kc.Pc sendo Kc = 2
Ce

Estas expressões permitem calcular a energia, em termos de pressão, a ser


fornecida para vencer a resistência da entrada e para acelerar o fluido, conhecendo-se o
coeficiente de entrada (Ce) do captor ou o fator de perda de carga do captor (Kc) e a
pressão cinética no duto, Pcd, correspondente à velocidade v, dada pela fórmula.
A Tabela 5.2 e a Figura 5.2 apresentam, para vários tipos de captores, os valores
do coeficiente de entrada, bem como as perdas de cargas do captor, expressas em
fração da pressão cinética no duto.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
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Por outro lado, conhecendo-se o valor do coeficiente de entrada, o qual depende


somente da geometria do captor, e a área da seção transversal do duto (Ad), pode-se
facilmente correlacionar a vazão (Q) de exaustão com a pressão estática do captor (Pec)
utilizando a expressão
PEc
Q = 4,43.A d .Ce. ρf

para qualquer densidade de fluido ou

Q = 4,043.A d .Ce. PEc

no caso do ar padrão (ρ = 1,2 kg/m3), sendo Q em m3/s; Ad em m2 e PEc em


mmH2O).
Pode-se concluir portanto que a pressão estática do captor, que pode ser medida
com um simples manômetro tipo U instalado conforme ilustrado através da Figura 5.11, é
um parâmetro importante para o controle da vazão de exaustão de um captor, devendo
ser utilizada na prática como indicador do ponto de operação do captor.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
89

Tabela 5.2. Coeficiente de entrada e perda de carga em captores.


Coeficiente de Perda de
Tipo de captor Descrição
entrada - Ce carga ΔPe

Abertura planas 0,72 0,93 PC

Aberturas flangeadas 0,82 0,49 PC

Captores cônicos ou Variável com o ângulo do cone ou


afunilados afunilamento (ver figura 5.12)

Entrada em forma de
0,98 0,04 PC
cone

Orifícios Ver figura 5.12

Saída sem afunilamento

0,78 0,65 PC
Captor típico para
rebolos abrasivos
Saída com afunilamento

0,85 0,40 PC
Fonte: Mesquita et al (1988)

o
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COEFICIENTE DE
PERDAS DE ENTRADA
ENTRADA
Redondo Retangular Redondo Retangular
15° 0,15 0,25 0,93 0,89
30° 0,08 0,16 0,96 0,93
45° 0,06 0,15 0,97 0,93
60° 0,08 0,17 0,96 0,92
90° 0,15 0,25 0,93 0,89
120° 0,26 0,35 0,89 0,86
150° 0,40 0,40 0,84 0,82

Coifas – Ce de 0,82 a 0,96

Tubulação e cotovelo, Ce=0,62 Tubulação flangeada e cotovelo, Ce=0,74

Orifício + duto flangeado (muitos tipos de fenda)


Orifício
Ce=0,55 (quando velocidade do duto = velocidade da
Ce=0,60
fenda)
ΔPe = 1,78 Pc (orifício)
ΔPe = 1,78 Pc (orifício) + 0,49 Pc (duto)
Fonte: Mesquita et al (1988)
Figura 5.12. Coeficiente de entrada e fator de perda de carga de captores.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
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Nota importante: A publicação Industrial Ventilation: A Manual of Recommended


Practice da ACGIH é a referência básica para escolha de captores e para seu
dimensionamento. Em geral as outras publicações estão baseadas nas recomendações
deste manual. Como se trata de um manual que está em constante atualização (em 2001
estava na 24a edição), deve-se utilizar a edição mais recente possível, apesar de que as
alterações muitas vezes são mínimas.

Quadro 5.3.
Considere um duto como o da Figura 5.11, mas com entrada suavizada (cônica),

servindo de captor para uma determinada fonte. Qual é o coeficiente de entrada e a

pressão estática deste captor, para uma velocidade média no duto de 15 m/s.

Considerando ar com densidade de 1,1 kg/m3, qual será a vazão na entrada deste captor

para um duto de 0,3 m de diâmetro?

Resolução:

a) coeficiente de entrada

Da Tabela 5.2 tem-se: Ce = 0,98 e ΔPe = 0,04Pc.

Como ΔPe = K . Pc o fator de perda de carga neste caso vale 0,04 (K=0,04).

b) pressão estática

Como a velocidade média do duto é de 15 m/s, a pressão cinética

correspondente é obtida da fórmula de correspondência de velocidade e pressão

cinética (conforme item do capitulo 2: 2.4.10. Relação Entre Pressão Cinética e

Velocidade) que é:.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
92

A pressão estática de entrada, considerando ar parado na zona de entrada do

captor, será: PEc = -(1Pc + K.Pc) = -(1 x 12,612 + 0,04 x 12,612) = -13,12 mmH2O

(pressão negativa pois o ar está entrando no captor).

c) vazão do captor.

Considerando que o diâmetro (D) do duto é de 0,3 m sua área transversal será

A vazão neste captor pode ser calculada de duas formas:

1) Pelo uso da fórmula:

implesmente pelo o uso da velocidade média no duto (15 m/s) e a área da

seção transversal do duto: Q = S x v = 0,07065 x 15 = 1,060 m3/s = 3813,4 m3/h.

o
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Capítulo 5. Ventilação Local Exaustora - Captores
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5.3. TESTES
1. Para otimizar a eficiência de captação de poluentes deve-se:
I- Escolher um captor adequado para o caso em estudo;
II- Localizar o captor o mais próximo possível da fonte de emissão;
III- Adotar velocidade de captura de acordo com as condições específicas do caso e
calcular a vazão de captação necessária de acordo com modelos recomendados.

a) Somente I está correta.


b) Somente II e III estão corretas.
c) Somente I e III estão corretas.
d) Somente II está correta.
e) Todas as afirmativas estão corretas.

2. A ventilação local exaustora difere da ventilação geral porque retira o poluente do


ambiente de trabalho, enquanto e a ventilação geral somente faz a diluição da
poluição gerada internamente.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

3. Anteparos colocados nas laterais de captores são importantes para reduzir a


vazão necessária para captar as emissões e para evitar a ação de correntes
transversais de ar.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

4. O captor tipo coifa é de uso geral e não há restrições quanto à sua utilização.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

5. A pressão estática de um captor, que pode ser medida com um simples


manômetro tipo não é um parâmetro importante para o controle da vazão de
exaustão de um captor.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

o
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Capítulo 6. Ventilação Local Exaustora - Dutos
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CAPÍTULO 6. VENTILAÇÃO LOCAL EXAUSTORA – DUTOS.


Prof. FRANCISCO KULCSAR.

OBJETIVOS DO ESTUDO
Conhecer a finalidade de utilização dos dutos de exaustão e os métodos
recomendados de projeto.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Conhecer as velocidades de transporte em dutos mais adequadas aos
poluentes,
• Reconhecer quais são os dutos mais adequados aos princípios de ventilação,
• Ter noções de projeto e dimensionamento de dutos,
• Ter noções de requisitos de energia em dutos,
• Ter noções de métodos de balanceamento.

o
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Capítulo 6. Ventilação Local Exaustora - Dutos
95

6.1. TRANSPORTE DOS POLUENTES

O transporte dos poluentes através dos dutos do sistema depende da velocidade do


ar na tubulação. Para poluentes gasosos a velocidade tem pouca importância uma vez
que não ocorre sedimentação na tubulação mesmo para velocidades baixas. Neste caso
são utilizadas velocidades na faixa econômica, usualmente entre 5 e 10 m/s.
No caso de poluentes na forma de partículas, é importante manter a velocidade
mínima de transporte para que não ocorra sedimentação nos dutos. Essa velocidade
varia de acordo com a densidade e granulometria das partículas. Os valores usuais estão
mostrados na Tabela 6.1.

Tabela 6.1. Velocidade de Transporte de Partículas em Dutos.

Velocidade mínima
Tipo de partícula
(m/s)

1. Partículas de densidade baixa.


Ex: fumaça, fumos de óxidos de zinco, fumos de alumínio, 10
pó de algodão.

2. Partículas de densidade média.


15
Ex: cereais, pó de madeira, pó de plástico pó de borracha.

3. Partículas de densidade média/alta


Ex: fumos metálicos, poeira de jateamento de areia e de 20
esmerilhamento.

4. Partículas de densidade alta


25
Ex: fumos de chumbo, poeiras de fundição de ferro.

A velocidade no duto tem também influência na perda de carga do sistema ou seja,


na energia requerida para o fluido percorrer o sistema de dutos. Quanto maior a
velocidade maior será a perda de carga e maior a potência exigida do ventilador.
Dessa forma, é conveniente, do ponto de vista econômico, que a velocidade fique
próxima e acima da velocidade mínima de transporte requerida para o caso específico,
de forma a atender ambos os objetivos, a não ser em pequenos trechos por razões
específicas (restrição de espaço, balanceamento de tramos etc.), mas nunca abaixo da
mínima velocidade requerida para o caso específico.
Portas de inspeção são necessárias nas tubulações em intervalos de pelo menos 3
metros e junto às singularidades de maior probabilidade de deposição de pó.

o
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Capítulo 6. Ventilação Local Exaustora - Dutos
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6.2. DIMENSIONAMENTO DOS DUTOS


No sistema de ventilação local exaustora, dimensionar o sistema de dutos significa
determinar a área da secção transversal do duto (Ad), pela qual passa a vazão (Q)
requerida, a uma dada velocidade (vt) desejável.
Assim sendo, a equação básica relacionando estes três parâmetros é expressa por:
A = Q/vt
Se o duto for circular o diâmetro pode ser determinado pela equação:
4.Ad
d=
3.14
Se o duto for retangular de lados a e b tem-se:
A = a.b ou seja, a.b = Q/vt
Deve ressaltar que a vazão (Q) dos gases é aquela vazão necessária para garantir
a captação dos poluentes no(s) captor (es) e a velocidade (vt) é a velocidade mínima de
transporte das partículas apresentadas na Tabela 6.1 ou na faixa econômica de 5 a
10m/s para poluentes gasosos.

Quadro 6.1.
Calcular a área e o diâmetro de um duto para uma vazão Q = 10.000 m3/h e

velocidade V = 15 m/s.

Resolução:

a) área

Q = 10.000 m3/ h = 2,78 m3/s

Sendo: Q = v x A

2,78 = 15 x A

A = 0, 18533 m2

b) diâmetro: sendo

= 0,486 m = 486 mm

o
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Capítulo 6. Ventilação Local Exaustora - Dutos
97

6.3. REQUISITOS DE ENERGIA NO SISTEMA DE DUTOS


6.3.1. DUTOS RETOS
Em trechos de dutos retos, as perdas de energia são causadas pelo atrito nas
paredes internas e podem ser calculadas por:
0,5.f .L.v 2 .d f
ΔPL =
D
Sendo ΔPL a perda de carga no trechos reto de comprimento L, com diâmetro D
por onde passam os gases à velocidade v; f é o coeficiente de atrito que depende da
rugosidade das paredes internas do duto e df a densidade dos gases. O coeficiente de
atrito pode ser obtido através do Diagrama de Moody, tendo como base a rugosidade do
duto e o número de Reynolds para a condição específica.
Na prática, a perda de carga é determinada com auxilio de ábacos construídos para
um comprimento padronizado (1 metro ou 100 pés), tipo de material de duto e condição
do ar pré-fixados (chapa de aço galvanizada e ar padrão a 21 °C e 1 atm de pressão, ou
seja, ar com densidade de 1,2 kg/m3), conforme mostrado na Figura 6.1. Quando a
densidade do fluído e/ou a rugosidade diferirem significativamente das condições
estabelecidas é importante fazer as correções devidas.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 6. Ventilação Local Exaustora - Dutos
98

Figura 6.1. Perda de carga em dutos retos.

o
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Capítulo 6. Ventilação Local Exaustora - Dutos
99

6.4. SINGULARIDADES
Singularidade é qualquer elemento do sistema que causa distúrbio no fluxo de ar,
como por exemplo os cotovelos, junções, contrações, expansões etc.. As singularidades
representam pontos de perda de carga localizada. Todos esses elementos devem ser
projetados, de preferência, como regra geral, na geometria que ocasione a menor perda
de carga possível.
Por exemplo, os cotovelos deveriam ser de raio de curvatura igual a 2,5D; as
junções deveriam ângulo de entrada máximo de 30 graus; as contrações e expansões
deveriam ser suaves etc.
Deve-se ressaltar que os sistemas projetados com singularidades fora das
recomendações acima podem funcionam bem apesar de que às custas de maior potência
e em conseqüência com custo operacional mais elevado. Muitas vezes a disponibilidade
do mercado conduz à utilização de singularidades de maior perda de carga.
As perdas das cargas em singularidades são baseadas em dados práticos, onde
geralmente elas são expressas em fração da pressão cinética no duto (Tabelas 6.2, 6.3 e
6.4) ou em comprimento equivalente em duto reto.

6.4.1. COTOVELOS
A perda de carga em cotovelos depende basicamente do raio de curvatura, da
forma do duto e do ângulo de mudanças de direção. A Tabela 6.2 fornece as perdas de
carga em cotovelos de 90° com seções transversais circulares e retangulares em fração
da pressão cinética no duto para vários valores de raio de curvatura. Para cotovelos com
mudanças de direção diferentes de 90°, calcula-se a perda para cotovelo de 90°,
multiplicando-se o valor pelo fator de correção constante da mesma tabela.

6.4.2. CHAPÉUS (SAÍDA DE CHAMINÉ)


A 6.4 apresenta as perdas de cargas em chapéus (tipo chinês) para diferentes
valores da altura (H) para saída dos gases, relacionadas com o diâmetro da chaminé (D).
Nota: o chapéu só deve ser utilizado em casos onde a dispersão da emissão residual não
for necessária, pois o chapéu prejudica a boa dispersão dos gases e partículas contidos
no fluxo.

o
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Capítulo 6. Ventilação Local Exaustora - Dutos
100

Tabela 6.2. Perda de carga em cotovelos.


Cotovelo circular Cotovelo retangular

Perda em Perda em fração de Pc (Kcot)


R/D fração de Pc R/b a/b
(Kcot) 0,25 0,50 1 2 3 4
2,75 0,26 0,0 1,50 1,32 1,15 1,04 0,92 0,86
2,50 0,22 0,5 1,36 1,21 1,05 0,95 0,84 0,79
2,25 0,26 1,0 0,45 0,28 0,21 0,21 0,20 0,19
2,00 0,27 1,5 0,28 0,18 0,13 0,13 0,12 0,12
1,75 0,32 2,0 0,24 0,15 0,11 0,11 0,10 0,10
1,50 0,39 3,0 0,24 0,15 0,11 0,11 0,10 0,10
1,25 0,55
Fator de correção para Ângulo 120 60 45 30
ângulos diferentes de
90° Fator de correção 1,22 0,67 0,50 0,33

Tabela 6.3. Perda de carga em junções

Ângulo Perda em fração de Pc (Kj)


10 0,06
15 0,09
20 0,12
25 0,15
30 0,18
35 0,21
40 0,25
45 0,28
50 0,32
60 0,44
90 1,00
o
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Capítulo 6. Ventilação Local Exaustora - Dutos
101

Tabela 6.4. Perda de carga em chapéus.

H/D Perda em função de Pc (Kch)


1,00 0,10
0,75 0,18
0,70 0,22
0,65 0,30
0,60 0,41
0,55 0,56
0,50 0,73
0,45 1,00

6.5. BALANCEAMENTO DE TRAMOS


O termo "balanceamento de tramos" significa o procedimento para atingir o
equilíbrio de pressões estáticas em pontos de junção de tubulações, de forma a
conseguir em cada um dos tramos as vazões de exaustão requeridas. Considere os dois
tramos mostrados na Figura 6.2.

Figura 6.2. Sistema de Ventilação Local Exaustora com dois tramos.

A pressão estática na secção AA é a somatória da pressão cinética da aceleração


do fluído em cada um dos captores, mais as perdas de carga em cada um dos tramos.
Num sistema balanceado tem-se:

o
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Capítulo 6. Ventilação Local Exaustora - Dutos
102

PeAA = PC1 + ΔP1A = PC2 + ΔP2A


Se o sistema não estiver balanceado quando do projeto, na prática ele vai se auto
balancear pois na junção pode existir uma pressão estática. No entanto esse
balanceamento não programado e não controlado ocasionará vazões e mesmo
velocidades diferentes daquelas desejadas. No tramo que tiver menor pressão estática
ocorrerá aumento da vazão mas a custa de redução de vazão no outro tramo, podendo
atingir condições não aceitáveis de vazão de exaustão ou de velocidade de transporte
promovendo deposição de partículas nos dutos e reduzindo a eficiência de captação.
O balanceamento pode ser obtido através do adequado projeto das tubulações e
singularidades, procedimento esse denominado "balanceamento por pressões estáticas".
O balanceamento por pressões estáticas deve ser utilizado sempre que possível pois se
bem projetado, o sistema funcionará dentro das condições previstas, sem necessidade
de ajustes posteriores. Esse tipo de balanceamento, por ser estanque, dificulta a má ação
do operador sobre o sistema. Contudo, trata-se de método que exige conhecimento
perfeito das perdas de cargas de cada elemento do tramo, sendo de difícil consecução
quando o número de tramos for elevado.
A igualdade das perdas de cargas no ponto de junção de dois tramos pode ser
encarada em termos práticos, com uma certa tolerância, sugerindo-se a seguinte
metodologia:
Quando houver uma diferença entre as pressões estáticas calculadas em cada
tramo, de 20% ou mais, deve-se redimensionar um dos tramos (geralmente o de menor
perda de carga, em virtude das limitações da velocidade mínima de transporte), fazendo-
se as modificações necessárias para reduzir a diferença.
• Quando a diferença entre as pressões estáticas oscilar entre 5 e 20%, pode-se
atingir o balanceamento, aumentando-se ligeiramente a vazão no tramo de menor
perda de carga. Esta vazão final ou vazão corrigida, pode ser calculada por:

Pe(maior )
Q corrigida = Q inicial ⋅
Pe(menor)

• Quando houver uma diferença entre as pressões estáticas menor que 5%, o
sistema é considerado balanceado, ignorando-se o pequeno erro. Prossegue-se na
elaboração ou revisão do projeto com o maior valor da pressão estática calculada
até o ponto.
A elaboração do projeto de um sistema balanceado com o uso de registros é mais
simples e rápido, devendo levar em consideração a velocidade mínima de transporte.
Este tipo de sistema apresenta maior flexibilidade, permitindo alterações desejadas de
vazão posteriormente, dentro de certos limites. Apresenta contudo diversas
desvantagens, como por exemplo, a maior presença de pontos de deposição de
partículas; pós abrasivos podem desgastar as válvulas de balanceamento ocasionando
desbalanceamento do sistema; o balanceamento pode ser alterado pela ação dos
operadores, ocasionando alterações de vazões que certamente prejudicarão a captação,
podendo também, ocasionar deposição de partículas nas tubulações.

o
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Capítulo 6. Ventilação Local Exaustora - Dutos
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6.6. TESTES
1. Singularidade é qualquer elemento do sistema que causa distúrbio no fluxo de
ar, como por exemplo os cotovelos, junções, contrações, expansões etc..
a) Verdadeiro.
b) Falso.

2. Singularidades representam pontos de perda de carga localizada e devem ser


projetadas, de preferência, como regra geral, na geometria que ocasione a maior
perda de carga possível.
a. Verdadeira.
b. Falso.

3. Os cotovelos devem ser de raio de curvatura igual a 2,5D.


a) Verdadeira.
b) Falso.

4. As junções devem ter ângulo de entrada máximo de 30 graus.


a) Verdadeira.
b) Falso.

5. As contrações e expansões devem ser suaves.


a) Verdadeira.
b) Falso.

6. Deve-se ressaltar que os sistemas projetados com singularidades fora das


recomendações técnicas podem até funcionar bem, apesar de que às custas de
maior potência e em conseqüência com custo operacional mais elevado.
a) Verdadeira.
b) Falso.

7. Muitas vezes a disponibilidade do mercado conduz à utilização de singularidades


de maior perda de carga.
a) Verdadeira.
b) Falso.

o
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Capítulo 6. Ventilação Local Exaustora - Dutos
104

8. As perdas das cargas em singularidades são baseadas em dados teóricos, onde


geralmente elas são expressas em fração da pressão estática no duto ou em
comprimento equivalente em duto curvo.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

9. Chapéus só devem ser utilizados em chaminés, em casos onde a dispersão de


emissão residual não for necessária.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

10. O termo balanceamento de tramos significa o procedimento para atingir o


equilíbrio de pressões cinéticas em pontos de junção de tubulações.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

o
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Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
105

CAPÍTULO 7. EQUIPAMENTOS DE CONTROLE DE POLUIÇÃO DO AR


Prof. JOÃO VICENTE DE ASSUNÇÃO

OBJETIVOS DO ESTUDO
Apresentar e discorrer de forma sucinta sobre os equipamentos de controle da
poluição do ar, seus usos, eficiência e limitações.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Conhecer as características e os equipamentos de controle de poluição do ar
usuais para material particulado aplicáveis, suais características gerais e faixas de
eficiência de coleta segundo granulometria;
• Conhecer as características e os equipamentos usais para tratamento de gases
e vapores poluentes suas características gerais, eficiência e principais aplicações;
• Escolher preliminarmente o equipamento mais apropriado para tratar emissões
atmosféricas de material particulado;
• Selecionar alternativas viáveis para tratar emissões atmosféricas de gases e
vapores;
• Reconhecer em campo alternativas não adequadas para tratamento de
emissões atmosféricas de forma eficiente.

o
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Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
106

7.1. INTRODUÇÃO
O tratamento de emissões atmosféricas é realizado através de equipamentos de
controle de poluição do ar. Nesses equipamentos são aplicados fenômenos físicos e/ou
químicos à mistura gasosa que contem os poluentes ("impurezas") de forma a separá-los
do gás que os transporta. Os mecanismos a serem aplicados dependerão do tipo de
natureza dos poluentes e do tipo de equipamento de controle utilizado.
A escolha de um equipamento de controle depende de vários fatores, entre os
quais o tipo e natureza dos poluentes, eficiência de controle desejada, condições locais e
custo.

7.2. EFICIÊNCIA DE CONTROLE E PENETRAÇÃO


A eficiência de controle de um equipamento de controle de poluição do ar indica a
quantidade de poluentes que o equipamento remove (coleta) ou tem condições de
remover (coletar).
Matematicamente e eficiência de controle pode ser expressa por:

Xi - X f
η= x 100
Xi

Sendo:
η = eficiência de controle (%)
Xi = quantidade de poluentes existentes na entrada do ECP
Xf = quantidade de poluentes existentes no fluxo gasoso após o ECP
Xi - Xf = quantidade de poluentes coletados pelo ECP

Em geral Xi e Xf são expressos em massas e dessa forma temos a Eficiência em


Massa. Quando Xi e Xf são expressos em números de partículas temos a Eficiência em
Número, a qual é utilizada somente para poluentes sob a forma de partículas e indica o
número de partículas. Ilustrando temos:

Figura 7.1. Eficiência de controle de um filtro.


o
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Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
107

Deve-se ressaltar que a eficiência, dos equipamentos ao controle de poluição do ar


nunca alcança 100% apesar de existirem equipamentos capazes de remover mais que
99,9% dos poluentes. Assim, o termo “ar limpo” deve ser entendido como aquele que
contém uma quantidade de poluentes dentro de níveis aceitáveis.
Na prática existem muitos casos de utilização de equipamentos de controle em
série, como por exemplo um ciclone seguido de um lavador. Nesse caso define-se a
Eficiência Global de Coleta.
Matematicamente a eficiência global é expressa por:

ηG = [1-(1-η1).(1-η2).(1-ηi)].100

onde:

ηG= eficiência global (%)


η1= eficiência de controle do equipamento 1 (base 1)
η2= eficiência de controle do equipamento 2 (base 1)
ηi= eficiência de controle do iésimo equipamento (base 1)
A penetração (P) é definida como a quantidade de poluentes que passa através do
equipamento de controle sem ser coletada. Expressa o residual de poluentes que passa
pelo equipamento. Matematicamente a penetração é expressa por:
P = 1 - η (base 1) ou
P = 100 - η (base 100)

7.3. EQUIPAMENTOS PARA COLETA DE MATERIAL PARTICULADO


A coleta de partículas envolve a aplicação de um ou mais dos seguintes
mecanismos: sedimentação gravitacional, força centrífuga, impactação inercial,
interceptação, difusão e força elétrica.
É importante ressaltar que as partículas emitidas por fontes de poluição do ar se
situam num a faixa de tamanho bastante ampla. No entanto, as partículas "grandes"
(maiores que 10 μm) são mais fáceis de serem coletadas.
Quanto menor a partícula maior a dificuldade de coleta. Infelizmente as partículas
pequenas são aquelas de maior capacidade de penetração no aparelho respiratório e
podem, portanto, ter contanto com as partes mais profundas do sistema respiratório
aumentando a probabilidade de ocorrência de efeitos nocivos. Entende-se como
partículas inaláveis aquelas de diâmetro aerodinâmico menor que 10 μm.
Os equipamentos de controle de poluição do ar por material particulado podem ser
classificados em:
COLETORES SECOS: Coletores mecânicos inerciais e gravitacionais; coletores
mecânicos centrífugos (ex.: ciclones); precipitadores eletrostáticos secos.
COLETORES ÚMIDOS: lavadores com pré-atomização (lavadores com sprays); lavador
venturi; lavador ciclônico; lavador de orifício; lavadores de leito móvel; lavadores com
enchimento; precipitadores eletrostáticos úmidos, etc.

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Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
108

7.3.1. CÂMARA DE SEDIMENTAÇÃO GRAVITACIONAL


Tem como mecanismo de coleta a força gravitacional. É utilizado como pré-coletor
de partículas grandes (> 40 micrômetros), diminuindo a carga para o coletor final (filtro
final).
Tem como vantagens a baixa perda de carga (<12,5 mmH2O), o projeto, construção
e instalação simples; baixo custo de instalação, operação e manutenção; pouco
desgaste; não tem limitação de temperatura, só dependendo neste caso dos materiais de
construção; coleta a seco, permitindo a reutilização fácil do material coletado.
Apresenta como desvantagens a baixa eficiência para partículas pequenas; requer
em geral espaço médio para sua instalação e requer cuidados especiais para substâncias
inflamáveis ou explosivas.

7.3.2. COLETORES CENTRÍFUGOS SECOS (CICLONES)


Os ciclones apresentam como principal mecanismo de coleta a força centrífuga.
São de grande aplicação na prática, principalmente como pré-coletores e em alguns
poucos casos como coletor final. Os multiciclones são um conjunto de ciclones pequenos
(20 a 30 cm de diâmetro) instalados em paralelo, dentro de uma caixa, sendo mais
compactos e mais eficientes que os ciclones comuns.
Apresentam como vantagens o custo de construção relativamente baixo; perda de
carga baixa a média (50 a 200 mmH2O); é um equipamento simples com poucos
problemas de manutenção, mas em algumas aplicações podem apresentar problemas;
são simples de operar; não tem limitação de temperatura e pressão, exceto pelo material
de construção e o espaço requerido para sua instalação é médio a pequeno.
Suas principais desvantagens ou limitações são a baixa eficiência para partículas
pequenas, mas são mais eficientes que as câmaras de sedimentação gravitacional;
possibilidade de entupimento no caso de material adesivo ou higroscópico; podem
apresentar problemas de abrasão para determinados tipos de partículas e determinadas
velocidades do gás; não deve ser utilizado para partículas com características adesivas.

7.3.3. FILTROS
Os filtros são uma denominação genérica para sistemas de coleta de partículas a
seco e que empregam basicamente três mecanismos: impactação inercial, interceptação
e difusão.
Os filtros podem ser divididos em filtros planos, de uso comum em sistemas de ar
condicionado e que podem também ser utilizados também para coleta a seco de névoas
de tinta em cabines de pintura, filtros tipo bolsa, aplicados em sistemas de ar
condicionado quando se requer eficiências mais altas de coleta das partículas, os filtros
absolutos, aplicados em casos especiais, quando se requer eficiências de coleta muito
altas, próximas a 100%, como a filtragem de ar para salas limpas, os filtros tipo cartucho
de aplicação na coleta de partículas líquidas (névoas) e o filtro-manga, muito comum no
controle da poluição do ar industrial. O material filtrante deve ser escolhido de acordo
com as condições do fluxo (temperatura, umidade, presença de substâncias ou materiais
alcalinos ou ácidos), características mecânicas exigidas e tipo de filtro adotado. Os
materiais mais comumente utilizados são o poliéster, fibra de vidro, lã de rocha, nylon,

o
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Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
109

polipropileno, Nomex e Ryton. Podem estar na forma de tecido ou de feltro agulhado,


dependendo do tipo de filtro.
Os Filtros-manga são utilizados como coletor final de partículas sólidas de todos os
tamanhos, inclusive abaixo de 1 micrômetro. Os principais mecanismos de coleta são a
impactação e a difusão. São de grande uso na prática, permitindo atender normas
exigentes de controle da poluição do ar.
Sua operação segue uma rotina de ciclos de filtragem e limpeza. A limpeza, ou
melhor, a retirada das partículas retidas no filtro pode se feita na forma de vibração
mecânica do elemento filtrante, por injeção de ar comprimido (tipo jato pulsante) ou por
passagem de ar no sentido contrário ao da filtragem (tipo fluxo reverso). O mais comum
na prática é o tipo jato pulsante, mas em determinados casos pode ser requerido o tipo
fluxo reverso, em especial no caso de partículas abrasivas, pois neste tipo de limpeza a
velocidades de filtragem utilizadas são muito menores que o do tipo jato pulsante, mas
em compensação necessita área de filtragem muito maior.
Os filtros tem como principais vantagens a capacidade de atingir altas eficiências de
coleta (acima de 99% em muitos casos); pouco sensível flutuação da vazão fluxo gasoso
e da concentração de partículas; coleta a seco possibilitando facilitando a reutilização do
material coletado ou a sua disposição final; não apresenta problemas de resíduos
líquidos; corrosão pouco acentuada; operação em geral automatizada; princípio de
funcionamento e projeto relativamente simples; perda de carga e custo de operação
moderados; vida útil relativamente longa (15 a 20 anos).
As desvantagens e limitações incluem a restrição a temperaturas e umidades altas
do fluxo gasoso em função do material das mangas; pode requerer tratamento especial
do material filtrante para determinadas aplicações; custo de manutenção que pode alto
(troca de tecido filtrante); materiais higroscópicos, adesivos e condensação de umidade
pode ocasionar entupimento e deterioração rápida do material filtrante; localização de
mangas furadas relativamente requer atenção especial; requer espaço médio a grande
para sua instalação, sendo maior no caso de filtros com limpeza por fluxo reverso.

7.3.4. LAVADORES
Os lavadores coletam partículas pelos mecanismos de impactação, intercepção e
difusão, mas agindo principalmente o mecanismo da impactação. É utilizado como coletor
final partículas de todos os tamanhos, tendo sua eficiência ditada principalmente pela sua
perda de carga. Podem ser utilizados também para a coleta de determinados gases e ou
vapores solúveis, sendo neste caso denominados de absorvedores.
Suas vantagens incluem a não formação secundária de poeiras; são em geral
compactos, exigindo pouco espaço para instalação; coletam partículas sólidas e líquidas,
adesivas ou não; pode tratar gases a altas temperaturas e altas umidades; pode
proporcionar alta eficiência de coleta para partículas pequenas (às custas de altas perdas
de carga), como é o caso do Lavador Venturi.
Apresentam como desvantagens e limitações tem-se a possibilidade de criar
problema de poluição das águas, necessitando de tratamento de efluentes líquidos para
evitar essa poluição; o material é coletado a úmido dificultando a sua reutilização; são
mais suscetíveis a problemas de corrosão; perda de carga alta para altas eficiências de
coleta; necessita material de construção especial (inox, fibra de vidro etc.); podem
o
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Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
110

apresentar pluma visível por condensação de vapor d'água, em dias frios; custo de
manutenção relativamente alto; pode apresentar problemas de incrustação; vida útil
menor que os que trabalham a seco (8 a 15 anos).

7.3.5. PRECIPITADORES ELETROSTÁTICOS


Os precipitadores eletrostáticos usam a força elétrica como mecanismo principal de
coleta das partículas. São também conhecidos como Filtros Eletrostáticos. Podem ser do
tipo tubular ou de placas paralelas, de um estágio ou de dois estágios. Em geral os
precipitadores utilizados na indústria são do tipo placas paralelas de um estágio (alta
voltagem). A coleta de névoas de gordura em restaurantes e de névoas de óleo de corte
é feita com o precipitador de dois estágios (baixa voltagem). Podem ser utilizados para a
coleta final para partículas de todos os tamanhos, tanto sólidas como líquidas (névoas).
Os precipitadores eletrostáticos de alta voltagem (35.000 a 75.000 volts) são utilizados
em fontes específicas (indústria de celulose, cimento, siderúrgicas, aciarias, etc.) pelo
seu alto custo inicial e por exigir grande espaço para instalação e em geral são fontes de
poluição com grandes vazões de ar. Podem ser utilizados a úmido para algumas
aplicações específicas. Os de baixa voltagem, podem ser empregadas para casos de
eficiência requerida menor, como as coifas eletrostáticas empregadas na retenção de
névoas de gordura do cozimento de alimentos.
Tem como vantagens a possibilidade de atingir alta eficiência de coleta, podendo
exceder 99,9%; baixa perda de carga,. em geral não excedendo a 20 mmH2O; baixo
custo operacional; com coleta a seco possibilitam mais fácil reutilização; podem coletar
partículas sólidas e líquidas que são difíceis de coletar com outros equipamentos;
apresentam poucos problemas de manutenção e operação; podem ser operados
continuamente por longos períodos sem parada para manutenção; processam altas
vazões e faixa ampla de concentrações; podem operar em faixa ampla de pressões
positivas ou negativas; vida útil longa, podendo atingir mais de 20 anos.
Suas desvantagens e limitações incluem o investimento inicial alto; requerem
grande espaço para instalação; apresentam riscos de explosão quando processam
partículas ou gases inflamáveis/explosivos; exigem medidas especiais de segurança
contra alta voltagem; são muito sensíveis a variações de vazão, temperatura e umidade;
alguns materiais são de difícil coleta por apresentarem resistividade alta ou baixa; exigem
pessoal qualificado para manutenção; produzem de ozônio nas descargas elétricas,
principalmente nos precipitadores de alta voltagem, mas isto não tem sido considerado
uma contribuição importante em termos de poluição do ar externo, mas pode se um
problema para tratamento de ar a ser introduzido em ambientes interiores habitados.
Comparação Quanto à Eficiência de Coleta dos Coletores de Material Particulado:
Para se ter uma comparação entre as faixas de eficiências de coleta do conjunto de
coletores de material particulado são apresentadas na Tabela 7.1 os tipos de coletores
utilizados na indústria e respectivas eficiências de coleta fracionadas. A eficiência
fracionada é aquela expressa para faixas de tamanho de partículas
A eficiência também pode ser expressa por uma curva e nesse caso temos a Curva
de Eficiência, e tanto uma como a outra, em conjunto com dados da Distribuição
Granulométrica de um determinado material particulado, conhecendo-se algumas outras
de suas características, nos permite calcular a eficiência total de equipamentos de
o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
111

tratamento do ar, pela fórmula: ηt = Σ mi.ηi, onde mi é a fração em massa para a faixa i
de tamanho de partículas e ηi é a eficiência de coleta média para as partículas da
respectiva faixa i, i variando de 1 a n faixas.

Tabela 7.1. Eficiência de coletores de material particulado em função de


distribuição de tamanho das partículas * (em porcentagem).
Faixa de Tamanho
(em diâmetro aerodinâmico equivalente)
( μm)
Tipo de Equipamento 0-5 5 -10 10 - 20 20 - 44 > 44
Câmara de sedimentação (com
7,5 22,0 43,0 80,0 90,0
chicanas)
Ciclone de baixa pressão 12,0 33,0 57,0 82,0 91,0

Ciclone de alta pressão 40,0 79,0 92,0 95,0 97,0

Multiciclone 25,0 54,0 74,0 95,0 98,0

Lavadores de média energia 80,0 90,0 98,0 100,0 100,0


Lavadores Venturi (lavador de alta
95,0 99,5 100,0 100,0 100,0
energia)
Precipitador eletrostático 97,0 99,0 99,5 100,0 100,0

Filtro de tecido 99,0 100,0 100,0 100,0 100,0


NOTA - Valores para fins comparativos. Não deverão ser utilizados para fins de projeto.

Quadro 7.1.
Suponha que seja dada a distribuição em massa das partículas e as eficiências

de coleta conforme tabela abaixo para o equipamento de controle de poluição do ar a

ser instalado numa indústria. Calcule a eficiência de coleta total deste equipamento

(complete a última coluna da tabela). Dados de eficiência e granulometria:

Massa de partículas na Eficiência de coleta


dp Eficiência total
faixa i de diâmetros (mi) média na faixa i de
(μm) (%)
(%) diâmetros (ηi) (%)
0a5 30 40 12
5 a 10 30 80 24
10 a 20 20 90 18
20 a 44 15 95 14,25
>44 5 100 5
Total 100 - 73,25

o
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Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
112

Utilizando a fórmula: ηt = Σ (mi/100) .ηi têm-se:

ηt = (0,3x40) + (0,3x80) + (0,2x90) + (0,15x95) + (0,05x100)

ηt = 12+24+18+14,25+5 = 73,25%

7.4. EQUIPAMENTO PARA TRATAMENTO DE GASES E VAPORES


O tratamento de gases e vapores envolve operações unitárias e reações químicas.
As operações unitárias principais são a absorção física, a adsorção e a condensação.
Reações químicas ocorrem em casos de absorção e absorção com reação química
(quimissorção), na incineração (combustão) e em processos especiais. São classificados
em condensadores; absorvedores, adsorvedores, incineradores de chama direta
(incineradores térmicos), incineradores catalíticos; sistemas especiais tipos especiais.

7.4.1. CONDENSADORES
Utilizado para a remoção de vapores em altas concentrações e com pressão de
vapor alta. Apresenta como vantagem da sua utilização a possibilidade de recuperação
de produto. Sua desvantagem e limitação principal é a eficiência de coleta baixa para
concentrações típicas de fontes de poluição do ar.
Os dois tipos de condensadores utilizados são o de contato indireto, também
conhecido como condensador de superfície (“casco e tubo” por exemplo) e o de contato
direto como torres de spray, tipo jato e tipo barométrico onde o líquido refrigerante, em
geral a água, entra em contato com o fluxo gasoso.

7.4.2. ADSORVEDORES
A adsorção é um processo seletivo e que pode ser utilizado para a remoção de uma
grande variedade de vapores a baixas concentrações. A eliminação de muitos odores, os
quais em geral estão presentes em baixas concentrações, pode ser realizada com boa
eficiência através da adsorção.
O controle de emissões de solventes orgânicos em alguns casos a altas
concentrações, pode ser também feita através da adsorção com regeneração do material
adsorvente e com recuperação do solvente, como é o caso do controle de solventes
emitidos pelo sistema de lavagem de roupas a seco, de processos de impressão que
utilizam toluol como solvente, que, além da recuperação do solvente leva significativa
vantagem em relação à incineração, pela não necessidade de uso de combustível.
o
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Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
113

Em geral a adsorção é utilizada para vapores com massa molecular entre 45 e 130.
O material adsorvente de uso geral é o carvão ativado, mas a alumina ativada, as
peneiras moleculares e a sílica gel também podem tem uso em casos mais particulares.
O carvão ativado pertence ao grupo dos sólidos não polares e é o material mais
utilizado na prática. Ele é produzido pelo aquecimento de sólidos orgânicos (carvão,
coco, madeira dura, etc.) a aproximadamente 900oC, em atmosfera redutora. Esse
adsorvente é um dos mais antigos e é muito utilizado face à sua versatilidade,
disponibilidade e custo. Os adsorvedores com carvão ativado são extremamente efetivos
na remoção de poluentes gasosos e mesmo para gases e vapores presentes em baixas
concentrações, os mesmos podem ser projetados e operados a eficiências próximas a
100%.
Os usos típicos da adsorção com carvão ativado são: ácido acético; ácido caprílico;
acetato de etila; álcool etílico; álcool butílico; álcool butírico; álcool isopropílico; benzeno;
cloropicrina; cresol; fenol; fumaça de cigarro; gasolina; mercaptanas; odores corporais;
odores hospitalares; odores de perfumes; odores de óleos essenciais; ozona; piridina;
terebentina; tetracloreto de carbono; tolueno e em menor grau acetona; acroleína; cloro;
cheiro de fumaça de óleo diesel; gás sulfídrico.

7.4.3. INCINERAÇÃO
A incineração é um método eficaz no controle de gases e vapores de origem
orgânica. A combustão, que é o processo utilizado na incineração, transforma os
contaminantes combustíveis em dióxido de carbono e vapor de água, no caso de
combustão completa. A incineração também pode ser utilizada para a oxidação de
compostos inorgânicos como por exemplo o gás sulfídrico (H2S), que é um gás de odor
bastante desagradável, transformando-o em dióxido de enxofre e vapor de água. Neste
último caso temos a transformação de um gás poluente em outro também poluente,
porém, dependendo da quantidade de dióxido de enxofre que será formada, é melhor que
se tenha este último do que o odor desagradável do gás sulfídrico. A incineração também
pode ser utilizada na redução das emissões de monóxido de carbono e hidrocarbonetos
por fontes móveis (veículos) através do uso de combustores catalíticos.
No caso de fontes de poluição do ar, os poluentes geralmente estão presentes em
baixas concentrações e necessitam do fornecimento de energia suplementar, que deve
ser suprida pela queima de combustível auxiliar. O sistema de combustão catalítica utiliza
oxidação a temperaturas mais baixas que o de combustão por chama direta.
Os fatores principais para se alcançar altas eficiências de controle em incineradores
de chama direta são a temperatura da câmara de incineração, o tempo de permanência
dos poluentes na câmara de incineração (tempo de residência em geral acima de 0,5 s),
e a turbulência na câmara, que possibilitará maior contato entre o poluente e o oxigênio.
A faixa usual de temperaturas de incineração é de 750ºC a 850 ºC e de 0,5 s a 1,0 s para
o tempo de residência.
Três tipos básicos de equipamentos são utilizados para a incineração de gases e
vapores, quais sejam: Incinerador de chama direta (incinerador térmico) e o incinerador
catalítico e o “Flare” (queimador de gases). A incineração em uma câmara de combustão
já existente, na qual existe um outro uso principal, como é o caso da utilização de

o
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Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
114

câmaras de combustão de caldeiras enquadra-se como incinerador de chama direta, mas


em geral não funciona bem na prática.
O incinerador catalítico consiste basicamente de uma câmara que contém o
catalisador, num suporte cerâmico usualmente, que promoverá a oxidação do poluente. A
incineração catalítica necessita temperaturas mais baixas quando comparada com a
incineração com chama direta, mas na maioria dos casos há necessidade de câmara de
pré-aquecimento. O incinerador catalítico também deve possuir dispositivos indicadores-
controladores de temperatura, dispositivos de segurança e sistema de recuperação de
calor.
Os elementos e compostos que têm sido utilizados como catalisadores são metais
e óxidos metálicos contendo platina, paládio, ródio, molibdênio, vanádio, manganês, o
rutênio e ligas de metais nobres. Como a catálise é um fenômeno de superfície,
pequenas quantidades de catalisador são suportadas por um meio expandido, tal como a
alumina, de tal modo que seja conseguida uma grande área superficial. A temperatura na
entrada do leito catalisador está usualmente na faixa de 340oc a 540oc. A eficiência do
incinerador catalítico se deteriora com o tempo de uso e portanto, deve ser feita a
reposição periódica dos elementos. Essa reposição varia largamente, desde alguns
meses até vários anos. Em adição, a performance do catalisador é seriamente afetada
por materiais que o envenenam, como por exemplo, mercúrio, arsênio, zinco e chumbo.
Substâncias que entopem o catalisador, tais como resinas, devem ser evitadas.

7.4.4. ABSORVEDORES
Os absorvedores são equipamentos utilizados na absorção de gases. A absorção é
uma transferência de massa (poluentes) da fase gasosa para a fase líquida (absorvente).
Os absorvedores usualmente utilizados são: torre de enchimento; torre de pratos; lavador
venturi; lavador de sprays.
Os usos típicos da absorção são para a remoção de dióxido de enxofre, gás
sulfídrico (H2S), gás clorídrico (HCl), cloro (Cl2), amônia (NH3), gás fluorídrico (HF), e
hidrocarbonetos leves.
O líquido absorvente mais comum é a água. No caso de absorção de dióxido de
enxofre são utilizadas principalmente a solução de soda cáustica, suspensão aquosa de
carbonato de cálcio ou cal e solução amoniacal. A absorção de hidrocarbonetos e
usualmente realizada com solventes orgânicos.
Os enchimentos são utilizados para aumentar a área disponível para transferência
da massa, no entanto podem ser também um foco de incrustação e entupimentos. A
eficiência de remoção do poluente é função do projeto e das condições de operação e de
manutenção do sistema. Em geral as eficiências práticas estão na faixa de 70 a 95%.

o
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115

7.4.5. BIOREATORES
Utiliza a ação de microorganismos para tratar os poluentes, é uma técnica recente
mais e ainda em desenvolvimento, para gases e vapores em geral em baixas
concentrações. São classificados divididos em biofiltros e biolavadores. Tem como
elemento principal a torre com enchimento de materiais do tipo composto de lixo
devidamente curado, cavacos de madeira, composto de lixo e terra diatomácea,
composto de lixo e carvão ativado e materiais sintéticos. Apresenta eficiência variável e
em geral menor que 90%. Os parâmetros que influenciam a eficiência de biofiltragem são
em especial, tempo de residência e velocidade superficial no leito, temperatura , pH e
umidade. Algumas aplicações típicas de bioreatores são: Controle de odor de estações
de tratamento de esgoto, usinas de compostagem de lixo, emissões de vapores de
solventes orgânicos (toluol, xilol por exemplo), gás sulfídrico e vapores de etanol e
metanol.
Os bioreatores têm como principais vantagens o fato de ser um processo natural e
de custo relativamente baixo. A principal desvantagem é a eficiência variável não tão alta
para atender situações mais exigentes, bem como a ausência de parâmetros de projeto
bem definidos, sendo necessário obtê-los ou de casos de sucesso, ainda muito raros no
Brasil mas espera-se que aumentem, ou por experimentos em escala de laboratório.

Figura 7.2. Exemplo de Bioreator.

o
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Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
116

Quadro 7.2.
Considere uma gráfica de médio porte que utiliza o processo “off set” com impressão

com tinta cujo solvente é um óleo mineral, semelhante ao óleo diesel. Após a impressão o

material impresso entra numa estufa a 130ºC aproximadamente, onde a maior parte do

solvente evapora e esses vapores são captados por um sistema de ventilação local

exaustora com lançamento na atmosfera através de chaminé. As emissões são

constituídas de vapores orgânicos e também de névoas orgânicas pois à medida que a

temperatura do fluxo cai ao longo da tubulação, parte dos vapores condensa e forma uma

pluma branca com odor desagradável que está causando reclamações da população. A

empresa agora quer complementar o sistema com a implantação de equipamento de

tratamento das emissões. Discuta sobre as alternativas para resolver este problema de

poluição do ar da empresa?

a) Como temos vapores e névoas orgânicas, uma primeira alternativa é a

incineração térmica a cerca de 750ºC e 0,5 s de tempo de residência ou catalítica,

assumindo que os mesmos não contenham cloro para que a sua queima não

resultem em compostos clorados que geralmente são tóxicos. É importante que seja

instalado também um recuperador de calor para evitar consumo excessivo de

combustível auxiliar, que neste caso deve ser GLP ou gás natural. Esta solução

apresenta boa eficiência e confiabilidade e tem sido aceita pelo órgão ambiental.

b) A segunda alternativa é o uso de condensador para aumentar a formação de

névoas, seguido de coletor de névoas especial tipo cartucho, ou por precipitador

o
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Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
117

eletrostático, seguidos de adsorção em carvão ativado.

c) Lavador de gases não é uma alternativa recomendada para este caso pois

são substâncias pouco solúveis em água. Poderia coletar as névoas mas não

reduziriam significativamente os vapores.

d) Os Bioreatores poderiam ser aplicados, a princípio, após remoção das

névoas, mas dependeria de testes de laboratório e tem-se dúvida quanto ao

atingimento e manutenção de eficiência alta que pudesse eliminar o odor na

vizinhança.

A solução mais indicada neste caso é a incineração térmica ou catalítica. No

caso da catalítica deve-se obter informação quanto a fornecedores que tenham

aplicado esta técnica para casos semelhantes. Análise do custo das alternativas e

outros aspectos como assistência técnica, experiência do fornecedor etc. são

importantes na seleção final.

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Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
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Figura 7.3. Alternativas de Equipamentos de Controle de Poluição do Ar.

o
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Capítulo 7. Equipamentos de Controle de Poluição do Ar
119

7.5. TESTES
1. Você foi requisitado para verificar um sistema de ventilação local exaustora
quanto à adequação do equipamento de tratamento das emissões de névoas de
ácido crômico (partículas líquidas) que são muito tóxicas e apresentam
granulometria fina. O equipamento instalado é um ciclone e a empresa está
localizada em zona mista comercial/residencial. Você considera adequada esta
solução?
a) Sim.
b) Não.
c) Preciso de mais dados para decidir.
d) Parcialmente adequada.
e) O caso não necessita de solução.

2. Um restaurante quer instalar um sistema de retenção de névoas de gordura no


sistema de exaustão já existente. Que alternativa abaixo você considera viável a
princípio?
a) Filtro-manga com manga de algodão.
b) Ciclone.
c) Câmara de sedimentação.
d) Precipitador eletrostático de baixa voltagem (filtro eletrostático).
e) Biofiltro.

3. Para gases muito solúveis em água, uma boa alternativa a considerar


inicialmente é:
a) Absorção.
b) Adsorção.
c) Incineração térmica.
d) Incineração catalítica.
e) Condensadores.

4. Para os casos em que for recomendável utilizar a incineração térmica, uma


medida muito importante é a instalação de recuperador de calor (trocador de calor)
de alta eficiência para reduzir ao mínimo possível o gasto com combustível auxiliar.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

5. Condensadores são utilizados principalmente para poluentes gasosos em baixas


concentrações e que tenha baixa pressão de vapor.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
120

CAPÍTULO 8. CONJUNTO VENTILADOR - MOTOR – CHAMINÉ


Prof. FRANCISCO KULCSAR

OBJETIVOS DO ESTUDO
Fornecer ferramentas de estudo do conjunto ventilador-motor-chaminé; Reconhecer
e avaliar os tipos de equipamentos mais recomendados deste conjunto.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Reconhecer a importância do conjunto ventilador-motor
• Ter noções de :
9 Aplicação,
9 Classificação,
9 Curva ou Tabela Característica,
9 Pressão e Potência do Ventilador,
9 Lei dos Ventiladores,
9 Interação Ventilador-Sistema,
9 Seleção do Ventilador,
9 Uso de ventiladores em série e em paralelo,
9 Localização do Ventilador,
9 Instalação,
9 Interligação do Sistema,
9 Motor.
• Reconhecer características técnicas recomendadas para chaminés como:
9 Proteção contra a chuva,
9 Altura mínima da chaminé,
9 Velocidade de descarga dos gases,
9 Descarga dos gases.

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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
121

8.1. IMPORTÂNCIA
O conjunto Ventilador-Motor fornece a energia necessária para movimentar o fluído
e vencer todas as perdas de carga (resistência) do sistema.
O ventilador é o coração de qualquer sistema de ventilação. Ele cria um diferencial
de pressão através do sistema que faz o ar fluir através do mesmo. A seleção do
ventilador adequado a sua performance são vitais para o correto funcionamento de todo o
sistema.

8.2. CLASSIFICAÇÃO DOS VENTILADORES


Os ventiladores são usualmente classificados de acordo com a direção de
movimentação de fluxo através do rotor. Assim tem-se os ventiladores centrífugos e os
axiais, os quais estão ilustrados na Figura 8.1. Os centrífugos são destinados a
movimentação de ar numa ampla faixa de vazão e pressão enquanto as axiais se
restringem aplicações de baixa e média pressão (até 150 mmCA aproximadamente). Em
ventilação os ventiladores mais utilizados são os centrífugos, os quais estão disponíveis
em quatro tipos, segundo as características de rotor ou seja, de pás radiais; de pás para
trás; de pás curvadas para frente e o "radial tip".

8.2.1. VENTILADORES CENTRÍFUGOS RADIAIS


São ventiladores robustos, para trabalho pesado e destinados a movimentar fluído
com grande carga de poeira, poeiras pegajosas e corrosivas. Apresentam eficiência
baixa, da ordem de 60% e nível de ruído mais alto. É o tipo mais simples em termos
construtivos, possuem alta resistência mecânica e são mais fáceis de serem reparados
em caso de avarias.

8.2.2. VENTILADORES CENTRÍFUGOS DE PÁS PARA TRÁS


São ventiladores de alta eficiência chegando a atingir eficiências maiores que 80%
e seu funcionamento é silencioso. Uma importante característica desse ventilador é a
auto-limitação de potência, característica essa importante quando a perda de carga do
sistema é variável, evitando assim a sobrecarga do motor. Possuem dois tipos de pás: as
aerodinâmicas e as planas. As primeiras são de grande rendimento pois permitem uma
corrente mais uniforme. São empregados nos casos de grandes vazões e pressões
médias sendo que a economia de potência chega a compensar o maior custo de
aquisição. Já os de pás planas podem ser utilizados para transportar ar sujo já que
apresentam a característica de serem auto-limpantes, no entanto apresentam eficiência
menor que os de pás aerodinâmicas. Chegando a atingir 80%.

8.2.3. VENTILADORES CENTRÍFUGOS DE PÁS CURVADAS PARA FRENTE


Esses ventiladores requerem menor espaço para sua instalação, apresentam baixa
velocidade periférica e são silenciosos. São usados para pressões baixas e moderadas.
Devido à forma os rotores de pás para frente não são recomendados para movimentar
fluidos com poeiras e fumos que possam aderir às mesmas e causar desbalanceamento
do rotor e conseqüentemente vibração. A sua curva característica apresenta zona de
instabilidade na qual o ventilador não deve trabalhar. Além disso não apresenta auto-
o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
122

limitação de potência podendo sobrecarregar o motor. A eficiência desses ventiladores é


menor que os de pás para trás. São recomendados para sistema de ventilação geral e de
ar condicionado onde a carga de poeiras e outras partículas é baixa.

8.2.4. VENTILADORES "RADIAL TIP"


São ventiladores de pás planas inclinadas para trás, porém com pontas que se
curvam até chegarem a ser radiais. Isso ocasiona uma queda na eficiência, porém
proporciona maiores vazões. São utilizados em fornos de cimento, fábricas de celulose e
papel, etc.

Figura 8.1. Tipos de ventiladores e rotores.

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
123

8.3. CURVA OU TABELA CARACTERÍSTICA


Cada tipo de ventilador apresenta características próprias de variação de pressão,
potência e eficiência em função da vazão que são apresentadas através de curvas
características ou tabelas características as quais são importantes para estabelecer a
região ótima de trabalho bem como para se saber o comportamento do ventilador quando
um parâmetro é alterado como por exemplo a resistência do sistema. Aumento de
resistência (perda de carga) significa queda da vazão a qual pode ser obtida na curva ou
tabela característica do ventilador. Todo ventilador portanto deveria vir acompanhado de
sua curva ou tabela característica.
Na Figura 8.2 estão mostradas as curvas características típicas para ventiladores
centrífugos, de acordo com o tipo das pás do rotor. Uma tabela características típica é
apresentada na Figura 8.3.

Figura 8.2. Curva característica de ventiladores centrífugos.

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
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Figura 8.3. Curva característica real.

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
125

8.4. PRESSÃO E POTÊNCIA DO VENTILADOR


A pressão total do ventilador (Pt (v) ) representa a diferença entre a pressão total na
saída do ventilador (Pt (Sv) ) e a pressão total na entrada do ventilador (Pt (Ev) ) , ou seja:

(Pt(v)) = (Pt (Sv) ) - Pt (Ev).

A pressão estática do ventilador (Pe(v)) é por definição, a pressão total do


ventilador reduzida da pressão cinética na saída ventilador (Pc(Sv) ) . Matematicamente
tem-se:

Pe (v) = Pt (v) - Pc (Sv)

Deve-se recordar aqui que a pressão total é a soma algébrica das pressões estática
e cinética (Pt = Pe + Pc)

A potência requerida pelo ventilador (NRv) pode ser estimada pela fórmula:

Q (m3 /s) . Pt (v) (mmCA)


NRV = (CV)
75 . E v

Q v (cfm) . Pt (v) (polCA)


NRV = (HP)
6356 . E v

Sendo:
Qv a vazão volumétrica,
Pt(v) a pressão total do ventilador e
Ev a eficiência mecânica total do ventilador.

A potência real deve ser obtida nas tabelas ou curvas características do ventilador
escolhido, a qual é válida para as condições especificadas na curva ou tabela. Para
condições de pressão e temperatura diferente daquela deve-se fazer a devida correção
pela relação de densidade da condição real e da condição da curva ou tabela
característica.

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
126

Quadro 8.1.
Calcular a potência requerida pelo ventilador que apresenta as seguintes

características técnicas:

Q = 10 m3/s

Pt = 100 mmca

Ev = 80% (0,8)

Resolução:

A fórmula da potência em CV é:, [Q] = m3/s e [Pt] = mmCA.

Q = 10 m3/s, Pt = 100 mmCA e Ev = 0,8

Logo:

A fórmula da potência em HP é:

, [Q] = cfm e [Pt] = polCA.

Q = 10 m3/s = 36.000 m3/h = 36.000 x 0,59 = 21.240 cfm.

Pt = 100 / 25,4 = 3,937 polCA

Ev = 80% (0,8)

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
127

Quando as condições reais do fluído no ventilador, ou seja, a densidade do fluido,


for diferente das condições estabelecidas para a curva ou tabela características deve-se
proceder da seguinte forma:
• Considerar a vazão de entrada na tabela ou curva característica igual à vazão
real a ser movimentada pelo ventilador.
• Utilizar a pressão equivalente do ventilador, para as condições da curva ou
tabela característica determinada da seguinte forma:

1
Pe (equiv) = Pe (real) x
Fd

1
Pt ( equiv ) = Pt (real) x
Fd

ρ real
sendo Fd = ( Fator de Densidade )
ρ curva
• Determinar o ponto de operação na curva característica utilizando a vazão real
e pressão equivalente, conhecendo-se então a eficiência mecânica do ventilador e
a rotação que serão válidas também para as condições reais.
• A potência equivalente (N<equiv>) servira para dimensionar o motor para
partida a frio e será igual a:

1
N(equiv) = Nv (real) x
Fd

8.5. LEI DOS VENTILADORES


Existem diversas relações que regem o estudo dos ventiladores, as quais são
chamadas de Leis dos Ventiladores e são constituídas das proporcionalidades existentes
entre os diversos parâmetros envolvidos, quais sejam:
• A vazão varia de acordo com a rotação, com a densidade do fluido e com o
tamanho do ventilador;
• A pressão varia com o quadrado da rotação, com a densidade do fluido e com o
tamanho do ventilador;
• a potência varia com o cubo da rotação, com a densidade do fluido e com o
tamanho do ventilador;
A Tabela 8.1 apresenta as fórmulas que regem as leis dos ventiladores, cuja
nomenclatura adotada é listada a seguir:
d = diâmetro do ventilador
Q = vazão em volume
Pe = pressão estática
rpm = rotações por minuto
HP = potência transferida ao fluido
ϖ = vazão mássica
ρ = densidade do fluido
η = eficiência mecânica do ventilador
o
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128

Tabela 8.1. Fórmulas que regem as Leis dos Ventiladores.

PARÂMETROS LEIS DOS VENTILADORES

Ventilador exaurindo ϖ 1 Q1 rpm1 Pe1 (rpm1 )2 HP1 (rpm1 )3


gás com densidade = = = =
ϖ 2 Q 2 rpm 2 Pe 2 (rpm 2 ) 2 HP2 (rpm 2 )3
constante
Ventilador operando ϖ 1 ρ1 Pe1 ρ HP1 ρ1
a uma rotação = = 1 =
ϖ 2 ρ2 Pe 2 ρ 2 HP2 ρ 2
constante (Q=cte.)

3 2 5
Variações de acordo Q 1 ⎡ d1 ⎤ Pe1 ⎡ d1 ⎤ HP1 ⎡ d1 ⎤
com o tamanho do =⎢ ⎥ =⎢ ⎥ =⎢ ⎥
ventilador Q 2 ⎣ d2 ⎦ Pe 2 ⎣ d 2 ⎦ HP2 ⎣ d 2 ⎦

Com base nessas relações pode-se chegar a duas conclusões importantes:


• Ventiladores de diversos tamanhos de uma mesma série possuem
comportamento semelhante e por isso, uma vez que se faça o teste com um
ventilador da série, o funcionamento dos demais poderá ser previsto de acordo com
as equações acima;
• Deve-se tomar cuidado com as medidas de aumento de rotação do motor para
a obtenção de maiores vazões no ventilador, uma vez que a potência varia com o
cubo da rotação e nem sempre o motor instalado tem capacidade para resistir a
esse aumento e poderá queimar. Outros problemas que podem ocorrer são
referentes à estrutura e características construtivas dos ventiladores, que podem
não resistir aos aumentos de rotações aplicados sem prévio estudo.

8.6. INTERAÇÃO VENTILADOR-SISTEMA


A curva característica exibe a variação da vazão do ventilador com a pressão
contra a qual o mesmo está trabalhando. Por outro lado, cada vazão fluindo no sistema
significará uma determinada resistência (perda de carga) e conseqüentemente uma
pressão requerida, podendo-se então construir a curva de variação com a vazão,
chamada de curva do sistema (vide Figura 8.4). O ponto de intersecção entre duas
curvas será o ponto de operação (pontos 1, 2 ou 3, na Figura 8.4). O que se procura
obter na prática é um ponto de intersecção que atende às condições de vazão e pressão
requeridas pelo sistema.
Na prática muitas vezes não se consegue obter um ponto de operação adequado,
sendo necessário instalar dispositivos de controle de vazão, alterar a rotação do
ventilador ou mesmo substituí-lo por outro mais adequado ao caso, ou mesmo utilizar
ventiladores em séries, para aumento da pressão disponível, ou em paralelo, para
aumento da vazão do sistema.
A alteração de vazão ou pressão pode ser conseguida pelos seguintes métodos:

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
129

8.6.1. ALTERAÇÃO DA VELOCIDADE DE ROTAÇÃO DO VENTILADOR


Essa providência altera a curva do ventilador. De acordo com as leis dos
ventiladores a vazão variará proporcionalmente à variação da rotação, a pressão estática
variará com o quadrado da rotação, a potência variará com o cubo da variação da
rotação. Para se conseguir esse efeito pode-se utilizar transmissões variáveis e motores
de velocidade variável.

8.6.2. "DAMPERS" NA SAÍDA OU NA ENTRADA DO VENTILADOR


A introdução de uma resistência adicional no sistema altera sua curva e o ponto de
intersecção na curva do ventilador. Essa resistência adicional é conseguida através da
utilização de "Dampers" (registro tipo veneziana), que é o método mais utilizado devido
ao seu baixo custo, fácil ajuste, pequeno espaço requerido e manutenção pouco
exigente. Os dampers podem ser colocados tanto na entrada como na saída e podem ser
do tipo abas paralelas ou abas opostas. (Figura 8.5).

8.6.3. CONTROLE DE VOLUME DE AR NA ENTRADA DO VENTILADOR


A curva característica do ventilador pode ser modificada mudando-se a rotação do
ar na sucção do ventilador. Para tanto se usa um tipo de controle denominado de IVC
(tipo catavento) ou um damper na caixa de entrada. (Figura 8.6)
O controle de volume na entrada do ventilador tem limitações em seu uso quando
estão expostos a corrosão e erosão pela presença de poluentes no caso de ventiladores
localizados antes do equipamento de controle de poluição do ar. Também a exposição a
alta temperaturas restringe o seu uso.
Cada solução para alteração da vazão ou pressão representará um ônus adicional
em termos de potência e portanto em termos de custo operacional. O método que menos
influencia a potência é o uso de motor de velocidade variável, vindo a seguir a
transmissão variável, o controle na entrada (IVC), dampers na sucção e por último
dampers na saída do ventilador. (Figura 8.7)

Figura 8.4. Interação ventilador-sistema.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
130

Figura 8.5. Tipos de registros de controle de vazão.

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
131

Figura 8.6. Controle de vazão na entrada.

Figura 8.7. Influência dos métodos de controle de vazão na potência do ventilador.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
132

8.7. SELEÇÃO DO VENTILADOR


Deve ser utilizado o ventilador que proporcione a vazão necessária com a menor
potência possível, que seja adequado para as características do gás e poluente a ser
transportado (temperatura, corrosividade, abrasividade, adesividade, etc.) e com curvas
características (Q versus P) com maior curvatura, de forma que haja pequena variação
de vazão para uma dada variação de pressão. O ponto de operação deverá estar à
direita do ponto máximo da curva, um pouco afastado desse ponto. Nunca deixe o
ventilador funcionar em região instáveis (vide Figura 8.8).
Escolha um ventilador com tamanho adequado para o caso. Isso é conseguido
escolhendo-se um com ponto de operação não muito à direita do ponto máximo da curva
de pressão versus vazão.
Na seleção de ventiladores para operar em condições diferentes daquela em que
foi testado é importante ter em mente que o ventilador é uma máquina de vazão
voluntária que depende da rotação do mesmo. A mudança da densidade do gás alterará
a pressão e potência requerida, sendo que, se a rotação permanecer constante, a vazão
voluntária não alterará, mas a pressão e a potência variarão diretamente proporcional à
mudança de densidade.
Ressalta-se que a potência determinada da forma acima corresponde à potência
requerida nas condições normais de operação, não sendo suficiente para partida a frio.
Para solucionar o problema, usa-se um motor que agüente a partida a frio ou lança-se
mão de um damper que será utilizado na partida a frio, até que a temperatura do gás
atinja o valor de projeto para controle da vazão e da potência requerida.

8.8. USO DE VENTILADORES EM SÉRIES E EM PARALELO


Dois ou mais ventiladores podem ser utilizados em série ou em paralelo, caso não
haja condições de ser utilizado um só ventilador por insuficiência de pressão ou de
vazão. No caso de ventiladores em série, a vazão que passará pelos diversos
ventiladores é a mesma, aumentando-se a pressão disponível necessária, sendo que a
vazão total será a soma dos ventiladores em paralelo utilizados.
A curva do sistema deverá interceptar a curva combinada dos ventiladores, seja em
série ou em paralelo. Para melhor eficiência e para apresentar menos problemas
operacionais recomenda-se o uso de ventiladores idênticos quando em série ou em
paralelo.

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
133

Quadro 8.2.
Calcular a vazão e a pressão do arranjo em paralelo e série de um conjunto de dois

ventiladores centrífugos com a mesma característica técnica:

Q = 10 m3/s e Pe = 100 mmCA.

Resolução:

a) Arranjo em paralelo, (somar as vazões, a pressão é a mesma):

Q = 10 + 10

Q = 20 m3/s

Pe = 100 mmCA

b) Arranjo em série, (somar as pressões, a vazão é a mesma):

Q = 10 m3/s

Pe = 100 + 100

Pe = 200 mmCA

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
134

Figura 8.8. Seleção do ventilador em função do ponto de operação.

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
135

8.9. LOCALIZAÇÃO DO VENTILADOR


A localização do ventilador exerce papel importante na sua escolha. Um ventilador
localizado antes do equipamento de controle de poluição do ar (filtro) estará sujeito a
agressividade do material movimentado, como alta carga de partículas. O seu uso após
um equipamento de controle do tipo lavador tem também desvantagem por estar
movimentando ar com alta umidade ocasionando problemas sérios de corrosão.
A vazão e a potência do ventilador também são função do ponto em que o mesmo
está localizando no sistema, apesar de que, na maioria dos casos, a localização do
ventilador após o equipamento de controle não apresente alteração tão significativa.
No caso de sistemas úmidos (lavadores) devem ser analisados os parâmetros
custo, vida útil e problemas de manutenção nas duas posições possíveis, para a tomada
de decisão.

8.10. INSTALAÇÃO
A instalação adequada do ventilador é um fator importante para que o ventilador
funcione sem vibrações, tenha vida útil dentro dos padrões aceitáveis e não ofereça
perigo às pessoas que trabalham nas suas proximidades. Lembre-se que o ventilador é
uma máquina rotativa com partes que se movimentam a altas velocidades e portanto
deve oferecer segurança durante sua operação. Os limites de temperatura e rotação
devem ser observados.
Não consulte apenas as recomendações do fabricante, mas cumpra também as
normas de segurança industrial. Só use ventiladores industriais que tenham sido
previamente balanceados.
A instalação do ventilador deve ser feita por pessoas especializadas, de preferência
pelo fabricante, ou sob sua supervisão ou orientação. A instalação deve ser precedida do
transporte, recepção, inspeções, manuseio e armazenagem adequados.
Para uma operação livre de problemas, utilize uma fundação.

8.11. INTERLIGAÇÃO DO SISTEMA


A interligação do sistema deve seguir rigorosamente o projeto. Lembre-se que a
performance do ventilador poderá ser seriamente afetada por condições inadequadas de
entrada e saída do ventilador pela adição de resistência ao sistema (perda de carga). As
características do ventilador são sempre determinadas para as condições boas de fluxo
na entrada e saída. Verifique se as condições de entrada e saída previstas em projetos
foram consideradas na seleção do ventilador.

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
136

8.12. MOTOR
O motor é um ponto fundamental no sistema, pois o não provimento da energia de
movimentação necessário significará alteração na condição de funcionamento do
ventilador e portanto na vazão por ele movimentada.
A potência do motor deve ser suficiente para fornecer a energia requerida pelo
ventilador e pelo sistema, em todas as condições em que trabalhará o sistema. A
potência requerida do motor (NRM) será a potência requerida do ventilador acrescida das
perdas por transmissão, ou seja:

NRV
N =
RM ET

onde: NRV é a potência requerida do ventilador e ET é a eficiência de transmissão


moto-ventilador.
Devem também ser levadas em consideração na escolha do motor a inércia do
rotor do ventilador (conhecida como WR2 pelos fabricantes) e as características de
torques de partida do motor elétrico. Um tempo excessivo na partida para atingir a
condição normal de trabalho do ventilador elevará a temperatura do motor podendo
danificá-lo.

8.13. CHAMINÉ
A chaminé é parte integrante do sistema de transporte dos poluentes que tem como
finalidade o lançamento do gás transportador, que contem a emissão residual, na
atmosfera. O seu projeto deve levar em consideração a proteção do ventilador contra
água de chuva quando este estiver localizado imediatamente antes da chaminé.
Para proteção contra chuva vários métodos podem ser utilizados conforme
mostrado na Figura 8.9. Deve-se ressaltar que a proteção tipo "chapéu chinês" não é
recomendada, em casos em que há necessidade de promover uma boa dispersão da
emissão residual na atmosfera e, como regra geral, não deve ser utilizada.
A boa prática de engenharia de controle de poluição do ar recomenda condições a
serem observadas no projeto de chaminés, em relação à altura e velocidade de saída dos
gases, que são basicamente as seguintes:
Altura mínima de 2,5 (duas e meio) vezes a altura da cumieira do prédio que
contém a chaminé ou dela contíguo, ou seja, a altura da chaminé não deve ser inferior a
(H + 1,5L) onde H é a maior altura das edificações e estruturas próximas à chaminé e L a
largura ou altura (a menor das duas) das edificações e estruturas próximas à chaminés.
• Velocidade de saída do fluxo gasoso de 1,5 vezes a velocidade do vento. Em
geral uma velocidade de saída dos gases na faixa de 18 (dezoito) a 21 (vinte e um)
m/s atende ao requisito acima, em grande parte do tempo;
• A saída dos gases deverá ser na vertical, não se recomendando a utilização de
cotovelos ou chapéu chinês.
A recomendação de altura da chaminé mencionada acima é de caráter geral e
deverá ser utilizada com bom senso para fontes de pouco significado, ou mesmo para
aquelas cuja emissão seja de produtos da combustão de combustíveis gasosos. Nestes

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
137

casos, dever-se-á obedecer à recomendação de altura mínima de 2 (dois) a 5 (cinco)


metros acima da cumieira do prédio.
Uma outra maneira de determinar a altura necessária para a chaminé é através da
aplicação de modelos de dispersão atmosférica, que fogem do alcance do presente
curso. No entanto, as condições, acima são as mínimas a serem observados.

Figura 8.9. Tipos de chaminés.

o
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Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
138

8.14. TESTES
1. Dadas as afirmações a seguir, assinale a alternativa falsa:
a) Os ventiladores são usualmente classificados de acordo com a direção de
movimentação de fluxo através do rotor.
b) Os ventiladores centrífugos não são destinados a movimentação de ar numa
ampla faixa de vazão e pressão. Os ventiladores axiais se restringem aplicações de
alta pressão.
c) Em ventilação, os ventiladores mais utilizados são os centrífugos, os quais estão
disponíveis em quatro tipos, segundo as características de rotor ou seja, de pás
radiais; de pás para trás; de pás curvadas para frente e o "radial tip".
d) Para a correta Seleção de um ventilador deve ser utilizado o ventilador que
proporcione a vazão necessária com a menor potência possível e que seja
adequado para as características do poluente a ser transportado (temperatura,
corrosividade, abrasividade, adesividade, etc).
e) A vazão e a potência do ventilador são funções do ponto em que o mesmo está
localizando no sistema.

2. Dadas as afirmações a seguir, assinale a alternativa falsa:


a) Os ventiladores centrífugos radiais são ventiladores robustos.
b) Os ventiladores centrífugos radiais apresentam eficiência baixa, da ordem de
60%.
c) Os ventiladores centrífugos radiais são os mais complexos em termos
construtivos, possuem baixa resistência mecânica e são mais difíceis de serem
reparados em caso de avarias.
d) A chaminé é parte integrante do sistema de transporte dos poluentes que tem
como finalidade o lançamento do gás transportador, que contem a emissão
residual, na atmosfera.
e) Os ventiladores centrífugos radiais são destinados para trabalho pesado e para
movimentar fluído com grande carga de poeira, poeiras pegajosas e corrosivas.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 8. Conjunto Ventilador – Motor - Chaminé
139

3. Dadas as afirmações a seguir, assinale a(s) alternativa(s) falsa(s): (é


possível assinalar mais de uma alternativa correta)
a) Os ventiladores centrífugos de pás curvadas para frente requerem menor espaço
para sua instalação e apresentam baixa velocidade periférica e são silenciosos.
b) Os ventiladores centrífugos de Pás curvadas para frente são usados para
pressões baixas e moderadas.
c) Devido à forma os rotores de pás para frente não são recomendados para
movimentar fluidos com poeiras e fumos que possam aderir às mesmas e causar
desbalanceamento do rotor e conseqüentemente vibração.
d) A curva característica dos ventiladores centrífugos de pás curvadas para frente
não apresenta zona de instabilidade na qual o ventilador não deve trabalhar.
e) Na seleção de ventiladores para operar em condições diferentes daquela em que
foi testado não é importante ter em mente que o ventilador é uma máquina de
vazão voluntária que depende da rotação do mesmo.

4. Dadas as afirmações a seguir, assinale a alternativa verdadeira:


a) Os ventiladores centrífugos de pás curvadas para frente apresentam auto-
limitação de potência não podendo sobrecarregar o motor.
b) A eficiência dos ventiladores de pás para frente é maior que os de pás para trás.
c) Os ventiladores de pás para frente são recomendados para sistema de
ventilação geral e de ar condicionado onde a carga de poeiras e outras partículas é
baixa.
d) A proteção tipo "chapéu chinês" não é recomendada, em casos em que há
necessidade de promover uma boa dispersão da emissão residual na atmosfera e,
como regra geral, não deve ser utilizada.
e) Ventiladores centrífugos de pá pra trás são ventiladores de baixa eficiência e seu
funcionamento causa ruídos intensos.

5. Dadas as afirmações a seguir, assinale a alternativa falsa:


a) Os Ventiladores "Radial Tip" são ventiladores de pás planas inclinadas para trás,
porém com pontas que se curvam até chegarem a ser radiais.
b) A configuração de suas pás provoca uma queda na eficiência, porém um
aumento da vazão.
c) Os ventiladores “ Radial Tip” são utilizados em ar condicionado.
d) Os ventiladores “Radial TIP” são utilizados em fornos de cimento.

o
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Capítulo 9. Avaliação de sistemas de ventilação
140

CAPÍTULO 9. AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE VENTILAÇÃO


Prof. FRANCISCO KULCSAR

OBJETIVOS DO ESTUDO
Fornecer instrumentos para avaliação qualitativa e quantitativa de sistemas de
ventilação local exaustora.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Ter noções de reconhecimento, avaliação e controle de sistemas de ventilação.

o
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Capítulo 9. Avaliação de sistemas de ventilação
141

9.1. INTRODUÇÃO
O teste, a inspeção, a checagem ou avaliação de sistemas de ventilação local
exaustora deve ser realizada de forma qualitativa e quantitativa.
A avaliação qualitativa está relacionada com a inspeção visual dos aspectos de
projeto, construção, instalação, operação e manutenção do sistema comparando com os
melhores procedimentos de engenharia de ventilação.
A avaliação quantitativa está relacionada com a medição dos parâmetros de
operação do sistema comparando com os parâmetros de projeto. A medição da vazão de
ar, velocidade e pressão são dados importantes que em conjunto com o adequado
funcionamento e projeto de sistemas de ventilação local exaustora permite as seguintes
aplicações:
Determinar se a construção, instalação e operação de um sistema de ventilação
local exaustora foi realizada de acordo com os dados de projeto;
• Determinar se há necessidade da realização de manutenção corretiva ou
preventiva, baseando-se em medições periódicas para garantir uma operação
eficiente;
• Determinar se o sistema comporta capacidade suficiente para permitir futuras
expansões com mais captores ou equipamentos de exaustão;
• Obter dados de projeto baseados em sistemas de ventilação local exaustora
funcionando em condições satisfatórias para futuras instalações similares;
• Obter dados de vazão para determinar a adequação às leis, portarias, códigos
ou padrões.
Outras aplicações das medições de aspectos aerodinâmicos estão relacionadas
com o TAB – Testes Ajustes e Balanceamento.

9.2. AVALIAÇÃO QUALITATIVA


9.2.1. OBSERVAÇÃO DOS ASPECTOS DE PROJETO, CONSTRUÇÃO,
INSTALAÇÃO, OPERAÇÃO E MANUTENÇÃO
Os captores, os dutos, os coletores e os ventiladores devem ser adequados ao
controle das operações para as quais foram projetados, verificando-se:
• Projetos, construção e instalação: a existência e adequação do captor, duto,
filtro e ventilador, o tipo e posicionamento em relação ao equipamento poluente, ao
trabalhador e à admissão de ar externo; o tipo de material empregado na
construção do sistema; o tipo de filtro e ventilador empregados; a existência de
acessórios, como, flanges, registros de ar, plenum,, peça de transição,
amortecedores de vibração, cortinas, defletores, jatos de ar e grelhas.
• Manutenção: estado de conservação do material que serve ao revestimento
superficial dos equipamentos quanto a corrosão, incrustação, abrasão,
amassamento, entupimento e vazamento. Verificar também o estado operacional
dos equipamentos de controle, assim como o material contaminante depositado no
captor, dutos, filtros ou ventilador.
• Operação: se todos os equipamentos seguem as recomendações dadas no
projeto original.

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Capítulo 9. Avaliação de sistemas de ventilação
142

9.2.2. OBSERVAÇÃO DO PADRÃO DE FLUXO DE AR


O padrão de fluxo de ar induzido para o interior das aberturas de sucção deve ser
observado através de nuvens de fumaça emitidas na zona de influência de exaustão do
captor. Verifica-se também dessa forma, as correntes de ar externo de fluxo uniforme,
baixa velocidade e direção favorável ao correto funcionamento dos captores e as
correntes de ar turbulentas e cruzadas que interferem no bom desempenho dos captores.
Nesta avaliação são utilizados os tubos de fumaça que permitem a visualização do
comportamento das correntes de ar que são introduzidas nos captores.
Na determinação do padrão de fluxo de ar induzido para o interior de captores,
equipamentos, trabalhadores e sistemas de ventilação deverão estar em operação
normal.
As nuvens de fumaça devem ser emitidas na superfície de contorno mais afastada
do captor, delineando o padrão ou modelo de fluxo gerado.

9.3. AVALIAÇÃO QUANTITATIVA


9.3.1. MEDIÇÃO DA VAZÃO DE AR
A mais importante determinação do sistema de exaustão é a vazão de ar. A
Avaliação Quantitativa é realizada através da medição da velocidade do ar e depois são
feitos os cálculos da vazão de ar.
A maioria dos medidores de campo são medidores de velocidade sendo necessário
obter dados na seção transversal em vários pontos de medição.
A vazão de ar é obtida pela equação:

Q = V.A
Onde: Q = Vazão de ar fluindo, m3/s ou m3/h
V = Velocidade linear média, m/s
A = Área de seção transversal do duto ou captor, m2, no local de medição.

o
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Capítulo 9. Avaliação de sistemas de ventilação
143

Quadro 9.1.
Calcular a vazão de ar num duto de 750 mm de diâmetro onde foram obtidas as

seguintes medidas de velocidade:

V1 =17,5 m/s ; V2 =17,4 m/s; V3 =17,6 m/s; V4 =17,7 m/s ; V5 =17,4 m/s

V6 =17,5 m/s ; V7 =17,4 m/s; V8 =17,6 m/s; V9 =17,7 m/s ; V10 =17,4 m/s

Resolução:

Número de medidas = 10

Velocidade média = (17,5 + 17,4 + 17,6 + 17,7 + 17,4 + 17,5 + 17,4 + 17,6 + 17,7

+ 17,4) / 10 = 17,52 m/s

Área = 3,14 X 0,75 X 0,75 / 4 = 0,442 m2.

Sendo:

Q = V.A

Q = 17,52 X 0,442 = 7,74 m3/s = 27.864 m3/h

9.3.2. MEDIÇÃO DA VELOCIDADE DO AR EM DUTOS


A determinação do perfil de velocidades em dutos é realizada por meio de
medições com anemômetros dotados de sonda.
Deve ser selecionada uma seção de duto 10 diâmetros afastada de turbulência
provenientes de curvas, registros, entradas de ramais e outras singularidades onde serão
executadas duas séries de leituras transversais.
Os dois orifícios de inserção da sonda no duto devem estar livres de danos e
rebarbas.
Em dutos até 150 mm de diâmetro deverão ser feitas duas medições com 6 leituras,
em dutos acima de 150 mm 10 leituras. Em dutos muito grandes 20 leituras. Com a
determinação da velocidade em cada ponto obtém-se o perfil de velocidades e a
velocidade média.
As duas medições devem ser perpendiculares.

o
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Capítulo 9. Avaliação de sistemas de ventilação
144

9.3.3. MEDIÇÃO DA VELOCIDADE DO AR EM CAPTORES


A determinação do perfil de velocidades em captores é realizada mediante a
tomada de velocidade de captura ou face por anemômetros. As velocidades são obtidas
através de uma série de leituras em superfícies de contorno previamente selecionadas e
divididas em áreas iguais.
As velocidades são medidas em superfícies de contorno, como na face do captor,
grades, frestas, cortina ou em pontos de captura.
Cuidar para que correntes de ar externas e a movimentação de equipamentos e
pessoas não interfiram nas leituras.

9.4. EQUIPAMENTOS
9.4.1. AVALIAÇÃO QUALITATIVA
Os equipamentos normalmente utilizados são tubos de fumaça, câmaras
fotográficas e de vídeo.

9.4.1.1. Sinalizadores de Correntes de Ar


Estes dispositivos são também chamados de tubos de fumaça ou tubos detectores
de correntes de ar.
Existem alguns tipos de tubos de fumaça disponíveis comercialmente e outros que
podem ser montados em laboratórios químicos com recipientes de vidro, reagentes e
uma pêra de borracha para insuflamento.
Deve-se ter cuidado de evitar a inalação dos fumos apesar das quantidades
geradas serem pequenas e direcionadas para a zona de influência de sucção do captor.
Os tubos de fumaça, detectores ou sinalizadores de correntes de ar são
dispositivos que permitem a visualização de correntes de ar no ambiente geral de
trabalho e de padrões de fluxo de ar induzido para o interior dos captores de exaustão
através da geração de nuvens de fumaça.
A principal aplicação reside na observação de modelos de fluxo de ar nas
proximidades das aberturas de insuflamento e exaustão.
Os usos comuns dos sinalizadores de correntes de ar são:
Delinear modelos de fluxos de ar em sistemas de ventilação natural, geral e local
exaustora (captores de exaustão).
• Detectar o movimento e a direção de correntes de ar em ambientes de trabalho.
• Detectar vazamentos em linhas de gases.
• Monitorar o movimento do ar em minas subterrâneas.
• Determinar a forma de geração e dispersão de substâncias químicas na forma
gasosa nos locais de trabalho.
Estes dispositivos devem ser utilizados por profissionais experientes e qualificados
em segurança e higiene do trabalho. Os profissionais das áreas de produção e
manutenção também poderão utilizá-los desde que devidamente treinados.

o
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Capítulo 9. Avaliação de sistemas de ventilação
145

9.4.2. Avaliação Quantitativa


Os equipamentos normalmente utilizados são anemômetros.

9.4.2.1. Anemômetros
• Tubos de Fumaça:
A medição da velocidade do ar pode ser obtida de forma aproximada, baseando-se
no princípio do tempo de translado da nuvem de fumaça através de uma distância
conhecida.
O seu uso é limitado a velocidades inferiores a 0,75 m/s, pois altas velocidades
diluem rapidamente a fumaça.

• Anemômetro de Pás Rotativas:


Este instrumento pode ser utilizado em grandes aberturas de exaustão e de
insuflamento. Não poder ser utilizado em dutos ou atmosferas, contendo substâncias
corrosivas ou poeirentas.
O equipamento convencional possui pás rotativas conectadas a engrenagens e
mostradores que indicam a velocidade do ar.
A faixa de leitura deste equipamento é de 1 a 15 m/s. Os tamanhos mais
comuns são 75 mm, 100 mm e 150 mm.
Limitações: não é para ser utilizado em dutos; não apresenta leitura direta; é de
construção frágil; não pode ser usado em atmosferas poeirentas ou corrosivas.

• Anemômetro de Lâmina Defletora (Velômetro):


Este equipamento é muito utilizado nas medições de aberturas de insuflamento,
exaustão e dutos, por sua portabilidade, larga escala de valores e leitura direta
instantânea.
A velocidade mínima medida é 0,25 m/s.
As escalas de velocidade variam de 0 a 50 m/s e as escalas de pressão possuem
vários acessórios como sonda para baixas velocidades, tubo Pitot, sonda para bocas de
ar e sondas para medição de pressão estática. O equipamento necessita de ajuste,
calibração e uso de fatores de correção.
O equipamento é robusto, preciso e portátil, sendo recomendado para a maioria
das aplicações de campo. Antes de usar, checar o zero mecânico colocando o medidor
na horizontal, fechar as aberturas para que não passe ar no instrumento.
O medidor deve sempre ser usado na posição vertical.

• Anemômetro de Fio Aquecido:


Este instrumento é também muito utilizado na avaliação de sistemas de exaustão.
O seu princípio de operação baseia-se na variação da resistência do fio da sonda
com a temperatura. Quando o ar passa pelo fio aquecido da sonda, ocorre um
resfriamento da sonda e sua resistência varia com a velocidade do ar.
A sonda pode ser danificada através da deposição de poeira ou corrosão.O
equipamento deve ser calibrado regularmente. Não deve ser usado em atmosferas
inflamáveis. A faixa de leitura de velocidade do ar está localizada entre 0,05 e 40 m/s.

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Capítulo 9. Avaliação de sistemas de ventilação
146

• Tubo Pitot:
O Tubo Pitot é considerado confiável e é aceito nas práticas de engenharia.
O fluxo de ar na seção transversal não é uniforme, sendo necessário obter a
velocidade média pela medição de pressões dinâmicas nos pontos num determinado
número de áreas iguais numa seção transversal.
O método aprovado é fazer medições em duas seções transversais através do
diâmetro do duto em ângulos retos uns aos outros.
Devem ser tomadas 20 medições em anéis centralizados anulares de área igual.
Localizar os pontos transversais a 7,5 diâmetros de distância ou mais a jusante (após,
depois da singularidade - downstream) de qualquer turbulência como curvas, captores e
entradas de ramal. Se necessitar medir a distâncias menores das fontes de turbulência
os resultados devem ser checados contra uma segunda localização. Se for obtido 10%
de variação, a precisão é razoável e deve ser selecionada a média das duas medições.
Se for obtido mais de 10%, deve ser selecionada uma terceira localização e realizada a
média dos dois melhores resultados.
Para dutos de 150 mm e menores, devem ser usados 6 pontos transversais, para
dutos maiores 10 medições e para dutos maiores e chaminés 20 pontos.
Para dutos quadrados e retangulares proceder à divisão da seção transversal em
um número igual de áreas retangulares e medir a pressão dinâmica no centro de cada
uma. O número de medições não deve ser menor do que 16 e a maior distância deve ser
150 mm.
O uso de uma leitura central para obter a velocidade média é uma aproximação
grosseira que deve estar a 10 diâmetros de distância a jusante de turbulências e a
pressão dinâmica obtida deve ser multiplicada por 0,81 ou a velocidade deve ser
multiplicada por 0,9 para obter uma aproximação da velocidade média.
Os seguintes dados podem ser necessários:
Diâmetro do duto na localização transversal.
• A pressão dinâmica no ponto da seção transversal, ou por estimativa, na
pressão dinâmica central.
• A temperatura do ar no tempo e localização da medição transversal.
As leituras de pressão dinâmica são convertidas em velocidades, para depois se
fazer a média das velocidades e não das pressões dinâmicas. Pode ser realizada a
média das raízes quadradas das pressões dinâmicas, para depois converter este valor
em velocidade média. O volume de ar medido numa temperatura no duto é a velocidade
média multiplicada pela área de seção transversal do duto (Q = v.A).

9 Limitações

• O tubo Pitot não pode ser usado para medir baixas velocidades em campo.
• Não é um medidor direto de velocidade.
• Se usado com um manômetro líquido, é necessário um dispositivo anti-vibrante.
• Pode ser entupido por altas cargas de poeira e umidade.

o
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Capítulo 9. Avaliação de sistemas de ventilação
147

É um instrumento composto por uma sonda e um manômetro diferencial, determina


a pressão provocada pela energia cinética da corrente de ar. Pode também medir a
pressão estática e a pressão total.
O tubo Pitot é um medidor de velocidade de ar que não é de leitura direta,
fornecendo dados de pressão dinâmica. Não necessita de calibração. Não mede o fluxo
de ar em grandes aberturas como os captores de exaustão. É muito utilizado na medição
da velocidade de transporte e da vazão de ar em dutos.
Quando a montagem for feita com manômetro de líquido, deve ser garantida
isenção de vibração e de derramamentos do líquido do manômetro. A poeira e a umidade
podem entupir a sonda.
O instrumento é constituído por 2 tubos concêntricos, um medindo a pressão total e
outro a pressão estática. Quando os dois tubos são conectados a um manômetro de
líquido, a diferença entre as duas pressões é a pressão dinâmica.

9.5. AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE EXAUSTÃO


9.5.1. NOVAS INSTALAÇÕES
Deve ser coletado dados suficientes nas instalações para verificar:
• Se as vazões de ar de exaustão, distribuição e balanceamento do sistema está
de acordo com os dados de projeto;
• Se o controle dos contaminantes é efetivo.
Realizar em primeiro lugar um esboço ou diagrama unifilar, não necessariamente
em escala, porém indicando tamanho, comprimento e local relativo de todos os dutos,
dispositivos, e componentes dos sistemas associados. O esboço servirá como guia na
seleção dos pontos de medição, revelando instalação incorreta e dispositivos de projeto
inadequados. Se o esboço estiver disponível como um registro permanente mudanças
podem ser anotadas como acréscimos de ramais, alterações de captores ou dutos.
As medições iniciais de ar incluem vazão (velocidade) e pressão estática em cada
ramal e duto principal, medições de pressão estática (garganta de sucção) em cada
abertura de exaustão, pressão estática e total na entrada e saída do ventilador, e
medição de pressão estática no equipamento de coleta na entrada e saída (pressão
diferencial). Os dados de medição indicarão qualquer variação dos dados de projeto,
indicarão necessidade de balanceamento para obter a distribuição planejada e verificará
se as velocidades de transporte nos ramais e no duto principal são adequadas para
conduzir os materiais manipulados. Se for encontrado desbalanceamento, é aconselhável
tomar novas medidas de pressão estática depois que o sistema for balanceado. Todas as
medições de ar e pontos de medição devem ser registrados para servir de base para que
futuras inspeções detectarem qualquer variação na vazão dos valores originais.
A checagem do projeto do captor deve verificar se a fonte contaminante é
enclausurada tão completamente quanto possível sem interferir na operação. As análises
de ar necessárias variam com o contaminante, usando o amostrador de ar na zona
respiratória do operador quando estiverem envolvidos materiais tóxicos e somente
observação para os escapes visuais quando forem exauridos materiais não-tóxicos ou
incômodos.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 9. Avaliação de sistemas de ventilação
148

9.5.2. INSTALAÇÕES EXISTENTES


É necessário elaborar estudos de amostragem de ar em intervalos freqüentes. A
menos que o processo seja alterado, os captores ou enclausuramentos alterados ou o
método de manipulação de materiais seja revisado, o risco deve permanecer controlado
tanto quanto as funções do sistema de exaustão permanecerem adequadas.
Os equipamentos de exaustão mecânicos e os coletores de poeira requerem a
mesma atenção que as ferramentas, máquinas e equipamentos de produção requerem e
usualmente recebem.
Qualquer mudança na sucção original do captor pode somente indicar uma
mudança na velocidade do ramal e conseqüentemente uma mudança na vazão de ar
removida do captor. Esta relação é verdadeira a menos que:
O projeto do captor tenha sido alterado o que afetará a facilidade de exaustão da
vazão de ar (perda na entrada);
• Há obstruções ou acúmulos no captor ou no ramal à frente do ponto de leitura
da sucção do captor;
• O sistema tenha sido alterado ou acrescentado. As restrições na seção
transversal reduzirão o volume de ar, embora a sucção do captor possa mesmo
sofrer um aumento, depende do local e grau de contaminação.
Desde que as leituras de pressão variam com o quadrado da velocidade ou volume
em questão, uma pequena mudança é aumentada pela comparação com as leituras de
coluna. Por exemplo, uma redução indicada nas leituras de pressão estática de 19 a 30%
refletirá um decréscimo de volume (vazão) de 10 a 15%.
Uma redução marcante na sucção do captor pode freqüentemente ser traçada por
um ou mais dos seguintes itens:
A performance reduzida pelo ventilador exaustor causada pela velocidade reduzida
por escorregamento da correia, desgaste ou acúmulo no rotor ou carcaça poderiam
obstruir o fluxo de ar;
• A performance reduzida causada pelos defeitos nos dutos de exaustão, tais
como acúmulos nos ramais ou dutos principais devido a velocidades de transporte
insuficientes, condensação de vapores de óleo ou água nas paredes dos dutos,
características adesivas do material a ser exaurido ou perdas de vazamento
causadas por portas de limpeza soltas, juntas quebradas, buracos feitos nos dutos
(mais freqüentes em curvas), conexões inadequadas ao exaustor, acúmulos em
dutos ou rotores.
• As perdas em sucção podem também ser carregadas para pontos adicionados
ao sistema (algumas vezes os sistemas são projetados para futuras conexões e
mais ar que o requerido é transportado pelos ramais presentes até ser feita a futura
conexão), mudança no conjunto de registros na linha de ramais. Alterações
indevidas nos registros podem afetar seriamente tal distribuição e assim sendo os
registros devem ser bloqueados no local imediatamente depois do sistema ter sido
instalado e sua efetividade checada.
• Volume de exaustão reduzido pode ser causado pelo acréscimo de perda de
carga através do coletor de poeira devido à falta de manutenção, operação
inadequada, desgaste, etc. Estes itens vaiam com o projeto do coletor. A operação
e manutenção devem se referir às instruções do fabricante.
o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 9. Avaliação de sistemas de ventilação
149

9.5.3. PROCEDIMENTO DE INSPEÇÃO


Concordância dentro de ± 10% com o projeto é considerável aceitável.

9.5.4. EQUIPAMENTOS
Os equipamentos necessários para uma avaliação quantitativa são:
• Dispositivo de medição rotacional – tacômetro, estroboscópio;
• Medidor de velocidade de ar – velômetro, termoanemômetro ou Tubos Pitot;
• Trena – diâmetro.

o
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Capítulo 9. Avaliação de sistemas de ventilação
150

9.6. TESTES
1. Quais os principais equipamentos utilizados nas avaliações qualitativas e
quantitativas de sistemas de ventilação local exaustora?
a) Trenas, Réguas e prumos.
b) Máquinas fotográficas, tubos de fumaça e anemômetros.
c) Termômetros, manômetros e psicrômetros.
d) Tacômetros. Amperímetros e voltímetros.
e) Conjunto IBUTG, dosímetros e anemômetros.

2. Considere as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que apresenta a


seqüência correta (de cima para baixo).

I. Uma avaliação é realizada coletando dados e informações, tabulando resultados


obtidos, comparando com um padrão, analisando e discutindo os resultados para
depois realizar a conclusão e a respectiva recomendação.
II. A avaliação qualitativa está relacionada com a inspeção visual dos aspectos de
projeto, construção, instalação, operação e manutenção do sistema comparando
com os melhores procedimentos de engenharia de ventilação.
III. A avaliação quantitativa está relacionada somente com a medição e nada mais.
IV. A medição da vazão de ar, velocidade e pressão são dados sem importância na
avaliação de sistemas de ventilação local exaustora.
V. O teste, a inspeção, a checagem ou avaliação de sistemas de ventilação local
exaustora deve ser realizada de forma qualitativa e quantitativa.
a) V V F F V.
b) F F V V F.
c) V F V F F.
d) F V F V V.
e) V V V V V.

3. Considere as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que apresenta a


seqüência correta (de cima para baixo).

I. O padrão de fluxo de ar induzido para o interior das aberturas de sucção deve ser
observado através de nuvens de fumaça emitidas na zona de influência de
exaustão do captor.
II. Com os tubos de fumaça verificam-se também, as correntes de ar externo de
fluxo uniforme, baixa velocidade e direção favorável ao correto funcionamento dos
captores e as correntes de ar turbulentas e cruzadas que interferem no bom
desempenho dos captores.
III. Na avaliação quantitativa são utilizados os tubos de fumaça, equipamentos
estes que permitem a visualização do comportamento das correntes de ar que são
introduzidas nos captores.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 9. Avaliação de sistemas de ventilação
151

IV. Na determinação do padrão de fluxo de ar induzido para o interior de captores,


equipamentos, trabalhadores e sistemas de ventilação não deverão estar em
operação normal.
V. As nuvens de fumaça devem ser emitidas na superfície de contorno mais
afastada do captor, delineando o padrão ou modelo de fluxo gerado.
a) F F F V F.
b) V V V F V.
c) V V F F V.
d) F F V V F.
e) F F F F F.

4. Considere as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que apresenta a


seqüência correta (de cima para baixo).

I. A medição da velocidade do ar em dutos deve ser feita através da determinação


do perfil de velocidades em dutos.
II. A medição da velocidade do ar em dutos é realizada por meio de medições na
seção transversal de dutos com anemômetros dotados de sonda.
III. Deve ser selecionada uma seção de duto 80 diâmetros próxima de turbulência
provenientes de curvas, registros, entradas de ramais e outras singularidades onde
serão executadas duas séries de leituras transversais.
IV. Em dutos até 150 mm de diâmetro deverão ser feitas duas de 6 leituras, em
dutos acima de 150 mm 10 leituras. Em dutos muito grandes 20 leituras.
V. A determinação do perfil de velocidades em captores é realizada mediante a
tomada de velocidade de captura ou face por anemômetros.
a) F F V F F.
b) V F F V F.
c) V V V F F.
d) V F F V V.
e) V V F V V.

5. Na avaliação de sistemas de exaustão em novas instalações devem ser


coletados dados suficientes nas instalações para verificar: se as vazões de ar de
exaustão, distribuição e balanceamento do sistema estão de acordo com os dados
de projeto
a) Verdadeiro.
b) Falso.

6. Na avaliação de sistemas de exaustão em novas instalações devem ser


coletados dados suficientes para verificar se o controle de contaminantes é efetivo.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

o
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Capítulo 9. Avaliação de sistemas de ventilação
152

7. Na avaliação de sistemas de exaustão em mais instalações deve-se realizar em


primeiro lugar um esboço ou diagrama unifilar, não necessariamente em escala,
porém indicando tamanho, comprimento e local relativo de todos os dutos,
dispositivos, e componentes dos sistemas associados.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

8. A checagem do projeto do captor deve verificar se a fonte contaminante é


enclausurada tão completamente quanto possível sem interferir na operação.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

9. Em instalações existentes os equipamentos de exaustão mecânicos e os


coletores de poeira não requerem a mesma atenção que as ferramentas, máquinas
e equipamentos de produção requerem e usualmente recebem.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

10. Para o procedimento de Inspeção de sistemas de ventilação local exaustora é


necessária uma concordância dentro de ± 50% com o projeto é considerável
aceitável.
a) Verdadeiro.
b) Falso.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 10. Projeto de ventilação
153

CAPÍTULO 10. PROJETO DE VENTILAÇÃO


Prof. JOÃO VICENTE DE ASSUNÇÃO

Apresentar em detalhes o desenvolvimento, passo a passo, de um projeto de ventilação


local exaustora.

Ao término deste capítulo você deverá estar apto a:


• Determinar tipos de captores para tanques;
• Determinar velocidade de captura para tanques ;
• Determinar vazões mínimas de captação para tanques;
• Dimensionar os dutos;
• Calcular a vazão total de um sistema;
• Calcular a perda de carga e pressões de um sistema;
• Calcular a potência exigida pelo ventilador e a potência do motor a ser utilizado;
• Corrigir as pressões e potências obtidas na condição de ar padrão para as condições
reais de densidade do fluido.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 10. Projeto de ventilação
154

10.1. DADOS DO PROJETO


Tipo de sistema: ventilação local exaustora
Fonte de emissão: 1 tanque de decapagem e 1 tanque de cromação
Dados das fontes:

a) Tanque de decapagem
Destinado a decapagem de peças de aço à base de ácido sulfúrico, tanque medindo 1,5
m de comprimento (L1) 0,75m de largura (W1) e 1,5 m de altura (h1) do piso até a borda do
tanque. Temperatura do banho de 50 º C. Emissão de névoas de ácido sulfúrico. Operação
manual.

b) Tanque de cromação eletrolítica


Destinado à deposição eletrolítica de cromo decorativo, banho à base de ácido crômico,
em tanque medindo 2,5 m de comprimento (L2) 0,75 m de largura (W2) e 1,5 m de altura (h2) do
piso até a borda do tanque. Temperatura do banho de 40 ºC. Emissão de névoas de ácido
crômico. Operação manual.

Observação: os dois tanques estão em linha e encostados numa das paredes.

10.2. PROCEDIMENTOS
10.2.1. DETERMINAR QUE TIPO DE CAPTOR DEVE SER UTILIZADO.
A ACGIH (Manual Industrial Ventilation) apresenta, para tanques de tratamento
superficial, uma metodologia própria para determinar os tipos de captores recomendados,
recomendações de velocidades de captura bem como dados para cálculo da vazão de ar e de
perda de carga na entrada do captor. Vamos utilizar como base de projeto estas informações.
Nesta metodologia, primeiro determina-se o risco potencial da emissão (Riscos A, B, C e
D) em função de TLV ou do Ponto de Fulgor no caso de substâncias inflamáveis dos poluentes
emitidos. Nas fontes deste projeto tem-se:

Quadro 10.1.

Segundo a tabela 10.1: Determinação do risco potencial.

a) Emissão de névoas de ácido sulfúrico, com TLV = 1 mg/m3 com risco B.

b) Emissão de névoas de ácidoL crômico, com TLV = 0,05 mg/m3 (cromo

hexavalente), risco A.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 10. Projeto de ventilação
155

Tabela 10.1. Determinação do risco potencial.


RISCO
TLV de gases TLV de névoas Ponto de fulgor
POTENCIAL
A 0 - 10 ppm 0 - 0,1 mg/m3 ---
B 11 - 100 ppm 0.11 - 1,0 mg/m3 Abaixo de 40 oC
C 101 - 500 ppm 1,1 - 10 mg/m3 40 a 95 oC
D Acima de 500ppm Acima de 10 mg/m3 Acima de 95 oC

A seguir determina-se taxa de evolução (“evaporação”) pela Tabela 10.2 (Taxas 1, 2, 3 e


4), em função da temperatura do líquido, temperatura de ebulição evaporação relativa ou
gaseificação ou informações específicas do Industrial Ventilation da ACGIH. Deve-se utilizar
a condição que resultar em maior Taxa de Evolução. Em caso de dúvida utiliza Taxa 1. Para as
fontes deste caso tem-se:

Quadro 10.2.

Segundo a tabela 10.2: Determinação da taxa de evaporação.

Tanque de decapagem, com temperatura do banho de 50 ºC (Taxa 3), mas segundo

a ACGIH o ácido sulfúrico tem uma gaseificação alta (Taxa 1). Adotaremos então Taxa 1.

Tanque de cromação, com temperatura de 40 ºC (Taxa 3), mas segundo a ACGIH o

cromo tem uma gaseificação alta (Taxa 1). Adotaremos então Taxa 1.

Tabela 10.2. Determinação da taxa de evaporação.


Evaporação relativa
Temperatura do Graus abaixo do ponto
Taxa (tempo para evaporar Gaseificação
líquido (ºC) de ebulição (ºC)
100%)
1 > 91 0 - 14 Rápida (0 - 3 h) Alta

2 65 - 90 15 - 34 Média (3 - 12 h) Média

3 35 - 64 35 - 66 Lenta (12 - 50 h) Baixa


Praticamente nada
4 < 35 Mais de 66 Nenhuma
(mais de 50h)

Assim temos: Decapagem Classe B1 e Cromação Classe A1.

o
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Capítulo 10. Projeto de ventilação
156

10.2.2. DETERMINAR AS VELOCIDADES DE CAPTURA PARA LOCAIS SEM


CORRENTES CRUZADAS.
Com esses dados utiliza-se a Tabela 10.3 para verificar as alternativas de captores
recomendados e as respectivas velocidades de captura. Para a decapagem são recomendados
os captores enclausurantes (1 ou 2 lados abertos), com velocidades de captura respectivas de
100 fpm (0,51 m/s) e 150 fpm (0,76 m/s) e o captor lateral com velocidade de captura de 100
fpm (0,51 m/s). O captor tipo coifa não deve ser utilizado para as classes deste exemplo. No
caso deste projeto vamos adotar captor lateral tendo em vista que a operação é manual,
impossibilitando o uso de captores enclausurantes. Caso o ambiente fosse sujeito a correntes
cruzadas deveríamos aumentar a velocidade de captura de forma correspondente, para evitar
o efeito das mesmas.

Tabela 10.3. Mínima velocidade de controle para locais sem correntes cruzadas (pés/min) *
Captores enclausurantes Coifa
Exaustão
Classe Dois lados Três lados Quatro lados
Um lado aberto lateral (a)
abertos abertos abertos
A1 e A2 (b) 100 150 150 Não usar Não usar
A3 (b) B1, B2 e
75 100 100 125 175
C1
B3, C2, e
65 90 75 100 150
D1 (c)
A 4 (b) e C3 50 75 50 75 125
B4, C4, D3 (c)
Apenas ventilação diluidora é suficiente
e D4
Notas:
a) use W/L para prosseguir cálculo na Tabela 10.4;
b) Não use coifa para risco potencial A;
c) Para controle total de água quente, use a classe seguinte.
* Para transformar de pés/min. para m/s divida por 197

o
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Capítulo 10. Projeto de ventilação
157

10.2.3. DETERMINAR AS VAZÕES MÍNIMAS DE CAPTAÇÃO.


Para captores laterais a ACGIH utiliza valores de vazão específica em função da área
superficial do banho, com base nas características do entorno do tanque (encostado na parede
ou barreira, ou não) e na relação largura/comprimento (W/L) do tanque, conforme Tabela 10.4.
Neste exemplo os tanques estão contra a parede (caso I) , assim tem-se:

Quadro 10.3.

a) Tanque de decapagem

W/L = e velocidade = 100 pés/min, pela tabela 10.4, temos:

Q = 175 pé3/min./pé2 de tanque (18,3 x 175 = 3.203 m3/hora/m2 de tanque).

Como o tanque tem área superficial As = W x L = 0,75 x 1,5 = 1,125 m2, a vazão

recomendada então será:

Q1 = 3.203 x 1,125 = 3.603 m3/h = 1,001 m3/s.

b) Tanque de cromação

e velocidade = 150 pés/min, pela tabela 10.4 temos:

Q = 225 pé3/min./pé2 de tanque (18,3 x 225 = 4.118 m3/hora/m2 de tanque).

Como o tanque tem área superficial As = W x L = 0,75 x 2,5 = 1,875 m2, a vazão

recomendada então será:

Q2 = 4.118 x 1,875 = 7.721 m3/h = 2,145 m3/s

o
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Capítulo 10. Projeto de ventilação
158

Tabela 10.4. Mínima vazão de controle para exaustão lateral.


(pés3/min/pé2 de tanque)

Mínima velocidade W L arg ura do Tanque


=
Caso controle (pés/min.) L Comprimento do Tanque
(Tabela 10.3)
0-0,09 0.1 - 0,24 0,25-0,49 0,5-0,99 1,0-2,0
50 50 60 75 90 100
75 75 90 110 130 150
I
100 100 125 150 175 200
150 150 190 225 260 300
50 75 90 100 110 125
75 110 130 150 170 190
II
100 150 175 200 225 250
150 225 260 300 340 375

Caso I: Captor ao longo de um lado ou dois lados paralelos do tanque quando um captor
está contra uma parede ou barreira. Também para o captor ao longo da linha de centro do
tanque.
Caso II: Captor ao longo de um lado ou de dois lados paralelos de um tanque livre, sem
estar contra uma parede ou barreira.
Nota: use W/2 como largura do tanque quando o captor será ao longo da linha de
centro do tanque ou para exaustão lateral nos dois lados do tanque.

Obs.: 1pé3/min/pé2 = 18,3 m3/h/m2

10.2.4. EQUIPAMENTO DE CONTROLE DE POLUIÇÃO DO AR


Para este caso, como temos névoas ácidas podemos usar filtro cartucho especial para
névoas ou lavador. Adotaremos o lavador venturi pela necessidade de atingir alta eficiência de
coleta, face à toxicidade das névoas de ácido crômico e o pequeno tamanho das partículas.
Adotaremos lavador venturi com perda de carga de 250 mmH20. Observação: detalhes desta
escolha e do cálculo da perda de carga fogem do escopo deste curso.

10.2.5. LAYOUT DO SISTEMA


Com base nas condições específicas de localização dos tanques e condições locais,
deve-se então desenvolver o lay out do sistema. Este está mostrado na Figura 10.1, com seus
detalhes, dimensões e identificação de trechos. Adotou-se captor com três fendas horizontais
acima dos tanques, que possibilitam a coleta das névoas mesmo na retirada das peças.

o
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Capítulo 10. Projeto de ventilação
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10.2.6. DIMENSIONAMENTO DE DUTOS E CHAMINÉ.


Adotaremos dutos circulares e velocidade de transporte nos dutos de 15 m/s, conforme
recomendações da ACGIH. Adotaremos também temperatura de 30ºC para os gases, exceto
após o venturi onde adotaremos temperatura de 20ºC pois o gás foi resfriado pela água do
lavador. Assim, a vazão na chaminé terá que ser corrigida pela variação de temperatura QEF=
(Qtotal) x(293/303) = 3,041 m3/s. Os dutos então terão os seguintes diâmetros:

Quadro 10.4.
Duto 1-A

Duto 2-A:

Duto A-B:

Duto C-D:

Duto E-F:

o
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Capítulo 10. Projeto de ventilação
160

10.2.7. CONDIÇÕES PARA COTOVELOS E JUNÇÃO (DERIVAÇÃO)


Adotaremos cotovelos com raio de curvatura r = 2d e junção de 60º

10.2.8. VAZÃO TOTAL DO SISTEMA (QT)

Quadro 10.5.

Qt = Q1 + Q2 = 1,0m3/s+2,145m3/s.

Qt = Qv = 3,145 m3/s = 11.322 m3/h, que é também a vazão do ventilador.

10.2.9. CÁLCULO DA PERDA DE CARGA E PRESSÕES DO SISTEMA.


Este cálculo será feito com o uso da Folha de Cálculo: Dimensionamento de Sistema
de Ventilação Local Exaustora - Método da Pressão de Velocidade mostrada na Figura
10.2, já para o presente caso. Consideramos para o cálculo dados de perda de carga para
chapa galvanizada. No presente caso seria conveniente utilizar material resistente à corrosão
ácida, como PVC e aço inox, que não alteraria significativamente a perda de carga.
Na Figura 10.1 estão mostrados os comprimentos para cada trecho de duto. Na Folha de
Cálculo estão indicados os trechos utilizados para o cálculo (1-A, 2-A, A-B, C-E e E-F),
compatíveis com as indicações constantes da Figura 10.1. Assim, trecho 1-A significa do captor
do tanque 1 até a junção A; trecho 2-A significa do captor do tanque 2 até a junção A; trecho A-
B vai da junção A até a entrada do ventilador (B); trecho C-E vai da saída do ventilador (C) até
início da chaminé (E) e trecho E-F é a chaminé.
Balanceamento dos tramos na junção A: como mostrado na folha de cálculo, tivemos
como resultado na junção A pressão estática de PE (1-A) = -32,02 mmH2O e PE (2-A) = -32,56
mmH2O. Assim, temos que proceder ao balanceamento das pressões destes dois tramos
colocando um registro borboleta no tramo 2-A que é o que apresenta a menor pressão estática
em módulo. Este registro terá que ser ajustado quando do início do funcionamento do sistema
para que as vazões do captor 1 e do captor sejam aquelas previstas neste projeto. Prossegue-
se o cálculo adotando como pressão estática na junção A o valor maior em módulo que neste
caso é o do tramo 2-A. Assim, PE (A) = -32,56 mmH2O. conforme mostrado no item 27 da folha
de cálculo.

o
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Capítulo 10. Projeto de ventilação
161

Quadro 10.6.

As pressões na entrada e na saída do ventilador resultaram em:

PE (entrada do ventilador) = - 42,06 mmH2O

PE (saída do ventilador) = 257,39 mmH2O

Pc (entrada do ventilador) = 13,76 mmH2O

Pc (saída do ventilador) = 13,76 mmH2O

Pt (entrada do ventilador) = - 42,06 + 13,76 = -28,30 mmH2O

Pt (saída do ventilador) = 257,39 + 13,76 mmH2O = 271,16

10.2.10. DADOS DO VENTILADOR A SER UTILIZADO


A vazão será aquela na entrada do ventilador ou na saída, pois são iguais ou seja:

Quadro 10.7.

Qvent. = 3,145 m3/s = 11.322 m3/h

As pressões serão:

Pt (vent.) = 271,16 – (-28,30) = 299,46 mmH2O.

PE (vent.) = 299,45 – 13,76 = 285,69 mmH2O.

Potência requerida do ventilador (Nvent.)

Vamos considerar, para efeito de estimativa da potência do ventilador, eficiência


mecânica de 70%. O valor real se obtém na Curva do Ventilador a ser utilizado.

o
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Capítulo 10. Projeto de ventilação
162

Quadro 10.8.

Deve ser escolhido um ventilador centrífugo com rotor de pás para trás e com baixo nível
de ruído. A potência necessária do motor do ventilador será da ordem de 20 CV, escolhendo-
se um de 25 CV.

10.2.11. CORREÇÕES PARA AR NÃO-PADRÃO


Os cálculos acima estão baseados na densidade do ar padrão (ρ = 1,2 kg/m3), ou seja, a
21 ºC e 760 mm Hg. Exceto a vazão que está na condição real e assim dever ser. Para as
pressões e potência, temos que aplicar a correção para diferença de densidade (Fator de
Densidade, Fd) que é calculado por:

Fd = densidade real / densidade padrão

Quando houver variação significativa de condições temperatura e de pressão de um


trecho para outro, deve-se ir corrigindo o valor da vazão em cada trecho, pela variação de
temperatura e pressão (Equação de Clapeyron) e corrige-se a perda de carga, calculada pela
nova vazão e ar padrão, pelo fator de densidade (simples multiplicação da perda de carga pelo
fator de densidade).
Vamos considerar que este sistema será implantado em São Paulo onde a Pressão
Barométrica é de 704 mmHg. O Fator de densidade é calculado pela relação de pressões pois
a densidade é diretamente proporcional à pressão (vide Capítulo 2). Depois aplica-se o Fator
de Densidade às pressões e potências calculadas.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 10. Projeto de ventilação
163

Quadro 10.9.

A relação entre as pressões barométricas (SP e no nível do mar) vale:

Para São Paulo teríamos então:

A vazão do ventilador é a mesma ou seja, Qvent. = 11.322 m3/h

PT (vent.) (corrigida) = 299,46 x 0,93 = 278,5mmH2O Pt (vent.) = 278,5 mmH2O

PE (vent.) = 285,69 x 0,93 = 265,7 mmH2O PE (vent.) = 265,7 mmH2O

Nvent. = 17,9 x 0,93 = 16,6 CV

Nvent. = 16,6 CV

10.2.12. Outros dados

• Dimensões das fendas


Conforme dados da planilha de cálculo (Fig. 10.2) as áreas totais das fendas são de Af1 =
0,1 m2 e Af2 = 0,215. Neste projeto, conforme Figura 10.1, estamos considerando 3 fendas
horizontais, assim, a área de cada fenda será 1/3 da área total da fenda. Considerando
também que a fenda tenha igual ao comprimento da coifa menos 10 cm de cada lado, a altura
de cada fenda será:

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 10. Projeto de ventilação
164

Quadro 10.10.

Altura das Fendas do tanque 1:

Altura das Fendas do tanque 2:

Vazão de água no lavador

A recomendação para lavadores venturi é de relação Líquido/Gás de 0,3 a 1,3 L/m3.

Adotando–se 1,0 L/m3 tem-se:

Vazão de água = 11.322 L/h

Esses são os dados principais e assim concluímos o projeto básico do sistema, que
deverá então ser detalhado para sua construção.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 10. Projeto de ventilação
165

Figura 10.1. Layout do sistema.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Capítulo 10. Projeto de ventilação
166

DIMENSIONAMENTO DE SISTEMA DE VENTILAÇÃO LOCAL EXAUSTORA


MÉTODO DA PRESSÃO DE VELOCIDADE
Sistema: Tanques de galvanoplastia do EAD/PECE
Trecho do sistema
Ítem
Parâmetro Unidade 1-A 2-A A-B C-E E-F
3
1 Vazão real m /s 1,000 2,145 3,145 3,145 3,041
o
2 Temperatura C 30 30 30 30 20
3 Velocidade dos gases na fenda m/s 10 10 - - -
2
4 Área total das fendas m 0,100 0,215 - - -
5 Pressão cinética na fenda mmH2O 6,12 6,12 - - -
6 Fator de perda na fenda Pc 1,78 1,78 - - -
7 Fator de aceleração Pc 1 1 - - -
8 Perda no Plênum (ítem 6+7) Pc 2,78 2,78 - - -
9 Press.estát. no Plênum (ítem 5x8) mmH2O -17,01 -17,01 0 0 0
10 Velocidade do gás no duto m/s 15 15 15 15 15
11 Diâmetro do duto mm 291,3 426,7 516,6 516,6 508,0
2
12 Área do duto m 0,0667 0,1430 0,2097 0,2097 0,2027
13 Pressão cinética do gás no duto mmH2O 13,76 13,76 13,76 13,76 13,76
14 Comprimento do duto m 4,00 0,50 4,70 3,50 5,00
15 Perda por fricção no duto Pc/m 0,06 0,04 0,032 0,032 0,031
16 Perda no duto reto (14x15) Pc 0,24 0,02 0,1504 0,112 0,155
17 Perda na entrada do captor Pc 0,25 0,25 - - -
18 Fator de aceleração Pc 0,33 0,33 - - -
19 Perda em cotovelo Pc 0,27 0,09 0,54 0,27 -
20 Perda em junções /derivações Pc - 0,44 - - -
21 Perdas em conexões especiais Pc - - - - -
22 Perda no duto (total de 16 a 21) Pc 1,09 1,13 0,69 0,38 0,16
23 Perda de carga no duto (ítem 13x22) mmH2O 15,00 15,55 9,50 5,26 2,13
24 Outras perdas mmH2O 250
25 Perda no trecho (soma em módulo de 9, 23 e 24) mmH2O 32,01 32,56 9,50 255,26 2,13
26 Pressão estática na junção mmH2O -32,01 -32,56
27 Pressão estática final na junção mmH2O -32,56
28 Pestática na ent. e saída do ventilador mmH2O -42,07 257,39
29 Pcinética na ent. e saída do ventilador mmH2O 13,76 13,76
30 Pressão total na ent. e saída do ventilador mmH2O -28,30 271,16
31 Pressão total do ventilador mmH2O 299,46
32 Pressão estática do ventilador mmH2O 285,69
33 Potência estimada do ventilador para efic. 70% CV 17,9
3
34 Vazão do ventilador m /h 11.322
OBS.: cálculos de perdas de carga, pressões e potência para ar padrão by: jva set/04

Figura 10.2. Folha de cálculo de perdas de carga e pressões.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Bibliografia
167

BIBLIOGRAFIA
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HYGIENISTS. Industrial Ventilation - A Manual of Recommended Practice (23rd
Edition – Metric). Cincinnati - Ohio, USA: ACGIH, 1998. (usar a edição mais nova
sempre que possível)

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HYGIENISTS. 2003 TLVs e BEIs – Limites de Exposição (TLVs) para
Substâncias Químicas e Agentes Físicos & Índices Biológicos de Exposição
(BEIs). Cincinnati - Ohio, USA: ACGIH, 2003. (Edição em Português traduzida pela
Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais – ABHO (São Paulo)).

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Industrial Press, 1982.

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de Trabalho. Amadora, Portugal: Livraria Bertrand, 1981.

5. [AMCA] AIR MOVEMENT AND CONTROL ASSOCIATION. Fans and Systems.


AMCA - FAN APPLICATION MANUAL. (ver data, título, local etc.)

6. [AMCA] AIR MOVEMENT AND CONTROL ASSOCIATION. Troubleshooting.


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New York, USA: ANSI, 1980.

8. [ASHRAE] AMERICAN SOCIETY 0F HEATING, REFRIGERATING AND


CONDITIONING ENGINNIEERS. ASHRAE Handbook Applications. New York,
USA: ASHRAE, 1978.

9. [ASHRAE] AMERICAN SOCIETY 0F HEATING, REFRIGERATING AND


CONDITIONING ENGINNEERS. ASHRAE Handbook of Fundamentals. New
York, USA: ASHRAE, 1977.

10. ASSUNÇÃO, J.V. de, HASEGAWA, P.T. e SUHARA, R.K. Ventilação Industrial.
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11. ASSUNÇÃO, J.V. de. Ventilação industrial: proteção à saúde do trabalhador.


S.O.S. Saúde Ocupacional e Segurança. 24(3):9-22, 1989.

12. BATURIN, V. V. - Fundamentos de Ventilación Industrial. Barcelona, Espanha:


Editorial Labor, 1976.

13. BATURIN, V.V. Fundamentals of Industrial Ventilation. New York: Pergamon


Press, 1972.

o
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14. CAPLAN, Paul et alli - Health Hazard Control Technology Assessment of the
Silica Flour Milling Industry, (DHHS - NIOSH - Publication nº 84 - 110). Cincinnati,
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15. [CETESB] COMPANHIA DE TECNOLOGIA DE SANEAMENTO AMBIENTAL.


Poluição do Ar - Normalização Técnica. São Paulo, Brasil: CETESB, 1979

16. COSTA, E. C. Física aplicada à construção - conforto térmico. São Paulo:


Edgard Blucher, 1981.

17. DANIELSON, J.A. Air Pollution Engineering Manual. Research Triangle Park, NC,
USA: U.S. Environmental Protection Agency, 1973.

18. FUNDACENTRO - Normas de Higiene do Trabalho – NHT’s. São Paulo, Brasil:


FUNDACENTRO, 1984.

19. GANA, SOTO - José Manuel Osvaldo et alli - Riscos Químicos, 2ª edição. São
Paulo, Brasil: FUNDACENTRO, 1985.

20. HEMEON, W.C.L. Plant and Process Ventilation. New York: Industrial Press,
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21. [ILO] INTERNATIONAL LABOUR OFFICE. Encyclopedia of Occupational Health


and Safety. Geneva, Suíça: ILO, 1989.

22. [INRS] Institut National de Recherche et de Sécurité. Guide Pratique de


Ventilation - O. Príncipes Généraux de Ventilation. Paris: INRS, 1987.

23. [INRS] Institut National de Recherche et de Sécurité. Ventilation et assainissement


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24. JORGENSEN, R. (Ed.) Fan Engineering. Buffalo, New York, USA: Buffalo Forge
Co., 1982.

25. JORGENSEN, Robert - Fan Engineer’s - An Engineer's Handbook on Fans and


Their Applications. Buffalo, New York, USA: Buffalo Forge Co., 1983.

26. KULCSAR NETO, F., GRONCHI, C. C., SAAD, I. F. S. D., CUNHA, I. A..,
POSSEBON, J., TEIXEIRA, M. M., AMARAL, N. C. Sílica – Manual do
Trabalhador. São Paulo: FUNDACENTRO, 1992.

27. MACEDO, Ricardo - Manual de Higiene do Trabalho na Indústria Lisboa,


Portugal: Fundação Calouste Gulbenkian, 1988.

28. McDERMOTT, H.J. Handbook of Ventilation for Contaminant Control. Ann


Arbor, USA: Ann Arbor Science, 1976.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
Bibliografia
169

29. MESQUITA, A.L.S.; GUIMARÃES, F. A.; NEFUSSI, N. Engenharia de Ventilação


Industrial. São Paulo: CETESB, 1988. (reimpressão)

30. MESQUITA, A.L.S.; GUIMARÃES, F. A.; NEFUSSI, N. ENGENHARIA DE


VENTILAÇÃO INDUSTRIAL, 1ª ed. CETESB, São Paulo, Brasil: Editora Edgard
Blucher Ltda., 1977.

31. [MSHA] U.S. DEPARTMENT OF LABOR, MINE SAFETY AND HEALTH AND
ADMINISTRATION, NATIONAL MINE HEALTH AND SAFETY ACADEMY. Mine
Ventilation, Safety Manual Nº 20. Beckley, West Virginia, USA: U.S. Government
Printing Office, 1986.

32. [NSC] National Safety Council. Fundamentals of Industrial Hygiene. Chicago,


USA: NSC, 1983.

33. TÁVORA, Pitanga - Unidades de Medida. São Bernardo do Campo, Brasil: van
Rossi Editora, 1975.

34. YAMANE, E. e SAITO, H. Tecnologia do condicionamento de ar. São Paulo:


Edgard Blucher, 1986.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
ANEXO A
170

ANEXO A - AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE VENTILAÇÃO


TRANSFORMAÇÃO DE UNIDADES
1. Comprimento
1.ft (pé) = 12" = 0,3048 m = 30,48 cm
1" = 2,54 cm (1" = 1 in = 1 polegada)
1m = 39,37"= 3,28083 ft (ou 3,28 ft)
1 micrômetro = 10-3 mm = 10-4m = 10 -6 m

2. Área
1 m2 = 10,76 ft2 = 1550 in2 = 104 cm2
1 ft2 = 144 in2 = 0,0929 m2

3. Volume
1 ft3 = 28,32L = 1728 in3 = 7,48 gal
1 m3 = 35,31 ft3
1 in3 = 16,39 cm3
1 galão (USA) = 3,785 L = 0,1337 ft3 = 231 in3
1 bbl (barril ou U. S. barrel) = 42 gal = 158,97 L

4. Massa
1 lb (libra, pound) = 453,59 g = 0,45359 kg
1 kg = 2,205 lb
1 T métrica = 1000 kg = 1,102 t curta = 2205 lb
1 grão = 0,0648g

5. Massa Específica
1 g/cm3 = 62,4 lb/ft3 = 8,33 lb/gal

6. Velocidade
1 fpm (pés/min) = 0,00508 m/s = 0,3048 m/min
1 m/s = 196,85 fpm

7. Pressão
1 atm* = 760 mm Hg = 10,33 m H20 = 29,92" Hg = 33,93 ft H20 = 14,691 psi
1 psi = 0,0703 kg/cm2 = 2,309 ft H20
1 atm técnica = 1 kg/cm2 = 0,9678 atm física; (*) atmosfera física= 1,033 kg/cm2
1" H20 a 60ºF = 0,0361 psi
(ata = atmosfera absoluta, psia = lb/in2 absoluta , psia = lb/in2 manométrica)

8. Energia
1 kcal = 1000 cal = 3,966 Btu
1Btu =252 cal = 0,252 kcal = 0,293 wh = 778 ft .lb
1 Kgm = 7,2 ft . lb
1 HP.h = 2545 Btu = 2,737 x 105 kgm
o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
ANEXO A
171

1 watt.h = 3,413 Btu

9. Potência
1 HP = 76,04 kgm/s = 550 ft.lb/s = 0,7457 kw
1 HP=33000 ft.lb/min = 1,014 CV
1 watt = 14,34 cal/min = 44,24 ft.lb/min
1 kw = 1,3415 HP = 56,92 Btu/min
1 Btu/min = 0,0236 HP
1 TR (tonelada de refrigeração) = 3024 kcal/h

10. Temperatura
Escala Relativa : ºC = (5/9)(ºF - 32) ºF = 32 + 1,8 ºC
(ºC = grau Celsius; ºF = grau Fahrenheit)
Escala Absoluta: K = 273 + ºC R = 460 + ºF R = 1,8 ºK (K = Kelvin; R = Rankine)

11. Viscosidade
1 poise = 1g/cm.s = 100 cp
1 cp = 0,01p = 0,001 Kg/m.s = 3,6 kg/m.h = 0,000672 lb/ft.s = 2,42 lb/ft.h

12. Constantes
R = 0,082 atm.l/K.mol = 1,987 cal/K.mol = 1546 ft.lb/ºR.lbmol
J = 4,18 j/cal = 778 ft.lb/Btu = 427 kgm/kcal
g = 981 cm/s2 = 9,81 m/s2 = 32,2 ft/s2 = 4,18 x 108 ft/h2 = 1,271 x 105 m/h2
Volume molar = 22,41 l/mol = 359 ft3/lbmol nas CNTPs
(C.N. condições normais = 0 oC e 1 ata = 320 oF e 14,7 psia)

13. Algumas conversões práticas

De Para Multiplique por ou divida por

pé3/min (cfm) m3/h 1,7 0,59

pé/min (fpm) m/s 0,0051 197

HP CV 1,014 0,986

Btu kcal 0,252 3,968

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
ANEXO B
172

ANEXO B- AVALIAÇÃO DE SISTEMAS DE VENTILAÇÃO


CONSTANTES FÍSICAS DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS

LIMITE DE LIMITE DE
PESO GRAVIDADE TLV (2001)
SUBSTÂNCIA EXPLOSIVIDAD EXPLOSIVIDADE
MOLECULAR ESPECÍFICA (ppm)
E INFERIOR (%) SUPERIOR (%)

Acetaldeído 44,05 0,821 C 25 (A3) 3,97 57,0


Ácido acético 60,05 1,049 10 5,40 -
Anidrido acético 102,09 1,082 5 2,67 10,13
Acetona 58,08 0,792 500 (A4) 2,55 12,80
Acroleína 56,06 0,841 C 0,1 - -
Acrilonitrila 53,06 0,806 2 (A3) 3,05 17,0
Amônia 17,03 0,597 25 15,50 27,0
Acetato de amila 130,18 0,879 50 1,10 -
Álcool isoamílico 88,15 0,812 100 1,20 -
Anilina 93,12 1,022 2 (A3) - -
Arsina 77,93 2,695 0,05 - -
Acetato de etila 88,10 0,901 400 2,18 11,4
Álcool etílico 46,07 0,789 1000 3,28 18,95
Acetato de metila 74,08 0,928 200 3,15 15,60
Acetato de n-propila 102,13 0,886 200 1,77 8,0
Benzeno 78,11 0,879 0,5 (A1) 1,40 7,10
Bromo 159,83 3,119 0,1 - -
Butano 58,12 2,085 800 1,86 8,41
Butadieno 1,3 54,09 0,621 2 (A2) 2,00 11,50
Brometo de etila 109,98 1,430 5 (A3) 6,75 11,25
Brometo de metila 94,95 1,732 1 (A4) 13,5 14,5
Cloro 70,91 3,214 0,5 (A4) - -
2-Cloro-1,3butadieno 88,54 0,958 10 - -
Clorofórmio 119,39 1,478 10 (A3) - -
1-Cloro-1-nitropropano 139,54 1,209 2 - -
Ciclohexano 84,16 0,779 300 1,26 7,75
Ciclohexanol 100,16 0,962 50 - -
Ciclohexanona 98,14 0,948 25 (A4) - -
Ciclohexeno 82,14 0,810 300 - -
Cloreto de etila 64,52 0,921 100 (A3) 3,6 4,80
Cloreto de metila 50,49 1,785 50 (A4) 8,25 18,70
Cloreto de vinila 62,50 0,908 1 (A1) 4 21,70
Dissulfeto de carbono 76,13 1,263 10 1,25 50,0
Dicloro-diflúor-metano 120,92 1,486 1000 (A4) - -
1,1-Dicloroetano 98,97 1,175 100 (A4) - -
1,2-Dicloroetano 98,97 1,257 10 (A4) 6,2 15,9
1,2-Dicloro-etileno 96,95 1,291 200 9,7 12,8
Diclorometano 84,94 1,336 50 (A3) - -
Dicloromonoflúormetano 102,93 1,426 10 - -
1,1-Dicloro-1-nitroetano 143,97 1,692 2 - -
1,2-Dicloro-propano 112,99 1,159 75 (A4) 3,4 14,5
Dicloro-tetraflúor-etano 170,93 1,433 1000 (A4) - -
Dimetilanilina 121,18 0,956 5 (A4) - -
Dimetilsulfato 126,13 1,332 0,1 (A3) - -
Éter isopropílico 102,17 0,725 250 - -
Dioxano 88,10 1,034 20 (A3) - -
Dióxido de enxofre 64,07 2,264 2 (A4) - -
Etilbenzeno 106,16 0,867 100 - -
Etileno-diamina 60,10 0,899 10 (A4) - -

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.
ANEXO B
173

CONSTANTES FÍSICAS DE ALGUMAS SUBSTÂNCIAS - CONTINUAÇÃO


LIMITE DE LIMITE DE
PESO GRAVIDADE TLV (2001)
SUBSTÂNCIA EXPLOSIVIDADE EXPLOSIVIDADE
MOLECULAR ESPECIFICA (ppm)
INFERIOR (%) SUPERIOR (%)

Éter etílico 74,12 0,713 400 - -


Estireno (monômero) 104,14 0,903 20 (A4) 1,1 6,1
Formaldeído 30,03 0,815 C 0,3 (A2) 7,0 73,0
Fosgênio 98,92 1,392 0,1 - -
Fosfina 34,00 1,146 0,3 - -
Gás carbônico 44,01 1,530 5000 - -
Gasolina 86,00 0,660 300 (A3) 1,3 6,0
Gás clorídrico (HCl) 36,47 1,268 C5 - -
Gás cianídrico (HCN) 27,03 0,688 C 4,7 5,6 40,0
Gás fluorídrico (HF) 20,01 0,987 C3 - -
Heptano 100,20 0,684 400 1,1 6,7
Hexano normal 86,17 0,660 50 1,18 7,4
Iodo 253,82 4,930 C 0,1 2,02 11,80
Metiletilcetona 72,10 0,805 200 1,81 9,50
Monóxido de carbono 28,10 0,968 25 12,5 74,2
Metanol 32,04 0,792 200 6,72 36,5
Metilciclohexano 98,18 0,769 400 1,15 -
Metilciclohexanol 114,18 0,934 50 - -
o-Metilciclohexanona 122,17 0,925 50 - -
Metilisobutilcetona 100,16 0,801 50 - -
Monocloro-benzeno 112,56 1,107 10 (A3) - -
triclorofluormetano 137,38 1,494 1000 (A4) - -
Mononitrotolueno 137,13 1,163 2 - -
Metilpropanona 86,13 0,816 1,55 8,15
N-butanol 74,12 0,810 C 50 1,45 11,25
N-acetato de metila 116,16 0,882 200 1,39 7,55
Níquel-carbonila 170,73 1,310 0,05 - -
Nitrobenzeno 123,11 1,205 1 (A3) 1,8 -
Nitroetano 75,07 1,052 100 - -
Nitroglicerina 227,09 1,601 0,05 - -
Nitrometano 61,04 1,130 100 - -
2-nitropropano 89,09 1,003 10 (A3) - -
o-Diclorobenzeno 147,01 1,305 25 (A4) - -
Óxido de etileno 44,05 0,887 1 (A2) 3,0 80,0
Óxidos de nitrogênio
NO 30,00 1,037 25 - -
NO2 46,01 1,447 3 (A4) - -
Octano 114,22 0,703 300 0,95 3,2
Ozônio 48,00 1,658 0,05 (A4) - -
Pentano 72,15 0,626 600 1,4 7,8
Propano 44,09 1,554 2500 2,12 9,35
Silicato de etila 208,30 0,933 10 - -
Seleneto de hidrogênio 80,98 2,120 0,05 - -
Sulfeto de hidrogênio 34,08 1,189 10 4,3 45,5
Tetracloreto de carbono 153,84 1,595 5 (A2) - -
Tricloreto de fósforo 137,35 1,574 0,2 - -
1,1,2,2-Tetracloroetano 167,86 1,588 1 (A3) - -
Tetracloroetileno 165,85 1,624 25 (A3) - -
Tolueno 92,13 0,866 50 (A4) 1,27 6,75
Toluidina 107,15 0,999 2 (A3) - -
Tricloroetileno 131,40 1,466 50 (A5) - -
Xileno 106,16 0,881 100 (A4) 1,0 6,0

Fonte: ACGIH (Industrial Ventilation)


A1 = carcinogênico humano confirmado; A2 = suspeito de ação cancerígena no homem.
A3 = carcinogênico em animais. Evidências atuais mostram que não deve ocasionar
câncer em humanos, exceto em situações e vias não-comuns; A4 = não - classificável como
carcinogênico humano; A5 = não-suspeito como carcinogênico humano.

o
eHO – 009 Ventilação Industrial / PECE, 1 ciclo de 2008.

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