Você está na página 1de 117

Cader

nodeResumos
eProgr
amação
VICongressoBrasi
lei
rodeRetór
ica
Universi
dadeFederaldeSant
aCatari
na
Fl
orianópol
is,14a18deagostode2023
Sumár
io
Boasvindas!.
..
..
..
....
..
..
..
..
..
..
...
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
...
..
..
..
..
..
..
...
..
..
..
..03
Diret
ori
aeconsel hosdaSoci edadeBr asil
eir
adeRet óri
ca( SBR)...
..04
Reali
zaçãoeapoio. ..
..
..
..
..
..
...
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
...
..
..
..
..
...
..
..
..
..
..
..05
Locaisdocongresso. ..
..
..
..
..
..
..
...
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
...
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..07
Programaçãogeral ..
..
..
..
...
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
...
..
..
..
..
...
..
..
..
..
..
..09
Sessõesdecomuni caçõespar alel
as. .
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
...
..
..
..
..
..
..
..
..
..15
Sessãodepôsteresvi rtuais..
..
..
...
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
...
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..20
Resumosdasconf erênciasporor dem deapr esentação. .
..
..
..
..
..
..
..
..22
.
Resumosdascomuni cações....
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
...
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..45
.
Resumosdospôst eresvirtuais..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
..
...
..
..
..
..
..
..
...
..
..
..
..106
Boasvi
ndas!
Car
osassoci
adosdaSBR,

A crisepandêmi cadaCOVI D dei xoumar casem di versosr egi stros


noBr asil:além daper dai rrepar áveldemai sde700mi lvi das,cuj o
processo de assi mi l
ação e de l ut o se afigur a como uma t arefa
inevi tável ,também nosdef r
ont amos,ent r eout rosaspect os,com
al ut a di ári
a cont ra o negaci oni smo si st emát ico da ci ênci a e os
efeitos de r eadequações de r ot ina.Sobr e est e úl timo pont o,
lament amosai mpossi bilidadedar ealizaçãodenossoCongr esso
em João Pessoa/ Par aíba,pl anej ado i nicial ment e par a o ano de
2020, mot ivo pel o qual o VI Congr esso de Ret ór ica em
Florianópol i
s se r evel a especi al: ser á a opor tuni dade de
retomar mosnossasi nterlocuçõesde f or ma pr esenci ale,assi m,
par tilhar mosest udose i nqui et açõesque nosmot ivar am nesses
últimos anos. Consi ste, ademai s, em uma ocasi ão de
mensur armososr esul tadosdaspesqui sasem Ret óricanoBr asi l
.
Em mai s de t reze anos de at ivi dade,a Soci edade Br asi leir a de
Ret ór ica vem consol idando a pesqui sa na ár ea,em i nt er locução
com uni versidadese gr uposde pesqui sa em t odo o nosso paí s,
bem como com i nst i
tuições i nt ernaci onai s,como a Asoci aci ón
Latinoamer icana de Ret ór ica (ALR) , a Or gani zaci ón
Iber oamer i
canadeRet ór i
ca( OIR)eaI nt ernat ionalSoci etyf ort he
Hist or y ofRhet oric( ISHR) .Pr eocupaçõesconst ant esem nossos
encont rossãoar epr esent açãoadequadadasvár iasver tent esde
pesqui sa em r et órica no Br asi l e a di vulgação do t rabal ho
desenvol vido pel os nossos pesqui sador es,consi der ando seus
difer ent esní veisde f ormação e exper i
ênci a.Pel o que se most ra
nessecader nopr ogr amát i
co,oi nt er essepel osdi fer ent est iposde
element osque const it
uem o di scur so e a expr essão humana,o
fundo emoci onal de t oda comuni cação, o enr ai zament o
discur sivoem quest õessoci ais,asuar elaçãocom amí di a,apont e
retór ica ent re as di versas ar tes,e o necessár io di álogo com os
clássi cos, são al guns dos mui tos f at ores que most ram a
per eni dadeear azãodeserdaSoci edadeBr asileir adeRet ór i
ca.

Bem vi
ndosàFl
ori
anópol
is!
3
Diretoriae
Consel hosda
Soci edade
Brasileirade
Retórica( SBR)

Di
ret
ori
a(2021-
2023)
Rober
toW u
Pr
esi
dent
e(FI
LOSOFI
A/UFSC)

Rodr
igo Al
mei
daBast
os
Vi
ce-
presi
dent
e(ARQUI
TETURA/
UFSC)

Br
unaToso Tavar
es
Secr
etár
ia(
LETRAS/
UEMG)

Pr
isci
llaAdr
ianeFer
rei
raAl
mei
da
Secr
etár
ia-
adj
unt
a(LATI
M/FUNDAÇÃO TORI
NO)

Mar
iaFl
ávi
aFi
guei
redo
Tesour
eir
a(LI
NGUÍ
STI
CA/
UNI
FRAN)

Sandr
aLúci
aRodr
iguesdaRocha
Tesour
eir
a-adj
unt
a(LETRAS-
GREGO/
UnB)

4
Locai
sdo
Congr
esso
Audi
tór
io do EFI
EspaçoFí
sicoI
ntegr
ado-UFSC

Audi
tór
io Sel
vino Assmann
Cent
rodeFil
osofiaeCiênci
asHumanas
2ºandar,Bl
ocoD -UFSC

Audi
tór
io do bl
oco E
Anexo,UFSC

Audi
tór
io do bl
oco F
7ºandar-UFSC

Audi
tór
io do CFH
Cent
rodeFi
losofiaeCi
ênci
asHumanas

Teat
ro Car
men Fossar
i
PraçaSantosDumont
mbar
RuaDesem gadorVi
torLi
ma,1
17

I
grej
inhadaUFSC
PraçaSantosDumont
RuaDesembar gadorVi
torLi
ma,1
17

Local
ização dosAudi
tór
ios
7
Traj
etodoHotel
I
nter
classaoCFH

8
Pr
ogr
amação
Ger
al

9
Segunda-
fei
ra-14/08
Audi
tór
io do EFI
08:
00-
09:
00:Cr
edenci
ament
o
09:
00-
09:
30:Aber
tur
a
Mi
chel
eMongui
lhot
t
Vi
ce-
Dir
etor
adoCent
rodeFi
losofiaeCi
ênci
asHum anas(
UFSC)
Paol
oCol
osso
Subcoor
denadordoPr
ogr
am adePós-
Graduaçãoem Ar
qui
tet
uraeUr
bani
sm o(
UFSC)
Jer
zyAndr
éBr
zozowski
Coor
denadordoPr
ogr
am adePós-
Graduaçãoem Fi
losofia(
UFSC)

09:
30-
10:
30:Mesa-
redonda
Pr
ecept
ivasr
etór
icaseest
ilonopr
ojet
odet
raduçãodaBr
eví
simar
elaci
ón del
adest
rui
ción
del
asI
ndi
asdeBar
tol
omédel
asCasas
Deol
indadeJesusFr
eir
e(Let
ras,UFTM)
Gi
leor
ouxi
nol
:um t
ópi
co"
oci
dent
o-or
ient
al"noGuesa,deSousândr
ade
Andr
éFi
orussi(
Lit
erat
ura,UFSC)
Medi
ação:Luan Cor
rêadaSi
lva
(
Fil
osofia,UFSC)

1
0:30-
11:
00:I
nter
val
o
1
1:00-
12:
00:Mesa-
redonda
O Esqueci
ment
odeumaAr
te–r
etór
ica,educaçãoefil
osofianosécul
o21
EdgardeBr
itoLyr
aNet
to(
Fil
osofia,PUC-
Rio)
Cl
audi
aPel
legr
iniDr
ucker(
Fil
osofia,UFSC)
Medi
ação:Lui
zHenr
iqueMi
laniQuer
iquel
li
(
Línguael
iter
atur
aver
nácul
as,UFSC)

Audi
tór
io Sel
vino Assmann
(
2ºandar
,Bl
oco D,CFH)

Audi
tór
io do bl
oco E
Anexo

Audi
tór
io do bl
oco F
(
7ºandar
)

1
4:00-
15:
30:Sessão deComuni
caçõesPar
alel
as
1
5:30-
16:
00:I
nter
val
o
1
6:00-
17:
30:Sessão deComuni
caçõesPar
alel
as

Audi
tór
io do EFI

1
9:00:Mesa-
redonda
TheAr
tofRhet
ori
cand t
heModelAr
tofMedi
cinebet
ween Gor
gias,Pl
atoand Ar
ist
otl
e
Manf
redKr
aus(
Est
udoscl
ássi
cos,Uni
ver
sit
yofTübi
ngen)
Rhet
ori
c:const
itut
iveorsuppl
ement
ary?
HanneRoer(
Com uni
cação,Uni
ver
sit
yofCopenhagen,Vi
ce-
Presi
dent
edaI
SHR)
Medi
ação:Rober
toW u
(
Fil
osofia,UFSC,Pr
esi
dent
edaSBR)

10
1
6:00 1
7:30
Sessõesde
Comunicações
Paral
elas
15
Segunda-
fei
ra-14/08
1
4:00-
15:
30
Sal
a1-Audi
tór
io Sel
vino Assmann (
2ºandar
,Bl
oco D,CFH)
:Pl
atão
Br
uno Dr
umond Mel
lo Si
lva(
USP)-Mi
croemacr
orr
etór
icanoMênon 80d 3–82a1
Cai
o Fr
anco Assunção (
UFMG)-A cr
íti
capl
atôni
caàr
etór
ica:ent
reosereoapar
ecernaRepúbl
ica
Mai
con ReusEngl
er(
UFPR)-Pl
atãoeaepí
dei
xisdat
ranscendênci
a

Sal
a2-Audi
tór
io do bl
oco E –Anexo:Ret
óri
caeLi
ter
atur
a
AnaLuci
aMagal
hães(
Fat
ecCr
uzei
ro)-O pr
ocessodeI
nvent
ionor
omanceO NomedaRosa
AnaHel
enaBar
bosadeOl
ivei
ra(
UnB)-Jor
geLui
sBor
ges,sofist
a?
Fel
ipeGui
mar
ãesdeOl
ivei
raSouza(
UFPE)-Di
rei
to,l
iter
atur
aei
magem:umaanál
isedocont
o“As
BabasdoDi
abo”

Sal
a3-Audi
tór
io do bl
oco F(
7ºandar
):Ret
óri
caeAnál
isedo Di
scur
so
Kat
hri
neBut
ier
i(Let
ras,PUC/
SP)-“
Ret
óri
ca”
:for
maçãodef
órmul
asdi
scur
sivasem si
tuaçãol
imí
trof
e
ent
reaer
íst
icaeocl
ichê
Ti
ciano Jar
dim Pi
ment
a(UNI
FRAN)-DaiaRet
óri
caoqueédaRet
óri
ca:pol
êmi
ca,anál
isesdodi
scur
soe
al
gumasr
azõesdoporquedi
cot
omi
zarl
ogos,et
hosepat
hoséum di
spar
ate
Bár
bar
aTuanniVel
oso daSi
lva(
UFMG)-CenasdaEnunci
açãoeoet
hosdi
scur
sivo:anál
iser
etór
ico
ar
gument
ati
vadeum pr
ocessosobr
evi
olênci
aobst
étr
ica

I
nter
val
o:1
5:30-
16:
00

1
6:00-
17:
30
Sal
a1-Audi
tór
io Sel
vino Assmann (
2ºandar
,Bl
oco D,CFH)
:Cí
cer
o
AnaLet
íci
aEi
dtPost
iga(
UFRGS)-O CésardeCí
cer
o:est
udoacer
cadaconst
ruçãodeJúl
ioCésarem
Pr
oLi
gar
ioePr
oRegeDei
otar
o
Adr
iano Scat
oli
n(USP)-O Pr
oMar
cel
loàl
uzdascar
tasdeCí
cer
osobr
eCésar

Sal
a2-Audi
tór
io do bl
oco E –Anexo:Padr
eAnt
ôni
o Vi
eir
aeDi
ogo
Bar
bosaMachado
Dar
io Tr
evi
san (
USP)-Famaemer
eci
ment
onaBi
bli
otecal
usi
tana
Mar
cusDeMar
tini(
UFSM)-A cr
iaçãodeum ser
monár
iovi
eir
iano:sobr
eadi
sposi
çãodosser
mõesde
Padr
eAnt
ôni
oVi
eir
anaedi
çãooi
tocent
ist
adePadr
eAnt
oni
oOnor
ati
AnaLuci
aMachado deOl
ivei
ra(
UERJ)-AsCar
tasdeAnt
ôni
oVi
eir
aeat
radi
çãor
etór
icadaAr
s
Di
ctami
nis

Sal
a3-Audi
tór
io do bl
oco F(
7ºandar
):Ret
óri
caeFi
losofia
LucasLazzar
ett
i(UFPR)-Comuni
caçãoi
ndi
ret
aer
etór
icai
ndi
ret
aem Ki
erkegaar
d
Di
ogo deFr
ançaGur
gel(
UFF)-Met
áfor
aeCont
ext
o
Nazar
eno Eduar
do deAl
mei
da(
UFSC)-Ret
óri
caspat
ológi
casepol
íti
cadasi
gni
ficação:f
ormação,
t
ransf
ormaçãoedef
ormaçãodesent
idoseval
oraçõessoci
ais

16
Ter
ça-
fei
ra-15/08
08:
00-
09:
30
Sal
a1-Audi
tór
io Sel
vino Assmann (
2ºandar
,Bl
oco D,CFH)
:Pl
atão
Edson daSi
lvaAf
onso (
USP)-El
enchoser
etór
icanodi
álogoPr
imei
roAl
cibí
ades,dePl
atão
Andr
éBomfim Mynssen Coel
ho (
UFMG)-O mét
ododar
etór
icat
écni
cadoGór
gias
Pedr
o Maur
ici
o Gar
ciaDot
to(
New Schoolf
orSoci
alResear
ch)-A consi
stênci
adasconsi
der
ações
pl
atôni
cassobr
ear
etór
ica(
Apol
ogi
a,Gór
gias,Banquet
e,Fedr
oePol
íti
co)

Sal
a2-Audi
tór
io do bl
oco E –Anexo:Ret
óri
caeDi
rei
to
I
saacRei
s(UnB)-Cont
ribui
çõesdaRet
óri
capar
aaTeor
iadoDi
rei
to:r
espost
asnovas(
evi
gor
osas)a
par
tirdeumat
radi
çãoant
iga
Hi
ago MendesGui
mar
ães(
Mini
stér
io dosDi
rei
tosHumanosedaCi
dadani
a)-Her
menêut
icafil
osófica
er
etór
icaconst
itut
iva:consi
der
açõesapar
tirdodi
rei
toàr
euni
ãonoor
denament
ojur
ídi
co
const
ituci
onalbr
asi
lei
ro
Pedr
o Par
ini(
UFPE)-Anál
iser
etór
icadosdi
rei
toshumanos

Sal
a3-Audi
tór
io do bl
oco F(
7ºandar
):Ret
óri
caeLi
ter
atur
a
Raf
aelFr
ate(
USP)-A t
eor
iadaagudezanaRet
óri
cadeMi
khai
lVassí
li
evi
tch Lomonóssov
Ti
naMont
enegr
o(Li
ter
atur
afr
ancesa,Bost
on Col
lege)-O l
ugareadefini
çãodaar
ter
etór
icano
t
esour
odeBr
unet
toLat
ini
Jean Pi
err
eChauvi
n(USP)-Or
atór
iaeBom-
Gost
osegundoJoãodeNossaSenhor
adaPor
taSi
quei
ra

I
nter
val
o:09:
30-
10:
00

1
0:00-
11:
30
Sal
a1-Audi
tór
io Sel
vino Assmann (
2ºandar
,Bl
oco D,CFH)
:Ret
óri
cae
Fi
losofia
Lui
zFi
lipeAr
aúj
o(UFV)-Apr
oxi
maçãoant
ropol
ógi
capar
aaat
ual
idadedar
etór
icaj
urí
dica
Luan Cor
rêadaSi
lva(
UFSC)-A i
mpor
tânci
adamet
áfor
apar
aaf
ormul
açãodeumar
etór
icaem
Schopenhauer
Di
ogo Nor
ber
to Mest
idaSi
lva(
UFSC)-Duast
radi
çõessobr
eai
magi
naçãonahi
stór
iadafil
osofiada
educação

Sal
a2-Audi
tór
io do bl
oco E –Anexo:Ret
óri
cal
ati
na
AnaFl
ávi
aPer
eir
aBasi
leu (
UFMG)-Ar
teRet
óri
canoSat
yri
con dePet
rôni
o
Fabr
izi
aNi
col
iDi
as(
Let
ras,UFES)-O gêner
oepi
dít
icocomoobj
eçãoàfil
osofianacor
respondênci
ade
Fr
ont
ão
Sandr
aMar
iaGual
ber
to Br
agaBi
anchet(
UFMG)-Sal
tandodosocopar
aocot
urno:coment
ári
oacer
ca
dahabi
li
dadenar
rat
ivadoasi
nusaur
eusdasMet
amor
fosesdeApul
eio

Sal
a3-Audi
tór
io do bl
oco F(
7ºandar
):Ret
óri
caeAnál
isedo Di
scur
so
Br
unaCar
val
ho Zar
att
ini(
Let
ras,UFMG)-O r
éu eaví
tima:pr
ojeçãodei
magensnasér
ieCoi
samai
s
l
inda
Vi
tór
iaRegi
naRocha(
UEMG)-Cabel
osaf
roseempoder
ament
o:umaanál
iser
etór
ico-
discur
sivaem
publ
ici
dadesdepr
odut
oscapi
lar
es
Br
unaToso Tavar
es(
UEMG)-Porumar
etór
icadoempoder
ament
o:umadescr
içãoapar
tirdedi
scur
sos
demi
nor
iassoci
ais

17
Quar
ta-
fei
ra-16/08
08:
00-
09:
30
Sal
a1-Audi
tór
io Sel
vino Assmann (
2ºandar
,Bl
oco D,CFH)
:Ret
óri
cae
Li
ter
atur
a
Tal
itaJor
dinaRodr
igues(
UNI
CAMP)-A r
etór
icadosi
lênci
oem nar
conar
rat
ivas
Cami
lo Fer
nándezCozman (
Uni
ver
sidad deLi
ma)-Camposfigur
ati
vosyl
adest
rucci
ón del
amáqui
na
ant
ropol
ógi
camoder
naen l
apoesí
adeBl
ancaVar
ela
JoséLui
sMar
tinezAmar
o(UnB)-Lar
etór
icaepi
díct
icaen l
ali
ter
atur
ahi
spáni
ca

Sal
a2-Audi
tór
io do bl
oco E –Anexo:Ret
óri
caeAnál
isedo Di
scur
so
Fabr
íci
o Vi
eir
a(UEMG)-Out
ver
tisi
ng eempoder
ament
o:umaanál
iser
etór
ico-
discur
sivadecampanhas
br
asi
lei
ras
Al
var
o deSouzaVi
eir
a(UNI
FRAN)-I
gual
dade,l
iber
dade,pazej
ust
iça:anál
iser
etór
icadaconst
itui
ção
ét
icadoPr
imei
roComandodaCapi
tal
Si
l aRaquelBar
vi bosaCast
elo Br
anco (
UFMG)-PLEscol
asem par
tido:odi
scur
sodeódi
ocomo
mecani
smor
etór
icopar
aapol
ari
zaçãodasoci
edade

Sal
a3-Audi
tór
io do bl
oco F(
7ºandar
):I
sócr
ateseGór
gias
Mar
cosSi
dneiPagot
to-
Euzebi
o(USP)-Est
rut
uraear
gument
ono"
Cont
raosSofist
as"deI
sócr
ates
Naj
laCr
ist
inadeJesusGai
a(UFMG)-A car
act
eri
zaçãodafil
osofiai
socr
áti
canoEl
ogi
odeHel
enade
I
sócr
ates
Dani
elaBr
inat
iFur
tado (
UFMG)-O sor
risodeHel
ena

I
nter
val
o:09:
30-
10:
00

1
0:00-
11:
30
Sal
a1-Audi
tór
io Sel
vino Assmann (
2ºandar
,Bl
oco D,CFH)
:Pl
atão e
Ar
ist
ótel
es
Bár
bar
adeAbr
eu Fr
eit
as(
USP)-A r
etór
icapsykhagógi
canoFedr
odePl
atão:umapr
opost
aeducat
iva
Fabi
o For
tes(
UFJF)-Per
suasãoepsykagogí
anoFedr
odePl
atão
Pedr
o Juan Cal
dasVer
as(
UFMG)-Ret
óri
caedi
alét
ica

Sal
a2-Audi
tór
io do bl
oco E –Anexo:Cí
cer
o
Jul
iaAr
auj
o Bor
ges(
UFF)-Asest
rat
égi
asr
etór
icasdodi
scur
soci
cer
oni
anonoPr
oAr
chi
a
Si
dneyCal
hei
rosdeLi
ma(
USP)-A aequi
tasnopr
imei
rodi
álogodoDefini
busdeCí
cer
o

Sal
a3-Audi
tór
io do bl
oco F(
7ºandar
):Ret
óri
caeLi
ter
atur
a
Ar
thurKat
rei
n Mor
a(UFSC)-Est
andar
tedoi
mpul
soi
rôni
co:t
rêsdi
mensõespoét
icasdocar
navalno
sécul
oXI
X br
asi
lei
ro
Fer
nando Mar
tinsLar
a(USP)-MachadodeAssi
seaconcepçãodoet
hosem Amer
icanas:opoet
ain
absent
ia
Laur
aFaj
ardo Yamagi
shi(
USP)-El
ement
osdogêner
ojudi
cialem Dom Casmur
ro

18
Sext
a-f
eir
a-18/08
08:
00-
09:
30
Sal
a1-Audi
tór
io Sel
vino Assmann (
2ºandar
,Bl
oco D,CFH)
:Ret
óri
ca,
est
ilo epoesi
a
Sar
ah Ni
lzaAr
aúj
o daSi
lvaZi
nat
o(UFMG)-Li
nguagem eest
ilonost
rat
adosdeSêneca
Dr
eykon Fer
nandesNasci
ment
o(UFES)-Afini
dadesent
repoet
aeor
adorcomoaut
ori
dadepar
aa
nat
urezadopoemadi
dát
ico
Cami
ladeMour
aSi
lva(
USP)-Est
rat
égi
asdeaut
ent
icaçãonasant
igasVi
dasdepoet
asgr
egos

Sal
a2-Audi
tór
io do CFH:Ret
óri
ca,Li
ter
atur
aeemoções
Thayr
ynnedeFar
iaCout
inho (
UFES)-Osí
ndi
cesr
etór
icosnat
essi
tur
anar
rat
ivadaFar
sál
ia,deLucano:
umaanál
isedasfissur
asdocampopoét
icoehi
stor
iogr
áfico
Jéssi
caMar
iaPer
eir
aCor
dei
ro(
Fil
osofia,UFBA)-Vi
dapr
ecár
ia:avul
ner
abi
li
dadehumanasob uma
per
spect
ivar
etór
icadasemoções

Sal
a3-Audi
tór
io do bl
oco F(
7ºandar
):Ret
óri
ca,Ar
qui
tet
uraeMúsi
ca
Eduar
do Si
nkevi
sque(
Bibl
iot
ecaBr
asi
lianaGui
taeJoséMi
ndl
in -BBM/
USP)-Ar
qui
tet
uracomo
Pal
avr
a/Pal
avr
acomoAr
qui
tet
ura:oepi
dít
icoal
tonoBr
eveCompêndi
oeNar
raçãodoFúnebr
e
Espet
ácul
o(1
709)eal
gunsdeseususosdaécf
rase
Del
zio Mar
quesSoar
es(
Comuni
cação eDesi
gn,UNI
FRAN)-A bandadeRogér
ioDupr
ateosmui
tos
l
adosdat
ropi
cál
ia
Rodr
igo Lopes(
USP)-A oper
aser
iadeLul
lycomor
epr
esent
açãodai
magem epoderdeLuí
sXI
V:
apr
opr
iaçõesdasMet
amor
fosesdeOví
dio

19
Sessãode
Pôsteres
Vi
rtuais

20
Audi
tór
iodoEFI
1
6/08 |1
5:00-
16:
00
Amér
ico Car
losdaRochaJúni
or
Gr
aduando(
a),Let
rasCl
ássi
cas(
GregoeLat
im)
,Uni
ver
sidadeFeder
aldaPar
aíba
Et
hopei
aecomi
cidadeem Fál
ari
sIeI
IdeLuci
ano deSamósat
a

AnaAl
zir
aMai
aMachado Caval
cant
e
Gr
aduando(
a),Let
ras-Por
tuguês,Uni
ver
sidadeFeder
aldeMi
nasGer
ais–UFMG
I
ma
m gem do nor
dest
ino pr
ojet
adaem t
weet
sno per
íodo el
eit
oralde2022

AnaPaul
adeSousaAbecassi
s
Mest
rando(
a),Let
raseAr
tes,Uni
ver
sidadedoEst
adodoAmazonas
Coment
ári
osao "Defigur
issent
ent
iar
um etel
ocut
ioni
s",deRut
íli
o Lupo

Dani
elRobson Mendes
Gr
aduando(
a),Let
ras,Uni
ver
sidadeFeder
aldeMi
nasGer
ais
ao pecado,masamao pecador”:apr
“Deusodei ojeção dai
magem do suj
eit
o homossexualna
Congr
egação Cr
ist
ãno Br
asi
l

Kayl
anydeLi
maPaul
ino
Gr
aduando(
a),Li
cenci
atur
aem Hi
stór
ia,UFPB
Cor
egi
aeDemocr
aci
a:ar
epr
esent
ação dal
itur
giacor
egi
anosdi
scur
sosdeI
seu

Lui
zaMar
iaLopesMar
iz
Gr
aduando(
a),Let
ras,UFMG
Gêner
oser
ecur
sosr
etór
icosem Cat
ulo 64 eFast
iII
I,471
-506

Luí
zaÁl
var
esDi
as
Gr
aduado(
a),Let
ras:Por
tuguês,Uni
ver
sidadeFeder
aldeGoi
ás
Osval
oreseo et
hosnapr
odução cr
oní
sti
cadeuma“ar
gument
ador
amáscul
a”

Mar
iaEduar
daMachado Par
ent
e
Gr
aduando(
a),Li
cenci
atur
aLet
rasPor
tuguês,UFMG
A Cr
isedeOxi
gêni
o em Manaus:et
host
est
emunhaldepr
ofissi
onai
sdasaúde

Tat
ianeSi
lvaFi
guei
redo
Mest
rando(
a),Pr
ogr
amadePós-
Graduaçãoem Let
raseLi
nguí
sti
cadaUFG (
PPGLL/
UFG)
I
nfluênci
aest
ási
cado et
hosnadi
scussão ent
remi
nist
rosdo STFacer
cadasuspei
ção deSér
gio Mor
o
no caso deLul
a

W anessaAl
mei
daRamos
Mest
rando(
a),Let
ras-l
ínguapor
tuguesa,Uni
ver
sidadedoEst
adodoAmazonas
ão do decor
A quest um ent
reosof
fici
aor
ator
iseosgener
adi
cendiem excer
tosdo Or
atoreDe
of
fici
is,deCí
cer
o

21
Resumosdas
conferênci
aspor
ordem de
apresentação

22
SEGUNDA-FEIRA: 14/08

Deolinda de Jesus Freire (Letras, UFTM)

Preceptivas retóricas e estilo no projeto de tradução da Brevísima relación de la


destruición de las Indias de Bartolomé de las Casas

Nossa proposta é apresentar reflexões sobre a tradução para o português da Brevísima


relación de la destruición de las Indias de Bartolomé de las Casas, publicada em 1552,
considerando os procedimentos da arte retórica aplicados pelo frei dominicano na
construção de seu discurso. Na Brevísima, Las Casas dedica-se ao subgênero histórico
relación, em cujo estilo empenha o decoro e a prudência, que são compreendidos como a
adequação da linguagem ao lugar-comum da invenção e ao grau das pessoas
circunstantes. Em nosso projeto de tradução, a problematização central é a ‘possível’
busca por um ‘estilo literário’, ou estético, na passagem do castelhano para o português.
Afinal, nas preceptivas do século XVI, o estilo não é autoral nem individualizado, mas
sim coletivo e compartilhado por autores e leitores letrados e discretos. Alinhamo-nos às
reflexões de Haroldo de Campos (2019) de que o lugar da tradução seria a discrepância
entre o dito e o dito, afinal não se traduz apenas o que é linguagem em um texto, mas o
que também é não-linguagem. No horizonte da tradução da Brevísima, consideramos o
contexto de autor e obra, que é regido pelas preceptivas retóricas do século XVI, em
perspectiva ao embate espaçotemporal do tradutor.

23
André Fiorussi (UFSC/USP)

Gil e o rouxinol: um tópico “ocidento-oriental” no Guesa, de Sousândrade

Resumo: O críptico verso “Gil-engendra em gil rouxinol”, dos mais enigmáticos da


poesia brasileira, aparece no Canto X do Guesa, de Sousândrade (1833-1902), na seção
que ficou conhecida como “O inferno de Wall-Street”. No verso, que desperta interesse e
curiosidade desde que escreveram sobre ele os irmãos Campos (1964), tem-nos escapado
completamente o significado da palavra “gil”, que parece ser uma das chaves para sua
leitura. Este trabalho pretende esboçar uma hipótese de interpretação do verso de
Sousândrade a partir da identificação de uma correlação tópica entre “gil” e “rouxinol”
que ocorre em diversos poetas do século XIX. Baseia-se em resultados parciais de uma
pesquisa em andamento, que aplica procedimentos ligados à leitura retórico-poética e à
consideração historicizante das práticas de representação (Achcar, 1994; Hansen,
1984/2006).

24
Edgar de Brito Lyra Netto (Filosofia, PUC-Rio), Claudia Pellegrini Drucker
(Filosofia, UFSC)

O Esquecimento de uma Arte – retórica, educação e filosofia no século 21

Esta apresentação extrai seu título de um livro por mim publicado em 2021. Como o tema
da aplicação dos ensinamentos retóricos à lida docente permanece pouco explorado, me
proponho a discutir com a professora e amiga Cláudia Drucker (UFSC) alguns pontos
mais centrais do texto. A hipótese que origina o livro é a de que a Retórica de Aristóteles,
relida fenomenologicamente, pode nos ajudar no enfrentamento dos desafios pedagógicos
deste século 21. Duas noções estruturam a releitura: a noção de pistis, retraduzida por
convincência, em lugar de persuasão, e a de topos, positivamente problematizada em sua
polissemia. Interessa principalmente ilustrar a aplicabilidade dos conceitos assim
revistos, entre outros ensinamentos da Retorica de Aristótleles, a situações
contemporâneas de ensino-aprendizagem, presencial ou virtual.

25
Manfred Kraus (Estudos clássicos, University of Tübingen)

The Art of Rhetoric and the Model Art of Medicine between Gorgias, Plato and Aristotle

In the earliest phase of the history of rhetoric in ancient Greece there was a big debate
whether or not rhetoric qualified as an art and what it meant to be an art. The prime and
most dignified model of an art in that period however was medicine. The earliest one to
invoke medicine as a model for rhetoric is Gorgias. In his Praise of Helen he describes
the effects of the power of speech in evident analogy to the then most advanced
Hippocratic theory of the four humours. Plato, in his dialogue Gorgias, directly responds
to that challenge. By way of a clevery designed sophisticated taxonomy (463a-466a), he
sets out to demonstrate that rhetoric is actually far from being the closest parallel to the
art of medicine, but only a simulation or imitation of an art and in fact a mere flattery, and
that its real counterpart is not medicine but cookery. Even Aristotle, who in other ways
establishes rhetoric as an art, still occasionally betrays the popular analogy of rhetoric and
medicine by using standard medical examples in his theory of rhetorical argument.

26
Hanne Roer (Comunicação, University of Copenhagen, Vice-Presidente da ISHR)

Rhetoric: constitutive or supplementary?

In this paper, I examine the notion of supplementary rhetoric, agreeing with Dilip
Gaonkar (“Rhetoric and its Double”, 1990) that this definition has theoretical advantages,
illuminatings rhetoric’s relation to related disciplines. The lesson of the rhetorical
tradition seems to be that rhetoric’s essential trait is not being essential. In Phaidros, Plato
accepted rhetoric as an auxiliary discipline for philosophy, while Aristotle defined
rhetoric as a techne, getting its substance from politics and ethics. Cicero in De oratore
presented two competing notions of rhetoric, a technique of communication versus a
vision of constitutive, civilizing rhetoric. Whether rhetoric has its own content or
transmits knowledge generated in ‘proper’ disciplines, was discussed by renaissance
rhetoricians under the heading res et verba. Starting with Augustine who in De doctrina
Cristiana defined eloquence as “the uninvited maid”, I analyse similar definitions of
rhetoric as supplementary in early modern rhetoric, in particular Melanchthon and Jesuit
rhetoricians (i.g. Carlo Reggio). While these renaissance rhetoricians thought of res et
verba as interdependent, they drew the lines between rhetoric and dialectics in various
ways, thus removing or replacing the argumentative content of the rhetorical discipline.

27
Sessão coordenada: Polêmica, fakenews e violência verbal em discursos digitais

Helcira Maria Rodrigues de Lima (Letras, UFMG)

Renan Belmonte Mazolla (Letras, UFMG)

Rubens Damasceno-Morais (Letras, UFG)

Wander Emediato de Souza (Letras, UFMG)

É inegável que as tecnologias de redes digitais democratizaram o acesso à informação e


possibilitaram maior interação entre os sujeitos de um mundo globalizado, de modo a
encurtar distâncias geográficas e sociais. Entretanto, é também inegável que elas abriram
caminhos para a disseminação mais rápida de informações e discursos nada confiáveis.
Posicionamentos controversos (para dizer o mínimo) sobre o holocausto, sobre a ditadura
militar no Brasil, sobre a doutrinação ideológica de esquerda, sobre a origem do vírus
Covid 19 durante o período mais crítico da pandemia, e, ainda, sobre a Guerra entre
Rússia e Ucrânia, entre outros, atestam a necessidade de um olhar atento para essas
construções argumentativas. Nessa direção, o objetivo da sessão-coordenada é apresentar
reflexões acerca das noções de polêmica, fakenews, violência verbal, tendo em vista seu
funcionamento em discursos digitais. Trata-se de diferentes propostas que têm como
ponto comum um posicionamento discursivo sobre a argumentação, assim como sobre as
contribuições da retórica.

29
Sessão Coordenada: “Estudos de Retórica Antiga do Grupo Rhetor”

Priscilla Gontijo Leite (História, UFPB)

O apelo ao medo nas Filípicas de Demóstenes

Demóstenes desenvolve uma retórica inflamada de oposição contra a expansão


macedônica, sobretudo, caracterizando negativamente Filipe II. Uma operação recorrente
no orador é a utilização de elementos alarmistas com intuito de desencadear o medo na
audiência. O medo é uma ferramenta retórica capaz de conduzir o grupo social a adotar
determinado curso de ação, a fim de evitar um cenário catastrófico, que é altamente
temido pela coletividade. Portanto, a partir da teorização do medo desenvolvida na
Retórica de Aristóteles [Arist. Rh. 1382ª], a comunicação irá analisar o uso prático do
medo nas Filípicas de Demóstenes, com intuito de esclarecer a relação entre medo e
deliberação bem como elucidar quais são os medos experimentados na sociedade
ateniense. Com isso, espera-se problematizar o uso do apelo ao medo na retórica com
destaque ao seu componente lógico, que num primeiro momento não é muito considerado.

30
Sandra Lúcia Rodrigues da Rocha (Literatura, UFMG)

Medo e persuasão em Tucídides

Resumo: Uma das categorias psicológicas principais da Retórica (1382ª20-1383ª18) de


Aristóteles é o medo. A descrição de Aristóteles acerca do medo é rica em detalhes:
grandes perigos, situações de injustiça e indivíduos poderosos são elementos usados por
ele para caracterizar o medo. Boa parte dessa caracterização aristotélica do medo pode
ser verificada em alguns discursos da obra de Tucídides. No trabalho a ser apresentado,
proponho uma releitura de passagens de Tucídides (4.85-87 e 5.85-11) com base nas
considerações de Aristóteles acerca do medo – uma espécie de leitura metarretórica de
Tucídides, nesse caso, com base naquilo que a retórica tem de pressupostos psicológicos
para o estudo de interações verbais. A releitura conduz para considerações acerca da
importância do medo em Tucídides como categoria psicológica para a persuasão.

31
Ticiano Curvelo Estrela de Lacerda (Letras, UFRJ)

Medo e alarmismo no Areopagítico de Isócrates: o chamado para uma nova Constituição

Nos discursos políticos de Isócrates, suas estratégias argumentativas normalmente


encontram um tom conciliatório a gregos e atenienses, em razão de sua doutrina
imperialista pan-helênica contra os persas. O autor almeja uma grande concórdia entre os
gregos, sobretudo em discursos como Panegírico, Sobre a Paz, Para Filipe e Panatenaico.
No que se refere ao Areopagítico (357~5BCE), no entanto, encontramos um exemplo
atípico daquele tom isocrático costumeiro. Certo medo compõe o ēthos do orador para
captar a benevolência da audiência e nela disseminar alarmismo, para tomarem
determinada resolução. Desde o proêmio, Isócrates admoesta os atenienses para que não
se iludam com o aparente momento de estabilidade política dentro e fora da pólis, em um
contexto de decadência da Segunda Liga Marítima. Por esse motivo, ele exorta seus
concidadãos a restaurar a antiga pátrios 10namnesi de Sólon e Clístenes, exaltando o
antigo modelo democrático moderado do século anterior. Assim, esta comunicação
buscará investigar, no Areopagítico, (i) em que medida esse temor de penúrias e danos
futuros é motivado de fato por razões históricas, e (ii) até que ponto medo e alarmismo
podem ser artifícios retóricos presentes na ideologia pan-helênica de Isócrates, para
exortar os atenienses a uma agenda política restauradora e conservadora.

32
QUARTA-FEIRA: 16/08

Martin M. Winkler (Estudos clássicos, George Mason University)

From Verbal to Visual Rhetoric: Homeric Similes and Cinematic Flashbacks as Narrative
Parentheses

Parentheses and Homeric similes have a noteworthy characteristic in common. They


depend on the sentence or clause that prompts them, but, except in very short cases, they
become syntactically independent until they return to the original sentence structure. In
this way they demonstrate their 11namnesi (“vividness”). Accordingly, the ancients came
to regard Homer as a painter in words.

The cinema takes up various aspects of the classical and pre-cinematic cultures, as
attested by Sergei Eisenstein, one of the medium’s pre-eminent practitioners and
theoreticians. He coined the term kinematographichnost’ (“cinematographicity”) to point
out the inherently visual side of all earlier arts and literatures. Flashbacks are one of the
fundamental and extremely vivid aspects of complex storytelling in moving images. On
the basis of Homeric 11namnesi and Eisenstein’s concept of kinematographichnost’, this
minicurso analyzes classical similes and parentheses as verbal analogies to flashbacks
and analyzes several representative examples.

33
Adma Muhana (Literatura Portuguesa, USP), Rodrigo Gomes de Oliveira Pinto
(Colégio Santa Cruz)

Controvérsias retóricas: a estampa de Vieira como escrito oportuno

A retórica propõe que os discursos são concebidos para apresentação a um juiz ou


espectador, que avalia ou aprecia as coisas ditas levando em consideração sua ocorrência
no passado, no futuro ou no presente. Com isso, todos os discursos comportam em si um
interlocutor, depositário de um contra-discurso explícito ou suposto, constituindo-se
como uma altercatio ou disputatio.
Gêneros mais recentes – como tratados e ensaios – substituíram os comentários, sermonis,
orationis, em que o caráter dialógico do discurso era manifesto, e projetaram nos escritos
produzidos em situação de debate a noção de uma subjetividade isolada e autônoma. A
controvérsia retórica, por sua vez, herdeira da escolástica, tem seu locus próprio na
“Teologia polêmica” – gênero ainda designado na Bibliotheca lusitana de Barbosa
Machado (1759) – sendo todavia um gênero que ultrapassou o campo das polêmicas
estritamente religiosas para aquelas literárias e institucionais.
Na nossa fala, iremos nos limitar a evidenciar nos textos escritos de Vieira – cartas,
tratados ou sermões – a presença mais ou menos declarada dos seus interlocutores, numa
contenda que se atualiza no momento da sua proferição.
A obra parenética especificamente, sabemos que foi ideada e aprontada para circulação
escrita pelo próprio jesuíta, e uma vez impressa na forma de livro, fez-se legível por meio
dos doze tomos estampados, em Lisboa, entre 1679 e 1699, que integram a editio princeps
dos Sermoens.
Na medida em que sejam historicizados à luz dessa proferição escrita e materialmente
pensados tal como inventados e dispostos para circular nos tomos em que se viram
recolhidos por Vieira, os sermões podem ser lidos nesse manifesto caráter dialógico. Sem
que se submetam à cronologia do púlpito, que não raro positiva as circunstâncias dos
discursos, como se pudessem ter sido oralizados na forma em que foram
monumentalizados, e sem que sejam reduzidos aos fios temáticos do sermonário que
Vieira nunca intentou compor, os sermões são peças de retórica sacra em ação, devotados,
na condição de palavra escrita, a intervir discursivamente nas controvérsias do tempo
presente do jesuíta.

34
QUINTA-FEIRA: 17/08

Júlia Batista Castilho de Avellar (Língua e Literatura Latina, UFU)

Uma retórica corporal na poesia de Ovídio

Tendo por mote um verso das Heroides, de Ovídio, em que Briseida afirma que “valem
por voz as lágrimas choradas” (Heroides 3.4), busco investigar passagens de duas obras
ovidianas – as Heroides e os Tristia/Tristezas – em que aspectos corporais ou sensoriais
adquirem destaque e desempenham um papel retórico semelhante ou equivalente ao das
palavras. Para tal, na esteira das contribuições de Hinds (1985), Farrell (1998) e
Casanova-Robin (2007), discutirei trechos dessas duas obras em que há menção a partes
do corpo do eu poético (mãos, pés, cabelos) ou marcas não verbais deixadas sobre a
superfície do texto (lágrimas, sangue, borrões), responsáveis por colocar em relevo a
materialidade textual e, consequentemente, seu potencial retórico para além do 13namn
discursivo. Pretendo evidenciar como tais elementos corporais e sensoriais contribuem,
por um lado, para mover ou comover os destinatários dos poemas e, por outro, para a
construção de autorrepresentações do eu poético. Assim, será possível depreender dessas
duas obras, ainda que indiretamente, reflexões teóricas referentes à retórica, com base nas
quais proponho uma espécie de teoria ovidiana da retórica, marcada por duas ideias chave
da poesia de Ovídio, o erotismo e a metamorfose.

35
SEXTA-FEIRA: 18/08

Elaine Sartorelli (Língua e Literatura Latina, USP)

Morosofia e Declamação no Ensaio I.31 de Montaigne

Esta comunicação tem como objetivo comentar a representação do indígena brasileiro


realizada por Montaigne em seu ensaio Des cannibales (I, 31) e demonstrar que as
personagens dos tupinambás (que proferem, nus, discursos moralizantes eloquentes
diante do rei francês) adquire verossimilhança quando compreendida não em relação à
realidade histórica, mas a dois outros elementos extraídos de Erasmo de Rotterdam: a
morosofia, ou “sabedoria tola”, e o fato de ser uma declamação. Em seu Elogio da
Loucura, o holandês, oculto sob o disfarce da personagem e protegido pela afirmação de
que se trata de uma “declamaçãozinha”, garantiu para si a licença para fazer julgamentos
críticos e proferir verdades incômodas. Da mesma forma, as palavras dos “homens
naturais” de Montaigne são palavras de filósofo. Mas, como os bobos da corte, só podem
dizer essas verdades pela prerrogativa de sua “tolice”. Analisaremos pois os elementos
constitutivos da figura do “brasileiro”, que reúne em si os signos de alteridade,
excentricidade e inocência que, por um lado, permitem associar seu ethos à então
onipresente figura do louco, e, por outro, pelas mesmas características, mas do avesso,
levam o indígena a ecoar o Discurso da Servidão Voluntária de La Boétie.

38
Marcelo Lachat (Estudos Literários / Literatura Portuguesa, UNIFESP)

Ensaio e retórica (séculos XVI a XVIII)

No prólogo ao leitor de seus Ensaios, Montaigne afirma que quer ser visto na obra em sua
maneira simples (simple), natural (naturelle) e habitual (ordinaire), sem contenção
(contention) e artifício (17namnesi), pois é a si próprio que ele pinta. Assim, conclui o
autor: “sou eu mesmo a matéria do meu livro” (je suis moi-même la matière de mon livre).
Sendo Montaigne o alegado precursor do gênero ensaístico, essa declaração a favor da
simplicidade e da naturalidade e contra o apuro e o artifício induziu grande parte da crítica
posterior aos ensaios escritos nos séculos XVI a XVIII a 17namnesis-los,
anacronicamente, expressões de subjetividade e originalidade e, portanto, antirretóricos.
Nesta comunicação, proponho a discussão do gênero ensaístico nos anos quinhentos,
seiscentos e setecentos a partir de critérios pertinentes aos tempos em que os textos foram
produzidos, a fim de mostrar que todo ensaio era então necessariamente retórico.

39
Leandro Neves Cardim (Filosofia, UFPR)

Sobre o poder das palavras

Não há um poder das palavras, mas vários. Mesmo assim, esta comunicação pretende,
depois de mencionar os diferentes poderes ou níveis da linguagem, pôr em relevo apenas
um. Por isto, não é o caso de abordar o modo como as diferentes dimensões da linguagem
trocam seus efeitos e são consideradas na vida do dia a dia. Mas também não é o caso de
considerar a linguagem como compartimentada ou considerar seus diferentes domínios
como heterogêneos. O pano de fundo é a abordagem feita por Barbara Cassin de uma
série de autores para os quais o ser é um efeito do dizer e não o contrário. O poder da
linguagem que está em foco delineia-se, então, na série que parte de John Austin, passa
por Górgias e chega a Jacques Lacan. Sob esse fundo, o objetivo é destacar o terceiro e
último nível da linguagem que Austin chama de performativo ou ilocutório (o primeiro e
o segundo sendo o locutório e o perlocutório, respectivamente): essas diferentes
dimensões são apresentadas em seus contextos, particularidades e diferentes efeitos.
Através de Górgias, menciona-se não só a relação entre performativo e performance, mas
também aquilo que pode um discurso que faz essa amarração. Com Lacan, trata-se, enfim,
trazer para o primeiro plano o corpo falante em seu laço social e político. Estas
considerações apontam para a força da ficção da palavra assim como para aquilo que se
torna a verdade quando se faz coisas com palavras da luta política que discutia monarquia,
república e tirania.

40
Luiz Fiaminghi (Música, UDESC), Vinícius Chiaroni (Música, UDESC)

Violino com sprezzatura: a Arte de ocultar a Arte: A gênese do violino e suas conexões
com a graça, a justa medida e a sprezzatura entendida como ocultamento da arte e
simulação de natureza.

Este artigo pode ser entendido como um ensaio sobre a arte de tocar o violino entre c.
1550 e c. 1750, relacionando a à noção de sprezzatura de Baldassare Castiglione (1478-
1529). A partir de fontes musicográficas e iconográficas europeias como tratados,
manuais, relatos e pinturas, investigamos as maneiras de se tocar o violino com ênfase
nas posturas adotadas pelos músicos do período. Após uma classificação destas maneiras
e uma consequente definição da ideia de posturas subclaviculares ao violino, buscamos
uma aproximação aos seus ideais, racionalidades e aspectos práticos. Conclui-se que há
um processo histórico de elevação da postura do violino, começando no braço no século
XVI, passando pelo peito no século XVII e terminando no pescoço no século XVIII. Entre
essas maneiras, aquela eleita pelo meio musical à época como a mais elegante e com
sprezzatura – portanto, mais elogiada e difundida – era a postura do violino no peito.

41
Marco Formisano (Literatura Latina, Ghent University)

Retórica no espaço: o texto e suas fronteiras

É impossível pensar em um lugar sem pensar imediatamente em suas fronteiras e limites,


ou seja, onde um lugar começa e termina, mas também nas linhas pelas quais ele é
intersectado. Bordas e limites não são apenas lugares marginais. Ao contrário, sua
marginalidade intrínseca serve para dar substância ao todo, que assim revela sua essência
precisamente como uma relação dinâmica entre um centro e uma margem. Segundo o
filósofo americano Edward Casey, “ there is no world without edges and every world is
an edge-world “. E será que um texto tem bordas? Quais são as delimitações espaciais e
conceituais que a linguagem na literatura ativa e torna evidente? Que mecanismos
retóricos podem ser implementados para criar um espaço no texto e proporcionar-lhe
limites e fronteiras? Nesta palestra, descrevo três textos latinos pertencentes a gêneros e
discursos literários muito diferentes. O primeiro é, talvez, a obra mais complexa e elusiva
de Cícero, o De oratore, um diálogo paradoxal que apresenta a matéria retórica sob a
forma de filosofia. O segundo exemplo é retirado de uma seqüência de epigramas do
terceiro livro de Marcial, no qual é apresentada uma fronteira entre o decoro e a
obscenidade. O terceiro exemplo é retirado de um poema antigo tardio dedicado a um rio,
o último no corpus de Venantio Fortunato (11, 26), um poeta viajante do final do século
VI. Os exemplos destes desses três textos oferecem uma visão não só da tipologia das
formações espaciais em um texto, mas também da grande importância das noções de
margem e de limite para a própria linguagem.

42
David Mirhady (Estudos Clássicos, Simon Fraser University, Presidente da ISHR)

Dissoi Logoi and the Origins of the Techne

Dissoi logoi may be considered the earliest composite techne, though it is certainly not a
how to guide. It acknowledges that its discussions are derived from “those people in
Greece who do philosophy,” who have been identified loosely with Protagoras, Hippias,
Gorgias, and Socrates. But the philosophers, who are credited with different points of
view, seem to have had different goals from the writer’s, and presumably from those of
the work’s intended readers as well. While the philosophers pursue their various
philosophical viewpoints, this text offers them only as illustrations of argumentative
topoi. Like the Rhetoric to Alexander and Aristotle’s Rhetoric it foregrounds the
canonical genres of civic discourse, the “good and bad”, the “fine and shameful”, and the
“just and unjust” (1-3). Beyond the first three chapters, Dissoi Logoi takes up other issues
that are relevant to public discourse, again following discussions that seem inspired by
philosophers, such as truth and falsity (4), madness and sanity (5), and the teachability of
virtue and wisdom (6). The last seems to lead on, apparently because it touches on the
characteristics of a political speaker, to a critique of the lottery as an inadequate means to
select people for the specialized tasks involved in running a city (7), and in the same vein,
how much a speaker should know (8). Like Cicero, the author seems to think the speaker
should know everything, as well as the techniques for saying it. Seemingly as the
appropriate endpoint of such a discussion, the last chapter is on memory, though its
examples, remembering names, do not seem related to memorizing a speech (9).

43
Resumosdas
Comunicações

45
Deolinda de Jesus Freire (Letras, UFTM)

Adriano Scatolin (Doutor, Universidade de São Paulo)

O Pro Marcello à luz das cartas de Cícero sobre César

O Pro Marcello de Cícero, o primeiro dos três discursos proferidos por Cícero durante a
ditadura de Júlio César, em setembro de 46, é marcado por uma recepção conturbada,
sobretudo por conta do caráter ambíguo do elogio ali feito a César. Em outro trabalho,
estabelecemos uma tipologia para tal louvor, discriminando entre um elogio qualificado,
com restrições, de um lado, correspondente aos feitos bélicos de César, e um elogio
condicionado, reservado para as ações futuras do ditador que correspondam aos critérios
republicanos estabelecidos por Cícero. Para esta comunicação, propomos aprofundar o
estudo dos mecanismos do elogio a César no discurso, debruçando-nos, desta vez, sobre
as cartas de Cícero, que oferecem diversos pontos de contato com o Pro Marcello
(modelos gregos, critérios do elogio, riscos envolvidos, objetivos do louvor). O corpus
abrangerá Cic. Att. 12.40; 51; 13.27; 28; 31 e 51, cartas que tratam da exortação política
a César por meio do louvor.

46
Alvaro de Souza Vieira (Mestrando, Universidade de Franca)

Igualdade, liberdade, paz e justiça: análise retórica da constituição ética do Primeiro


Comando da Capital

As organizações criminosas têm demonstrado uma relação de valor perante seus


integrantes, produto de uma estranha, mas, notória empatia. Neste contexto, pelo “jeito
do crime”, em que se pese, legitimado e consensual às partes, o Primeiro Comando da
Capital (PCC) sugere uma razoabilidade pautada pelos discursos de igualdade, liberdade,
paz e justiça, originando uma identificação peculiar. Tendo em vista a utilidade dos
expedientes retóricos na produção de discursos capazes de nortear comportamentos
morais, apontada por Aristóteles, o trabalho objetiva promover uma análise retórica da
constituição ética referenciada discursivamente na comunicação estabelecida nos
regimentos “Estatuto do Primeiro Comando da Capital” e “Cartilha de Conscientização
da Família PCC”, a fim de investigar se e como o grupo propõe a apreensão de uma lógica
do valor ao seu público por meio da virtude. Para proceder a uma observação
pormenorizada desses expedientes, recorremos à análise dos argumentos quase-lógicos
(PERELMAN; OLBRECHTS-TYTECA, 2014) mobilizados na construção dos
regimentos e buscamos compreender como estes apontam para a (im)permanência de
noções centrais na configuração da ética aristotélica, tais como felicidade e justiça.

47
Ana Flávia Pereira Basileu (Doutoranda, Universidade Federal de Minas Gerais)

Arte Retórica no Satyricon de Petrônio

Petrônio foi um autor romano que introduziu um estilo inovador de escrita, ao


desenvolver uma obra ficcional em prosa com inserções poéticas, sendo que a ficção, até
então, se reservava à poesia – dramática, épica e lírica. Em sua única obra sobrevivente,
o Satyricon – mesmo que fragmentada – o autor aborda o fazer literário e suas
manifestações enquanto desenvolve um enredo satírico de maneira metapoética e, assim,
discute questões retóricas ao passo que critica a educação romana e a maneira como se
comportavam os oradores de seu tempo. No capítulo V o autor desenvolve as diretrizes
para a formação de um orador perfeito, e esta comunicação tem como objetivo discutir o
conceito de orador presente nessa passagem, além de pretender salientar o caráter
paródico, que parece ser a intenção de Petrônio, para destacar a lacuna entre a teoria
educacional do início do Império e a prática de um ensino efetivo de retórica aos jovens
romanos.

48
Ana Helena Barbosa de Oliveira (Doutoranda, Universidade de Brasília)

Jorge Luis Borges, sofista?

Este trabalho tem como objetivo apresentar os resultados preliminares de minha tese de
doutorado, onde sete livros de ensaios do autor Jorge Luis Borges são analisados sob a
perspectiva da sofística. As obras Inquisiciones (1925), El Tamaño de mi Esperanza
(1926), El Idioma de los Argentinos (1928), Evaristo Carriego (1930), Discusión (1932),
Historia de la Eternidad (1936) e Otras Inquisiciones (1952) foram reunidas a fim de
atestar como Borges, ao ensaiar, também pode ser considerado um sofista, uma vez que
sua obra se caracteriza por uma abordagem retórica e especulativa sobre a natureza da
realidade. Os sofistas defendiam, na Grécia Antiga, que não existe uma verdade absoluta
e que tudo depende do ponto de vista de cada indivíduo. Borges compartilha dessa visão
sofística da realidade, como pode ser visto em seus contos e ensaios que exploram a
natureza ilusória da linguagem e da memória. Além de buscar comprovar a face sofística
de Borges, o trabalho também visa demonstrar a mudança do autor para além da
linguagem e da temática, dando conta de um processo de transformação bifronte: um
Borges universal e outro arraigado na Argentina.

49
Ana Letícia Eidt Postiga (Mestranda, Universidade Federal do Rio Grande do Sul)

O César de Cícero: estudo acerca da construção de Júlio César em Pro Ligario e Pro
Rege Deiotaro

O presente trabalho está ainda em suas fases iniciais de desenvolvimento, tratando-se de


uma pesquisa de mestrado iniciada este semestre junto à UFRGS, sob a orientação do
professor Anderson Zalewski Vargas. A pesquisa tem como principal objetivo a análise
das duas orações de caráter jurídico dentro da série conhecida como Orações Cesarianas,
buscando compreender como Cícero representa o ditador, Júlio César, em pro Ligario e
pro Rege Deiotaro. As Cesarianas se inserem em um período conturbado da República
Romana. Após a guerra civil entre Pompeu e César, o aparato político-institucional de
Roma se encontrava em estado bastante instável, e esta instabilidade permeava também
o sistema judiciário. Vale, assim, ressaltar que este trabalho também tem suas bases na
análise da pro Marcello realizada enquanto monografia de conclusão do curso de
bacharelado em História (pela PUCRS). Percebendo ao longo da primeira Cesariana uma
retórica voltada a persuadir o ditador da urgência do restauro da res publica, busca-se
simultaneamente ao estudo da representação de César, compreender se esta estratégia
segue sendo empregada por Cícero em pro Ligario e pro Rege Deiotaro.

50
Ana Lucia Machado de Oliveira (Doutora, Universidade Estadual do Rio de
Janeiro)

As cartas de Antônio Vieira e a tradição retórica da ars dictaminis

Centrada no exame da correspondência do jesuíta Antônio Vieira, tendo em vista sua


relação com a tradição retórica do gênero epistolar, esta comunicação parte da
consideração do lugar da escrita de cartas no âmbito da Sociedade de Jesus desde sua
origem, considerando o papel de destaque que lhe foi atribuído pelo fundador dessa
Ordem, Inácio de Loyola. Em seguida, será examinada a relação da correspondência
jesuítica com a longa tradição da ars dictaminis, enfatizando a codificação retórica
específica do gênero epistolar. Por fim, na análise da epistolografia vieiriana, evidenciar-
se-á como o inaciano aplica os modelos de composição escrita prescritos por Loyola,
segundo as partes e os estilos tradicionais da correspondência que foram adaptados às
necessidades de comunicação da Ordem jesuítica.

51
Ana Lucia Magalhaes (Doutora, Fatec Cruzeiro)

O processo de Inventio no romance O Nome da Rosa

O objetivo deste texto é verificar como se dá o processo de Inventio (euresis) em O Nome


da Rosa, de Umberto Eco. Questões fundamentais se colocam: como ocorre a inventio na
construção do ethos das personagens? De que forma as provas retóricas são constitutivas
da inventio? Valemo-nos de Aristóteles, Cícero, Quintiliano, Barthes e Ferreira.
Aristóteles ressignificou a efetividade da retórica ao separar seu campo de atuação do
domínio da ciência. A retórica permaneceu como ordenadora do discurso durante a
Antiguidade grega e romana até a Idade Média e começou a declinar no século XVI para
praticamente desaparecer no século XVIII. Perdeu a centralidade e passou a restringir-se
à elocução. A partir de seu ressurgimento em meados do século XX, tem sido aplicada a
diversas campos do conhecimento. Para o orador de qualquer tempo, os gêneros
organizados por Aristóteles continuam fundamentais: demonstrativo, deliberativo e
judiciário. Para quaisquer desses gêneros, o orador deve utilizar das etapas da retórica que
representam as quatro fases pelas quais passa quem compõe um discurso: inventio
(euresis), dispositio (taxis), elocutio (lexis) e actio (hypocrisis). O foco do trabalho é a
inventio. Utilizamos os termos em Latim por serem usuais, embora tenham sido
formulados em Grego por Aristóteles.

52
André Bomfim Mynssen Coelho (Mestrando, Universidade Federal de Minas
Gerais)

O método da retórica técnica do Górgias

A presente pesquisa associa-se àquelas que questionam a tradicional interpretação do


Górgias de Platão focada na crítica, do segundo ato (462b-466a), à retórica enquanto
“experiência e rotina” (ἐμπειρία καὶ τριβή) e “lisonja” (κολακεία). Aqueles que entendem
a relação do diálogo com a prática como algo além de um mero ataque, destacam a
importância da menção à “retórica verdadeira” (ἡ ἀληθινή ῥητορική, 517a) – do rétor
“técnico e bom” (ὁ τεχνικός τε καὶ ἀγαθός, 504d) – para a interpretação da obra.
Costumam recorrer, entretanto, ao Fedro para possíveis esclarecimentos sobre seu modus
operandi. A comunicação aqui proposta abre mão do complicado emaranhado de
premissas necessárias para tal tentativa de elucidação intertextual, sugerindo foco nas
próprias reflexões do Górgias sobre o método da boa retórica. Exploram-se, não só as
conclusões mais explícitas, como também as referências sutis que parecem prefigurar ou
retomar o tema nas interlocuções de Sócrates. Realçam-se as misteriosas e controversas
menções do personagem a “punir” (κολάζειν) e “pagar a justa pena” (διδόναι δίκην), visto
que o próprio enfatiza estes como os únicos caminhos para o reestabelecimento da justiça
na alma (525b) – e, tal reestabelecimento, exatamente como o norte necessário à retórica
(480a-e, 504d-e, 527c).

53
Arthur Katrein Mora (Doutorando, Universidade Federal de Santa Catarina)

Estandarte do impulso irônico: três dimensões poéticas do carnaval no século XIX


brasileiro

A partir do recorte temporal que contempla os anos entre 1853 – proibição do jogo do
entrudo no Rio de Janeiro – e 1907 – fundação da primeira grande escola de samba – este
trabalho investiga o legado literário de três poetas negros que versaram sobre o carnaval
no período. Em 1859, o poema “Lá vai verso!” é publicado junto às Primeiras trovas
burlescas de Getulino, de Luiz Gama (1830-1882); o lançamento póstumo de Poesias, de
Francisco de Paula Brito (1809-1861), em 1863, contém o poema “O Entrudo”; e a
também póstuma publicação de Evocações (1898), de Cruz e Sousa (1861-1898), traz em
suas páginas o poema em prosa “Asco e Dor”. As percepções sobre a potência simbólica
da festa nesses poemas permitem dois enfoques de apreciação: a) a forma como cada
poema justapõe uma das três dimensões do carnavalesco exploradas por Mikhail Bakhtin
(2002) na antiga sátira menipeia; b) o mapeamento conceitual da ironia em cada poema,
cujos recursos retóricos abrangem desde a urbanidade horaciana, passando pela parábase
schlegeliana, até a consciência dolorosa baudelairiana (DE MAN, 1983). Tal impulso
irônico, na tipologia cênica do carnaval retratado por sujeitos líricos negros, amalgama
os âmbitos social e simbólico do evento na epifania da dissimulação poética.

54
Bárbara de Abreu Freitas (Mestranda, Universidade de São Paulo)

A retórica psykhagógica no Fedro de Platão: uma proposta educativa

Termos correlatos a psykhagogen e psykhagogoi foram muito utilizados em inúmeros


textos ao longo da tradição do pensamento clássico Ocidental. Muitos significados foram
atribuídos a eles. Em suas primeiras aparições, estes termos foram associados ao ato de
dar passagem ou o de guiar as almas do mundo dos vivos para o mundo dos mortos. Já
numa perspectiva trágica, a força da ação prática do termo parece se inverter, ou seja, o
psykhagogo aparece como aquele que invocava as almas dos mortos para trazê-las de
volta ao nosso mundo. Mas parece ser em Platão que a atmosfera que gira entorno destes
termos sofre uma mudança realmente significativa. Em Fedro (271c), o filósofo entende
psykhagogia como a condução das almas dos vivos para uma melhora efetiva aqui nesse
mesmo mundo. Aqueles que fazem bons discursos devem saber conduzir bem a alma dos
ouvintes. Na presente comunicação buscaremos ampliar a ressignificação do conceito
feita por Platão e entender até que ponto essa noção, tão complexa e ampla, pode ser
entendida na relação entre retórica e aprendizagem.

55
Bárbara Tuanni Veloso da Silva (Doutoranda, Universidade Federal de Minas
Gerais)

Cenas da Enunciação e o ethos discursivo: análise retórico argumentativa de um


processo sobre violência obstétrica

O trabalho procurará analisar o discurso transcrito em uma peça processual de um


julgamento sobre violência obstétrica, sobretudo, as articulações discursivas elaboradas
pelo agente perpetrador da violência. Realizaremos a análise por meio do aparato teórico-
metodológico da Análise do Discurso de linha francesa, com ênfase nas reflexões que
Maingueneau (2008) e a teoria que o autor desenvolve sobre a noção de ethos (2020)
entendido como a imagem que o sujeito enunciador projeta de si por meio da enunciação,
articulando com outros teóricos do análise do discurso e da retórica, para identificarmos
de que forma o ethos se materializa no discurso e constituí a cenografia do discurso, a fim
de identificar quais relações são acionadas e estabelecidas, sobretudo, no que se refere a
manutenção e uso de poderes.

56
Bruna Carvalho Zarattini (Mestranda, Universidade Federal de Minas Gerais)

O réu e a vítima: projeção de imagens na série Coisa mais linda

A internet impulsiona a alteração e o surgimento de gêneros discursivos. Nesse sentido,


nota-se a efusão do gênero discursivo série, principalmente quando nos atentamos para o
volume de produções realizadas pelos serviços de streaming na atualidade. Dentre tantos
títulos, a série brasileira Coisa mais linda, do serviço on demand Netflix, retrata o
cotidiano de quatro mulheres, que enfrentam diariamente as violências de gênero, em um
Brasil entre os anos de 1950 e 1960. O ponto-chave da trama – no que se refere às suas
duas temporadas –, em nossa perspectiva, diz respeito ao julgamento do personagem
Augusto, pelo assassinato de sua esposa, Lígia. Frente a isso, à luz da Argumentação do
Discurso e da Retórica, propõe-se analisar quais são e como são projetadas as imagens de
si e do outro, em contexto de tribunal do júri, no que concerne às figuras de réu e vítima.
Com base nas construções ocorridas em tal encenação, busca- se estabelecer uma relação
entre universo ficcional e Brasil real, contemporâneo, pois, ao passo que objetos
audiovisuais podem representar, também têm a capacidade de impactar a sociedade,
proporcionando-lhe mudanças.

57
Os movi me ntos i dentitár
ios têm c omo uma de s uas pr inc ipa isa ge nda so
empode rame ntodemi noriassociais.Ass i
m,pa r
ae ssacomuni caç ão,pr opomo- nos,
a pa rtir da Re t
ór i
ca dos Movi me ntos Soc iai
s,a de screve ra r etór i
ca do
empode rame nto,noç ão por nós pr opos t
a,e ntendida a quic omo a gê ncia se
estratégi as di scur s
ivas,por me io das qua ist ais grupos bus c am e xistir,s e
pos i
ciona r ,c riaropos içãoe ,pos si
velme nte,pr ovocarmuda nç as,a pa rt
irda
cons t
r uç ã
oc oletiva de s i
gnifi
c adosque pr e t
ende m de sestabiliz arr elaç õesde
pode r.Pa rai sso,obs ervamospe lome nost rêsfor maçõe sdi sc urs ivasdi st
intas,
relaciona da sadi ferentesmi noriass ociaises eusni chos,bus ca ndoi de ntificaros
percur sosr e t
ór i
c o-discursi
vosc ons tr
uídosquepode mt erc omoe feitosdes e
nt i
do
oe mpode ra me nto.A pa rt
irde t alobs ervação,pe rcebe mosque a r e tórica de
empode rame ntodosdi scursosmi norit
á ri
ost ême mc omum aa pr ese nt açãodos
discur soshe ge môni cosques eque rcomba t
e r– osqua iss ão mos tradosc omo
nega t
i vos,c om um t om dede núnc i
a,e videnc i
andoane c essida dedes et oma r
cons ciênc iadequee lesnã os ãoave rdadea bsoluta,ma s,sim,umac ons t
ruç ã
o
social,c om aqua lsede ver ompe r.Em um s e
gundomome nt o,háaque br ac om t ais
repres enta çõe s
,al ibertaçãode ssepode rdomi nante,um t riunfos obr ee le.Al ém
disso,osdi fe r
ent esni chostrazema inda ,relaci
ona doàc ons t
r uç ãoer eforçode
suasi de ntida des,t r
a ç
osi dentit
á r
iose spe cí
ficoser elaci
ona dosat a lmi nor ia.São
impor ta ntesa utor espa rasede screverar et
óricadosmovi me ntoss oc iaisSt ewa r
t,
Be nfor deHunt ,Si monseGr i
ffin,a l
iadosar efl
e xõess obree mpode ra me ntode
Mos e da le,Be rtheout ros.
Bruno Drumond Mello Silva (Doutorando, Universidade de São Paulo)

Micro e macrorretórica no Mênon 80d 3 – 82a 1

O objetivo deste trabalho consiste em apontar os elementos micro e macrorretóricos


presentes na anamnese – ou teoria da reminiscência (Mênon, 81ª 4 - 81e 2) – que
permitem enquadrá-la na figura da falácia de apelo à autoridade (argumentum ad
verecundiam), demonstrando como Platão emprega um procedimento tipicamente
retórico, com a finalidade de superar o impasse dialógico entre Mênon e Sócrates. Após
ter sido refutado três vezes por Sócrates, Mênon introduz o “paradoxo sofístico do
conhecimento” (Mênon, 80d) pretendendo, desse modo, afirmar a impossibilidade da
investigação a partir do estado de aporia em que ambos se encontram. Como resposta,
Sócrates apresenta um “lógos verdadeiro” (Mênon, 81a 6), a anamnese. Prontamente
aceita por Mênon, e em nenhum momento do diálogo escrutinada com o rigor lógico
característico da dialética, a anamnese tem sido compreendida pela tradição crítica como
um elemento doutrinário na filosofia platônica, derivado da influência órfico-pitagórica.
Diferentemente, nossa hipótese procura interpretar os termos da resposta de Sócrates
como um ato performativo retórico cuja finalidade é obter o assentimento de Mênon –
nesse ponto um interlocutor refratário ao diálogo –, produzindo nele uma mudança de
disposição por meio da crença. Trata-se, portanto, da tentativa de ler a anamnese como
um exercício de apropriação filosófica dos procedimentos retóricos.

59
Caio Franco Assunção (Graduando, Universidade Federal de Minas Gerais)

A crítica platônica à retórica: entre o ser e o aparecer na República

Bastante debate-se atualmente os problemas que envolvem a crítica platônica à retórica,


especialmente nos diálogos Górgias e Fedro. Não há dúvidas que os novos paradigmas
de leitura dos ditos “sofistas” contribuíram para a compreensão da maneira que Platão
concebe a retórica. A concentração do debate nestes dois diálogos, no entanto, parece
impedir um aprofundamento do problema que envolve o discurso retórico. Considerando
a censura à produção de imagens, sejam elas visuais ou por meio de discursos, este
trabalho opta por pensar a crítica de Platão ao tema da retórica na República, tendo como
conceitos-chave o ser e o aparecer. Concentrando-nos nos livros V a VII, pretendemos
mostrar, brevemente, como noções importantes tematizadas nesses livros – tais como
aparência, semelhança e diferença, contradição e percepção – podem auxiliar na criação
de novas perspectivas para se pensar a crítica feita por Platão à produção de discursos.

60
Camila de Moura Silva (Doutoranda, Universidade de São Paulo)

Estratégias de autenticação nas antigas Vidas de poetas gregos

Esta comunicação investigará brevemente as estratégias de autenticação presentes nas


Vidas de poetas gregos. Serão delineados e exemplificados os dispositivos formais
empregados para assegurar a legitimidade de narrativas aqui compreendidas como
ficcionais. As Vidas de poetas gregos, escritas em geral séculos depois do período em que
viveram os “sujeitos ilustres” de que tratam, constituem um conjunto híbrido e
heterogêneo de textos, cujo verniz historiográfico causou confusões de longa duração
entre os estudiosos do gênero. Partindo de estudos seminais que demonstraram passo a
passo a ficcionalização inerente à construção dessas narrativas, elaboradas em grande
medida a partir de uma leitura “biografizante” das obras poéticas dos biografados e da
reprodução de anedotas típicas e de antiguidade incerta, perpassaremos as estratégias de
autenticação [Beglaubigung] historiográficas destinadas a aumentar sua credibilidade
frente ao público leitor. Em especial, revisaremos o tratamento crítico e a seleção de
fontes empreendidos pelos antigos biógrafos, utilizando-nos, para tanto, das conclusões
de Irene de Jong, Tomas Hägg e outros.

61
Camilo Fernández Cozman (Doutor, Universidad de Lima)

Campos figurativos y la destrucción de la máquina antropológica moderna en la poesía


de Blanca Varela

Blanca Varela, poeta peruana de llamada generación del cincuenta, en Valses y otras falsas
confesiones (1972) y Canto Villano (1978), hace uso del campo figurativo de la antítesis
y de las metáforas orientacionales para realizar la destrucción de la máquina
antropológica moderna. Varela realiza un cuestionamiento radical de dicha máquina
antropológica y, metafóricamente, la destruye con el fin de poner de relieve la búsqueda
de una continuidad entre el animal y el humano; asimismo impugna el antropocentrismo
cartesiano y, por ello, desacredita la idea de que el ser humano, en la modernidad, es
superior al animal, cuando se ha convertido en el principal depredador del planeta y ha
forjado campos de concentración en el siglo XX. La investigación intenta comparar la
obra de dos poemarios coetáneos de Varela: Valses y otras falsas confesiones y Canto
villano. Se emplearán cinco perspectivas analíticas: la lingüística cognitiva de George
Lakoff y Mark Johnson; la Retórica Cultural de Tomás Albaladejo; la Retórica General
Textual de Giovanni Bottiroli y el pensamiento posestructuralista de Giorgio Agamben.
De la primera se asimilará la clasificación en metáforas ontológicas, orientacionales y
estructurales. De la segunda se tomará el análisis interdiscursivo que implica comparar
poemas estableciendo el vínculo entre los recursos de estilo y las visiones del mundo.
Asimismo se asimilarán los aportes de la Retórica General Textual para observar cómo
en una obra literaria no hay un solo estilo, sino una pluralidad de estilos de acuerdo con
la visión polifónica de Mijaíl Bajtin. Además, se emplearán las contribuciones de
Agamben en torno al funcionamiento de la máquina antropológica moderna.

62
Daniela Brinati Furtado (Doutoranda, Universidade Federal de Minas Gerais)

O sorriso de Helena

O título da atual comunicação foi escolhido em referência ao capítulo 'Provocative Ideas


in the Writings of Gorgias' de Rossetti (2022), onde ele lê o 'Elogio de Helena' como o
texto em que Górgias se insere no debate relativo à isenção da culpa daqueles que agem
involuntariamente. Rossetti (nota 23, p.62) diz que Górgias acrescenta um ‘sorriso’ a tal
debate através do título (Elogio) e do final (com a referência ao 'paignion') do texto, que
deixam em aberto a posição de Górgias com relação a esse tópico. Diante disso, nossa
proposta é pensar essa referência ao 'paignion' com relação à persuasão do discurso
explorada na totalidade do Elogio. Para fazê-lo, realizaremos um paralelo com o apelo
final do 'Contra Neera' (§110-111), em que o júri é convidado a projetar-se anunciando às
suas esposas e filhas atenienses que foram persuadidos e culpados pela isenção de Neera.
Nesse sentido, propomos refletir se Górgias, ao classificar seu Elogio como um 'paignion',
estaria, ao reconhecer o poder persuasivo e irresistível do discurso, questionando se
aquele que é persuadido ainda arcaria com as consequências de admitir que foi enganado.

63
Dario Trevisan (Doutorando, Universidade de São Paulo)

Fama e merecimento na Biblioteca lusitana

Na cultura midiática que é a nossa, o tema da fama tem sido um tópico de interesse
acadêmico privilegiado, conforme atestam, entre outros, estudos históricos (BRAUDY,
1986), psicológicos (GILES, 2000) e literários (HARDIE, 2012) a seu respeito. Mas,
afinal, o que é a fama? Uma vez que o sentido desse conceito é condicionado por seu uso
em práticas linguísticas específicas, parece-nos inadequado buscar uma resposta que
resulte numa definição. Em vez disso, mais produtivo seria avançar uma “investigação
gramatical”, a dizer como Ludwig Wittgenstein (1953), identificando as circunstâncias
peculiares nas quais os usos particulares da fama se efetivam, a fim de oferecer uma
apresentação panorâmica desses usos. Nas letras luso-brasileiras do século XVIII, a
Biblioteca lusitana (1741-59), de Diogo Barbosa Machado, um catálogo impresso de
mais de cinco mil vidas de autores portugueses, é obra privilegiada para elaborar uma
investigação dessa natureza. Da observação atenta dos usos da palavra fama na obra,
percebe-se, por exemplo, uma cerrada associação sua com o conceito de merecimento. Na
vida dos autores, ter sido agraciado com a fama, isto é, com o amplo reconhecimento
social, ainda que restrito ao espaço da Corte, é critério relevante para merecer dignidades
diversas na hierarquia do Reino e/ou da Igreja. No entanto, a fama – e, portanto, os ofícios
galgados – não é descrita como fruto do mero acaso, de influência política ou familiar,
sendo antes entendida como consequência da avaliação positiva, na Corte, de
determinadas virtudes desempenhadas pelo autor elogiado. Partindo dessa hipótese, esta
comunicação buscará descrever a realização retórica de tal articulação, proposta aqui
como chave na economia da Biblioteca (Processo nº 2022/07144-7, Fundação de Amparo
à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). As opiniões, hipóteses e conclusões ou
recomendações expressas neste material são de responsabilidade do(s) autor(es) e não
necessariamente refletem a visão da FAPESP).

64
Delzio Marques Soares (Mestre, Universidade de Franca)

A banda de Rogério Duprat e os muitos lados da tropicália

A Tropicália inaugura procedimentos composicionais inovadores não só âmbito da


música, mas marca um ponto de inflexão, também, no design de capas de discos no Brasil.
Nesse sentido, o discurso que se dá pela música gravada no disco de vinil se expande e
complementa-se na visualidade da capa, constituindo um todo discursivo até então inédito
na indústria fonográfica brasileira. O ethos tropicalista encontra-se sedimentado em
muitos estudos, mas a abordagem das capas dos LPs inaugurais do movimento, como
discursos verbo-visuais que referendam um discurso maior, só agora aparece com a
publicação do meu livro "Por entre traços e cores: a Retórica do Design nos LPs da
Tropicália". O objetivo desta comunicação é apresentar uma breve análise do lado frontal
da capa do álbum "A banda tropicalista do Duprat", de Rogério Duprat, no sentido de
demonstrar como ela argumenta na constituição desse ethos. Para isso, tomo como
referencial a teoria da argumentação de Perelman e Olbrechts-Tyteca e o percurso de
leitura da imagem proposto por Barthes.

65
Diogo de França Gurgel (Doutor, Universidade Federal Fluminense)

Metáfora e Contexto

A Teoria da Relevância (originalmente desenvolvida por Wilson e Sperber) comporta um


modelo deflacionário de metaforicidade segundo o qual há um continuum entre o uso ad
hoc de conceitos e a veiculação metafórica de efeitos poéticos. Metáforas, em geral,
seriam cognitivamente e comunicacionalmente relevantes pela grande quantidade de
efeitos cognitivos fracos que promovem. Em minha apresentação, procurarei expor a
inaptidão da Teoria da Relevância para explicar o funcionamento semântico de diversos
tipos de metáforas (como, por exemplo, “Meu advogado é um tubarão”). Entrando em
acordo com L. David Ritchie em Context and Connection in Metaphor, entendo que certas
metáforas atuam não promovendo associações entre “atributos primários” ou
“definitórios” dos conceitos expressos, mas sim entre atributos “secundários” ocorrentes
diversas dimensões cognitivas (incluindo dimensões esquemáticas, proprioceptivas,
afetivas,...). Minha argumentação culminará com a afirmação da tese de que ajustes
perceptivos e alterações no próprio contexto de proferimento são efeitos cognitivos de
grande porte, promovidos por metáforas, e não contemplados devidamente pela Teoria da
Relevância.

66
Diogo Norberto Mesti da Silva (Doutor, Universidade Federal de Santa Catarina)

Duas tradições sobre a imaginação na história da filosofia da educação

O objetivo da presente comunicação é apresentar algumas ideias exploratórias centradas


em uma hipótese de trabalho que está conectada com a oposição proposta por Vico em
seu Ratio Studiorum del Tempo Nostro, em que ele pensa em dois métodos ou duas
perspectivas filosóficas que ele chama de tópica e crítica. Usando isso como uma
concepção de filosofia da história e tomando o conceito de imaginação como um dos
centros dessa disputa apresentada por Vico iremos expandir essa oposição para a história
da filosofia da educação. O objetivo é perceber como a tensão entre tópica e crítica
centrada na valorização ou controle da imaginação é fundadora no campo da educação e
se manifesta concretamente na organização do currículo escolar e nos grandes debates ao
redor das reformas curriculares.

67
Dreykon Fernandes Nascimento (Mestrando, Universidade Federal do Espírito
Santo)

Afinidades entre poeta e orador como autoridade para a natureza do poema didático

O presente trabalho propõe discutir a natureza do epos de espécie didática, autorizada


pela afinidade que seus preceptistas estabelecem entre poética e retórica e entre poeta e
orador, reconstituindo uma breve arqueologia do gênero da Antiguidade greco-romana à
Primeira Modernidade europeia e de suas colônias, e como, por meio desta tradição,
podemos ler o poema didático Brasilienses Aurifodinae ou Minas de Ouro Brasileiras,
escrito pelo poeta luso-brasileiro Basílio da Gama no início do século XVIII. Embora não
possamos considerar obras que versem sobre o trabalho no campo ou a investigação dos
astros quer como épica, quer como poesia, se baseados nos preceitos poéticos platônico-
aristotélicos, a crítica antiga tende a variar com o trabalho dos "poeta-crítico-
bibliotecários" de Alexandria e, depois, com figuras latinas, tais como Cícero, Horácio,
Quintiliano e Diomedes. Como demonstraremos, esta discussão antiga acerca da natureza
do poema didático chega à Primeira Modernidade, comparecendo nos tratados de
Girolamo Vida, Antonio Mintuno, Antonio Lulo, Francisco Cascales, Ignacio de Luzán,
Francisco José Freire, Luís António Verney entre outros, razão pela qual defenderemos
ser ainda possível no século XVIII américo-português compor uma obra como as
Brasilienses Aurifodinae sem incorrer na indecência retórica.

68
Edson da Silva Afonso (Doutorando, Universidade de São Paulo)

Elenchos e retórica no diálogo Primeiro Alcibíades, de Platão

No diálogo platônico Primeiro Alcibíades, Sócrates afirma que o jovem Alcibíades estava
habituado apenas a ouvir, de modo passivo, os discursos dos oradores, não atuando, assim,
como protagonista na construção de seu próprio conhecimento. Nesse sentido, o elenchos
socrático é necessário, pois sua finalidade é, diferentemente da retórica, tornar a
participação do interlocutor imprescindivelmente ativa. Esta proposta de comunicação
tem como objetivo examinar como o método socrático de perguntas e respostas incita o
interlocutor a ocupar posição de sujeito ativo na construção do conhecimento. Para tanto,
analisaremos, sobremaneira, o diálogo entre Sócrates e Alcibíades a partir da passagem
112e. Defendemos que o elenchos tem uma carga positiva, que consiste em advertir a
respeito da necessidade do cuidado da alma.

69
Eduardo Sinkevisque (Doutor, Biblioteca Brasiliana Guita e José Mindlin -
BBM/USP)

Arquitetura como Palavra / Palavra como Arquitetura: o epidítico alto no Breve


Compêndio e Narração do Fúnebre Espetáculo (1709) e alguns de seus usos da écfrase

A comunicação apresenta o Breve Compêndio e Narração do Fúnebre Espetáculo (1709),


composto por Sebastião da Rocha Pita. Analisa modelos de imitação/emulação do
epídítico alto, do elogio fúnebre, definindo-os. Entre as matérias do compêndio, a
comunicação se atém em especial ao texto construído por Rocha Pita, que noticia as
exéquias de D. Pedro II na Bahia dos Setecentos. É possível, a partir do conceito de ut
pictura poesis, demonstrar, por homologia, por afinidade de conceitos, uma espécie de ut
arquitetura história / ut história arquitetura no texto. Para isso, será preciso definir ut
pictura poesis, história, arquitetura, evidenciando em que medida a narração da cerimônia
fúnebre e a descrição do túmulo efêmero de D. Pedro II erguido em Salvador são feitas
por meio de usos da écfrase.

70
Fabio da Silva Fortes (Doutor, Universidade Federal de Juiz de Fora)

Persuasão e psykagogía no Fedro de Platão

Quais são os efeitos da persuasão em vista da contraposição que Platão faz entre retórica
e dialética no Fedro? A persuasão, associada a uma “condução das almas” (uma
psykhagogía), assim como ocorre com outros marcadores temáticos (tais como éros, a
loucura, a escrita…) é explorada, neste diálogo, sob o signo da divisão (diaíresis) e da
reunião (synagogé), havendo, assim, uma persuasão que converge com o efeito logrado
pela retórica (como a de Lísias) versus uma persuasão dialética, filosófica (como a do
próprio Platão). No entanto, não é em vão que, nesse diálogo, sejam evocados os
exemplos de Nestor, Odisseu e Palamedes, ao lado dos de Górgias, Trasímaco e Teodoro:
são, respectivamente, figuras míticas e históricas que se notabilizaram pelo uso de seus
discursos, influenciando e conduzindo a opinião helênica ou trazendo inovações na arte
retórica. O que Platão tem a dizer ao evocar a memória desses “rétores”? Nessa
comunicação, pretendemos ler a passagem do Fedro em questão, sublinhando as
distinções e confluências entre retórica e filosofia.

71
Fabrício Vieira (Graduado, Universidade do Estado de Minas Gerais)

Outvertising e empoderamento: uma análise retórico-discursiva de campanhas


brasileiras

Este trabalho tem como objetivo analisar a retórica do empoderamento LGBTQIAP+ em


outvertisings, tendência publicitária que traz à tona a representatividade e o protagonismo
do público dessa comunidade. Para isso, foram analisadas quatro campanhas brasileiras
que têm como mote a valorização desse público, a fim de observar como se dá a tentativa
discursiva de se contribuir para o empoderamento deste grupo social, a partir da
identificação das estratégias retóricas empregadas. Os resultados demonstram que, no
outvertising, há, em geral, a representatividade efetiva, ou seja, a tendência é não limitar
os sujeitos representados, trazendo pessoas de diversas outras minorias sociais em suas
campanhas; há propagação da ideia de inclusão, aceitação e pertencimento, relacionados
à autoafirmação, à autoconfiança e à autovalorização construídas por meio do ethos, do
pathos e do logos. Tais percepções coincidem com as conclusões de Herby (2016) e
Mozdzenski (2019), que se ocupam da retórica da publicidade lacração, os quais
compõem o quadro teórico desta pesquisa, assim como Aristóteles, acompanhados de
Rocha (2010) – para quem o discurso publicitário é entendido como retórica do capital –
, Zeisler (2016), que se dedica ao estudo do empowertising. Porém, mais do que observar
as estratégias retóricas empregadas, o trabalho ainda busca refletir sobre como tais
estratégias, ao mesmo tempo que empoderam, buscam também levar ao consumo.

72
Fabrizia Nicoli Dias (Mestre, Universidade Federal do Espírito Santo)

O gênero epidítico como objeção à filosofia na correspondência de Frontão

A partir de sua correspondência, Frontão (c. 95 d.C. – c. 167) recupera, no cenário


imperial romano, o debate entre concepções próprias da retórica e da filosofia. Neste
trabalho, discutimos a concepção frontoniana do epidítico — isto é, os discursos elogiosos
e vituperantes — e como essa se insere na antiga disputa travada entre a eloquência e a
filosofia por conquista de espaços. Para isso, as cartas são examinadas a partir das práticas
demonstrativas antigas e do discurso teórico sobre esse gênero na Antiguidade. A
motivação para tal pesquisa se dá pela observação do parcial silêncio e aversão, na
tratadística latina, quanto aos encômios e às censuras e, ainda, da existência de um
discurso filosófico negativo sobre a retórica e as peças demonstrativas. Pode-se
considerar, de maneira preliminar, que, diante de uma fortuna teórica filosófica a expurgar
os louvores e as repreensões como partes de uma suposta má retórica, Frontão evidencia,
em seu contexto imperial, ser o exercício da dialética dependente da técnica retórica e,
por essa razão também, sujeito à prática do gênero epidítico.

73
Felipe Guimarães de Oliveira Souza (Doutorando, Universidade Federal de
Pernambuco)

Direito, literatura e imagem: Uma Análise do Conto As Babas do Diabo

O intuito da apresentação é aproximar os estudos envolvendo retórica visual e o direito


como literatura. Uma análise pormenorizada do conto As Babas do Diabo de Julio
Cortázar servirá de base para enfrentarmos a temática. O estudo se divide em três
subseções. A princípio realçaremos o papel retórico da literatura e suas conexões com as
narrativas criadas pelos tribunais. Em sequência, um amplo panorama dos mais recentes
estudos em retórica visual, realçando a importância de compreender as imagens para além
de certos truísmos que a associam à realidade objetiva, postura identificada ao realismo
ingênuo. Assim será possível explicitar sua natureza eminentemente retórica, já que ela,
a imagem, reconstrói o real a partir dos recursos da aparelhagem técnica, do contexto de
exibição e das múltiplas intencionalidades dos intérpretes. Por fim, a análise do conto
buscará conectar a atividade retórica associada à linguagem tradicional, que na obra se
depreende dos diversos recursos metaficcionais utilizados por Cortázar, às angústias,
indagações e interpretações realizadas por Michel, personagem principal do conto.

74
Fernando Martins Lara (Mestrando, Universidade de São Paulo)

Machado de Assis e a concepção do ethos em Americanas: o poeta in absentia

Em 22 de julho de 1900, o prefácio de Ocidentais era redigido para introduzir um livro


novo ligado aos três anteriores, Crisálidas, Falenas e Americanas. O introito informava
que a série antiga seria republicada a fim de possibilitar ao leitor uma perspectiva de toda
a produção do Bruxo do Cosme Velho, mas com a supressão de algumas páginas, o
suficiente para a compreensão de sua poética ao longo de diversas idades em que compôs
esses versos. Tal intenção diferia profundamente daquela presente, portanto, nas primeiras
edições de cada uma dessas obras, conforme evidenciava o próprio Machado. Tendo em
vista a ausência da “Advertência”, da “Cantiga do Rosto Branco” e das “Notas ao Leitor”
na publicação de Americanas em 1901 com relação a sua primeira Edição em 1875,
propõe este trabalho que se investiguem alguns aspectos da constituição do ethos nas duas
situações distintas, levando em conta suas concepções da matéria tratadas retoricamente
dentro de sua peculiar poética. A leitura do terceiro livro de poemas, comparando as
escolhas retóricas entre as edições de Americanas, pode melhorar a compreensão das
estratégias desse orador cuidadoso para seu auditório nacional.

75
Hiago Mendes Guimarães (Doutor, Ministério dos Direitos Humanos e da
Cidadania)

Hermenêutica filosófica e retórica constitutiva: considerações a partir do direito à


reunião no ordenamento jurídico constitucional brasileiro.

Este trabalho tem por objetivo compreender possíveis proximidades entre a hermenêutica
filosófica e a retórica constitutiva, a partir de uma análise do direito à reunião no
ordenamento jurídico constitucional brasileiro. A relação entre a hermenêutica filosófica,
em particular na proposta de Hans-Georg Gadamer, e a retórica já foi objeto de estudo em
vários trabalhos; entre estes, destacamos K. Dockhorn (1980) e H. M. Guimarães (2021).
Este último, entre outros pontos, pautou a proximidade entre hermenêutica filosófica e
retórica a partir da hermenêutica jurídica. Sobre este ponto, Guimarães (2021) apresenta
uma leitura que relaciona hermenêutica filosófica e retórica a partir dos conceitos de stasis
e aplicação, nos quais a hermenêutica jurídica desponta como modelo exemplar,
conforme análise de Gadamer (2006) em Verdade e Método. Neste sentido, levantamos a
hipótese de que a leitura destacada pode ser complementada pela retórica constitutiva.
Para tanto, propõe-se como mote de análise o direito à reunião. Peça central das liberdades
fundamentais, o direito à reunião é marca constituinte da ordem constitucional
contemporânea, dado, entre outros aspectos, o caráter constitutivo do povo reunido em
assembleia.

76
Isaac Reis (Doutor, Universidade de Brasília)

Contribuições da Retórica para a Teoria do Direito: respostas novas (e vigorosas) a


partir de uma tradição antiga

O giro retórico ocorrido no século XX transformou de modo irreversível a Teoria do


Direito e o campo jurídico. Partindo sobretudo da obra de Theodor Viehweg e da
retomada dos escritos de Aristóteles, um conjunto bastante diverso de estudos têm
contribuído para superar imagens idealizadas e abstratas das práticas jurídicas. Tais
imagens, no entanto, ainda são hegemônicas tanto na academia quanto no senso comum,
aí incluído o dos praticantes profissionais. A partir desse contexto, busca-se refletir sobre
os elementos de uma Teoria Retórica do Direito, de bases realistas, que possa superar as
idealizações e retratar o direito enquanto prática social concreta, vale dizer, fundada em
situações pragmáticas pelas quais a comunidade dos juristas tece os fios simbólicos que
permitem sua produção e reprodução. Entende-se que uma tal teoria, principalmente se
enriquecida com contribuições teórico-sociológicas, empírico-metodológicas e de teoria
política, possa contribuir para revigorar tanto a Teoria do Direito quanto o senso comum
jurídico.

77
Jean Pierre Chauvin (Doutor, Universidade de São Paulo)

Oratória e Bom-Gosto segundo João de Nossa Senhora da Porta Siqueira

No Prólogo à segunda impressão de Escola de Política ou Tratado Prático da Civilidade


Portuguesa (Porto, 1791), João Siqueira estima que os homens, desde tenra idade,
aprendam com as sentenças capazes de inspirar virtude e probidade, de modo a que sua
felicidade se irradie para toda a nação. Dividido em doze capítulos, o mais extenso está
reservado à Ars Dictaminis. Nele, o autor discute aspectos materiais (partes do
documento, tipo de papel e dobradura); temáticos (os variados assuntos correspondentes
a cada tipo) e estilísticos, bem como a disposição dos elementos que compõem a missiva
etc. Nesta comunicação, apreciam-se as seções do Tratado Prático, especialmente aquelas
que discutem as cortesias (II); os modos de conversação (IV); o aspecto físico do cortesão
(V) e o seu comportamento à mesa (VIII), com vistas a sugerir diálogos entre as
cerimônias de representação e regras de cortesania com as fórmulas que prescrevem a
composição de cartas. Escola Política relembra a importância da correspondência para a
comunicação eficaz e o trânsito decoroso dos súditos nos espaços reservados ao rei, à
nobreza e ao clero, no final do século XVIII, em Portugal.

78
Jéssica Maria Pereira Cordeiro (Mestranda, Universidade Federal da Bahia)

Vida precária: a vulnerabilidade humana sob uma perspectiva retórica das emoções

A força da retórica aristotélica é relativa a uma filosofia que reflete a ação, a liberdade,
os afetos, a fragilidade humana e sua condição diante do contingente. Sem querermos
incorrer em anacronismos, Aristóteles antecipa questões que nos parecem muito atuais. A
noção de precariedade da vida, no pensamento de Judith Butler, por exemplo, concebe
aspectos da condição humana, de nossa incontestável fragilidade e do fato de que ser um
corpo vivo é desde sempre estar exposto. Ao falarnos de um “defrontar-se com”, da reação
de um corpo que se depara com o que é o outro e reage em um espectro de emoções, há
algo em suas considerações que podem ser tomadas por uma perspectiva retórica das
emoções. Certamente, Aristóteles não considera, tal qual faz Butler, que mesmo em nossa
inerente vulnerabilidade não estamos em condições iguais. Há vidas mais precárias do
que outras, há vidas que precisam “negociar” sua existência e seu direito ao luto. No
entanto, a retórica ainda pode nos oferecer lições importantes sobre o que é viver em uma
realidade contingente e como devemos buscar nas circunstâncias e no verossímil o
material com o qual possamos orientar nossas decisões.

79
José Luis Martinez Amaro (Doutor, Universidade de Brasília)

La retórica epidíctica en la literatura hispánica

En lugar de una forma sin herencia, lo literario a partir de la larga duración de los
ejercicios retóricos y sus modelos. Un corpus de griegos menores, preceptiva común en
la España del siglo de oro se extiende aquí a las letras contemporáneas. Una historia de
la literatura articulada a partir del género epidíctico permite leer a Cervantes, o Gracián,
como practicantes de las ideas de estilo de Hermógenes, así como a autores modernos
como Herrera y Reissig, Borges o Lezama Lima. En lugar de un Moya maldicente uno
que sigue la línea negativa del vituperio, como enseña Menandro. En lugar del genio
kantiano de Borges, un Borges que ejerce una denóités, una habilidad hermogeniana,
descrita como la de aquel que domina todas las técnicas. En el caso de Lezama Lima, en
lugar de un neobarroco, un hermogeniano esplendor. En esta clave, Herrera y Reissig
puede afirmar epidicticamente que las uruguayas son pudorosas o cachondas, Cervantes
incorporar el vituperio a Avellaneda como parte importante de la novela y Gracián
defender la mezcla de modelos de los discursos poéticos.

80
Julia Araujo Borges (Doutoranda, Universidade Federal Fluminense)

As estratégias retóricas do discurso ciceroniano no Pro Archia

Uma das maiores heranças que a cultura ocidental do mundo moderno recebeu da
Antiguidade Clássica foi o pensamento crítico juntamente com os valores morais e
políticos. Pensar, especificamente, em valores romanos é, certamente, recordar a pietas,
e a uirtus, preceitos que este povo considerava propriamente seus e fundamentais para a
vida em sociedade. O Homem, como um ser inserido numa sociedade, deve ser versado
em ‘urbanidade’ e em ‘cultura’, para que possa viver em comunhão com o outro. Desta
forma, o cidadão ideal, na Antiguidade, seria aquele que cultivasse o espírito e o intelecto,
portanto, um cidadão dotado de Humanitas. A pesquisa se pautará no discurso Cícero,
orador que fazia a realidade da vida subir à inteligibilidade da teoria, e esta descer àquela,
e, nessa ida e vinda, fazer esses dois momentos encontrarem-se, unindo pensamento e
ação. Para uma investigação mais profunda, será analisado o seu célebre discurso Pro A.
Licinio Archia Poeta Oratio. Nele, é defendido um “homem das Letras” e boa parte do
seu discurso argumentativo gira em torno de pressupostos extra-causam, haja vista que
suas justificativas em defesa de Árquias evidenciam a cultura humanística, entendida aqui
pelas Letras – poesia, retórica, filosofia e gramática.

81
Kathrine Butieri (Doutoranda, Pontifícia Universidade Católica de São Paulo)

“Retórica”: formação de fórmulas discursivas em situação limítrofe entre a erística e o


clichê

O termo “retórica”, assim como a disciplina, sofreu profundo desgaste e desprestígio ao


longo do tempo e, por consequência, a palavra assumiu um sentido de discurso vazio,
apenas enfeitado, mas sem conteúdo efetivo. Ainda hoje, é possível observar sobretudo
nos discursos dos ministros do Supremo Tribunal Federal brasileiro o uso do termo
“retórica” em sentido pejorativo, apesar da força da Nova Retórica. A frequência no uso
do termo dentro e fora do judiciário nos permitiu observar a cristalização da palavra
“retórica”, em um momento de mudanças em que o protagonismo político da Suprema
Corte mostra a forte presença no espaço da opinião pública. O objetivo de nossa pesquisa
é analisar os sentidos e os meios persuasivos pretendidos pelos oradores ao usarem a
palavra “retórica” (e suas expressões correlatas) nas decisões monocráticas proferidas
pelos ministros do STF, tanto na concepção da palavra, como no uso de estratégias
argumentativas. De modo a alcançarmos tais objetivos, fundamentamo-nos em Amossy
(2010), Mateus (2018), Krieg-Planque (2010, 2002). Observamos por meio da pesquisa
que as fórmulas discursivas com a palavra “retórica” serviram para encerrar a
controvérsia e vencer a discussão em situação limítrofe entre a erística e o clichê.
Concluímos que a circulação dessas fórmulas com a palavra “retórica” na atualidade
precisa ser reavaliada para que se efetive uma troca argumentativa entre os interlocutores.
Propomos ainda considerar os outros significados positivos da retórica para serviço da
persuasão e da dialética.

82
Laura Fajardo Yamagishi (Graduanda, Universidade de São Paulo)

Elementos do gênero judicial em Dom Casmurro

Baseando-se no pressuposto de que o romance Dom Casmurro, de Machado de Assis,


possa ser lido como uma peça oratória, à presente análise interessa investigar como o
advogado Bento Santiago mobilizou estratégias argumentativas do gênero judicial para
tornar o seu relato verossímil e, dessa forma, convencer os leitores da sua inocência e da
culpa de Capitu. Para tanto, em primeiro lugar, retomam-se sucintamente os estudos de
Helen Caldwell e de Silviano Santiago, uma vez que ambos enfatizaram em suas obras o
caráter judicial do romance. Em seguida, expõem-se os preceitos retóricos fundamentais
para a análise – aqui, será referenciada uma seleta de tratados de retórica latinos e
oitocentistas –, dando maior destaque àqueles que dizem respeito à narratio – segunda
parte do discurso forense, destinada à exposição dos fatos. Finalmente, demonstra-se
como tais princípios se manifestam em Dom Casmurro. A presente exposição tem como
objetivo expandir os territórios da análise machadiana com um enfoque retórico, haja
vista que, conforme apontam os estudos iniciados sobretudo na década de 1960, Machado
de Assis não apenas conhecia os manuais de retórica como também aplicou em sua
produção literária alguns preceitos dessa arte.

83
Luan Corrêa da Silva (Doutor, Universidade Federal de Santa Catarina)

A importância da metáfora para a formulação de uma retórica em Schopenhauer

O objetivo desta proposta é o de refletir acerca da gênese, estrutura e importância da


metáfora para a concepção filosófica de Arthur Schopenhauer para a formulação de uma
retórica em Schopenhauer. Esta proposta se desdobra nos seguintes objetivos: 1)
apresentar a influência da Retórica e da Poética aristotélicas para a formulação de uma
retórica em O mundo como vontade e representação, 2) investigar a importância da
imagem e do som na metafísica do belo de Schopenhauer e o seu impacto para o discurso
filosófico, e 3) avaliar a repercussão dessa concepção para a filosofia nietzschiana da
linguagem nos escritos do primeiro período de sua produção, centrada numa concepção
metafórica da linguagem.

84
Lucas Lazzaretti (Doutor, Universidade Federal do Paraná)

Comunicação indireta e retórica indireta em Kierkegaard

Søren Kierkegaard é reconhecido pelo uso poético na sua produção filosófica, vertente
estilística que é fundamental para o desenvolvimento de sua análise sobre o fenômeno da
existência. Um traço fundamental dessa poética, no entanto, é marcado por aquilo que o
filósofo chama de comunicação indireta. Usualmente analisada sob um viés estritamente
filosófico e/ou teológico, a comunicação indireta corresponderia à resistência do
fenômeno da existência diante das tendências de conceituação abstrata da filosofia
pretensamente objetiva. Nesse sentido, a poética kierkegaardiana é tomada somente sob
as determinações de seu conteúdo, sem indicar um retrabalho da estrutura e da forma do
discurso. A comunicação aqui proposta pretende analisar de que maneira Kierkegaard
vale-se de um retrabalho de categorias clássicas da retórica para formular sua dialética da
comunicação indireta. A intenção deste trabalho é demonstrar como a forma da exposição
(poética/retórica) constitui o próprio conteúdo da filosofia kierkegaardiana, permitindo
então uma revisão sobre as formas de abordagem usualmente conferidas ao filósofo
dinamarquês e, sobretudo, às abordagens da questão existencial.

85
Luiz Filipe Araújo (Doutor, Universidade Federal de Viçosa)

Aproximação antropológica para a atualidade da retórica jurídica

A grande pergunta kantiana não reside nas três questões apresentadas pelo movimento
crítico de sua filosofia, mas sim a pergunta que ficou oculta em toda a recepção
estritamente kantiana do século XIX: O que é o humano? Os pioneiros para a quebra
desse dogmatismo foram filósofos pertencentes a tradições diversas: Herder,
Schopenhauer e Nietzsche, que ao seu modo compreenderam o humano como um animal
carente, ou mesmo doente. Este problema só foi retomado no século XX com a
antropologia filosófica e ainda se mantem praticamente desconhecido pelo discurso
jurídico tradicional. Por isso, dentre os estudos afeitos ao direito, a retórica jurídica possui
questionamentos fundamentais que podem se aproximar das discussões da antropologia
filosófica. Uma vez que ela parte de uma visão compartilhada sobre o que é o humano,
apresenta as instituições jurídicas e linguísticas sob um controle público da linguagem e
argumenta sobre noções pluralistas para uma ética da tolerância. Neste sentido, as
aproximações antropológicas da retórica de Hans Blumenberg⁠ e as delimitações feitas por
João Maurício Adeodato⁠ são posições complementares a uma crítica dos absolutismos da
verdade jurídica, como o direito natural. A partir dessas bases seria possível pensar uma
retórica do direito em diálogo com a antropologia filosófica.

86
Maicon Reus Engler (Doutor, Universidade Federal do Paraná)

Platão e a epídeixis da transcendência

Ao longo dos Diálogos, nota-se um debate incessante de Platão com aquele que era não
apenas um dos gêneros retóricos posteriormente catalogados por Aristóteles, mas também
o principal método de ensino dos sofistas: o discurso epidítico. O debate de Platão é
ambíguo e não consiste em uma simples recusa: ao mesmo tempo em que critica o excesso
e os limites da epídeixis, ele se vale de seus elementos em diversas ocasiões, como
quando, por exemplo, emula a oração fúnebre de Péricles, no Menexeno. No interior desse
cenário, gostaria de chamar a atenção para um fato pouco discutido, a saber, Platão utiliza
a epídeixis, em diálogos como o Fedro, a República e o Teeteto, com o intuito de descrever
e louvar um lugar que, segundo ele, nenhum poeta ainda cantou: a transcendência.
Noutras palavras, mostro que a criação do mundo inteligível e sua contraposição com o
sensível, com todas as consequências advindas disso, ocorre no interior de uma série de
potentes discursos epidíticos que criam, elogiam e descrevem o tópos da transcendência.

87
Marcos Sidnei Pagotto-Euzebio (Doutor, Universidade de São Paulo)

Estrutura e argumento no "Contra os Sofistas" de Isócrates

A comunicação discute a estrutura argumentativa do "Contra os Sofistas" de Isócrates, na


qual o autor critica três grupos de professores da arte do lógos. Os professores de oratória
judiciária e autores de manuais são considerados os mais moralmente condenáveis. Sendo
os últimos de quem o texto trata, são também os mais distantes da paideía isocrática. Na
outra ponta do discurso, no início do Contra os Sofistas, Isócrates coloca os disputadores,
os erísticos-dialéticos. No entanto, a crítica feita a eles é atenuada porque, no lugar de
ensinarem a litigar, dizem investigar a verdade e transmitir a virtude, e a intenção, mesmo
equivocada, os salva da condenação completa. Entre os dois, equidistante de dois
extremos, Isócrates coloca a sua philosophía, ao criticar os que ensinam inadequadamente
o lógos político. Desse modo, erísticos e autores de manuais, errando os alvos da educação
erram, também, os meios. Os primeiros têm um alvo moralmente bom, mas impossível;
os segundos, um alvo possível, mas moralmente ruim. Quanto aos professores de
discursos políticos, escolheram o melhor dos alvos, mas ignoram os meios de alcançá-lo.
Isócrates, por sua vez, terá acertado o fim e os meios.

88
Marcus De Martini (Doutor, Universidade Federal de Santa Maria)

A criação de um sermonário vieiriano: sobre a disposição dos sermões de Padre Antônio


Vieira na edição oitocentista de Padre Antonio Onorati

A disposição dos sermões de Padre Antônio Vieira (1608-1697) em sua Editio Princeps,
que parece não seguir uma ordem específica, é ainda um assunto obscuro na bibliografia
sobre o autor, apesar das pistas aventadas por Margarida Vieira Mendes, em uma das
obras mais importantes sobre a sermonística vieiriana, o seu A Oratória Barroca de Vieira.
A disposição original, sendo assim “aparentemente” aleatória, não foi levada em
consideração em muitas edições posteriores, a exemplo das Obras Completas do jesuíta,
recentemente publicadas. O mesmo vale para uma das mais importantes compilações de
sermões vieirianos do século XIX, O Crysostomo Portuguez (1878-90), organizada pelo
também jesuíta Padre Antonio Onorati (1829 – 1881). Nessa obra, que pretendemos
analisar aqui, composta de cinco volumes, Onorati buscou apresentar Vieira como modelo
de pregador evangélico em língua portuguesa para oradores principiantes. Assim, entre
outras interferências editoriais, Onorati alterou ainda a disposição das prédicas, de modo
a organizá-las de acordo com o calendário litúrgico da Igreja, a fim de aparentemente
facilitar seu uso pelos religiosos, criando assim um sermonário, o que Vieira afirmara, no
prólogo da Editio Princeps, ter evitado fazer.

89
Najla Cristina de Jesus Gaia (Mestranda, Universidade Federal de Minas Gerais)

A caracterização da filosofia isocrática no Elogio de Helena de Isócrates

Helena é, sem dúvidas, uma das mais complexas figuras da literatura na antiguidade. Por
isso, alguns pensadores se dedicaram a apresentar (no teatro, como Eurípides) ou discutir
(nos textos chamados de retóricos, como Isócrates e Górgias) a complexidade dessa
personagem em uma pluralidade de interpretações, no decorrer da Antiguidade Clássica.
Este trabalho visa então investigar o “Elogio de Helena” de Isócrates. Na obra, o autor
pretende demonstrar como fazer um verdadeiro encômio, em réplica a Górgias. E, além
de buscar constituir um novo olhar sobre Helena a partir do discurso, Isócrates apresenta
o seu modelo de educação através da retórica, construindo um elogio à sua filosofia. Haja
vista que, elogiar Helena demonstrando que, além ser diferenciada das outras mulheres
que já existiram, aqueles que a amaram e a admiraram são dignos de admiração, é de certa
forma uma maneira de elogiar a filosofia isocrática, como pretendemos defender, e
demonstrar que aqueles que se dedicam à ela são diferenciados e dignos de admiração.
Sendo assim, também pretendemos explorar como a menção a Teseu no texto, enquanto
uma testemunha das qualidades de Helena e o mais virtuoso dentre os homens, pode ser
uma alusão ao filósofo que se dedica à filosofia isocrática.

90
Nazareno Eduardo de Almeida (Doutor, Universidade Federal de Santa Catarina)

Retóricas patológicas e política da significação: formação, transformação e deformação


de sentidos e valorações sociais

O tema da apresentação procura mostrar que, no mundo contemporâneo, os diversos


meios, agências e práticas de comunicação desenvolvem o que podemos chamar de
retóricas patológicas, as quais visam formar, transformar ou deformar sentidos e
valorações de fatos sociais através do uso de meios semióticos multimodais
(especialmente pela mistura de palavras e imagens). Esses meios são patológicos porque
se voltam para os níveis emocionais e reativos da significação, visando, assim, formar,
transformar ou deformar o nível simbólico das significações socialmente compartilhadas,
nível no qual há espaço para a reflexão, ao contrário dos outros, que são mais imediatos
e mesmo inconscientes. Essas retóricas patológicas são poderosos instrumentos do que
podemos chamar de política da significação ou semiopolítica, entendida enquanto
conjunto de práticas e dispositivos em que estão em disputa os sentidos e valorações
sociais na semiosfera ("cultura") compartilhada, disputa que põe em jogo diferentes
concepções de vida e de mundo. A partir da apropriação da concepção dos três tipos de
interpretantes (emotivos, energéticos e simbólicos) proposta por Charles Peirce em sua
obra tardia, é possível mostrar como os instrumentos da retórica patológica fazem parte
das políticas de significação capazes de formar, transformar ou deformar os sentidos e
valorações de fatos sociais compartilhados.

91
Pedro Juan Caldas Veras (Mestrando, Universidade Federal de Minas Gerais)

Retórica e dialética

Na abertura da obra Retórica, de Aristóteles (Ret. 1, 1354a), o filósofo afirma que esta
arte (a retórica) é a contraparte (antistrofos) da dialética. Na presente comunicação,
propomos explorar as características e implicações dessa relação. A partir de uma análise,
principalmente, do conteúdo do livro I, investigaremos de que maneira a retórica e a
dialética possuem propriedades compartilhadas, o que significa dizer que não pertencem
a nenhum gênero particular ou definido, e que ambas partem de premissas geralmente
aceitas. Trataremos, ainda, da caracterização do silogismo dialético – a partir de uma outra
obra de Aristóteles, os Tópicos (Top. 1, 100a) –, identificado como raciocínio resultante
de proposições, primordiais e verdadeiras ou de princípios cognitivos derivados
igualmente de proposições primordiais e verdadeiras ou geralmente aceitas.

92
Pedro Mauricio Garcia Dotto (Doutorando, The New School for Social Research)

A consistência das considerações platônicas sobre a retórica (Apologia, Górgias,


Banquete, Fedro e Político)

Comentadores da obra platônica tendem a assumir que o filósofo alterou sua percepção
da retórica no decurso do tempo. Geralmente, tais comentadores se concentram nas
críticas que Sócrates desfere à retórica no Górgias e na reivindicação de uma retórica
coligada à filosofia no Fedro para constatar uma descontinuidade fundamental no
tratamento de Platão à retórica (e.g., Hackforth; Rowe; Nicholson). Pelo contrário, o meu
objetivo nesta apresentação será desmonstrar uma continuidade fundamental nas
considerações platônicas sobre a retórica, suplantando as evidências textuais comumente
analisadas neste debate (Górgias e Fedro) com alguns excertos da Apologia, Banquete e
Político que revelam a consistência da abordagem platatônica com relação à retórica. Em
síntese, tanto num diálogo de juventude quanto à Apologia, quanto num diálogo de
maturidade como o Político, passando, evidentemente, pelo Górgias, Banquete e o Fedro,
está em operação sempre o mesmo procedimento, a saber, uma distinção cuidadosa entre
uma boa e uma má retórica. Basicamente, se a retórica se imbuir de valores filosóficos
(verdade, coerência, conhecimento) e se orientar pelo bem da alma do interlocutor, então
a retórica é acolhida por Platão; por outro lado, se a retórica se afastar de tais valores e de
tal orientação, então a retórica é condenada.

93
Pedro Parini (Doutor, Universidade Federal de Pernambuco)

Análise retórica dos direitos humanos

O projeto que desenvolvo atualmente com nosso grupo de pesquisa tem o objetivo de
examinar discursos jurídicos que envolvem debates em torno de polêmicas envolvendo
direitos humanos a partir da metodologia da retórica analítica de Ottmar Ballweg. Por
meio do método de análise retórica (fronética, holotática e semiótica) dos textos de
decisões jurídicas, procuramos estabelecer uma representação do atual estado da arte no
que diz respeito à positivação dos direitos humanos em diversas áreas desde direitos
individuais até os sociais, coletivos ou difusos. Parte-se do pressuposto de que do texto à
norma, isto é, do texto legal abstrato à decisão efetiva diante de um caso concreto, há um
longo caminho de concretização normativa que depende sobremaneira de expedientes
retóricos (argumentativos e interpretativos) que visam impor uma determinada forma de
compreensão dos textos diante de certos fatos num contexto de disputas hermenêuticas
entre diferentes ideologias, valores e interesses de diversos grupos sociais. Dado que o
fenômeno de positivação do direito é aqui entendido no sentido de uma atividade retórica
que vai da produção de textos legislativos até a efetivação do sentido do conjunto desses
textos, considera-se que a análise dos expedientes retóricos presentes nessas várias etapas
dogmáticas é fundamental para a compreensão de todo esse processo.

94
Rafael Frate (Doutor, Universidade de São Paulo)

A teoria da agudeza na Retórica de Mikhail Vassílievitch Lomonóssov

Mikhail Vassílievitch Lomonóssov foi um dos principais expoentes intelectuais do século


XVIII na Rússia, um momento decisivo para o país. Tendo-se dedicado a inúmeras áreas
do saber, tais como a física, astronomia, química, geografia e história, Lomonóssov foi
também um dos principais nomes dos primórdios da literatura russa moderna, tendo sido
um destacado poeta em seu tempo, cuja obra, em conjunto com suas reflexões teóricas,
fez dele o fundador das formas poéticas utilizadas em russo até os dias de hoje. Mas dentre
seus trabalhos nas letras, está a primeira retórica escrita na língua, que serviu de guia para
muitos futuros estudantes no país e guarda conceitos bastante interessantes do ponto de
vista das práticas literárias da Rússia no século XVIII. Esta comunicação pretende
apresentar um trecho da primeira parte dessa retórica, dedicada à Invenção (Izobretiénie),
em que se tratará das propostas de Lomonóssov para o desenvolvimento da agudeza
(ostroúmie) em um discurso poético ou retórico.

95
Rodrigo Lopes (Doutorando, Universidade de São Paulo)

A opera seria de Lully como representação da imagem e poder de Luís XIV: apropriações
das Metamorfoses de Ovídio

No século XVII francês, as ‘opere serie’ de Jean-Baptiste Lully se serviram dos clássicos
para se estruturarem como meios estratégicos retóricos para construir e fortalecer a
imagem pública de Luís XIV. A releitura dos clássicos implicava no reconhecimento nos
antigos de uma forma de expressão perfeita a ser imitada, e sua universalidade conferia
às produções artísticas um caráter atemporal de suas manifestações. O artista se
subordinava a uma retórica, e esse processo estava apartado da noção de independência
artística. As poéticas clássicas eram filiadas às convenções da corte, e o artista, sendo um
elemento do sistema político predominante, não detinha autonomia para criar fora das
regras estabelecidas, não podia criar fora da releitura das poéticas clássicas. Interessa-nos
as óperas de Lully, baseadas nas Metamorfoses de Ovídio, na análise de suas
reformulações modernas nas representações desse gênero artístico, que em associação
com a música teve a finalidade de cuidar da manutenção do poder real.

96
Sandra Maria Gualberto Braga Bianchet (Doutora, Universidade Federal de Minas
Gerais)

Saltando do soco para o coturno: comentário acerca da habilidade narrativa do asinus


aureus das Metamorfoses de Apuleio

O objetivo do presente trabalho é analisar a construção narrativa da obra


Metamorphoseon (Metamorfoses), também conhecida como Asinus aureus (Burro/Asno
de ouro), escrita pelo filósofo neo-platônico Apuleio no século II de nossa era. Mais
especificamente, busca-se abordar as técnicas de composição utilizadas pelo autor para
encaixar narrativas de episódios paralelos à linha diegética principal, qual seja, a
reformatio do narrador Lúcio em burro e vice-versa. O foco deste comentário será o
episódio narrado em X, 2-12, que pode ser considerado uma imitação da fábula de Fedra,
a madrasta movida pela paixão pelo enteado. Aqui destaque será dado ao processo
simultâneo de imitação e de inovação literárias, assumido por Apuleio, e aos recursos
retóricos presentes especialmente no registro do julgamento do enteado, um vívido relato
de como funcionava um tribunal no mundo romano tal como representado na obra.

97
Sarah Nilza Araújo da Silva Zinato (Mestranda, Universidade Federal de Minas
Gerais)

Linguagem e estilo nos tratados de Sêneca

Sêneca, autor latino de incomensurável relevância, apresenta-se como uma das maiores
fontes para a compreensão e análise dos princípios do estoicismo, principalmente pelo
significativo número de cartas, diálogos e tratados preservados, e para a escrita literária
do primeiro século, tendo em vista que várias de suas tragédias chegaram completas até
os dias atuais. A proposta dessa comunicação é realizar uma breve apresentação do estilo
e da linguagem do autor. Sêneca possui um estilo conciso, com frases mais curtas e sem
excesso de arcaísmos, muitas vezes se aproximando da oralidade em suas epístolas. A
escrita predominantemente sintética Senequiana deriva, de certa maneira, da herança de
uma tradição epigramática que ganhou forças no império Augustano. Urge salientar que
linguagem e estilo elevados são certamente reconhecidos por ele como imprescindíveis
ao homem da ciência, mencionando como exemplos Cícero e Ovídio, sem,
contudo,abandonar o propósito prático da escrita filosófica. Para além, verificam-se
muitos recursos retóricos de especial relevância em suas obras: símiles, exempla,
sinônimos, antíteses, prosopopeias. Cabe analisar a tendência de Sêneca aos aforismos e
como o autor consegue abordar conceitos com profundidade por vezes dramática e
extrema eloquência, sem perder a concisão da forma.

98
Sidney Calheiros de Lima (Doutor, Universidade de São Paulo)

A aequitas no primeiro diálogo do De finibus de Cícero

O primeiro diálogo do De finibus bonorum et malorum de Cícero lida com o pensamento


moral de Epicuro. Na cena representada, que se passa em 50 a. C.,Torquato faz as vezes
de expositor da sententia de uoluptate. A Cícero cabe o papel de refutador. Nosso
propósito é discutir o modo como o autor constrói uma imagem de si no texto, seja ao
desempenhar a função de narrador do diálogo, seja quando é representado como
personagem, na qual se destaca a virtude da aequitas, que surge como postura
fundamental para a condução da investigação filosófica que empreende, em que professa
seguir um método associado à Academia, e que aparece, ao mesmo tempo, como
plenamente assentada na prática jurídica da tradição romana.

99
Silvia Raquel Barbosa Castelo Branco (Mestranda, Universidade Federal de Minas
Gerais)

PL Escola sem partido: o discurso de ódio como mecanismo retórico para a polarização
da sociedade

Neoconservadorismo político, discurso de ódio, fake news são terminologias que


instigam reflexões e efervescem debates dentro e fora do meio acadêmico. No mundo e
mais especificamente no Brasil constatamos uma polarização que está ligada a esses
fenômenos. Neste contexto, em que nada parece surgir ao acaso, mas que se apresenta
interligado pela denominada Guerra cultural, se faz necessário pesquisar, à luz da Retórica
e Análise do Discurso o “Projeto de Lei Escola Sem Partido” e os desdobramentos sociais
ocasionados e assimilados a discursos de ódio.Neste enquadramento, com o interesse de
se investigar o que denominamos institucionalização do discurso de ódio iremos analisar
os Projetos de Leis n° 7.180/2014 e nº 867/2015, doravante denominados “PLs Escola
Sem Partido” ou “PLs” que foram propostos na Câmara dos Deputados, mas também
replicados com o mesmo teor ou teor similar, no Senado e em muitos municípios e estados
brasileiros, por parlamentares majoritariamente ou em quase em sua totalidade do campo
conservador, os quais visavam incluir e alterar artigos e incisos da lei de diretrizes e bases
da educação nacional sob o argumento de que seria notória a prática de “doutrinação
ideológica” nas escolas públicas.

100
Talita Jordina Rodrigues (Doutoranda, Universidade Estadual de Campinas)

A retórica do silêncio em narconarrativas

Falar de narconarrativas significa falar de um gênero recente da literatura latino-


americana cuja temática se relaciona com um contexto da vida social no qual o silêncio é
parte indissociável. Sendo assim, as representações dos atores socais envolvidos no
narcotráfico costumam reproduzir textualmente o silêncio, demarcando, de certa forma,
os limites entre aquilo de que se fala (ou aquilo que se pode falar) e aquilo que se cala (ou
aquilo que se é obrigado a calar). É justamente nesses espaços vazios, nas palavras
borradas, nesse limiar entre o dito e o não-dito, que se constrói uma série de significados
a respeito da violência sofrida e praticada especialmente nos espaços fronteiriços e em
países como México e Colômbia, de onde provém a maior parte dessas narrativas.

101
Thayrynne de Faria Coutinho (Mestranda, Universidade Federal do Espírito Santo)

Os índices retóricos na tessitura narrativa da Farsália, de Lucano: uma análise das


fissuras do campo poético e historiográfico

O presente trabalho discute as fricções entre o campo poético e o historiográfico na


tessitura narrativa da epopeia histórica de Lucano, a Farsália, visto que o poeta incorpora
elementos que remetem às obras próprias do campo historiográfico em seu poema, mas o
faz por meio da tradição épica romana. Nossa análise tem como interesse os índices
retóricos construídos na epopeia lucaniana que acreditamos evidenciar esse diálogo uma
vez que esses preceitos são elementos indissociáveis das produções na antiguidade. Dessa
forma, compreendemos que um dos pontos de contato entre as obras pertencentes a esses
dois campos, épico e historiográfico, responsáveis por registrarem os fatos e as
realizações dos generais romanos, seja justamente a retórica.

102
Ticiano Jardim Pimenta (Doutorando, Universidade de Franca)

Dai a Retórica o que é da Retórica: polêmica, análises do discurso e algumas razões do


por que dicotomizar logos, ethos e pathos é um disparate

Da famigerada contraposição “argumentação vs. retórica” produzem-se dicotomias


teóricas que buscam diferenciar/separar, ambos os conceitos/áreas do saber: logos/pathos-
ethos, convencer/persuadir, razão/emoção, lógica/retórica, objetividade/subjetividade,
científico/pré-científico, influência do bem/do mal, consenso/dissenso, etc. Com vistas a
superar tais perspectivas de investigação, os objetivos deste trabalho foram i) criticar
paradigmas que balizam barreiras entre os estudos retóricos e as análises do discurso ii)
propor uma aproximação entre os estudos retóricos e os queer iii) analisar o discurso
polêmico enquanto forma retórica imprescindível à geração de mudanças sociais iv)
investigar a função do ethos nos discursos polêmicos. Para tanto, o corpus perscrutado foi
o álbum Pajubá, de Linn da Quebrada, de 2017. Por meio de uma análise de cunho
qualitativo e descritivo, a pesquisa se propôs a examinar o logos-Pajubá a partir de uma
perspectiva que intenta ser mais abrangente e inclusiva ao que é costumeiramente
associado à “Retórica”. Os resultados apresentados contribuem com as discussões sobre
o caráter transdisciplinar dos saberes provenientes dos estudos retóricos e queer, com a
investigação dos argumentos que compõem os discursos dos artivismos das dissidências
sexuais e de gênero brasileiros e com o estudo e a apologia da polêmica enquanto
incontornável e imprescindível modalidade comunicativa humana.

103
Tina Montenegro (Doutora, Boston College)

O lugar e a definição da arte retórica no tesouro de Brunetto Latini

O Tresor (Tesouro) de Brunetto Latini, escrito ca. 1266 em francês antigo, é uma
compilação política que diz reunir todos os saberes necessários para o governante
perfeito, tendo como modelo o podestà, um magistrado convidado para exercer mandato
executivo nos sistemas das comunas da região do norte da atual Itália. Nela está contido
a primeira vulgarização completa do primeiro livro do De inventione de Cícero. Seguindo
Cícero e os preceitos do accessus ad artes e do prólogo, Brunetto faz uma divisão
tripartida da filosofia, a qual é também primeira pois define a ciência retórica como a
mais nobre e útil de todas da filosofia. A divisão da filosofia e a definição da retórica
explicam-se pelas circunstâncias políticas e institucionais da região à época, mas a divisão
da filosofia, embora não a definição da retórica, é imitada posteriormente na poética
occitana de 1356, As leis do Amor (Las Leys d’Amors), e no sonho alegórico francês de
1405, Le livre de la mutacion de Fortune (O livro da mutação de Fortuna), de Christine
de Pizan. A imitação permite estudar mutações da arte retórica na sua circulação entre
línguas e regiões.

104
Vitória Regina Rocha (Graduada, Universidade do Estado de Minas Gerais)

Cabelos afros e empoderamento: uma análise retórico-discursiva em publicidades de


produtos capilares

Este trabalho visa analisar, por meio de publicidades brasileiras de produtos capilares para
cabelos afros, as estratégias retórico-discursivas empregadas na valorização do cabelo da
mulher preta, enquanto estratégia de empoderamento, refletindo a respeito do simbolismo
do cabelo, do Black Power para o movimento negro, e, ao mesmo tempo, sobre como a
questão da beleza é explorada. Para discutir sobre discriminação racial e pressão estética
sofrida pelas mulheres negras, lançamos mão das reflexões de Hooks (2005) e Wolf
(2018), as quais compõem o quadro teórico deste trabalho, juntamente com Aristóteles –
com as provas retóricas – e Barthes, com a observação imagética. Diante do
desenvolvimento de produtos para nichos cada vez mais específicos, possivelmente
resultantes de agendas militantes que se traduzem em demandas de mercado e, junto disto,
da tendência publicitária de produção de empowertising (ZEISLER, 2016), ou seja, de
publicidades que têm como mote o empoderamento de grupos minoritários, chamam-nos
a atenção as publicidades de produtos capilares para mulheres negras e como estas
representam o cabelo de forma positiva. Ademais, é analisado, também, as estratégias
publicitárias que visam o consumo.

105
Resumosdos
pôsteresvi
rtuai
s

106
Américo Carlos da Rocha Júnior, Graduando(a), Letras Clássicas (Grego e Latim),
Universidade Federal da Paraíba

Ethopeia e comicidade em Fálaris I e II de Luciano de Samósata

Nesta pesquisa, duas foram as categorias analisadas dentro dos discursos Fálaris I e II de
Luciano de Samósata: a ethopeia e a comicidade, alinhadas uma à outra numa relação,
por vezes, de causa e efeito. Dado que a ethopeia, como recurso retórico, por si só não
apresenta um caráter cômico, é necessário observar os meios empregados pelo autor no
seu texto para extrair dela o efeito cômico observado. No primeiro discurso fictício, o
tirano Fálaris discursa aos sacerdotes do oráculo de Delfos, defendendo-se de sua má
fama e oferecendo um touro de bronze, terrível instrumento de tortura, ao templo de
Apolo. No segundo discurso, um desses sacerdotes responde ao seu discurso, aceita sua
defesa e o seu touro. Efetuou-se, portanto, um trabalho qualitativo, no qual, através da
metodologia dedutiva, tentamos confirmar a teoria acerca da ethopeia e sobre a produção
do efeito cômico, analisando os discursos que figuram como corpus, utilizando-nos da
leitura e tradução de trechos importantes, diretamente da língua grega clássica: uma
abordagem fenomenológica da obra, que levou em conta não só a aparição dos fenômenos
retórico-literários a partir da teoria proposta, mas também a interrelação entre eles.

107
Ana Alzira Maia Machado Cavalcante, Graduando(a), Letras - Português,
Universidade Federal de Minas Gerais – UFMG

Imagem do nordestino projetada em tweets no período eleitoral de 2022

Em 2022, verificou-se, nas redes sociais, a alta incidência de comentários permeados por
estereótipos desqualificadores sobre os nordestinos. Tendo em vista este crescente
movimento, o presente trabalho busca, a partir das noções de polêmica e de estereótipo,
verificar como a imagem de nordestino é projetada por tweets publicados no período
eleitoral de 2022, dando atenção à forma como a plataforma da rede social Twitter
possibilita interações polêmicas. Para compor o corpus foram selecionadas, além de uma
postagem do jornalista Rodrigo Constantino, respostas a ela que contivessem as palavras
“Nordeste”, “nordestino” e suas variações. Como resultado parcial, já que a pesquisa
ainda está em desenvolvimento, percebeu-se uma divisão clara entre aqueles que
reconhecem uma imagem negativa, reforçam-na e reproduzem, e aqueles que fazem o
movimento contrário, com a tentativa de trazer novos significados, agora positivos, às
palavras relacionadas ao Nordeste. Foi possível, até então, concluir que a rede social em
questão possibilita o contato entre vozes discordantes. Nesse sentido, é perceptível que
existem, entre os autores dos tweets observados, indivíduos que reforçam uma imagem
negativa do que é ser nordestino, mas, também há aqueles que questionam essa imagem
e tentam sobrepor a ela uma nova visão.

108
Ana Paula de Sousa Abecassis, Mestrando(a), Letras e Artes, Universidade do
Estado do Amazonas

Comentários ao "De figuris sententiarum et elocutionis", de Rutílio Lupo

Esta pesquisa traz as principais informações sobre Públio Rutílio Lupo, rétor romano que
viveu no século I a.C. Quintiliano relata que Lupo floresceu no final do império de
Augusto, contemporâneo de Górgias, o Jovem, autor de um manual sobre figuras de
linguagem vertido do grego para o latim por Rutílio. O título completo e original do
tratado é Schemata Dianoeas et Lexeos ex Graecis Gorgiae Versa, posteriormente
traduzido para o latim como De figuris sententiarum et elocutionis, o primeiro registro de
um tratado de uma série de obras comuns nos últimos séculos da latinidade dedicado
exclusivamente às figuras. Quintiliano ressalta que Rutílio Lupo adicionou outros títulos
à lista de figuras de pensamento, e afirma que Rutílio condensou os quatro livros de
Górgias em um só, mas os manuscritos que chegaram até nós trazem a obra de Rutílio
com o título de P. Rutilii Lupi schemata dianoeas et lexeos, com dois livros e um total de
41 capítulos discutindo sobre figuras de linguagem. Este tratado traz importantes
considerações acerca das figuras de linguagem, além do resgate de fragmentos de
discursos de grandes personalidades gregas que haviam sido perdidos e podem ser
encontrados na obra.

109
Daniel Robson Mendes, Graduando(a), Letras, Universidade Federal de Minas
Gerais

“Deus odeia o pecado, mas ama o pecador”: a projeção da imagem do sujeito


homossexual na Congregação Cristã no Brasil

No âmbito da religião e da sexualidade, surge uma questão desafiadora: como as igrejas


pentecostais lidam com a presença e a identidade do sujeito homossexual em sua
doutrina? Este projeto de iniciação científica mergulha nesse contexto, com foco na
Congregação Cristã no Brasil (CCB). Com sua crescente popularidade e influência no
cenário religioso nacional, a CCB destaca-se como uma das maiores igrejas em número
de fiéis. Através da análise das circulares e dos tópicos de ensinamento disponibilizados
no site oficial da igreja, busca-se desvendar a forma como a imagem do sujeito
homossexual é projetada no discurso religioso da CCB. Essa investigação busca
compreender as posições e visões da igreja sobre o tema, mas também como ela lida com
a ambiguidade moral inerente à expressão "Deus ama o pecador, mas odeia o pecado".
Desse modo, almeja-se compreender as representações do sujeito homossexual no
contexto religioso neopentecostal, contribuindo para um diálogo crítico sobre a relação
entre discurso religioso, polêmica e sexualidade. Os resultados preliminares indicam uma
abordagem mais moderada da instituição em relação aos sujeitos homossexuais, buscando
equilibrar valores religiosos com a consideração da dignidade e humanidade desses
indivíduos, o que vai de encontro às discussões atuais sobre os direitos da população
LGBTQIA+ e às polêmicas envolvendo discursos discriminatórios nas igrejas
neopentecostais.

110
Kaylany de Lima Paulino, Graduando(a), Licenciatura em História, UFPB

Coregia e Democracia: a representação da liturgia coregia nos discursos de Iseu

Para a História, os discursos são um meio em que se pode investigar aspectos da sociedade
na qual ele se refere. Ao trabalhar com fontes do campo da retórica, deve-se compreender
a palavra inserida em um contexto (LEITE, 2017, p.69) para compreender as motivações
do seu uso retórico.
Nos discursos V, VI e VII do orador Iseu, podemos extrair aspectos que envolviam o
ateniense, pois ele utiliza uma técnica em que ressalta boas características para melhorar
a imagem do cidadão que defende e expõe os defeitos do seu adversário. Iseu utiliza
nesses discursos a liturgia coregia, revelando que nesse contexto os coregos tinham
prestígio social ao bancar um coro (CLARK, 1929, p. 33) ou eram vistos como maus
cidadãos quando não se dedicavam com afinco ao serviço público.
A Coregia era uma liturgia festiva realizada nas Grandes Dionisíacas. Nele ocorriam os
concursos dramáticos (CASTIAJO, 2012, p.26) e nesses concursos eram apresentados
coros trágicos, cômicos e ditirâmbicos (WILSON, 2003, p.7). Todos estes coros tinham
um corego, um homem da elite designado para bancar as necessidades do coro. Um coro
bem executado dependia da disponibilidade do corego em gastar e da técnica do
chorodidaskalos (CASTIAJO, 2012, p.22).

111
Luiza Maria Lopes Mariz, Graduando(a), Letras, UFMG

Gêneros e recursos retóricos em Catulo 64 e Fasti III, 471-506

No Poema 64 de Caio Valério Catulo, v. 132-201, e interiormente a Fasti III, 459-516,


temos duas falas da personagem mítica identificada como Ariadne, princesa de Creta e
filha de Minos. No primeiro caso, abandonada por Teseu numa ilha, ela se serve de
elementos da retórica epidítica a fim de compor uma imagem bastante negativa desse
perjuro. Mas, em Fasti III, 459-516, de novo traída por um companheiro – neste caso, o
deus Baco, a quem se unira como esposa –, Ariadne compõe um discurso cuja meta difere
daquela de sua fala no referido Poema 64. Ou seja, desta vez a intenção da princesa não
é apenas extravasar sua dor pintando um retrato em cores sombrias do amado, mas antes
levar de algum modo o marido a deixar a outra mulher a quem se unira e respeitar o
compromisso prévio de ambos. Dessa maneira, do ponto de vista retórico, o primeiro
exemplo expressa a dor presente de Ariadne, enquanto aquele de Fasti III se vincula a
uma tentativa de influenciar decisões futuras de Baco. Caberia, assim, um estudo retórico-
comparativo dos recursos de argumentação presentes em uma e outra obra.

112
Luíza Álvares Dias, Graduado(a), Letras: Português, Universidade Federal de Goiás

Os valores e o ethos na produção cronística de uma “argumentadora máscula”

Recorrente na fortuna crítica da escritora brasileira Carmen Dolores, o adjetivo “máscula”


foi atribuído à figura argumentadora da autora, sendo “argumentadora máscula” o termo
utilizado pelo crítico literário Agripino Grieco (1933) em referência, principalmente, ao
gênero ao qual ela mais se dedicou durante seu percurso literário, no início do século XX:
a crônica argumentativa. Escritora de variados gêneros textuais, Carmen tornou-se mais
reconhecida por suas crônicas veiculadas em jornais de ampla circulação, como O Paiz,
nas quais ela defendia seu posicionamento favorável em temas como o divórcio e o
ingresso da mulher no mercado de trabalho. Tendo isso em vista, a adjetivação
“argumentadora máscula” foi o ponto inicial de inquietação e, portanto, de
problematização da presente pesquisa, de forma que o objetivo consistiu em compreender
como essa “masculinidade” estaria representada em uma seleção de crônicas
(HELLMANN, 2015) que versa sobre temas pertinentes à mulher. Para isso, as noções de
ethos discursivo de Dominique Maingueneau (2001, 2009) e a de valores (PERELMAN,
OLBRECHTS-TYTECA, 2014) serviram ao intuito de demonstrar na análise que,
embora dita “máscula”, Carmen Dolores resistia como mulher em uma época marcada
por papéis de gênero muito consolidados.

113
Maria Eduarda Machado Parente, Graduando(a), Licenciatura Letras Português,
UFMG

A Crise de Oxigênio em Manaus: ethos testemunhal de profissionais da saúde

Durante o mês de janeiro de 2021, Manaus, capital do estado do Amazonas, sofreu com
uma traumática Crise de Oxigênio. Nos dias 14 e 15 daquele mês, os hospitais ficaram
desabastecidos, marcando o início da Segunda Onda da COVID-19 em território
brasileiro. Nesse dia 15, no auge do trauma, o médico Filipe Shimizu concedeu uma
entrevista abaladora ao Jornal das 16h da Globonews. O presente trabalho analisará a
forma como ethos testemunhal se mobiliza no depoimento, verificando de quais recursos
discursivos ele se utiliza. Para isso, teremos como aporte teórico Amossy (2005), Lima
(2006, 2009, 2018), Charaudeau (2006,2008), Sodré (2009) e outros, com vistas a
entender como ethos prévio e os recursos argumentativos veiculados no discurso
permitem a viabilização do trauma no enunciado.

114
Tatiane Silva Figueiredo, Mestrando(a), Programa de Pós-Graduação em Letras e
Linguística da UFG (PPGLL/UFG)

Influência estásica do ethos na discussão entre ministros do STF acerca da suspeição de


Sérgio Moro no caso de Lula

O julgamento, no Supremo Tribunal Federal (STF), que declarou a suspeição (ausência


de imparcialidade) do então juiz Sérgio Moro no caso de Lula consiste em um dos mais
importantes eventos da história recente do país, uma vez que levou à anulação do processo
de Lula, o que viabilizou a sua candidatura e subsequente eleição no pleito de 2022.
Diante da relevância do referido julgamento, realizado no STF, a mais alta corte de justiça
do país – que confere a palavra final em processos após passarem por todas as instâncias
do Sistema Judiciário –, suscitaram-se debates conflituosos entre os ministros em torno
de temas delicados como corrupção e Lava Jato. Tendo como objeto as discussões entre
magistrados, analisamo-las à luz do Modelo Dialogal de Plantin (2008, 2018),
dramatizado por Grácio (2010, 2013) e Damasceno-Morais (2016, 2019), em que usamos
conceitos como estase (conflito); também usamos noções retóricas como a construção de
ethos (imagem) a partir do discurso (ARISTÓTELES, 2005). Como resultado da análise,
constatamos que a construção do ethos de um magistrado resultou na desconstrução do
ethos de outro, propiciando a faísca que levou à concretização da estase. Constatamos,
portanto, a influência estásica do ethos em discussões entre ministros do STF.

115
Wanessa Almeida Ramos, Mestrando(a), Letras - língua portuguesa, Universidade
do Estado do Amazonas

A questão do decorum entre os officia oratoris e os genera dicendi em excertos do Orator


e De officiis, de Cícero

Esta pesquisa busca compreender a questão do decorum (adequação) e sua relação com
os oficia oratoris (ofícios do orador) e os genera dicendi (gêneros do discurso) em
excertos das obras de Marco Túlio Cícero (106-43 a.C.). Para este recorte, pretendemos
desenvolver uma análise acerca da relação existente entre seu último tratado filosófico-
político, o De officiis (44 a.C.), e seu último tratado retórico, o Orator (46 a.C.),
especificamente no que concerne à questão acima indicada (decorum, genera dicendi e
officia oratoris). A escolha do corpus se deve ao fato de que há ainda poucos estudos sobre
a teoria de Cícero ao relacionar os ofícios do orador aos estilos do discurso, sendo estes
articulados pela conveniência (decorum), cujo conceito é reelaborado pelo arpinate no
decorrer de sua bibliografia, aqui pontualmente ampliado nas duas obras selecionadas.
Acreditamos que uma análise sob esses mecanismos retóricos possa contribuir com o
conhecimento acerca das estratégias utilizadas pelos oradores da Antiguidade, que já
naquele período visavam ao convencimento do auditório através da observação dos
aspectos externos ao discurso e da precisão no reconhecimento do que seria conveniente
em cada circunstância.

116
Desi
gnedi
agr
amaçãopor
:Fabr
íci
oVi
eir
a

121

Você também pode gostar