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Filosofia

Poder e Violência

Poder
Poder - é uma palavra originada do latim e tem a mesma raiz que a
palavra potência. Ambas remetem à capacidade de fazer algo, de
empreender algo. Com o passar do tempo, poder também passou a
significar a capacidade de impor, de mandar e de submeter os outros à
própria vontade. Podendo ser político, econômico, familiar ou de
persuasão, esse elemento social acompanha a humanidade desde os seus
primórdios. A fascinação com o poder rendeu boas teorias filosóficas,
antropológicas e sociológicas na tentativa de desvendar o que há por trás
dele.
O poder é força, capacidade e, ao mesmo tempo, autoridade. Trata-se da
capacidade de imposição ou de conquista, seja pela força bruta, seja pelo
convencimento. A capacidade de convencimento torna as pessoas
poderosas, tanto pela argumentação, quanto pelo charme carismático e
apaixonante.

Violência
Violência – a violência tem sua raiz no latim, violentia que significa força
física e vigor. Essa força física se transforma em violência quando excede
os limites sociais ou altera acordos e regras que coordenam as relações em
sociedade. A percepção do limite e do sofrimento causado pela violência é
o que vai caracterizar um ato como violento ou não, sempre variando de
acordo com o contexto histórico e, por isso, dificulta-se elaborar uma
definição bem delimitada do fenômeno. A violência constitui um tipo de
relação social em que se nega o outro e o espaço do diálogo desaparece,
pois não existe espaço para a argumentação ou negociação de uma
determinada demanda, destacando-se sempre a arbitrariedade.
A violência no Brasil tem crescido de forma preocupante nos últimos
anos. É um problema estrutural de nossa sociedade que gera pânico na
população, perdas financeiras para o país e que reduz a qualidade de vida
do povo brasileiro.
É um fenômeno social que cresceu de forma significativa a partir da
segunda metade do século XX. As causas da violência são de natureza
estrutural e sistêmica, tendo como exemplos as profundas desigualdades
socioeconômicas, a falta de oportunidades à população mais pobre e a
ausência ou inadequação das políticas públicas sociais e de segurança
promovidas pelo Estado, e corrupção das instituições públicas.
Também enfrentamos problemas relacionados à falha do sistema judiciário,
que não consegue manter um sistema rígido de punição aos crimes
violentos. Na esteira desses problemas, temos uma formação estatal
estruturalmente racista, que mantém a população negra à margem da
sociedade e no cerne dos crimes violentos.

A violência no Brasil é um problema sistêmico que nos acompanha desde


os tempos de colonização. Quando os portugueses chegaram às terras
brasileiras, já houve uma apropriação indevida das terras que pertenciam
aos índios e uma imposição violenta da cultura europeia branca sobre
a cultura indígena. Com a escravização de povos africanos, essa imposição
cultural violenta continuou e ficou ainda mais intensa.

A imposição cultural forçada é, em si, uma forma de violência, pois ela


gera a anulação forçada da individualidade do outro, da realidade do outro,
da religião do outro e da cultura do outro.

Tipos de violência - A definição e categorização mais utilizada no que se


refere à violência é a elaborada pela Organização Mundial da Saúde
(OMS), que determina três tipos de violência:

Violência autoinfligida: a violência cometida pelo indivíduo contra si


próprio. Ex: a automutilação e o suicídio.

Violência interpessoal: a violência cometida por um ou mais


indivíduos contra outro(s) indivíduo(s), podendo ele(s) ser parte ou não
do mesmo círculo social do(s) agressor(es). Em caso de não
pertencimento, chama-se a violência de comunitária. Ex: a violência
contra a mulher, o feminicídio, o abuso infantil, o abuso ao idoso, o
estupro, os homicídios e os latrocínios.

Violência comunitária: a violência cometida por grupos políticos,


sociais ou econômicos. Ex: as formas de atuação das facções criminosas
e os crimes de ódio direcionados a determinados grupos.
A violência interpessoal comunitária é a que se desdobra em mais
modalidades, pois se desenvolve em consonância com a complexidade
da própria sociedade, por isso, pode ser desencadeada em diversas
frentes:

• violência política

• violência de gênero

• violência no trânsito

• violência no campo, entre outras.

Quanto à natureza da ação violenta, a OMS classifica em cinco tipos:

• abuso físico

• abuso psicológico

• abuso sexual

• abandono

• negligência

• privação de cuidados

Quando começamos a identificar o que é violência — em especial aquilo


que estamos acostumados a ignorar —, podemos finalmente iniciar um
trabalho para enfrentá-la. Criar ambientes seguros e relações não-violentas
exige disposição e energia, mas é o que precisamos para viver melhor.

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