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Arquivamento e Desarquivamento

Conceito: Arquivamento é o ato que extingue o inquérito por falta de elementos para
oferecimento da denúncia.

Natureza Jurídica: Alguns autores entendem que o arquivamento é um ato


administrativo porque o inquérito é um procedimento administrativo, porém predomina
o entendimento de que o arquivamento é uma decisão porque ela é ordenada por juiz.

Sujeito Ativo

a) Ação Penal Pública

Ordena

Concorda Arquivamento
Art. 18, CPP
MP requer
o arquivamento  Juiz Oferece Denúncia
Art. 28, do CPP
(Obs1.)
Não Concorda PGJ *

Insiste no Arquivamento

Vincula o juiz

Determina outro promotor para oferecer denúncia (Obs2)

Obs1.: opinio iuris


Obs2.: longa manus

Art. 18. Depois de ordenado o arquivamento do inquérito pela


autoridade judiciária, POR FALTA DE BASE PARA A DENÚNCIA,
a autoridade policial PODERÁ PROCEDER a novas pesquisas, se de
outras provas tiver notícia.
Art. 28. Se o órgão do Ministério Público, ao invés de apresentar
a denúncia, requerer o arquivamento do inquérito policial ou de
quaisquer peças de informação, o juiz, no caso de considerar
improcedentes as razões invocadas, fará remessa do inquérito ou
peças de informação ao procurador-geral, e este oferecerá a
denúncia, designará outro órgão do Ministério Público para
oferecê-la, ou insistirá no pedido de arquivamento, ao qual só
então estará o juiz obrigado a atender.

Obs: A Lei 13964/19 tem como fundamento o sistema acusatório, conforme se observa
do Art 28 do CPP, ela promove uma alteração no procedimento de arquivamento,
retirando a figura do juiz, conforme se observa do artigo 28(com redação da lei 13.964),
pela nova redação quem ordena o arquivamento é o Ministério Público e não mais o
juiz, o MP irá em seguida comunicar a vítima, o indiciado e a autoridade policial,
submetendo a decisão para apreciação e homologação ou não, por um órgão colegiado
do próprio MP. A vítima, se ficar inconformada poderá fazer recurso no prazo de 30
dias que será encaminhado para um órgão de revisão no Ministério Público.
É importante ressaltar que o artigo 28 com redação dada pela Lei 13.964/19, encontra-se
na parte relativa ao Juiz das Garantias que no momento encontra-se suspensa pelo STF.

b) Ação Penal Privada

A maior parte da doutrina entende que não cabe o pedido de arquivamento nas ações
penais privadas porque a lei estabeleceu outros institutos para o legitimado abdicar do
direito de ação (renúncia e decadência).

Obs.: O professor Tourinho Filho entende que se o legitimado para a propositura da


ação penal privada fizer uma petição requerendo o arquivamento, o juiz deve receber
essa petição como sendo renúncia.

 Em Penal, fungibilidade: somente em fase recursal


Modalidades de Arquivamento
a) Expresso ou Explícito
No arquivamento expresso ou explícito, o Ministério Público requer o arquivamento por
escrito, explicitando as razões. O arquivamento expresso poderá ser:

a1: Objetivo

Art. 155, CP Art. 171, CP

Denúncia Arquivamento
Tício
O arquivamento objetivo recai sobre fato delituoso.

a2) Subjetivo

Tício Caio
Denúncia Arquivamento
Furto
Maria
O arquivamento subjetivo recai sobre pessoas.

b) Implícito
O arquivamento implícito também pode ser objetivo ou subjetivo. Ele ocorre quando o
MP oferece denúncia por um fato e/ou pessoa, silenciando com relação a outro fato e/ou
pessoa.

Obs.: O STF entende que o arquivamento implícito é ilegal, porque ele dificulta o
controle dos princípios da obrigatoriedade e da indivisibilidade que norteiam as ações
penais públicas.

Definitividade da decisão de arquivamento


A decisão que ordena o arquivamento via de regra faz coisa julgada formal. Ela traz
ínsita a cláusula rebus sic stantibus, ou seja, mantida a situação da coisa. Dessa maneira,
surgindo notícias de novas provas é possível haver o desarquivamento, conforme artigo
18, do CPP.

a) Provas formalmente novas


São as provas que não existiam ao tempo do inquérito, mas que não alteram a situação
fática que ensejou o arquivamento.

b) Provas substancialmente novas


São as provas que não existiam ao tempo do inquérito, mas que alteram a situação fática
que ensejou o arquivamento. Seriam estas as provas novas que permitiriam o
desarquivamento.

Artigo 18, do CPP e súmula 524, do STF

Notícias de Novas Provas Existência de Novas Provas

Desarquivamento Oferecimento da Denúncia (Propositura da ação penal)

Súmula 524, STF: Arquivado o inquérito policial, por despacho do juiz, a requerimento
do promotor de justiça, não pode a ação penal ser iniciada, sem novas provas.

O artigo 18 do CPP exige somente notícias de novas provas. Mas é para o


desarquivamento do inquérito. Pois a propositura da ação penal exige a existência de
novas, conforme súmula 524 do STF.

Arquivamento e Queixa-Crime Substitutiva

Queixa-Crime Substitutiva é o nome da petição inicial que deflagra a ação penal privada
subsidiária da pública. Esta tem cabimento quando o MP fica inerte deixando
transcorrer in albis os prazos para oferecimento da denúncia.

O MP ao receber o inquérito, pode tomar 3 atitudes:


 Requerer o arquivamento;
 Requisitar diligências;
 Oferecer denúncia.

Caso ele requeira o arquivamento, não terá ficado inerte, portanto, não cabe a
propositura da ação penal privada subsidiária da pública, por meio da queixa-crime
substitutiva.

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