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ATIVIDADE DE DIREITO TRIBUTÁRIO IMUNIDADE RELIGIOSA

Decisão: Trata-se de agravo contra decisão de inadmissibilidade de recurso


extraordinário em face de acórdão assim ementado, no que interessa:
“TRIBUTÁRIO. AÇÃO DECLARATÓRIA. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA.
INSTITUIÇÃO DE CUNHO RELIGIOSO. IMÓVEL RESIDENCIAL.
UTILIZAÇÃO PARA FINALIDADE INSTITUCIONAL. IPTU. IMUNIDADE
RECONHECIDA. JUROS MORATÓRIOS. TERMO A QUO. TRÂNSITO EM
JULGADO DA SENTENÇA (...)”. (eDOC 4, p. 92) No recurso extraordinário,
interposto com fundamento no art. 102, inciso III, alínea a, da Constituição
Federal, sustenta-se violação dos artigos 5º, XXXV; e 150, VI, b, e § 4º, do
texto constitucional. Alega-se que “os apartamentos destinados à moradia de
missionários, obreiros e, principalmente, de suas respectivas famílias, não
podem ser considerados englobados no conceito de templo, ou seja, não
guardam relação com os objetivos sociais da recorrida” (eDOC 5, p. 16) É o
relatório. Decido. A irresignação não merece prosperar. Observo que o
entendimento adotado no Tribunal de origem não diverge da jurisprudência
firmada nesta Corte, no sentido de que o imóvel pertencente a qualquer das
entidades referidas pelo art. 150, VI, “c”, da Constituição Federal, destinado a
residência de ministro religioso, permanece imune ao IPTU. Nesse sentido, cito
os seguintes precedentes: “AGRAVO REGIMENTAL NO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO COM AGRAVO. IMUNIDADE TRIBUTÁRIA. ENTIDADE
RELIGIOSA. IMÓVEL DESTINADO À RESIDÊNCIA DE MINISTRO
RELIGIOSO. INCIDÊNCIA DO ART. 150, VI, B, DA CONSTITUIÇÃO.
APLICABILIDADE DAS RAZÕES QUE DERAM ENSEJO À EDIÇÃO DA
SÚMULA 724 DESTA CORTE. AGRAVO IMPROVIDO. I – Este Tribunal, no
julgamento do RE 325.822/SP, Relator para o acórdão o Ministro Gilmar
Mendes, assentou que a imunidade prevista no art. 150, VI, b, da Constituição
impede a incidência de IPTU sobre imóveis de propriedade de entidade
religiosa mas locados a terceiros, na hipótese em que a renda decorrente dos
aluguéis é vertida em prol das atividades essenciais da entidade. II – Se a
circunstância de a entidade religiosa alugar o imóvel de sua propriedade a
terceiro, sem qualquer vínculo com ela, não afasta a imunidade mencionada,
nada justifica o óbice ao gozo do benefício na hipótese de o bem em questão
ser destinado à residência dos seus ministros religiosos. III – Agravo regimental
improvido”. (ARE-AgR 694.453, Rel. Min. Ricardo Lewandowski, Segunda
Turma, DJe 12.8.2013) “IMUNIDADE - INSTITUIÇÕES DE EDUCAÇÃO E
ASSISTÊNCIA SOCIAL SEM FINS LUCRATIVOS - IMÓVEIS - ESCRITÓRIO E
RESIDÊNCIA DE MEMBROS. O fato de os imóveis estarem sendo utilizados
como escritório e residência de membros da entidade não afasta a imunidade
prevista no artigo 150, inciso VI, alínea c, § 4º da Constituição Federal”. (RE
221.395/SP, Rel. Min. Marco Aurélio, Segunda Turma, DJ 12.2000) Ademais, o
Tribunal de origem decidiu o seguinte: “Embora o culto não ocorra nas
unidades residenciais em questão, é certo que tais imóveis mostram-se ligados
às finalidades religiosas da entidade autora, já que servem de moradia àqueles
que são responsáveis pelos seus cultos e manutenção das atividades
religiosas” Assim, divergir do entendimento adotado pelo Tribunal a quo
demandaria o reexame do conjunto fático-probatório dos autos, providência
vedada na via extraordinária, a teor do disposto no Enunciado 279 da Súmula
do STF. Ante o exposto, conheço do presente agravo para negar-lhe
provimento (art. 544, § 4º, II, “a”, do CPC). Publique-se. Brasília, 4 de maio de
2015. Ministro Gilmar Mendes Relator Documento assinado digitalmente

(STF - ARE: 886224 DF - DISTRITO FEDERAL 0130730-86.2007.8.07.0001,


Relator: Min. GILMAR MENDES, Data de Julgamento: 04/05/2015, Data de
Publicação: DJe-085 08/05/2015)

Comentário Livre

A imunidade é uma limitação constitucional ao poder de tributar, vez que


está contida de forma expressa pela CF/88. Logo, a pessoa ou a instituição
contemplada não podem sofrer tributação, haja vista ser um direito público
subjetivo concedido as mesmas.
Nesse ínterim, a imunidade conferida aos templos de qualquer culto, também
denominados de organizações religiosas, faz se necessária, haja vista a
relevância das atividades que as mesmas atuam em face do interesse coletivo,
merecendo, assim, a proteção e o incentivo por parte do Estado que a CF/88
lhes conferiu. Por isso, deve ser uma norma de aplicação imediata, por uma
questão de lógica constitucional, pois na imunidade o ente estatal não tem
poderes para instituir impostos sobre o patrimônio, a renda e os serviços
dessas instituições

A igreja está sujeita aos impostos indiretos quando quer como compradora ou
vendedora de mercadoria, independentemente da destinação dos produtos
adquiridos, casos em que não há falar-se em imunidade.

A imunidade tributária que se encontra no artigo 150, IV, “b” da Constituição,


abrange apenas os impostos, não alcançando as taxas, contribuições de
melhoria e contribuições sociais ou para-fiscais. Está tal imunidade adstrita ao
patrimônio, renda e serviços ligados à atividade fim das entidades, perdendo a
imunidade sempre que houver desvirtuamento da atividade fim.

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