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Superior Tribunal de Justiça

AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.290.489 - PE (2010/0055258-9)


RELATOR : MINISTRO LUIZ FUX
AGRAVANTE : ESTADO DE PERNAMBUCO
PROCURADOR : EDGAR MOURY FERNANDES NETO E OUTRO(S)
AGRAVADO : MANOEL DE BARROS DE ANDRADE LIMA E OUTROS
ADVOGADO : DORANY SAMPAIO

EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO.


ERRÔNEA INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL.
PRINCÍPIO DA FUNGIBILIDADE RECURSAL.
INAPLICABILIDADE AO CASO.
1. A interposição de recurso especial ao invés do recurso
ordinário, ainda que os fundamentos da irresignação sejam
constitucionais, torna inadmissível, configurando erro grosseiro,
inaplicando-se o princípio da fungibilidade (Súmula n° 272 do
STF).
2. O art. 105, II, "b", da CF estabelece que: "Compete ao Superior
Tribunal de Justiça: II - julgar, em recurso ordinário: b) os
mandados de segurança decididos em única instância pelos
Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do
Distrito Federal e Territórios, quando denegatória a decisão'.
3. Destarte, a decisão atacada deve ser de tribunal (ou Superior ou
Tribunais de segunda instância), razão pela qual não cabe esse
meio de impugnação das decisões monocráticas dos relatores dos
colegiados e das decisões denegatórias provenientes dos juizados
especiais, mas são admissíveis do resultado denegatório do
recurso interposto contra a manifestação fracionária.
4. Realmente, a doutrina assevera que "o acórdão denegatório
proferido no julgamento do agravo interposto contra decisão
monocrática denegatória da segurança pode ser combatido
mediante recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça.
O recurso ordinário só é cabível quando o legitimado interpôs o
adequado recurso processual pretérito na corte de origem, com a
conseqüente denegação do mandado de segurança originário por
meio de acórdão proferido pelo órgão colegiado competente do
tribunal regional ou local" (SOUZA, Bernardo Pimentel.
Introdução aos recursos cíveis e à ação rescisória. São Paulo:
Saraiva, 2009, p.802)
5. In casu, o Estado de Pernambuco impetrou mandado de
segurança junto ao Tribunal de Justiça local, tendo o relator
monocraticamente denegado a ordem e o órgão colegiado, em
sede de agravo regimental, referendado o sentido denegatório do
pleito.
6. Agravo regimental desprovido.

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29/11/2010
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ACÓRDÃO
Vistos, relatados e discutidos estes autos, os Ministros da PRIMEIRA
TURMA do Superior Tribunal de Justiça acordam, na conformidade dos votos e das
notas taquigráficas a seguir, por unanimidade, negar provimento ao agravo
regimental, nos termos do voto do Sr. Ministro Relator. Os Srs. Ministros Teori
Albino Zavascki, Arnaldo Esteves Lima, Benedito Gonçalves (Presidente) e
Hamilton Carvalhido votaram com o Sr. Ministro Relator.

Brasília (DF), 09 de novembro de 2010(Data do Julgamento)

MINISTRO LUIZ FUX


Relator

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29/11/2010
Superior Tribunal de Justiça
AgRg no AGRAVO DE INSTRUMENTO Nº 1.290.489 - PE (2010/0055258-9)

RELATÓRIO

O EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX (Relator): Trata-se de agravo


regimental interposto pelo ESTADO DE PERNAMBUCO (e-STJ fls. 221/223) em face da r.
decisão monocrática de minha lavra, assim ementada:
"PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO. ERRÔNEA
INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL. PRINCÍPIO DA
FUNGIBILIDADE RECURSAL. INAPLICABILIDADE AO CASO.
1. A interposição de recurso especial ao invés do recurso ordinário,
ainda que os fundamentos da irresignação sejam constitucionais,
torna inadmissível, configurando erro grosseiro, inaplicando-se o
princípio da fungibilidade (Súmula n° 272 do STF).
2. O art. 105, II, "b", da CF estabelece que: "Compete ao Superior
Tribunal de Justiça: II - julgar, em recurso ordinário: b) os mandados
de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando denegatória a decisão'.
3. Destarte, a decisão atacada deve ser de tribunal (ou Superior ou
Tribunais de segunda instância), razão pela qual não cabe esse meio de
impugnação das decisões monocráticas dos relatores dos colegiados e
das decisões denegatórias provenientes dos juizados especiais, mas
são admissíveis do resultado denegatório do recurso interposto contra
a manifestação fracionária.
4. Realmente, a doutrina assevera que "o acórdão denegatório
proferido no julgamento do agravo interposto contra decisão
monocrática denegatória da segurança pode ser combatido mediante
recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça. O recurso
ordinário só é cabível quando o legitimado interpôs o adequado
recurso processual pretérito na corte de origem, com a conseqüente
denegação do mandado de segurança originário por meio de acórdão
proferido pelo órgão colegiado competente do tribunal regional ou
local" (SOUZA, Bernardo Pimentel. Introdução aos recursos cíveis e à
ação rescisória. São Paulo: Saraiva, 2009, p.802)
5. In casu, o Estado de Pernambuco impetrou mandado de segurança
junto ao Tribunal de Justiça local, tendo o relator monocraticamente
denegado a ordem e o órgão colegiado, em sede de agravo regimental,
referendado o sentido denegatório do pleito.
6. Agravo de instrumento não conhecido."

Em suas razões, em síntese, o ora agravante alega que, in casu, deve ser
aplicado o princípio da fungibilidade recursal, haja vista que "o recurso ordinário, nos termos
do art. 105, II, b, da CF/88, é cabível somente quando a decisão é denegatória da segurança.
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No caso em tela, não se concedeu nem foi negada a segurança, mas a ação foi extinta sem
julgamento de mérito, o que deu suporte à interposição do recurso especial".

É o relatório.

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EMENTA

PROCESSUAL CIVIL. RECURSO ORDINÁRIO. ERRÔNEA


INTERPOSIÇÃO DE RECURSO ESPECIAL. PRINCÍPIO DA
FUNGIBILIDADE RECURSAL. INAPLICABILIDADE AO
CASO.
1. A interposição de recurso especial ao invés do recurso ordinário,
ainda que os fundamentos da irresignação sejam constitucionais, torna
inadmissível, configurando erro grosseiro, inaplicando-se o princípio
da fungibilidade (Súmula n° 272 do STF).
2. O art. 105, II, "b", da CF estabelece que: "Compete ao Superior
Tribunal de Justiça: II - julgar, em recurso ordinário: b) os mandados
de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando denegatória a decisão'.
3. Destarte, a decisão atacada deve ser de tribunal (ou Superior ou
Tribunais de segunda instância), razão pela qual não cabe esse meio de
impugnação das decisões monocráticas dos relatores dos colegiados e
das decisões denegatórias provenientes dos juizados especiais, mas
são admissíveis do resultado denegatório do recurso interposto contra
a manifestação fracionária.
4. Realmente, a doutrina assevera que "o acórdão denegatório
proferido no julgamento do agravo interposto contra decisão
monocrática denegatória da segurança pode ser combatido mediante
recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça. O recurso
ordinário só é cabível quando o legitimado interpôs o adequado
recurso processual pretérito na corte de origem, com a conseqüente
denegação do mandado de segurança originário por meio de acórdão
proferido pelo órgão colegiado competente do tribunal regional ou
local" (SOUZA, Bernardo Pimentel. Introdução aos recursos cíveis e à
ação rescisória. São Paulo: Saraiva, 2009, p.802)
5. In casu, o Estado de Pernambuco impetrou mandado de segurança
junto ao Tribunal de Justiça local, tendo o relator monocraticamente
denegado a ordem e o órgão colegiado, em sede de agravo regimental,
referendado o sentido denegatório do pleito.
6. Agravo regimental desprovido.

VOTO

O EXMO. SR. MINISTRO LUIZ FUX (Relator): A decisão agravada


ostenta o seguinte teor:
"Cuida-se de agravo de instrumento interposto pelo Estado de
Pernambuco contra decisão emanada da Vice-Presidência do
Tribunal de Justiça do mesmo Estado que restou vazada nestes
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termos:

"(...) Conforme se depreende dos autos, a decisão lançada


monocraticamente e referendada pelo órgão colegiado foi em sentido
denegatório ao pleito do Recorrente. Desta feita, a via específica para
impugnação da prestação jurisdicional seria o Recurso Ordinário
previsto no artigo 105, inciso II, alínea "b".
Ante o exposto, verifica-se a inadequação da via eleita, haja vista a
ausência de previsão legal de interposição de Recurso Especial para
o caso em comento.
Por outro lado, o princípio da fungibilidade recursal, consagrado no
ordenamento pátrio vigente, preceitua que se admita uma modalidade
recursal por outra erroneamente manejada, desde que haja dúvida
objetiva acerca de qual espécie deva se escolhida. Nesse diapasão,
tem-se por objetiva a dúvida que aflija a doutrina e a jurisprudência,
(...)
Feita essa explanação, verifico que na hipótese dos autos não há que
se falar em fungibilidade, haja vista a inexistência de qualquer dúvida
acerca do recurso cabível (...)
Destarte, trata-de de erro grosseiro, inaplicável o princípio da
fungibilidade ao caso em apreço. Por tais considerações, inadmito o
presente Recurso Especial." (e-STJ fls. 62/64)

Na minuta do recurso, a Fazenda estadual, ora agravante, sustenta,


em síntese, que houve a invasão de competência do STJ e que "o
cabimento do recurso ordinários restringe-se à hipótese de
denegação da ordem, que, a toda evidência, não se confunde, no que
respeita à natureza jurídica, de decisão tal como a que tomada nesta
causa, em que monocraticamente extinto o mandado de segurança"
Não foi apresentada contraminuta ao presente agravo.
Breve relato, DECIDO .
Deveras, a interposição de recurso especial ao invés do recurso
ordinário, ainda que os fundamentos da irresignação sejam
constitucionais, torna inadmissível, configurando erro grosseiro,
inaplicando-se o princípio da fungibilidade (Súmula n° 272 do STF).

O art. 105, II, "b", da CF estabelece que: "Compete ao Superior


Tribunal de Justiça: II - julgar, em recurso ordinário: b) os mandados
de segurança decididos em única instância pelos Tribunais Regionais
Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e
Territórios, quando denegatória a decisão'.

Destarte, a decisão atacada deve ser de tribunal (ou Superior ou


Tribunais de segunda instância), razão pela qual não cabe esse meio
de impugnação das decisões monocráticas dos relatores dos
colegiados e das decisões denegatórias provenientes dos juizados
especiais, mas são admissíveis do resultado denegatório do recurso
interposto contra a manifestação fracionária.
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4. Realmente, a doutrina assevera que "o acórdão denegatório


proferido no julgamento do agravo interposto contra decisão
monocrática denegatória da segurança pode ser combatido mediante
recurso ordinário para o Superior Tribunal de Justiça. O recurso
ordinário só é cabível quando o legitimado interpôs o adequado
recurso processual pretérito na corte de origem, com a conseqüente
denegação do mandado de segurança originário por meio de acórdão
proferido pelo órgão colegiado competente do tribunal regional ou
local" (SOUZA, Bernardo Pimentel. Introdução aos recursos cíveis e
à ação rescisória. São Paulo: Saraiva, 2009, p.802).

5. In casu, o Estado de Pernambuco impetrou mandado de segurança


junto ao Tribunal de Justiça local, tendo o relator monocraticamente
denegado a ordem e o órgão colegiado, em sede de agravo
regimental, referendado o sentido denegatório do pleito.

Ex positis, NÃO CONHEÇO do agravo de instrumento."

Destarte, resta evidenciado que o agravante não trouxe nenhum argumento


capaz de infirmar a decisão ora hostilizada, pelo que entendo há de ser mantida por seus
próprios fundamentos.
Ex positis , NEGO PROVIMENTO ao Agravo Regimental.
É como voto.

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CERTIDÃO DE JULGAMENTO
PRIMEIRA TURMA

AgRg no
Número Registro: 2010/0055258-9 PROCESSO ELETRÔNICO Ag 1.290.489 / PE

Números Origem: 112829 11282901 1910803987 207445100 9200004539


EM MESA JULGADO: 09/11/2010

Relator
Exmo. Sr. Ministro LUIZ FUX
Presidente da Sessão
Exmo. Sr. Ministro BENEDITO GONÇALVES
Subprocuradora-Geral da República
Exma. Sra. Dra. RAQUEL ELIAS FERREIRA DODGE
Secretária
Bela. BÁRBARA AMORIM SOUSA CAMUÑA
AUTUAÇÃO
AGRAVANTE : ESTADO DE PERNAMBUCO
PROCURADOR : EDGAR MOURY FERNANDES NETO E OUTRO(S)
AGRAVADO : MANOEL DE BARROS DE ANDRADE LIMA E OUTROS
ADVOGADO : DORANY SAMPAIO
ASSUNTO: DIREITO ADMINISTRATIVO E OUTRAS MATÉRIAS DE DIREITO PÚBLICO - Servidor
Público Civil - Sistema Remuneratório e Benefícios

AGRAVO REGIMENTAL
AGRAVANTE : ESTADO DE PERNAMBUCO
PROCURADOR : EDGAR MOURY FERNANDES NETO E OUTRO(S)
AGRAVADO : MANOEL DE BARROS DE ANDRADE LIMA E OUTROS
ADVOGADO : DORANY SAMPAIO

CERTIDÃO
Certifico que a egrégia PRIMEIRA TURMA, ao apreciar o processo em epígrafe na sessão
realizada nesta data, proferiu a seguinte decisão:
A Turma, por unanimidade, negou provimento ao agravo regimental, nos termos do voto
do Sr. Ministro Relator.
Os Srs. Ministros Teori Albino Zavascki, Arnaldo Esteves Lima, Benedito Gonçalves
(Presidente) e Hamilton Carvalhido votaram com o Sr. Ministro Relator.

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Brasília, 09 de novembro de 2010

BÁRBARA AMORIM SOUSA CAMUÑA


Secretária

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