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Prof(a): Anelíze Muniz

Nome: André Almeida


turma: 3535
Data: 17/09/18

Exercício 2 - QUESTÕES SUBJETIVAS

Os alunos deverão preparar suas respostas para aula 10/09/2018.


Deverão preparar seus trabalhos individuais, sem plágio um dos outros.
Deverão apresentar jurisprudência atual e doutrina.
Por fim, deverão estar preparados, pois poderá ocorrer debate em sala.

1. QUAL O CONCEITO DE POSSE? FUNDAMENTE SUA RESPOSTA


Historicamente, doutrinadores buscam conceituar e classificar juridicamente o instituto da posse, gerando extensa
discussão sobre a matéria. A primeira controvérsia a ser debatida consiste em estabelecer se a posse se trata de fato
ou direito. Quanto à natureza da posse, a maior parte da doutrina entende se tratar de um instituto de natureza
híbrida, apresentando ora características de direito real, ora de direito obrigacional. Para Cristiano Farias e Nelson
Rosenvald (2012) a posse pode ser dimensionada de três maneiras. A primeira, quando o proprietário é possuidor
de seu próprio bem, sendo a posse considerada direito real. A segunda, quando a posse emana de contrato
de usufruto, penhor, enfiteuse, locação, promessa de compra e venda ou comodato, situação em que a posse poderá
ser tanto direito real quanto obrigacional. Finalmente, a terceira situação se dá quando a posse emana de ocorrência
fática e existencial de ocupação da coisa, mesmo sendo contra o proprietário da coisa, daí porque não se
confundem posse e propriedade.

Com relação ao presente assunto, a seguinte jurisprudência:

Órgão : 4ª TURMA CÍVEL Classe : APELAÇÃO CÍVEL N. Processo : 20180710021262APC


(0021317-36.2010.8.07.0001) Apelante(s) : NEUZA VIEIRA DE MIRANDA Apelado(s) :
BENEDITA PEREIRA DE SOUSA E OUTROS Relator : Desembargador ARNOLDO
CAMANHO Acórdão N. : 1121103 APELAÇÃO CÍVEL. REINTEGRAÇÃO DE POSSE.
OCUPAÇÃO. TERRENO. PARCELAMENTO IRREGULAR DE TERRA. PRELIMINAR
DE NULIDADE DO PROCESSO POR CERCEAMENTO DE DEFESA. REJEIÇÃO.
MÉRITO. SOLUÇÃO DO LITÍGIO. MELHOR POSSE. 1. Sendo evidente que, invalidada a
primeira sentença, foi oportunizado à autora apresentar réplica, bem assim, às partes,
especificarem e produzirem provas, há que se reputar não consumado o sustentado
cerceamento de defesa. 2. Em se tratando de ocupação de imóvel situado em parcelamento
irregular de terra, a solução da reintegração de posse passa pela análise de quem detém a
melhor posse, ou seja, daquele que efetivamente exerce os poderes que mais se aproximam da
propriedade. Precedente. 3. Apelação não provida.

2. QUAL A DISTINÇÃO ENTRE DIREITO PESSOAL E DIREITO REAL? CITE EXEMPLOS DE


DIREITO PESSOAL DISTINTOS DOS QUE FORAM TRAZIDOS PELA PROFESSORA EM
SALA DE AULA. FUNDAMENTE SUA RESPOSTA.
Exposta a visão estrutural do tema, é possível demonstrar as diferenças básicas que afastam os direitos reais dos
direitos pessoais de cunho patrimonial. Para os últimos, serão utilizados como parâmetro os direitos obrigacionais
contratuais. Primeiramente, levando-se em conta a teoria realista, os direitos reais têm como conteúdo relações
jurídicas estabelecidas entre pessoas e coisas, relações estas que podem até ser diretas, sem qualquer intermediação
por outra pessoa, como ocorre nas formas originárias de aquisição da propriedade, cujo exemplo típico é a
usucapião. Portanto, o objeto da relação jurídica é a coisa em si. Por outra via, nos direitos pessoais de cunho
patrimonial há como conteúdo relações jurídicas estabelecidas entreduas ou mais pessoas, sendo o objeto ou
conteúdo imediato a prestação. Nos direitos reais existe apenas um sujeito ativo determinado, sendo sujeitos
passivos toda a coletividade. Nos direitos pessoais há, em regra, um sujeito ativo, que tem um direito (credor); e
um sujeito passivo, que tem um dever obrigacional(devedor). Contudo, vale dizer que, entre os últimos, têm
prevalecido relações jurídicas complexas, em que as partes sãocredoras e devedoras entre si (sinalagma
obrigacional).  Natureza jurídica dos direitos obrigacionais ou creditórios (direito subjetivo de crédito = direito a
uma prestação. O Direito de Crédito é um direito subjetivo que a pessoa tem de exigir uma prestação."Obrigação é
o direito subjetivo de crédito, ou seja, é o direito a uma prestação de dar, fazer ou não fazer algo" (Antônio
Menezes Cordeiro).> São direitos pessoais e patrimoniaisCódigo Civil: art. 83, III. No que tange o direito pessoal
que deriva geralmente do polo ativo e passivo (credor e devedor) um meio de prestação a ser cumprida pelo
devedor em favor do credor, exemplos: Podem ser Obrigacionais ou Creditórios, são direitos subjetivos por meio
dos quais as pessoas podem exigir uma das outras comportamentos positivos ou negativos de dar (ex: obrigação do
vendedor de dar a coisa a quem pagou), fazer (ex: prestar um serviço) ou não fazer alguma coisa (ex: não usar o
imóvel alugado para fins comerciais, pois a relação é de fins comerciais).  Flavio Tartuce (2016) 

Com relação ao presente assunto, a seguinte jurisprudência:

Órgão Primeira Turma Recursal DOS JUIZADOS ESPECIAIS DO DISTRITO FEDERAL


Processo N. RECURSO INOMINADO 0743760-45.2017.8.07.0016 RECORRENTE(S)
FACULDADE EVANGELICA DE BRASILIA SS LTDA - ME e FORTIUM - EDITORA E
TREINAMENTO LTDA RECORRIDO(S) ANA EUDE SILVA DE SOUSA Relatora Juiza
SONÍRIA ROCHA CAMPOS D'ASSUNÇÃO Acórdão Nº 1121163 EMENTA JUIZADO
ESPECIAL. DIREITO DO CONSUMIDOR. CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇOS
EDUCACIONAIS. DANO MORAL CONFIGURADO. QUANTUM MANTIDO. 1. Sobressai
dos autos que a autora/recorrida firmou contrato de prestação de serviços educacionais com a
recorrente, Faculdade Evangélica, para a realização do curso de Serviço Social, entretanto tal
empresa fechou as portas e direcionou seus alunos à faculdade Fortium. Entretanto, esta não
possuía o referido curso, o que gerou prejuízos à autora/recorrida, que teve de arcar com
custos imprevistos para a finalização do seu curso em instituição de ensino distinta, além da
violação aos seus direitos de personalidade. 2. O dano moral restou configurado, considerando
que a ruptura do contrato provocou inúmeros sentimentos negativos à autora-recorrida, tais
como frustração, incerteza, insegurança e desgosto, que extrapolam os limites do razoável,
violando os seus direitos de personalidade. R$ 6.000,00. 3. Para fixação do valor do dano moral,
faz-se necessário considerar a situação do ofendido, o dano e a sua extensão, a situação
econômica do ofensor e a vedação do enriquecimento sem causa, observando-se os princípios
da proporcionalidade e da razoabilidade. 4. RECURSO CONHECIDO e NÃO PROVIDO.
Sentença mantida. Condeno o Recorrente ao pagamento das custas processuais e dos
honorários advocatícios, estes fixados em 10% do valor da condenação, a teor do art. 55 da Lei
9.099/95. 5. A ementa servirá de acórdão, conforme art. 46 da Lei n. 9.099/95.

3. NO DIREITO REAL DE PROPRIEDADE O QUE VEM A SER O DIREITO DE SEQUELA E


QUAL A SUA EFICÁCIA NO QUE TANGE SER “ERGA OMNIS”? FUNDAMENTE SUA
RESPOSTA.
Ora, sabe-se que a hipoteca é um direito real de garantia sobre coisa alheia, que recai principalmente sobre bens
imóveis, tratada entre os arts. 1.473 a 1.505 do atual Código Civil. Um dos principais efeitos da hipoteca é a
constituição de um vínculo real, que acompanha a coisa (art. 1.419). Esse vínculo real ( direito de sequela) tem
efeitos erga omnes, dando direito de excussão ao credor hipotecário, contra quem esteja o bem (art. 1.422).
Exemplificando, se um imóvel é garantido pela hipoteca, é possível que o credor reivindique o bem contra terceiro
adquirente da coisa. Assim, não importa se o bem foi transferido a terceiro; este também o perderá, mesmo que o
tenha adquirido de boa-fé. A constituição da hipoteca é muito comum em contratos de construção e incorporação
imobiliária, visando a um futuro condomínio edilício. Como muitas vezes o construtor não tem condições
econômicas para levar adiante a sua obra, celebra um contrato de empréstimo de dinheiro com um terceiro (agente
financeiro ou agente financiador), oferecendo o próprio imóvel como garantia, o que inclui todas as suas unidades
do futuro condomínio. Flavio Tartuce (2016)

Com relação ao presente assunto, a seguinte jurisprudência:

Classe do Processo: 20180110104513APC - (0072634-73.2010.8.07.0001 - Res. 65 CNJ) Registro


do Acórdão Número: 1110406 Data de Julgamento:18/07/2018 Órgão Julgador: 3ª TURMA
CÍVEL Relator: ALVARO CIARLINI Data da Intimação ou da Publicação: Publicado no
DJE: 23/07/2018 . Pág.: 418/424Ementa:PROCESSO CIVIL. DIREITO CIVIL. APELAÇÃO
CÍVEL. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA DE
FUNDAMENTAÇÃO. INOCORRÊNCIA. USUCAPIÃO EXTRAORDINÁRIA. DETENÇÃO.
AUSÊNCIA DE POSSE AD USUCAPIONEM. INDENIZAÇÃO. BENFEITORIAS.
IMPOSSIBILIDADE. REIVINDICATÓRIA. PROVA DO TÍTULO DO DOMÍNIO.
REGISTRO. AUSÊNCIA DE IMPUGNAÇÃO. EFICÁCIA ERGA OMNES. 1. Hipótese de
exercício de pretensão reivindicatória pelo proprietário de bem imóvel em conjunto com a
elaboração de pedido reconvencional de usucapião extraordinária. 2. A partir da constatação
de que o Magistrado procedeu à adequada fundamentação a respeito da relação jurídica
processual em análise, não pode ser acolhida a alegação de negativa de prestação jurisdicional,
na hipótese da sentença não se manifestar expressamente a respeito de todos os elementos
probatórios coligidos aos autos. 3. A mera detenção do bem imóvel, caracterizada pela
autorização promovida pelo seu possuidor direto, não poderá consubstanciar a aquisição do
bem por usucapião, diante da ausência, nesse caso, do preenchimento de requisito
fundamental, qual seja, a posse com animus domini. 4. A exceção de retenção somente pode ser
exercida pelo possuidor do bem, o mesmo podendo-se afirmar em relação à indenização por
eventuais benfeitorias ali erigidas, nos termos dos artigos 1219 e 1220 do Código Civil. 5. O
título de domínio de imóvel, devidamente registrado, tem efeitos erga omnes. Assim, a ausência
de impugnação ao aludido registro, em somatório com o não acolhimento da pretensão de
usucapir o bem, evidenciam a legitimidade do exercício do direito de sequela pelo reivindicante,
o que deve conduzir à procedência do pedido. 6. Recurso conhecido e provido.

4. DESCREVA A TEORIA DE SAVIGNY E DE IHERING. E DIGA QUAL A TERORIA


ADOTADA PELO CÓDIGO CIVIL BRASILEIRO? FUNDAMENTE SUA RESPOSTA.
Teoria subjetiva (clássica) de Savigny
Em 1803, aos 24 anos de idade, Friedrich Karl Von Savigny elaborou a sua monografia Das Recht des Besitzes, O
Tratado da Posse. Em sua concepção, a posse seria o poder que a pessoa tem de dispor materialmente de uma coisa,
com intenção de tê-la para si e defendê-la contra a intervenção de outrem. Para o mestre, a posse apresenta dois
elementos constitutivos: a) corpus: é o elemento que se traduz no controle material da pessoa sobre a coisa,
podendo dela imediatamente se apoderar, servir e dispor, possibilitando ainda a imediata oposição do poder de
exclusão em face de terceiros; 1 GROSSI, Paolo. História da Propriedade e outros Ensaios, p. 15. 2 CORDEIRO,
Antônio de Menezes. A Posse: perspectivas dogmáticas atuais, p. 52. 36 Curso de Direito Civil b) animus: é o
elemento volitivo, que consiste na intenção do possuidor de exercer o direito como se proprietário fosse, de sentir-
se o dono da coisa, mesmo não sendo. Não basta deter a coisa (corpus), mas haver uma vontade de ter a coisa para
si. Só haverá posse onde houver animus possidendi. A teoria subjetivista estabelece o corpus como a apreensão da
coisa. Todavia, não se trata essa apreensão de mero contato corporal com o bem, mas da disponibilidade física, no
sentido da possibilidade do indivíduo de agir imediatamente sobre a coisa e dela afastar toda a ação de estranhos.
Critica-se, na teoria subjetiva, a exacerbação do papel da autonomia da vontade pela incondicionada ligação da
posse ao animus domini. Segundo Savigny, refletindo o ideário liberal e individualista vigente na época, a pessoa
era o indivíduo abstrato que ocupava um dos polos da relação jurídica, possuindo autodeterminação nas relações
econômicas. Essa visão restrita e unitarista camufla o ser humano concreto, capaz de se manifestar em uma
pluralidade de relações possessórias, nas quais não releva o exame do animus domini, mas sim a proteção à
moradia, ao trabalho e a defesa incondicional dos direitos da personalidade e da dignidade da pessoa humana.
Teoria objetiva de Ihering
Na linha de Savigny, Rudolf Von Ihering (1818-1892) encontra a base da controvérsia possessória no direito
romano. Porém, em Ihering, a posse é o mero exercício da propriedade O célebre romanista admite a anterioridade
histórica da posse em relação à propriedade, para justificar a inferioridade daquela em relação a esta. Na prática,
traz para o direito o determinismo darwiniano que expressa a evolução biológica pela necessária precedência na
natureza dos seres inferiores aos superiores. A posse seria o poder de fato, e a propriedade, o poder de direito sobre
a coisa. “O fato e o direito: tal é antítese a que se reduz a distinção entre a posse e a propriedade”.4 A posse não é
reconhecida como modelo jurídico autônomo, pois o possuidor seria aquele que concede destinação econômica à
propriedade, isto é, visibilidade ao domínio. A posse é a porta que conduziria à propriedade, um meio que conduz a
um fim. A propriedade sem a posse seria um tesouro sem a chave, uma árvore frutífera sem a escada que atingisse
os frutos, pois a propriedade sem a posse restaria paralisada. Em outras palavras, não é possível conceder espaço
ilimitado à vontade do possuidor, pois a liberdade da pessoa encontra limites na norma. Portanto, a posse merece
respeito na conformação encontrada pelo ordenamento jurídico, que considera a posse como exteriorização e
complemento necessário à proteção da propriedade. Em suma, para Ihering a tutela da posse não decorre da
necessidade de evitar a violência, mas tem como único fundamento a defesa imediata da propriedade. Os interditos
possessórios nascem em razão da propriedade e não da posse em si mesma, pois a origem das referidas ações no
direito romano reside na proteção da propriedade, mesmo que em um primeiro momento culminem elas por
socorrer a posse e, indesejavelmente, a figura do não proprietário.5 A teoria objetiva repele a conceituação da posse
que se baseia no elemento puramente subjetivo – animus –, pois ele está implícito no poder de fato exercido sobre a
coisa. A posse é evidenciada pela existência exterior, sem qualquer necessidade de descermos a intrincada questão
do plano íntimo da vontade individual de quem possui. Bem percebe Moreira Alves que o animus para Ihering é a
“consciência e a vontade docorpus, razão por que se acham ambos indissoluvelmente ligados, estando este para
aquele como a palavra para o pensamentoCódigo brasileiro adotou à teoria objetiva adotada: À luz do que
prescreve o artigo 1.196 do Código Civil de 2002, entende-se ter havido a consagração da teoria objetiva de
Ihering, reconstruída na perspectiva do princípio da função social. A teoria de Savigny, entretanto, ainda se faz
presente em alguns pontos do direito civil, ou seja, embora a teoria subjetiva não traduza a matriz de nosso sistema,
influencia determinados pontos a exemplo do instituto da usucapião.Art. 1.196, CC/02 Considera-se possuidor todo
aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade. Cristiano Chaves
de Farias, Nelson Rosenvald (2015)

Com relação ao presente assunto, a seguinte jurisprudência:

Órgão : 6ª TURMA CÍVEL Classe : APELAÇÃO CÍVEL N. Processo : 20160410109263APC


(0010678-37.2016.8.07.0004) Apelante(s) : ALBERTINA CRUZ DOS REIS E OUTROS
Apelado(s) : RONALDO ALBINO LOPES DA SILVA E OUTROS Relator : Desembargador
CARLOS RODRIGUES Acórdão N. : 1117562 DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL.
EMBARGOS DE TERCEIROS. REINTEGRAÇÃO DE POSSE. ILEGITIMIDADE DE
PARTES. EXTINÇÃO SEM RESOLUÇÃO DE MÉRITO. ART. 674 CPC. POSSUIDOR.
TEORIA OBJETIVA. CONFIGURAÇÃO DA POSSE. BOA-FÉ. INEXISTÊNCIA.
CEDENTE. DETENTORA DE POSSE PRECÁRIA, DECORRENTE DE INVASÃO.
SENTENÇA MANTIDA. 1. Aquele que não sendo parte no processo, vier a sofrer constrição
ou ameaça de constrição sobre bens que possua ou sobre os quais tenha direito incompatível
com o ato constritivo pode requerer ao juízo o seu desfazimento ou a sua inibição por
intermédio de embargos de terceiros (art. 674CPC). 2. De acordo com a lei civil possuidor é
aquele que tem de fato o exercício de algum dos poderes inerentes à propriedade, seja o uso,
gozo ou fruição do bem, tendo o direito de reaver a coisa do poder de quem a possua
injustamente. Segundo a teoria objetiva, adotada pelo Código Civil, para a configuração da
posse é necessário o seu exercício de fato, seja de maneira plena ou não, de algum dos poderes
inerentes à propriedade. 3. Não socorre as embargantes-apelantes a alegação de que elas se
encontravam de boa-fé, já que adquiriram o imóvel de quem não detinha qualquer poder sobre
o bem e a cedente era detentora de posse precária, pois decorrente de invasão. Código de
Verificação : 4. Apelação conhecida e desprovida
5. O QUE É MERA DETENÇÃO DA POSSE (OU A POSSE JURIDICAMENTE
DESQUALIFICADA, E QUAIS AS 04 HIPÓTESES? FUNDAMENTE SUA RESPOSTA.
A detenção é aquela situação em que alguém conserva a posse em nome de outro e em cumprimento às suas ordens
e instruções. A detenção não é posse, portanto confere ao detentor direitos decorrentes desta. Fundamental
distinção entre as teorias subjetiva e objetiva da posse reside na exata conceituação da detenção. Enquanto Savigny
concebia-a na hipótese de ausência de animus domini por parte daquele que detém o poder físico sobre a coisa,
Ihering abstraiu sua noção de qualquer elemento psíquico, diferenciando o detentor do possuidor pela
regulamentação do direito objetivo. Vale dizer, o detentor seria aquele que perdeu a proteção possessória em
decorrência de um óbice legal, uma opção legislativa vinculada à qualidade de seu título de aquisição da coisa. A
detenção é uma posse degradada, juridicamente desqualificada pelo ordenamentovigente. O detentor não poderá
manejar ações possessórias e nem tampouco alcançar a propriedade pela via da usucapião. O legislador entendeu
que, em determinadas situações, alguém possui poder fático sobre a coisa sem que sua conduta alcance repercussão
jurídica, a ponto de ser negada ao detentor a tutela possessória. a) Os servidores da posse Em conformidade com o
art. 1.198 do Código Civil, servidores da posse (ou gestores da posse) são aquelas pessoas que detêm o poder físico
sobre a coisa em razão de uma relação subordinativa para com terceiro. Enfim, é aquele que apreende o bem em
cumprimento de ordens ou instruções emanadas dos reais possuidores ou proprietários. Também conhecidos como
fâmulos da posse, exercitam atos de posse em nome alheio, como mero instrumento da vontade de outrem. É o
eloquente exemplo do caseiro perante o bem imóvel. Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald (2015)
Exemplo: 1- caseiro em relação ao imóvel de que cuida.
2 - REINTEGRAÇÃO. POSSE. TERRAS PÚBLICAS. Noticiam os autos que foram adquiridas terras
públicas por instrumento de mandato outorgado por particular (mera detenção de posse). 3- nos
condomínios horizontais (edifícios), o uso da coisa comum, ainda que de forma exclusiva, não gera a
posse ad usucapionem. Presume-se que os atos de ocupação decorrem de mera tolerância dos demais
condôminos, gerando somente detenção (art. 1.208 do CC). 4 – Imagine-se que A pratique esbulho
possessório em face de B. Este praticará atos de autodefesa, na tentativa de retornar ao poder físico sobre
a coisa. Em todo o período em que A se mantiver na coisa, prevalecendo-se da violência contra B, será
considerado como detentor. Assim, impede-se que o esbulhador A possa ajuizar ação possessória em face
de B. A apenas terá a condição de detentor convertida em possuidor quando B desistir de retornar à posse
do imóvel, cessando, assim, o uso da violência. Fabrício Zamprogna Matiello acertadamente afirma que
“superado o defeito começa a formar-se a nova posse, mesmo porque incumbe ao titular original adotar as
medidas pertinentes visando evitar a consolidação do direito da parte contrária”.114 No período em que
são praticados atos de violência ou clandestinidade, não se pode utilizar as expressões posse violenta ou
posse clandestina, pois os ocupantes do bem não realizam atos de posse, mas de mera detenção.

Com relação ao presente assunto, a seguinte jurisprudência:

STJ, REsp. 1003708/PR, Rel. Min. JOSÉ DELGADO, 1a T., DJe 24.3.2008: “Tratam os autos
de ação de reintegração de posse ajuizada pela União contra Aerodata S/A – Engenharia de
Aerolevantamentos e outro objetivando que todos os originais de levantamentos
aerofotométricos que estivessem em sua posse fossem transferidos para as instalações do
Ministério da Defesa, com a condenação em eventual reparação de danos causados ao material.
4. O art. 13 do Decreto 2.278/97 é inequívoco em sua redação ao consignar que a entidade
inscrita, que executa serviço aeroespacial, é a detentora da posse dos originais de
aerolevantamento e, em consequência, a responsável pela sua preservação e controle. Pode-se
firmar conclusão, em princípio, que a propriedade dos originais de aerolevantamento deve ser
creditada à União, tendo em vista a previsão legal expressa sobre a detenção da posse da
empresa executante. 5. Detenção não se confunde com propriedade e posse. O interesse público
no serviço possui tanta relevância que são impostas diversas regras a serem cumpridas pelo
detentor dos documentos, como observar as normas técnicas para o seu armazenamento e
manuseio, não cedê-los sem prévia autorização e efetuar o controle de cópia cedida a
terceiro”.109 LOUREIRO, Luiz Guilherme, cf. Direitos Reais, p. 58.110 STJ, REsp.
1229028/PR, Rel. Min. Mauro Campbell, 2a T., DJe 18.10.2011: Na espécie, o Tribunal de
origem, apesar de reconhecer que o parcelamento tributário possui o condão de suspender o
curso da execução,

6. O QUE É COMPOSSE? FUNDAMENTE SUA RESPOSTA.


Em princípio, a condição jurídica do possuidor perante a coisa se assemelha à do proprietário. Ambos se qualificam
pela exclusividade, pois podem exercitar os poderes dominiais de uso e fruição da coisa de modo a excluir todas as
outras pessoas da concorrência sobre os mesmos poderes. A composse é uma situação excepcional consistente na
posse comum e de mais de uma pessoa sobre a mesma coisa, que se encontra em estado de indivisão (art. 1.199 do
CC). Como sugere Maria Helena Diniz, para a configuração da compossessão ou posse comum são necessários
dois pressupostos: pluralidade de sujeitos e coisa indivisa ou em estado de indivisão.98 A composse é uma
situação que apenas verifica-se na comunhão pro indiviso. Ou seja, nas situações em que várias pessoas exercem
simultaneamente ingerência fática sobre um bem, sem que as partes sejam localizadas, contando cada possuidor
com uma fração ideal sobre a posse, que lhes concede a fruição indistinta de todas as suas partes, sem que de
nenhuma delas possam ser excluídos pelos outros compossuidores ou terceiros. Ilustrativamente, é a situação de
um vasto grupo de pessoas que ocupa um imóvel abandonado. Todos são compossuidores da área total, sem
discriminação de partes reservadas. Todavia, se os possuidores pactuaram no sentido de reservar áreas específicas e
perfeitamente delimitadas para a atuação fática individual e pacífica sobre a sua fração concreta, desaparecerá o
estado de composse e surgirão várias posses pro diviso. Não obstante se mantenha a propriedade em estado de
indivisão (compropriedade), desaparecerá a composse pelo fato de cada possuidor ingressar em uma nova condição
jurídica, na qual poderá excluir os outros possuidores de qualquer forma de atuação sobre a parte que destacou para
si. Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald (2015)

Com relação ao presente assunto, a seguinte jurisprudência:

RECURSO ESPECIAL Nº 537.363 - RS (2003/0051147-7) RELATOR : MINISTRO VASCO


DELLA GIUSTINA (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO TJ/RS) RECORRENTE :
ANTÔNIO CURTINAZ ALVES E CÔNJUGE ADVOGADO : PAULO ANTÔNIO
MONTENEGRO BARBOSA RECORRIDO : ORLANDO POOCH E OUTROS ADVOGADO :
ANGELINO GARAVELLO EMENTA DIREITO CIVIL. POSSE. MORTE DO AUTOR DA
HERANÇA. SAISINE. AQUISIÇÃO EX LEGE. PROTEÇÃO POSSESSÓRIA INDEPENDENTE
DO EXERCÍCIO FÁTICO. RECURSO ESPECIAL PROVIDO. 1. Modos de aquisição da posse.
Forma ex lege: Morte do autor da herança. Não obstante a caracterização da posse como poder fático
sobre a coisa, o ordenamento jurídico reconhece, também, a obtenção deste direito na forma do art.
1.572 do Código Civil de 1916, em virtude do princípio da saisine, que confere a transmissão da
posse, ainda que indireta, aos herdeiros, independentemente de qualquer outra circunstância. 2. A
proteção possessória não reclama qualificação especial para o seu exercício, uma vez que a posse
civil - decorrente da sucessão -, tem as mesma garantias que a posse oriunda do art. 485 do Código
Civil de 1916, pois, embora, desprovida de elementos marcantes do conceito tradicional, é tida como
posse, e a sua proteção é, indubitavelmente, reclamada. 3. A transmissão da posse ao herdeiro se dá
ex lege. O exercício fático da posse não é requisito essencial, para que este tenha direito à proteção
possessória contra eventuais atos de turbação ou esbulho, tendo em vista que a transmissão da posse
(seja ela direta ou indireta) dos bens da herança se dá ope legis, independentemente da prática de
qualquer outro ato. 4. Recurso especial a que se dá provimento.

7. A PESSOA QUE INVADE UM BEM IMÓVEL PODE SER CONSIDERADA POSSUIDORA? E,


NESSE CASO, TODO O POSSUIDOR PODE TER SUA POSSE PROTEGIDA? FUNDAMENTE
SUA RESPOSTA.
O Código Civil brasileiro (Lei nº 10.406/2002) preconiza em seu art. 1.196, que “considera-se possuidor todo
aquele que tem de fato o exercício, pleno ou não, de algum dos poderes inerentes à propriedade”. Neste diapasão,
podemos aduzir que a posse se caracteriza quando se tem poder sobre a coisa e a intenção de ser o dono. Ou seja, é
possuidor quem se comporta como dono. A posse se caracteriza mesmo quando inexiste qualquer título. Ela é
protegida pela legislação e gera direitos ao possuidor. Assim, todo aquele que não tem título (registro imobiliário)
tem somente a posse. Já o proprietário é aquele que tem o registro imobiliário, ou seja, a propriedade depende de
título no Cartório de Registro de Imóveis para existir. Nesta esteira, aquele que reside num imóvel, se comportando
como dono e tendo poder sobre ele, é um possuidor. O exemplo mais comum de posse é o do locatário/inquilino,
que, por meio do contrato de locação, se torna possuidor de um imóvel, podendo se comportar como dono. É
também possuidor aquele que invade certa porção de terra ou casa abandonada, por exemplo, e passa a exercer os
poderes inerentes à propriedade, gozando de poder sobre a coisa, com intenção de ser o dono. Tal invasão pode
ocasionar a usucapião e o referido invasor pode tornar-se proprietário da coisa invadida. O possuidor goza de
diversos direitos para proteger a sua posse, até mesmo o direito à legítima defesa, ou desforço imediato, ou
autodefesa da posse, já que quem não defende seus bens, móveis ou imóveis, não é digno de possuí-los. Assim, se
o possuidor não age prontamente, resta recorrer ao Poder Judiciário por meio das ações possessórias. Neste
diapasão, o Código Civil prevê o seguinte: Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de
turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. 1o O
possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo;
os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. (grifo
do autor)

http://habibadvocacia.com.br/blog/737-2/

As faculdades da legítima defesa da posse e do desforço imediato


As faculdades de utilização da legítima defesa da posse e do desforço imediato sempre geraram polêmicas e estão
previstas no art. 1.210, § 1.º, do CC/2002, cuja redação é a seguinte: “O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá
manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa ou de desforço não
podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse”. A legítima defesa da posse e o desforço
imediato constituem formas de autotutela, autodefesa ou de defesa direta, independentemente de ação judicial,
cabíveis ao possuidor direto ou indireto contra as agressões de terceiro. Nos casos de ameaça e turbação, em que o
atentado à posse não foi definitivo, cabe a legítima defesa. Em havendo esbulho, a medida cabível é o desforço
imediato, para a retomada do bem esbulhado. Tartuce, Flávio Direito das Coisas (Ed 9º 2017)

Com relação ao presente assunto, a seguinte jurisprudência:

RECURSO ESPECIAL Nº 1.484.304 - DF (2014/0252641-1) RELATOR : MINISTRO


MOURA RIBEIRO RECORRENTE : ELIELTON OLIVEIRA DA SILVA ADVOGADO :
DEFENSORIA PÚBLICA DO DISTRITO FEDERAL RECORRIDO : JOSÉ DA SILVA
OLIVEIRA ADVOGADOS : EDUARDO SARDINHA CUNHA E OUTRO(S) GUIDO FARIA
DE CARVALHO INTERES. : ELIETE OLIVEIRA DA SILVA INTERES. : BENEDITA
VIEIRA DA SILVA INTERES. : FRANCISCO CASTRO FRAZÃO INTERES. : JOSÉ
ALVES DA SILVA INTERES. : MARIA DAS GRAÇAS VIEIRA DA SILVA EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. ÁREAS PÚBLICAS DISPUTADAS ENTRE PARTICULARES.
POSSIBILIDADE DO SOCORRO ÀS DEMANDAS POSSESSÓRIAS. 1. A ocupação de área
pública, sem autorização expressa e legítima do titular do domínio, não pode ser confundida
com a mera detenção. 2. Aquele que invade terras e nela constrói sua moradia jamais exercerá
a posse em nome alheio. Não há entre ele e o proprietário ou quem assim possa ser qualificado
como o que ostenta jus possidendi uma relação de dependência ou subordinação. 3. Ainda que
a posse não possa ser oposta ao ente público senhor da propriedade do bem, ela pode ser oposta
contra outros particulares, tornando admissíveis as ações possessórias entre invasores. 4.
Recurso especial não provido.

8. É POSSIVEL QUE UMA POSSE JA NASÇA PRECÁRIA? FUNDAMENTE SUA RESPOSTA.


Posse precária – é a obtida com abuso de confiança ou de direito (precario). Tem forma assemelhada ao crime de
estelionato ou à apropriação indébita, sendo também denominada esbulho pacífico. Exemplo: locatário de um bem
móvel que não devolve o veículo ao final do contrato. Algo interessante há no processo de nascimento da posse
precária. Enquanto os outros vícios, de violência e de clandestinidade, nascem da detenção, a posse precária nasce
de posse justa. Esta é exercida pelo possuidor direto que exerce posse justa enquanto não é devidamente
interpelado pelo possuidor indireto a devolver a coisa. No momento em que o possuidor direto recusa-se a restituir
a coisa ao possuidor indireto nasce a posse precária: uma posse injusta que necessariamente se origina da posse
justa. GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito Civil Brasileiro. Vol. 5:Direito Das Coisas. Ed 9º

Com relação ao presente assunto, a seguinte jurisprudência:

RECURSO EXTRAORDINÁRIO 804.686 CEARÁ RELATOR : MIN. RICARDO


LEWANDOWSKI RECTE.(S) :TERESINHA JORGE DA SILVA E OUTRO(A/S) PROC.
(A/S)(ES) :DEFENSOR PÚBLICO-GERAL FEDERAL RECDO.(A/S) :CAIXA
ECONÔMICA FEDERAL - CEF ADV.(A/S) :DAVID SOMBRA PEIXOTO E OUTRO(A/S)
INTDO.(A/S) :JOÃO PAULO NASCIMENTO ARAUJO ADV.(A/S) :JOSÉ NUNES
SETÚBAL E OUTRO(A/S) Trata-se de recurso extraordinário interposto contra acórdão cuja
ementa segue transcrita: “CONSTITUCIONAL E ADMINISTRATIVO. USUCAPIÃO
ESPECIAL URBANO. IMÓVEL VINCULADO AO SFH. CARÁTER DE BEM PÚBLICO.
POSSE PRECÁRIA. 1. Apelação cível em face da sentença que julgou improcedente ação de
usucapião que tem como objeto imóvel submetido ao Sistema Financeiro de Habitação – SFH.
2. Os agravos retidos não merecem prosperar, visto que o julgamento antecipado da lide
atendeu às exigências do art. 330 do CPC. Além disso, a presença ou retirada dos autos de
contestação na qual não consta assinatura do advogado não traria qualquer alteração no
deslinde do presente feito. 3. Ausente o requisito do animus domini, já que a apelante possuía o
bem sabendo que esse era de propriedade de outrem. 4. O imóvel objeto de usucapião foi
financiado pelo SFH, cujas verbas possuem natureza pública, restando claro, que os imóveis a
ele vinculados não se sujeitam às ações de usucapião. 5. Agravos retidos e apelação
improvidos” (fl. 373). Neste RE, fundado no art. 102, III, a, da Constituição, alegou-se ofensa
ao art. 183 da mesma Carta. A pretensão recursal não merece acolhida.

9. EM UMA SITUAÇÃO QUE UM SUJEITO ADQUIRIU UMA POSSE SOB VIOLENCIA QUE
SOFRE UM ESBULHO DE UM TERCEIRO. ESTA POSSE DO TERCEIRO É JUSTA OU
INJUSTA? FUNDAMENTE SUA RESPOSTA.
Posse injusta: É a posse ilícita, ou seja, aquela que decorre de violência, clandestinidade ou precariedade. Porém,
esses vícios não esgotam a matéria. Violência: A posse nasce através de um desforço físico injustificado. Exemplo:
Aquele que ocupa um imóvel através de violência. A posse injusta não pode se convertida em posse justa. A posse
injusta não é protegida por lei, salvo contra terceiro. Assim, a posse, somente, é injusta em face do legítimo
possuidor. Contudo, sendo juris tantum tal presunção admite prova em contrário. De modo que, se o adquirente a
título clandestino ou violento provar que sua clandestinidade ou violência cessaram há mais de ano e dia, sua posse
passa a ser reconhecida (CC, art. 1.208), convalescendo-se dos vícios que a maculavam. Posse injusta – apresenta
os referidos vícios, pois foi adquirida por meio de ato de violência, ato clandestino ou de precariedade, nos
seguintes termos: Posse violenta – é a obtida por meio de esbulho, for força física ou violência moral (vis). A
doutrina tem o costume de associá-la ao crime de roubo. Exemplo: integrantes de um movimento popular invadem
violentamente, removendo e destruindo obstáculos, uma propriedade rural que está sendo utilizada pelo
proprietário, cumprindo a sua função social. “Causa perplexidade o fato de os ocupantes violentos ou clandestinos,
porque meros detentores, não terem defesa possessóriacontra a agressão injusta de terceiros. Como, porém, alerta
Nelson Rosenvald, essa é a única hipótese em que o detentor, por não ser mero instrumento da posse de terceiro,
tem a tutela possessória contra o ataque injusto de terceiros, que não a vítima, de quem obteve o poder imediato de
modo vicioso” (LOUREIRO, Francisco Eduardo. Código Civil..., 2007, p. 1.008). Além disso, segundo a visão
clássica, e pelo que consta do art. 1.208, segunda parte, do atual Código Civil, as posses injustas por violência ou
clandestinidade podem ser convalidadas, o que não se aplicaria à posse injusta por precariedade. Enuncia a norma
em questão que “Não induzem posse os atos de mera permissão ou tolerância assim como não autorizam a sua
aquisição os atos violentos, ou clandestinos, senão depois de cessar a violência ou a clandestinidade”. O dispositivo
acaba quebrando a regra pela qual a posse mantém o mesmo caráter com que foi adquirida, conforme o art. 1.203
do CC/2002, e que consagra o princípio da continuidade do caráter da posse. Ato contínuo, reconhece que aqueles
que têm posse violenta ou clandestina não têm posse plena, para fins jurídicos, sendo meros detentores. Tal
previsão causa perplexidade, pois acaba negando o conceito de posse injusta, entrando em clara contradição com o
art. 1.200 da própria codificação. De toda sorte, o presente autor segue a linha que reconhece na posse injusta a
existência de posse e não de detenção. Pois bem, diante dessa situação jurídica, sempre foi comum afirmar,
conciliando-se o art. 1.208 do CC/2002 com o art. 924 do CPC/1973, que, após um ano e um dia do ato de
violência ou de clandestinidade, a posse deixaria de ser injusta e passaria a ser justa. Essa posição majoritária deve
ser Flavio Tartuce (2016)

Com relação ao presente assunto, a seguinte jurisprudência:

Ag Rg no AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL Nº 645.812 - TO (2014/0342305-0)


RELATOR : MINISTRO ANTONIO CARLOS FERREIRA AGRAVANTE : JOSE CARLOS
PEREIRA ALMEIDA AGRAVANTE : ADRIANA VIEIRA LEAL ADVOGADO :
DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE TOCANTINS AGRAVADO : ISIDÓRIO
FERREIRA DE SOUSA AGRAVADO : MARIA DE JESUS PEREIRA DE SOUSA
ADVOGADO : DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DE TOCANTINS EMENTA
PROCESSUAL CIVIL. AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO
ESPECIAL. DECISÃO RECORRIDA PUBLICADA NA VIGÊNCIA DO CPC/1973. AÇÃO
REIVINDICATÓRIA. PROVA DO DOMÍNIO. CORRETA INDIVIDUALIZAÇÃO DO
IMÓVEL. POSSE INJUSTA DE TERCEIRO. REDISCUSSÃO DO TEMA EM RECURSO
ESPECIAL. REEXAME DO CONJUNTO FÁTICO-PROBATÓRIO. INADMISSIBILIDADE.
SÚMULA N. 7/STJ. DECISÃO MANTIDA. 1. O recurso especial não comporta o exame de
questões que impliquem revolvimento do contexto fático-probatório dos autos (Súmula n.
7/STJ). 2. No caso, não há como acolher a pretensão recursal pois, para verificar se a cessão de
direitos era apta a infirmar o título de propriedade apresentado pelos autores da
reivindicatória, seria imprescindível o reexame de fatos e provas, o que é vedado em recurso
especial. 3. Agravo regimental a que se nega provimento.

10. QUAIS DOS VÍCIOS DE POSSE INJUSTA QUE CONVALESCEM? EXPLIQUE E


FUNDAMENTE SUA RESPOSTA.
b.4) Aspectos comuns aos vícios objetivos: Cumpre enfatizar que, apesar do uso corriqueiro das expressões posse
violenta e posse clandestina, a posse propriamente dita só surgirá quando da cessação dos aludidos vícios, ou seja,
quando aquele que inicialmente era detentor pacificar ou publicizar a ocupação do bem. Afinal, enquanto se faz uso
da violência ou clandestinidade, sobeja o estado de detenção. Interessantenotar que, finda a violência e a
clandestinidade, a posse será indelevelmente marcada pelo vício originário e permanecerá como injusta até o fim
de seus dias, pois, em regra, a posse preserva o caráter pelo qual foi adquirida (art. 1.203 do CC). Certo é que a
posse derivada de atos de violência ou clandestinidade poderá gerar usucapião extraordinária (art. 1.238, CC),
posto não se exigir, como requisitos formais ao alcance da propriedade em tal modalidade originária, o justo título
e a boa-fé, sendo suficiente a mansidão, pacificidade e o animus domini como requisitos aquisitivos (art. 1.238 do
CC). Como veremos, mesmo na precariedade poderá ocorrer a usucapião, demonstrado o fenômeno da interversão
da posse, ou seja, inversão da causa da posse. Aliás, traçando um paralelo com o Direito Penal, evidenciam-se na
violência, na clandestinidade e na precariedade, respectivamente, os delitos tipificados nos arts. 157, 155 e 168 do
Código Penal (roubo, furto e apropriação indébita). Enquanto a violência e a clandestinidade são vícios originários,
pois habitualmente se manifestam quando da aquisição inicial da posse, o vício da precariedade é vício que se
manifesta a posteriori, observado em um momento sucessivo a uma posse justa, precisamente no instante da
indevida recusa de entrega da coisa no prazo inicialmente estabelecido. Mas, na vigência da relação contratual, a
posse é legítima e isenta de defeitos. Cristiano Chaves de Farias, Nelson Rosenvald (2015) “Causa perplexidade o
fato de os ocupantes violentos ou clandestinos, porque meros detentores, não terem defesa possessória contra a
agressão injusta de terceiros. Como, porém, alerta Nelson Rosenvald, essa é a única hipótese em que o detentor,
por não ser mero instrumento da posse de terceiro, tem a tutela possessória contra o ataque injusto de terceiros, que
não a vítima, de quem obteve o poder imediato de modo vicioso” (LOUREIRO, Francisco Eduardo. Código
Civil..., 2007, p. 1.008). Além disso, segundo a visão clássica, e pelo que consta do art. 1.208, segunda parte, do
atual Código Civil, as posses injustas por violência ou clandestinidade podem ser convalidadas, Flavio Tartuce
(2016) O relevante é porque a detenção violenta e a clandestina podem convalescer, ou seja, podem se curar e virar
posse quando cessar a violência ou a clandestinidade, e o ladrão/invasor passar a usar a coisa publicamente, sem
oposição ou contestação do proprietário. Posse clandestina é a que se constitui às escondidas. É a posse do invasor
que se apossa de terreno sem o conhecimento do dono. É a posse do ladrão que furta. A mesma regra da posse
violenta se aplica à posse clandestina. Por outras palavras, passados um ano e um dia, sem que o legítimo possuidor
tome providências no sentido de recuperar a posse perdida, a tença clandestina se convalesce de seu vício,
tornando-se posse ad interdicta e merecendo, consequentemente, proteção possessória. A posse clandestina, não
assegura ao possuidor direitos possessórios, uma vez que, a clandestinidade por si só, configura uma situação de
aquisição viciada. 

Com relação ao presente assunto, a seguinte jurisprudência:

APELAÇÃO REINTEGRAÇÃO DE POSSE INDIVIDUALIZAÇÃO DO BEM


REQUISITOS LEGAIS POSSE PRIMITIVA PROVA ESBULHO DATA POSSE
CLANDESTINA MÁ-FÉ MANUTENÇÃO DA SENTENÇA. - Individualização do bem:
princípio de presunção do sistema registral prevalência da realidade fática (presunção
relativa), em face do notável erro na transcrição imobiliária. Objeto bem delineado pelo MM.
Magistrado, irresignação que pretende alterar a veracidade dos fatos conduta inadmissível; -
Preenchimento regular dos requisitos legais à tutela possessória (artigos 333 e 927, ambos
do Código de Processo Civil): posse anterior e esbulho possessório; - Posse clandestina boa-fé
repelida. Inteligência do artigo 1.201, do Código Civil a ciência de vício na aquisição da coisa
não permite a tutela jurídica da cadeia possessória evidenciada; - Manutenção da decisão por
seus próprios e bem lançados fundamentos artigo 252 do Regimento Interno do Tribunal de
Justiça de São Paulo; RECURSO NÃO PROVIDO. (TJ-SP - APL: 01896529020108260000 SP
0189652-90.2010.8.26.0000, Relator: Maria Lúcia Pizzotti, Data de Julgamento: 30/06/2014,
20ª Câmara de Direito Privado, Data de Publicação: 03/07/2014)

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