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EFEITOS LOCAIS DE
HIDRELÉTRICAS NO BRASIL
JULIANO ASSUNÇÃO
DIMITRI SZERMAN
FRANCISCO COSTA
Dezembro 2016
TEMA
PROTEÇÃO AMBIENTAL
PALAVRAS-CHAVE
USINAS HIDRELÉTRICAS, DESMATAMENTO, IMPACTOS SOCIOECONÔMICOS,
AMAZÔNIA, BRASIL
O projeto Iniciativa para o Uso da Terra (INPUT) é composto por uma equipe de especialistas que trazem ideias inovadoras para conciliar
a produção de alimentos com a proteção ambiental. O INPUT visa avaliar e influenciar a criação de uma nova geração de políticas voltadas
para uma economia de baixo carbono no Brasil. O trabalho produzido pelo INPUT é financiado pela Children’s Investment Fund Foundation
(CIFF), através do Climate Policy Initiative. www.inputbrasil.org
6
Efeitos locais de hidrelétricas no Brasil1
2 de dezembro de 2016
1 Este estudo é resultado de uma parceria entre o Núcleo de Avaliação de Políticas Climá-
ticas da PUC-Rio e o BNDES. O BNDES contribuiu com dados sobre as usinas hidrelétricas,
bem como apoio e comentários da área técnica. Naturalmente, todos os possíveis erros con-
tidos no relatório são de responsabilidade dos autores. Não houve transferência de recursos
financeiros entre o BNDES e o NAPC/PUC-Rio.
Introdução
1
energia. Essas questões estão fora do escopo do estudo, e os resultados aqui apre-
sentados não servem para embasar argumentos a favor ou contra uma determinada
fonte de energia.
Esse estudo utiliza o método de controle sintético (Abadie et al., 2010; Abadie and
Gardeazabal, 2003) para estimar o efeito da construção de cada uma das hidrelétricas
em uma série de indicadores. Essa metodologia já foi empregada para avaliar as
consequências, de eventos tão variados quanto políticas de conservação de florestas
(Sills et al., 2015) e de combate ao crime (Saunders et al., 2014), de desastres naturais
(Cavallo et al., 2013) e a até mesmo da reunificação alemã (Abadie et al., 2015), entre
outros. Severnini (2014) usa o método de controle sintético para estimar efeitos de
longo prazo em aglomeração de usinas hidrelétricas nos Estados Unidos.
Esse estudo estima e analisa os efeitos locais da construção de UHEs em duas partes,
cada uma usando tipos diferentes de dados. Primeiro, são usados dados econômicos
e sociais, tomando o município como unidade análise. São analisados 82 municípios
diretamente afetados por UHEs cujo início de construção se deu entre 2002 e 2011.
Ao aplicar a abordagem de controle sintético para cada um dos 82 municípios, cons-
truímos efetivamente 82 estudos de caso comparáveis entre si, pois usam os mesmos
indicadores e metodologia. Com isso, conseguimos não apenas analisar o efeito me-
diano, ou “típico” de uma UHE, mas também a distribuição desses efeitos, inclusive
ao longo do tempo. O preço que se paga, no entanto, é uma certa perda de detalha-
mento de um ou outro caso. Neste sentido, a análise é insensível a certas realidades
locais, que só poderiam ser capturadas com estudos de caso mais detalhados so-
bre uma ou outra UHE. Apesar disso, a abordagem nos permite fazer meta-análises
para entender os determinantes dos efeitos – por exemplo, porque uma UHE pode
impulsionar uma economia local, enquanto outra pode ter o efeito inverso.
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um aumento entre 8%-14% do emprego formal.
Em segundo lugar, a construção de UHEs não faz o município típico sofrer impac-
tos (de curto ou longo prazo) em indicadores de saúde e saneamento. Apesar das
receitas correntes municipais aumentarem em 4%, não encontramos alterações rele-
vantes nos seguintes índices: taxa de mortalidade, internações por doenças que tem
mosquitos como vetores, internações por doenças sexualmente transmissíveis, den-
sidade da rede de água e densidade da rede de esgoto. No entanto, cabe salientar
que, para todos os indicadores estudados, alguns municípios foram mais severa-
mente afetados do que se esperaria tipicamente. Tal dispersão de efeitos é parti-
cularmente relevante no caso do número de internações por doenças causadas por
mosquitos. No ano seguinte a construção, 10% dos municípios afetados por UHEs
sofreu um aumento de mais de 260 novas internações por cem mil habitantes. Para
efeitos de comparação, a média de internação por doenças desse tipo nas localidades
afetadas era de 80 por cem mil habitantes no ano 2000.
A segunda parte do estudo utiliza dados de satélites para analisar os efeitos de UHEs
construídas entre 2003-2011 no desmatamento na área do seu entorno. O foco dessa
parte é nas 10 UHEs construídas entre 2003 e 2011 na região amazônica3 , onde a
questão do desmatamento ganha mais relevância, e onde os dados disponíveis são
mais adequados para a mensuração de desmatamento. Os resultados indicam que
os efeitos das construções de UHEs em desmatamento tendem a ser de curto prazo
e concentrados no seu entorno imediato: na maioria dos casos, o impacto na área
entre 40 e 100 quilômetros da barragem é pequeno.
3 Sãoelas: Santo Antônio do Jari, São Salvador, Estreito, Dardanelos, Santo Antônio, Jirau, Belo
Monte, Ferreira Gomes, Colíder e Teles Pires.
3
ção de algumas UHEs não causaram efeitos relevantes em desflorestamento, outras
UHEs tiveram um impacto significativo. As UHEs de Santo Antônio e Jirau se des-
tacam: as nossas estimativas indicam que o desmatamento no entorno dessas UHEs
foi até quatro vezes maior do que o que teria ocorrido caso as UHEs não tivessem
sido construídas. Já a UHE Teles Pires parece ter evitado parte do desmatamento
que teria ocorrido na sua ausência. No agregado, conclui-se que as construções das
10 UHEs analisadas causou um aumento de 279 mil hectares a área desmatada em
relação ao que ocorreria caso elas não tivessem sido construídas
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Parte 1
Metodologia
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114 km2 (cerca de 6%) da área do município. Sob a hipótese de que o PIB teria ficado
constante no nível pré-intervenção, o impacto da construção da UHE Estreito no PIB
de Filadélfia seria a diferença entre as linhas azul e vermelha; após cinco anos do
início da construção, a diferença é de quase 60%.
Essa abordagem é problemática, pois não há como garantir que toda a diferença
medida entre os dois períodos se deve à construção da UHE Estreito. Quaisquer
outras mudanças que afetem o município – por exemplo, uma troca de prefeitos –
poderia influir na evolução do PIB municipal. Além disso, nota-se que o PIB do
município de Filadélfia já apresentava uma trajetória ascendente mesmo antes do
início da construção. Assim, é possível que o município tenha apenas seguido na
mesma trajetória, e que a construção da UHE Estreito não tenha em nada contribuído
para o PIB do município.
Outra abordagem possível consiste em comparar locais afetados por UHEs com os
locais não afetados por UHEs – isto é, usar os locais não afetados como contrafactual
para lugares afetados. Por exemplo, poderíamos comparar o PIB de Filadélfia com
a média dos PIBs de outros municípios da região norte que não são afetados pela
UHE. A figura 1.1b ilustra essa abordagem. A diferença entre o PIB de Filadélfia e
o PIB dos demais municípios da região norte após 5 anos do início da construção é
de aproximadamente -30%. O problema dessa abordagem que compara municípios
afetados e não afetados é que os dois grupos de municípios podem ser intrinseca-
mente diferentes. No exemplo acima, a comparação não leva em conta o fato de que
Filadélfia já apresentava um PIB abaixo da média da sua região mesmo no período
anterior à construção. De maneira mais geral, os municípios afetados e não-afetados
podem ser diferentes em várias dimensões – geografia, população, gestão municipal,
etc. Assim, é difícil atribuir somente à construção de uma UHE quaisquer diferenças
entre os locais.
Uma alternativa para construir contrafactuais, muito utilizada pela literatura recente
em economia, é combinar a diferença entre localidades afetadas e não-afetadas e a
diferença entes-e-depois. Este método, conhecido como diferenças-em-diferenças, se
baseia na hipótese de que, na ausência da UHE, o município afetado seguiria uma
trajetória idêntica à do grupo de comparação. A validade dessa abordagem requer,
entre outras coisas, que as trajetórias – e não o nível – do PIB do município afetado
e do grupo de comparação sejam as mesmas no período anterior à construção da
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Figura 1.1 PIB per capita (log) do Município de Filadélfia
(a) Antes vs Depois (b) Filadélfia vs média da região norte
2.5 2.5
2 2
1.5 1.5
1 1
.5 .5
-10 -5 0 5 -10 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
UHE. Na figura 1.1b, essa condição parece ser aproximadamente válida. A dife-
rença do PIB per capita de Filadélfia entre um ano antes e dois anos após o início da
construção da UHE Estreito é de aproximadamente 40%. O método de diferenças-
em-diferenças supõe que, na ausência da UHE, o PIB da Filadélfia teria evoluído da
mesma forma que um grupo de municípios não afetados. Neste período, os demais
municípios da região norte que não foram afetados pela construção de nenhuma
UHE apresentaram uma evolução de aproximadamente 30%. Assim, a estimativa
obtida pelo método de diferenças-em-diferenças seria de 40-30 = 10%.
Nesse estudo, utilizamos o método de controle sintético, que é indicado para apli-
cações como a da avaliação dos efeitos de UHEs. O método consiste em construir,
por meio de um algorítimo de otimização, uma unidade de controle a partir da com-
binação de várias unidades não-tratadas – o donor pool. Tal unidade de controle é
constituída como uma média ponderada das localidades do donor pool. Para cada
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localidade afetada por uma UHE, o algorítimo atribui pesos a localidades que não
foram afetadas por UHEs de modo a construir uma versão “sintética” dessa uni-
dade, que se assemelhe a localidade afetada em algumas dimensões, sendo a mais
importante a própria variável de interesse.
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Figura 1.2 PIB per Capita (log): Filadélfia vs Filadélfia sintética
2.5
1.5
.5
-10 -5 0 5
Anos a partir da Construção
9
fator é esse, mostrar que ele é idiossincrático2 a Filadélfia e explicar porque ele só
passou a ter efeito no ano de construção da UHE.
A figura 1.3 mostra o resultado dessa abordagem. A linha mais escura representa
o efeito no PIB per capita3 medido para o município de Filadélfia. As linhas mais
claras representam outros municípios da região norte. Os municípios placebo foram
escolhidos aleatoriamente na região norte em um total de 49. Como a comparação
proposta só faz sentido para municípios que de fato tenham contrapartes sintéticas
capazes de reproduzi-los com qualidade, foram mantidas apenas localidades cujo
ajuste pré-intervenção foi satisfatório. Assim, mantivemos 33 placebos.4 Pela figura,
nota-se claramente como o município da Filadélfia se destaca dos placebos nos anos
onde, de fato, há um efeito relevante. Ou seja, entre o segundo e quarto ano após o
início da construção.
Caso contrário, o controle sintético acompanharia o município tratado e não haveria divergência.
3 Mais especificamente, no logaritmo do PIB per capita, como no resto dessa parte.
4 O critério para eliminação dos outros foi a diferença quadrática média entre município e sua
contraparte sintética antes da intervenção. Os municípios que apresentaram tal média superior a
cinco vezes o valor da Filadélfia foram excluídos. Outros critérios produzem figuras semelhantes.
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Figura 1.3 Diferença percentual no PIB per capita entre município real e sintético:
Filadélfia vs 33 placebos
.6
.4
.2
Diferença
-.2
-.4
-5 0 5
Anos a partir da construção
Placebos Filadélfia
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor
encontrado em sua contraparte sintética. O município da Filadélfia se destaca dos placebos nos anos
onde há efeitos relevante.
11
Parte 2
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Nessa parte do estudo, o método de controle sintético compara municípios que tive-
ram área alagada por UHEs (tratados) com municípios que não tiveram área alagada
(não-tratados). Ou seja, todo e qualquer município que teve área alagada não entra
no donor pool, os outros, a princípio, podem ser utilizados. Porém, para ganhar mais
confiabilidade no método, restringimos o donor pool de cada estudo de caso aos mu-
nicípios não-tratados na mesma unidade da Federação (UF) do município atingido.
A exceção a essa regra foi a região norte. Devido ao pequeno número de municípios
nessa região, fazer a separação por UF levaria a um donor pool pequeno. Assim, ao
estudar um município tratado dessa região, consideramos como candidatos ao donor
pool todos os municípios não-tratados da região norte.
2.2 Dados
Essa parte do estudo usa dados em nível municipal de diversas fontes. A Tabela
2.1 mostra as estatísticas descritivas dos indicadores utilizados, para municípios afe-
tados por UHEs (tratados) e municípios do grupo de comparação potencial (donor
pool).
Área alagadas Para definir quais municípios são afetados por quais UHEs, este
estudo usa dados gerenciais da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL). Para
cada usina, a ANEEL fornece a lista de municípios que são diretamente afetados –
isto é, que têm área alagada pelo reservatório da usina.
Produto Interno Bruto Municipal A primeira fonte de dados usada para medir
a atividade econômica no nível municipal é a série de Produto Interno Bruto dos
Municípios, disponibilizada pelo IBGE para o período 1999–2012. A série também
inclui dados sobre o valor adicionado da agropecuária, indústria e serviços, bem
como os impostos.
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projeção leva em conta não apenas a população dos anos censitários, mas também
dados de registro civil e de óbitos. A divisão entre população feminina e masculina
é feita pelo Ministério da Saúde, e está disponível para o período 1999-2012.
Relação Anual de Informações Sociais Como os dados de PIB Municipal são es-
timados a partir dos PIBs estaduais, usamos também duas fontes de dados admi-
nistrativos a fim de ganhar confiança nos resultados. Usamos dados agregados da
Relação Anual de Informações Sociais (RAIS) do Ministério do Trabalho e Previdên-
cia Social. A RAIS pode ser vista como um censo de todas as empresas formais
do país. Ao final de todo ano, todas as pessoas jurídicas que empregaram ao me-
nos um trabalhador devem fornecer informações sobre os seus trabalhadores. Nesse
estudo, consideramos apenas pessoas jurídicas com a natureza jurídica de “Entida-
des Empresariais” – isto é, empresas, excluindo portanto pessoas jurídicas sem fins
lucrativos e administração pública3 . Com este universo, construímos a série de (i)
empregados em 31/12 e (ii) o número de empresas que declararam a RAIS, em cada
ano para todos os municípios.
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todos os atendimentos autorizados provenientes de internações hospitalares. Utili-
zamos dados sobre diagnósticos de internação, desagregados por doenças transmi-
tidas por mosquito (dengue, febre amarela, malária e outras) e doenças sexualmente
transmissíveis (DSTs), por cem mil habitantes, como identificadas pela CID10.
2.3 Resultados
Como exposto na parte 1 desse estudo, o método de controle sintético foi aplicado
para cada município afetado. Assim, para cada município, temos o efeito da cons-
trução da UHE em diferentes pontos do tempo, tomando como referência o ano de
início da construção.
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características dos municípios no período anterior ao início da construção.
2.3.1 Economia
PIB e PIB Per Capita A figura 2.5b apresenta os efeitos sobre a evolução do nível
do PIB municipal, para uma melhor visualização dos efeitos acumulados sobre o
PIB. A figura também mostra o padrão de crescimento-reversão: após quatro anos,
a diferença entre o nível do PIB municipal do município mediano afetado por uma
UHE e seu grupo de controle é zero, e essa diferença não se altera no quinto ano
após o o início da construção. A figura 2.5c apresenta os resultados para o PIB mu-
nicipal per capita. Os padrões e magnitudes dos efeitos são virtualmente idênticos
aos apresentados na figura 2.5b. A diferença mais marcante se dá pelo fato de que
após quatro anos do início da construção, o PIB per capita para o município mediano
parece se estabilizar num nível 2.5% abaixo do nível do seu grupo de controle.
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População Os efeitos da construção de uma UHE sobre a população são apresen-
tados na figura 2.5d. A magnitude dos efeitos medianos é pequena: o maior efeito
se dá 5 anos após o início da construção, quando o município mediano possui uma
população 1% maior do que a população que teria num cenário contrafactual, sem
a construção de uma UHE. Assim como nas outras séries, a dispersão desse efeito é
substancial, e os efeitos médios são maiores que os efeitos medianos.
Empregos Formais A figura 2.6a mostra a evolução do efeito das UHEs no número
de empregos formais. Em contraste com o movimento cíclico apresentado pelo PIB, o
efeito mediano no número de empregos se sustenta no período estudado. Depois de
um rápido crescimento entre o ano de construção e o ano seguinte, ele oscila entre 6%
e 11% durante todo o período. No entanto, um grande número de municípios com
efeitos maiores e mais instáveis leva a um comportamento cíclico do efeito médio,
mais próximo do que havia sido observado anteriormente. Além disso, os efeitos
médios são geralmente mais altos que os medianos, atingindo o pico de 37% um ano
após o início da construção.
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traparte sintética, o município mediano não gerou empregos adicionais na constru-
ção. O efeito mediano é zero nos primeiros anos e chega a ser bastante negativo três
anos após o início da construção: -33%. No entanto, o município médio apresenta
efeitos que chegam a superar +90% (um ano após o início). Tal discrepância indica
que os empregos gerados pela construção se distribuem de maneira bastante desi-
gual dentre as cidades com área alagada, possivelmente municípios mais próximos
a represa ou com outras vantagens concentrem os canteiros de obra.4 Com o tempo,
os impactos diretamente relacionados ao processo de construção vão arrefecendo e
os municípios afetados passam a ter comportamento cada vez mais semelhante ao
de suas contrapartes sintéticas. Seis anos após a intervenção, os efeitos medianos e
médios são 5% e 15%, respectivamente.
Empregos Formais: Serviços A figura 2.7b apresenta a trajetória do efeito nos em-
pregos no setor de serviços. Contrariamente ao setor de construção, não foram ge-
rados muitos empregos nesse setor. No pico do efeito, dois anos após o início da
construção, o município típico tinha 4% mais empregos no setor de serviços do que
teria caso nunca houvesse construção. No longo prazo, o efeito mediano é de apenas
-1%.
18
2.3.2 Efeitos nas Contas Municipais
Nessa subseção, são analisados dados acerca das receitas e despesas municipais. Em-
bora essa seção se foque nos valores absolutos de tais variáveis, valores per capita
podem ser encontrados no apêndice. A trajetória dos efeitos nas duas medidas são
bastante semelhantes.
Receitas do Município A figura 2.8a mostra os efeitos sofridos pelas receitas cor-
rentes. O efeito mediano nessa variável cresce entre o ano de construção e o segundo
ano após esta, se estabilizando em torno de 4% a partir de então. A figura 2.8b mos-
tra a evolução do impacto de UHEs nas receitas com impostos. Apesar de chegar a
35% dois anos após a construção, no longo prazo o efeito mediano diminui até 2,5%.
Portanto, o aumento de médio prazo nas receitas correntes não vem de uma maior
arrecadação municipal, mas sim de outras fontes de receita do município – transfe-
rências do estado e da União, assim como a própria compensação financeira paga
pelas UHEs.
Mortalidade A figura 2.9a mostra como o número de mortos por cem mil habitan-
tes se manteve próximo nos municípios afetados por UHEs e naqueles não afetados
em todo o período estudado. Embora haja muitas subidas e descidas, tanto o efeito
médio quanto o mediano oscilam entre de -4 a +18 mortos por cem mil habitantes.
Para efeitos de comparação, a taxa de mortalidade média dos municípios brasileiros
foi de 361 por cem mil habitantes5 no período estudado, o que torna o efeito medido
essencialmente indistinguível de 0.
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Homicídios Na figura 2.9b, é mostrado o impacto das UHEs na taxa de homicídios.
Dado o grande número de homens jovens atraídos para empregos na construção, é
de se esperar que haja um grande aumento na violência. A figura não mostra evidên-
cia disso pois, tanto em média como em mediana, o efeito nas taxas de homicídios
oscila entre +-5 (por cem mil habitantes) no período estudado. Para efeitos de com-
paração, a taxa de homicídios no Brasil foi de 25 por cem mil habitantes em 2012.
Taxa de internação por DSTs A figura 2.9c mostra o impacto na taxa de internação
por doenças sexualmente transmissíveis. O município médio da nossa amostra tem
taxa de internação por esse motivo de 16 por cem mil habitantes. Nessa variável, a
grande dispersão de resultados e a presença de outliers leva a um descompasso entre
efeito médio e efeito mediano. O efeito médio é positivo até dois anos após o início
da construção, quando atinge 5 por cem mil, um efeito de cerca de 30% em relação à
média. Já os efeitos medianos no entanto são negativos, mostrando que o município
mediano vê a taxa de internação por DSTs reduzir em até 7 por cem mil 4 anos após
o início da construção. Tanto os efeitos médios quanto o medianos, apontam para
uma redução da taxa de internação por DSTs no longo prazo, contrariamente ao que
seria esperado pelo grande influxo de homens solteiros jovens nessas cidades.6
Taxa de Internação por Doenças que têm Mosquitos como Vetores A figura 2.9d
apresenta a taxa de internação por doenças que tem mosquitos como vetores. Como
a construção de reservatórios implica em grandes porções de água parada, poderia
se esperar que houvesse um aumento em doenças desse tipo. Ao contrário do es-
perado, o efeito mediano é essencialmente zero por todo o período. Porém, alguns
municípios tiveram aumentos tão grandes desse tipo de doença que o efeito médio
é muito maior que o efeito mediano, principalmente nos primeiros três anos. De
forma geral, pode-se concluir que o aumento de casos de doenças transmitidas por
mosquitos não é uma consequência necessária ou típica da construção de hidrelétri-
cas, mas pode aparecer de forma intensa como resultado de certas particularidades
do município e do processo de construção.
6 Os dados nos permitem distinguir internações de homens e mulheres; no entanto, não encontra-
mos efeitos diferentes para internações por DSTs por homens e mulheres, e assim reportamos apenas
os resultados sem distinção de gênero.
20
2.3.4 Efeitos em Saneamento
A figura 2.10a mostra que a densidade da rede de água foi afetada negativamente.
Porém, os efeitos medianos são pequenos e não ultrapassam -0,03. No caso do esgoto
os efeitos são ainda menores, como pode ser visto na figura 2.10b, nunca ultrapas-
sando -0,01.
21
líticas de fomento e mitigação de impactos adversos dos projetos. Em particular, a
heterogeneidade observada nos resultados sugere que é importante que as políticas
tenham parâmetros capazes de se ajustar às especificidades de cada projeto e região.
Para entender melhor o que causa efeitos tão diversos, a Tabela7 2.2 mostra uma
meta-análise dos efeitos em PIB e população. A tabela mostra regressões dos efeitos
estimados – e discutidos na seção 2.3 – em características dos municípios em 2000
e das UHEs. As colunas (1) e (2) analisam o efeito sobre o PIB municipal. Mesmo
controlando para o PIB e a população em 2000, os municípios da região norte pare-
cem ser os que mais se beneficiam da construção de UHEs em termos de PIB. Esses
efeitos, no entanto, não são estimados com precisão, e a sua significância estatís-
tica é baixa. As colunas (3) e (4) apresentam resultados similares para a população.
Municípios com PIBs maiores e populações menores são os que sofrem mais efeitos
em termos populacionais. A área alagada pela UHE diminui o efeito de aglomera-
ção, talvez por provocar maiores deslocamentos da população local. A população
dos municípios das regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste são as que mais crescem
após a construção das UHEs.
A Tabela 2.3 faz análise semelhante a do parágrafo anterior, focando dessa vez nas
variáveis taxa de mortalidade e taxa de homicídio. A mortalidade é mais afetada
em município que tiveram uma maior área alagada. Já o Nordeste sofreu efeito
significativamente menor do que outras regiões. Já a taxa de homicídios aumenta
com o número de empregos no canteiro e obras e cai com o montante investido na
UHE.
7 As regressões tem número de observações diferentes por dois motivos. Primeiro, devido a dife-
renças na disponibilidade de dados para cada variáveis. Segundo, porque, em alguns poucos casos,
o algoritmo não pôde computar o efeito da construção de uma UHE em determinado município para
determinada variável.
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Figura 2.1 Estados da Região Norte
Notas: Os municípios analisados estão em vermelho; os municípios excluídos (por serem afetados
por mais de uma UHE, ou por uma UHE construída antes de 2002 ou depois de 2011) estão em cinza
escuro. Os demais municípios formam o donor pool.
Municípios afetados: Amapá – A UHE Santo Antônio do Jari atinge o município de Laranjal do Jari.
Pará – A UHE Belo Monte atinge os municípios de Altamira e Vitória do Xingu. A UHE Santo Antônio
do Jari atinge o município de Almeirim. A UHE Teles Pires atinge o município de Jacareacanga.
Rondônia – A UHE Madeira (Santo Antônio + Jirau) atinge o município de Porto Velho. Tocantins
– A UHE Estreito atinge os municípios de Babaçulândia, Barra do Ouro, Darcinópolis, Filadélfia,
Goiatins, Itapiratins, Palmeiras do Tocantins, Palmeirante e Tupiratins. A UHE Peixe Angical atinge
o município de Peixe. A UHE São Salvador atinge o município de Palmeirópolis.
23
Figura 2.2 Estados da Região Centro-Oeste
24
Notas: Os municípios analisados estão em vermelho; os municípios excluídos (por serem afetados por mais de uma UHE, ou por uma UHE
construída antes de 2002 ou depois de 2011) estão em cinza escuro. Os demais municípios formam o donor pool.
Municípios afetados: Mato Grosso – A UHE Colider atinge os municípios de Cláudia, Colíder, Itaúba, Nova Santa Helena e Nova Canaã do
Norte. A UHE Dardanelos atinge os municípios de Aripuanã, Colniza e Rondolândia. A UHE Teles Pires atinge o município de Paranaíta.
Mato Grosso Do Sul – A UHE São Domingos atinge os municípios de Água Clara. Goiás – A UHE Caçu e Barra dos Coqueiros atinge o
município de Cachoeira Alta. A UHE Espora atinge os municípios de Aporé e Serranópolis. A UHE Serra do Facão atinge o município de
Campo Alegre de Goiás.
Figura 2.3 Estados da Região Sul
25
Notas: Os municípios analisados estão em vermelho; os municípios excluídos (por serem afetados por mais de uma UHE, ou por uma UHE
construída antes de 2002 ou depois de 2011) estão em cinza escuro. Os demais municípios formam o donor pool.
Municípios afetados: Paraná – A UHE Mauá atinge os municípios de Ortigueira e Telêmaco Borba. Santa Catarina – A UHE Barra Grande
atinge os municípios de Capão Alto e Lages. A UHE Foz do Chapecó atinge os municípios de Águas de Chapecó, Caxambu do Sul, Chapecó,
Guatambú e Paial. A UHE Garibaldi atinge os municípios de Vargem e São José do Cerrito. A UHE Salto do Pilão atinge os municípios de
Apiúna, Ibirama e Lontras. Rio Grande do Sul – A UHE 14 de Julho atinge o município de Cotiporã. A UHE Barra Grande atinge os municípios
de Bom Jesus e Vacaria. A UHE Castro Alves atinge os municípios de Antônio Prado, Flores da Cunha e Nova Pádua. A UHE Foz do Chapecó
atinge os municípios de Alpestre, Erval Grande, Itatiba do Sul e Rio dos Índios. A UHE Monjolinho atinge o município de Benjamin Constant
do Sul. A UHE Passo Sao João atinge os municípios de Dezesseis de Novembro, Roque Gonzales e São Pedro do Butiá. A UHE São José atinge
os municípios de Caibaté, Cerro Largo, Mato Queimado e Salvador das Missões.
Figura 2.4 Estados da Bahia, Maranhão e Minas Gerais
26
Notas: Os municípios analisados estão em vermelho; os municípios excluídos (por serem afetados por mais de uma UHE, ou por uma UHE
construída antes de 2002 ou depois de 2011) estão em cinza escuro. Os demais municípios formam o donor pool.
Municípios afetados: Bahia – A UHE Pedra Cavalo atinge os municípios de Antônio Cardoso, Cabaceiras do Paraguaçu, Cachoeira, Castro
Alves, Conceição da Feira, Feira de Santana, Governador Mangabeira, Rafael Jambeiro, Santo Estêvão e São Gonçalo dos Campos. Maranhão
– A UHE Estreito atinge os municípios de Carolina e Estreito. Minas Gerais – A UHE Baguari atinge os municípios de Alpercata, Fernandes
Tourinho, Governador Valadares, Iapu, Periquito e Sobrália. A UHE Barra do Brauna atinge os municípios de Cataguases, Laranjal e Recreio.
A UHE Picada atinge o município de Juiz de Fora. A UHE Retiro Baixo atinge o município de Curvelo. A UHE Simplicio atinge o município
de Chiador.
Figura 2.5 Efeitos sobre o PIB e População Municipal
(a) Taxa de crescimento do PIB Municipal (b) PIB Municipal (efeito percentual)
.2 .2
.1 .1
0 0
-.1 -.1
-.2 -.2
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
(c) PIB Municipal per Capita (efeito percentual) (d) População (efeito percentual)
27
.3 .1
.2
.05
.1
-.05
-.1
-.2 -.1
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética.
A fim de permitir a medição de efeitos percentuais, utilizamos o logaritmo das variáveis para a aplicação do método de controle sintético nas
figuras (b), (c) e (d).
Figura 2.6 Efeitos Percentuais sobre Atividade Econômica
(a) Emprego Formal (b) Número de CNPJs no Município
.6 .15
.1
.4
.05
.2
0
28
0 -.05
-.1
-.2
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética. A
fim de permitir a medição de efeitos percentuais, utilizamos a função hiperbólica inversa das variáveis para a aplicação do método de controle
sintético.
Figura 2.7 Efeitos Percentuais sobre Emprego: Setores
(a) Construção (b) Comércio e Serviços
1.5 .3
1 .2
.5 .1
0 0
-.5 -.1
-1 -.2
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
29
1
.6
.4
.5
.2
0
0
-.2
-.5 -.4
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética. A
fim de permitir a medição de efeitos percentuais, utilizamos a função hiperbólica inversa das variáveis para a aplicação do método de controle
sintético.
Figura 2.8 Efeitos Percentuais sobre Receitas e Gastos do Governo Municipal
(a) Receitas Correntes do Município (b) Receitas de Impostos do Município
.15 1.5
.1 1
.05 .5
0 0
-.05
-.5
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
30
.3 .2
.2
.1
.1
0
0
-.1
-.2 -.1
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética. A
fim de permitir a medição de efeitos percentuais, utilizamos o logaritmo das variáveis para a aplicação do método de controle sintético.
Figura 2.9 Efeitos sobre Indicadores de Saúde
(a) Óbitos por 100 mil habitantes (b) Homicídios por 100 mil habitantes
100 10
50 5
0
0
-5
-50
-10
-100
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
31
(c) DSTs: Internações por 100 mil habitantes 100 mil habitantes
100
10
50
5
0 0
-5 -50
-10
-100
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética.
Figura 2.10 Efeitos sobre Indicadores de Saneamento
(a) Densidade da Rede de Água (b) Densidade da Rede de Esgosto
0 .005
0
-.05
-.005
-.1
-.01
-.15 -.015
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
32
Tabela 2.1: Estatísticas Sumárias em 2000
PIB Municipal
Total (milhões de BRL) 122.1 688.4 173.3 467.4
Per Capita (BRL) 3, 959.3 4, 511.1 3, 990.2 2, 662.9
Crescimento (%) 12.0 15.4 10.2 9.5
PIB Agro/PIB 0.3 0.2 0.3 0.2
População
População Totala 23.0 88.0 36.2 85.3
Homens por 100 Mulheresb 104.5 6.0 104.4 7.8
Número de CNPJs no município 207.5 1, 352.7 395.8 1, 193.8
Emprego formal 1, 900.3 14, 887.0 3, 367.7 10, 045.2
Empregos por Setor
Construção 130.9 1, 584.7 175.0 613.7
Comércio e Serviços 1, 034.5 9, 922.8 1, 864.0 6, 252.2
Educação e Saúde 79.4 873.9 146.8 607.5
Outros 655.5 3, 042.4 1, 181.9 2, 832.0
Volume de Depósitos (milhões de R$)
Pessoas Físicas 1.5 12.5 2.4 7.4
Pessoas Jurídicas 1.6 18.4 2.2 7.2
Receitas (milhões de R$)
Receita Total (orcamentaria) 30.6 164.9 40.6 98.4
Receita Tributaria 3.2 37.7 4.3 17.8
Despesas (milhões de R$)
Despesa Orçamentária 30.2 162.6 39.3 92.5
Educação e Cultura 8.6 30.6 10.7 20.2
Saúde e Saneamento 6.7 54.1 9.0 29.4
Mortalidade (por 100 mil Habitantes)c
Óbitos 323.4 196.0 342.9 190.1
Homicídios 7.7 14.0 8.4 13.2
Óbitos Masculinos 382.0 233.7 397.1 228.3
Homicídios Masculinos 13.0 24.5 14.7 23.5
Internações por 100 mil habitantesc
por Doenças Transm. por Mosquitos 58.0 308.7 80.3 194.5
por DSTs 19.9 54.8 23.3 54.7
Saneamento (1000km/km2 )
Densidade da Rede de Água 0.7 6.2 0.5 1.9
Densidade da Rede de Esgoto 0.2 3.4 0.1 0.5
34
Tabela 2.3: Meta-análise: Determinantes dos Efeitos em Mortalidade e Homicídios
35
Tabela 2.4: Meta-análise: Determinantes dos Efeitos em Morbidade
36
Parte 3
Desflorestamento
1 As bacias hidrográficas da região amazônica são a Bacia do Rio Amazonas, a Bacia do Rio To-
cantins e a Bacia do Atlântico Norte. Vide figura 3.1
37
Estreito, Dardanelos, Santo Antônio, Jirau, Belo Monte, Ferreira Gomes, Colíder e
Teles Pires.
O donor pool é composto por áreas que atendem as seguintes condições: (i) não ter
nenhuma hidrelétrica construída ou em construção; (ii) ponto central distante mais
de 100Km de qualquer UHE; (iii) ponto central localizado na mesma bacia hidro-
gráfica da UHE analisada em cada estudo de caso e (iv) ponto central considerado
apto a receber uma UHE, segundo informações fornecidas pelo SIGEL. Em suma, os
critérios determinam que os contrafactuais serão construídos a partir de comparação
com áreas semelhantes que poderiam ter recebido uma UHE, mas não a receberam.
Assim, para estudar o efeito da construção de UHEs em “anéis” cujos pontos in-
ternos distam entre 15 e 40 km da UHE, comparamos essa área com os anéis cujos
pontos internos distam entre 15 e 40 km dos locais que poderiam ter recebido UHEs
mas não receberam.
3.2 Dados
38
3.3 Resultados
A figura 3.4 mostra os resultados por UHE para os buffers de 15 quilômetros. Para
cada UHE, a figura mostra a evolução da taxa de desflorestamento. Como se vê, os
resultados são bastante heterogêneos. O padrão de desflorestamento em buffers ao
redor de UHEs como Ferreira Gomes e Santo Antônio do Jari não foi diferente do que
ocorreu nas áreas sintéticas de comparação. Por outro lado, a construção das UHEs
de Santo Antônio e Jirau levou a um aumento expressivo do desflorestamento: a di-
ferença em relação ao grupo de controle sintético chega a 4 pontos percentuais, mais
de 4 vezes a taxa de desflorestamento média destas áreas em 2001. Entre esses dois
extremos, as UHEs São Salvador e Estreito causaram um desflorestamento expres-
sivo, mas não tão extremado, nos três anos seguintes ao início da construção. A área
no entorno da usina de Belo Monte demonstra uma dinâmica muito particular no
período anterior ao início da construção da usina, fazendo com o que o método do
controle sintético não encontre um bom grupo de comparação. Apesar do efeito de
construção parecer ser bastante positivo, este resultado é pouco confiável por conta
do fit ruim no período pré-construção. As exceções para o padrão de aumento no
desflorestamento foram as UHEs de Dardanelos e Teles Pires (apenas primeiro ano)
onde, de fato, as construções frearam o desflorestamento.
39
ram mudanças bastante pequenas no desflorestamento, em geral inferiores a 1 ponto
percentual. Tal efeito é bem menos intenso do que o encontrado para a área mais
próxima, discutido no parágrafo anterior. Tal padrão é repetido pela UHE de Jirau,
onde o efeito máximo no período cai de 4 para 1 ponto percentual conforme nos
afastamos da área de construção. Como exceção à regra, a única UHE que causou
mais impacto na área entre 15 e 40 km de distância do que na área imediatamente
próxima foi Santo Antônio que, um ano após à construção, levou a um aumento de 4
pontos percentuais no desmatamento. As demais hidrelétricas não apresentam efei-
tos relevantes, como Colíder, ou não puderam ter seu efeito bem avaliado devido ao
fit ruim no período pré-construção, como Santo Antônio do Jari. Como um todo, as
áreas a distâncias das UHEs entre 15 e 40km tiveram pouco mais de 194 mil hectares
efetivamente desmatados. Os resultados sugerem que destes, apenas 36 mil hectares
(19%) podem ser atribuídos ao impacto das UHEs; os 158 mil hectares restantes te-
riam sido desmatados mesmo se as UHEs estudadas não tivessem sido construídas.
Finalmente, a figura 3.6 mostra os resultados para as áreas entre 40 e 100 quilômetros
de distância da UHE. O padrão de que, quanto mais distante da construção menor
o efeito se repete. Dessa vez, as únicas UHEs que mostram aumentos relevantes são
Santo Antônio e Jirau, ambas com o pico do efeito em torno de 1 ponto percentual.
O fato de que essas são as mesmas hidrelétricas que causam mais desflorestamento
em áreas mais próximas reforça a evidência de seu impacto ambientalmente des-
favorável. A figura 3.6 também mostra uma exceção ao padrão encontrado até o
momento: a UHE de Teles Pires parece ter reduzido o desflorestamento em quase 1
ponto percentual.
40
Figura 3.1 Bacias Hidrográficas
As bacias hidrográficas da região amazônica são a Bacia do Rio Amazonas, a Bacia do Rio Tocantins
e a Bacia do Atlântico Norte.
41
Figura 3.2 Área circundante a UHE
40-100km
15-40km
15km
A figura acima representa graficamente a unidade de análise da parte 3 desse relatório. O círculo me-
nor e vermelho ao centro representa a área a até 15km de distância da UHE estudada. O anel laranja
a sua volta contém todos os locais cuja distância em relação a UHE é superior a 15km mas inferior
a 40km. Finalmente, o grande anel amarelo na parte exterior abrange todos os locais cuja distância
em relação a UHE é superiora 40km, mas inferior a 100km. O tamanho dos círculos mostrados é
proporcional às distâncias descritas.
42
Figura 3.3 Medida de Desflorestamento, exemplo
Desmatado
Não-Desmatado
43
Figura 3.4 Impacto da Construção de UHEs em Desflorestamento: Bacias 1–3, Buffer 15km
.03
.02
.01
.03
.02
.01
44
0
-5 0 5 -5 0 5
.03
Legenda
.02 tratamento
controle
.01
0
-5 0 5 -5 0 5
Nota: Os efeitos estimados são as diferenças entre o valor da variável de interesse no município (linha cheia) e o valor encontrado em sua
contraparte sintética (linha pontilhada).
Figura 3.5 Impacto da Construção de UHEs em Desflorestamento: Bacias 1–3, Buffer 15–40km
.03
.02
.01
.03
.02
.01
45
0
-5 0 5 -5 0 5
.03
Legenda
.02 tratamento
controle
.01
0
-5 0 5 -5 0 5
Nota: Os efeitos estimados são as diferenças entre o valor da variável de interesse no município (linha cheia) e o valor encontrado em sua
contraparte sintética (linha pontilhada).
Figura 3.6 Impacto da Construção de UHEs em Desflorestamento: Bacias 1–3, Buffer 40–100km
.02
.01
.02
.01
46
0
-5 0 5 -5 0 5
.02 Legenda
tratamento
.01 controle
0
-5 0 5 -5 0 5
Nota: Os efeitos estimados são as diferenças entre o valor da variável de interesse no município (linha cheia) e o valor encontrado em sua
contraparte sintética (linha pontilhada).
Tabela 3.1: Estatísticas Sumárias
47
Tabela 3.2: Desmatamento: Observado e Causado pela UHE Belo Monte
Total 6, 293 4, 463 25, 381 11, 664 81, 687 5, 029
Notas: A tabela mostra o desmatamento ocorrido e o causado, em hectares, pela UHE em diferentes buffers. Números negati-
vos indicam que a UHE contribuiu para evitar desmatamento, e que o desmatamento observado teria sido maior do que o de
fato ocorreu caso a UHE não tivesse sido construída.
48
Tabela 3.4: Desmatamento: Observado e Causado pela UHE Santo Antônio
Total 5, 189 2, 941 34, 283 9, 305 120, 153 54, 084
Notas: A tabela mostra o desmatamento ocorrido e o causado, em hectares, pela UHE em diferentes buffers. Números negati-
vos indicam que a UHE contribuiu para evitar desmatamento, e que o desmatamento observado teria sido maior do que o de
fato ocorreu caso a UHE não tivesse sido construída.
Ano 0 278 −253 1, 699 −3, 441 25, 644 −6, 584
Ano 1 629 −218 5, 766 704 24, 202 2, 751
Ano 2 140 −70 2, 005 311 11, 086 771
Ano 3 319 −454 6, 859 2, 016 22, 748 1, 273
Ano 4 371 −84 1, 936 −529 15, 016 1, 526
Ano 5 236 −541 1, 024 −1, 992 14, 543 −1, 667
Ano 6 262 −366 1, 204 −939 15, 184 2, 592
Ano 7 289 −623 1, 487 −1, 351 21, 473 4, 087
Total 2, 524 −2, 608 21, 979 −5, 221 149, 898 4, 749
Notas: A tabela mostra o desmatamento ocorrido e o causado, em hectares, pela UHE em diferentes buffers. Números negati-
vos indicam que a UHE contribuiu para evitar desmatamento, e que o desmatamento observado teria sido maior do que o de
fato ocorreu caso a UHE não tivesse sido construída.
49
Tabela 3.6: Desmatamento: Observado e Causado pela UHE Estreito
Total 3, 469 2, 122 14, 777 4, 531 100, 705 33, 342
Notas: A tabela mostra o desmatamento ocorrido e o causado, em hectares, pela UHE em diferentes buffers. Números negati-
vos indicam que a UHE contribuiu para evitar desmatamento, e que o desmatamento observado teria sido maior do que o de
fato ocorreu caso a UHE não tivesse sido construída.
Total 942 177 14, 766 1, 738 21, 108 −14, 674
Notas: A tabela mostra o desmatamento ocorrido e o causado, em hectares, pela UHE em diferentes buffers. Números negati-
vos indicam que a UHE contribuiu para evitar desmatamento, e que o desmatamento observado teria sido maior do que o de
fato ocorreu caso a UHE não tivesse sido construída.
50
Tabela 3.8: Desmatamento: Observado e Causado pela UHE Colíder
Total 2, 303 492 12, 681 878 80, 746 10, 223
Notas: A tabela mostra o desmatamento ocorrido e o causado, em hectares, pela UHE em diferentes buffers. Números negati-
vos indicam que a UHE contribuiu para evitar desmatamento, e que o desmatamento observado teria sido maior do que o de
fato ocorreu caso a UHE não tivesse sido construída.
Tabela 3.9: Desmatamento: Observado e Causado pela UHE Santo Antônio Do Jari
Total 1, 836 −201 11, 523 −3, 755 16, 431 1, 629
Notas: A tabela mostra o desmatamento ocorrido e o causado, em hectares, pela UHE em diferentes buffers. Números negati-
vos indicam que a UHE contribuiu para evitar desmatamento, e que o desmatamento observado teria sido maior do que o de
fato ocorreu caso a UHE não tivesse sido construída.
Ano 0 793 525 1, 882 −1, 479 24, 156 16, 356
Ano 1 1, 529 1, 080 8, 807 5, 322 40, 937 28, 456
Ano 2 2, 092 1, 735 6, 779 4, 887 30, 150 19, 294
Ano 3 1, 915 1, 311 8, 275 3, 933 35, 041 24, 574
Ano 4 167 −6 1, 900 −50 18, 074 10, 126
Ano 5 2, 400 2, 076 8, 712 5, 531 46, 373 34, 133
Total 8, 896 6, 721 36, 355 18, 143 194, 731 132, 939
Notas: A tabela mostra o desmatamento ocorrido e o causado, em hectares, pela UHE em diferentes buffers. Números negati-
vos indicam que a UHE contribuiu para evitar desmatamento, e que o desmatamento observado teria sido maior do que o de
fato ocorreu caso a UHE não tivesse sido construída.
51
Tabela 3.11: Desmatamento: Observado e Causado pela UHE Teles Pires
Total 3, 194 −124 12, 902 −5, 738 34, 601 −27, 723
Notas: A tabela mostra o desmatamento ocorrido e o causado, em hectares, pela UHE em diferentes buffers. Números negati-
vos indicam que a UHE contribuiu para evitar desmatamento, e que o desmatamento observado teria sido maior do que o de
fato ocorreu caso a UHE não tivesse sido construída.
Notas: A primeira coluna mostra o total do desmatamento observado no entorno das 10 UHEs estudas entre o ano do início da
construção e o último ano para o qual temos dados. A segunda coluna mostra o total do desmatamento que pode ser atribuído
às UHEs de acordo com as estimativas de controle sintético.
52
Conclusão
Embora os efeitos típicos de médio prazo sejam moderados, o mesmo não pode ser
dito do curto prazo. Nos três primeiros anos que se seguem ao início da construção,
o crescimento do PIB se acelera e, além disso, aumentam o número de empregos
formais (em especial no setor de construção) e a receita municipal com impostos. O
município típico não sofre impactos relevantes em variáveis não-econômicas nem no
curto, nem no médio prazo. Ao redor das UHEs, os efeitos em desflorestamento são
53
concentrados principalmente nas áreas com distância inferior a 15km, nos primeiros
anos após a construção e em uma minoria das hidrelétricas.
Conclui-se também que a dispersão dos efeitos das UHEs é bastante alta para a mai-
oria das variáveis. Ou seja, embora o efeito típico da construção seja pequeno, há
muitos casos de efeitos intensos. Compreender a causa dessas reações destoantes é
necessário para que as oportunidades criadas pelas UHEs sejam aproveitadas e os
riscos evitados.
54
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of local policy innovation: the synthetic control method applied to tropical defo-
restation. PloS one, 10(7):e0132590.
56
Apêndice A
Este apêndice tem por objetivo disponibilizar resultados obtidos durante o processo
de criação desse estudo mas que acabaram por ser excluídos de sua versão final.
Espera-se com isso permitir o acesso a mais informação e favorecer a transparência.
São abordados quatro grupos de variáveis. Primeiro, são estudados depósitos ban-
cários. Após isso, são abordadas as receitas e despesas dos governos municipais.
Depois, o efeito da construção de UHEs na proporção de homens na população e
impactos específicos na saúde e violência contra esse grupo. Como os três primeiros
grupos de variáveis são estudadas a nível municipal, a apresentação de resultados
segue o formato apresentado na parte 2 desse estudo.
Ao final desse apêndice, são estudados os efeitos nas áreas circundantes a hidrelétri-
cas. Como, para essa última variável, a unidade análise é a área, a apresentação de
resultados segue o formato da parte 3.
Nessa seção, são abordados resultados de dados bancários, obtidos pela base EST-
BAN, Estatística Bancária do Município, disponibilizada pelo Banco Central do Bra-
sil. Os dados analisados se referem ao volume de depósitos (medida de estoque, não
fluxo) realizados em agências bancárias do município afetado.
Apesar de sua importância, os resultados obtidos com esses dados foram retirados
da parte principal desse relatório por questões acerca da adequabilidade desses da-
dos. Em municípios afastados dos grandes centros, como a maioria dos analisados, é
57
comum que depósitos sejam realizados não diretamente em agências, mas através de
correspondentes bancários. Tais correspondentes são estabelecimentos não-bancários
ligados a agências muitas vezes localizadas em municípios diferentes. Assim, o vo-
lume de depósitos realizados em agências bancárias do município pode ser muito
diferente do volume de depósitos realizados por moradores do município, que seria
a variável mais adequada para o presente estudo.
58
A.3 População Masculina: proporção na população ge-
ral e efeitos específicos em saúde e segurança
Razão de Homens por Mulheres A figura A.2a mostra como a construção de UHEs
modificou a razão de homens por mulheres. Tal variável é definida como a divisão
do número de habitantes do sexo masculino dividido pelo número de habitantes do
sexo feminino e é igual a 1 quando a proporção de homens e mulheres é igual na
população. É possível observar que, após a construção, essa razão sobe de forma
consistente porém tímida no município típico. De forma que, 6 anos após a inter-
venção, o efeito mediano é menor que 0,01. Essa é uma das poucas variáveis onde a
dispersão dos efeitos é relativamente pequena e mesmo o percentil 75 dos efeitos não
alcança 0.03. Para efeito de comparação, a média dos municípios de nossa amostra é
de 1,04 homens por mulher, com desvio padrão de 0,08.
Óbitos Masculinos por 100 mil Habitantes A figura A.2b mostra o impacto da
construção de UHEs na taxa de óbitos masculinos. Dada a maior exposição dessa
população a trabalhos perigosos, homicídios e mortes por causas externas em geral,
pode-se esperar que eles sejam atingidos de forma desigual. Porém, assim como no
caso da população em geral, o efeito mediano na taxa de óbitos oscila levemente
acima de zero e atinge um pico de 27, quatro anos após o início da construção.
Homicídios Masculinos por 100 mil habitantes A figura A.2c mostra o impacto
da construção nos homicídios contra homens. Os efeitos medianos são baixos e li-
geiramente abaixo de zero em todo o período. Os homicídios contra homens sofrem
efeitos similares aos da população como um todo, porém mais intensos. Tal fato
59
sugere que o impacto das hidrelétricas foi concentrado majoritariamente nessa po-
pulação. Os efeitos medianos são ligeiramente negativos em todo o período, em
torno de -3. No entanto, os efeitos médios são consistentemente positivos, influen-
ciados pelos outliers. Durante a maior parte do período estudado, um quarto dos
municípios sofreu efeito superior a +20.
A figura A.5 mostra os resultados por UHE4 para os buffers de 15 quilômetros. Para
cada UHE, a figura mostra a evolução da intensidade da iluminação durante a noite
3 O critério para escolha das UHEs foi idêntico. Porém, nem todas as UHEs cujos resultados foram
apresentados no texto principal são analisadas neste apêndice. O motivo para isto é que problemas
computacionais impediram o cálculo dos efeitos causados pela UHE Santo Antônio do Jari (para
todas as distâncias) e Colíder para distância inferior a 15km.
4 A Usina de Santo Antônio não pôde ser incluída pois sua área imediatamente ajacente tinha
a luminosidade no nível máximo permitido pela escala utilizada, o que inviabiliza a aplicação do
método escolhido.
60
nesses locais. É possível notar como a construção de UHEs impacta positivamente tal
variável, sugerindo um aumento populacional e de infra-estrutura elétrica no local.
Provavelmente ligados às atividades dos canteiros de obras. No entanto, cabe notar
que, na maioria das localidades, esse impacto se mantém 4 anos após o início das
construções. A magnitude dos efeitos é em geral acima de 1 e chega a ultrapassar 6,
no caso de Jirau.
Finalmente, a figura A.7 mostra os resultados para as áreas entre 40 e 100 quilômetros
de distância da UHE. Confirmando a tendência encontrada no parágrafo anterior,
encontramos efeitos ainda menores a essa distância. De todos os efeitos, o maior
encontrado foi para a UHE de Santo Antônio: 0,5.
61
Figura A.1 Efeitos Percentuais sobre Volume de Depósitos Bancários
(a) Depósitos de Pessoa Física (b) Depósitos de Pessoa Jurídica
.5 1
0
-.5
-1
-1
62
-1.5
-2 -2
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética. A
fim de permitir a medição de efeitos percentuais, utilizamos a função hiperbólica inversa das variáveis para a aplicação do método de controle
sintético.
Figura A.2 Efeitos sobre Indicadores de Saúde, População Masculina
(a) Razão de Homens por Mulheres (b) Óbitos Masculinos por 100 mil Habitantes
.03
150
.02 100
.01 50
0
0
-50
-.01
-100
-.02
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
63
(c) Homicídios Masculinos por 100 mil Homens
40
20
-20
-5 0 5
Anos a partir da Construção
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética.
Figura A.3 Efeitos Percentuais sobre Receitas e Gastos do Governo Municipal ( Per Capita)
(a) Receitas Correntes Per Capita do Município (b) Receitas de Impostos Per Capita do Município
.15
1
.1
.05 .5
0
0
-.05
-.1 -.5
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
(c) Gastos em Saúde Per Capita (d) Gastos em Educação Per Capita
64
.2
.2
.1
.1
0 0
-.1 -.1
-.2
-.2
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética. A
fim de permitir a medição de efeitos percentuais, utilizamos o logaritmo das variáveis para a aplicação do método de controle sintético.
Figura A.4 Efeitos Percentuais nos Gastos em Saúde e Educação Como Proporções da Receita Corrente e PIB
(b) Gastos em Educação como Proporção da Receita Cor-
(a) Gastos em Saúde como Proporção da Receita Corrente rente
.2 .2
.1
.1
-.1
-.1
-.2
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
65
(c) Gastos em Saúde como Proporção do PIB (d) Gastos em Educação como Proporção do PIB
.4 .2
.1
.2
0
0
-.1
-.2
-.2
-.4 -.3
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da Construção Anos a partir da Construção
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética. A
fim de permitir a medição de efeitos percentuais, utilizamos o logaritmo das variáveis para a aplicação do método de controle sintético.
Figura A.5 Impacto da Construção de UHEs em Luzes Noturnas: Bacias 1–3, Buffer 15km
6
4
2
0
6
4
2
66
0
-5 0 5
6
4
2
0
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da construção
Nota: Os efeitos estimados são as diferenças entre o valor da variável de interesse no município (linha cheia) e o valor encontrado em sua
contraparte sintética (linha pontilhada).
Figura A.6 Impacto da Construção de UHEs em Luzes Noturnas: Bacias 1–3, Buffer 15-40km
67
0
-5 0 5 -5 0 5 -5 0 5
Teles Pires
3
0
-5 0 5
Nota: Os efeitos estimados são as diferenças entre o valor da variável de interesse no município (linha cheia) e o valor encontrado em sua
contraparte sintética (linha pontilhada).
Figura A.7 Impacto da Construção de UHEs em Luzes Noturnas: Bacias 1–3, Buffer 40-100km
.5
.5
68
0
-5 0 5 -5 0 5 -5 0 5
Teles Pires
1
.5
0
-5 0 5
Nota: Os efeitos estimados são as diferenças entre o valor da variável de interesse no município (linha cheia) e o valor encontrado em sua
contraparte sintética (linha pontilhada).
Tabela A.1: Estatísticas Sumárias
69
Apêndice B
teste
70
efeito da UHE Castro Alves em Antônio Prado segue o padrão mediano do grupo
de municípios estudados. A arrecadação do município aumenta em 40% em rela-
ção ao seu município de controle 3 anos após o início da construção, mas esse efeito
é de apenas 3% cinco anos depois. Já o efeito da UHE Foz Chapecó no município
de Águas de Chapecó representa um caso mais extremo; a arrecadação de impostos
chega a ser 9 vezes maior do que em sua contraparte sintética 3 anos após o início da
construção (a aproximação usual de logaritmos para níveis não funciona muito bem
para diferenças tão grandes nos logaritmos) e, apesar do padrão em U-invertido,
permanece em 3 vezes maior 5 anos depois.
71
mais extremo; ele aumenta continuamente durante quase todo o período, ultrapas-
sando 40% cinco anos após a construção.
72
Figura B.1 Efeitos Percentuais sobre PIB per capita
(a) (b)
Filadelfia Estreito
2.5 2.5
2 2
1.5 1.5
73
1 1
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da construção Anos a partir da construção
Município Afetado Município Sintético Município Afetado Município Sintético
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética. A
fim de permitir a medição de efeitos percentuais, utilizamos o logaritmo das variáveis para a aplicação do método de controle sintético.
Figura B.2 Efeitos sobre a taxa de homicídio
(a) (b)
Cataguases Ortigueira
15 60
10 40
74
5 20
0 0
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da construção Anos a partir da construção
Município Afetado Município Sintético Município Afetado Município Sintético
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética.
Figura B.3 Efeitos Percentuais sobre a receita de impostos
(a) (b)
.5
0
75
0 -1
-.5 -2
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da construção Anos a partir da construção
Município Afetado Município Sintético Município Afetado Município Sintético
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética. A
fim de permitir a medição de efeitos percentuais, utilizamos o logaritmo das variáveis para a aplicação do método de controle sintético.
Figura B.4 Efeitos Percentuais sobre a densidade da rede de distribuição de água
(a) (b)
.14
.2
.12
76
.1
.1
.08 0
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da construção Anos a partir da construção
Município Afetado Município Sintético Município Afetado Município Sintético
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética.
Figura B.5 Efeitos Percentuais sobre a receita corrente
(a) (b)
3.6
2.5
3.4
77
3.2
2
3
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da construção Anos a partir da construção
Município Afetado Município Sintético Município Afetado Município Sintético
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética. A
fim de permitir a medição de efeitos percentuais, utilizamos o logaritmo das variáveis para a aplicação do método de controle sintético.
Figura B.6 Efeitos Percentuais sobre emprego formal
(a) (b)
Apiuna Serranopolis
9
7
8.5
6.5
78
7.5
5.5
7
-5 0 5 -5 0 5
Anos a partir da construção Anos a partir da construção
Município Afetado Município Sintético Município Afetado Município Sintético
Notas: Os efeitos são a diferença entre o valor da variável de interesse no município e o valor encontrado em sua contraparte sintética. A
fim de permitir a medição de efeitos percentuais, utilizamos a função hiperbólica inversa das variáveis para a aplicação do método de controle
sintético.