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FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA

MARCOS SOARES DOS SANTOS LOPES DE SOUSA

CONSULTOR DE SERENDIPIDADE:
UMA NOVA PROFISSÃO

Frutal - MG
2022
FACULDADE ÚNICA DE IPATINGA
MARCOS SOARES DOS SANTOS LOPES DE SOUSA

CONSULTOR DE SERENDIPIDADE:
UMA NOVA PROFISSÃO

Monografia apresentada à FUNIP - Faculdade


Única de Ipatinga, como como parte das exigências
para a obtenção do certificado de conclusão do
curso de pós-graduação Lato Sensu MBA em
Gestão Econômica e Financeira.

Frutal - MG
2022
DEDICATÓRIA

À minha esposa, amiga e companheira, Maria Manuela. Muito obrigado,


querida, pelo seu incentivo, ideias, sugestões, companheirismo, dedicação, carinho e
apoio incondicional. Obrigado, Meu Amor!
AGRADECIMENTOS

Ao Professor Doutor, Edson Peterli Guimaraes, Coordenador da Pós-


graduação em Comércio Exterior da UFRJ, à Professora Katia de Marco
Coordenadora do curso de MBA em Gestão Cultural da UCAM – Universidade
Candido Mendes, Professor Marcos Izidro Gonçalves, Diretor Acadêmico do curso
MBA em Gestão Comercial de Produtos e Serviços de Instituições Financeiras da
Faculdade Unyleya e aos Professores e Orientadores Aguyda e Paloma, do curso de
pós-graduação Lato Sensu, MBA em Gestão Econômica e Financeira da FUNIP -
Faculdade Única de Ipatinga, pelas correções, sugestões, orientações e supervisão
de Edição, para conclusão deste TCC. Muito obrigado!
A todos, agradeço a generosidade, tranquilidade e paciência, ao despenderam
seu valioso tempo, para me orientar e organizar minhas ideias.
EPÍGRAFE

“Coincidências são pequenos milagres onde Deus


prefere não aparecer. ”
Provérbio Árabe

“No campo da observação, o acaso só favorece a


mente preparada”
Louis Pasteur

“Nada acontece ao acaso no Universo; não existe


coincidência, tudo é uma questão de sincronicidade. ”
Carl Gustav Jung
LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 - José de Assis ............................................................................. 4


Figura 2 - Sir Horace Walpole .................................................................... 5
Figura 3 - Dra. Flávia Teixeira Ortega ........................................................ 6
Figura 4 - Albrecht Dürer: Visão do sonho ................................................. 8
Figura 5 - Heinrich Füsli: O Pesadelo ........................................................ 8
Figura 6 - Francisco de Goya y Lucientes: Sonhar Com Razões... ............ 9
Figura 7 - Salvador Dalí: O Sonho Aproxima-se ........................................ 9
Figura 9 - Keith Richard & Mick Jagger: Satisfaction (I Can't Get No) ...... 10
Figura 10 - Jimi Hendrix: Purple Haze ...................................................... 11
Figura 11 - Sir Paul McCartney: Let it Be ................................................. 11
Figura 12 - Sting: Every Breath You Take ............................................ 12
Figura 13 - Sir Alexander Fleming ............................................................ 12
Figura 14 - Dr Peter Ellis, Dr Peter Farrow and Dr Nick Terrett ................ 13
Figura 15 - Wilhelm Konrad Röentgen ..................................................... 14
Figura 16 - Felix Hoffmann: The Man Who Invented Aspirin And Heroin 15
Figura 17 - Arquimedes ............................................................................ 16
Figura 18 - Cristóvão Colombo ................................................................. 17
Figura 19 - Isaac Newton ......................................................................... 18
Figura 20 - Luigi Galvani .......................................................................... 19
Figura 21 - Nikola Tesla ........................................................................... 20
Figura 22 - Percy Spencer ........................................................................ 20
Figura 23 - Rex Whinfield e James Dickson ............................................. 21
Figura 24 - Louis Pasteur ......................................................................... 22
Figura 25 - Charles Goodyear .................................................................. 22
Figura 26 - Roy Plunkett ........................................................................... 24
Figura 27 - Spencer Silver e Art Fry ......................................................... 25
Figura 28 - Francine Shapiro .................................................................... 27
Figura 29 - Andrew D. Huberman ............................................................. 28
Figura 30 - Richard Wiseman ................................................................... 29
Figura 31 - Viktor Frankl ........................................................................... 30
Figura 32 - Christian Busch ...................................................................... 31
Figura 33 - Dra. Dean Falk ....................................................................... 36
Figura 34 - Dmitri Mendeleev ................................................................... 36
Figura 35 - James D. Watson ................................................................... 37
Figura 36 - Nikola Tesla ........................................................................... 37
Figura 37 - Steve Jobs ............................................................................. 38
Figura 38 - Lev Vygotsky .......................................................................... 38
Figura 39 - John Stuart Mill ...................................................................... 41
Figura 40 - Aristóteles .............................................................................. 43
Figura 41 - Vilfredo Pareto ....................................................................... 51
SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 2

DESENVOLVIMENTO ................................................................................................ 3

1. O QUE É SERENDIPIDADE OU SERENDIPITY ............................................... 4

2. SERENDIPIDADE NO PROCESSO JURÍDICO ................................................. 6

3. SERENDIPIDADE NAS ARTES VISUAIS ......................................................... 7

4. SERENDIPIDADE NA MÚSICA ....................................................................... 10

5. SERENDIPIDADE NA MEDICINA .................................................................... 12

6. OUTRAS DESCOBERTAS AO ACASO: ......................................................... 16

7. FRANCINE SHAPIRO ...................................................................................... 27

8. ANDREW D. HUBERMAN ............................................................................... 28

9. RICHARD WISEMAN ....................................................................................... 29

10. VIKTOR E. FRANKL ........................................................................................ 30

11. REGISTROS AKÁSHICOS .............................................................................. 34

12. CULTIVANDO E DESENVOLVENDO A SERENDIPIDADE ............................ 40

13. MERCADO DE TRABALHO ............................................................................ 47

14. SERENDIPIDADE NAS EMPRESAS ............................................................... 48

Conclusão ................................................................................................................ 54

Referências .............................................................................................................. 55
1

CONSULTOR DE SERENDIPIDADE:
UMA NOVA PROFISSÃO

Marcos Soares dos Santos Lopes de Sousa1

RESUMO

Serendipidade é aquilo que acontece de modo imprevisto e inesperado, e que produz resultados
positivos, conduzindo a inventos, descobertas e a criação artística.
Esta habilidade pode ser desenvolvida e aprimorada, para aplicação na vida pessoal e profissional.
Objetivo: Demonstrar que o desenvolvimento desta habilidade possui aplicação prática no mundo dos
negócios. Metodologia: Pesquisa dos estudos que estão sendo desenvolvidos sobre o assunto em
Universidades, Institutos de Pesquisa, Artigos e Entrevistas. Conclusão: A profissão de “Consultor de
Serendipidade” é uma realidade e que já está sendo implementada em várias empresas no exterior.
Carl Gustav Jung no livro “Sincronicidade: Um Princípio Casual de Conexão”, de 1952, descreve um
fenômeno idêntico ao da “coincidência”, mas que significa a simultaneidade de dois ou mais
acontecimentos identificados entre si por um mesmo significado, uma mesma ideia. A teoria da
sincronicidade nada mais é do que uma sucessão de eventos que acontecem paralelamente e que têm
ligação entre si, pois tudo é uma questão de sincronicidade.

Palavras-chave: Serendipidade. Sincronicidade. Simultaneidade. Acaso. Milagres. “Sorte Inteligente”.

1Pós-graduação MBA em Gestão Comercial de Produtos e Serviços de Instituições


Financeiras pela Faculdade Unyleya. Pós-graduação, em Especialização em Comércio Exterior pela
UFRJ. Pós-graduação lato sensu MBA em Gestão Cultural pela UCAM. Graduado em Ciências
Econômicas, pela Faculdade de Economia e Finanças do RJ. Certificação CPA-10 e CPA-20 pela
ANBIMA. Diversos cursos internos de aprimoramento pela VALE e mais de 430 cursos internos de
aprimoramento profissional UNIBB.1
2

INTRODUÇÃO

Sincronicidade são fatos que acontecem ao mesmo tempo e não podem


ser tidos como mera coincidência, sorte ou atribuídos simplesmente ao acaso, pois
estão carregados de significados. Enquanto a Serendipidade acontece ao acaso, de
modo imprevisto, produzindo efeitos inesperados, que conduzem a descobertas,
invenções ou mesmo a criação artística. Segundo o artigo “Sincronicidade - As
Coincidências Que Desafiam o Acaso”, da Jornalista Luísa Borges, para o Jornal
Diário da Região, de São José do Rio Preto, vimos que para o psicanalista Alberto
Salles, declara o leigo, ou aquele menos interessado em pesquisar os mistérios que
a vida apresenta, geralmente se assusta, pois se esquece de que para tudo existe um
motivo. Ninguém se conhece por acaso, nem a relação que une as pessoas é uma
casualidade isolada no tempo e no espaço. Nada acontece apenas por acontecer,
sem ter uma razão plausível. E ainda há aquela afirmação que diz que uma folha não
cai de uma árvore sem que haja razão para isso. Mais recentemente, os Professores
Richard Wiseman da Universidade de Hertfordshire no Reino Unido e Graduado em
Psicologia na University College London (UCL) e Ph.D. em Psicologia na Universidade
de Edimburgo e o Christian Busch professor da Universidade de Nova York, nos
Estados Unidos, e da London School of Economics (LSE), no Reino Unido,
desenvolvem estudos sobre a Serendipidade e a sua aplicação na vida pessoal e
profissional.
3

DESENVOLVIMENTO

A partir do levantamento de dados das pesquisas realizadas sobre a


Serendipidade, pretendemos demonstrar que a Serendipidade pode ser
ressignificada, aprimorada e desenvolvida, para que, com as técnicas apropriadas,
possa ser utilizada e aplicada de forma prática, visando obter resultados positivos, não
só em nossa vida pessoal, como também na vida profissional, refletindo diretamente
nos resultados das empresas. Por que algumas pessoas têm mais sorte do que
outras? Por que algumas pessoas parecem possuir o dom da Empatia e conseguem
se conectar tão facilmente com celebridades ou pessoas consideradas “Especiais”?
As Coincidências e Sincronicidades são apenas meros eventos fortuitos? A
Serendipidade pode ser desenvolvida e aprimorada para utilização por qualquer
pessoa e é o que pretendemos demonstrar.
4

1. O QUE É SERENDIPIDADE OU SERENDIPITY

Figura 1 - José de Assis

Fonte: 1 – Site Ideia de Marketing

SERENDIPIDADE
O artigo de José de Assis, “Você sabe o que é serendipidade? – A magia
da inovação acontece aqui”, nos conduz ao desenvolvimento do tema. Segundo artigo
SERENDIPIDADE: Abertura ao inesperado! De Nei Grando, o economista indiano
William Beveridge, em seu livro Seeds of Discovery (Semeaduras da Descoberta
Científica), ele distingue três diferentes tipos de descobertas ocasionais:

1. Intuição a partir de Justaposição de Ideias,


2. Intuição do tipo “Eureca”, e;
3. O Serendipitismo.
5

ORIGEM
Figura 2 - Sir Horace Walpole

Fonte: 2 Pinterest

O termo surgiu da palavra inglesa Serendipity, criada pelo romancista


inglês Horace Walpole, pelos idos de 1754. Numa carta destinada ao seu amigo
diplomata Horace Mann, ele contava sobre a impressionante história persa, “Os Três
Príncipes de Serendip”, que leu quando ainda era criança. O conto retratava as
aventuras de três príncipes da Ilha Serendip (do árabe Sarandíb), que é a
denominação de um antigo país, antes conhecido como Ceilão e onde hoje é o Sri
Lanka, uma ilha ao leste da Índia, que viviam fazendo valiosas descobertas de forma
inesperada. Em um dos casos da história, o rei de Serendip, em seu leito de morte
chamou os filhos dizendo que além de lhes dar seu vasto reino, deixaria um grande
tesouro enterrado próximo à superfície. Após a morte do pai, os príncipes reuniram
todos os homens do reino para cavar e revolver o solo de todo o país e após anos e
anos, não encontraram nenhum tesouro. Para a surpresa de todos, as terras do reino
tinham sido tão revolvidas, que as colheitas dos anos seguintes se tornaram as
maiores de toda a história. Pela capacidade de observação e sagacidade, os príncipes
de Serendip conquistaram grandes tesouros, sem que especificamente estivessem
buscando por eles. A essa capacidade dos príncipes, Walpole deu o nome
Serendipity: “Descobertas afortunadas feitas, aparentemente, por acaso. ”
6

2. SERENDIPIDADE NO PROCESSO JURÍDICO

Figura 3 - Dra. Flávia Teixeira Ortega

Fonte: 3 - Linkedin

No artigo da Advogada, Dra. Flávia Teixeira Ortega (2016), “O que se


entende por Princípio da Serendipidade? ”, percebemos que nada mais é do que o
encontro fortuito, que no caso, de provas relativas a fato delituoso diverso daquele
que é objeto das investigações. Em diversas situações, acontece de ser deferida, pelo
juiz, interceptação telefônica, com o objetivo de apurar infração penal relativamente a
certo investigado, mas que, no curso da escuta telefônica, acaba a autoridade policial
tendo ciência de prova ou fonte de prova relativa a delito diverso, atribuído ao mesmo
investigado ou, ainda, a outra pessoa. O que resta saber é se a prova obtida
fortuitamente será válida ou não.

SERENDIPIDADE DE PRIMEIRO GRAU:


A prova obtida fortuitamente será válida, quando houver relação de
conexão ou continência; houver a comunicação imediata para a autoridade judicial da
revelação de fato delituoso diverso ou de outra pessoa envolvida em regime de
coautoria; o juiz aferir que o fato descoberto ou a participação de coautor segue o
desdobramento histórico do ilícito penal investigado.

SERENDIPIDADE DE SEGUNDO GRAU:


A prova obtida não será válida, mas será fonte de prova, ou seja,
considerada “notitia criminis” (notícia do crime), sendo suficiente para deflagrar outra
investigação preliminar com objeto distinto, nas hipóteses relacionadas a seguir:
Reveladora de crime diverso daquele objeto da investigação;
1. Crime foi cometido por pessoa diversa da investigada;
7

2. O juiz verificar que o fato diverso descoberto não seguiu o desdobramento histórico
do ilícito penal investigado.
3. Quando as conversas entre o investigado e seu advogado, se a comunicação
envolver estritamente relação profissional.

JURISPRUDÊNCIA
Vale ressaltar que as provas colhidas acidentalmente (serendipidade) são
aceitas pela jurisprudência do STJ, e, inclusive, a colheita acidental de provas, mesmo
quando não há conexão entre os crimes, e tem sido admitida em julgamentos mais
recentes.

OPERAÇÃO LAVA-JATO
No Artigo de João Pedroso de Campos, “O Fim de um Modelo”, publicado
na Revista Veja, Edição 2724, página 42, 10 de fevereiro de 2021, temos um resumo
do que foi a chamada “Operação Lava-Jato”, um dos maiores casos de
“serendipidade” já registrados. Na manhã do dia 17 de março de 2014, um grupo de
Procuradores e agentes da Polícia Federal chegou ao Posto da Torre, em Brasília –
DF, a apenas 3 km do Congresso Nacional, para uma operação de busca e
apreensão, em uma apuração sobre lavagem de dinheiro, envolvendo o deputado do
Paraná, José Janene e quatro doleiros, sendo um deles proprietário do local. A
investigação rotineira transformou-se em um dos maiores escândalos de corrupção
talvez do planeta, que chegou a Petrobras, resultando em 130 denúncias, 533
acusados, 278 condenações, 295 prisões, incluindo um ex-presidente da República,
ex-ministros, ex-governadores e um ex-presidente da Câmara dos deputados, além
de vários políticos, executivos, lobistas e empresários.

3. SERENDIPIDADE NAS ARTES VISUAIS


Marta Leite Ferreira nos revela em sua matéria “Como é que se pinta um
sonho? Os grandes pintores souberam fazê-lo”, publicada no site Observador de
Portugal, os mistérios que rodeiam os sonhos, fazendo ao mesmo tempo, com que
seja um tema eterno de discussão. As dúvidas sobre os seus significados, são um
terreno fértil para os artistas que gostam de explorar o desconhecido – e talvez mostrar
os seus próprios sonhos.
8

ALBRECHT DÜRER (1525)

Figura 4 - Albrecht Dürer:


Visão do sonho

Fonte: 4 - Imagem: Research Gate

Este artista alemão desenhou uma cordilheira de montanhas a ficar


submersa durante um dilúvio. A ideia surgiu depois de um sonho apocalíptico. Esse
sonho é relatado logo abaixo do desenho. Dürer disse que quando acordou daquela
visão de “grandes águas que caíam do paraíso” e de “ventos fortes”, acordou com
“todo o corpo a tremer que não conseguiu recuperar durante muito tempo”.

HEINRICH FÜSSLI (1781)


Figura 5 - Heinrich Füsli: O Pesadelo

Fonte: 5 - Imagem Wikipédia

É o quadro de uma mulher adormecida que é visitada por monstros fantasmagóricos


durante o sono. A imagem foi exibida na London Royal Academy um ano depois de
ser produzida. Estudiosos apostam que foi retratada a jovem por quem o pintor suíço
tinha uma obsessão: Anna Landolt. O historiador Edward Burns conta que Füssli não
tinha coragem de assumir os sentimentos, por isso costumava pintar os sonhos
9

eróticos que tinha com ela, onde normalmente se imaginava a possuí-la enquanto
dormia.

FRANCISCO DE GOYA Y LUCIENTES (1799)

Figura 6 - Francisco de Goya y Lucientes: Sonhar Com Razões...

Fonte: 6 - Imagem Wikipédia


Um dos quadros da série “Los Caprichos”, a obra satírica do artista
espanhol onde ironiza sobre o funcionamento da sociedade na Espanha durante o
século XVIII. “Sonhar com razões produz Monstros” é a imagem sobre a qual defendeu
que: “como na humanidade em geral, só se pode ultrapassar a superstição, ignorância
e irracionalidade ao unir a razão com a fantasia”.

SALVADOR DALÍ (1932)


Figura 7 - Salvador Dalí: O Sonho Aproxima-se

Fonte: 7 observador.pt

Como surrealista é dos que, tecnicamente, mais facilmente podia pintar um


sonho. No livro “Fifty Secrets of Master Craftsmanship” está descrito o esforço que o
catalão fazia para explorar o limiar entre a consciência e o momento em que as
pessoas adormecem. A ideia de Dalí era que alguém agarrasse uma chave quando
se preparasse para ceder ao sono. Quando isso acontecesse, a chave iria cair no
10

chão e fazer barulho. Era assim que poderia recordar as imagens que lhe vagueavam
na mente mesmo antes de adormecer definitivamente.

4. SERENDIPIDADE NA MÚSICA
Segundo Diego Denck, em seu artigo “10 músicas que surgiram primeiro
em sonhos”, publicado no portal Mega Curioso, certas canções vieram “prontas” nos
sonhos dos artistas. Paul McCartney, por exemplo, sonhou com “Yesterday”, em 1965,
e a transformou em um dos maiores símbolos dos Beatles.

KEITH RICHARD
Figura 8 - Keith Richard & Mick
Jagger: Satisfaction (I Can't Get
No)

Fonte: 8 Ultimate Classic Rock

Keith Richards afirma que ele começou com o riff de guitarra para a canção
em seu sono, acordou no meio da noite, gravando o riff e as palavras "I can't get no
satisfaction" num gravador cassete e voltando a dormir. Ele viria a descrever a fita
como: "dois minutos de Satisfaction e 40 minutos do meu ronco". Ele e Jagger
terminaram de escrever a canção no Hotel Fort Harrison em Clearwater, Flórida, em
maio de 1965 Jagger escreveu a maioria dos versos depois de serem confinados em
seus quartos de hotel em Clearwater e não puderam tocar, pois a canção foi entendida
como uma declaração sobre o mercantilismo desenfreado nos Estados Unidos da
América.
11

JIMI HENDRIX

Figura 9 - Jimi Hendrix: Purple Haze

Fonte: 9 - Afropunk

Uma das maiores representantes do rock and roll, “Purple Haze” teria sido
sonhada por Jimi Hendrix após ele ler o livro de sci-fi “Night of Light”, de Philip Jose
Farmer. No sonho, o cantor caminhava sobre o mar até ser encoberto por uma névoa
roxa.

SIR PAUL MCCARTNEY


Figura 10 - Sir Paul McCartney: Let it Be

Fonte: 10 - pop Cyber

Paul McCartney teria sonhado que sua mãe, que faleceu quando ele tinha
14 anos, aparecia para lhe dizer “deixe estar”.
12

STING
Sting teria acordado com o trecho “every breath you take, I'll be watching
Figura 11 - Sting:
Every Breath You Take

Fonte: 11 - Wikipédia

you” no meio da noite e escrito a música mais famosa do The Police em apenas 30
minutos.

5. SERENDIPIDADE NA MEDICINA
Um conhecido, pesquisador, que na época terminava o mestrado em
botânica, dizia sobre como somos agraciados, algumas vezes, por esse aparente
acaso – buscando uma coisa e encontrando outra e às vezes bem mais interessante.

PENICILINA
Figura 12 - Sir Alexander Fleming

Fonte: 12 - Business Insider


13

No artigo de Marcelo de Elias, “Como usar a serendipidade para ser mais


criativo e inovador? ” Conhecemos um dos mais famosos casos de serendipidade,
que se deu com a descoberta da penicilina, o primeiro antibiótico da história.
Seu criador, o pesquisador do Hospital St Mary, Alexander Fleming,
estudava o desenvolvimento de um antibiótico por anos, sem sucesso e foi descobrir,
por aparente acaso, a resposta que faltava.
Ele saiu de férias por um tempo e, por esquecimento, deixou uma de suas
culturas da bactéria estafilococos sobre a mesa. Quando retornou, viu que ela tinha
sido contaminada por mofo (fungo). Natural seria descartar o experimento
contaminado, mas ele observou que havia nas placas um círculo transparente em
torno do mofo, separando-o das bactérias. E foi essa observação que levou Fleming
a perceber que aquele fungo produzia uma eficiente substância bactericida, a
penicilina. Para qualquer outra pessoa, a contaminação das placas poderia ter sido
um acontecimento como outro qualquer. A diferença é que Fleming estava preparado.
Ele tinha a sagacidade e o conhecimento necessários para fazer de um
simples acaso, uma oportunidade. Com sua descoberta, o londrino salvou milhões de
vidas no mundo inteiro e ganhou o Prêmio Nobel em 1944.

SILDENAFIL (VIAGRA)

Figura 13 - Dr Peter Ellis, Dr Peter Farrow and Dr Nick Terrett

Fonte: 13 - The Daily Mirror

Um exemplo é a invenção do medicamento Sildenafil (Viagra). No artigo da


Revista Super Interessante (2006) é mencionada a história da sua invenção.
A empresa americana Pfizer pesquisava um novo medicamento para tratar
a angina. Durante os testes da droga, em 1994, os pesquisadores Nicholas Terrett e
14

Peter Ellis, perceberam que ela causava uma ereção no pênis dos pacientes
participantes do estudo e os cientistas ingleses Peter Dunn e Albert Wood
conseguiram sintetizar o composto numa pílula, aprovada pelo FDA (o órgão que
regulamenta medicação nos EUA), em 1998, como o primeiro remédio contra a
impotência.
O que a maioria das pessoas nessa situação teria feito? Simplesmente
aceitado que era um efeito colateral desagradável do tratamento? Ignorado? Ou
desenvolvido outra forma de tratar a angina sem o efeito colateral? Os três
pesquisadores não fizeram nada disso.
Na verdade, eles viram uma oportunidade de desenvolver um medicamento
que poderia curar a disfunção erétil. E o Viagra, uma das invenções de maior sucesso
de todos os tempos, nasceu.

RAIOS-X

Figura 14 - Wilhelm Konrad Röentgen

Fonte: 14 - BRLaudos

Conforme artigo de Jennifer Rocha Vargas Fogaça, Raios, em o “Mundo


Educação”, os raios X foram descobertos pelo físico alemão Wilhelm Konrad
Röentgen (1845-1923). Na noite de 8 de novembro de 1895, ele trabalhava com raios
catódicos, descobertos por Crookes. Em um dado momento, Röentgen percebeu que
uma folha de papel tratada com platino cianeto de bário emitia luz – e até mesmo o
lado que não estava revestido com o platino cianeto também brilhava.
Esse fato ocorreu mesmo com a ampola de Crookes estando coberta por
uma cartolina negra. Ao investigar mais a fundo, para entender a origem dessa
luminosidade, Röentgen colocou vários objetos entre a ampola e a tela e observou
que todos pareciam ficar transparentes – e qual não foi sua surpresa quando viu os
próprios ossos da mão na tela.
15

Em 28 de dezembro de 1895, ele entregou um relatório para a Sociedade


Físico- Médica de Würzburg, Alemanha, descrevendo suas descobertas e indicando
que os raios X surgiam na região da ampola de descarga onde os raios catódicos
colidem com a parede de vidro. (FRAZÃO)

ASPIRINA

Figura 15 - Felix Hoffmann: The Man Who


Invented Aspirin And Heroin

Fonte: 15 - All That's Interesting

O artigo “A História da Aspirina”, da Revista Saúda - PT, nos informa que o


ácido acetilsalicílico, também conhecido como Aspirina ou simplesmente AAS, é um
dos medicamentos mais utilizados em todo o mundo e a sua história teve início há
mais de 3.500 anos, quando se verificou que o pó amargo extraído da casca e das
folhas do salgueiro era capaz de aliviar as dores e diminuir a inflamação.
Somente centenas de anos mais tarde é que se de descobriu que estes
efeitos se deviam a uma substância presente em diversas plantas, inclusive na casca
e folhas do salgueiro, à qual deram o nome de salicilina, devido ao nome em latim
para o salgueiro branco (Salix alba), também conhecido como chorão.
De acordo com a história, a descoberta do AAS deu-se em 1897, quando o
químico alemão Felix Hoffmann procurava uma alternativa ao ácido salicílico que
fosse melhor tolerada pelos doentes, pois o seu pai sofria de reumatismo crónico que
combatia diariamente com ácido salicílico, o que lhe causava sérios problemas de
estômago e um desagradável sabor na boca.
Assim surgiu o AAS, eficaz no combate às dores, à inflamação e à febre,
mas com um sabor menos amargo e melhor tolerado pelo estômago. Além de fazer
história por ser o primeiro composto sintetizado em laboratório, o AAS foi o primeiro
medicamento a ser vendido em comprimidos.
16

Dois anos depois da sua descoberta, o AAS foi lançado no mercado alemão
sob a marca registada de Aspirina que, em 1950, apareceu no record do Guinness,
como o analgésico mais vendido do mundo.
Como curiosidade, acrescentamos que Felix Hoffmann ao atingir uma idade
avançada, passou a sofrer de Artrite e para aliviar suas dores sintetizou a Heroína,
uma das drogas mais perigosas, mas que, no entanto, foi vendida normalmente como
um remédio para alívio de dores. DELONG William (2018)

6. OUTRAS DESCOBERTAS AO ACASO:


Nas ciências, por exemplo, o termo já trouxe grandes descobertas que
mudaram a história. No artigo de Marcelo de Elias, “Como usar a serendipidade para
ser mais criativo e inovador? ” (2020) ele menciona Arquimedes, Cristóvão Colombo,
Isaac Newton e Nikola Tesla.
Outros exemplos de serendipidade também são citados a seguir.

PRINCÍPIO DE ARQUIMEDES

Figura 16 - Arquimedes

Fonte: 16 - sites.google.com

Arquimedes tomava seu banho imerso em uma banheira, quando teve um


insight e encontrou a solução para um problema. Ele havia descoberto um dos
princípios fundamentais da hidrostática, que ficaria conhecido como o “Princípio de
Arquimedes”. Dizem que ele teria ficado tão eufórico que teria saído à rua seminu
gritando Eureka! Eureka! Que significa “encontrei”. (ELIAS 2020)
17

O NOVO MUNDO

Figura 17 - Cristóvão Colombo

Fonte: 17 - eBiografia

E o que dizer do navegador genovês, Cristóvão Colombo, que em sua


busca por um novo caminho para as Índias, em 12 de outubro de 1492, descobre o
“Novo Mundo”?
Segundo o artigo de Dilva Frazão (2019) Cristóvão Colombo começou a
navegar aos 14 anos, em navios mercantes que percorriam a costa da Ligúria. Com
22 anos comandou um navio fretado por Renato II D’Anjour, pretendente ao trono de
Nápoles, com o objetivo de interceptar uma embarcação do rei de Aragão, João II. Em
1476, chegou a Portugal e participou de uma expedição que chegou à Islândia. Nos
10 anos em que ficou em Portugal (1476-1485) desenhou mapas e fez várias viagens,
uma para Gênova e outras ao longo da costa africana.
Em 1453, os turcos tomaram Constantinopla e bloquearam o comércio
europeu com as Índias pelo mar Mediterrâneo. Isso acelerou a procura de caminhos
alternativos aos que vinham sendo trilhados desde a Antiguidade (MOTA 2014).
Para contornar este impedimento e após ter se tornado viúvo, Colombo
pede o apoio do Rei de Portugal, D. João II para financiar uma expedição às Índias.
Entretanto, em 1485 o Conselho português rejeitou o projeto. Obstinado, foi tentar a
sorte na Espanha.
Próximo ao porto espanhol de Palos, Colombo seguiu para o convento de
La Rábida, onde deixou o seu filho Diego, recebendo uma carta de recomendação
dos monges ao Duque de Medina Celi, Dom Luís de la Cerda, que era armador em
Sevilha. O Duque consultou a Rainha Isabel, que lhe pediu para enviar o projeto para
Córdoba, sede do reino, acompanhado de seu autor. A comissão encarregada pelos
reis de estudar o projeto levou alguns anos. A resposta negativa veio em 1490.
18

Em 1492, após a Espanha ter conquistado Granada dos mouros, a viagem


voltou novamente a ser cogitada pela Rainha Isabel e o financiamento coube a
banqueiros italianos que estavam na Espanha.
Certo do êxito, Colombo pediu 10% dos ganhos obtidos das terras que
descobrisse. Queria também para si e todos os descendentes, os títulos de Almirante
do Mar, Vice-rei e Governador da nova região. Era o dia 17 de abril de 1492.
Cristóvão Colombo faleceu em Valladolid, Espanha, no dia 20 de maio de
1506, sem saber que encontrara terras de um novo continente, na região da atual
América Central.

LEI DA GRAVITAÇÃO UNIVERSAL

Figura 18 - Isaac Newton

Fonte: 18
www.ebiografia.com/isaac_newton

Utilizando os artigos de Bruno Delecave (2015) e de Dilva Frazão (2020),


depreendemos mais uma boa história de serendipidade:
Entre 1665 e 1667, quando a Universidade de Cambridge ficou fechada,
em função de uma epidemia de peste bubônica que assolava a Inglaterra e que
culminou com a morte de 10% da população, Isaac Newton voltou para casa.
Nesse período, Newton fez as descobertas mais importantes para a
ciência: A Lei Fundamental da Gravitação, as Leis Básicas da Mecânica, aplicando-
as aos corpos celestes, desenvolveu os métodos de Cálculo Diferencial e Integral,
além de estabelecer as bases de suas descobertas na Óptica.
A história da maçã de Newton apareceu pela primeira vez em Elementos
da Filosofia de Newton, escrito por Voltaire e publicado em 1738. Neste livro, Voltaire
apresentou uma clara e admirável interpretação das ideias newtonianas.
19

Esta história foi espalhada pela sobrinha do cientista inglês, Catherine


Barton Conduitt, e seu marido, que viveram com ele nos últimos anos de vida do
cientista. Além disso, o próprio Newton contou ao estudioso William Stukeley ter sido
inspirado por uma maçã caindo em seu quintal e a investigar a Teoria da Gravitação.
Stukeley relata a conversa que teve com Newton no livro Memória de Sir
Isaac Newton, publicado em 1752. Esse incidente cotidiano serviu para inspirar uma
teoria capaz de mudar o mundo para sempre.
Isaac Newton elaborou uma das mais fundamentais de todas as leis, a “Lei
da Gravitação Universal”, onde sustentou e provou que cada partícula de matéria atrai
toda partícula outra, de matéria. Newton demostrou que a força entre os corpos
depende de sua massa e da proximidade deles, e ensinou como calcular essas forças.
“... toda matéria atrai outra matéria com uma força proporcional ao produto
de suas massas e inversamente proporcional ao quadrado da distância entre elas. ”

BIOELETRICIDADE

Figura 19 - Luigi Galvani

Fonte: 19 Wikipédia

O italiano Luigi Galvani descobriu em 1780, ao acaso, a bioeletricidade, um


campo da ciência que estuda os padrões elétricos e sinais do sistema nervoso,
quando um de seus assistentes tocou, sem querer, em um nervo ciático de uma rã
com um escalpelo metálico carregado de energia estática, o que produziu uma reação
muscular. (WIKIPÉDIA Bioeletricidade)
20

CORRENTE ALTERNADA

Figura 20 - Nikola Tesla

Fonte: 20 - Wikipédia

Segundo o artigo de ELIAS (2020) e de ABDO (2017) Nikola Tesla, famoso


inventor croata, nasceu em 10 de julho de 1856, durante uma forte tempestade de
raios, por considerar a tempestade um sinal ruim, a parteira teria afirmado que o garoto
seria uma “criança da escuridão”, ao que a mãe teria retrucado dizendo; “não, da Luz”.
Nikola Tesla teve a visão do esquema primordial de funcionamento da Corrente
Alternada, quando em um parque, declamava um poema alemão de Goethe.

HIDROCARBONETO BENZENO
Citando ainda o artigo de ELIAS (2020), o químico alemão August Kekulé,
descobriu em 1865 a fórmula hexagonal do benzeno a estrutura molecular do
hidrocarboneto benzeno, após sonhar com uma cobra mordendo o próprio rabo, a
Ouroboros.

MICROONDAS
Figura 21 - Percy Spencer

Fonte: 21 – Pinterest
21

O micro-ondas é mais um incrível caso de serendipidade: Segundo a


história que nos conta Júlio Cezar de Araújo, em sua matéria para o Portal Mega
Curioso, “Percy Spencer criou o primeiro forno micro-ondas do mundo”, essa caixinha
mágica, que veio para revolucionar a cozinha, surgiu de uma observação sagaz do
engenheiro autodidata Percy Spencer. Na época, ele trabalhava em um conjunto de
radares e em um de seus testes, Spencer percebeu que a barrinha de chocolate em
seu bolso havia derretido.
Muita gente antes dele já sabia que as micro-ondas emitidas por esses
equipamentos aqueciam as coisas, mas foi o engenheiro autodidata que vislumbrou o
uso comercial desse acaso, transformando a observação em oportunidade e
desenvolveu um equipamento para aquecer alimentos de forma rápida.

POLIETILENO (PET)

Figura 22 - Rex Whinfield e James Dickson

Fonte: 22 - Pinterest
Segundo a Química Líria Alves em seu artigo “PET: Plástico do Momento”
publicado no site Brasil Escola e o artigo “História da Resina PET” no site da ABIPET,
O Poli Tereftalato de Etileno, ou, simplesmente PET, é um polímero termoplástico da
família dos poliésteres. Embora conhecido através das garrafas plásticas, o material
iniciou sua trajetória na indústria têxtil.
Após a Segunda Grande Guerra, o desabastecimento também afetou a
Indústria têxtil da época, ainda baseada em fibras como algodão, linho, lã, entre
outras. A primeira amostra da resina foi desenvolvida pelos químicos ingleses Rex
Whinfield e James Dickson, em 1941, quando trabalhavam com etileno glicol, notaram
o aparecimento de um material pegajoso que, quando esticado, dava origem a longas
e resistentes fibras, se tratava de um éster capaz de formar cadeias poliméricas
(polímeros). Devido a esta composição, foi definido como poliéster.
22

O poliéster é usado até hoje para compor tecidos que não amarrotam e nos
últimos anos foi empregado na fabricação de garrafas descartáveis, recebendo a
nomenclatura PET.

PASTEURIZAÇÃO

Figura 23 - Louis Pasteur

Fonte: 23 - Wikipédia

Segundo o artigo para a Folha de São Paulo (1995), Ricardo Bonalume


Neto e o site Wikipédia, o químico francês Louis Pasteur, que criou o Processo de
Pasteurização, na verdade buscava salvar uma safra de vinho e posteriormente
percebeu que era um processo utilíssimo para preservação de outros alimentos.
Pasteur descobriu que o problema com o vinho era a presença de micróbios
que o estragavam. Para matá-los, aqueceu o vinho a uma temperatura em torno de
60º C por alguns minutos, para logo após resfriá-lo, eliminando desta forma, os micro-
organismos presentes.

BORRACHA VULCANIZADA

Figura 24 - Charles Goodyear

Fonte: 24 - Opera Mundi


23

Pesquisando os artigos de BECKER Andreas (2009), de ALTMAN Max


(2013) e de COSTA da Helson M.; FURTADO Cristina R. G.; NUNES Regina C. R.;
VISCONTEI Leila L. Y., constatamos que os ameríndios foram os primeiros a descobrir
e fazer uso da borracha. Observaram que algumas árvores liberavam uma seiva
leitosa, quando se cortava sua casca. Os nativos chamavam essas plantas ca-hu-chu
– algo como "madeira que chora" (Kautschuk em alemão, caoutchouc em francês).
Os espanhóis, no princípio do século XVI, os encontraram praticando um
jogo organizado com uma bola que saltava melhor do que qualquer coisa conhecida
até então. Durante os cem anos que se seguiram, os europeus descobriram,
gradativamente, uma série de outras utilizações que os índios davam a este material.
Eles o espalhavam em roupas para torná-las impermeáveis, moldavam-no em argila
para produzir uma espécie primitiva de botina, vasilhames flexíveis e tubos, e também
o ofereciam a seus deuses, como incenso. Cerca de 450 anos depois, em torno de
1800, deu-se a descoberta do processo de vulcanização, palavra derivada de
Vulcano, Deus do fogo e do trabalho com metais, da mitologia romana.
A descoberta da vulcanização é atribuída a Charles Goodyear, nos Estados
Unidos, e a Thomas Hancock, na Inglaterra. Ambos desenvolveram patentes em
1840. A vulcanização da borracha provocava uma melhora nas propriedades químicas
e físicas, em relação ao material não vulcanizado. Não havia mais o amolecimento do
material em temperaturas elevadas ou o congelamento em contato com o frio, além
de torná-lo mais resistente quimicamente.
A pedido da direção da Roxbury Rubber Company de Boston, Charles
Goodyear começou a estudar uma forma de a borracha resistir a variações de
temperatura. Após vários ensaios, conseguiu obter borracha vulcanizada, misturando
enxofre com borracha em alta temperatura.
Esse processo foi descoberto acidentalmente, fascinado que estava com a
ideia de tornar a borracha imune às mudanças de temperatura. Certo dia, Goodyear
deixou sem querer uma mistura de borracha e enxofre cair sobre o fogão quente.
Notou que a borracha não chegou a derreter, tendo queimado apenas um pouco.
Percebeu que a adição de enxofre à borracha a tornava mais resistente.
Determinou igualmente a temperatura e tempo de aquecimento ideal para estabilizar
a borracha.
24

TEFLON

Figura 25 - Roy Plunkett

Fonte: 25 - National
Inventors hall of Fame

Segundo artigo de Líria Alves de SOUZA; Polímero Teflon: como ele


surgiu? Em Mundo Educação, Teflon é o nome popular do polímero
Politetrafluoretileno (PTFE), descoberto em 1938 pelo químico Roy Plunkett enquanto
fazia experimentos com gás tetrafluoretileno, ele notou o aparecimento de um pó
branco no cilindro que continha o gás e pesquisas posteriores mostraram que se
tratava de um polímero formado por cadeia de 100.000 átomos de carbono ligados a
2 átomos de flúor. O Teflon começou a ser testado e exibiu os seguintes aspectos:
Não se dissolvia em solventes; não sofria ataque por ácido corrosivo a
quente; suportava altas temperaturas (500°C) sem sofrer danos; possuía aspecto
escorregadio.
Com todas estas características não foi difícil para Louis Hartmann, nos
anos 50, usar o material na confecção de panelas. Tudo que ele precisava era unir o
alumínio ao novo Teflon:
Primeiro ele aplicou ácido clorídrico na superfície de alumínio: o ácido corrói
o metal e cria aberturas (porosidade). Em seguida espalhou Teflon sobre o metal e
cozinhou a panela a uma temperatura de 400 °C por alguns minutos e o Teflon se
impregnou na superfície porosa e no final se transformou em um filme contínuo ligado
firmemente à superfície de alumínio.
25

POST-IT
Figura 26 - Spencer Silver e Art Fry

Fonte: 26 - Post-it®

No site da 3M encontramos o artigo “Anotações sobre o Post-it“, que conta


a história do desenvolvimento do “Post-it”. O cientista da 3M, Dr. Spencer Silver,
pesquisava adesivos e durante o processo, ele descobriu um adesivo que se fixava
suavemente em superfícies, mas não colava totalmente sobre elas. Ele descobriu algo
que ele denominou de “microesferas”, com uma característica que permitia facilmente
sua remoção de uma superfície.
Durante anos, o Dr. Silver se esforçou para encontrar uma finalidade para
sua invenção. Mas isto não o impediu de divulgar os méritos de sua criação para a
colegas. "Fiquei conhecido como o Sr. Persistente porque nunca desisti."
Enquanto isso, Art Fry, outro cientista da 3M, estava frustrado. Toda quarta-
feira à noite, durante o ensaio do coral de sua igreja, ele usava pequenos pedaços de
papel para marcar os hinos que iriam cantar na próxima missa, mas todos os pedaços
de papel acabavam caindo do livro de hinos. Ele precisava de um marcador de
páginas que aderisse ao papel sem as danificar e lembrou-se de um seminário em
que o Dr. Silver havia participado e que havia falado sobre as microesferas. E ele teve
o que agora chama de seu momento Eureka. "Aquele momento em que você sente a
adrenalina subir".
Junto com o Dr. Silver, começaram a desenvolver o produto. Ao escrever
mensagens em seu novo bloco de notas para se comunicar no escritório eles
descobriram todo o potencial da ideia.
"Pensei, o que temos aqui não é apenas um marcador de páginas." Disse
o Dr. Fry. "É uma forma totalmente nova de comunicação."
O Dr. Fry decidiu transformar a matriz da 3M o seu campo de testes,
distribuindo os blocos adesivos para toda a companhia e os funcionários adoraram.
26

A Blitz de Boise: O time de marketing decidiu colocar o produto diretamente


nas mãos dos clientes. O imenso esforço de amostragem, conhecido como a Blitz de
Boise devido ao lançamento na cidade de Boise, no estado de Idaho, foi um grande
sucesso. Noventa por cento dos que experimentaram disseram que comprariam o
produto. E a curiosidade final:
Sua icônica cor Amarelo Canário foi escolhida por acaso. O laboratório ao
lado tinha apenas papel amarelo para rascunho.
E uma lista interminável de coisas que hoje facilitam – e muito – a nossa
vida. O mais interessante desse conceito de serendipidade é entender que, de alguma
forma, ela acontece no seu dia a dia, mesmo que você ainda não perceba isso.
O que esses casos têm em comum é que alguém reagiu a um gatilho
inesperado de serendipidade, ligou os pontos e, de maneira crucial, seguiu em frente.
Quando percebemos que a serendipidade não é simplesmente sobre um
único evento que acontece conosco, mas sim sobre o processo de identificar e
conectar pontos, começamos a ver pontes onde outras pessoas veem abismos e é
possível “nos posicionar para a sorte inteligente”. Esses exemplos de inovação nos
mostram que é preciso estar pronto para ser beneficiado pelo acaso e é a única
maneira de transformar observações em algo valioso.
Além da sagacidade - que é fundamental para unir fatos e chegar a uma
conclusão valiosa - tanto Fleming, quanto Spencer tinham o conhecimento necessário,
estavam preparados para conseguir enxergar simples acasos de maneira diferente,
tirando dali produtos inovadores. Do que adianta encontrar algo novo se não somos
capazes de tirar proveito disso? O desfrute das descobertas só acontece quando
conseguimos relacionar o que sabemos com o que acabamos de encontrar. Daí surge
a inovação e coisas incríveis são criadas.
27

7. FRANCINE SHAPIRO
Figura 27 - Francine Shapiro

Fonte: 27 - Foto: The New York Times.


Conforme a Wikipédia, Francine Shapiro (18-02-1948, 16-06-2019) foi uma
psicóloga e educadora, que desenvolveu a dessensibilização e reprocessamento dos
movimentos oculares, uma forma de psicoterapia para resolver os sintomas de
experiências traumáticas e outras experiências de vida perturbadoras.
Em um momento difícil de sua vida, descobriu de forma totalmente
acidental, o mecanismo neurológico que possibilita um alívio psicológico. Nos anos
70, foi diagnosticada com câncer de mama, e percebeu que durante suas longas
caminhadas, seus pensamentos mais perturbadores começavam a perder seu poder
negativo. Intrigada, notou que qualquer movimento dos olhos, ao vasculhar o
ambiente ao redor para todos os lados, enquanto caminhamos, era o que desativava
os pensamentos mais incômodos. Desta observação, nasceu uma nova terapia

TERAPIA EMDR – EYE MOVEMENT DENSITIZATION AND REPROCESSING


Realizada em Consultório, esta terapia, que em português significa
“Desensibilização e Reprocessamento do Movimento Ocular”, consiste basicamente
em pedir aos pacientes que recontem suas dores emocionais e logo em seguida, pedir
que movimentem os seus olhos rapidamente e lateralmente, simulando o movimento
dos olhos durante uma caminhada.
A terapia amostrou eficácia até mesmo nos tratamentos de traumas
profundos, como os sofridos por veteranos de guerra do Exército.
A Neurociência revelou que o movimento ocular lateral desativa a amídala,
que no cérebro, funciona como o centro de detecção de ameaças, permitindo assim,
28

que pacientes processem emoções difíceis com mais receptividade, sem a reação
defensiva do medo.

8. ANDREW D. HUBERMAN
Figura 28 - Andrew D. Huberman

Fonte: 28 - Imagem: www.hubermanlab.com

Andrew D. Huberman (26-09-1975), é um neurocientista americano e


professor titular do Departamento de Neurobiologia da Escola de Medicina da
Universidade de Stanford. Ele fez inúmeras contribuições importantes para os campos
de desenvolvimento do cérebro, plasticidade cerebral e regeneração e reparo neural.
Em um Podcast do site Huberman Lab, o Dr. Andrew Huberman,
Neurocientista da Universidade de Stanford, declarou que: “O Movimento físico para
a frente, a ação, não só traz recompensa, mas suprime atividades nas áreas cerebrais
ligadas ao medo.
E conclui: Isto não é um “hack”, um atalho ou um corta-caminho, mas um
mecanismo biológico ancestral, instalado pela mãe natureza”
A título de informação, citamos artigo publicado no site do SindJustiça do
Estado de Goiás, que divulgou pesquisa da OMS, que coloca o Brasil como o país
com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo e o quinto em
casos de depressão. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS),
9,3% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade e a depressão afeta 5,8% da
população. O índice de depressão é um dos cinco mais elevados do planeta. No total,
transtornos mentais geram perdas de US$ 1 tri por ano para a economia global.
29

9. RICHARD WISEMAN
Figura 29 - Richard Wiseman

Fonte: 29 - Imagem: Penguin Random House


Segundo a Wikipédia e o seu Blog Pessoal, Richard Wiseman é um
Professor de Entendimento Público da Psicologia na Universidade de Hertfordshire no
Reino Unido. Graduado em Psicologia na University College London (UCL) e Ph.D.
em Psicologia na Universidade de Edimburgo. Ele propõe as seguintes questões:

Por que Algumas Pessoas Tem Mais Sorte do que Outras?


Você costuma reclamar que não tem sorte na vida?
Se a resposta for positiva, não culpe apenas o acaso.

QUATRO PADRÕES DE COMPORTAMENTO:


A conclusão de um estudo realizado pelo professor Richard Wiseman, da
Universidade de Hertfordshire, na Inglaterra é de que existem quatro padrões de
comportamento relacionados à forma como pensamos e nos comportamos, e que
podem determinar quão sortudos somos ou não.

EM PRIMEIRO LUGAR:
Os sortudos tendem a enxergar oportunidades – e, quando veem uma, a
agarram e se movem nessa direção.
Já o contrário ocorre com os azarados. Eles estão tão acostumados à rotina
que, quando uma oportunidade surge, ficam com medo de agarrá-la.

EM SEGUNDO LUGAR:
Wiseman recomenda "confiar em seu instinto". Se algo dá certo, eles vão
se mover nessa direção. Os azarados gastam muito tempo pensando no que fazer.
Eles são excessivamente analíticos. Quando chegam a uma conclusão,
sua opinião está desatualizada e já não é mais útil".
30

EM TERCEIRO LUGAR:
Os sortudos esperam ter mais êxito no que fazem. Eles esperam que as
coisas deem certo, e suas crenças se tornam profecias autorrealizáveis. Isso faz com
que não esmoreçam ao se depararem com uma situação difícil. Como estão sempre
para cima, atraem outras pessoas. Com os azarados, é o contrário. Eles são
pessimistas.
E as pessoas tendem a evitá-los porque estão para baixo o tempo todo.

EM QUARTO LUGAR:
Por fim, outra característica comum aos sortudos, afirma Wiseman, é que
eles permanecem otimistas. Coisas ruins acontecem com todos nós, mas os sortudos
são capazes de “dar a volta por cima”.
Eles aprendem com essas experiências ruins e seguem adiante. Já os
azarados se deixam derrubar pela menor das coisas negativas. E se convencem de
que o futuro será sombrio e de que não há sentido em tentar.

10. VIKTOR E. FRANKL

Figura 30 - Viktor Frankl

Fonte: 30 - Getty Images


Em seu livro “Em Busca de Sentido - Um Psicólogo no Campo de
Concentração”, Viktor E. Frankl, um dos grandes psicoterapeutas vienenses - usou a
experiência como prisioneiro nos campos de concentração alemães durante a
Segunda Guerra para escrever sua obra.

Quando ele chegou em Auschwitz, percebeu que alguns prisioneiros


morriam em semanas, outros, faziam pactos de suicídio, mas alguns mantinham-se
vivos há anos.
31

Ele percebeu que quando havia um pacto suicida, outros prisioneiros


conseguiam demovê-los do ato, lembrando do filho que estava vivo, em outro país,
mas que iria necessitar de orientação, a outros, da família ou da mulher ou do trabalho
ou estudos, ainda não concluídos, mas que só ele poderia dar continuidade, enfim;
Uma Esperança, algo a fazer no futuro, encontrar um sentido para a vida.
Assim, ele desenvolveu a sua visualização própria:
Se imaginava num futuro distante, a guerra já havia terminado, e ele
realizava palestras sobre a Psicologia nos Campos de Concentração. E assim foi feito!
Este é o objetivo e o desafio da logo terapia, versão da moderna análise
existencial elaborada pelo próprio Dr. Frankl

CHRISTIAN BUSCH

Figura 31 - Christian Busch

Fonte: 31 - Imagem: NYU Web Publishing

Christian Busch é professor da Universidade de Nova York, nos Estados


Unidos, e da London School of Economics (LSE), no Reino Unido.
Como pesquisador, especializou-se em empreendedorismo e liderança de
impacto social, inovação de modelos de negócios e mercados emergente.
Foi incluído nas listas "Top 99 Influencers" da revista Diplomatic Courier;
"Ideas People", da revista britânica The Economist; e "Davos 50", do Fórum
Econômico Mundial.
Recentemente, publicou o livro The Serendipity Mindset: The Art & Science
of Creating Good Luck ("Mentalidade da serendipidade: a arte e a ciência de criar boa
sorte", em tradução livre), em que analisa a importância de dar sentido ao inesperado
para encontrar oportunidades, não só profissionalmente, mas também a nível pessoal.
32

Em uma excelente entrevista para a BBC News Mundo, “Como se cria a


'sorte inteligente' para tirar o máximo proveito do inesperado”, Margarita Rodríguez
faz uma síntese de seu trabalho:

UM ALEMÃO COM SANGUE MEXICANO


Busch cresceu na Alemanha e estudou e trabalhou em países como
Rússia, China, Quênia e México, onde viveu por algum tempo.
Meus amigos brincavam dizendo que eu era 'um alemão com sangue
mexicano'.
Foi uma das melhores experiências da minha vida. Uso qualquer desculpa
para voltar à América Latina, sinto falta das pessoas, da qualidade de vida e da
língua", diz ele sobre suas recentes atividades no Chile.
Muitas vezes as pessoas que chamamos de "sortudas" passaram por um
processo de criatividade muito interessante depois de enfrentar uma situação que não
esperavam.
Mas será que há pessoas que por natureza são melhores do que outras em
identificar mais oportunidades em situações inesperadas?
Elas fazem algumas coisas de maneira diferente.
Um aspecto desafiador, mas importante, de cultivar a serendipidade é
aceitar que não podemos planejar ou saber tudo. Aceitar a imperfeição como parte da
vida nos permite aproveitar o momento se erros inesperados acontecem.

“ELE AINDA ESTÁ VIVO"!


Disse o policial ao encontrá-lo dentro do carro completamente destruído.
Embora vários anos tenham se passado, ainda se lembra claramente
dessas palavras.
E aquele acidente mudaria sua vida.
Muita gente se mostra cética quanto à capacidade de tirar proveito do
acaso. Mas quando olham os dados, fica claro como a luz do dia:
O inesperado está sempre acontecendo, então faz sentido tentar estar
pronto para ele. O acidente acabou com meu senso de controle.
Antes dessa experiência de quase morte, eu sentia que podia controlar
muitas coisas, e percebi como a vida pode acabar rapidamente e que as coisas
realmente importantes podem estar fora do meu controle. Lembro de me perguntar:
"Se eu tivesse morrido, teria valido a pena? Fiz algo significativo com a minha vida?"
33

O acidente me colocou em uma busca intensa para dar sentido à minha vida.
Comecei a ler o livro maravilhoso do Viktor Frankl, “Em Busca de Sentido”,
que me ajudou a entender essa crise e me fez perceber que o que eu mais gosto e
faz sentido para mim está conectando a pessoas e ideias inspiradoras.

UM MUNDO DE INCERTEZAS
Em um mundo cheio de incertezas e que muda muito rápido, uma
habilidade fundamental é cultivar a serendipidade.
A covid-19 tem sido um lembrete gritante de que, ao longo da história, o
progresso dependeu da capacidade dos seres humanos de aproveitar ao máximo o
desconhecido.
Infelizmente, a pandemia tirou milhões de vidas, pessoas ficaram doentes,
milhares de empregos foram perdidos. De que ferramentas precisamos para navegar
em tempos tão difíceis? 2020 foi um ano difícil, muita "falta de sorte" sobre a qual
realmente não podemos fazer nada, mas pode ser eficaz focar em desenvolver
determinação e resiliência. As crises podem nos ajudar a repensar como
estruturamos nossas vidas. Sempre me inspirei profundamente em Frankl e em sua
abordagem para encontrar sentido nas crises. Quando tive uma manifestação severa
de covid-19 em março, seu livro, que mencionei anteriormente, foi uma das coisas que
me ajudou a sobreviver.
A ideia de que temos que tentar encontrar sentido nas situações mais
difíceis, aceita, reconhece que a situação atual é terrível. Não a deixa cor de rosa.
Mas também diz: vamos ver onde podemos encontrar significado e fazer algo a
respeito desta situação. Pode nos ajudar a repensar como estruturamos nossa vida,
qual é nosso enfoque no trabalho, como vemos nossas amizades? Pode nos ajudar a
reavaliar o que é realmente importante? Olhe no longo prazo, tenha perspectiva e tire
o melhor proveito da crise.
As crises trazem à tona o que há de melhor ou pior nas pessoas, e
geralmente separam os verdadeiros líderes do resto. As pessoas continuarão
perguntando nos próximos anos como os líderes agiram durante esse período.
Esta pode ser uma grande oportunidade para se comprometer realmente
com seus próprios valores e aprimorar uma cultura corporativa verdadeiramente
significativa.
34

Apesar do distanciamento social imposto pela pandemia, devemos


encontrar formas de continuar estimulando a interação - uma importante fonte de
oportunidades e ideias
No contexto de uma pandemia que mudou o curso da vida diária e
exacerbou as desigualdades, estamos testemunhando como os indivíduos e as
empresas abraçam o inesperado com criatividade.
Por exemplo, destilarias na Alemanha que, em vez de fechar, começaram
a produzir desinfetantes para as mãos à base de álcool a um preço acessível.
E indivíduos que se reinventaram e se conectaram não apenas com o que
é realmente importante para eles, mas com as pessoas que são de fato valiosas em
suas vidas.
Em tempos de crise, esses tipos de esforços tendem a ser impulsionados
pela necessidade. Mas pesquisas nas áreas de ciências sociais e naturais também
mostram que os grandes avanços e oportunidades são muitas vezes uma questão de
serendipidade — a sorte inesperada que resulta de momentos não planejados, em
que decisões proativas levam a resultados positivos.

SENSO DE DIREÇÃO
Alcançar o sucesso geralmente não se trata de controlar qual será o
resultado exato, mas sim equilibrar um senso de direção com uma apreciação pelo
desconhecido.
Esse senso de direção, que é uma ambição, curiosidade ou interesse mais
amplo que nos guia consciente ou inconscientemente, nos ajuda a seguir em frente
para localizar e conectar os pontos.
Isso pode significar deixar de lado uma carreira específica e, em vez disso,
aproveitar situações inesperadas como oportunidades para explorar novas direções.

11. REGISTROS AKÁSHICOS


Segundo artigo de Juliana Miranda, “Os Misteriosos Registros Akáshicos”,
publicado no portal Site de Curiosidades e o artigo de Marcos Morrone, “Registros
Akáshicos Ferramenta de Transformação da Alma”, publicado no portal Ego Notícias,
o Registro Akáshico é considerado um campo de energia que influenciaria a vida e o
conhecimento do homem.
35

O termo Akáshico tem relação com Akasha, a substância que forma a vida.
Essa palavra de origem sânscrita, nos remete a um plano de consciência cósmica, um
tipo de arquivo presente no universo. Akásha significa céu, éter ou espaço.
Os Registros Akáshicos seriam uma tecnologia espiritual, onde ficariam
arquivadas todas as nossas experiências de alma. Sejam as experiências da
encarnação atual ou de encarnações passadas.
Podemos comparar os registros Akáshicos como uma grande biblioteca
metafórica ou um computador holográfico multidimensional. Essa biblioteca é tão
grande que seria impossível ela existir na terceira dimensão. É por isso que os
registros Akáshicos se encontrariam em uma quinta dimensão.
O conceito do Akásha esteve presente em várias culturas e religiões.
Na bíblia e no antigo testamento, Akásha está representado como o livro
da vida. E também nos antigos gregos, romanos e chineses, e outras civilizações
remotas. Para estes povos, o inconsciente humano era mais poderoso do que tudo.
Também podemos encontrar esse conceito nos dias de hoje através da
teoria do inconsciente pessoal e coletivo do psiquiatra suíço Carl Gustav Jung.
Akasha seria a luz astral, uma espécie de alma universal que vem sendo
estudada como uma das ferramentas mais poderosas da mente, como uma
comunicação com o divino. Estes registros energéticos seriam encontrados na zona
intermediária entre os mundos astral e mental, e poderia ter relação com uma
habilidade de clarividência, além de uma conexão com as vidas passadas, presente e
futuras do homem.
Esta energia seria responsável por fazer com que o homem possa
experimentar a vida em sua plenitude, garantindo o potencial para a construção de
pensamentos, emoções e ações. Segundo os estudiosos do conhecimento sobre o
Registro Akáshico, essas inspirações viriam em forma de revelações em transes ou
sonhos. Essa energia é uma verdadeira inspiração, que se materializa em algumas
pessoas e, assim, faz com que elas marquem seus nomes na história.
Teria inspirado os gênios, mas também se manifestou em poetas, filósofos,
médicos e outros profissionais. Neste sentido, o plano Akáshico funcionaria como uma
inspiração do inconsciente que se manifesta quando o homem está em estado de
relaxamento, através da emissão de ondas alfas.
36

Este registro individual de cada alma, que estaria presente desde o início
da vida até o seu fim e para alguns estudiosos do tema, o Registro Akáshico seria a
razão da genialidade de muitas pessoas que marcaram a história, entre elas Einstein,
Tesla e Steve Jobs.
Figura 32 - Dra. Dean Falk

Fonte: 32 Wikipédia

Segundo a antropóloga evolucionista Dra. Dean Falk, da Universidade da


Flórida, o cérebro de Albert Einstein tinha uma configuração diferenciada, com uma
via de comunicação entre os hemisférios da direita e da esquerda. Talvez essa seja
uma das razões das inspirações quase sobrenaturais que fizeram deste físico um dos
maiores gênios de todos os tempos.

Figura 33 - Dmitri Mendeleev

Fonte: 33 Wikipédia

Para as pessoas influenciadas pelo Registro Akáshico, as ideias,


conhecimentos e descobertas surgiriam naturalmente, em um breve momento de
inspiração ou em um sonho. Isto teria acontecido com o químico de origem russa,
37

Dmitri Mendeleev, criador da tabela periódica. Ele teria sonhado com uma tabela
fantástica de elementos e, quando acordou, colocou todas as informações no papel.

Figura 34 - James D. Watson

Fonte: 34 - Site de Curiosidades

A mesma inspiração inexplicável também chegou para James D. Watson,


um dos cientistas responsáveis pela criação do modelo do DNA humano. Segundo
relatos, Watson teria tido uma visão e, com isso, estruturou o código genético em
1953, em parceria com Francis Crick.

Figura 35 - Nikola Tesla

Fonte: 35 Site de Curiosidades


38

Figura 36 - Steve Jobs

Fonte: 36 Site de Curiosidades

O Registro Akáshico também teria sido o responsável pelas descobertas


de Tesla e pelas invenções revolucionárias de Steve Jobs, o criador da Apple. Relatos
indicam que Jobs teria criado muitos de seus aparelhos eletrônicos como resultado
de seus momentos de meditação, frequentador que era de um templo Budista.
Maiores informações também podem ser acessadas nos sites da
Sociedade Teosófica e na biografia de Helena Blavatsky.
Chama a atenção a curiosa a semelhança entre Registros Akáshicos com
a World Wide Web, a Rede mundial de computadores, que também funciona como
um repositório de todo o conhecimento humano.

O CONHECIMENTO POTENCIAL
Figura 37 - Lev Vygotsky

Fonte: 37 pt.wikiquote.org

O psicólogo bielo-russo Lev Vygotsky, a partir de sua tese de doutorado


defendida em 1925 sobre Psicologia da Arte, desenvolveu a “Teoria de
39

Aprendizagem”, onde desenvolveu dois conceitos: Aprendizagem Assistida e o de


Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP).
Segundo Vygotsky, para ocorrer a aprendizagem, a interação social deve
acontecer dentro da zona de desenvolvimento proximal (ZDP), que seria a distância
existente entre aquilo que o sujeito já sabe, seu conhecimento real, e aquilo que o
sujeito possui potencialidade para aprender, o Conhecimento Potencial.
Alexsandro M. Medeiros, detalha esta teoria na matéria “O sócio
interacionismo de Lev Vygotsky”, no Portal Sabedoria Política.
Existe no universo um conhecimento potencial, aquilo que se pode
observar e transformar em conhecimento adquirido.
Os elementos, os fenômenos da natureza e as experiências que vivemos,
trazem esse potencial e antes mesmo de nós entendermos isso.
O conhecimento potencial, de uma forma ou de outra, sempre esteve aqui,
ao nosso redor e o ponto chave, diretamente ligado à serendipidade, é que, somente
algumas poucas pessoas conseguem se apropriar deste conhecimento potencial, por
estarem preparadas para absorvê-lo e possuem a percepção de transformá-lo em algo
interessante ou valioso, transformando-o em produtos ou algo útil para as nossas
vidas.
Quando falamos em conhecimento, geralmente, acabamos traduzindo
como aquilo que adquirimos, que sabemos - o conhecimento adquirido - que
aprendemos de alguma forma. Mas existe um outro tipo de conhecimento que não
estamos acostumados a enxergar: O Conhecimento Potencial.
A serendipidade é um conceito incrível que pode transformar simples
observações do seu dia a dia em grandes descobertas. E o livro “Efeito Medici”, de
Frans Jhonsson traz uma fórmula para utilizar a serendipidade de forma sistemática:
“É ao conseguir cruzar campos, disciplinas e culturas diferentes que se
torna possível combinar conceitos já existentes num grande número de novas ideias
extraordinárias”.
Se prestarmos atenção, vamos perceber a serendipidade acontecendo nos
mais diversos níveis. A chave é prestar atenção, se permitir observar, e estar
preparado para constantemente buscar conhecimento e expandir a mente, relacionar
coisas improváveis, para transformar essa observação em oportunidade.
40

Quantas coisas já ouvimos, sentimos ou vimos em nossas vidas, num


acaso, e que depois, foram transformadas em oportunidades, estratégias diferentes
ou até mesmo em produtos?
“Enquanto a excelência de processos exige precisão, consistência, e
repetição, a inovação exige variação, fracasso e serendipidade” - Brian Hindo
Desde que comecei a entender um pouco mais sobre este conceito, passei
a observar que a serendipidade se manifesta em tudo; seja na criação de produtos,
na estratégia, no mundo dos negócios, nas artes ou na ciência.

12. CULTIVANDO E DESENVOLVENDO A SERENDIPIDADE


Na excelente matéria de Margot Cardoso, “Sincronicidade”, publicada no
Portal Vida Simples, ela elenca uma série de atitudes para cultivar a serendipidade
tornando uma abordagem ativa para lidar com a incerteza, em vez de passiva.

ATITUDES PODEM AJUDAR


Segundo o artigo de Marcelo de Elias (2020), algumas atitudes podem
ajudar a cultivar a serendipidade, nos preparando e construindo um ambiente que a
estimule. Várias atitudes podem ajudar:

14.1.1. Proatividade
Estar totalmente aberto para as aventuras e as surpresas. Fazer uma
viagem para um lugar incomum, ler livros com assuntos diferentes do que você está
acostumado e conversar com pessoas fora de seu círculo pessoal tradicional podem
gerar grandes oportunidades inesperadas. Isso requer uma postura de iniciativa para
fazer algo inédito.

14.1.2. Saia da bolha (ou da Caixa)


Principalmente a da internet que sempre apresenta para você por causa
dos algoritmos, que só mostram o que você está acostumado e gosta de ver. Exponha-
se a outras fontes de conhecimento e evite as ideologias únicas que geram vieses
inconscientes. Pesquise por vídeos e postagens de assuntos diferentes da sua área
de trabalho e de interesse tradicional.
41

14.1.3. Diversidade Cognitiva

Figura 38 - John Stuart Mill

Fonte: 38 pt.wikipedia.org

Abrace a diversidade. Busque ouvir, conviver e trabalhar com pessoas


diferentes do seu “padrão”. O filósofo inglês John Stuart Mill afirmava no século 18
que o maior grau de desenvolvimento que um homem pode atingir vem da fórmula
“Individualidade + Diversidade”, porque isso resulta em “Originalidade”. Quanto mais
gente com experiências, formações, pontos de vista, gerações, gênero, etnia, religiões
e vivências diferenciadas, mais chance dessa diversidade cognitiva gerar inovações.
(CARDOSO 2019)

14.1.4. Seja observador


Agir como um cientista em busca de algo desconhecido. Observe o seu
redor e como as pessoas interagem no ambiente. Analise como as coisas funcionam
e tire suas próprias conclusões. Assim será possível perceber coisas extraordinárias
mesmo em situações ordinárias e gerar novos inputs para suas reflexões e ideias.

14.1.5. Estude
Um texto de Margot Cardoso para a revista Vida Simples explica algo que
faz todo sentido. “Por mais que as narrativas reforcem, nenhuma descoberta científica
foi feita por pura sorte, de forma aleatória. Não foi um mecânico que descobriu a
penicilina, por exemplo. Todos os acidentes ou acasos felizes na ciência têm um ponto
em comum: cada um foi reconhecido, avaliado e posto em prática à luz da experiência
intelectual do descobridor”. Isso significa que é preciso estudar e conhecer
exatamente o que você quer encontrar, senão corre o risco de você ver algo revelador
e aquilo não fazer sentido algum.
42

14.1.6. Ócio Criativo


O escritor italiano Domenico de Masi explica que “não adianta forçar o
cérebro para desempenhar uma atividade quando ele já se encontra cansado e
saturado. O resultado será medíocre e insuficiente, pois o ser humano tende a ser
menos criativo e produtivo quando se encontra em momentos de sobrecarga. ”
Devemos então permitir pausas e tempo livres para o insight fecunde e frutifique como
uma ideia criativa. O tempo livre sem pensar na solução específica de um problema,
é fundamental para a produtividade e para fazer as conexões necessárias entre a
observação de um evento inesperado e a solução prática de um problema.
Reserve algum tempo para fazer nada, pois a maioria dos casos de
serendipidade ocorrem em situações de relaxamento. É preciso que o ambiente
comporte um certo grau de liberdade, não padronização e fluidez.

CAMINHAR
Um estudo da Universidade de Stanford demonstrou que o ato de
caminhar, por apenas 20m e até mesmo em uma esteira, provocou um aumento médio
de até 60% na geração de propostas inovadoras e exercícios de criatividade.
Albert Einstein, Aristóteles, Charles Darwin e William Wordsworth: Um
Hábito os unia: Andar a pé. Todos caminhavam diariamente.
O alinhamento natural do homem à inteligência da natureza, era uma ideia
central do pensamento de Jean Jacques Rousseau e de Henry David Thoreau.
Ambos acreditavam que o abandono da vida simples e natural de nossos
ancestrais, foi a semente do nascimento da corrupção, vícios e doenças da dita
“sociedade civilizada”. E o hábito de andar a pé e sozinhos, era o principal recurso
com que se reconectavam com a sua essência natural. Thoreau, caminhava mais de
4h por dia e não era incomum caminhar mais de 30km em um único dia.
“Nunca pensei tanto, existi tanto, vivi tanto, fui tanto Eu mesmo, como nas
viagens que fiz sozinho e a pé”.
“Só consigo pensar quando caminho. Minha Mente só funciona com minhas
pernas” - Jean Jacques Rousseau
“Todos os pensamentos realmente grandiosos são concebidos enquanto
se caminha” - Friedrich Nietzsche.
Insights, criatividade espontânea, andar devagar e sem propósito,
liberando energia para a mente vagar livremente associações inesperadas a
43

consciência se amplia. Estudos científicos atuais, comprovam que andar a pé expande


o nosso poder cerebral.

1. Intensifica o fluxo de sangue para o Cérebro


2. Amplia a dimensão do Hipocampo, onde as memórias são armazenadas.
3. Melhora o desempenho cognitivo
4. Promove o desenvolvimento de novos Neurônios.
5. Instiga o surgimento de novas ideias.
6. Estimula a Criatividade
7. Tratamento de Traumas
8. Alívio psicológicos para emoções complexas

OS PERIPATÉTICOS

Figura 39 - Aristóteles

Fonte: 39 - Museu do
Louvre / Wikipédia

Uma interessante série da TV Catalã, “Merli”, nos chamou a atenção para


o termo, que se refere aos discípulos de Aristóteles, que tinham o hábito de caminhar,
enquanto discutiam temas filosóficos.
Produzida pela TV3 que conta a estória de um professor de filosofia do
ensino médio, que se utiliza de métodos pouco ortodoxos, para incentivar seus alunos
a pensarem livremente - dividindo as opiniões de alunos, professores e famílias.
Com certa influência de filmes como Sociedade dos Poetas Mortos, Merlí
deixa a filosofia mais próxima de todos os públicos. Cada episódio se baseia nas
ideias de algum pensador ou escola filosófica, como os peripatéticos, Sócrates,
Aristóteles, Nietzsche ou Schopenhauer, que acabam servindo de fio condutor para
44

os acontecimentos da série, que no total, teve 40 episódios e cada um levando o nome


de um filósofo diferente. Merlí estreou na Catalunha pelo canal TV3 no dia 14 de
setembro de 2015 e foi líder de audiência.
Conforme informações coletadas no Wikipédia, a Escola Peripatética foi um
círculo filosófico da Grécia Antiga que seguia os ensinamentos de Aristóteles.
Fundada em 336 a.C., durou até o século IV.
"Peripatético" é a palavra grega para 'ambulante' ou 'itinerante'.
Peripatéticos (ou 'os que passeiam'), em razão do hábito do filósofo de ensinar ao ar
livre, caminhando enquanto lia e dava preleções, por sob os portais cobertos do Liceu,
conhecidos como perípatos, ou sob as árvores que o cercavam.

A SORTE INTELIGENTE
Há vários passos imediatos para desenvolver um músculo da
serendipidade e criar a "sorte inteligente". Por exemplo, aqueles que podemos dar em
nossas interações diárias, como fazer boas perguntas e estar aberto a respostas
inesperadas. Talvez, à primeira vista, a gente não perceba quantos pontos em comum
temos com outras pessoas
Imagine que você está em uma conferência virtual e encontra com alguém
pela primeira vez. Muitos de nós podemos entrar no piloto automático e fazer a temida
pergunta:
"Então, o que você faz?"
Isso tende a colocar a outra pessoa em uma caixa da qual é difícil sair.
Nos posicionarmos para a sorte inteligente significa fazer perguntas mais
abertas como: "O que você achou mais interessante no....?" Ou "como está seu
humor?" Essas perguntas abrem conversas que podem levar a resultados intrigantes
e frequentemente aleatórios.
Também podemos estabelecer ganchos de serendipidade, usando pontos
da conversa marcantes ou envolventes, para nos abrirmos à serendipidade.
Por exemplo, quando Oli Barrett, fundador de várias empresas em Londres,
conhece pessoas, ele lança vários ganchos que permitem possíveis sobreposições.
Se perguntam a ele: "O que você faz?", responderá algo como:
"Adoro conectar pessoas, abri uma empresa na área de educação,
recentemente comecei a pensar em filosofia, mas o que realmente gosto é de tocar
45

piano". Essa resposta inclui pelo menos quatro gatilhos possíveis para a
serendipidade:
Uma paixão (conectar pessoas), uma descrição do trabalho (dirigir uma
empresa de educação), um interesse (filosofia) e um hobby (tocar piano).
Se ele simplesmente respondesse: "Trabalho com educação", a
oportunidade para outras pessoas ligarem os pontos seria pequena.
Com sua resposta, Oli permite que o outro escolha o gancho que se
relaciona com sua vida e torna mais provável a ocorrência de serendipidades.
Essa "sorte inteligente" é diferente da sorte "cega" que simplesmente
acontece (como nascer em uma família amorosa). É uma força oculta que nos cerca,
desde os pequenos acontecimentos do dia a dia até as descobertas que mudam a
vida e, às vezes, o mundo.
Os encontros mais mundanos, como esbarrar com alguém na academia ou
em uma chamada de Zoom com vários participantes, podem mudar sua vida para
sempre.
A maioria de nós é capaz de mencionar pelo menos uma vez em que
passou por isso.

DIÁRIO DA SORTE OU DIÁRIO DE SERENDIPIDADE


Richard Wiseman aconselha manter um "Diário de Sorte" para ajudar a
melhorar sua sina, assim como Christian Busch, que o chama de “Diário de
Serendipidade”.
Anote a coisa mais positiva que aconteceu com você no dia,
independentemente de quão trivial for... você vai começar a focar nas coisas boas da
vida em vez das ruins. Depois de uma semana fazendo isso, o impacto é significativo.
Estas anotações nos ajudam a refletir sobre situações inesperadas:
Como reagimos, o que faríamos de forma diferente na próxima vez. Nos
permite refletir sobre como explorar cada conversa ou encontro, virtual ou presencial,
como uma oportunidade para a serendipidade acontecer.
Situações inesperadas podem gerar ansiedade em algumas pessoas
porque há uma sensação de perda de controle ou de que algo ruim vai acontecer.
Como alguém que cresceu na Alemanha com uma mentalidade de
planejamento, a incerteza e a ambiguidade sempre me deixaram um pouco ansioso.
46

A serendipidade desafia a suposição de que só porque algo não saiu


conforme o planejado, deve ser tratado como um fracasso.
Mas um dos motivos pelos quais gosto da serendipidade é que ela repensa
o inesperado:
Afastando a ameaça e colocando você diante de uma cesta infinita de
possibilidades.
Ela desafia a suposição de que só porque algo não saiu conforme o
planejado deve ser tratado como um fracasso.
Algo que me ajudou muito é dizer em todas as situações ambíguas:
Do que tenho medo? Por que estou preocupado?
E percebi que o que mais lamento não é decorrente de agir sobre o
inesperado, mas, nas palavras de Mark Twain, de não agir adequadamente.
Há muitos exercícios, inclusive para pessoas mais introvertidas, que podem
nos ajudar a ficar menos ansiosos diante do inesperado.

COINCIDÊNCIAS POSITIVAS
Sempre fui fascinado pela questão de saber se algumas pessoas são
capazes de criar condições para que Coincidências Positivas aconteçam com elas
com mais frequência do que outras. Você consegue detectar esses momentos e
transformá-los em resultados positivos? Podemos aprender a navegar pelo
inesperado e criar nossa própria "sorte inteligente"?
Por definição, não podemos conhecer ou programar resultados fortuitos,
pois deixariam de ser. O que podemos fazer é provocar que coincidências positivas
cheguem até nós com mais frequência e com melhores resultados. Uma mentalidade
de serendipidade nos permite fazer isso, e é um músculo que podemos desenvolver.
Em nosso trabalho, descobrimos que muitas das pessoas mais
inspiradoras do mundo desenvolveram, muitas vezes inconscientemente, um músculo
para o inesperado que as ajuda a liberar a criatividade e a engenhosidade,
impulsionando o sucesso e o impacto em um mundo que muda rapidamente.

TRANSMUTANDO O NEGATIVO EM POSITIVO


Como podemos transformar situações inesperadas, algumas negativas, em
algo positivo: Há muitas coisas que podemos fazer, um importante é esperar o
inesperado. Estar alerta é fundamental para detectar situações que não prevemos e
47

transformá-las em resultados positivos. Não se pode subestimar o inesperado - é


preciso estar alerta para tirar proveito dele.
Temos a tendência de subestimar a probabilidade do inesperado e, muitas
vezes, tratamos a vida como linear e controlável, embora seja cheia de reviravoltas.
Quem nunca apresentou o currículo como se sua vida fosse um plano
coerente e racionalmente organizado ou uma ideia como se fosse rigorosamente
derivada de fatos e não da intuição?
Criar um propósito artificial para nossas ações obscurece muitos encontros
inesperados e o verdadeiro processo de aprendizagem.
Nossa pesquisa mostra que as pessoas muitas vezes se sentem
pressionadas a mostrar que têm tudo sob controle, embora saibam que nem sempre
é esse o caso.

13. MERCADO DE TRABALHO


Nos últimos meses, a forma como interagimos mudou. Muitas pessoas
viram os planos pessoais e profissionais estagnarem ou simplesmente decidiram
esquecê-los. Que tipo de mentalidade precisamos para encontrar oportunidades neste
contexto?
O distanciamento físico nos roubou muitas oportunidades de serendipidade
que surgem das interações pessoais. Se nos concentrarmos em conseguir um
trabalho específico ou fazer algo em particular, restringimos nosso escopo de
possíveis oportunidades ou soluções.
Muitos pontos de partida tradicionais da serendipidade, como encontrar
casualmente com alguém, estão acontecendo menos.
Mas ainda há muito que podemos fazer para provocar a serendipidade, o
que é crucial em tempos de incerteza. Afinal, é em tempos de incerteza que muitas
soluções, ideias e oportunidades tendem a surgir de lugares inesperados.
Então, o que podemos fazer para desencadear a serendipidade nestes
tempos estranhos? Se nos concentrarmos em conseguir um trabalho específico ou
fazer algo em particular, restringimos nosso escopo de possíveis oportunidades ou
soluções.
Se, em vez disso, olharmos para todas as oportunidades que podem estar
disponíveis para alguém com nossas habilidades e estivermos abertos para as
48

oportunidades inesperadas que alguém pode vir comentar com a gente, é aí que a
mágica acontece.
Uma ótima maneira de iniciar esse processo é trabalhar junto a pessoas,
ou organizações, por exemplo: como um estágio, que admiramos.
É uma forma proveitosa de nos colocarmos no radar deles e estarmos lá
quando uma vaga surgir inesperadamente. E ter uma visão de longo prazo é vital.
A covid-19 e a turbulência econômica que a pandemia desencadeou são
um lembrete que não podemos planejar tudo, menos nossas carreiras. Uma pergunta
chave é:
O que será realmente importante (em termos pessoais) daqui a dez anos?
A "falta de sorte" geralmente depende de quando paramos de contar a
história. Por exemplo, se um trabalho fracassa, devemos ter uma visão de longo prazo
e tentar repensar a situação como uma oportunidade de crescimento, reflexão,
mudança e desenvolvimento de resiliência.
No espaço entre o estímulo e a resposta é onde, no longo prazo, nosso
crescimento e serendipidade residem.

14. SERENDIPIDADE NAS EMPRESAS


Nas empresas, práticas para identificar a serendipidade podem ser
eficazes. Por exemplo, nas reuniões podemos perguntar: O que o surpreendeu na
semana passada?

PIXAR
Podemos aprender com empresas como a Pixar a enquadrar as conversas
em torno da noção de que não existe uma "ideia perfeita". Com isso, as pessoas
ganham confiança psicológica para ter ideias que podem parecer "malucas". Isso nos
ajuda a ver o inesperado menos como uma ameaça, e mais como uma oportunidade.
Como podemos ver os erros de forma que nos ajude a crescer? Por que
não devemos ter medo de cometer erros e enfrentar crises?
Em um mundo que muda rapidamente, geralmente não sabemos que tipo
de soluções vamos precisar amanhã. Entender o inesperado pode nos ajudar a
enxergar oportunidades em erros.
Com frequência, a experimentação é crucial, e precisamos olhar o mundo
com outros olhos, enquadrando os erros ou fracassos inevitáveis como experimentos.
49

Um método que tem sido útil para mim é repensar as situações, como
mencionei antes, e ver que as crises podem ser uma oportunidade e que as restrições
de recursos são uma possibilidade de ser criativo. Repensar é tentar olhar para as
situações de maneira diferente. Muitas vezes, trata-se de ver uma oportunidade onde
os outros veem um problema ou um erro.
Quando deixamos, por exemplo, de considerar as restrições orçamentárias
como um problema, e, em vez disso, tentamos aproveitar ao máximo o que temos em
mãos, as soluções mais criativas e fortuitas aparecem.
É quando as empresas de design começam a produzir máscaras ou
quando os artistas cujas apresentações foram canceladas começam a atrair novos
públicos ensinando um instrumento online.

RECONSTRUCTED LIVING LABS


Um exemplo é o Reconstructed Living Labs, que criou uma metodologia de
educação para pessoas de baixa renda que permite que desenvolvam suas próprias
habilidades, negócios e plataformas.
A principal pergunta da equipe ao entrar em uma nova comunidade onde
há escassez de recursos não é "como podemos ajudar?", porque essa abordagem
coloca seus membros na posição de beneficiários ou até mesmo de "vítimas", e muitas
vezes leva a uma atitude passiva.
Em vez disso, eles buscam se integrar e complementar os ativos existentes
nessa comunidade, olhando para eles sob uma nova perspectiva.
Os erros, diz o acadêmico, podem ser vistos como experimentos
Pessoas que antes eram consideradas "não qualificadas" se tornam
colaboradores valiosos. É uma abordagem que organizações e governos agora usam.
Com frequência, quando vemos o mundo não tanto em termos de
necessidade de recursos, mas em termos de soluções criativas para problemas, o que
percebemos como passivo pode se tornar um ativo, e a situação que seria de
impotência vira uma oportunidade. É assim que a serendipidade pode acontecer em
ambientes com recursos limitados.
Mas é claro que nossas posições iniciais quando se trata de potencial de
serendipidade são muito diferentes, e trabalhar para lidar com as desigualdades
estruturais deve andar de mãos dadas com esses tipos de abordagens.
50

Também fazem parte rituais em que as pessoas compartilham abertamente


ideias que não funcionaram e o que aprenderam com pessoas de outros
departamentos.
Não se trata de celebrar o fracasso, mas de comemorar o aprendizado de
algo que não funcionou. Isso pode ajudar a legitimar a ideia de que compartilhar coisas
que não funcionam, muitas vezes é a maneira pela qual aprendemos mais, e a
maneira pela qual muitas serendipidades podem acontecer, quando as pessoas
concordam que uma ideia pode não ter funcionado em um contexto, mas pode
funcionar em outros.

A TEORIA DO CAOS E A ESTRATÉGIA


Conforme artigo de MARIETTO Marcio; MEIRELES Manuel; SANCHES
Cida; DA SILVA Roque Orlando (2011), a complexidade atrai a estratégia.
Só a estratégia permite avançar no incerto e no aleatório. A arte da guerra
é estratégica porque é uma arte difícil que deve responder não só à incerteza dos
movimentos do inimigo, mas também à incerteza sobre o que o inimigo pensa,
incluindo o que ele pensa que nós pensamos. A estratégia é a arte de utilizar as
informações que aparecem na ação, de integrá-las, de formular esquemas de ação e
de estar apto para reunir o máximo de certezas para enfrentar a incerteza. (Morin:
1996a, 191).
“Para competir em ambientes complexos e dinâmicos as organizações
precisam achar o limite do caos. ”
O limite do caos é o local onde há tanto ênfase na competição e adaptação
do modelo existente quanto na criação e desenvolvimento de novos modelos.
Atuando no limite do caos as organizações podem tanto ser ótimos
competidores quanto ótimos desenvolvedores. Nesse sentido não basta para a
organização ter uma estratégia. Ela precisa de estratégias. A ideia é de que a
organização precisa investir em alternativas diversas.

Na evolução dos conceitos dos diversos autores relevantes à estratégia


percebe-se a evolução do pensamento estratégico em relação aos ambientes
complexos e, acima de tudo, a ênfase na “incerteza” dos desdobramentos e
51

consequências das estratégias para competitividade, sugerindo-se, assim, a Teoria


do Caos como interlocutora na formação da Estratégia.

Figura 40 - Vilfredo Pareto

Fonte: 40 Academia.Edu

80% e 20% - O Princípio de Pareto


Na interessantíssima matéria de Dalila Cassagni e Pedro Miranda,
“Entenda a ciência por trás do Princípio de Pareto e saiba como aplicá-lo em diferentes
áreas da empresa”, publicada no site Rock Content Blog, reproduzimos um pouco da
história de como foi desenvolvido este Princípio, que determinou uma tendência
observada, que prevê que 80% dos efeitos surgem a partir de apenas 20% das
causas. E esta tendência pode ser aplicada em várias outras relações de causa e
efeito.
Este fenômeno foi observado pela primeira vez – casualmente - pelo
cientista político e economista italiano Vilfredo Pareto.
A primeira análise documentada da regra 80/20 foi realizada no cultivo de
ervilhas. Pareto percebeu em suas terras que apenas 20% das vagens, produziam
80% das ervilhas.
Em 1906, o sociólogo também constatou que 80% das terras da Itália
pertenciam a 20% da população.
Mas somente em 1940, o Princípio de Pareto foi reconhecido formalmente
graças aos estudos do consultor de negócios Joseph Moses Juran, que utilizou as
observações de Pareto em seus trabalhos de Gestão da Qualidade.
Chama atenção a universalidade de aplicações da regra.
52

O Princípio de Pareto pode ser usado em análises econômicas,


sociológicas e computacionais, nas quais é trabalhado dentro de outros conceitos,
como distribuição de Pareto (Estatística) e o princípio de escassez do fator
(Engenharia de Software).
As áreas que mais contribuíram para a popularização do conceito, foram
as de Administração e Marketing, com diversos estudos, livros e cases de empresas
que colocaram a regra 80/20 a favor da produtividade.

Em Marketing, por exemplo, percebeu-se que 20% dos Clientes são


responsáveis por 80% do faturamento das Empresas.

80% das vendas são provenientes de 20% dos produtos;


80% das reclamações são feitas por 20% dos clientes;
80% das vendas se devem a 20% do time de vendas;
80% dos resultados se devem a 20% dos investimentos.

A partir de informações como essas, podemos criar uma relação entre


esforço e recompensa, na qual 20% dos insumos, esforços e causas produzem 80%
das saídas, resultados e consequências. E muito mais.

A CHAVE PARA O FUTURO


O Futuro das empresas e sua perenidade, está assentada sobre dois
vetores:
1. Relacionamento e
2. Sustentabilidade (ESG) *

*ESG é um acrônimo das palavras em inglês para “Environmental, Social


and Governance” (Ambiental, Social e Governança, em português), geralmente usada
para medir as práticas Ambientais, Sociais e de Governança de uma empresa.

CONSULTOR DE SERENDIPIDADE
Hoje em dia, não é raro as empresas criarem cargos com títulos como
Serendipity Spotter, algo como "Identificador de Serendipidade".
53

COINCIDÊNCIA, SINCRONICIDADE E SERENDIPIDADE


Se apenas observados, são apenas eventos ou fenômenos fortuitos.
No entanto, ao adquirirmos as habilidades necessárias, em função de
conhecimento adquirido através de um Mentor ou de um “Consultor de
Serendipidade”, este simples evento pode se transformar no estabelecimento de um
relacionamento duradouro com um Cliente em Potencial, ou mesmo em sua
fidelização, ampliando e qualificando nossa “network”, tão necessária para
ampliarmos nossa base de Clientes.
54

Conclusão

A Serendipidade é um fato e as oportunidades e possibilidades que podem


surgir, se soubermos utilizá-la adequadamente, são incomensuráveis.
O que iremos fazer, quando ocorrerem estes eventos fortuitos e
maravilhosos, irá depender unicamente de nós mesmos e dos treinamentos que
tivermos a possibilidade de receber.
Para as empresas ou mesmo para os cidadãos comuns, com a devida
orientação e treinamento apropriado, as probabilidades irão se multiplicar
exponencialmente, seja através do surgimento de novos negócios, seja por meio de
invenções, ou pelo desenvolvimento de novos produtos, de novos serviços, softwares
ou ainda pela simples ampliação do networking, direcionado a um público
segmentado.
No caso específico do relacionamento interpessoal, quantas ocasiões
tivemos a chance de conhecer ou de nos aproximarmos dessas pessoas, mas por
falta de informação ou capacitação, não soubemos estabelecer ou aprofundar este
contato. E é neste momento que vislumbro esta nova profissão:

O Consultor de Serendipidade
55

Referências

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Revista Galileu. Disponível em:
https://revistagalileu.globo.com/Tecnologia/noticia/2017/01/9-coisas-que-voce-
precisa-saber-sobre-nikola-tesla.html

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vulcanização da borracha”. Opera Mundi. Disponível em:
https://operamundi.uol.com.br/historia/29450/hoje-na-historia-1844-charles-
goodyear-recebe-patente-da-vulcanizacao-da-borracha

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https://brasilescola.uol.com.br/quimica/pet-plastico-momento.htm

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aqui”. Ideia de Marketing. Disponível em:
https://www.ideiademarketing.com.br/2014/10/13/voce-sabe-o-que-e-serendipidade-
a-magia-da-inovacao-acontece-aqui/

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Disponível em: https://www.dw.com/pt-br/uma-pequena-hist%C3%B3ria-da-borracha-
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BONALUME Neto Ricardo. “Pasteurização surgiu para salvar safra de vinho”. Folha
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Jornal Diário da Região. São José do Rio Preto. Disponível em:
https://www.diariodaregiao.com.br/_conteudo/vidaeestilo/sincronicidade-as-
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PET. Disponível em:
http://www.abipet.org.br/index.html?method=mostrarInstitucional&id=46

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www.sociedadeteosofica.org.br
56

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Luck”. Prime. 09-06-2020
CAMPOS João Pedroso de. “O Fim de um Modelo”. Revista Veja, n. 2724, p. 42-43,
10-02-2021

CARDOSO Margot. “Sincronicidade”. Portal Vida Simples. Disponível em


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CASSAGNI Dalila e MIRANDA Pedro. “Entenda a ciência por trás do Princípio de


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