Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
PURA
Introdução
O estudo sobre produtos naturais teve início com o uso das plantas medici-
nais pelos povos antigos. Atualmente, a busca por novos fármacos, a partir
dos produtos naturais, ganhou força e importância na área farmacêutica.
Isto ocorreu porque, ao longo dos anos, foram evidenciadas importantes
aplicações desses produtos no tratamento de diversas enfermidades. Pode
ser citado, por exemplo, o uso das cascas secas da Cinchona para baixar
a febre, o que mais tarde ocasionou o isolamento da substância quinina,
tornando-se um importante fármaco para o tratamento da malária.
Neste capítulo, você vai estudar a importância da natureza como
principal responsável pela produção da maioria das substâncias orgânicas
conhecidas, bem como verificar o uso de elementos naturais na pesquisa
de protótipos para o desenvolvimento de fármacos e as principais etapas
para o desenvolvimento de medicamentos naturais.
2 Da planta ao medicamento: produtos naturais e o desenvolvimento de fármacos
R1 = CH3; R2 = H
R1 = H; R2 = H TIBAÍNA
CODEÍNA
MORFINA
PAPAVERINA
NARCOTINA
COCAÍNA BENZOCAÍNA
PROCAÍNA
Figura 2. Estrutura química da cocaína, isolada das folhas da coca (Erythroxylum coca) e
seus derivados sintéticos, benzocaína e procaína.
Fonte: Viegas Jr., Bolzani e Barreiro (2006).
ARTEMISINA
β-ARTEMÉTER ARTE-ÉTER
BACATINA III
TAXANO
TAXOL
(i) (ii)
TAXOTERE
grupolipofílico, N-acila:
pode ser esterificado ou removido,
essencial
sem perda de atividade
OH em posição α: ativo
anel A, essencial
se removido, aminado ou epimerizado,
grupo lipofílico: mantém a atividade
essencial
anel oxietano, essencial
Taxol (62)
OH livre ou grupo grupo benzoíla, essencial
hidrolizável é essencial
OH, CH3CO: inativo
Metabolômica Metabólitos Espectroscopia de Moléculas que Triagem em altas escalas com Misturas complexas;
massa, RMN, CLAE constituem os significativa capacidade de Ruído associado;
metabólitos. transferência para estudos. Reprodutibilidade.
Inovação farmacológica
Modificação
molecular
Biorreceptor Bioligante Novo Protótipo
protótipo otimizado
Simplificação Desenho
Molecular estrutural
Eleição do
Fármaco
alvo-terapêutico
Bioensaios
Hibridação Ausência de
Molecular In vitro/in vivo toxicidade
Série
Abordagem Ensaios
Bioisosterismo congênere
Fisiológica clínicos
Análogo-ativo
Contribuição Ensaios
farmacofóricas pré-clínicos
Todos os estudos devem seguir princípios éticos, sejam para utilização de animais,
como para estudos em humanos:
os estudos realizados com animais devem seguir diretrizes e princípios publicados
pelo Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal (CONCEA) e pela
Comissão de Ética para Uso de Animais (CEUA), ambos criados pela lei Arouca (Lei
nº. 11.794), em 2008, normatizando os procedimentos para uso científico de animais
(GUIMARÃES; FREIRE; MENEZES, 2016);
os estudos com humanos são regulamentados no Brasil, pela resolução n° 251, de
1997 e pela resolução nº. 466, de 2012, ambas editadas pelo Conselho Nacional
de Saúde (SIMÕES et al., 2017).
Pré-clínica
Pré-clínica
Fase I
10.000 250 5 Fase II Fase III Fase IV
Vigilância pós-
1.000-1.500
100-500 -comercialização
voluntários
20-100 voluntários
voluntários
Ensaios in vivo
Ensaios in vitro,
ex vitro, ex situ
SIEGEL, M. G.; VIETH, M. Drugs in other drugs: a new look at drugs as fragments. Drug
Discovery Today, v. 12, n. 1-2, p. 71-79, 2007.
SIMÕES, C. M. O. et al. Farmacognosia: do produto natural ao medicamento. Porto
Alegre: Artmed, 2017
SMITH, D. G. G.; ARONSON, J. K. Tratado de farmacologia clínica e farmacoterapia. 3. ed.
Rio de Janeiro: Nova Guanabara, 2004.
VIEGAS JR., C.; BOLZANI, V. D. S.; BARREIRO, E. J. Os produtos naturais e a química me-
dicinal moderna. Química Nova, v. 29, n. 2, p. 326-337, 2006.
WALL, M. E; WANI, M. C. Camptothecin and taxol: from discovery to clinic. Journal for
Ethnopharmacology, v. 51, p. 239-254, 1996.
WALL, M. E. et al. Plant Antitumor Agents. I. The Isolation and Structure of Camptothe-
cin, a Novel Alkaloidal Leukemia and Tumor Inhibitor from Camptotheca acuminate.
Journal of the American Chemical Society, v. 88, n. 16, p. 3888-3890, 1966.
WEISSMANN, G. Aspirin. Scientific American, p. 58-64, jan. 1991.
YUNES, R. A.; CECHINEL FILHO, V. Breve análise histórica da química de plantas medicinais:
Sua importância na atual concepção de fármaco segundo os paradigmas ocidental e
oriental. In: YUNES, R. A.; CALIXTO, J. B. (Org.). Plantas medicinais sob à ótica da química
medicinal moderna. Chapecó, SC: Argos, 2001. p. 18-44.
Leituras recomendadas
ALBERTS, A. W. et al. Mevinolin: a highly potent competitive inhibitor of hydroxyme-
thylglutaryl-coenzyme A reductase and a cholesterol-lowering agent. Proceedings of
the National Academy of Sciences, v. 77, n. 7, p. 3957-3961, 1980.
BARREIRO, E. J. Produtos naturais bioativos de origem vegetal e o desenvolvimento
de fármacos. Química Nova, v. 13, n. 1, p. 29-39, 1990.
PICCIRILLO, E.; AMARAL, A. T. D. Virtual screening of bioactive compounds: concepts
and aplications. Química Nova, v. 41, n. 6, p. 662-677, 2018.
Conteúdo: