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A análise propriamente dita, na forma atualmente empregada, surge no final do século XIX,
quando banqueiros americanos passaram a solicitar às empresas que desejavam contrair
empréstimos, a apresentação das Demonstrações Contábeis, especialmente o Balanço
Patrimonial, surgindo, daí, a expressão “Análise de Balanços”, até hoje empregada por alguns
autores do seguimento da Ciência Contábil.
Primeiramente é importante ficar claro para você que Análise das Demonstrações Contábeis é
uma técnica de escrituração contábil e que, portanto, exige de quem a executa,
conhecimentos e habilidades no exercício da Contabilidade em si.
Ribeiro (2004, p. 16), por sua vez, conceitua a Análise de Balanços como “a arte por meio da
qual são analisadas e interpretadas as principais demonstrações financeiras de uma entidade,
visando fornecer informações acerca do estado de seu Patrimônio”.
O autor acrescenta que (2004, p. 16): [...] pela Análise de Balanço é possível aquilatar a
situação econômica e a situação financeira da entidade, pois ela não se limita ao Balanço
Patrimonial, alcançando, também, as demais demonstrações financeiras, isto é, a
Demonstração do Resultado do Exercício - DRE, e a Demonstração das Origens e Aplicação de
Recursos - DOAR.
Segundo Reis (2003, p. 108), [...] a análise de balanços (ou a análise dos demonstrativos
contábeis) consiste na comparação de valores isolados ou de grupos de valores constantes dos
demonstrativos contábeis, com a finalidade de obter informações sobre a situação econômico-
financeira da empresa ou sobre o ritmo de seus negócios.
Ribeiro (2004, p. 115), iniciando seus comentários acerca da Análise das Demonstrações
Contábeis, lembra que a apuração do resultado e a correta estruturação das demonstrações
contábeis é responsabilidade do contador, enquanto que a análise e interpretação dessas
mesmas demonstrações são função e responsabilidade do analista de Balanços, ou seja, o
trabalho do analista começa onde termina o trabalho do contador.
O autor acrescenta ainda que “de posse das demonstrações financeiras, o analista irá
decompô-las através do exame minucioso de cada uma das contas que compõem essas
demonstrações, transcrevendo-as em mapas padronizados, para facilitar o processo de
análise”. (Ibid).
Ribeiro (2004, p. 17), ao discorrer sobre o assunto, define que a Análise das Demonstrações
Contábeis tem por “finalidade transformar os dados extraídos das demonstrações financeiras
em informações úteis para a tomada de decisões por parte das pessoas interessadas”.
Para Braga (1987, p. 195): [...] análise das demonstrações financeiras como instrumento de
gerência consiste em proporcionar aos administradores da empresa uma melhor visão das
tendências dos negócios, com a finalidade de assegurar que os recursos sejam obtidos e
aplicados, efetiva e eficientemente, na realização de metas da organização.
Segundo Reis (2003, p. 109), o objetivo da análise das demonstrações financeiras é “a
comparação dos valores constantes dos demonstrativos contábeis, pois procuramos analisar
de forma estática e dinâmica a situação da empresa, de dois ângulos: situação econômica e
situação financeira”.
Bancos – estes necessitam conhecer a capacidade econômica e financeira das entidades com
as quais se relacionam, buscam especialmente a análise dos direitos das obrigações, do grau
de endividamento e da capacidade que a entidade tem de honrar seus compromissos a curto,
médio e longo prazo. A intensidade da análise está diretamente relacionada ao volume de
crédito solicitado.
Investidores – além da valorização e desvalorização das ações, o maior interesse destes recai
sobre a necessidade de conhecer a rentabilidade que a entidade oferece. Portanto pessoas
físicas e jurídicas que costumam investir no mercado de capitais por meio da compra de ações,
precisam, por si ou por intermédio de empresas especializadas, corretoras de valores, efetuar
criteriosa Análise das Demonstrações Contábeis.
A análise proporcionada por este processo tem, pois, a finalidade de permitir a avaliação da
cada um dos componentes das Demonstrações Contábeis, permitindo a visualização da
participação de cada elemento ou de um grupo, em relação ao conjunto que forma o todo da
Demonstração, ou, em relação aos demais componentes de um mesmo grupo.
Observe que você agora poderá verificar quanto cada grupo participa ou representa em
relação ao total das Classes do Ativo e do Passivo. No Balanço Patrimonial modelo, relativo ao
exercício de X1, observe que, na Classe do Ativo, o circulante participa com 64,10%, o
Realizável a Longo Prazo com 11,45%, os Investimentos Permanente com 16,61% e Imobilizado
com 7,85%. Na Classe do Passivo, o circulante corresponde a 39,40%, o não circulante equivale
a 15,75%, com o Patrimônio Líquido representando 44,85%, todos em relação ao total da
respectiva Classe.
Você pode ir mais longe e avaliar quanto cada subgrupo ou elemento participa em relação a
sua Classe ou ao seu grupo ou subgrupo. Veja, por exemplo, quanto a empresa Universitópolis
apresenta em relação ao total do Patrimônio R$ 233.430,00, relativo ao exercício de X0;
possuía bens e direitos registrados no Ativo circulante que correspondiam a 53,12%, enquanto
que suas obrigações para com terceiros, registradas no Passivo Circulante representavam a
44,55%.
A Análise vertical pode ser feita em qualquer Demonstração Financeira e tem como objetivo
principal mostrar a importância de cada elemento ou conta integrante das Demonstrações
Contábeis à qual pertence. Entretanto a Análise Vertical assume maior importância quando
efetuada em relação à Demonstração do Resultado do Exercício, haja vista ela mostrar a
influência que cada conta tem na apuração do resultado. Veja que na Demonstração do
Resultado do Exercício da empresa em estudo, percentualizaram-se os principais grupos de
contas em relação à receita operacional bruta e, já com este procedimento, você pode verificar
fenômenos curiosos em relação à apuração do resultado de uma empresa,
independentemente do seu ramo de atuação.
A Análise horizontal, também conhecida e denominada por alguns autores e analistas como
Análise por meio de números-índices, contempla a avaliação do comportamento das contas ou
elementos integrantes das Demonstrações Contábeis ao longo dos anos. Assim, tem a
finalidade de evidenciar a evolução das contas ou elementos que compõem as Demonstrações
Contábeis, de um exercício para os outros, além de permitir a análise das eventuais falhas no
processo de gerenciamento dos negócios e geração de lucro.
A relação das Análises vertical e horizontal com aquela realizada através dos índices ou
quocientes
Para compreender a relação entre as Análises vertical e horizontal com aquela realizada
através dos quocientes ou índices, considere os ensinamentos de Osni Moura Ribeiro que, em
sua obra Estrutura e Análise de Balanços: Fácil (2004, p. 172), assim retrata essa diferença:
A análise por quocientes apresenta dados resultantes da comparação entre itens ou grupos da
Demonstração do Resultado do Exercício e do Balanço Patrimonial.
As Análises vertical e horizontal são mais detalhadas, envolvendo todos os itens das
demonstrações, e revelam as falhas responsáveis pelas situações de anomalia da entidade.
Os Índices ou quocientes-padrão
Capital de giro
3. Rápido fluxo de recursos entre os itens circulantes. O dinheiro em caixa é invertido para os
estoques, que então é invertido em contas a receber, que depois se torna caixa novamente, e
assim por diante;
4. Liquidez. a capacidade de uma empresa saldar seus compromissos depende de uma eficaz
administração do capital de giro. Por exemplo, um errôneo dimensionamento do disponível
juntamente com um acréscimo na quantidade de horas extras dos funcionários em um dado
momento pode acarretar em uma falta de fundos a curto prazo para honrar com o pagamento
dos funcionários. A liquidez é um aspecto fundamental na administração do capital de giro.
Uma maior liquidez propicia uma segurança maior para a companhia, pois a probabilidade de
não saldar os compromissos assumidos é menor. Por outro lado, quando maior for a liquidez,
menor será a rentabilidade. Assim, as decisões de liquidez são ponderadas com níveis de
rentabilidade. O investidor deve atentar-se para esse dilema liquidez versus rentabilidade, pois
uma ótima rentabilidade pode significar uma baixa liquidez, o que não é interessante. No
entanto, a situação contrária também não interessa, uma vez que o investidor busca uma
adequada rentabilidade para o seu capital. O surgimento do termo capital de giro ocorreu
provavelmente nos Estados Unidos. Brigham (1999, p. 561) conta que: O termo capital de giro
teve origem com os antigos mascates ianques, que carregavam suas carroças com mercadorias
e percorriam suas rotas vendendo seus artigos. A mercadoria era chamada de capital de giro
porque era o que o mascate vendia, ou “girava”, para produzir seus lucros. A carroça e o cavalo
eram os seus ativos fixos. Como o mascate em geral era o proprietário da carroça e do cavalo,
estes eram financiados com “capital próprio”, mas os fundos para comprar a mercadoria
costumavam ser provenientes de empréstimos de capital de giro e tinham de ser liquidados a
cada viagem, para demonstrar ao banco que o crédito do mascate era bom [...] Então, o
montante investido em capital de giro constitui-se em uma primeira etapa. Na Segunda, a
questão é definir como os investimentos serão financiados. Nesse ponto, a empresa define sua
política de capital de giro, a qual tem como principal parâmetro o dilema liquidez versus
rentabilidade. Uma política que prive pela liquidez apresentará um menor risco, assim como
uma outra, contrária, apresentará uma maior rentabilidade, em função de um patamar de
riscos maiores assumidos. Deste modo, os diversos tipos de política de capital de giro variam
de um extremo ao outro. É importante notar que não existe um nível ótimo de política de
capital de giro, pois cada setor específico da economia tem um padrão e, dentro de um mesmo
setor, há diferenças em função do porte da empresa, histórico de relações de crédito, etc. Do
outro lado, está o investidor, tentando entender qual o rumo determinada empresa está
seguindo. Para se analisar o capital de giro de uma empresa, duas principais abordagens
coexistem: Análise Tradicional e Análise Dinâmica. Na análise tradicional, se explora a variação
das principais contas do ativo circulante, ou seja, do capital de giro (disponibilidades, contas a
receber e estoques). Apesar de nem todas as empresas apresentarem montantes relevantes
em estoques, a abordagem utilizada na análise tradicional pode também ser aplicada a este
tipo de empresas, uma vez que a essência da análise não se altera. O indicador normalmente
utilizado na análise tradicional é o Capital de Giro líquido (CGL), mais conhecido como Capital
Circulante Líquido (CCL). Em poucas palavras, o CCL representa a folga financeira da empresa.
Mais uma vez, a definição da lei 6.404/76 é utilizada como referência. Segundo esta legislação,
o conceito de CCL é: ativo circulante menos passivo circulante. A figura a seguir ilustra tal
conceito.
Assim, pela análise do CCL, de maneira mais ampla, verifica-se como o ativo está sendo
financiado, ou, qual é a composição do passivo (capital próprio, financiamentos de longo
prazo, financiamentos de curto prazo, fornecedores, etc) que está relacionada com o ativo.
Enquanto a análise tradicional toma como base o disponível, os clientes, os estoques e outros
itens, de maneira individualizada, na análise dinâmica, por outro lado, as contas do ativo e
passivo são analisadas de modo integrada.
ALAVANCAGEM FINANCEIRA
Alavancagem financeira atribui à relação entre capital próprio e créditos empregados em uma
operação financeira.É a utilização de ativos ou recursos com encargos financeiros fixos, para
expandir os efeitos de variações do lucro antes de juros e imposto de renda com relação ao
lucro por ação. Assim, a empresa usa recursos de terceiros, empréstimos, debêntures, ações
preferenciais, dentre outros, para elevar os resultados da alteração do lucro operacional
(LAJIR) sobre os lucros por ação.
Alavancagem financeira é isso, a "alavanca" que esta absorção produz no rendimento dos
acionistas. Ocorre quando os recursos de terceiros originam resultados sobre o patrimônio
líquido, é como se o capital de terceiros usando uma alavanca gerasse efeitos positivos ou
negativos sobre o patrimônio líquido.
Martins e Assaf Neto (1986, p. 205) destacam que: Alavancagem financeira é o efeito de
tomar, numa ponta, recursos de terceiros a um custo y, aplicando-os na outra ponta (nos
ativos) uma taxa x; a diferença vai para os proprietários e altera seu retorno sobre o
patrimônio líquido, para mais ou para menos do que aquele que seria obtido caso todo o
investimento fosse feito apenas com recursos próprios.
A alavancagem financeira, equivale ao gasto de se produzir um bem, antes que caiam sobre
eles os impostos e as obrigações auxiliares decorrentes do regime de competência que e o que
guia esse tipo de alavancagem. A relevância da alavancagem financeira para as empresas está
exatamente na área mais sensível delas, no setor administrativo e sobretudo no financeiro,
pois uma boa alavancagem nestes departamentos pesará em todos os demais da empresa,
tendo em vista que se trata de uma questão que não se limita exclusivamente a setores e sim
a todo o contexto da organização, sempre com pespectivas de lucros mais elevados do que as
despesas, seja elas acessórias ou fiscais. Como cada empresa expõe uma estrutura financeira e
operacional própria e individualizada, o emprego de capitais de terceiros em corporações
diferentes, produz resultados diferentes em termos de alavancagem. Então se diz que, o grau
de alavancagem financeira de uma transação é a coerência entre endividamento de longo
prazo e o capital empregado pela empresa. O resultado da alavancagem financeira pode ser
mais bem definido pela expressão e seu coeficiente, ao qual nomeamos de grau:
GAF = RsPL (Retorno sobre Patrimônio Líquido/ RsA (Retorno sobre o Ativo)
Se o GAF for igual a 1,0 = a alavancagem financeira será considerada nula. Se o GAF for maior
que 1,0 = a alavancagem financeira será considerada favorável. Se o GAF for menor que 1,0 = a
alavancagem financeira será considerada desfavorável. A Alavancagem Financeira deriva-se da
presença do capital de terceiros na estrutura de capital da empresa. Dessa forma, o Grau de
Alavancagem Financeira (GAF) é um índice que mede o quanto uma empresa está ganhando
(ou perdendo) por conta da utilização de capital de terceiros. Somente existirá Alavancagem
Financeira se existir dentro da estrutura de capital de uma empresa a presença do capital de
terceiros, que exige uma remuneração: os Juros. Assim, a alavancagem financeira está
diretamente ligada com o fato da obrigatoriedade da empresa em incorrer em despesas
financeiras para o financiamento desses capitais. Quanto maior for o Grau de Alavancagem
Financeira de uma empresa, maior será o seu endividamento e maior será o seu risco
financeiro. Portanto, para que uma empresa obtenha maiores ganhos ela terá que incorrer em
maiores riscos. (QUEIROZ, 2009). Para Martins e Assaf Neto (1986) apud Silva (2012),
alavancagem financeira é o efeito de tomar, numa ponta, recursos de terceiros a um custo y,
aplicando-os na outra ponta (nos ativos) uma taxa x; a diferença vai para os proprietários e
altera seu retorno sobre o patrimônio líquido, para mais ou para menos do que aquele que
seria obtido caso todo o investimento fosse feito apenas com recursos próprios.
Índices de Rentabilidade
O Retorno Sobre o Ativo (ROA) é a medida derivada da geração de riquezas dos ativos
financiados (capital próprio e de terceiros). Wernke (2008), apud Vieira (2011), define o
Retorno Sobre o Ativo como “o indicador que evidencia o retorno conseguido com o dinheiro
aplicado pela empresa em ativos num determinado período.” Segundo esse autor, o uso desse
índice pode proporcionar alguns benefícios como: a identificação de como a margem do lucro
aumenta ou se deteriora; a possibilidade de medir a eficiência dos ativos permanentes em
produzir vendas; possibilidade de avaliar a gestão do capital de giro por intermédio de
indicadores mensurados em dias e estabelece o patamar máximo de custo de captação de
recursos que a empresa pode suportar. Já o Retorno Sobre o Patrimônio Líquido (ROE), para
esse autor, evidencia o retorno do capital próprio aplicado na empresa. Assim, os acionistas
são os que mais se interessam em acompanhar o desempenho desse indicador, uma vez que
este se trata do retorno do investimento que foi feito.
O Retorno Sobre O Patrimônio Líquido (ROE) trata da mensuração do retorno que a empresa
tem dos recursos aplicados por seus proprietários (acionistas), ou seja, para cada $ 1,00 de
recursos próprios (patrimônio líquido) investido na empresa, quanto os acionistas embolsam
de retorno. O ROE deve ser comparado sempre com a taxa de retorno mínima exigida pelo
acionista. Por isso, para tornar-se atraente, todo o investimento deve oferecer uma
rentabilidade pelo menos igual à taxa de oportunidade. (ASSAF NETO, 2009).