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Associativismo

e Cooperativismo

Associativismo e Cooperativismo
Adriana Ventola Marra

ISBN 978-85-7648-580-3

9 788576 485803
Associativismo e
Cooperativismo
Adriana Ventola Marra
MINISTRO DA EDUCAÇÃO
Fernando Haddad

SECRETÁRIO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA


Carlos Eduardo Bielschowsky

ELABORAÇÃO DE CONTEÚDO
Adriana Ventola Marra

COORDENAÇÃO DE DESENVOLVIMENTO COORDENAÇÃO DE PRODUÇÃO


INSTRUCIONAL Tereza Queiroz
Cristine Costa Barreto

SUPERVISÃO DE DESENVOLVIMENTO SUPERVISÃO DE PRODUÇÃO ILUSTRAÇÃO DE CAPA


INSTRUCIONAL Cláudia Domingos Silva Sami Souza
Ana Paula Abreu-Fialho
EQUIPE DE REVISÃO LAYOUT DE CAPA
DESENVOLVIMENTO INSTRUCIONAL Elaine Bayma Patricia Seabra
Marcelo Oliveira Patricia Paula da Costa
ILUSTRAÇÃO
REVISÃO DE LINGUAGEM PROJETO GRÁFICO Fernando Torrely
Dayse Tavares Barreto Katy Araujo Pablo Carranza
Paulo Cesar Alves Sami Souza
DIAGRAMAÇÃO
Katy Araujo
Patricia Seabra

Copyright © 2009, Fundação Cecierj / Consórcio Cederj


Nenhuma parte deste material poderá ser reproduzida, transmitida e gravada, por qualquer meio
eletrônico, mecânico, por fotocópia e outros, sem a prévia autorização, por escrito, da Fundação.

M358a
Marra, Adriana Ventola.
Associativismo e cooperativismo / Adriana Ventola Marra. – Rio de Janeiro:
Fundação CECIERJ, 2009.
244p.; 20,5 x 27,5 cm.
ISBN: 978-85-7648-580-3

1. Cooperativismo. 2. Associativismo. 3. Cooperativismo. 4. Agronegócio. I.


Título.
CDD: 334

Referências Bibliográficas e catalogação na fonte, de acordo com as normas da ABNT e AACR2.


Sumário

Associativismo e Cooperativismo
Adriana Ventola Marra

Aula 1 – Agronegócio brasileiro ________________________________________________ 5

Aula 2 – História do cooperativismo ___________________________________________23

Aula 3 – Organizações comunitárias com base na cooperação ____________________43

Aula 4 – Associações _______________________________________________________61

Aula 5 – Doutrina cooperativista ______________________________________________81

Aula 6 – Organização do sistema cooperativista_________________________________99

Aula 7 – Ramos do cooperativismo___________________________________________113

Aula 8 – Organização administrativa de cooperativas e associações ______________135

Aula 9 – Como funcionam cooperativas e associações __________________________151

Aula 10 – Como administrar as finanças de cooperativas e associações ___________ 169

Aula 11 – Gestão de cooperativas x desenvolvimento sustentável ________________ 185

Anexo I – Modelo de Requerimento ___________________________________________197

Anexo II – Modelo de Estatuto Social de Cooperativas Agropecuárias ______________201

Anexo III – Modelo de Estatuto de Associação __________________________________ 229

Anexo IV – Modelo de Regimento Interno de Associação de Moradores ____________ 237


brasileiro
Agronegócio

Adriana Ventola Marra

e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo


Aula 1
Meta
Apresentar os conceitos básicos do agronegócio e
suas principais características.

Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1. identificar formas de cooperação na sociedade;

2. conceituar agronegócio e identificar suas fases,


diferenciando-o de cadeia produtiva;

3. reconhecer a importância do agronegócio para a


economia brasileira.
7
O produtor rural brasileiro

Aula 1 – Agronegócio brasileiro


A imagem que temos do produtor rural brasileiro é, provavelmente, a de uma
participação fraca perante o mercado. Isso ocorre devido a situações comuns no
mercado agropecuário brasileiro, em que poucas empresas detêm o controle da
maior parcela de mercado – OLIGOPÓLIOS –, e por existir um número muito pequeno
de compradores para essa produção – OLIGOPSÔNIOS. Sendo assim, o produtor
não tem como negociar preços com grandes empresas, como, por exemplo, a New
Holland, a Monsanto, a Manah e a Novartis, nem com a agroindústria (Sadia, Cargill,
Perdigão, Nestlé, entre outras), ficando muitas vezes nas mãos de atravessadores
(intermediários que compram os produtos a um preço bem mais baixo do que o de
mercado e revendem com uma boa margem de lucro).

OLIGOPÓLIOS OLIGOPSÔNIOS
Trata-se de um mercado em que Trata-se de um mercado
existem muitos compradores em que existem muitos
e alguns grandes vendedores/ vendedores/produtores e
produtores. Exemplo: Com alguns grandes compradores.
poucas indústrias fabricantes de Exemplo: numa determinada
máquinas agrícolas, o produtor região, todos os produtores
rural tem que se submeter aos de fruta contam apenas com a
preços estabelecidos por elas. indústria alimentícia dali para
vender a produção.
8 O que fazer então para mudar essa situação? Seguindo o velho ditado de que
“a união faz a força”, a melhor saída para o produtor é associar-se. Nesse caso,
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

as cooperativas agropecuárias e as associações de produtores têm o papel de


fortalecer os seus associados, ao comprar os insumos mais baratos (reduzindo os
custos de produção), processar os produtos (criando marcas e agregando valor)
e vender coletivamente a produção (obtendo um valor maior para os produtos
e conseqüente majoração da renda dos associados). Assim, conseguem eliminar
parte dos atravessadores e têm maior poder de barganha com os fornecedores e
a indústria.

Como se dá esse processo?


Como cooperar?

Nesta disciplina, veremos alguns conceitos importantes para compreender o


agronegócio no Brasil, começando pelo associativismo. Vamos lá!
Formas de cooperação 9

Aula 1 – Agronegócio brasileiro


A todo momento, nossos comportamentos e nossas atitudes são estimulados para
uma constante competição. A concorrência em diversos campos da sociedade e do
trabalho, principalmente, torna-se cada vez mais comum no cotidiano, o que nos
causa a sensação de que o sucesso do seu negócio depende do fracasso dos outros.

O associativismo é uma forma de cooperação muito antiga, utilizada desde o


início da vida na Terra, tanto pela humanidade como por outros seres vivos
(formigas, abelhas, golfinhos etc.), nos quais a forma individualizada se tornava
difícil para a solução de problemas.

Multimídia

Raul Marinho publicou na revista Você S/A, de 30.4.2008, um texto muito


interessante sobre a cooperação entre os animais. Veja, a seguir, um
trecho da reportagem. Para lê-lo na íntegra, acesse o link: http://vocesa.
abril.com.br/aberto/colunistas/pgart_07_26112002_4193.shl

Lições do formigueiro
Tanto entre os animais quanto entre os homens, a cooperação parece ser o
fator chave do sucesso. Golfinhos formam grupos para encurralar cardumes
de peixes com resultados muito melhores que durante a caça individual.
Chimpanzés formam bandos de mais de cem indivíduos que os protegem
contra predadores e bandos rivais. A humanidade forma grupos de trabalho
há milhares de anos.
10
Henry Ford revolucionou a indústria com o conceito de linha de montagem,
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

que nada mais é do que uma nova forma de organizar a cooperação


humana. Mas como convencer cada indivíduo a atuar cooperativamente
como parte de um grupo? Por mais que o desempenho cooperativo de um
grupo seja a opção mais interessante para a coletividade, os mecanismos
do individualismo, da deserção e da trapaça tendem a trazer benefícios
ainda maiores para cada indivíduo em particular.

A cooperação no trabalho entre produtores rurais significa a ampliação da


sobrevivência econômica. Aumentam-se a renda, a capacidade de aprendizado de
formas solidárias e agroecológicas de trabalhar a terra, a possibilidade de dinamizar
formas e redes de convivência social, para obter melhorias de infra-estrutura na
comunidade e, conseqüentemente, tem-se melhores condições de vida.

Atenção!

É importante notar que cooperação e cooperativa/associação são processos


sociais distintos. A cooperação pode ser informal e passageira, como a
ajuda para desencalhar um carro, o mutirão para construir a laje de uma
casa; ou mais duradoura e organizada, como as associações, que são grupos
formalmente constituídos e podem evoluir para uma sociedade, em que
direitos e deveres de seus associados ficam legalmente definidos.

Atividade 1 Atende ao Objetivo 1

Cite dois ou mais exemplos de formas de cooperação que você identifica em sua
cidade ou bairro, relacionando-os com os conceitos apresentados nesta aula.
Resumo histórico e principais conceitos do 11

agronegócio

Aula 1 – Agronegócio brasileiro


Durante o Ensino Fundamental, você provavelmente estudou em História que, após
o descobrimento do Brasil, as primeiras atividades agrícolas que aqui se realizaram
foram as culturas de exportação, como a cana-de-açúcar, seguida pela pecuária
extensiva, passando pelos ciclos do ouro, para chegar à exploração do café.

Explicativo

Pecuária extensiva

Michael Ring

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/826169

Dentre as especificações da pecuária, existem dois tipos básicos em


relação ao espaço em que ela acontece: intensiva e extensiva. Na pecuária
intensiva, os animais (o gado, por exemplo) permanecem em pequenos
espaços fechados e recebem alimentação com determinados tipos de
ração. O produto final, a carne produzida, apresenta boa qualidade para o
consumo porque foi controlado para obter esse resultado. Já no caso da
pecuária extensiva, na qual os animais são criados soltos e alimentam-se
basicamente de capim ou grama, o resultado final da produção é pior. A
carne é mais dura, já que a musculatura dos animais ficou mais rígida.
12 A lavoura canavieira instalada no Brasil sempre esteve associada a um processo
manufatureiro, ou seja, a transformação da cana em açúcar se dava na própria
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

fazenda. Essa atividade se mantinha sob o controle do proprietário (senhor


feudal). Desta forma, foram constituídos os engenhos. As operações relacionadas
com cultivo, processamento da produção, armazenamento e comercialização de
alimentos eram função exclusiva da fazenda.

Nessa época (final do século XIX), a fazenda tradicional não só plantava e criava,
mas também produzia localmente os meios de transporte (carroças e carros de
boi) e as suas ferramentas (enxada, foice), fertilizantes e outros itens necessários
à fabricação de diversos produtos.

PRODUÇÃO DE Já no início do século XX, as mudanças provocadas pelo processo de desenvol-


SUBSISTÊNCIA
vimento econômico e a URBANIZAÇÃO das cidades, combinadas com o avanço
Modo de produção em tecnológico, estreitaram as funções da fazenda. Esta deixa de ser apenas de
que o produtor rural
PRODUÇÃO DE SUBSISTÊNCIA para ser de produção com fins comerciais – os
destina suas atividades
produtivas para o seu agricultores consomem cada vez menos o que produzem, dedicando-se apenas
sustento e o de sua à parte da produção e criação. As demais atividades agropecuárias começaram a
família. se industrializar e aos poucos passaram a ser entendidas como um conjunto de
atividades econômicas que incluíam a terra como meio de produção, iniciando a
AGRONEGÓCIO formação de empresas voltadas para o AGRONEGÓCIO.
Conjunto de atividades
relacionadas a um
produto de origem
agropecuária.
O agronegócio abrange
desde a produção de
insumos, a produção
agrícola, pecuária e o
processamento, até a
distribuição e o consumo.

Fonte: http://www.sxc.hu/photo/675079

URBANIZAÇÃO
“Conjunto de técnicas e obras que
permitem dotar uma cidade ou área
de cidade de condições de infra-
estrutura, planejamento, organização
administrativa (...).”
(Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa)
Em meados da década de 1980, os produtores brasileiros começaram a perceber 13
a existência de indústrias de grande porte na área agropecuária, multinacionais,

Aula 1 – Agronegócio brasileiro


milhares de pequenas empresas de serviços e pequenas indústrias que produzem
de tudo, voltadas para o setor rural. Isso passa a se chamar agrobusiness,
agribusiness ou complexo agroindustrial (CAI). No Brasil, o termo é traduzido
para agronegócio.

É importante ressaltar que o agronegócio “não está associado a nenhuma matéria-


prima agropecuária ou produto final específico” (BATALHA: 1997, p.30). Trata-se de um
“conjunto de atividades que concorrem para a produção de produtos agroindustriais,
desde a produção de insumos até a chegada do produto final ao consumidor” (Idem,
ibidem).

Outro conceito importante que devemos destacar para a compreensão do


agronegócio é a cadeia produtiva. Ela refere-se à integração entre os diversos
elos entre produtores e instituições que participam do processo produtivo, do
processamento e da comercialização de determinado produto. Lembre-se de
que o produto passa por várias operações até chegar às mãos de seu usuário
(consumidor).

Uma cadeia produtiva pode ser segmentada da seguinte forma:

a) Produção de matérias-primas
Reúne as firmas que fornecem as matérias-primas iniciais para que outras empresas
avancem no processo de produção do produto final (agricultura, pecuária, pesca,
piscicultura etc.).

b) Industrialização
Representa as firmas responsáveis pela transformação das matérias-primas em
produtos finais destinados ao consumidor. Este pode ser uma unidade familiar ou
outra agroindústria.

c) Comercialização
Representa as empresas que estão em contato com o cliente final da cadeia
de produção e que viabilizam o consumo e o comércio dos produtos finais
(supermercados, mercearias, restaurantes, cantinas etc.).

Contudo, cabe destacar que, na prática, o agronegócio e suas fases (agregados) têm
o mesmo significado, sendo que essas fases são distintas:
• Fase 1, “antes da porteira”: setor de INSUMOS e bens de produção, que
14 INSUMOS
equivalem ao conjunto de atividades econômicas que ofertam produtos e serviços
“Todas as despesas
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

para a agricultura. Exemplos: adubos, vacinas, tratores, sementes, entre outros.


e investimentos que
contribuem para formação • Fase 2, “dentro da porteira”: agricultura, setor rural, agropecuária, setor agrícola,
de determinado resultado, produção agropecuária e produção agrícola, sendo responsáveis pela produção
mercadoria ou produto
vegetal e animal. Nesse segmento, o agricultor toma as suas decisões de alocação
até o acabamento ou
consumo final.” (Dicionário de recursos levando em consideração, principalmente, os aspectos de “dentro da
do Agrônomo, Editora Rígel, porteira”, ligados à auto-suficiência e não ao mercado e à renda.
1999)

Curiosidade

Segundo o Censo Agropecuário (2003) e a Associação Brasileira de Agribusiness


(ABAG), no Brasil, cerca de 75% dos estabelecimentos rurais estão no
segmento da agricultura tradicional, em que a produção centraliza-se na terra e
no trabalho.

• Fase 3, “depois da porteira”: processamento e distribuição, que envolvem


AGROINDÚSTRIA as atividades na AGROINDÚSTRIA e nos serviços para o beneficiamento e a
Indústria que processa comercialização dos bens de consumo feitos com produtos de origem agropecuária.
alimentos de origem
Fazem parte deste grupo os setores de madeira e mobiliário; indústria têxtil; artigos
animal e vegetal, obtendo
de vestuário; produtos de couro e calçados; produtos do café; beneficiamento de
produtos que seguem
normas de qualidade e produtos vegetais; abate de animais; indústria de laticínios; fabricação de açúcar;
produção. fabricação de óleos vegetais, tortas e farelos; fabricação de produtos alimentares
e bebidas.
Visualizaremos melhor como funciona a dinâmica do agronegócio por meio do 15
esquema da Figura 1.1:

Aula 1 – Agronegócio brasileiro


Consumidores

Industrial Varejista Institucional

Processador

Produtor rural

FATORES DE PRODUÇÃO
O trabalho, o capital
Fornecedor
(máquinas, equipamentos,
(distribuidor)
ferramentas etc.), os
recursos naturais e a
tecnologia utilizados
na produção de um
Fatores de produção bem ou serviço.

Figura 1.1: Dinâmica do agronegócio.


FORNECEDORES
Empresas que fornecem
As atividades no agronegócio se iniciam com a organização dos FATORES
os insumos necessários
DE PRODUÇÃO que são trabalhados pelos fornecedores de insumos. Os FORNE-
para a produção
CEDORES distribuem os insumos necessários à produção agropecuária. Esta agropecuária: sementes,
é processada pela agroindústria (processador). Dos processadores, essas calcário, fertilizantes,
mercadorias são repassadas a outras indústrias (como matérias-primas) ou a rações, defensivos,
produtos veterinários,
empresas varejistas (aquelas que vendem pequenas quantidades diretamente
máquinas e implementos,
aos consumidores finais) ou setores institucionais (empresas governamentais, combustível, energia,
hospitais e outras instituições). entre outros.
16 Sendo assim, podemos perceber que os agentes fornecedores de insumos e
fatores de produção, os produtores, os armazenadores, os processadores e os
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

distribuidores, além dos prestadores de serviço, têm a função de gerar alimentos


e conduzi-los ao consumidor final.

Atividade 2 Atende ao Objetivo 2

Correlacione as colunas identificando as fases do agronegócio:


a. “Antes da porteira” ( ) fabricante de máquinas agrícolas
b. “Dentro da porteira” ( ) fábrica de laticínios
c. “Depois da porteira” ( ) produtor de leite
( ) supermercado
( ) fabricante de medicamentos
veterinários
( ) produtor de milho

Atividade 3 Atende ao Objetivo 2

Pesquise na Secretaria Municipal de Agricultura da sua cidade ou no sindicato


dos produtores rurais qual é a atividade agrícola mais importante de sua região.
Depois identifique três empresas (ou mais) que façam parte da cadeia produtiva
dessa atividade.
Importância do agronegócio no Brasil 17

Aula 1 – Agronegócio brasileiro


Segundo dados de pesquisas do Ministério da Agricultura (2007), disponíveis no
site oficial na seção “Estatísticas”, o agronegócio brasileiro é responsável por
33% do PRODUTO INTERNO BRUTO (PIB), 42% das exportações totais e 37% PRODUTO INTERNO
dos empregos brasileiros. Em 2003, as vendas externas de produtos agropecuários BRUTO (PIB)

renderam ao Brasil US$ 36 bilhões, com SUPERÁVIT de US$ 25,8 bilhões, Medida de tudo aquilo
que é produzido em
empregando mais de 17,7 milhões de trabalhadores no meio rural.
um país durante um
determinado período.
No Brasil, o cálculo
é feito em reais, pois
Multimídia essa é a única forma
de somar bens (carros,
Se você quiser aprofundar este e outros assuntos relacionados à agricultura no toneladas de trigo etc.)
Brasil, acesse o site www.agricultura.gov.br/internacional, no link “Publicações”. e serviços (o produto
gerado em escolas,
bancos, comércio,
hospitais etc.).
Entre 2000 e 2006, as exportações no Brasil do agronegócio apresentaram um
crescimento acumulado de 140% e passaram de US$ 20,6 bilhões para US$ 49,4
bilhões, desempenho que contrasta com o verificado entre 1990 e 2000, quando o SUPERÁVIT
crescimento acumulado foi de 60%. No período de 2001 a 2005, enquanto a média É o excedente que resulta
anual de crescimento das exportações brasileiras de produtos do agronegócio foi da previsão orçamentária
de 17,8%, a média anual de expansão do comércio mundial foi de 9,9%. Em 2005, que obteve mais ganhos
a participação brasileira nas importações mundiais de produtos do agronegócio do que gastos.
O orçamento, nesse
chegou a 5,7%.
caso, é chamado de
No cenário mundial, o Brasil ocupa posição de destaque com diversos itens, sendo superavitário.
o primeiro produtor e exportador de café, açúcar, álcool e sucos de frutas. Além
disso, lidera o ranking das vendas externas de soja, carne bovina, carne de frango,
tabaco, couro e calçados de couro.

Os principais destinos dos produtos brasileiros do agronegócio são União Européia,


Estados Unidos, China, Rússia, Japão, Irã, Argentina, Hong Kong, Arábia, Egito,
Emirados Árabes, Venezuela, Coréia do Sul, Canadá, Tailândia, Malásia, África do
Sul, Nigéria, Argélia, Chile, Suíça, Indonésia, Angola, Iêmen, Marrocos, México,
Romênia, Bangladesh, Taiwan e Uruguai.
18 A Figura 1.2 mostra a situação do PIB do agronegócio brasileiro de acordo com
as suas fases:
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Insumos agropecuários Agropecuária Indústria Distribuição


6,42% 30,35% 30,80% 32,44%

Fonte: ABAG (2003)


Figura 1.2: PIB do agronegócio brasileiro (participação por segmentos).

Como mostra a Figura 1.2, praticamente 64% do PIB do agronegócio brasileiro


são gerados a partir de atividades da Fase 3 (“depois da porteira”), envolvendo a
distribuição e o processamento da produção. Exemplo: transformação da soja em
óleo de soja.

Multimídia

Acesse o site http://www.abag.com.br/, da Associação Brasileira de Agribusiness.


Lá, você encontrará muitas informações interessantes sobre agronegócio.
19

Aula 1 – Agronegócio brasileiro


Atividade Atende ao Objetivo 3

Você deve estar se perguntando: Onde o agronegócio brasileiro é mais atuante?


Escreva um pequeno texto, descrevendo a fase mais importante do agronegócio
brasileiro, apontando os principais motivos da sua escolha.

Resumindo...

Nesta aula, vimos os conceitos básicos do agronegócio e a sua importância


para a economia brasileira e mundial. Destacamos que o pequeno produtor
rural só fará parte desse quadro, caso se una com outros produtores por
meio de cooperativas ou associações. Vimos também que:

• O associativismo é uma forma de cooperação muito antiga, utilizada


desde o início da vida na Terra, tanto pela humanidade como por outros
seres vivos em momentos nos quais a forma individualizada se tornava
difícil para a solução de problemas.

• O agronegócio é a reunião de todas as atividades produtivas ligadas


ao setor rural. É dividido em três fases: “antes da porteira”, “dentro da
porteira” e “depois da porteira”.

• O ponto forte do agronegócio brasileiro está na agroindústria e no setor


de distribuição, pois são setores mais organizados e agregam maior valor
ao produto.
20 Informações sobre a próxima aula
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Na próxima aula, você verá como surgiu o cooperativismo no Brasil e no mundo,


seus principais pensadores e os fatos mais importantes dessa história.

Respostas das Atividades

Atividade 1
Você poderia ter indicado diversos tipos de atividades em que as pessoas utilizam
a cooperação para atingir seus objetivos. São elas: exigir seus direitos por meio
de uma associação de moradores e de sindicatos ou simplesmente se unir para ir
ao trabalho, fazer um mutirão para reformar uma casa. Se essas pessoas agissem
de forma individual, dificilmente conseguiriam atingir seus objetivos.

Atividade 2
Todas as empresas que estão fornecendo insumos para a agropecuária fazem parte
do segmento “antes da porteira”. A produção de leite e milho inclui-se no segmento
“dentro da porteira”, pois refere-se à produção agropecuária em si.

O supermercado e a fábrica de laticínios desenvolvem atividades de comercialização


e processamento; por esse motivo pertencem à categoria “depois da porteira”.

Atividade 3
Você poderia ter indicado uma variedade grande de produtos. Se identificou
como produto mais importante o leite, por exemplo, você poderia ter constatado
que as empresas que fazem parte da cadeia produtiva podem se constituir de
fornecedores de ração para o gado, ser a agroindústria que transforma o produto,
o produtor de milho que vende o produto para a fábrica de ração, a loja de
produtos agropecuários que vende os medicamentos para o gado, entre outros.

Atividade 4
Podemos concluir que o ponto forte do agronegócio brasileiro está na agroindústria
e no setor de distribuição, pois são setores mais organizados e agregam maior valor
ao produto. Se, de um lado, a lavoura e a pecuária aumentaram quantitativamente
sua produção, de outro os preços dos produtos agropecuários vêm caindo ao longo
dos anos. Entre outros aspectos da sua importância para o país, o agronegócio
brasileiro, como já dissemos, é responsável por 33% do Produto Interno Bruto
(PIB), 42% das exportações totais e 37% dos empregos brasileiros.
Referências bibliográficas 21

Aula 1 – Agronegócio brasileiro


ANDRADE, José Geraldo de. Introdução à administração rural – textos acadêmicos.
Lavras: UFLA/FAEPE, 2001.

ARAÚJO, Massilon J. Fundamentos de agronegócios. São Paulo: Atlas, 2005. pp.


13-30 e pp. 113-221.

Gestão agroindustrial: GEPAI: Grupo de Estudos e Pesquisas Agroindustriais/


Coordenador Mário Otávio Batalha. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. v. 1.

HOUAISS, Antônio. Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa. Rio de Janeiro, Ed.


Objetiva, 2001.
cooperativismo
História do

Adriana Ventola Marra

e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo


Aula 2
Meta
Apresentar os pontos mais importantes da história
do cooperativismo no Brasil e no mundo, bem como
os pensadores e as situações que marcaram este
campo de estudo.

Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1. relacionar o surgimento do movimento


cooperativista com o acontecimento da Revolução
Industrial;

2. identificar as origens do cooperativismo moderno


no mundo;

3. identificar aspectos do surgimento do


cooperativismo no Brasil.
Um pouco de história para entender o 25

cooperativismo

Aula 2 – História do cooperativismo


Muito provavelmente você conhece alguma cooperativa ou associação perto de sua
casa. E talvez alguém de sua família, ou até mesmo você, faça parte de uma, sendo
um cooperado ou associado. As cooperativas e as associações estão espalhadas por
todos os cantos do Brasil e do mundo. Será que esse é um fato recente? A resposta
é não.

Como vimos na aula anterior, a cooperação e o espírito cooperativo existem


desde os primórdios do mundo tanto entre os animais quanto entre os seres
humanos. Nas sociedades humanas, sua origem está ligada às necessidades dos
agricultores, dos artesãos e dos operários de se organizarem como forma de luta
pela sobrevivência, frente às crises econômicas, políticas e sociais.

Cooperar, portanto, não é um termo novo. Cooperar é colaborar, é trabalhar


simultaneamente para o bem público, é cooperar em trabalhos de equipe. Temos
bons exemplos na história da organização social dos povos antigos, como os
babilônios, gregos, chineses, astecas, maias e incas, em que a cooperação era a
base para a economia e o desenvolvimento. Agora, vamos dar um salto histórico
para conhecer as origens do cooperativismo na época da Modernidade, focando
um grande acontecimento da história: a Revolução Industrial.

A Revolução Industrial e o surgimento do


cooperativismo moderno
No século XVI, houve um fortalecimento da idéia de cooperação com P.C. Plockboy,
que idealizava a cooperação integral por classes de trabalhadores, e com John Bellers,
que procurava organizar “Colônias Cooperativas” para produzir e comercializar seus
produtos, eliminando o lucro dos intermediários.

A Revolução Industrial marcou a substituição das ferramentas pelas máquinas, da


energia humana pela energia motriz e do modo de produção doméstico pelo sistema
fabril, fato este que causou enorme impacto sobre a estrutura da sociedade, num
processo de transformação acompanhado por notável evolução tecnológica. Tudo isso
exigia grande quantidade de pessoas trabalhando durante muito mais tempo do que
estavam acostumadas.
26 O cooperativismo moderno surgiu na mesma época que a Revolução Industrial,
com o objetivo de melhorar as péssimas condições econômicas, sociais e de
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

trabalho vivenciadas pelos trabalhadores (Figura 2.1).

Figura 2.1: Condições precárias de trabalho na época da Revolução Industrial.

Esse momento histórico teve seu início na Inglaterra na segunda metade do século
XVIII e encerrou a transição entre feudalismo e capitalismo, a fase de acumulação
primitiva de capitais e de preponderância do capital mercantil sobre a produção.
Para aprofundar seus conhecimentos, assista ao filme Tempos modernos, de Charles
Chapplin, 1936. Ele retrata de maneira genial a Revolução Industrial.
27

Aula 2 – História do cooperativismo


Fonte: http://www.urutaqua.uem.br//ru09_sociedade.htm

Figura 2.2: Cena do filme Tempos modernos, de Charles Chaplin, em que ele aparece entre as engre-
nagens de uma grande indústria da época.

Num primeiro momento, o processo de industrialização fez com que os artesãos e os


trabalhadores rurais se mudassem para as grandes cidades, atraídos pelas fábricas em
busca de trabalho e melhores condições de vida. Essa MIGRAÇÃO teve como principal MIGRAÇÃO
conseqüência o excesso de mão-de-obra e a exploração do trabalhador, o que tornava Movimento
desumanas as condições de vida, ao contrário do que os imigrantes buscavam. Você populacional que se
dirige de uma região
consegue imaginar por quê?
(área de emigração)
Um grande número de pessoas vinha do campo para as cidades procurando nas fábricas para outra (área de
uma oportunidade de sobrevivência. Mas a esperança de melhores condições de vida imigração). Neste caso
geralmente era frustrada pelas péssimas condições de trabalho, pela baixa remuneração, específico, foi a mudança
de pessoas do meio rural
por um grande exército de pessoas necessitando de trabalho, incluindo mulheres e
para o meio urbano.
crianças, para a garantia da sobrevivência.
28 Em geral, os operários eram trabalhadores agrícolas recém-chegados às cidades. Nas
fábricas, num primeiro momento, encontrava-se trabalho facilmente, mas a jornada era
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

de 15 ou até 17 horas/dia. As fábricas eram escuras, quentes e pouco arejadas. O ritmo


INSALUBRE das máquinas, a rotina e as condições INSALUBRES tornavam o trabalho uma opressão.
Ambiente de trabalho Diante desse contexto, alguns intelectuais da época desenvolveram uma corrente
que não é saudável e
de pensamento em que viam no cooperativismo a única alternativa para os
nem higiênico.
impasses gerados pelo capitalismo. A partir de agora, conheceremos alguns desses
intelectuais.

Robert Owen, o Pai do Cooperativismo Moderno

Figura 2.3: Robert Owen.

Entre os intelectuais, deve-se destacar Robert Owen (Figura 2.3) (1771 –1858)
da Inglaterra, que era sócio de uma grande indústria têxtil e defendeu idéias para
melhorar as condições de vida dos trabalhadores. Agora você pode estar pensando
que defender idéias pode ser fácil, o difícil mesmo é colocá-las em prática. Não é
mesmo?
E foi justamente isso que Robert Owen fez, pois ele começou a aplicar suas idéias 29
em sua própria fábrica: ordenou que diminuíssem a jornada de trabalho, de 16 para

Aula 2 – História do cooperativismo


10 horas ao dia, e aumentou os salários. Proibiu a contratação de crianças menores
de dez anos e ofereceu a seus funcionários casas a um custo mais baixo. Essas
ações tiveram conseqüências positivas na situação econômica da fábrica. O sucesso
estimulou Owen a elaborar um programa de reforma social, criando comunidades
de propriedade coletiva que promoviam com seus próprios meios a produção e
o consumo de maneira coletiva. Contudo, a ação das comunidades de produção
não obteve sucesso devido a falhas em sua gestão e desentendimento entre os
membros.

Por tudo isso, Robert Owen é considerado o “Pai do Cooperativismo Moderno” e suas
idéias também foram defendidas por outros intelectuais, como Willian King, Charles
Fourier, John Bellers, Charles Gide, Philippe Buchez e Louis Blanc. Talvez você nunca
tenha ouvido falar nesses homens, então, dê uma boa olhada no boxe multimídia,
pesquise e aprenda sobre a contribuição de cada um deles para o movimento
cooperativista.

Multimídia

Em defesa das idéias de Owen

Achou interessantes as iniciativas dessa figura histórica? Quer saber quem


foram os precursores do cooperativismo?

Lembre-se: saber não ocupa espaço!

Então, saiba mais sobre a biografia de Robert Owen no site: http://www.


ocbes.coop.br/ocb/index.php?module=s_historia&pag=biografia_
pioneiros&menu=historia

E descubra o papel dos seus seguidores em:

www.seplan.go.gov.br/down/cartilha_cooperativismo.pdf
30
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Atividade 1 Atende ao Objetivo 1

Assista ao filme Tempos modernos, de Charles Chaplin, indicado no texto, e faça


uma análise de como a Revolução Industrial afetou o modo de vida das pessoas.
Se você não encontrar a obra numa locadora de vídeos ou numa videoteca de uma
universidade perto de sua casa, pode assisti-la acessando o seguinte endereço
eletrônico: http://www.youtube.com/watch?v=8-UiCnxARJY

Surgimento da primeira cooperativa moderna


Você deve estar se perguntando: Quando surgiu efetivamente a primeira cooperativa?
Bem, depois que os intelectuais estudados no boxe Multimídia anterior lançaram
PROBOS as sementes e o terreno já estava adubado pelo momento histórico (Revolução
O termo traduzido Industrial), aconteceu efetivamente o nascimento da primeira cooperativa, em 21
também significa justos ou de dezembro de 1844.
eqüitativos.
Os pioneiros de Rochdale
COOPERATIVA Nesse dia, no bairro de Rochdale, em Manchester (Inglaterra), 28 pessoas (27 homens
DE CONSUMO
e uma mulher), a maioria tecelões de flanela, fundaram a “Sociedade dos PROBOS
São aquelas cooperativas Pioneiros de Rochdale” (Figura 2.4). Cada um deles economizou uma libra durante um
dedicadas à compra
ano para montar a sociedade. Eles fundaram uma pequena COOPERATIVA DE CONSUMO
em comum de artigos
de consumo para seus num local chamado “Beco do Sapo” (Toad Lane), e acabaram modificando os padrões
cooperados. econômicos da época.
31

Aula 2 – História do cooperativismo


Figura 2.4: Os pioneiros de Rochdale.

Com as 28 libras arrecadadas inicialmente, eles compraram manteiga, farinha de trigo,


aveia e velas de sebo para vender. Deve ficar claro que, apesar de serem tecelões, não
fabricavam qualquer tipo de tecido. Além de vender mercadorias, eles tinham planos
de construir casas para seus sócios e fábricas para dar emprego aos desempregados.
E conseguiram realizar os seus planos. Com exceção das casas, pois os sócios
(inquilinos) tiveram dificuldades financeiras para pagar as prestações.

Diante disso, podemos pensar que a cooperativa não obteve sucesso. Mas não é
verdade, visto que em 1848, ou seja, apenas quatro anos após sua fundação, ela
já possuía 140 membros. No ano seguinte, com a falência do principal banco da
região, passou a ter 390 cooperados e teve seu capital elevado de 28 para 1.194
libras.

No ano de sua fundação, a loja abria apenas duas tardes por semana, devido à falta
de recursos financeiros, e os dirigentes se reuniam uma vez por semana em uma sala
emprestada. Portanto, outro fator que demonstra o sucesso da cooperativa é o fato
de que, em 1845, a loja já abria todas as tardes e passava a vender também artigos
como chá e tabaco.
32 O estatuto de Rochdale
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Em determinado momento, os membros da cooperativa começaram a se deparar


ESTATUTO com uma questão ainda não pensada: o que deveria ser feito com as sobras de
Documento por meio do dinheiro da sociedade? Você acha que eles repartiram entre os membros? Ora, se
qual são estabelecidas
fizessem isso, estariam indo contra os princípios que os motivavam.
as normas gerais e
específicas pelas quais Devido à relevância da questão, essa situação foi justamente a motivadora de um
reger-se-ão as atividades elemento importantíssimo na história do cooperativismo moderno. Isso porque,
da cooperativa ou para chegar à resposta do questionamento, os pioneiros redigiram um ESTATUTO
associação.
e elaboraram uma série de princípios, inspirados nos pensamentos dos intelectuais
precursores, prevendo um modo diferente de empresa com objetivos que não eram
DOUTRINA apenas econômicos. Tais princípios formam a base da DOUTRINA cooperativista até
Conjunto de princípios os dias atuais.
básicos, fundamentais,
de um sistema religioso,
político ou filosófico;
catequese cristã; opinião Explicativo
de autores; norma, regra,
preceito. Princípios contidos no estatuto de Rochdale

• controle democrático: um voto por sócio;

• adesão aberta de novos membros em pé de igualdade com os antigos;

• juros limitados ou fixados sobre o capital com que cada sócio contribuiu
para sua constituição;

• distribuição de parte do excedente de dinheiro proporcional às compras


realizadas por cada membro;

• vendas à vista, sem crediário;

• vendas só de produtos puros, de boa qualidade;

• neutralidade política religiosa da sociedade.

Os objetivos e a forma de organização do trabalho da Cooperativa de Rochdale


transformaram-se, posteriormente, nos Princípios do Cooperativismo Mundial, como
veremos nas próximas aulas.
33
Atividade 2 Atende ao Objetivo 2

Aula 2 – História do cooperativismo


Na época do surgimento da primeira cooperativa, o termo “cooperativa” não
foi utilizado para nomeá-la. Por isso chamou-se “sociedade”. Qual foi a atitude
tomada pelos pioneiros que fez com que essa sociedade fosse considerada a
primeira cooperativa da história?

Histórico do movimento cooperativista no Brasil


No Brasil, como aconteceu esse processo? Primeiramente, vale lembrar que antes
do descobrimento do Brasil pelos colonizadores, viviam aqui apenas as populações
indígenas que tinham, e ainda têm, um modelo de sociedade solidária e cooperativa.
Nesse modelo social, o bem-estar do indivíduo e da família se sobrepunha ao
interesse econômico da produção.

Um exemplo desse tipo de cooperação é o de que, em algumas tribos indí-


genas, a maloca era dormitório comum, a caça era participativa e a alimentação era
grupal, ou seja, predominava a lei da sobrevivência; enquanto unidos e participativos
entre si, e cooperando mutuamente, a tribo se mantinha e evoluía.
34
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Multimídia

Para saber mais sobre a organização social dos índios brasileiros e sua
importância em nossa história, acesse:

http://www.socioambiental.org/pib/portugues/quonqua/cadapovo.shtm

O cooperativismo e as Missões Jesuíticas


Em 1612, com a fundação das primeiras Reduções ou Missões Jesuíticas no Brasil,
aconteceu, segundo alguns historiadores, o início da construção de organizações
cooperativas de forma integral. Esse modelo teria dado um exemplo de sociedade
solidária, fundamentada no trabalho coletivo, em que os interesses comunitários
estavam acima dos econômicos.
35
Saiba mais...

Aula 2 – História do cooperativismo


O término das Missões

As Reduções ou Missões JESUÍTICAS foram a primeira experiência pré-coope- JESUÍTICAS


rativa de um sistema de cooperativas integrais, iniciadas pelos jesuítas ita- Próprias dos jesuítas
lianos Simon Maceta e José Cataldino, no Paraná, com os índios guaranis. (padres membros da
Companhia de Jesus,
O sistema combinava a propriedade coletiva (o Tupambaé) e a propriedade familiar (o
fundada por Santo Inácio
Abambaé), além do gado, que era comum a todos os povos.
de Loiola, que vieram
A experiência do associativismo missioneiro das Reduções, apesar de ser precursor ao Brasil junto com os

da organização das cooperativas integrais, não teve continuidade. Seus impactos se colonizadores portugueses).

perderam com a destruição das reduções jesuíticas e com a conseqüente dispersão e


a marginalização dos índios sobreviventes, já em avançado estado de perda de suas
identidades culturais após o processo de catequização cristã.

Para saber mais sobre esse assunto, assista ao filme A missão, de 1986, que é
muito fácil de se encontrar em locadoras. Ele é muito recomendado, pois foi
vencedor de importantes prêmios: a Palma de Ouro, em Cannes, e o Oscar de
fotografia. Vale a pena assistir!

Primeiras cooperativas brasileiras


Somente em 1847 a nossa história oficial marca o início do movimento cooperativista
no Brasil. Nessa época, o médico francês Jean Maurice Faivre, seguidor das idéias
de Charles Fourier, fundou, com um grupo de europeus, nos sertões do Paraná, a
colônia Tereza Cristina, organizada em bases cooperativas. A colônia não era uma
cooperativa, e sim uma organização comunitária voltada para a produção rural que
funcionava de acordo com os ideais cooperativistas.

Outros exemplos de organizações semelhantes foram as sociedades de Socorro Mútuo


que surgiram a partir de 1850. Também não eram cooperativas, mas deram grande
impulso ao movimento. Boa parte dos estatutos dessas organizações tinha como
objetivo a formação de cooperativas.
36 A primeira sociedade brasileira a ter no nome a expressão “cooperativa” foi a
Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, fundada
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

em 27 de outubro de 1889. Era uma cooperativa de consumo, e seu estatuto previa


a existência de um “caixa de auxílios e socorros”, com o objetivo de prestar auxílios
financeiros às viúvas de seus associados ou associados incapazes de trabalhar.

Dois anos depois, em 1891, foi fundada uma cooperativa na cidade de Limeira, em
São Paulo, e, em 1895, no Estado de Pernambuco, nascia a Cooperativa de Consumo
de Caramagibe. No ano de 1902, colonos de origem alemã, incentivados pelo jesuíta
Theodor Amstad, fundaram uma cooperativa de crédito rural, em Vila Império,
atualmente Nova Petrópolis/RS. Hoje, denomina-se Cooperativa de Crédito de Nova
Petrópolis, e é a mais antiga cooperativa em atividade no país.

Explicativo

O padre Theodor Amstad, conhecido como o “Pai dos Colonos”, nasceu em


Beckenried, à beira do Lago dos Quatro Cantões, na Suíça, em 9 de novembro
de 1851. Era filho de um comerciante e descendente direto, em 13º grau, de
São Nicolau de Fue, padroeiro da Suíça. Lá ele estudou, e ordenou-se padre
jesuíta em 8 de setembro de 1883, na Inglaterra. Em 1885, veio ao Brasil e
trabalhou nas colônias de descendência alemã do Rio Grande do Sul.

Para obter mais informações, acesse o site http://www.sicredipioneira.com


.br/arquivos/padre.htm

Reconhecimento oficial das cooperativas


O cooperativismo brasileiro só adquiriu maior importância a partir de 1932, com a edição
do Decreto Federal nº 22.239. Esse decreto deu ampla liberdade à constituição e ao
funcionamento das cooperativas no Brasil, pois apresentou suas características próprias,
além de consagrar as doutrinas do sistema cooperativista. Foi, de fato, a primeira lei que
organizou o cooperativismo brasileiro.
O movimento cooperativista teve outro impulso de desenvolvimento DITADURA 37
quando o governo de Getúlio Vargas (1930-1945) incentivou a formação Qualquer regime de governo

Aula 2 – História do cooperativismo


de cooperativas agrícolas de trigo e soja. Nas décadas de 60 e 70, essas que cerceia ou suprime as
liberdades individuais.
associações alcançaram seu ponto máximo em função das altas cotações da
soja no mercado internacional e das facilidades de crédito.
ASSEMBLÉIA
Nessa época foi formulada a lei que rege o cooperativismo brasileiro (Lei nº CONSTITUINTE
5.764/71) e, como foi elaborada durante o período de DITADURA militar, Aquela que tem atribuições
apresenta várias limitações ao cooperativismo brasileiro. Apesar de merecer constituídas pelo povo e/ou pelo

uma profunda revisão, devido às mudanças ocorridas na sociedade brasileira governo para elaborar, redigir
ou reformar a constituição.
desde que foi criada, é essa lei que continua regulando o funcionamento das
cooperativas no Brasil.
CONSTITUIÇÃO
Em março de 1988 foi realizado, em Brasília, o X Congresso Nacional de Lei fundamental e suprema
Cooperativismo, que, após várias discussões e decisões, recomendou à de um Estado, que contém
ASSEMBLÉIA CONSTITUINTE autonomia ao setor. Portanto, a CONSTITUIÇÃO normas a respeito da formação
dos poderes públicos, forma
Federal de 1988 passou a determinar que as ASSEMBLÉIAS das cooperativas devem
de governo, distribuição de
conduzir autonomamente a sua vida e gestão, sendo proibida a obrigatoriedade
competências, direitos e deveres
de filiação em qualquer instância de representação oficial ou extra-oficial e a dos cidadãos, entre
interferência de organismos externos, sejam estatais, PARAESTATAIS ou privados. outras normas.
Esse fato representou a completa autonomia e independência das cooperativas
em relação ao Estado, que deixou de fiscalizar e intervir na administração das ASSEMBLÉIA
mesmas, sob todos os seus aspectos. Reunião de várias pessoas que
são membros de determinado
grupo, sociedade ou empresa
que discutem e tomam decisões
sobre determinado fim.

PARAESTATAL
Entidade criada por iniciativa
governamental e que exerce
atividade de interesse
público, mas tem a natureza
de instituição privada. Por
exemplo: empresas públicas
(como a Empresa de Correios
e Telégrafos) e empresas de
economia mista (como
a Petrobras).
38
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Explicativo

Artigo 5º, incisos XVII a XXI, da Constituição Brasileira

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:

XVII – é plena a liberdade de associação para fins lícitos, vedada a de


caráter paramilitar;

XVIII – a criação de associações e, na forma da lei, a de cooperativas


independem de autorização, sendo vedada a interferência estatal em seu
funcionamento;

XIX – as associações só poderão ser compulsoriamente dissolvidas ou ter


suas atividades suspensas por decisão judicial, exigindo-se, no primeiro
caso, o trânsito em julgado;

XX – ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a permanecer


associado;

XXI – as entidades associativas, quando expressamente autorizadas, têm


legitimidade para representar seus filiados judicial ou extrajudicialmente.

Diante do exposto nesta aula, percebemos que os primeiros movimentos surgidos


na Inglaterra do século XIX se espalharam, e suas idéias foram difundidas por
todo o mundo. A história do movimento cooperativista no Brasil e no mundo
está intimamente ligada à história de luta por melhores condições sociais e de
trabalho. Ainda hoje, temos a cooperativa como uma importante instituição de
desenvolvimento e de melhoria de condições de trabalho, principalmente para o
homem do campo.
39

Aula 2 – História do cooperativismo


Atividade 3 Atende ao Objetivo 3

Responda:

a. Quando, onde surgiu e como se chamava a primeira sociedade brasileira


organizada em bases cooperativas?

b. Durante esta aula, falamos de um incentivo que impulsionou o desenvolvimento do


cooperativismo no Brasil do século XX. Qual foi esse incentivo?
40
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Resumindo...

No decorrer desta aula, vimos que:

• Cooperar é colaborar, é trabalhar simultaneamente para o bem público, é


cooperar em trabalhos de equipe.

• O cooperativismo moderno surgiu na mesma época que a Revolução


Industrial, com o objetivo de melhorar as péssimas condições econômicas,
sociais e de trabalho.

• Robert Owen e outros pensadores do século XIX já discutiam idéias


cooperativistas como solução para amenizar os problemas sociais da
época.

• A primeira cooperativa moderna foi a “Sociedade dos Probos Pioneiros de


Rochdale”, fundada na Inglaterra, em 1844.

• Os princípios elaborados pelos pioneiros formam a base da doutrina


cooperativista até os dias atuais.

• No Brasil, antes da colonização, os índios já viviam em comunidades com


bases cooperativas.

• A primeira sociedade brasileira a ter no nome a expressão “cooperativa” foi


a Sociedade Cooperativa Econômica dos Funcionários Públicos de Ouro Preto,
fundada em 27 de outubro de 1889.

• O sistema cooperativista brasileiro é regulado pela Lei nº 5.764/71, bem


como pelo Artigo 5º, incisos XVII a XXI, da Constituição Brasileira.

Informações sobre a próxima aula


Na próxima aula, aprofundaremos nossos conhecimentos nas várias formas de organi-
zações de bases sociais, estudaremos detalhadamente os conceitos de associações e
cooperativas e veremos quais as principais diferenças entre elas.
41
Respostas das Atividades

Aula 2 – História do cooperativismo


Atividade 1
A invenção da máquina a vapor desencadeou não só uma revolução tecnológica, mas
também uma revolução de hábitos, costumes e valores humanos. Repentinamente,
o homem deixou de ser artesão para tornar-se operário de fábrica. Isso significou
a perda de seu poder (ou direito) sobre o trabalho: ele deixou de ser livre para ser
explorado. As principais passagens que revelam as conseqüências da Revolução
Industrial sobre o ser humano são: o momento em que o personagem, que trabalha de
forma contínua e ininterrupta ao terminar seu turno de trabalho, não consegue parar
com seus movimentos repetitivos de apertar parafusos; na situação do desemprego
em que estar preso é melhor que estar livre, quando ele entra na engrenagem e se
torna parte da máquina, entre outras.

Atividade 2
O fato marcante que fez com que a Sociedade dos Probos Pioneiros de Rochdale se
tornasse a primeira cooperativa da história e marcasse o surgimento do cooperativismo
moderno foi a elaboração do estatuto, com os princípios cooperativistas que norteiam
as cooperativas até os dias atuais.

Atividade 3
a. Como vimos nesta aula, em 1847, o médico francês Jean Maurice Faivre,
seguidor das idéias de Charles Fourier, fundou, com um grupo de europeus, nos
sertões do Paraná, a colônia Tereza Cristina, organizada em bases cooperativas.
A colônia não era uma cooperativa, e sim uma organização comunitária voltada
para a produção rural que funcionava de acordo com os ideais cooperativistas.

b. Você poderia se lembrar da primeira lei brasileira de 1932, mas o grande impulso
de desenvolvimento ao movimento cooperativista foi quando o governo de Getúlio
Vargas (1930–1945) incentivou a formação de cooperativas agrícolas de trigo e soja.
42 Leitura recomendada
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Busque mais informações sobre a história do cooperativismo no Brasil no livro


Cooperativismo Brasileiro: uma história. São Paulo: OCB, 2004. 150p.

Referências bibliográficas
BATALHA, M. O. et al. Gestão agroindustrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. v. 1.

BRASIL. Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional de


Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá outras
providências. Diário Oficial da União, de 16 dez. 1971. Disponível em: < http://
www.planalto.gov.br/CCIVIL/leis/L5764.htm/>. Acesso em: 28/12/2007.

GAWLAK, A.; RATZKE, F.A. y. Cooperativismo: primeiras lições. Brasília: Sescoop,


2004.

PINHO, D. B. O cooperativismo no Brasil: da vertente pioneira à vertente solidária.


São Paulo: Saraiva, 2003. p. 357.
Organizações comunitárias

Aula 3
com base na cooperação

Adriana Ventola Marra

e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo


Meta
Apresentar duas formas de organizações sociais
– associações e cooperativas – e como elas se
diferenciam de uma sociedade empresária.

Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1. identificar uma associação;

2. identificar uma cooperativa;

3. identificar uma sociedade empresária;

4. diferenciar associações, cooperativas e sociedades


empresárias.
45
Um caso interessante

Aula 3 – Organizações comunitárias com base na cooperação


“Amigo, como você
fará para vender sua
“Associe-se, ora!”
produção?”

Figura 3.1: Um diálogo entre produtores.

Outro dia o Sr. Pedro visitou Limeira, cidade localizada no interior de São Paulo,
região de Campinas. Nessa região, existem várias cidades que têm como principal
atividade produtiva o cultivo de laranjas. Limeira e as cidades vizinhas atendem a
uma rede varejista com quase uma centena de lojas em várias cidades do Estado
de São Paulo, inclusive a capital. João da Silva, um pequeno produtor da cidade,
cultiva laranjas, as quais somente poderá fornecer para os meses de junho, julho
e agosto, e mesmo assim só terá frutos em quantidade para atender a cerca de
cinco lojas. Foi então que João ficou com uma dúvida: mesmo que a rede de lojas
queira comprar suas laranjas, quem ficará responsável pela distribuição das frutas
às lojas? Como abastecer as outras 95 lojas? Como abastecer as lojas nos meses
restantes do ano?
46 Conversando com o Sr. Pedro, eles tiveram uma grande idéia. João e os
demais pequenos produtores da cidade criaram uma associação. Eles juntaram
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

a produção de vários pequenos produtores. Desta forma, puderam atender a


essa grande rede de lojas e supermercados. Juntos, também, esses produtores
aperfeiçoaram suas técnicas e conseguiram aumentar a qualidade do produto,
utilizando-se do transporte em caminhão frigorífico e fornecendo informações
RASTREABILIDADE sobre a RASTREABILIDADE dos frutos. Para um pequeno produtor, seria invariável
Acompanhamento e implantar essas melhorias de qualidade isoladamente. Só a formação desta
registro da história, associação de produtores é que possibilitou a comercialização das laranjas da
processos, eventos, região para esta rede de supermercados.
transferências e
movimentação Essa é apenas uma das muitas histórias reais em que pudemos perceber a
ocorridos em importância das associações e cooperativas para o sucesso dos produtores
determinada cultura rurais.
ou criação de animais
durante determinado Organizações Comunitárias
período.
Quando duas ou mais pessoas se organizam com um objetivo comum e assumem
PERSONALIDADE uma PERSONALIDADE JURÍDICA própria, podemos dizer que temos uma
JURÍDICA organização, que pode ser considerada comunitária quando essas pessoas têm

Aptidão genérica para interesses comuns, sem fins lucrativos.


adquirir direitos e De uma forma simplificada, podemos dizer que uma organização comunitária tem
contrair obrigações.
como base a cooperação, pois defende a solução dos problemas comuns por meio
A personalidade está
da união, do auxílio mútuo e da integração entre as pessoas.
ligada aos indivíduos,
pessoas físicas, e às As organizações comunitárias podem existir em vários campos da atividade
organizações, pessoas humana, e sua criação deriva de motivos sociais, FILANTRÓPICOS, científicos,
jurídicas.
econômicos e culturais.

As pessoas podem se organizar de diversas formas, como, por exemplo:

• associações;
FILANTRÓPICOS
• conselhos;
Palavra derivada
• grêmios;
de filantropia, que
é a ação voltada • clubes;
para a caridade, em • sindicatos;
função do amor à • cooperativas.
humanidade.
Agora vamos estudar mais detalhadamente as associações. O que você acha que é
uma associação? Você conhece alguma?
Associações 47

Aula 3 – Organizações comunitárias com base na cooperação


Você provavelmente conhece vários tipos de associações, mesmo que não perceba
que se trata delas: são os clubes, os sindicatos, as fundações, as associações dos
moradores dos bairros, as associações comerciais da cidade, as associações de
produtores etc.

Para termos uma definição mais clara, podemos considerar como associação uma
pessoa jurídica de natureza privada sem fins lucrativos, em que vários indivíduos se
organizam de forma democrática em defesa de seus interesses.

Saiba mais...

Tipos de pessoas jurídicas de direito privado


O art. 44 do Código Civil de 2002 estabelece o seguinte: “São pessoas jurídicas de
direito privado: I – as associações; II – as sociedades; III – as fundações.”

A associação não pode ser confundida com a sociedade, porque “não há


fim lucrativo ou intenção de dividir o resultado, embora tenha patrimônio,
formado por contribuição de seus membros para a obtenção de fins culturais,
educacionais, esportivos, religiosos, recreativos, morais etc”. Já na sociedade
há fim lucrativo.

As fundações também são entidades sem fins lucrativos; entretanto, não são
formadas por pessoas, mas por um patrimônio especial que tem origem em uma
pessoa física ou de outra pessoa jurídica. Ex.: Fundação Ayrton Senna.

A associação tem como objetivo principal a prestação de serviços sem visar lucros
e distingue-se de outras entidades pela dupla identidade dos associados, que são
ao mesmo tempo donos e usuários de seus serviços. Como donos, eles precisam
fazer de sua sociedade um negócio rentável e competitivo dentro de seu ramo de
atividade. Como usuários, devem definir o tipo e a qualidade dos serviços a serem
prestados.
48
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Figura 3.2: Trabalho em grupo.

As características das associações foram resumidas nos termos estabelecidos por


Ramirez (1983):

• todas as modalidades de associação surgem de um contrato que, enquanto


celebrado de forma válida, é norma geral aplicável a todos os associados;

• todas pressupõem um conjunto de pessoas dispostas a organizar esforços para a


realização de uma finalidade comum;

• todas se referenciam a um quadro jurídico-legal específico;

• quando se constituem plenamente dentro dos requisitos legais, são pessoas


jurídicas distintas das pessoas físicas dos seus associados, considerados
individualmente;
• como pessoas jurídicas, gozam dos atributos de denominação, capacidade 49
jurídica, domicílio, patrimônio e nacionalidade.

Aula 3 – Organizações comunitárias com base na cooperação


Vale lembrar que as associações são entidades constituídas de pessoas físicas e em
alguns casos também de pessoas jurídicas, dirigidas por uma diretoria eleita cujas
funções estão subordinadas à vontade coletiva e democrática de seus associados e
registradas no seu Estatuto, aprovado em Assembléia Geral.

Atividade 1 Atende ao Objetivo 1

Pesquise no seu bairro ou cidade as associações existentes.

Identifique seus objetivos e as atividades principais.

Cooperativas
Agora, você deve estar se perguntando: Então, o que é exatamente uma cooperativa?
Ela é diferente de uma associação? Vejamos as informações oficiais:

Durante o Congresso do Centenário da Aliança Cooperativa Internacional (ACI),


realizado em 1995, na cidade de Manchester (Inglaterra), o significado de
cooperativa ficou assim estabelecido:
Cooperativa é uma associação autônoma de pessoas que se unem,
voluntariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas,
sociais e culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva
e democraticamente gerida.

Para o cooperativismo brasileiro, a definição, aprovada durante o X Congresso


Brasileiro de Cooperativismo realizado em Brasília (1988), é a seguinte:
50 Cooperativa é uma associação de pelo menos vinte pessoas físicas, unidas
pela cooperação e ajuda mútua, gerida de forma democrática e participativa,
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

com objetivos econômicos e sociais comuns, cujos aspectos legais e


doutrinários são distintos de outras sociedades. Fundamenta-se na economia
solidária e se propõe a obter um desempenho econômico eficiente através da
qualidade e confiabilidade dos serviços que presta aos próprios associados e
aos usuários.

Figura 3.3: Pessoas trabalhando juntas com objetivos em comum.

Vamos, agora, entender os detalhes desse conceito. Primeiramente, para se formar


uma cooperativa são necessárias pelo menos 20 pessoas físicas, ou seja, não
pode ser um grupo com menos pessoas nem podem participar outras pessoas
jurídicas (empresas e organizações). Além do mais, essas pessoas devem ter como
objetivo atender às necessidades econômicas e sociais; portanto, a cooperativa
trabalha para obter resultados econômicos satisfatórios e também para estimular
o desenvolvimento cultural e social de seus membros.

Por último, temos a questão da economia solidária, que reforça a idéia de que um
grupo de pessoas a partir do trabalho coletivo passa a desenvolver formas de geração
de renda, em que todos e todas têm suas necessidades satisfeitas e o uso dos recursos
naturais é feito de forma responsável e consciente. Na economia solidária, o trabalho
não tem patrão e empregado.
51

Aula 3 – Organizações comunitárias com base na cooperação


Curiosidade

Produtores assentados em Alagoas viram Caso de Sucesso


Conheça a história de sucesso de uma cooperativa apresentada na Revista
Sebrae Agronegócios. Veja um trecho da reportagem:

Um grupo de assentados da reforma agrária, reunidos em torno da


Cooperativa de Ovinocaprinocultores do Sertão de Alagoas (Cafisa),
conseguiu fazer da atividade desenvolvida por eles um dos destaques
da edição do livro Histórias de Sucesso – Coletânea 2006, do Sebrae. O
caso ‘Ovinocaprinocultura: a marca do Sertão’ é um exemplo que entra
para a história econômica do Estado como um modelo de sucesso no
empreendedorismo rural com inclusão social.
A Cafisa é formada por 266 pequenos produtores de 14 assentamentos
localizados nos municípios de São José da Tapera, Pão de Açúcar,
Santana do Ipanema, Maravilha e Poço das Trincheiras. A partir de
outubro deste ano, eles passaram a fornecer leite pasteurizado, licor e
iogurte de leite caprino a supermercados de Maceió. Esse é o começo
de uma história bem-sucedida que começou em 2003, quando a Cafisa
procurou o Sebrae em Alagoas. Os produtores que vinham acumulando
conhecimento e tecnologias queriam ‘aumentar o negócio’.
Conseguiram mais competitividade e a sustentabilidade do pequeno
negócio. De quebra, melhoraram a qualidade de vida dos cooperados
com informações sobre as melhores práticas de gestão e transferência
de tecnologia para os empreendedores agroindustriais.

Leia a notícia na íntegra em

http://asn.interjornal.com.br/noticia.kmf?noticia=5597953&canal=1999
52 Desta forma, podemos perceber que as cooperativas baseiam-se em valores de
ajuda mútua e responsabilidade, democracia, igualdade, eqüidade e solidariedade.
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Seguindo a tradição dos seus fundadores, os membros das cooperativas acreditam


nos valores éticos da honestidade, transparência, responsabilidade social e
preocupação com seu semelhante. Como você pode perceber, aparentemente, as
associações e as cooperativas não diferem nos valores e nos objetivos. Então,
quais são as diferenças? E no caso de uma empresa comercial, em que elas
diferem?

Atividade 2 Atende ao Objetivo 2

Da mesma forma que fizemos com a Cafisa (no Boxe Curiosidade apresentado
anteriormente), pesquise a história de uma cooperativa. Você pode visitar uma
cooperativa de sua cidade ou pesquisar sua história na internet ou em revistas,
destacando a origem de outras cooperativas. Você pode escolher um ou mais
exemplos.
Sociedades Empresárias 53

Aula 3 – Organizações comunitárias com base na cooperação


O termo “sociedades empresariais” é utilizado para substituir o que antigamente era
conhecido como sociedade comercial. Essa mudança é decorrente da reformulação
do Código Civil de 2002, que introduziu várias modificações neste sentido.

Primeiramente, vamos compreender o conceito de empresário: no art. 966 do


Código Civil, considera-se empresário a pessoa que exerce profissionalmente
atividade econômica organizada para a produção ou para a circulação de bens ou
de serviços. Se ela exerce essa atividade isoladamente, surge, então, o conceito
de empresário individual (autônomo).

Se essas atividades são exercidas por duas ou mais pessoas, temos as sociedades,
que podem ser simples ou empresárias. O que difere uma sociedade simples de uma
sociedade empresária não é o fim lucrativo, e sim a natureza autônoma da atividade.
54 A sociedade empresária é aquela que exerce profissionalmente uma atividade
econômica organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços,
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

constituindo elemento de empresa. Desta forma, podemos dizer que “sociedade


empresária” é a reunião de dois ou mais empresários para a exploração, em
conjunto, de atividade(s) econômica(s).

As sociedades simples são formadas por pessoas que exercem profissão intelectual,
de natureza científica, literária ou artística.

Temos, então, que uma loja comercial, um supermercado, uma fábrica são
exemplos de sociedades empresárias. Por outro lado, uma escola, um jornal, um
grupo de teatro são exemplos de sociedades simples.

Tal distinção se fez necessária para que possamos melhor compreender a


comparação entre as cooperativas, as associações e as sociedades empresárias
que faremos na seção seguinte. Agora é hora de atividade!

Atividade 3 Atende ao Objetivo 3

Estabeleça a definição de sociedade empresária e cite dois exemplos desse tipo


de sociedade que você conhece.
Associação, Cooperativa e Sociedades Empresárias: 55

Qual é a Diferença?

Aula 3 – Organizações comunitárias com base na cooperação


Agora que conseguimos compreender os conceitos do que é uma associação,
uma cooperativa e uma sociedade empresária, podemos começar a identificar as
diferenças entre elas.

Vamos pensar: no caso relatado no início desta aula, sobre o João da Silva e
os outros produtores rurais de Limeira, qual seria a melhor alternativa? Eles
resolveram montar uma associação, mas não seria mais viável montar uma
cooperativa? Ou uma sociedade empresária? Quando montar uma ou outra? Quais
as vantagens de cada uma?

A primeira coisa a se destacar é que as cooperativas e associações são sociedades


de pessoas, ou seja, o que é importante é a figura do associado ou cooperado. Cada
um deles tem direito a um voto nas decisões da entidade, independentemente de
sua participação econômica. Já uma sociedade empresária é uma sociedade de
CAPITAL, em que a participação de cada sócio ou ACIONISTA está vinculada a sua CAPITAL
quantidade de capital investido na organização. Conjunto de bens
Uma segunda diferença está na natureza das organizações. Enquanto as de uma empresa
formado pelos recursos
associações são entidades que têm por finalidade a promoção de assistência
monetários (dinheiro),
social, educacional, cultural, representação política, defesa de interesses de indispensável à sua
classe e atividades filantrópicas, as cooperativas têm finalidade essencialmente operação, produção e
econômica. Seu principal objetivo é viabilizar o negócio produtivo de seus comercialização.
associados junto ao mercado. No caso de uma sociedade empresária, seu principal ACIONISTA
objetivo é o retorno financeiro para seus sócios/acionistas. Pessoa que possui ações
Tratando apenas de associação e cooperativa, podemos concluir que aquela é mais (parte do capital) de uma
sociedade anônima ou de
adequada para levar adiante uma atividade social; por sua vez, esta é mais adequada
uma empresa por ações.
para desenvolver uma atividade comercial, em média ou grande escala de forma coletiva,
A ação é um título de
e retirar dela o próprio sustento. renda variável emitido
Nas cooperativas, os cooperados são os donos do patrimônio e recebem retorno por uma sociedade
anônima, que representa
financeiro de suas atividades produtivas. Uma cooperativa agropecuária, por
a menor fração do capital
exemplo, beneficia os próprios cooperados, que são os produtores rurais. As sobras
da empresa.
financeiras de suas atividades econômicas, quando existem, podem, por decisão de
assembléia geral, ser distribuídas entre os próprios produtores. Já no caso específico
de uma associação, os associados não são exatamente os seus “donos”. O patrimônio
acumulado pela associação em caso da sua dissolução deverá ser destinado à outra
instituição semelhante, conforme determina a lei, e os ganhos eventualmente
56 conseguidos pertencem à sociedade e não aos associados, que deles não podem
dispor, pois, também de acordo com a lei, deverão ser destinados à atividade dessa
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

associação.

Percebe-se que a associação tem grande desvantagem em relação à cooperativa, já


que ela impossibilita a movimentação do capital e do patrimônio; por outro lado,
tem algumas vantagens que valem a pena para os associados: o gerenciamento é
mais simples e o custo de registro é menor. Muitas vezes, um pequeno grupo de
produtores rurais inicia a organização de suas atividades por meio de uma associação
que, em função do tempo e de seu desenvolvimento, acaba se transformando em
cooperativa.

Outra vantagem associada às cooperativas é a possibilidade de sua INTE


INTEGRAÇÃO
GRAÇÃO VERTICAL. Por meio desse processo, as cooperativas conseguem promover
VERTICAL
a redução dos custos através do melhor poder de negociação na compra de insumos;
Quando diferentes
geração de economias em função de grande quantidade de produção, melhora da sua
processos de produção
posição de barganha com os clientes, principalmente no caso de produtos perecíveis,
– desde o insumo
até a venda final como frutas e hortaliças; e redução dos riscos de ações conjuntas com outras
ao consumidor cooperativas, comuns nesse tipo de organização.
– que aconteciam
Segue adiante a Tabela 3.1, com o resumo de algumas das diferenças entre as
separadamente, por
meio de várias empresas, cooperativas, as associações e as sociedades empresárias:
passam a acontecer por Tabela 3.1: Diferenças entre as cooperativas, as associações e as sociedades empresárias
uma única empresa ou
Sociedade
cooperativa. Coosperativa Associação
empresária
Sociedade de Sociedade de
Natureza Sociedade de pessoas
pessoas capital
Prestação Realizar atividades
de serviços assistenciais, culturais, Lucro para os
Objetivo
econômicos ou esportivas, filantrópicas acionistas
financeiros etc.
Não existe número Número limitado
Mínimo de 20
Constituição mínimo para sua de sócios/
cooperados
constituição acionistas
Um homem, um Cada ação, um
Voto Um homem, um voto
voto voto
SUBSCREVEM
Os cooperados
De subscrever, que SUBSCREVEM Capital
Os cooperados pagam
quotas-parte representado
significa tomar ações ou Pagamento uma mensalidade para
para formar por ações ou por
cotas para a formação do sua manutenção
o capital da quotas individuais
capital de uma empresa. cooperativa
57
DIVIDENDO DIVIDENDO

Aula 3 – Organizações comunitárias com base na cooperação


proporcional ao
Pode gerar
Lucro Não gera excedentes valor das ações ou Parcela do lucro
sobras
quotas-parte de apurado pela empresa,
capital
que é distribuída aos
Regulamentada
Legislação acionistas por ocasião
pelo Código
própria – Lei nº Regulamentada pelo
Legislação Comercial e pela do encerramento do
5.764/71 em Código Civil
Lei nº 6.404 das exercício social.
anexo
S.A.
Registrada no Cartório
Registrada na de Registros de Títulos Registrada na
Registro Junta Comercial e Documentos do Junta Comercial do
do Estado município onde estiver Estado
localizada

Atividade 4 Atende ao Objetivo 4

Quais as diferenças mais marcantes entre as cooperativas e as associações que


fizeram com que Pedro recomendasse a abertura de uma associação para João e
seus amigos?
58

Resumindo...
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Nesta aula, vimos os conceitos de associações, cooperativas e sociedades


empresárias, bem como as diferenças entre elas.

• Uma associação é uma pessoa jurídica de natureza privada sem fins


lucrativos, na qual vários indivíduos se organizam de forma democrática em
defesa de seus interesses.

• Uma cooperativa é uma associação de pessoas que se unem, volun-


tariamente, para satisfazer aspirações e necessidades econômicas, sociais e
culturais comuns, por meio de uma empresa de propriedade coletiva e gestão
democrática.

• A sociedade empresária é a empresa que exerce uma atividade econômica


organizada para a produção ou circulação de bens ou de serviços.

• As diferenças entre associações, cooperativas e sociedades empresárias são


mais marcantes nos itens quanto a sua natureza, seus objetivos e formas de
gestão e constituição.

Informações sobre a próxima aula


Na próxima aula, você verá quais são os passos necessários para montar uma
associação e quais os tipos de associações mais comuns.
59

Respostas das Atividades

Aula 3 – Organizações comunitárias com base na cooperação


Atividade 1
Você poderia citar um sindicato, uma associação de moradores, um clube, um
grêmio estudantil, uma associação comercial, dentre outras. Você certamente
percebeu, de alguma forma, que seus objetivos são a prática de atos civis. Por
quê? Porque os atos civis são aqueles que abrangem atividades como a agricultura
e a prestação de serviços.

Atividade 2
Você poderia ter abordado a história de algumas cooperativas de várias formas,
mas é importante que na sua pesquisa você destaque o ano de fundação, quantos
cooperados tinha na época da fundação e quantos tem agora, quais são suas
principais atividades econômicas e se ela passou por momentos de dificuldade e
como foram superados.

Atividade 3
A sociedade empresária é a reunião de duas ou mais pessoas que exercem
profissionalmente uma atividade econômica organizada para a produção ou
circulação de bens ou de serviços, constituindo elemento de empresa. Como
exemplos, você poderia citar qualquer tipo de indústria, supermercado, loja de
roupas e sapatos, restaurante, banco, entre outros.

Atividade 4
Vimos que a associação é mais adequada para levar adiante uma atividade social
e que a cooperativa é mais adequada para desenvolver uma atividade comercial.
Naquele momento, eles escolheram a associação porque seu gerenciamento é mais
simples e o custo de registro é menor. Vale a pena lembrar que, muitas vezes, um
pequeno grupo de produtores rurais inicia a organização de suas atividades por meio
de uma associação, que em função do tempo, do número de associados e de seu
desenvolvimento, acaba se transformando em cooperativa.
60 Referências bibliográficas
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário eletrônico Aurélio Século XXI. Rio
de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

GAWLAK, A.; RATZKE, F. A. y. Cooperativismo: primeiras lições. Brasília: Sescoop,


2004.

PRODUTORES assentados em Alagoas viram caso de sucesso. Revista Sebrae Agronegócios,


11 jan. 2007.

PINHO, D. B. O Cooperativismo no Brasil: da vertente pioneira à vertente solidária.


São Paulo: Saraiva, 2003. p. 357.

RAMIREZ, B. R. Formas Associativas de cooperación. Unisinos, Perspectiva Econômica,


São Leopoldo, nº 11, 1983.

SANTOS, F. E. de G. Capacitação básica em associativismo: manual de associativismo.


Belo Horizonte, 2000.

SEXTON, R. J. Cooperatives and the Forces Shaping Agricultural Marketing. American


Journal of Agricultural Economics, Menasha, p. 1167-1172, dez. 1986.
Associações
Adriana Ventola Marra

e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo


Aula 4
Meta
Apresentar alguns tipos de associações e os procedi-
mentos necessários para os grupos de pessoas se
organizarem e fundarem associações.

Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1. identificar tipos de associações;

2. identificar as principais condições para a criação


de uma associação;

3. descrever os passos para a formalização de uma


associação.
Características das associações 63

Aula 4 – Associações
Na Aula 3, vimos que, de forma geral, o associativismo compreende toda iniciativa
por meio da qual um grupo de pessoas ou de instituições busca realizar determinados
interesses comuns, sejam eles econômicos, sociais, políticos ou culturais.

Antes de prosseguirmos, é importante relembrar que as associações se caracterizam


por:

• reunir duas ou mais pessoas físicas ou jurídicas para a realização de objetivos


comuns;

• ter seu patrimônio constituído pela contribuição dos associados, doações,


subvenções etc.;

• permitir a seus associados deliberarem livremente em Assembléia Geral, tendo,


cada associado, direito a um voto;

• ser entidades de direito privado, ou seja, possuir uma atividade de natureza


particular, e não-pública.

Alguns tipos de associações


Existem vários tipos de associações que são classificadas em função de suas atividades
e seus objetivos principais. Nesta aula, vamos enumerar apenas as associações mais
comuns: filantrópicas, de moradores, de pais e mestres, de consumidores, de produ-
tores rurais, de classe ou atividade profissional, culturais e desportivas, sociais em
defesa da vida e voltadas para compras.

Vamos começar estudando as associações de produtores rurais, pois elas merecem


sua atenção especial, já que você é aluno do curso de técnico em agropecuária.
64 Associações de produtores rurais
e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Fazem parte desse tipo de associações os empresários rurais ou produtores,


propriamente ditos. Elas são organizadas para a realização de atividades produtivas
ou para a divulgação dessas atividades (Figura 4.1). Em geral, são boas alternativas
frente às necessidades de expansão de mercado. Existem vários exemplos reais desse
tipo de associação. Dê uma olhada no Boxe Multimídia a seguir.

Fonte: www.freedigitalphotos.net/details.php?gid=204&sgid=&pid=2112

Figura 4.1: Produção de suínos, exemplo de atividade das associações rurais.

Multimídia

Se você quiser conhecer um pouco mais uma associação, acesse o site


da Associação dos Produtores de Soja do Estado de Mato Grosso: http://
www.aprosoja.com.br. Lá você verá, entre outras coisas, que o objetivo dessa
associação é congregar os produtores de soja do Estado de Mato Grosso a fim de
incentivar a produção e o consumo de soja e derivados, dentro de conceitos que
induzam à qualidade, à produtividade e à sustentabilidade dessa cultura com
respeito à legislação vigente e em harmonia com o meio ambiente.
65
No endereço http://www.apcacau.com, conheça a Associação dos Produtores de

Aula 4 – Associações
Cacau, que tem como objetivo defender os interesses da cacauicultura e promover
o debate dos temas socioeconômicos e ambientais das regiões cacaueiras.

Conheça também a Associação de Produtores do Núcleo Rural Lago Oeste, no


endereço http://www.asproeste.org.br, cujo objetivo é disseminar práticas
agrícolas e pastoris, particularmente com a produção de produtos orgânicos e
atividades industriais afins e a conservação de recursos naturais do Núcleo Rural
Lago Oeste, do Parque Nacional de Brasília e da APA do Cafuringa.

São inúmeros os exemplos que poderíamos citar. Vá aos sites indicados ou use
algum mecanismo de busca (como o Google) para procurar outras associações
de produtores. Veja quantos exemplos existem.

Lendo a história dessas associações, vemos que elas são organizações constituídas
pela união dos produtores rurais com o objetivo de integrar esforços e ações dos
agricultores e seus familiares em benefício da melhoria do processo produtivo e da
própria comunidade às quais pertencem. Visam desenvolver projetos de produção,
defender os interesses dos associados e prestar assistência técnica aos próprios
produtores.

ONG
Organização não-
Associações beneficentes de assistência social governamental sem
(filantrópicas) fins lucrativos que
tem finalidade pública
Esse tipo de associação é formado por pessoas físicas ou jurídicas, por meio de e que pode atuar em
seus representantes que trabalham como voluntários com a finalidade de prestar diversas áreas: meio
assistência social a crianças, idosos, portadores de necessidades especiais, ambiente, combate à
pobreza, assistência
pessoas carentes, doentes, entre outros. Muitas vezes, esse tipo de associação
social, saúde,
é popularmente conhecido como ONG, mas vale lembrar que nem toda ONG é educação, reciclagem,
uma associação. desenvolvimento
sustentável.
66 Associações de moradores
e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Em geral, nos bairros das cidades, os moradores se organizam em associações


(Figura 4.2).

Figura 4.2: Associação de moradores.

Normalmente, essas pessoas estão buscando melhorar as condições de moradia no


bairro, reivindicando acesso a serviços de saneamento, água encanada, telefonia,
pavimentação de ruas, assistência médica e escolas.

Desde 1982, existe no Brasil a Confederação Nacional das Associações de


Moradores (CONAM), que tem como papel organizar as associações comunitárias e
entidades de bairro. Seu endereço eletrônico é: http://www.conam.org.br.
Associação de pais e mestres 67

Aula 4 – Associações
A grande maioria das escolas de ensino básico tem uma associação de pais e
mestres. Como o próprio nome diz, ela é formada por pais dos alunos, alunos
maiores de 18 anos, professores e funcionários da escola. A principal função dessa
associação é atuar, em conjunto com o Conselho da Escola, na gestão da unidade
escolar, participando das decisões relativas à organização e ao funcionamento
escolar nos aspectos administrativos, pedagógicos e financeiros.

Associações de consumidores
Muitas vezes, os consumidores se sentem lesados pelos vendedores/lojistas ao
comprarem determinados produtos que podem ter problemas de qualidade ou
estar sendo comercializados a preços abusivos. Pensando nessas questões, alguns
consumidores se organizam e fundam associações para defenderem seus direitos.
O próprio CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (CDC) é um exemplo de conquista CÓDIGO DE DEFESA
dessas associações. Em 2000, no Rio de Janeiro, foi criada uma Associação de DO CONSUMIDOR
Consumidores com tais propósitos, cujo site oficial é http://www.adicons.org.br. Lei nº 8.078, de 11 de
setembro de 1990, que
Associações sociais em defesa da vida dispõe sobre os direitos e
deveres do consumidor.
Existem pessoas que se unem em função de uma tragédia que estão vivendo
ou viveram, como o caso de pais e mães que perderam seus filhos vítimas de
balas perdidas ou doença grave. A partir dessas situações, surgem iniciativas
para montar associações que ajudem outras pessoas a vivenciar problemas
semelhantes. Podemos citar como exemplos os Alcoólatras Anônimos, grupos de
prevenção da AIDS, grupos de diabéticos etc. Esse tipo de associação também
comporta entidades que lutam por questões sociais, políticas e culturais próprias
de grupos sociais marginalizados, como os meninos de rua, as prostitutas e os
homossexuais.

Um exemplo real desse tipo é a Associação Camila em Defesa e Valorização da Vida,


que foi idealizada a partir de uma tragédia: o assassinato de Camila, de 16 anos,
baleada por testemunhar o assassinato de um rapaz em abril de 1997. Disponível
no endereço eletrônico: http://www.portalviceversa.com.br/listing.php?id=5.
68 Associações culturais e desportivas
e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Essas associações surgem da necessidade de defender atividades literárias,


artísticas, desportivas, entre outras. A união de um grupo de pessoas em torno
de atividades culturais (Figura 4.3) ou esportivas pode se dar por meio de clubes
recreativos ou de futebol, como é o caso da Associação Desportiva São Caetano
(time de São Paulo).

Figura 4.3: Associação Cultural.

Multimídia

Como exemplo de associação cultural, veja a história da Associação Cultural


Vitta, uma entidade que busca difundir a cultura brasileira por meio da música:
http://www.associacaoculturalvitta.com.br.
69
Associações de classe

Aula 4 – Associações
Quando empresários ou trabalhadores se unem para defender seus interesses profis-
sionais, eles podem formar uma associação de classe, responsável por congregar
os profissionais de determinada área, visando à atualização e ao aprimoramento
profissional através da promoção de eventos, cursos, vendas de publicações da área,
criação de grupos de trabalho por áreas etc.

Não devemos confundir as associações de classe com os sindicatos ou as centrais


trabalhistas, que reivindicam, junto ao patronato e ao governo, melhores salários
e condições de trabalho. Temos como exemplo clássico a Ordem dos Advogados do
Brasil (OAB). Ela defende os interesses da classe dos advogados, bem como seu
aprimoramento profissional, ao recomendar cursos superiores de Direito.

Associações de compras ou vendas


São decorrentes do acordo entre empresários, de um mesmo ramo de atividade
ou não, que se juntam para, através de ações conjuntas, melhorar suas políticas
comerciais ou de serviços aos associados. As principais vantagens para os associados
são: aumento do poder de negociação, preços mais competitivos, eliminação de
intermediários, melhores condições de pagamento, menor custo de estocagem e de
frete, acesso a grandes fornecedores etc.

Agora já podemos fazer uma atividade. Vamos lá?

Atividade 1 Atende ao Objetivo 1

De acordo com os objetivos listados a seguir, indique o tipo de associação mais


apropriado para o caso:

a. Melhorias no processo educacional de seus filhos:

b. Necessidades de infra-estrutura em seu bairro:

c. União de técnicos em agropecuária buscando o aprimoramento profissional:


70 d. União dos supermercados de uma determinada região para realizar compras
conjuntas:
e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo

e. União de donas de casa em defesa de preços mais baixos dos alimentos:

f. União de produtores rurais para vender sua produção:

g. Alunos de um colégio montam grupo para desenvolver atividades culturais:

Como organizar as pessoas em associações


Estudando cada um dos tipos de associações, com certeza você pôde identificar
associações conhecidas e outras que, em sua opinião, deveriam ser fundadas. Mas
não basta que você ache importante montar uma associação. Podemos dizer que
para as pessoas se organizarem em uma associação é importante que existam três
condições básicas:

• um objetivo comum;

• uma liderança;

• uma participação efetiva dos membros.

Se você reler tudo o que foi dito sobre cada associação, provavelmente verá que,
de certa forma, essas três condições estão presentes nas bases da fundação de
cada uma delas. Agora, vamos estudar cada uma dessas condições.

Objetivo comum:

Com certeza, é o primeiro grande passo para se montar uma associação. Não adianta
reunir várias pessoas com necessidades diversas (Figura 4.4).
71

Aula 4 – Associações
Figura 4.4: Pessoas com objetivos diversos.

Como exemplo, podemos citar os vários produtores rurais que vendem produtos
diferenciados: um trabalha com leite, outro com frutas, outro com pequenos
animais e outro com grãos, e cada um enxerga o outro produtor apenas como mais
um competidor. Neste caso, ficaria muito complicado fazer uma associação com
interesses tão diversificados.

As pessoas devem identificar que os seus problemas e/ou suas necessidades são
comuns e reconhecer que podem buscar soluções em conjunto.
72 Liderança:

Para que qualquer atividade em grupo tenha sucesso, é necessário que haja uma
e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo

boa liderança. Mas o que é liderança, então?

Liderança é a capacidade que alguém tem de conduzir um grupo de pessoas para


atingir um objetivo comum.

Podemos dizer que um bom líder é aquele capaz de:

• criar estímulos para que as pessoas busquem soluções e resolvam os


problemas;

• facilitar o trabalho em conjunto e a integração das pessoas;

• reunir as pessoas em torno do objetivo;

• coordenar as ações das pessoas na realização das tarefas.

Você irá estudar o tema liderança mais profundamente na disciplina de Administração


Rural, mas é importante destacar que para que o líder tenha representatividade em
sua associação é necessário que ele saiba ouvir, seja um bom negociador, seja
honesto, conheça a realidade da associação e do ambiente em que ela está inserida,
seja uma pessoa aberta – para facilitar a participação – e tenha competência
técnica para coordenar as tarefas.

Os associados devem pensar em todas essas características quando vão escolher


seu líder em uma assembléia. Não se esqueça: um líder incompetente pode,
literalmente, afundar a associação.

Participação dos associados:

É extremamente importante, assim como a competência do líder de uma associação.


Você sabe dizer o que é participação numa associação (Figura 4.5)?
73

Aula 4 – Associações
Figura 4.5: Participação dos associados numa assembléia.

Participação é um processo de envolvimento efetivo em qualquer iniciativa da


associação, seja ela de caráter econômico ou social. Quando uma pessoa participa
efetivamente, ela pensa sobre determinada situação proposta na associação, tem
idéias, partilha suas idéias, avalia outras idéias, faz seu julgamento baseado em
fatos e informações, respeita o estatuto da associação, compromete-se com aquilo
que foi resolvido, parte para a ação e avalia os resultados de sua ação.

Deve ficar claro que uma pessoa participativa não é aquela que passa a reunião inteira
falando e dando opiniões, sem escutar as opiniões alheias e sempre achando que
está certa. Participar também não é analisar uma situação, enxergar os problemas
sem expô-los aos demais associados para não criar conflitos. Participar é saber ouvir,
expressar suas opiniões quando é necessário e respeitar a opinião alheia.

Em suma, a condição essencial para se formar uma associação é a reunião de pessoas


participativas com um objetivo comum, sob a orientação de um bom líder.
74
e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Atividade 2 Atende ao Objetivo 2

Quais as condições necessárias para que as pessoas se mobilizem para formar uma
associação?

Como formalizar uma associação


Para que a associação possa atender a todas as necessidades de seus associados,
ela deve ser legalizada. Portanto, é preciso seguir alguns passos formais para que
ela funcione dentro da lei.

Para a criação de uma associação, é preciso que:

1. Um grupo de pessoas se reúna com objetivos comuns.

2. Dentro desse grupo, sejam escolhidas algumas pessoas para formar uma
comissão provisória que tomará as primeiras providências.

MINUTA 3. O grupo elabore uma MINUTA do estatuto para a associação.

Primeira redação escrita 4. Uma reunião seja convocada para a discussão preliminar do estatuto. (Atenção:
de um documento oficial; nas próximas aulas explicaremos detalhadamente como elaborar um estatuto.)
rascunho.
5. Em toda reunião seja elaborada uma ATA.
ATA
6. Seja convocada a assembléia para a fundação da associação. Nessa assembléia deve
Registro por escrito de ser aprovado o estatuto por pelo menos 2/3 dos membros da associação, deve ser
sessão ou cerimônia
eleita a diretoria e deve-se dar posse a seus membros.
de alguma corporação,
assembléia.
7. Seja feito o registro da associação (Figura 4.6) em um Cartório de Títulos e 75
Documentos (é o tipo de cartório onde se registram documentos de empresas).

Aula 4 – Associações
Para isso, é necessário levar o requerimento de registro (veja exemplo ao final
desta aula), a ata de fundação da associação, o estatuto da associação e os
documentos pessoais do presidente.

Figura 4.6: Entrega de documentos no cartório.

8. Seja realizada a inscrição na Secretaria da Receita Federal para a obtenção do


Cadastro Nacional de Pessoas Jurídicas (CNPJ).
76
e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Explicativo

CNPJ é o documento fornecido pela Secretaria da Receita Federal do Ministério


da Fazenda e cuja solicitação é feita com os seguintes formulários fornecidos
pela Receita Federal:

– Ficha Cadastral da Pessoa Jurídica (FCPJ), anexada com o ato constitutivo,


devidamente registrado;

– quadro de associados;

– Ficha Complementar (FC).

A instrução normativa SRF nº 001, de 4 de janeiro de 2000 (DOU de 20/1/2000),


regulamenta a inscrição no CNPJ. Todas as pessoas jurídicas são obrigadas a fazê-
la, com uma inscrição para cada estabelecimento.

9. Seja feita a inscrição na Secretaria Estadual da Fazenda para a obtenção da


inscrição estadual. Esse passo só é necessário para as associações que comercializem
produtos e precisem emitir nota fiscal.

10. Realize-se a inscrição na prefeitura. Isso é importante se a associação for


filantrópica, para ficar isenta dos impostos, e se for prestadora de serviços, para
emitir notas fiscais de prestação de serviços.

11. Seja feita a inscrição no INSS e no Ministério do Trabalho, caso haja


funcionários.

Após todos esses passos, a associação estará pronta para o funcionamento, mas
quando os representantes da associação não querem ou não têm tempo de fazer
tudo isso sozinhos (o que é muito comum), podem contratar um contador para
realizar a parte burocrática do registro.

Concluindo, podemos perceber que a organização das pessoas em associações é uma


das melhores formas de se resolver problemas e satisfazer as necessidades comuns.
77

Aula 4 – Associações
Atividade 3 Atende ao Objetivo 3

Quais procedimentos devem ser realizados pelos associados antes do registro


efetivo da associação?

Resumindo...

Nesta aula, você viu que:

• Existem vários tipos de associações, um para cada atividade específica.

• As associações mais comuns são: filantrópicas, de moradores, de pais e mestres,


de consumidores, de produtores rurais, de classe ou atividade profissional,
culturais e desportivas, sociais em defesa da vida e voltadas para compras.

• As associações de produtores estão voltadas para difundir mais os seus


produtos e abrir novos mercados.

• Qualquer tipo de associação deve ter um objetivo comum, um bom líder


e a participação efetiva de seus membros para que obtenha sucesso.

• As pessoas devem identificar que os seus problemas e/ou suas necessidades


são comuns e reconhecer que podem buscar soluções em conjunto.

• Liderança é a capacidade que alguém tem de conduzir um grupo de pessoas


para atingir um objetivo comum.

• Participação é um processo de envolvimento efetivo em qualquer iniciativa


da associação, seja ela de caráter econômico ou social.
78
• Existem vários procedimentos legais que devem ser seguidos para o registro
e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo

formal de uma associação.

• Somente uma associação registrada e dentro da lei pode cumprir efeti-


vamente seu papel econômico e social.

Informação sobre a próxima aula


Na próxima aula apresentaremos a doutrina cooperativista, enfatizando seus valores,
seus princípios e sua simbologia.

Respostas das Atividades

Atividade 1
De acordo com as definições dos tipos de associações apresentadas no texto, as
mais adequadas para cada caso são:

a. uma associação de pais e mestres

b. uma associação de moradores

c. uma associação de classe

d. uma associação de compras

e. uma associação de consumidores

f. uma associação de produtores rurais

g. uma associação cultural

Atividade 2
As condições necessárias para que as pessoas se mobilizem a fim de que haja uma
associação são aquelas listadas no texto. Primeiramente, é essencial que todos
tenham um objetivo comum. Em segundo lugar, é importante identificar um bom
líder. Para completar, deve haver a participação efetiva dos membros em todas as
ações da associação.
Atividade 3 79

Antes do registro da associação no cartório, deve-se reunir um grupo de pessoas

Aula 4 – Associações
com um objetivo comum, retirar desse grupo uma comissão provisória, que deve
elaborar uma minuta de estatuto, convocar nova reunião com todos os associados
para aprová-la, eleger a diretoria e dar posse a ela. É preciso lembrar também que
todas as reuniões devem ser registradas em atas.

Referências bibliográficas
FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário eletrônico Aurélio Século XXI.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

ORGANIZAÇÃO das Cooperativas Brasileiras. O que você precisa saber sobre o


cooperativismo. Brasília [199?].

RAMIREZ, B. R. Formas associativas de cooperación. Perspectiva Econômica, São


Leopoldo, n. 11, 1983.

SANTOS, Flávio Eduardo de Gouvêa. Capacitação básica em associativismo: manual


de associativismo. Belo Horizonte: [S.n.], 2000.

SCHNEIDER, José O. A doutrina do cooperativismo nos tempos atuais. Cadernos Cedope,


São Leopoldo, v. 6, n. 12, 1994, p. 7-23.

SINDICATO e Organização das Cooperativas do Estado de Goiás. Cooperativismo


passo a passo. Goiânia: OCB/GO, 2001.
80
MODELO DE REQUERIMENTO
e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo

REQUERIMENTO AO CARTÓRIO DO REGISTRO DE TÍTULOS E DOCUMENTOS

Ilmº. Sr. Oficial do Cartório do Registro de Títulos e Documentos

A ASSOCIAÇÃO (NOME DA ASSOCIAÇÃO E DA CIDADE), com sede nesta cidade, à Rua _______
_______________________________________, nº____, por seu Diretor-Presidente abaixo
assinado, (nome, qualificação e endereço residencial), juntamente com o advogado (nome e
nº de registro OAB), vem requerer a V. Sª. se digne determinar seu registro como sociedade
civil, motivo pelo qual anexa os seguintes documentos:

1 – Ata da Fundação assinada pelo Diretor-Presidente, com firma reconhecida.

2 – Estatuto Social aprovado, devidamente assinado pelo Diretor-Presidente, com firma


reconhecida.

3 – Relação da Diretoria atual com nomes, nacionalidade, estado civil e profissão de seus
membros, assinada pelo Diretor-Presidente, com firma reconhecida.

4 – Relação dos Sócios Fundadores com nomes, nacionalidade, estado civil, profissão dos
mesmos, assinada pelo Diretor-Presidente, com firma reconhecida.

5 – Dois exemplares do Diário Oficial do Estado, em que constou a publicação do Extrato do


Estatuto, devidamente assinalada com uma seta.

Pede deferimento.

Localidade, data e assinatura do Diretor-Presidente e do Advogado, com firmas reconhecidas.

Observação: todas as folhas deverão ser rubricadas.


Adriana Ventola Marra
Doutrina cooperativista

e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo


Aula 5
META

Apresentar os valores e os princípios do


cooperativismo, bem como seus principais símbolos,
no Brasil e no mundo.

OBJETIVOS

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1. identificar os valores do cooperativismo;

2. reconhecer os princípios do movimento


cooperativista;

3. identificar símbolos que representam o


cooperativismo em diversos produtos.
Os valores do cooperativismo 83

Aula 5 – Doutrina cooperativista


Na Aula 4, dedicamo-nos exclusivamente às associações, mostrando quais são
seus tipos e como devemos fazer para montar uma associação.

Nesta aula, retomaremos o cooperativismo e sua DOUTRINA. Então, vamos DOUTRINA


começar apresentando os valores do cooperativismo. Conjunto de valores
e princípios em que se
Se você tiver
baseia a filosofia
alguma dúvida entre
cooperativas e do cooperativismo.
associações, releia a
Aula 3 para relembrar
as diferenças.

Todas as organizações e as sociedades em geral são criadas com base em valores


considerados fundamentais para seu melhor funcionamento.

E você sabe o que são valores?

Valores são aspectos que orientam as pessoas nas suas práticas diárias e nos
seus relacionamentos com outras pessoas e instituições. Em suma, os valores são
qualidades pelas quais as instituições são reconhecidas, são méritos que fazem
parte dos ideais e da moral de uma entidade.
84 No cooperativismo, os valores fazem parte da prática cooperativista desde seus
precursores e dos pioneiros de Rochdale (Aula 2). Observe a Figura 5.1:
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Ajuda mútua,
solidariedade Igualdade e
Democracia Responsabilidade Honestidade e
e preocupação Responsabilidade eqüidade social transparência
com o
semelhante

Figura 5.1: Valores do cooperativismo.

Destacamos a seguir os valores do cooperativismo, conforme demonstrado na


Figura 5.1.

1. Ajuda mútua, solidariedade e preocupação com o semelhante: a cooperativa


pretende que todos se esforcem e trabalhem juntos, ajudando-se mutuamente.
Por exemplo, quando algum produtor rural, membro da cooperativa, está passando
por alguma dificuldade (uma praga em sua plantação, problemas financeiros
etc.), os demais cooperados devem ajudá-lo a superar esse momento. Esse valor
também está intimamente ligado aos aspectos da responsabilidade social das
cooperativas.

2. Responsabilidade: os cooperados devem ter atitudes responsáveis para não


prejudicar os demais membros da cooperativa nem seus clientes e fornecedores.
A responsabilidade traduz-se em seguir as orientações da cooperativa, quanto à
qualidade da produção; participar efetivamente de todas as ações da cooperativa,
dando opiniões e sugestões, respeitando as decisões do grupo; e responsabilidade
financeira, evitando o endividamento.
3. Democracia: as decisões, principalmente de grande importância, devem ser 85
tomadas em assembléias em que todos tenham acesso e cada membro tenha

Aula 5 – Doutrina cooperativista


um voto. Nas próximas aulas, abordaremos em detalhes como funciona uma
assembléia.

4. Igualdade e eqüidade: eqüidade quer dizer a atitude de reconhecer impar-


cialmente o direito de cada pessoa. Portanto, na cooperativa não pode haver
distinção de pessoas; todos devem ser tratados igualmente. Todos os associados
têm iguais direitos e deveres. É totalmente contra seus valores o surgimento de
grupos privilegiados, ou seja, algumas pessoas serem melhor tratadas em função
de sua condição social ou parentesco, por exemplo.

5. Responsabilidade social: os dirigentes da cooperativa e os cooperados devem


orientar suas ações de forma a proporcionar benefícios à sociedade. Podemos citar
como exemplos de responsabilidade social: a participação dos membros da cooperativa
como voluntários em projetos sociais da comunidade; a própria cooperativa, patro-
cinando projetos de preservação do meio ambiente; a educação de jovens e crianças
em comunidades carentes, oferecidos pela cooperativa; entre outros.

Curiosidade

A maior cooperativa de saúde do Brasil, a Unimed, criou, em 2003, o Selo


de Responsabilidade Social. Esse selo vem reforçar em suas cooperativas (a
Unimed é uma cooperativa de 2o. grau, como veremos na próxima aula) a noção
de responsabilidade com a sociedade. Para receber o selo, as cooperativas da
Unimed apresentam relatórios, mostrando suas ações de responsabilidade social
em suas áreas de cobertura.

A avaliação é baseada em critérios inspirados em outras instituições, como


Fundação Bradesco, Instituto C&A e nos Indicadores Ethos de Responsabilidade
Social.

Veja mais detalhes no site http://www.unimed.com.br.

6. Honestidade e transparência: os dirigentes devem administrar a cooperativa com


a máxima honestidade e transparência, buscando e incentivando a participação
crescente dos cooperados. Os relatórios financeiros e contábeis da cooperativa devem
ser acessíveis a todos os cooperados, ou seja, eles têm o direito de olhar e conferir
86 esses documentos quando acharem necessário. Todas as ações da cooperativa devem
ser claras, de forma que todos os cooperados tenham informações sobre o que
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

acontece na gestão da entidade.

Explicativo

Toda pessoa jurídica (empresa, cooperativa, associação, entre outras) tem


de registrar todas as suas movimentações financeiras em relatórios. Os mais
conhecidos são o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do
exercício (onde é levantado se a empresa teve lucro ou prejuízo naquele período
de tempo).

Atividade 1 Atende ao Objetivo 1

Diante dos valores do cooperativismo apresentados anteriormente, faça uma compa-


ração entre os valores que você e sua família preservam no relacionamento com outras
pessoas. Você percebeu alguma relação com os valores do cooperativismo? Identifique
e descreva tais relações.
Princípios do cooperativismo 87

Aula 5 – Doutrina cooperativista


Além de valores, todos nós temos princípios que são revelados por nossas atitudes,
representando o que acreditamos como sendo certo, correto, leal etc.

No caso do cooperativismo, seus princípios são as DIRETRIZES que orientam DIRETRIZES


as cooperativas para colocarem seus valores em prática. Isso quer dizer que a Conjunto de instruções ou
existência de uma Doutrina Cooperativista (conjunto de valores e princípios) rege indicações para nortearem
a estrutura e o funcionamento das cooperativas e serve como base de crescimento os negócios em
uma organização.
e desenvolvimento.

Esses princípios são originários da primeira cooperativa de Rochdale e ao longo


dos anos passaram por processos de adaptação, adequando-se às novas formas
de organização da sociedade. Sua última atualização foi em 1995, no congresso
comemorativo ao centenário do cooperativismo, realizado pela ACI (Aliança
Cooperativa Internacional), quando foram aperfeiçoados e adequados, embora
tenham acontecido, anteriormente, outras duas reformulações nos Congressos da
ACI de 1937 e 1966.

Atualmente, os princípios do cooperativismo são:

1. Adesão livre e voluntária

Cooperativas são organizações voluntárias abertas a todos para usar seus


serviços e que estejam dispostos a aceitar suas responsabilidades de membro
sem discriminação de gênero, de classe social, de raça, de IDEOLOGIA política de IDEOLOGIA
orientação sexual ou religiosa (Figura 5.2). Em outras palavras, podemos dizer Maneira de pensar que
que as portas de uma cooperativa devem estar sempre abertas à entrada e saída caracteriza um indivíduo
de pessoas que tenham os mesmos objetivos e que respeitem suas normas. Por ou um grupo de pessoas.

exemplo, você é um produtor de leite de determinada região na qual já existe uma


cooperativa de produtores de leite. Você, em momento algum, pode ser forçado
ou coagido a fazer parte da cooperativa, pois sua adesão é livre e voluntária.
Contudo, uma vez que decida fazer parte de uma cooperativa, proponha-se a
respeitar e cumprir todas as suas normas, os outros cooperados não podem
impedi-lo de fazer parte desse grupo.
88
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Gostaria de Seja bem-vinda!


fazer parte da Venha conhecer como
cooperativa funcionamos!

Figura 5.2: Adesão livre e voluntária.

2. Controle democrático pelos membros

Cooperativas são organizações democráticas nas quais os sócios (cooperados)


participam ativamente do processo de decisão através do voto. Independentemente
do número de cotas possuídas, cada cooperado tem direito a apenas um voto,
valendo pelo que é, e não pelo que tem. Em outras palavras, um cooperado pode
ser mais rico e poderoso do que os outros, mas seu voto terá o mesmo valor
que o dos demais. Os cooperados elegem alguns sócios para representá-los na
administração e na fiscalização das cooperativas, ficando esses submetidos às
decisões da assembléia de cooperados.

O melhor exemplo desse controle democrático é que a maior autoridade da


cooperativa não é seu presidente, e sim a assembléia de cooperados. Todos
os cooperados fazem parte da assembléia e podem a qualquer momento vetar
(proibir, não autorizar) uma decisão do presidente ou da diretoria.

Nas próximas aulas, estudaremos mais detalhadamente como funciona a organi-


zação administrativa de uma cooperativa e associação.
3. Participação econômica dos membros 89

Cada membro contribui igualmente com recursos financeiros (dinheiro) para a

Aula 5 – Doutrina cooperativista


formação do capital da cooperativa. Da mesma forma como aconteceu com os
Pioneiros de Rochdale (28 libras), parte desse capital é de propriedade comum da
cooperativa, sendo utilizado para seu crescimento. Os membros sempre recebem,
quando houver, uma remuneração limitada ao capital que cada um integralizou no
momento de sua entrada na cooperativa. Por exemplo, ao entrar na cooperativa,
cada membro integralizou um capital de R$ 500,00, o retorno financeiro de cada
um será limitado a esse valor.

E se a atividade da cooperativa render um retorno maior que os R$ 500,00 de cada


cooperado?

Nesse caso, existem sobras financeiras. Você pode estar se perguntando: O que
é isso? Lembre-se de que a cooperativa é uma entidade sem fins lucrativos;
portanto, se ela recebe mais do que gasta, ela não tem lucro, ela tem sobras
financeiras.

E havendo as sobras financeiras, os associados podem destiná-las para os


seguintes propósitos:

• Investimentos na própria cooperativa: construção de instalações, aquisição de


novos equipamentos, treinamento dos funcionários, desenvolvimento de novos
produtos, entre outros.

• Distribuição entre os cooperados, respeitando a proporção das suas transações


com a cooperativa (Figura 5.3). Voltando ao caso da cooperativa de leite, aquele
membro que entregou uma maior quantidade de leite durante o ano teria direito a
receber o dinheiro proporcionalmente à sua atividade, ou seja, mais do que aquele
que entregou menos.

• Apoio a quaisquer outras atividades aprovadas pelos membros, tais como:


viagem de membros da diretoria para conhecer outras cooperativas, projetos
sociais (de acordo com os valores de responsabilidade social), manutenção de
uma reserva financeira para fazer frente a imprevistos.
90
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Figura 5.3: Participação econômica dos membros.

4. Autonomia e Independência

O funcionamento da cooperativa é controlado pelos seus associados, que são os


AUTONOMIA donos do negócio. Em outras palavras, a cooperativa tem total AUTONOMIA e
Liberdade político- independência em suas ações, não dependendo de outras instituições públicas ou
administrativa que organismos externos.
partidos, sindicatos,
Essa autonomia deve ser garantida mesmo quando a cooperativa necessita buscar
corporações, cooperativas
têm em relação ao país ou empréstimos em organismos nacionais ou internacionais. Isso deve ser feito
à comunidade política dos em condições que assegurem o controle democrático pelos cooperados. Mesmo
quais fazem parte. quando uma cooperativa se associa a organismos internacionais de pesquisa para
o aperfeiçoamento de seus produtos deve ficar claro que em hipótese alguma esse
organismo pode interferir na gestão da cooperativa.
5. Educação, treinamento, informações 91

As cooperativas devem ter sempre como objetivo a educação e a formação dos

Aula 5 – Doutrina cooperativista


seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, capacitando-os
para a prática cooperativista, para o uso de equipamentos e de técnicas no
processo produtivo, e comercial. Isso acontece quando ela promove palestras,
tem CONVÊNIOS com escolas ou sistemas de ensino para treinar seus membros em CONVÊNIO
novas técnicas, entre outros. Acordo de prestação de
serviços existente
entre duas ou mais
pessoas jurídicas.
Multimídia

Uma prática constante das cooperativas agropecuárias brasileiras é o convênio


com o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), em que são ministrados
cursos de qualificação e aperfeiçoamento nas mais diversas áreas para os
cooperados. Entre no site http://www.senar.org.br e veja mais informações.

As cooperativas também buscam informar à comunidade em geral, particularmente


aos jovens, sobre a cultura da cooperação e suas vantagens. Elas realizam palestras
em escolas e distribuem panfletos e material explicativo sobre a doutrina
cooperativista. Nesse sentido, as cooperativas podem contar com a ajuda do
SESCOOP (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo). Veremos mais
detalhes sobre o SESCOOP na Aula 6.

6. Cooperação entre cooperativas (intercooperação)

As cooperativas devem trabalhar juntas para que haja um intercâmbio de


informações, produtos e serviços (Figura 5.4). Dessa forma, prestam melhores
serviços a seus associados e fortalecem o movimento cooperativista.

As cooperativas são organizadas em entidades representativas que facilitam a


intercooperação. As várias cooperativas de todos os ramos de atividades de Minas
Gerais, por exemplo, são representadas pela Organização das Cooperativas do
Estado de Minas Gerais. Isso acontece em todos os Estados brasileiros.
92
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Figura 5.4: Intercooperação.

A cooperação entre as cooperativas acontece principalmente quando elas trocam


informações sobre suas técnicas de produção, quando uma cooperativa maior se
torna cliente de uma cooperativa menor, quando uma cooperativa de determinado
ramo de atividade presta serviços para outra de outro ramo – uma cooperativa
de transporte prestando serviços para cooperativas agropecuárias, por exemplo.
Essas são apenas algumas das situações de intercooperação.

7. Preocupação com a comunidade

As cooperativas trabalham para o bem-estar de suas comunidades por meio da


execução de programas socioculturais, aprovados pelos seus membros, colocando
em prática o valor de responsabilidade social, como vimos no exemplo da Unimed.
Esse último princípio foi incorporado em 1995.

Multimídia

Além da Unimed, temos exemplos de muitas outras cooperativas que realizam


boas ações de responsabilidade social. Veja o site da http://www.cotrijal.com.br
(Cooperativa Agropecuária e Industrial) e clique no link de responsabilidade social
para ver o balanço de suas ações sociais que incluem campanhas de solidariedade
e trabalhos voluntários, bem como parcerias para embelezamento e manutenção
de espaços públicos e de proteção ambiental.
93
Atividade 2 Atende ao Objetivo 2

Aula 5 – Doutrina cooperativista


Enumere três ações que uma cooperativa pode realizar para seguir os princípios
do movimento cooperativista apresentados nesta aula.

Símbolos do cooperativismo
O cooperativismo possui uma simbologia própria: um emblema e uma bandeira.
Esses símbolos são utilizados e reconhecidos por todas as cooperativas do
mundo.

• O emblema do cooperativismo

Estudaremos primeiro o emblema, que, com certeza, você já viu em alguns produtos
ou serviços que consome em sua casa, pois todos os produtos ou serviços feitos por
uma cooperativa devem ter esse emblema na embalagem.

O emblema é uma representação simbólica, acompanhada ou não de legenda, que


se apresenta como sinal que distingue uma instituição de outras. Cada elemento
que compõe o emblema do cooperativismo tem um significado especial. Vejamos
cada um deles na Figura 5.5:

Figura 5.5: O significado das partes do emblema do cooperativismo.


94 Observando o emblema, a parte que se destaca é a dos dois pinheiros unidos.
Segundo a tradição cristã, o pinheiro é o símbolo da imortalidade e da fecundidade;
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

isso se dá por ser uma árvore bastante resistente que brota em qualquer terreno.
Os pinheiros estão juntos para enfatizar o aspecto da cooperação e de que a
união faz a força. O círculo em volta dos pinheiros quer destacar a questão da
continuidade, representando a vida eterna da cooperativa. A cor verde das árvores
reforça o princípio vital na natureza e o amarelo está representando o Sol como
fonte de energia.

Os idealizadores desse emblema quiseram retratar a doutrina cooperativista na


figura. Sua simbologia indica a união do movimento cooperativista mundial, a
imortalidade de seus princípios, que permanecem desde 1844, e a fecundidade de
seus ideais, pois o número de novas cooperativas aumenta dia-a-dia.

• A bandeira do cooperativismo

A bandeira do movimento cooperativista tem sete cores, representadas na imagem de


um arco-íris. Cada cor representa uma qualidade do cooperativismo (Figura 5.6).

Figura 5.6: Bandeira que simboliza o cooperativismo no mundo.

A primeira cor – da esquerda para a direita – é o vermelho, que representa a


coragem. A segunda é o alaranjado, representando uma visão de futuro. A terceira,
o amarelo, indicando a força e a energia dos cooperados. A quarta é o verde, que
indica o crescimento de cada um dos cooperados e da cooperativa. A quinta é o
azul, que representa o princípio do interesse pela comunidade e a responsabilidade
social. A sexta é o anil, que indica também a necessidade de ajudar a si e aos outros.
Por último, é a cor violeta, que significa o calor humano e o companheirismo.
Além das cores do arco-íris, temos a sigla da ACI, escrita embaixo, na cor violeta, 95
com um fundo branco e algumas pombas da paz, saindo do arco-íris. Essa

Aula 5 – Doutrina cooperativista


bandeira tradicional foi modificada em 2001. A ACI (Associação Internacional das
Cooperativas) resolveu por sua mudança, pois a primeira bandeira estava sendo
utilizada indevidamente por alguns grupos não-cooperativos. Contudo, no Brasil,
o emblema é muito mais conhecido do que a bandeira.

Explicativo

A primeira bandeira do Cooperativismo surgiu no século XVIII, pelas mãos do


precursor do Cooperativismo na França, Charles Fourier. Ele adotou a bandeira
com as sete cores do arco-íris como símbolo da comunidade ideal em bases
cooperativas que ele havia fundado.

Curiosidade

Além da bandeira e do emblema é comemorado o dia do cooperativismo, no primeiro


sábado de julho. O dia do cooperativismo foi instituído em 1923, no Congresso da
ACI, com o objetivo de comemorar a confraternização de todos os povos ligados
pelo cooperativismo.

Devemos lembrar que os símbolos do cooperativismo são principalmente utili-


zados para identificar os produtos e serviços realizados por cooperativas, que,
ao exibirem o símbolo do cooperativismo, em qualquer país, de qualquer língua,
quaisquer que sejam os princípios religiosos ou políticos, estarão divulgando
a doutrina cooperativista e indicando que tais produtos e serviços terão sido
produzidos com base nos valores de cooperação.
96
Atividade 3 Atende ao Objetivo 3
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Você certamente já usou algum produto ou serviço feito por cooperativas, embora
não tenha se dado conta disso. Procure identificar em produtos de limpeza,
alimentos e/ou serviços de transporte, médicos, educacionais, entre outros, os
símbolos apresentados nesta aula. Se quiser, comente sobre a qualidade dos
produtos.

Resumindo...

Apresentamos vários aspectos da doutrina cooperativista, onde foram


destacados:

• Os valores do cooperativismo, que são a ajuda mútua e a solidariedade,


a responsabilidade, a democracia, a igualdade e a eqüidade, a honestidade
e a transparência, a responsabilidade social e a preocupação com o
semelhante.

• Os sete princípios cooperativistas, que são as linhas orientadoras por


meio das quais as cooperativas levam seus valores à prática. Os sete
princípios do cooperativismo são os seguintes: a adesão voluntária e
livre, gestão democrática pelos membros, participação econômica dos
membros, autonomia e independência, educação, formação e informação,
intercooperação, interesse pela comunidade.

• Os símbolos do cooperativismo são o emblema e a bandeira.

• Esses símbolos são conhecidos mundialmente e servem para identificar


os produtos e serviços produzidos por cooperativas, além de divulgar a
doutrina cooperativista.
97

Respostas das Atividades

Aula 5 – Doutrina cooperativista


Atividade 1
Sua resposta é pessoal, dependendo dos valores específicos de sua família.
Esses valores guiam as ações desse grupo, da sua família. Mas, em sua análise,
você provavelmente incluiu: auto-ajuda, responsabilidade própria, democracia,
igualdade, eqüidade e solidariedade, honestidade, transparência, responsabilidade
social e preocupação com o semelhante, valores que guiam as ações dos
cooperados em suas cooperativas.

Atividade 2
Podem ser dados exemplos de ações que envolvam escolas para filhos de coope-
rados, palestras em comunidades carentes divulgando e explicando a doutrina
cooperativista e até o auxílio da própria cooperativa para que determinado grupo
funde uma outra cooperativa, melhorando excepcionalmente as condições de vida
desse grupo por meio da cultura da cooperação.

Atividade 3
Você pode buscar exemplos nos produtos alimentícios consumidos em sua casa.
Por exemplo, grande parte dos laticínios que consumimos em nossa casa é
produzida em cooperativas de leite. Se você encontrou alguns desses produtos,
procure identificar em que cooperativa é produzida e qual o seu endereço.

Referências bibliográficas
BATALHA, M. O. et al. Gestão agroindustrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. v. 1.

BIALOSKORSKI NETO, S. Agribusiness cooperativo: economia, crescimento e


estrutura de capital. Piracicaba, 1998. 257f. Tese (Doutorado) - Escola Superior
de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, 1998.

BRASIL. Lei n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional


de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e
dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF, 16 dez. 1971. Disponível em: <http://www.ocb.org.br/>.
Acesso em: 28 dez. 2007
98 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário eletrônico Aurélio Século XXI.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

FERREIRA, M. A. M.; BRAGA, M. J. Diversificação e Competitividade nas


Cooperativas Agropecuárias. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba,
v. 8, n. 4, 2004.

GAWLAK, A.; RATZKE, F. A. y. Cooperativismo: primeiras lições. Brasília: Sescoop,


2004.

JUVÊNCIO, F. de C.; ANDRADE, G. V. de; PANZUTTI, R. Cooperativismo ao alcance de


todos. São Paulo: OCESP, 2000. 120 p. (Coleção Orientação 1/2000).

PINHO, D. B. O Cooperativismo no Brasil: da vertente pioneira à vertente solidária.


São Paulo: Editora Saraiva, 2003. pp. 357.

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO. Disponível em:


<http://www.portaldocooperativismo.org.br/sescoop>. Acesso em: 28 dez. 2007.
Adriana Ventola Marra
Doutrina cooperativista

e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo


Aula 5
META

Apresentar os valores e os princípios do


cooperativismo, bem como seus principais símbolos,
no Brasil e no mundo.

OBJETIVOS

Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1. identificar os valores do cooperativismo;

2. reconhecer os princípios do movimento


cooperativista;

3. identificar símbolos que representam o


cooperativismo em diversos produtos.
Os valores do cooperativismo 83

Aula 5 – Doutrina cooperativista


Na Aula 4, dedicamo-nos exclusivamente às associações, mostrando quais são
seus tipos e como devemos fazer para montar uma associação.

Nesta aula, retomaremos o cooperativismo e sua DOUTRINA. Então, vamos DOUTRINA


começar apresentando os valores do cooperativismo. Conjunto de valores
e princípios em que se
Se você tiver
baseia a filosofia
alguma dúvida entre
cooperativas e do cooperativismo.
associações, releia a
Aula 3 para relembrar
as diferenças.

Todas as organizações e as sociedades em geral são criadas com base em valores


considerados fundamentais para seu melhor funcionamento.

E você sabe o que são valores?

Valores são aspectos que orientam as pessoas nas suas práticas diárias e nos
seus relacionamentos com outras pessoas e instituições. Em suma, os valores são
qualidades pelas quais as instituições são reconhecidas, são méritos que fazem
parte dos ideais e da moral de uma entidade.
84 No cooperativismo, os valores fazem parte da prática cooperativista desde seus
precursores e dos pioneiros de Rochdale (Aula 2). Observe a Figura 5.1:
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Ajuda mútua,
solidariedade Igualdade e
Democracia Responsabilidade Honestidade e
e preocupação Responsabilidade eqüidade social transparência
com o
semelhante

Figura 5.1: Valores do cooperativismo.

Destacamos a seguir os valores do cooperativismo, conforme demonstrado na


Figura 5.1.

1. Ajuda mútua, solidariedade e preocupação com o semelhante: a cooperativa


pretende que todos se esforcem e trabalhem juntos, ajudando-se mutuamente.
Por exemplo, quando algum produtor rural, membro da cooperativa, está passando
por alguma dificuldade (uma praga em sua plantação, problemas financeiros
etc.), os demais cooperados devem ajudá-lo a superar esse momento. Esse valor
também está intimamente ligado aos aspectos da responsabilidade social das
cooperativas.

2. Responsabilidade: os cooperados devem ter atitudes responsáveis para não


prejudicar os demais membros da cooperativa nem seus clientes e fornecedores.
A responsabilidade traduz-se em seguir as orientações da cooperativa, quanto à
qualidade da produção; participar efetivamente de todas as ações da cooperativa,
dando opiniões e sugestões, respeitando as decisões do grupo; e responsabilidade
financeira, evitando o endividamento.
3. Democracia: as decisões, principalmente de grande importância, devem ser 85
tomadas em assembléias em que todos tenham acesso e cada membro tenha

Aula 5 – Doutrina cooperativista


um voto. Nas próximas aulas, abordaremos em detalhes como funciona uma
assembléia.

4. Igualdade e eqüidade: eqüidade quer dizer a atitude de reconhecer impar-


cialmente o direito de cada pessoa. Portanto, na cooperativa não pode haver
distinção de pessoas; todos devem ser tratados igualmente. Todos os associados
têm iguais direitos e deveres. É totalmente contra seus valores o surgimento de
grupos privilegiados, ou seja, algumas pessoas serem melhor tratadas em função
de sua condição social ou parentesco, por exemplo.

5. Responsabilidade social: os dirigentes da cooperativa e os cooperados devem


orientar suas ações de forma a proporcionar benefícios à sociedade. Podemos citar
como exemplos de responsabilidade social: a participação dos membros da cooperativa
como voluntários em projetos sociais da comunidade; a própria cooperativa, patro-
cinando projetos de preservação do meio ambiente; a educação de jovens e crianças
em comunidades carentes, oferecidos pela cooperativa; entre outros.

Curiosidade

A maior cooperativa de saúde do Brasil, a Unimed, criou, em 2003, o Selo


de Responsabilidade Social. Esse selo vem reforçar em suas cooperativas (a
Unimed é uma cooperativa de 2o. grau, como veremos na próxima aula) a noção
de responsabilidade com a sociedade. Para receber o selo, as cooperativas da
Unimed apresentam relatórios, mostrando suas ações de responsabilidade social
em suas áreas de cobertura.

A avaliação é baseada em critérios inspirados em outras instituições, como


Fundação Bradesco, Instituto C&A e nos Indicadores Ethos de Responsabilidade
Social.

Veja mais detalhes no site http://www.unimed.com.br.

6. Honestidade e transparência: os dirigentes devem administrar a cooperativa com


a máxima honestidade e transparência, buscando e incentivando a participação
crescente dos cooperados. Os relatórios financeiros e contábeis da cooperativa devem
ser acessíveis a todos os cooperados, ou seja, eles têm o direito de olhar e conferir
86 esses documentos quando acharem necessário. Todas as ações da cooperativa devem
ser claras, de forma que todos os cooperados tenham informações sobre o que
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

acontece na gestão da entidade.

Explicativo

Toda pessoa jurídica (empresa, cooperativa, associação, entre outras) tem


de registrar todas as suas movimentações financeiras em relatórios. Os mais
conhecidos são o balanço patrimonial e a demonstração do resultado do
exercício (onde é levantado se a empresa teve lucro ou prejuízo naquele período
de tempo).

Atividade 1 Atende ao Objetivo 1

Diante dos valores do cooperativismo apresentados anteriormente, faça uma compa-


ração entre os valores que você e sua família preservam no relacionamento com outras
pessoas. Você percebeu alguma relação com os valores do cooperativismo? Identifique
e descreva tais relações.
Princípios do cooperativismo 87

Aula 5 – Doutrina cooperativista


Além de valores, todos nós temos princípios que são revelados por nossas atitudes,
representando o que acreditamos como sendo certo, correto, leal etc.

No caso do cooperativismo, seus princípios são as DIRETRIZES que orientam DIRETRIZES


as cooperativas para colocarem seus valores em prática. Isso quer dizer que a Conjunto de instruções ou
existência de uma Doutrina Cooperativista (conjunto de valores e princípios) rege indicações para nortearem
a estrutura e o funcionamento das cooperativas e serve como base de crescimento os negócios em
uma organização.
e desenvolvimento.

Esses princípios são originários da primeira cooperativa de Rochdale e ao longo


dos anos passaram por processos de adaptação, adequando-se às novas formas
de organização da sociedade. Sua última atualização foi em 1995, no congresso
comemorativo ao centenário do cooperativismo, realizado pela ACI (Aliança
Cooperativa Internacional), quando foram aperfeiçoados e adequados, embora
tenham acontecido, anteriormente, outras duas reformulações nos Congressos da
ACI de 1937 e 1966.

Atualmente, os princípios do cooperativismo são:

1. Adesão livre e voluntária

Cooperativas são organizações voluntárias abertas a todos para usar seus


serviços e que estejam dispostos a aceitar suas responsabilidades de membro
sem discriminação de gênero, de classe social, de raça, de IDEOLOGIA política de IDEOLOGIA
orientação sexual ou religiosa (Figura 5.2). Em outras palavras, podemos dizer Maneira de pensar que
que as portas de uma cooperativa devem estar sempre abertas à entrada e saída caracteriza um indivíduo
de pessoas que tenham os mesmos objetivos e que respeitem suas normas. Por ou um grupo de pessoas.

exemplo, você é um produtor de leite de determinada região na qual já existe uma


cooperativa de produtores de leite. Você, em momento algum, pode ser forçado
ou coagido a fazer parte da cooperativa, pois sua adesão é livre e voluntária.
Contudo, uma vez que decida fazer parte de uma cooperativa, proponha-se a
respeitar e cumprir todas as suas normas, os outros cooperados não podem
impedi-lo de fazer parte desse grupo.
88
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Gostaria de Seja bem-vinda!


fazer parte da Venha conhecer como
cooperativa funcionamos!

Figura 5.2: Adesão livre e voluntária.

2. Controle democrático pelos membros

Cooperativas são organizações democráticas nas quais os sócios (cooperados)


participam ativamente do processo de decisão através do voto. Independentemente
do número de cotas possuídas, cada cooperado tem direito a apenas um voto,
valendo pelo que é, e não pelo que tem. Em outras palavras, um cooperado pode
ser mais rico e poderoso do que os outros, mas seu voto terá o mesmo valor
que o dos demais. Os cooperados elegem alguns sócios para representá-los na
administração e na fiscalização das cooperativas, ficando esses submetidos às
decisões da assembléia de cooperados.

O melhor exemplo desse controle democrático é que a maior autoridade da


cooperativa não é seu presidente, e sim a assembléia de cooperados. Todos
os cooperados fazem parte da assembléia e podem a qualquer momento vetar
(proibir, não autorizar) uma decisão do presidente ou da diretoria.

Nas próximas aulas, estudaremos mais detalhadamente como funciona a organi-


zação administrativa de uma cooperativa e associação.
3. Participação econômica dos membros 89

Cada membro contribui igualmente com recursos financeiros (dinheiro) para a

Aula 5 – Doutrina cooperativista


formação do capital da cooperativa. Da mesma forma como aconteceu com os
Pioneiros de Rochdale (28 libras), parte desse capital é de propriedade comum da
cooperativa, sendo utilizado para seu crescimento. Os membros sempre recebem,
quando houver, uma remuneração limitada ao capital que cada um integralizou no
momento de sua entrada na cooperativa. Por exemplo, ao entrar na cooperativa,
cada membro integralizou um capital de R$ 500,00, o retorno financeiro de cada
um será limitado a esse valor.

E se a atividade da cooperativa render um retorno maior que os R$ 500,00 de cada


cooperado?

Nesse caso, existem sobras financeiras. Você pode estar se perguntando: O que
é isso? Lembre-se de que a cooperativa é uma entidade sem fins lucrativos;
portanto, se ela recebe mais do que gasta, ela não tem lucro, ela tem sobras
financeiras.

E havendo as sobras financeiras, os associados podem destiná-las para os


seguintes propósitos:

• Investimentos na própria cooperativa: construção de instalações, aquisição de


novos equipamentos, treinamento dos funcionários, desenvolvimento de novos
produtos, entre outros.

• Distribuição entre os cooperados, respeitando a proporção das suas transações


com a cooperativa (Figura 5.3). Voltando ao caso da cooperativa de leite, aquele
membro que entregou uma maior quantidade de leite durante o ano teria direito a
receber o dinheiro proporcionalmente à sua atividade, ou seja, mais do que aquele
que entregou menos.

• Apoio a quaisquer outras atividades aprovadas pelos membros, tais como:


viagem de membros da diretoria para conhecer outras cooperativas, projetos
sociais (de acordo com os valores de responsabilidade social), manutenção de
uma reserva financeira para fazer frente a imprevistos.
90
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Figura 5.3: Participação econômica dos membros.

4. Autonomia e Independência

O funcionamento da cooperativa é controlado pelos seus associados, que são os


AUTONOMIA donos do negócio. Em outras palavras, a cooperativa tem total AUTONOMIA e
Liberdade político- independência em suas ações, não dependendo de outras instituições públicas ou
administrativa que organismos externos.
partidos, sindicatos,
Essa autonomia deve ser garantida mesmo quando a cooperativa necessita buscar
corporações, cooperativas
têm em relação ao país ou empréstimos em organismos nacionais ou internacionais. Isso deve ser feito
à comunidade política dos em condições que assegurem o controle democrático pelos cooperados. Mesmo
quais fazem parte. quando uma cooperativa se associa a organismos internacionais de pesquisa para
o aperfeiçoamento de seus produtos deve ficar claro que em hipótese alguma esse
organismo pode interferir na gestão da cooperativa.
5. Educação, treinamento, informações 91

As cooperativas devem ter sempre como objetivo a educação e a formação dos

Aula 5 – Doutrina cooperativista


seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, capacitando-os
para a prática cooperativista, para o uso de equipamentos e de técnicas no
processo produtivo, e comercial. Isso acontece quando ela promove palestras,
tem CONVÊNIOS com escolas ou sistemas de ensino para treinar seus membros em CONVÊNIO
novas técnicas, entre outros. Acordo de prestação de
serviços existente
entre duas ou mais
pessoas jurídicas.
Multimídia

Uma prática constante das cooperativas agropecuárias brasileiras é o convênio


com o SENAR (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural), em que são ministrados
cursos de qualificação e aperfeiçoamento nas mais diversas áreas para os
cooperados. Entre no site http://www.senar.org.br e veja mais informações.

As cooperativas também buscam informar à comunidade em geral, particularmente


aos jovens, sobre a cultura da cooperação e suas vantagens. Elas realizam palestras
em escolas e distribuem panfletos e material explicativo sobre a doutrina
cooperativista. Nesse sentido, as cooperativas podem contar com a ajuda do
SESCOOP (Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo). Veremos mais
detalhes sobre o SESCOOP na Aula 6.

6. Cooperação entre cooperativas (intercooperação)

As cooperativas devem trabalhar juntas para que haja um intercâmbio de


informações, produtos e serviços (Figura 5.4). Dessa forma, prestam melhores
serviços a seus associados e fortalecem o movimento cooperativista.

As cooperativas são organizadas em entidades representativas que facilitam a


intercooperação. As várias cooperativas de todos os ramos de atividades de Minas
Gerais, por exemplo, são representadas pela Organização das Cooperativas do
Estado de Minas Gerais. Isso acontece em todos os Estados brasileiros.
92
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Figura 5.4: Intercooperação.

A cooperação entre as cooperativas acontece principalmente quando elas trocam


informações sobre suas técnicas de produção, quando uma cooperativa maior se
torna cliente de uma cooperativa menor, quando uma cooperativa de determinado
ramo de atividade presta serviços para outra de outro ramo – uma cooperativa
de transporte prestando serviços para cooperativas agropecuárias, por exemplo.
Essas são apenas algumas das situações de intercooperação.

7. Preocupação com a comunidade

As cooperativas trabalham para o bem-estar de suas comunidades por meio da


execução de programas socioculturais, aprovados pelos seus membros, colocando
em prática o valor de responsabilidade social, como vimos no exemplo da Unimed.
Esse último princípio foi incorporado em 1995.

Multimídia

Além da Unimed, temos exemplos de muitas outras cooperativas que realizam


boas ações de responsabilidade social. Veja o site da http://www.cotrijal.com.br
(Cooperativa Agropecuária e Industrial) e clique no link de responsabilidade social
para ver o balanço de suas ações sociais que incluem campanhas de solidariedade
e trabalhos voluntários, bem como parcerias para embelezamento e manutenção
de espaços públicos e de proteção ambiental.
93
Atividade 2 Atende ao Objetivo 2

Aula 5 – Doutrina cooperativista


Enumere três ações que uma cooperativa pode realizar para seguir os princípios
do movimento cooperativista apresentados nesta aula.

Símbolos do cooperativismo
O cooperativismo possui uma simbologia própria: um emblema e uma bandeira.
Esses símbolos são utilizados e reconhecidos por todas as cooperativas do
mundo.

• O emblema do cooperativismo

Estudaremos primeiro o emblema, que, com certeza, você já viu em alguns produtos
ou serviços que consome em sua casa, pois todos os produtos ou serviços feitos por
uma cooperativa devem ter esse emblema na embalagem.

O emblema é uma representação simbólica, acompanhada ou não de legenda, que


se apresenta como sinal que distingue uma instituição de outras. Cada elemento
que compõe o emblema do cooperativismo tem um significado especial. Vejamos
cada um deles na Figura 5.5:

Figura 5.5: O significado das partes do emblema do cooperativismo.


94 Observando o emblema, a parte que se destaca é a dos dois pinheiros unidos.
Segundo a tradição cristã, o pinheiro é o símbolo da imortalidade e da fecundidade;
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

isso se dá por ser uma árvore bastante resistente que brota em qualquer terreno.
Os pinheiros estão juntos para enfatizar o aspecto da cooperação e de que a
união faz a força. O círculo em volta dos pinheiros quer destacar a questão da
continuidade, representando a vida eterna da cooperativa. A cor verde das árvores
reforça o princípio vital na natureza e o amarelo está representando o Sol como
fonte de energia.

Os idealizadores desse emblema quiseram retratar a doutrina cooperativista na


figura. Sua simbologia indica a união do movimento cooperativista mundial, a
imortalidade de seus princípios, que permanecem desde 1844, e a fecundidade de
seus ideais, pois o número de novas cooperativas aumenta dia-a-dia.

• A bandeira do cooperativismo

A bandeira do movimento cooperativista tem sete cores, representadas na imagem de


um arco-íris. Cada cor representa uma qualidade do cooperativismo (Figura 5.6).

Figura 5.6: Bandeira que simboliza o cooperativismo no mundo.

A primeira cor – da esquerda para a direita – é o vermelho, que representa a


coragem. A segunda é o alaranjado, representando uma visão de futuro. A terceira,
o amarelo, indicando a força e a energia dos cooperados. A quarta é o verde, que
indica o crescimento de cada um dos cooperados e da cooperativa. A quinta é o
azul, que representa o princípio do interesse pela comunidade e a responsabilidade
social. A sexta é o anil, que indica também a necessidade de ajudar a si e aos outros.
Por último, é a cor violeta, que significa o calor humano e o companheirismo.
Além das cores do arco-íris, temos a sigla da ACI, escrita embaixo, na cor violeta, 95
com um fundo branco e algumas pombas da paz, saindo do arco-íris. Essa

Aula 5 – Doutrina cooperativista


bandeira tradicional foi modificada em 2001. A ACI (Associação Internacional das
Cooperativas) resolveu por sua mudança, pois a primeira bandeira estava sendo
utilizada indevidamente por alguns grupos não-cooperativos. Contudo, no Brasil,
o emblema é muito mais conhecido do que a bandeira.

Explicativo

A primeira bandeira do Cooperativismo surgiu no século XVIII, pelas mãos do


precursor do Cooperativismo na França, Charles Fourier. Ele adotou a bandeira
com as sete cores do arco-íris como símbolo da comunidade ideal em bases
cooperativas que ele havia fundado.

Curiosidade

Além da bandeira e do emblema é comemorado o dia do cooperativismo, no primeiro


sábado de julho. O dia do cooperativismo foi instituído em 1923, no Congresso da
ACI, com o objetivo de comemorar a confraternização de todos os povos ligados
pelo cooperativismo.

Devemos lembrar que os símbolos do cooperativismo são principalmente utili-


zados para identificar os produtos e serviços realizados por cooperativas, que,
ao exibirem o símbolo do cooperativismo, em qualquer país, de qualquer língua,
quaisquer que sejam os princípios religiosos ou políticos, estarão divulgando
a doutrina cooperativista e indicando que tais produtos e serviços terão sido
produzidos com base nos valores de cooperação.
96
Atividade 3 Atende ao Objetivo 3
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Você certamente já usou algum produto ou serviço feito por cooperativas, embora
não tenha se dado conta disso. Procure identificar em produtos de limpeza,
alimentos e/ou serviços de transporte, médicos, educacionais, entre outros, os
símbolos apresentados nesta aula. Se quiser, comente sobre a qualidade dos
produtos.

Resumindo...

Apresentamos vários aspectos da doutrina cooperativista, onde foram


destacados:

• Os valores do cooperativismo, que são a ajuda mútua e a solidariedade,


a responsabilidade, a democracia, a igualdade e a eqüidade, a honestidade
e a transparência, a responsabilidade social e a preocupação com o
semelhante.

• Os sete princípios cooperativistas, que são as linhas orientadoras por


meio das quais as cooperativas levam seus valores à prática. Os sete
princípios do cooperativismo são os seguintes: a adesão voluntária e
livre, gestão democrática pelos membros, participação econômica dos
membros, autonomia e independência, educação, formação e informação,
intercooperação, interesse pela comunidade.

• Os símbolos do cooperativismo são o emblema e a bandeira.

• Esses símbolos são conhecidos mundialmente e servem para identificar


os produtos e serviços produzidos por cooperativas, além de divulgar a
doutrina cooperativista.
97

Respostas das Atividades

Aula 5 – Doutrina cooperativista


Atividade 1
Sua resposta é pessoal, dependendo dos valores específicos de sua família.
Esses valores guiam as ações desse grupo, da sua família. Mas, em sua análise,
você provavelmente incluiu: auto-ajuda, responsabilidade própria, democracia,
igualdade, eqüidade e solidariedade, honestidade, transparência, responsabilidade
social e preocupação com o semelhante, valores que guiam as ações dos
cooperados em suas cooperativas.

Atividade 2
Podem ser dados exemplos de ações que envolvam escolas para filhos de coope-
rados, palestras em comunidades carentes divulgando e explicando a doutrina
cooperativista e até o auxílio da própria cooperativa para que determinado grupo
funde uma outra cooperativa, melhorando excepcionalmente as condições de vida
desse grupo por meio da cultura da cooperação.

Atividade 3
Você pode buscar exemplos nos produtos alimentícios consumidos em sua casa.
Por exemplo, grande parte dos laticínios que consumimos em nossa casa é
produzida em cooperativas de leite. Se você encontrou alguns desses produtos,
procure identificar em que cooperativa é produzida e qual o seu endereço.

Referências bibliográficas
BATALHA, M. O. et al. Gestão agroindustrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. v. 1.

BIALOSKORSKI NETO, S. Agribusiness cooperativo: economia, crescimento e


estrutura de capital. Piracicaba, 1998. 257f. Tese (Doutorado) - Escola Superior
de Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, 1998.

BRASIL. Lei n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional


de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e
dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF, 16 dez. 1971. Disponível em: <http://www.ocb.org.br/>.
Acesso em: 28 dez. 2007
98 FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário eletrônico Aurélio Século XXI.
Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

FERREIRA, M. A. M.; BRAGA, M. J. Diversificação e Competitividade nas


Cooperativas Agropecuárias. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba,
v. 8, n. 4, 2004.

GAWLAK, A.; RATZKE, F. A. y. Cooperativismo: primeiras lições. Brasília: Sescoop,


2004.

JUVÊNCIO, F. de C.; ANDRADE, G. V. de; PANZUTTI, R. Cooperativismo ao alcance de


todos. São Paulo: OCESP, 2000. 120 p. (Coleção Orientação 1/2000).

PINHO, D. B. O Cooperativismo no Brasil: da vertente pioneira à vertente solidária.


São Paulo: Editora Saraiva, 2003. pp. 357.

SERVIÇO NACIONAL DE APRENDIZAGEM DO COOPERATIVISMO. Disponível em:


<http://www.portaldocooperativismo.org.br/sescoop>. Acesso em: 28 dez. 2007.
Organização do sistema

Aula 6
cooperativista

E-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo


Adriana Ventola Marra
Meta
Apresentar a organização do sistema cooperativista,
dando destaque ao seu sistema de representação e a
sua classificação em tipos.

Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1. identificar o sistema de representação do


cooperativismo;

2. identificar o sistema de classificação das


cooperativas.
Sistema de representação do cooperativismo 101

Aula 6 – Organização do sistema cooperativista


No decorrer de nossas aulas, você já deve ter percebido que as cooperativas, por
meio das ações direcionadas, são bastante organizadas. Isso é o que chamamos
de sistema cooperativista. Nesta aula, mostraremos como funciona esse sistema.

Na Aula 5, quando estudamos o princípio da intercooperação, mostramos que,


para que esse princípio seja concretizado na prática, as várias cooperativas de
um Estado são representadas por uma Organização das Cooperativas daquele
Estado. Isso é o que chamamos de sistema de representação. Contudo, o sistema
cooperativista brasileiro não é representado apenas estadualmente, ou seja,
pelo Estado. Sua representatividade também ocorre nas instâncias internacional,
continental e nacional. Veremos, agora, como funciona cada uma dessas instâncias
e seus respectivos organismos, observando a Figura 6.1.

ACI

OCA

OCB

OCE

CONFEDERAÇÃO

CENTRAL OU CENTRAL OU CENTRAL OU


FEDERAÇÃO FEDERAÇÃO FEDERAÇÃO

COOPERATIVA COOPERATIVA COOPERATIVA

Figura 6.1: Sistema de representação do cooperativismo brasileiro.


102 O sistema cooperativista do Brasil e de todos os países do mundo está submetido às
regras da Aliança Cooperativa Internacional (ACI). Por essa razão, vamos começar
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

estudando esse nível.

A representante de todas as cooperativas do mundo é a Aliança Cooperativa


Internacional, sediada em Londres, Inglaterra. Isso porque o movimento
cooperativista iniciou-se nesse país. Fundada em 1895, a ACI permaneceu na mesma
sede até meados dos anos 80, quando foi transferida para a cidade de Genebra, na
Suíça. No início do século XXI, passou a contar com 75 países filiados.

Além da representação, também é seu papel apoiar o desenvolvimento e a inte-


gração do sistema cooperativista. A ACI é membro do Conselho das Nações Unidas
– ONU. Atualmente, ela possui quatro seções regionais: ACI Europa, ACI Américas,
ACI África, ACI Ásia e Pacífico. O Brasil pertence à ACI desde 1989, e apenas três
anos após Roberto Rodrigues, então presidente da Organização das Cooperativas
Brasileiras (OCB), foi eleito presidente da ACI Américas, em 1992. De 1997 a
2001, foi presidente mundial da entidade.

No continente americano, temos a Organização das Cooperativas da América (OCA),


representando todas as associações do continente americano, incluindo os Estados
Unidos. Ela foi fundada em 1963, na cidade de Montevidéu, no Uruguai. Sua
principal finalidade é integrar, representar e defender o movimento cooperativista
em todos os países das Américas. A OCA tem, atualmente, vinte países membros e
sua sede está localizada em Bogotá, na Colômbia.

Curiosidade

Em 2001, foi criada a Reunião Especializada de Cooperativas do Mercosul (RECM).


Essas reuniões discutem acordos e instrumentos firmados sobre o setor coope-
rativo de cada país, como, por exemplo, acordos de parcerias comerciais entre
as cooperativas dos países. Dessa forma, aconteceu a inserção dos movimentos
cooperativos nacionais no processo de integração do Mercosul. O Mercosul, ou
Mercado Comum do Sul, é uma associação econômica integrada pela Argentina,
pelo Brasil, pelo Paraguai e pelo Uruguai, com fins comerciais.
No Brasil, a representação das cooperativas recebe o nome de Organização das 103
Cooperativas Brasileiras. Sua fundação se deu no VI Congresso Brasileiro de

Aula 6 – Organização do sistema cooperativista


Cooperativismo, realizado na capital de Minas Gerais, Belo Horizonte, em dezembro
de 1969.

Curiosidade

Voltando um pouco na história, podemos constatar que até a década de 1950 não
havia nenhuma representação para defender os interesses comuns das cooperativas
no Brasil. Foi somente nessa década que surgiu a União Nacional das Associações
de Cooperativas (UNASCO). Alguns grupos dessa entidade se desentenderam e
criaram a Aliança Brasileira de Cooperativas (ABCOOP). A UNASCO e a ABCOOP se
fundiram em 1969, para formar a OCB.

A sede da OCB funcionou em São Paulo até 1972. Depois dessa época, foi transferida
para Brasília/DF, onde funciona até os dias atuais. No mesmo prédio da OCB temos
a representação da ACI e o Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo
(SESCOOP). A OCB tem como principal missão representar todas as cooperativas do
Brasil e atuar como ÓRGÃO TÉCNICO CONSULTIVO junto ao governo. ÓRGÃO TÉCNICO
CONSULTIVO
O SESCOOP foi criado em março de 1999. Tem como objetivos acompanhar o
funcionamento das cooperativas para melhorar o seu desempenho, administrar e Órgão vinculado ao
governo federal que presta
executar o ensino de formação profissional, promover socialmente os trabalhadores
esclarecimentos técnicos
e os associados das cooperativas em todo o território nacional e assessorar o
sobre os aspectos do
governo federal em assuntos de formação profissional e de gestão de cooperativas. cooperativismo.
O SESCOOP mantém uma unidade em cada Estado brasileiro.

Para compreender melhor como funciona o SESCOOP, imagine a seguinte situação:


uma cooperativa XYZ produz queijos. Apesar de ela ocupar um lugar de destaque
no mercado, poderia produzir muito mais queijos do que produz se fosse bem
administrada, pois seus dirigentes são boas pessoas, mas não sabem administrar.
Então, o SESCOOP pode contribuir com a formação, a capacitação e a reciclagem dos
dirigentes dessa e de outras cooperativas. O dinheiro para financiar as atividades do
SESCOOP vem de todas as cooperativas do Brasil, que contribuem com 2,5% de toda
a folha de pagamento de seus empregados.
104
Curiosidade
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Sistema S
O SESCOOP faz parte do chamado “Sistema S”, que é o conjunto de organizações
das entidades corporativas do setor empresarial voltadas para treinamento
profissional, assistência social, consultoria, pesquisa e assistência técnica.
Além de terem em comum o nome iniciado pela letra S, essas organizações
têm raízes em comum e características organizacionais similares. Fazem parte
desse sistema o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural (SENAR), o Serviço
Social dos Transportes/Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte (SEST/
SENAT), o Serviço de Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa (SEBRAE),
os serviços do setor industrial (SENAI/SESI) e os serviços do setor comercial
(SENAC/SESC).

Outra representação importante é a Frente Parlamentar do Cooperativismo


(FRENCOOP), que funciona em Brasília, mais precisamente no Congresso Nacional
(Figura 6.2), e é formada por senadores e deputados federais. Em 2006, contava
PARLAMENTARES com mais de 200 PARLAMENTARES, vindos de todos os partidos políticos. Essa
Membros do senado e mesma estrutura funciona nos Estados (deputados estaduais) e nos municípios
câmara de deputados, (vereadores).
ou seja, senadores e
deputados federais.

Mario Roberto Duran Ortiz

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Congresso_nacional

Figura 6.2: Congresso Nacional.


Cada Estado do Brasil também tem uma Organização das Cooperativas Brasileiras 105
do Estado estadual. As OCBs de Estado eram denominadas OCEs. No XII Congresso

Aula 6 – Organização do sistema cooperativista


Brasileiro do Cooperativismo foi aprovada uma resolução que mudou a nomenclatura
de OCE para OCB, seguida da sigla do Estado. No Paraná, por exemplo, temos OCB-
PR, em São Paulo, OCB-SP, e em Brasília, OCB-DF.

Todas as cooperativas de um determinado Estado são filiadas à OCB do Estado. É sua


função representar os interesses do cooperativismo estadual. As Organizações das
Cooperativas de cada Estado têm voto na eleição da Diretoria e do Conselho Fiscal da
OCB. Segundo dados da própria OCB, hoje são 27 organizações estaduais representantes
de 7,6 mil cooperativas em 13 ramos de atividade, como veremos na Aula 7.

Atividade 1 Atende ao Objetivo 1

Qual é o órgão máximo de representação das cooperativas no Brasil? E quais suas


atividades principais?

FEDERAÇÃO
Associação de entidades
para um fim comum.
Exemplo: Federação da
Agricultura do Estado de
Minas Gerais, que une
Como as cooperativas são classificadas todas as cooperativas e
associações agropecuárias
A cooperativa pode ser classificada em: singular (ou de 1º grau), central ou
de Minas Gerais.
FEDERAÇÃO (ou de 2º grau) e CONFEDERAÇÃO (ou de 3º grau). Sabemos que uma
cooperativa singular ou de 1º grau é constituída por um mínimo de 20 pessoas
CONFEDERAÇÃO Aliança,
físicas e tem como principal objetivo prestar serviços diretos ao associado.
união ou liga de várias
Três ou mais cooperativas singulares ou de 1º grau podem formar uma central ou federações. Exemplo:
uma federação de cooperativas, considerada de 2º grau. Seu objetivo é organizar Confederação Nacional
de Agricultura, que une
comumente e em maior escala os serviços das filiadas, facilitando a troca de
as várias federações de
serviços entre as cooperativas.
agricultura dos
Estados brasileiros.
106 Três ou mais centrais ou federações podem constituir uma confederação, consi-
derada de 3º grau. Ela organiza comumente e em maior escala os serviços das
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

federações filiadas.

Para reforçar, uma cooperativa de 1º grau é a cooperativa propriamente dita, que


com mais duas cooperativas podem formar uma federação, que com mais duas
federações podem formar uma confederação (volte à Figura 6.1).

Você deve estar se perguntando: Como isso funciona?

Vejamos um exemplo prático: cooperativas (singulares) de agricultores de uma


determinada região podem constituir uma central para esmagar grãos e extrair óleo,
armazenar, padronizar, embalar e comercializar a produção em nome das cooperativas
filiadas (central ou federação). Várias centrais de cooperativas de produtores de
grãos e derivados podem constituir uma confederação para definir diretrizes e atuar
em defesa de seus interesses para a exportação de seus produtos.

E como funciona a classificação das cooperativas a partir de cooperativas de


trabalho? Na década de 1990, começaram a surgir nos Estados brasileiros as
Federações de Trabalho (FETRABALHO) que representam as cooperativas singulares
de trabalho junto aos órgãos públicos e privados e têm como finalidade “buscar
maiores benefícios, lutar por uma legislação adequada, regulamentar o ramo, coibir
perseguições e desenvolver novos negócios, promovendo a intercooperação entre as
suas cooperativas filiadas” (http://www.fetrabalhosp.org.br).

Em âmbito nacional, ou seja, em todo o Brasil, as Federações de Trabalho Estaduais


estão organizadas por meio da Confederação Brasileira de Cooperativas de Trabalho
(COOTRABALHO), que, por sua vez, está ligada à Organização das Cooperativas
Brasileiras (OCB), que é o organismo de representação nacional de todos os
ramos cooperativistas. A FETRABALHO é, então, a representante específica das
cooperativas de trabalho. Veja o esquema da Figura 6.3.
107
OCB

Aula 6 – Organização do sistema cooperativista


COOTRABALHO

FETRABALHO de determinado Estado

Cooperativa de trabalhadores Cooperativa de trabalhadores Cooperativa de trabalhadores


da cidade X da cidade Y da cidade Z
Figura 6.3: Sistema de representação das cooperativas de trabalho.

Podemos concluir que todas essas formas de representação das cooperativas são,
no entanto, reguladoras das cooperativas já existentes, ou seja, é a cooperativa,
ou os cooperados, que procura a federação ou a OCE do seu respectivo Estado
para se inscrever como tal, e só então passar a receber algum tipo de assessoria
técnica, como serviços de advogados e contadores (Figura 6.4).

O QUE DEVEMOS VÁ À OCE DE


FAZER PARA ABRIR SEU ESTADO. ELES VÃO
UMA COOPERATIVA? EXPLICAR TODAS AS LEIS E OS
FORMULÁRIOS A SEREM
PREENCHIDOS.

Figura 6.4: Assessoria da OCE.


108 O objetivo dessas instituições é assessorar as pessoas físicas que estejam dispostas a
se organizar em cooperativa, mais nos aspectos regulamentares e burocráticos, como
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

o entendimento das leis e da documentação necessária para sua organização.

E esse é um dos pontos mais controversos da legislação cooperativista, pois, na


Constituição Brasileira de 1988, temos o artigo 5o, que afirma a autonomia das
cooperativas (como vimos nas aulas passadas). Contudo, se a cooperativa não
se filiar à OCE do seu Estado e à OCB, ela não é reconhecida como cooperativa.
Podemos concluir, então, que a cooperativa é autônoma, mas obrigada a seguir
as regras da OCB.

Atividade 2 Atende ao Objetivo 2

a. Qual é a diferença entre uma Federação e uma Confederação de cooperativas?

b. O que podemos dizer a respeito da autonomia das cooperativas e de suas relações


com as OCEs e a OCB?
109

Aula 6 – Organização do sistema cooperativista


Resumindo...

Nesta aula, você viu como funciona a organização do sistema cooperativista


no Brasil, verificando aspectos como:

• O órgão máximo de representação do cooperativismo é a Aliança Coope-


rativa Internacional, com sede em Genebra, na Suíça.

• Em território nacional, as cooperativas são representadas pela OCB.

• Cada Estado possui uma organização de cooperativas que convencionamos


chamar de OCE.

• Todas as cooperativas brasileiras, para serem reconhecidas como tal, têm


de ser filiadas à OCE e à OCB.

• As cooperativas são classificadas em três tipos: singulares, federações e


confederações.

• As cooperativas singulares são chamadas de cooperativas 1º grau e


exercem atividades específicas segundo seu ramo de atividade.

• As federações ou cooperativas de 2º grau são a reunião de três


cooperativas singulares e representam um setor por região geográfica.

• As confederações ou cooperativas de 3º grau são a reunião de três


federações e representam as cooperativas nacionalmente.

Informação sobre a próxima aula


Na próxima aula, continuaremos apresentando a organização do sistema cooperativista
no Brasil, explicando cada um de seus treze ramos de atividade e enfatizando o setor
das cooperativas agropecuárias.
110 Respostas das Atividades
e-Tec-Brasil – Associativismo e Cooperativismo

Atividade 1
No Brasil, a representação das cooperativas recebe o nome de Organização das
Cooperativas Brasileiras (OCB). Ela tem como principal missão representar todas
as cooperativas do Brasil e atuar como órgão técnico que o governo federal utiliza
para fazer consultas sobre as cooperativas e seu funcionamento.

Atividade 2
a. A principal diferença entre as duas é que as federações, também chamadas de
cooperativas de 2º grau, têm como objetivo a organização em comum das cooperativas
singulares de determinado ramo de atividade e Estado brasileiro. As confederações, ou
de 3º grau, são formadas a partir de três federações estaduais de um ramo de atividade
e possuem representatividade nacional.

b. As formas de representação das cooperativas são reguladoras das cooperativas


já existentes, ou seja, é a cooperativa, ou os cooperados, que procura a federação
ou a OCE do seu respectivo Estado para se inscrever como tal e só então passar a
receber algum tipo de assessoria técnica. Então, para que uma cooperativa tenha
autonomia, é preciso que ela se filie à OCE do seu Estado e à OCB; caso contrário,
ela não será reconhecida como cooperativa.
Referências bibliográficas 111

Aula 6 – Organização do sistema cooperativista


BATALHA, M. O. et al. Gestão agroindustrial. 2.ed. São Paulo: Atlas, 2001. v.1.

BIALOSKORSKI NETO, S. Agribusiness cooperativo: economia, crescimento e


estrutura de capital. 1998. 257 f.. Tese (Doutorado) – Escola Superior de
Agricultura “Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1998.

BRASIL. Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional


de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e
dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF, 16 dez. 1971. Disponível em: <http://www.ocb.org.br/>.
Acesso em: 28 dez. 2007.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário eletrônico Aurélio Século XXI.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

GAWLAK, A.; RATZKE, F. A. y. Cooperativismo: primeiras lições. Brasília: SESCOOP,


2004.

JUVÊNCIO, F. de C.; ANDRADE, G. V. de; PANZUTTI, R. Cooperativismo ao alcance de


todos. São Paulo: OCESP, 2000. 120 p. (Coleção Orientação 1/2000).

PINHO, D. B. O cooperativismo no Brasil: da vertente pioneira à vertente solidária.


São Paulo: Saraiva, 2003. p. 357.

PORTA do Cooperativismo. SESCOOP/SP Disponível em: <http://www.portaldocoo


perativismo.org.br/sescoop>. Acesso em: 28 dez. 2007.

SÃO PAULO (Estado). Federação de Cooperativas de Trabalho. Disponível em: <http:


//www.fetrabalhosp.org.br>. Acesso em: 21 ago. 2008.
Ramos

Aula 7
do cooperativismo

Adriana Ventola Marra

e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo


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Apresentar os ramos do cooperativismo, destacando
o ramo agropecuário.

Objetivos
Ao final do estudo desta aula, você deverá ser capaz
de:

1. descrever a atuação do cooperativismo


agropecuário no Brasil;

2. identificar os ramos do cooperativismo.


Ramos do cooperativismo 115

Aula 7 – Ramos do cooperativismo


As cooperativas brasileiras atuam em diversas áreas e são organizadas por 13
ramos de atividades. Esses ramos de atividades são: agropecuário, de consumo,
de crédito, educacional, especial, de infra-estrutura, habitacional, mineral, de
produção, de saúde, de trabalho, de turismo, de lazer e de transporte de cargas
e passageiros.

A classificação dos ramos foi dada pela OCB (Organização das Cooperativas
Brasileiras) para facilitar a organização política das cooperativas e possibilitar
sua inserção no mercado competitivo. Veja como é a distribuição do número de
cooperativas brasileiras por ramo de atividade na Tabela 7.1.

Tabela 7.1: Número de cooperativas por ramo de atividade no


Brasil (2007)

Ramo 2007
Agropecuário 1.544
Crédito 1.148
Educacional 337
Especial 12
Habitacional 381
Infra-estrutura 147
Mineral 40
Produção 208
Saúde 919
Trabalho 1.826
Transporte 945
Turismo e Lazer 24
Total 9.538
Fonte: Dados estatísticos da OCB (2008).

No que se refere à representatividade, é importante destacar que cada ramo


tem um representante estadual, integrante do Conselho de Administração da
OCE (Organização Estadual de Cooperativas), e um representante nacional, do
Conselho de Administração da OCB.

Uma boa notícia para você que está fazendo o curso de técnico em agropecuária:
a agropecuária é o ramo mais expressivo do cooperativismo brasileiro. Apesar de
não ser o primeiro em número de cooperativas. O ramo que possui o maior número
116 de cooperativas é o de trabalho. Contudo, o ramo agropecuário é mais expressivo
política e economicamente, com 879.649 associados (Tabela 7.2). É exatamente
e-Tec-Brasil - Associativismo e Cooperativismo

por ele que começaremos nossos estudos.

Tabela 7.2: Número de associados por ramo de atividade no


Brasil (2007)

Ramo 2007
Agropecuário 879.649
Consumo 2.468.293
Crédito 2.851.426
Educacional 62.152
Especial 385
Habitacional 98.599
Infra-estrutura 627.523
Mineral 17.402
Produção 11.553
Saúde 245.820
Trabalho 335.286
Transporte 88.386
Turismo e Lazer 1.094
Fonte: Dados estatísticos da OCB (2008).

Agropecuário
Este ramo é formado pelas cooperativas de produtores rurais ou agropastoris e de
MEIOS DE PRODUÇÃO pesca, cujos MEIOS DE PRODUÇÃO são de propriedade do cooperado (Figura 7.1).
Neste caso, máquinas,

José Reynaldo da Fonseca


equipamentos, terra,
construções e insumos
necessários à produção
agropecuária.

Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Cana-de-a%C3%A7%C3%BAcar
Figura 7.1: Área plantada por um membro de uma cooperativa agropecuária.
Essas cooperativas geralmente cuidam de toda a cadeia produtiva, desde o preparo 117
da terra até a industrialização, além dos serviços prestados aos associados, como

Aula 7 – Ramos do cooperativismo


recebimento ou comercialização dos produtos, assistência técnica, educacional
e social.

Voltando na história, constatamos que a partir de 1907, em Minas Gerais, foram


organizadas as primeiras cooperativas agropecuárias brasileiras. João Pinheiro,
na época o Governador do Estado, criou um projeto cooperativista com a
principal finalidade de eliminar os intermediários (atravessadores estrangeiros)
da comercialização da produção agrícola. Nesse período, o café era nosso produto
principal no eixo São Paulo/Minas Gerais. Portanto, o projeto priorizava o café,
concedendo a seus produtores isenções fiscais, ou seja, eles estavam livres do
pagamento de impostos, e estímulos materiais, como, por exemplo, facilidades
para a compra de tratores e implementos.

Multimídia

Para ler um pouco mais sobre a política do café-com-leite e verificar a impor-


tância dos Estados de Minas Gerais e São Paulo para a política e a economia
brasileira, acesse o site http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/politica-do-
cafe-com-leite.jhtm.

Na mesma época surgiram as primeiras cooperativas agropecuárias na região


sul do Brasil. Essa região é formada prioritariamente por imigrantes alemães e
italianos, facilitando o surgimento das cooperativas baseadas na cultura européia
(Figura 7.2).
118
e-Tec-Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Fonte: http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/9/91/Brazilian_Oktoberfest_-_Bierwagen.jpg

Figura 7.2: Oktoberfest em Santa Cruz do Sul. Os festejos são realizados por imigrantes alemães
no Brasil.

As cooperativas agropecuárias são divididas em função de sua atividade produtiva.


Por exemplo: cooperativas de leite, de café, de trigo, de suíno. Contudo, grande
parte delas está diversificando suas atividades em busca de melhor retorno para
seus associados, ou seja, vendas, compras, industrialização de vários produtos.

Da década de 1980 em diante, as cooperativas agropecuárias brasileiras passaram


por um processo de diversificação. O processo de diversificação pode ser
concêntrico ou conglomerado. A diversificação pode ser chamada de concêntrica
quando o processo é caracterizado pela ampliação dos mercados da cooperativa
ou pela produção de novos produtos correlacionados com os já existentes. Um
exemplo é a cooperativa de leite, que incorpora novo produto lácteo em sua
produção. Ela produzia apenas queijo e requeijão, e agora passa a produzir iogurtes
e bebidas lácteas. No conglomerado, a nova atividade não está relacionada
com as antigas no aspecto tecnológico ou comercial. Temos como principais
exemplos as cooperativas que abrem supermercados, postos de gasolina e oficinas.

Atualmente, existem cooperativas agropecuárias espalhadas por todas as regiões


brasileiras. Este ramo é o segundo em número de cooperativas no Brasil, 1.544
(Tabela 7.1), e o terceiro em número de cooperados, com 879.649 (Tabela
7.2). Mas a maior força está em sua participação na economia brasileira. O ramo
respondeu por USD de 3,3 bilhões das exportações brasileiras em 2007.
Sua participação no PIB em quase todos os países também é significativa. No 119
caso específico do Brasil, dados da OCB (2007) afirmam que sua participação

Aula 7 – Ramos do cooperativismo


no PIB agropecuário foi de 38,4% e no PIB cooperativo de 47,5%, ou seja, quase
a metade de tudo o que é produzido no país por meio de cooperativas vem do
ramo agropecuário.

Curiosidade

Para fortalecer ainda mais o setor, o Banco do Brasil tem um Programa de


Revitalização de Cooperativas Agropecuárias (Recoop), que financia a reestruturação,
capitalização e revitalização de cooperativas de produção agropecuária, visando ao
desenvolvimento auto-sustentado, em condições de competitividade, que resulte
na manutenção, geração e melhoria do emprego e renda. Saiba mais informações
no site www.bb.com.br.

Existem vários exemplos de cooperativas agropecuárias de bastante sucesso no


Brasil, em especial em São Paulo e no Paraná, e que foram fundadas há vários anos.
Para finalizarmos esta seção, destacamos algumas cooperativas agropecuárias que
estão listadas entre as maiores do país:

• COAMO – Agroindustrial cooperativa: fundada no final da década de 1960,


no Paraná, com 79 agricultores de trigo, é considerada hoje uma das maiores
cooperativas agropecuárias do Brasil, exercendo inúmeras atividades. Saiba
mais no site http://www.coamo.com.br.

• CAAL – Cooperativa Agroindustrial Alegrete Ltda., no Rio Grande do Sul, a


cooperativa de arroz irrigado mais forte do país. Segundo informações da Caal,
a empresa é a maior de Alegrete e a que mais gera empregos. É responsável
por 21% do retorno de ICMS do município e, em sua cadeia produtiva, envolve
mais de 25 mil pessoas. Saiba mais no site www.caal.com.br.

• COOXUPÉ – a Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé exerce


atividades de recebimento, processamento e comercialização de café. Hoje,
a Cooxupé conta com aproximadamente 11.000 cooperados e mais de 1.500
colaboradores, recebendo café produzido em mais de 100 municípios localizados
nas regiões sul de Minas, Alto Paranaíba (Cerrado Mineiro) e Vale do Rio Pardo,
no estado de São Paulo. Saiba mais no site www.cooxupe.com.br.
120
e-Tec-Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Atividade 1 Atende ao Objetivo 1

Qual a importância das cooperativas agropecuárias para o desenvolvimento da


economia brasileira nos dias atuais?

Conhecendo os outros ramos do cooperativismo


Como já foi dito, além do cooperativismo agropecuário existem outros ramos do
cooperativismo. Vejamos, agora, cada um deles:

Cooperativismo de consumo
Formado pelas cooperativas dedicadas à compra em comum de artigos de consumo
para seus membros (Figura 7.3). Essas cooperativas podem ser fechadas, ou seja,
só admitem membros de determinada empresa ou categoria profissional, ou abertas,
às quais qualquer pessoa pode associar-se.
121

Aula 7 – Ramos do cooperativismo


Figura 7.3: Cooperativa de consumo.

A primeira cooperativa do mundo (Rochdale) era desse ramo. Também no


Brasil esse é o ramo mais antigo, com a Sociedade Cooperativa Econômica
dos Funcionários Públicos de Ouro Preto, em 1889. Também eram cooperativas
de consumo aquelas fundadas em Limeira (SP), em 1891, e a Cooperativa de
Camaragibe, em Pernambuco.

Recentemente, no Brasil, essas cooperativas perderam espaço para os hipermercados,


como Carrefour, Wal Mart, Extra, entre outros, que tinham preços mais competitivos.
Diante desse quadro, elas estão se reformulando e se tornando abertas a qualquer
consumidor. Outro caminho a ser seguido é vender produtos “mais naturais”,
como alimentos orgânicos, diretamente de produtores, também organizados
em cooperativas.

Atualmente, no Brasil, existem 141 cooperativas de consumo, que geram 8.984


empregos diretos e têm 2.468.293 associados, de acordo com dados da OCB (2007).

Um bom exemplo é a Cooperativa de Consumo Popular de Cerquilho/SP


– COCERQUI, fundada em julho de 1965, que vende produtos alimentícios, além
de ser padaria, açougue, floricultura, hortifruti, lanchonete, magazine com CDs,
roupas e presentes. Site oficial: http://www.coocerqui.com.br.
122 Cooperativismo de crédito
e-Tec-Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Você já ouviu falar do Sicoob? Ele é o Sistema de Cooperativas de Crédito do Brasil


e nasceu da iniciativa de cooperativas centrais e singulares de se organizarem na
construção de rede de serviços financeiros. Possui 14 cooperativas centrais e está
presente em 20 estados Brasileiros. Saiba mais detalhes acessando o site http:
//www.sicoob.com.br. Fazem parte do cooperativismo de crédito as cooperativas
que têm como principais finalidades o incentivo à poupança e o financiamento
das necessidades dos seus associados.

A primeira cooperativa de crédito brasileira data de 1902, no Rio Grande do Sul.


Seu modelo era muito utilizado em pequenas comunidades rurais ou pequenas
vilas, atuando junto aos pequenos produtores rurais para financiamento agrícola.
Merece destaque, também, o chamado cooperativismo de crédito popular, que
dos anos 1930 até a década de 1950 teve grande desenvolvimento, sendo criadas
cerca de 1.200 cooperativas no período.

Contudo, da década de 1950 até o início dos anos 1980 essas cooperativas
passaram por algumas dificuldades advindas da não-autorização de seu
funcionamento pelo Ministério da Agricultura e pelo Banco Central. Nos anos
1980, essa postura foi revista e foram implantadas várias cooperativas de crédito
rural, como o Bancoob e o Bansicredi.

Em dezembro de 2002, o Conselho Monetário Nacional editou a medida nº


3.058, permitindo a constituição de cooperativas de crédito por pequenos e
microempresários, sem observância da segmentação em rurais e urbanas, e da
exclusividade de pessoas físicas.

Este é, sem sombra de dúvida, um dos ramos do cooperativismo mais bem


organizados. Ele conta com instrumentos de controle interno das cooperativas e
com legislação específica mais atualizada.

O Cooperativismo de Crédito é muito forte também em outros países, como a


França, a Alemanha e o Canadá. No Brasil, existem 1.148 cooperativas de crédito,
que geram 37.266 empregos diretos, com 2.851.426 associados, de acordo com
os dados da OCB (2007).
Cooperativismo educacional 123

Aula 7 – Ramos do cooperativismo


O ramo educacional é formado por cooperativas de professores e outros
profissionais de educação que se organizam para prestar serviços educacionais,
cooperativas de alunos de escola agrícola que contribuem para a manutenção da
escola e proporcionam formação cooperativista a seus membros, cooperativas de
pais de alunos que querem proporcionar melhor educação para seus filhos e outras
ligadas à atividade educacional (Figura 7.4).

Figura 7.4: Cooperativa educacional.

Essas cooperativas surgiram buscando qualidade educacional a um preço justo.


A primeira cidade brasileira a ter uma cooperativa educacional foi Itumbiara, em
Goiás, no final de 1987.

Atualmente, existem 337 cooperativas educacionais, com 62.152 associados,


cadastradas na OCB. Nos últimos anos, foram fundadas muitas novas cooperativas
no ramo; o número, em 1995, era de apenas 106.

Uma dessas cooperativas é a Cooetuba (Cooperativa Educacional de Ubatuba/SP),


que trabalha com o ensino infantil, fundamental e médio, sendo constituída em
1999 por um grupo de pais de alunos buscando melhor qualidade de ensino. Site
oficial: http://www.cooeduba.com.br.
124 Cooperativismo especial
e-Tec-Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Composto pelas cooperativas constituídas por pessoas que precisam ser tuteladas,
ou seja, necessitam de alguém para zelar por elas, administrar os seus bens.
Normalmente as pessoas tuteladas são os menores de 18 anos ou aquelas que
foram interditadas pela justiça.

A principal finalidade desse tipo de cooperativa é organizar o trabalho dessas


pessoas, para que consigam gerar renda e conquistar sua cidadania. Atualmente,
o Brasil possui 12 cooperativas especiais com 385 associados (OCB, 2007).

Como exemplo de uma cooperativa especial, podemos citar a COEPAD (Cooperativa


Especial de Pais, Amigos e Portadores de Deficiência). Ela foi fundada em novembro
de 1999, com a finalidade de dar oportunidade de trabalho aos portadores de
deficiência mental. Seus principais produtos são sacolas plásticas, objetos
recicláveis e embalagens, bem como prestação de serviços de encadernação e
estamparia. Site oficial: http://www.coepad.hpg.ig.com.br.

Curiosidade

Em 1999, a Justiça brasileira permitiu que as cooperativas especiais também


fossem formadas por pessoas com deficiência física, sensorial e psíquica, ex-
condenados ou condenados a penas alternativas, dependentes químicos e
adolescentes a partir de 16 anos em situação familiar difícil econômica, social
ou afetiva.

Cooperativismo habitacional
Ramo formado por cooperativas destinadas à construção, manutenção e adminis-
tração de conjuntos habitacionais para seus cooperados (Figura 7.5).
125

Aula 7 – Ramos do cooperativismo


Figura 7.5: Cooperativa habitacional.

Em geral, essas cooperativas acabam funcionando como consórcio para a


construção de imóveis, uma vez que suas atividades são encerradas logo após o
término das construções.

Este ramo surgiu com a criação do BNH (Banco Nacional de Habitação), em


1964, que financiava e estimulava a construção de moradias populares para a
população de baixa renda. Com a extinção do BNH, o ramo se reorganizou e
partiu para o financiamento próprio, ou seja, sem a ajuda do governo as próprias
pessoas juntaram seu capital e começaram a construir habitações em regime
de cooperativa. Atualmente, existem 381 cooperativas habitacionais no Brasil,
gerando 1.258 empregos diretos, com 98.599 associados (OCB, 2007).

Uma dessas é a Cooperativa Habitacional Vida Nova, localizada em Taboão da


Serra/SP, fundada em agosto de 1996, com o objetivo de buscar uma alternativa
de acesso à moradia digna com preço justo e qualidade nos imóveis. Site oficial:
http://www.coophabitacionalvidanova.com.
126 Cooperativismo de infra-estrutura
e-Tec-Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Esse ramo é composto pelas cooperativas que visam a atender seus cooperados
com serviços de infra-estrutura, tais como energia e telefonia. No Brasil são mais
conhecidas as cooperativas de eletrificação e de telefonia rural. As primeiras
fornecem serviços de energia elétrica, por meio de geração de energia ou apenas
pelo repasse das concessionárias. As segundas, de telefonia rural, são inexpressivas
e não tiveram o mesmo desenvolvimento daquelas de eletrificação rural.

A primeira cooperativa de eletrificação rural do Brasil, fundada em 1941, foi


a Cooperativa de Força e Luz de Quatro Irmãos em Erechim/RS. Hoje ela não
funciona mais. A maior representante do ramo, atualmente, no Brasil, é a Coprel
– Cooperativa Regional de Eletrificação Rural do Alto Jacuí Ltda., fundada em
1968, em Ibirubá (RS), que conta com mais de 26 mil associados. Além dessa,
temos outras 140 cooperativas, com 2.468.293 associados (OCB, 2007).

Cooperativismo de extração mineral


Segmento constituído pelas cooperativas que têm como principal objetivo
a pesquisa, extração, lavra, industrialização, comercialização, importação e
exportação de minérios (Figura 7.6).

Figura 7.6: Cooperativa mineral.


Essas cooperativas são, essencialmente, formadas por garimpeiros de diversas 127
regiões, com muitas carências, como falta de médicos e professores. Portanto,

Aula 7 – Ramos do cooperativismo


tais cooperativas muitas vezes cuidam também da saúde, alimentação e educação
desses garimpeiros.

Segundo a OCB (2007), o Brasil conta com 40 cooperativas minerais, que


possuem 17.402 associados. Vamos citar como exemplo a (COOGP) Cooperativa
dos Garimpeiros de Pedro II, localizada no Piauí. Ela tem como objetivo a cadeia
produtiva da opala (pedra preciosa), enfocando a pesquisa mineral, a lavra, o
beneficiamento, a lapidação, o design, a joalheria, a comercialização, a promoção
comercial e a gestão.

Cooperativismo de produção
Este ramo é formado pelas cooperativas destinadas à produção de vários tipos de
bens e mercadorias. Neste caso, os meios de produção são propriedades coletivas
da cooperativa. É um modelo muito utilizado, como no caso de uma empresa,
normalmente industrial, que entra em falência e os seus empregados assumem a
atividade para manter seus empregos.

Segundo dados da OCB (2007), o Brasil conta com 208 cooperativas de produção,
que possuem 11.553 associados.

Multimídia

Conheça o exemplo da (Coopes) Cooperativa de Produção da Região de


Piemonte da Diamantina (BA), que fabrica biscoitos, bolachinhas de goma,
bijus, farinha de mandioca, goma de mandioca, frutas in natura, no site http:
//www.nordestecerrado.com.br/coopes-cooperativa-de-producao-da-regiao-de-
piemonte-da-diamantina-ba.
128 Cooperativismo de saúde
e-Tec-Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Figura 7.7: Cooperativa de saúde.

O segmento é constituído por cooperativas voltadas para os cuidados preventivos


e da recuperação da saúde das pessoas. Recentemente, surgiram várias novas
cooperativas do ramo no Brasil, que incluem médicos, dentistas, psicólogos,
dentre outros profissionais de saúde (Figura 7.7).

A primeira cooperativa médica foi fundada em Santos (SP), em dezembro de 1967.


Naquela época, ela era considerada uma cooperativa de trabalho. O exemplo mais
significativo do ramo é a cooperativa dos médicos, Unimed, como vimos na Aula
5, em que estudamos os princípios cooperativistas.

Atualmente, existem 919 cooperativas de saúde no Brasil, gerando 41.464


empregos diretos, com 245.820 associados (OCB, 2007), sendo 14 milhões
de brasileiros usuários de Cooperativas Médicas e 2 milhões de Cooperativas
Odontológicas.
Cooperativismo de trabalho 129

Aula 7 – Ramos do cooperativismo


O ramo é formado pelas cooperativas que organizam a atividade profissional de
seus trabalhadores associados para prestar serviços como autônomos, organizados
num empreendimento próprio. O segmento abrange qualquer profissão que não
tenha sido contemplada pelos outros ramos, como os professores (cooperativismo
educacional) e os médicos (cooperativismo de saúde).

Esse tipo de cooperativismo, no Brasil, alcançou maior expressão a partir de


1980, diante da crise do emprego, pois era visto como uma das alternativas para
os trabalhadores desempregados. Infelizmente, podemos constatar que muitas
das cooperativas de trabalho existentes atualmente, no Brasil, apenas levam o
nome de cooperativa, mas, quando investigadas em profundidade, não praticam
os princípios cooperativistas estudados.

A realidade é que as grandes empresas terceirizam a produção, incentivando a


formação de pequenas cooperativas, em que a produção acontece sem muito
controle de horas trabalhadas e com total ausência de direitos trabalhistas para
os empregados. Essa situação é vista como uma camuflagem para a exploração
dos trabalhadores.

Existem no Brasil, hoje, 1.826 cooperativas de trabalho com 335.286 associados


(OCB, 2007). Dentre essas, podemos destacar a (MaxiCoop) Cooperativa de
Trabalho em São Paulo, que atua nas áreas de saúde, teleinformática, vendas e
infra-estrutura empresarial. Site oficial: http://www.maxicoop.com.br.

Cooperativismo de transporte
Segmento formado por cooperativas que trabalham com o transporte de cargas e
de passageiros. São exemplos desse tipo o transporte individual de passageiros
(táxi e moto-táxi), o transporte coletivo de passageiros (vans e ônibus), o
transporte de cargas (caminhões e furgões) e o transporte escolar (Figura 7.8).
130
e-Tec-Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Figura 7.8: Cooperativa de transportes.

É um ramo relativamente novo, pois foi criado oficialmente pela OCB em abril de
2002. Contudo, já existiam algumas cooperativas de trabalho que atuavam no
setor de transportes. Hoje, segundo dados da OCB (2007), temos 945 cooperativas
e 88.386 associados no Brasil. Exemplificando, podemos citar a COOPERTRANSC
(Cooperativa dos Transportadores Autônomos de Cargas de São Carlos/SP),
fundada em 1998 com 22 cooperados e cujo objetivo era agrupar profissionais
autônomos e dividir entre eles os fretes e serviços de transportes junto a empresas,
distribuidores e fábricas. Site oficial: http://www.coopertransc.com.br.

Cooperativismo de turismo e lazer


Embora tenha sido criado oficialmente pela OCB em abril de 2000, na prática
já existia, assim como o ramo de transporte. É constituído de cooperativas que
prestam serviços turísticos, artísticos, de entretenimento, de esportes, de eventos
e de hotelaria. O ramo está surgindo com boas perspectivas de crescimento no
meio rural, pois várias comunidades têm bom potencial para o turismo rural, que
visa organizar as comunidades para disponibilizarem os seus atrativos turísticos,
hospedando os turistas e prestando-lhes toda ordem de serviços.
Contudo, o Brasil conta com somente 24 cooperativas que possuem 1.904 131
associados (OCB, 2007). Um bom exemplo é a Coobrastur, cooperativa de turismo

Aula 7 – Ramos do cooperativismo


fundada em 1989, sendo a pioneira no ramo. Ela tem como principal objetivo
obter maior força de negociação junto à estrutura turística, possibilitando aos
seus usuários o acesso a todos os produtos oferecidos por um preço mais justo.
Site oficial: http://www.coobrastur.com.br.

Atividade 2 Atende ao Objetivo 2

Identifique cada ramo do cooperativismo brasileiro com as características


adiante:

a. É o ramo mais antigo no Brasil e no mundo: _________________________

b. Tem o Sicoob como seu grande representante: _____________________

c. É aquele responsável pela maioria das exportações brasileiras: ____________


_______________

d. Tem muitas falsas cooperativas que são incentivadas pela terceirização nas
grandes empresas: __________________________

e. Serve para proporcionar uma educação de qualidade a baixo custo: ________


_______________

f. Os meios de produção pertencem à cooperativa: ____________________

g. Seu representante mais significativo é a Unimed: __________________

h. Congrega atividades de lazer, eventos e hospedagem: ________________

i. Surgiu oficialmente em 2002 e pertencia ao ramo do trabalho: ____________


______________

j. Cuida da telefonia e da eletrificação rural: _____________________


132
e-Tec-Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Resumindo...

Nesta aula, você viu os 13 ramos do cooperativismo, principalmente o


cooperativismo agropecuário:

• O cooperativismo no Brasil é composto dos seguintes ramos: agropecuário,


consumo, crédito, educacional, especial, turismo e lazer, habitação,
infra-estrutura, mineral, produção, saúde, transporte e trabalho.

• O ramo agropecuário possui destaque internacional e é de suma


importância para a economia do país. As cooperativas agropecuárias
reúnem milhares de agricultores em todo o país, sendo responsáveis por
boa parte da produção de trigo, leite, carne, mel, hortifrutigranjeiros,
aguardente, milho, soja e seus derivados.

• As cooperativas de consumo estão relacionadas à compra em comum de


artigos de consumo para seus associados. É o segmento mais antigo no
mundo.

• O segmento de crédito é constituído por cooperativas de crédito rural


e urbano, que visam facilitar o acesso ao crédito, com taxa de juros
reduzida para o financiamento de projetos e de compras diversas.

• São consideradas educacionais as cooperativas de alunos de escolas de


diversos graus, de professores e de pais de alunos.

• Com o objetivo de proporcionar a casa própria para a população das


classes média e baixa, são constituídas as cooperativas habitacionais,
que utilizam o autofinanciamento para a aquisição do imóvel.

• São cooperativas especiais as formadas por deficientes mentais, menores


de 18 anos, deficientes físicos e outras pessoas que necessitam de tutela,
com o objetivo de sua inserção no mercado de trabalho.

• As cooperativas de infra-estrutura prestam serviços de eletrificação e


telefonia rural.

• O ramo da mineração é formado por cooperativas cujo objetivo é a


exploração de minério.
133
• No setor de produção, temos as cooperativas que produzem bens de

Aula 7 – Ramos do cooperativismo


consumo, nas quais os meios de produção pertencem à cooperativa.

• As cooperativas de saúde prestam serviços de atendimento médico/


hospitalar, odontológico, psicológico e na organização dos usuários
desses serviços.

• As cooperativas de trabalho são formadas pela união de diversos


profissionais que desenvolvam atividade comum. É um ramo precário,
em que existem muitas falsas cooperativas.

• O ramo de transportes passou a congregar as cooperativas que atuam


em transportes de passageiros, cargas, escolares, veículos, de motoboys,
entre outros.

• O último ramo é o de turismo, composto por cooperativas que atuam no


setor de eventos, hospedagem, hotelaria, receptivo, agenciamento e lazer.

Informação sobre a próxima aula


Na Aula 8, estudaremos a estrutura administrativa de uma cooperativa e das
associações.

Respostas das Atividades

Atividade 1
O ramo agropecuário é o segundo em número de cooperativas no Brasil (1.544)
e o terceiro em número de cooperados, com 879.649. Mas a maior força está em
sua participação na economia brasileira. Esse ramo respondeu por 3,3 bilhões
das exportações brasileiras, em 2007. Sua participação no PIB em quase todos
os países também é significativa. No caso específico do Brasil, dados da OCB
(2007) afirmam que sua participação no PIB agropecuário foi de 38,4% e no PIB
cooperativo de 47,5%.
134 Atividade 2
De acordo com as informações da aula, podemos concluir que os ramos são:
e-Tec-Brasil - Associativismo e Cooperativismo

a. consumo

b. crédito

c. agropecuário

d. trabalho

e. educacional

f. produção

g. saúde

h. turismo

i. transporte

j. infra-estrutura

Referências bibliográficas
BATALHA, M. O. et al. Gestão agroindustrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. v. 1.

BIALOSKORSKI NETO, S. Agribusiness cooperativo: economia, crescimento e


estrutura de capital. 1998. 257f. Tese (Doutorado) – Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1998.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário eletrônico Aurélio Século XXI.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

FERREIRA, M. A. M.; BRAGA, M. J. Diversificação e competitividade nas cooperativas


agropecuárias. Revista de Administração Contemporânea, Curitiba, v. 8, n. 4, 2004.

GAWLAK, A.; RATZKE, F. A. y. Cooperativismo: primeiras lições. Brasília: Sescoop,


2004.

JUVÊNCIO, F. de C.; ANDRADE, G. V. de; PANZUTTI, R. Cooperativismo ao alcance de


todos. São Paulo: OCESP, 2000. 120 p. (Coleção Orientação 1/2000).

OCB. ORGANIZAÇÃO DAS COOPERATIVAS BRASILEIRAS. Disponível em: <http://


www.brasilcooperativo.coop.br>. Acesso em: 4 ago. 2008.

PINHO, D. B. O cooperativismo no Brasil: da vertente pioneira à vertente solidária.


São Paulo: Saraiva, 2003. p. 357.
Organização administrativa

Aula 8
de cooperativas e associações

Adriana Ventola Marra

Brasil – Associativismo e Cooperativismo


e-Tec B
Meta
Apresentar a estrutura organizacional e o processo
de tomada de decisão em uma cooperativa e em uma
associação.

Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1. diferenciar a estrutura organizacional das


associações da estrutura organizacional de uma
sociedade empresária;

2. identificar a assembléia geral de cooperativas e


associações e suas modalidades;

3. reconhecer o funcionamento dos demais órgãos


obrigatórios das cooperativas e das associações.
Estrutura organizacional 137

Aula 8 – Organização administrativa de cooperativas e associações


Quem comanda e decide Quem toma as
os rumos de uma cooperativa decisões nestas Vamos pensar
ou associação? organizações? um pouco!

Você já viu que as cooperativas e associações são autogestionárias. Por meio da


definição de autogestão, verificamos que a administração dessas organizações é
realizada por todos os seus membros, ou seja, os associados participam de todas
as decisões em igualdade de condições. Vimos, também, que elas são sociedades
de pessoas, isto é, o que é mais importante é a figura do associado e não o capital
que ele possui na sociedade.

Agora ficou fácil!

A administração de uma cooperativa ou associação é de total responsabilidade de


seus associados. Eles são os “manda-chuvas”. Só que para viabilizar esse processo é
necessária uma estrutura onde as atividades são divididas, organizadas e coordenadas,
ou seja, uma ESTRUTURA ORGANIZACIONAL. ESTRUTURA
ORGANIZACIONAL
Para se estabelecer a estrutura organizacional de qualquer empresa, é necessário:
Composição de toda
• definir qual o principal objetivo dessa organização;
empresa ou organização
• determinar as atividades que serão atribuídas a cada pessoa ou grupo de pessoas; que é dividida em órgãos
ou departamentos
• definir responsabilidades, isto é, as obrigações das pessoas na realização de tarefas;
posicionados
• estabelecer até onde cada um tem autoridade em função de sua responsa- hierarquicamente. Cada
bilidade. órgão e cada
departamento têm uma
responsabilidade específica.
138 Com todos esses passos, é possível determinar a estrutura organizacional de uma
entidade.
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Deve ficar claro que é na estrutura organizacional que conseguimos visualizar a


autoridade e as responsabilidades das pessoas, como indivíduos e como integrantes
de grupos dentro das empresas. A estrutura organizacional é representada por um
ORGANOGRAMA gráfico, denominado ORGANOGRAMA.
Gráfico que representa Um exemplo de organograma de uma empresa comercial é representado inicialmente
a estrutura formal da
pela figura de seu Diretor-Presidente, seguida de seus gerentes e funcionários, como
empresa, ou seja, a
mostra a Figura 8.1.
disposição e a hierarquia
dos órgãos.

Presidência

Vice-presidência

Diretoria Diretoria Diretoria Diretoria


de Recursos de Marketing de Produção Financeira
Humanos

Figura 8.1: Organograma de uma empresa comercial.

É importante ressaltar que o organograma varia de empresa para empresa em


função de suas atividades e de sua estrutura hierárquica. Embora essa hierarquia
possa variar um pouco na empresa comercial ou sociedade empresária, as decisões
são tomadas pela figura de seu presidente e diretores.

No caso específico de uma cooperativa ou associação, a Assembléia Geral é o


seu principal órgão, aquele que bate o martelo na hora das decisões. A estrutura
organizacional dessas organizações é formada basicamente pela Assembléia
Geral, pelo Conselho de Administração e pelo Conselho Fiscal, que têm funções
e atribuições especificadas no Estatuto Social. Esses órgãos são compostos por
associados eleitos ou por todos os membros de forma democrática.
Essa forma de tomar as decisões garante a autogestão e o processo participativo, 139
pois são todos os integrantes da organização que decidem e definem o plano de

Aula 8 – Organização administrativa de cooperativas e associações


atividades. Eles decidem quem vai administrar e em que período. Agora veja a
Figura 8.2 que representa o organograma de uma cooperativa:

Assembléia Geral

Conselho de Ética Conselho Fiscal

Diretoria

Diretor Diretor
Diretor
Vice-presidente Secretário

Figura 8.2: Organograma de uma cooperativa.

Cabe destacar que os órgãos, representados na Figura 8.2, só podem ser


compostos por associados eleitos. Contudo, essas organizações normalmente têm
outros órgãos (por exemplo: uma gerência de produção na área produtiva ou uma
assistência técnica, para assessorar os cooperados). Esses últimos visam atender
às necessidades produtivas da organização e, de acordo com suas necessidades,
outras pessoas poderão ser contratadas. Essas pessoas serão funcionárias da
entidade. Esses funcionários são trabalhadores com carteira assinada, que
recebem salário e têm todos os seus direitos trabalhistas assegurados. Em
algumas associações e cooperativas também temos a figura do voluntário, aquele
que vai trabalhar por vontade própria, normalmente envolvido em ações sociais,
mas que não possui nenhum vínculo empregatício.

Temos, como exemplo, o organograma da Cotrisul, Cooperativa Triticola


Caçapavana (Figura 8.3), que é uma cooperativa de grãos no Rio Grande do Sul.
Veja mais detalhes no site www.redeagro.com.br/cooper/Organ.htm .
140 Estrutura organizacional desejada cooperativa tritícola caçapavana Ltda.
Assembléia Geral
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Auditoria Conselho
Fiscal

Conselho
de Administração

Diretoria Executiva

Jurídico

Comercial Administrativo Produção Técnico

Compra venda Financeiro Estoque Cooperativa Assistência Técnica


PRCD. a Gric. e Indust
Insulm CIS Estoque Associados Beneficiamento de Sementes
Bens de Fornec. e Consumo Caixas Matriz e Unidades
Conta Corrente Associado Unidades Organização e Fechamento
do quadro Social
Contas a Pagar/Receber
Expedição
Contabilidade
Beneficiamento
Escrita Fiscal
Capital Associado Manutenção e Conservação
Controles Diversos
Recursos Humanos

Departamento de Pessoal
Secretaria

CPD

Limpeza

Figura 8.3: Organograma em uma cooperativa.

Atividade 1 Atende ao Objetivo 1

Quais as principais diferenças entre a estrutura organizacional de uma associação


ou uma cooperativa e a estrutura de uma sociedade empresária?

O termo sociedade empresária foi mantido, pois esta é a denominação jurídica


correta e esse termo foi devidamente explicado na Aula 3.
141

Aula 8 – Organização administrativa de cooperativas e associações


Assembléia Geral: o coração
das organizações associativas
A Assembléia Geral, ou seja, a reunião de todos os membros (Figura 8.4), é o
órgão máximo das cooperativas e associações. É nela que são tomadas as principais
decisões dessas organizações. É evidente que as decisões devem seguir o que manda
a legislação do país e o que está escrito nos estatutos. Desta forma, a assembléia
pode deliberar sobre todo e qualquer assunto de interesse dos associados.

Fonte: www.sxc.hu

Figura 8.4: Assembléia Geral.


142 Fazem parte da Assembléia Geral todos os membros associados. Utilizando
procedimentos democráticos, todos os membros têm direito a debater, colocar
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

propostas e votar sobre quaisquer questões que os mesmos julgarem relevantes.


As decisões tomadas pela assembléia devem ser acatadas por todos, mesmo os que
discordaram ou que estavam ausentes. Este é o princípio da gestão democrática.

Existem dois tipos de assembléias: a ordinária e a extraordinária. Vejamos cada


uma delas:

• Ordinária quer dizer comum; logo, uma assembléia é ordinária quando ela
já está programada para acontecer e vão ser tratados assuntos de origem
obrigatória. Elas acontecem sempre uma vez ao ano, no primeiro trimestre
EXERCÍCIO SOCIAL (até 31 de março), após o término do EXERCÍCIO SOCIAL do ano anterior.
Período de tempo Nessas assembléias, a administração apresenta os relatórios sobre a sua gestão
correspondente a um no ano anterior, bem como o BALANÇO PATRIMONIAL e o demonstrativo das
ano, ou seja, o período sobras ou perdas apuradas no período.
de 01/01 a 31/12.
• São consideradas Extraordinárias as Assembléias Gerais aqueles que não têm
BALANÇO um período predeterminado para ocorrer. Podem ser realizadas sempre que os
PATRIMONIAL associados e a administração julgarem necessário. Durante uma Assembléia

Relatório contábil onde Extraordinária, pode-se resolver quaisquer assuntos de interesse dos membros.
são demonstrados os Neste tipo de assembléia, são decididos os seguintes aspectos: reforma do
bens, os direitos e as estatuto, FUSÃO, INCORPORAÇÃO ou desmembramento (dividir os negócios
obrigações da entidade, da entidade), mudanças na organização, o fim da organização, entre outros
avaliados em moeda,
assuntos.
referentes a determinado
exercício social. Resumindo, as principais atribuições da Assembléia Geral são as seguintes:

• dar posse aos membros eleitos da Diretoria;


FUSÃO
• cassar os cargos, ou seja, impedir que os membros eleitos continuem exercendo
Neste caso, trata-se da
reunião de duas ou seus cargos, se necessário;
mais organizações, que • aprovar normas e o planejamento geral da organização;
terminam sua existência,
formando uma nova, sob • criar comissões para estudos e atividades especiais;
denominação diferente. • aprovar a admissão de novos associados;

• aprovar as contas da administração;


INCORPORAÇÃO
Reunião de duas ou • alterar ou reformar o Estatuto e indicar os locais das reuniões da assembléia.
mais organizações, onde
apenas uma se extingue,
passando a existir sob a
denominação da primeira.
143

Aula 8 – Organização administrativa de cooperativas e associações


Atividade 2 Atende ao Objetivo 2

Responda:

a. Qual o órgão de maior poder em uma associação e em uma cooperativa?

b. Cite as diferenças entre as Assembléias Ordinária e Extraordinária.

Outros órgãos importantes


Além da Assembléia Geral, existem dois outros órgãos obrigatórios para a
existência de uma cooperativa e uma associação: o Conselho de Administração
e o Conselho Fiscal. Pode existir também o Conselho de Ética, mas é um órgão
facultativo, ou seja, não é obrigatório. Vejamos cada um deles:

Conselho de Administração e Diretoria


O Conselho de Administração e a Diretoria são responsáveis pelo gerenciamento
da organização (Figura 8.5). Eles coordenam todas as atividades necessárias para
o alcance dos objetivos organizacionais. Para tanto, suas principais atividades
são: a administração financeira, a negociação de contratos, a divulgação de seus
produtos e/ou serviços, a compra de matérias-primas, as negociações de venda
de produtos e/ou serviços, entre outras. Ressalte-se que essas atividades devem
estar previstas no Estatuto Social da organização, pois o que não é previsto em
Estatuto deverá ser decidido em Assembléia Geral.
144
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Fonte: www.sxc.hu

Figura 8.5: Reunião de Diretoria.

Só os membros eleitos pela Assembléia Geral, dentre os associados/cooperados,


podem fazer parte do Conselho de Administração e Diretoria. Eles não podem
MANDATO possuir um MANDATO superior a quatro anos e com renovação obrigatória de
Autorização que os no mínimo 1/3 (um terço) dos membros por eleição após esse período, o que
associados conferem aos quer dizer que, a cada nova eleição, apenas 2/3 podem se candidatar novamente
membros da Diretoria aos cargos.
e de outros órgãos para
praticarem em seu nome Para entendermos melhor este assunto, vejamos um exemplo:
certos atos durante Em uma determinada associação, dois grupos de seis pessoas candidatam-se,
determinado tempo.
formando chapas, para a administração da mesma. Cada grupo; portanto, é
Funciona como uma
uma possibilidade de Diretoria. Depois que cada grupo expõe suas idéias aos
procuração, delegando
poderes para administrar associados, é realizada uma eleição em uma Assembléia Geral Extraordinária.
a entidade. O grupo eleito poderá administrar a associação por no máximo quatro anos.
Após este período, deverá haver uma nova eleição em que apenas quatro dos
seis membros (aqueles que cumpriram os quatro anos na última eleição) podem
concorrer novamente aos cargos.

O número de pessoas que faz parte da administração depende de cada associação


ou cooperativa, variando conforme seu estatuto, ramo de atividade e tamanho. Em
geral, este órgão é dividido em Diretoria Executiva e Conselho de Administração,
propriamente dito. A Diretoria Executiva é formada necessariamente por um 145
presidente, vice-presidente e secretário, enquanto os demais membros do

Aula 8 – Organização administrativa de cooperativas e associações


Conselho de Administração são chamados de conselheiros.

Conselho Fiscal
Com o principal objetivo de fiscalizar as ações da Diretoria Executiva, existe o
Conselho Fiscal, independentemente da autorização ou solicitação da própria
diretoria. Este órgão tem como principal atividade a fiscalização de todas as
atividades e serviços da entidade. Para isso, confere mensalmente o saldo existente
em caixa, verifica os extratos das contas bancárias, investiga se as despesas
realizadas estavam previstas no planejamento aprovado pela Assembléia, verifica
se existem reclamações de associados, dá parecer sobre as contas da sociedade,
entre outras atividades estabelecidas pelo Estatuto Social.

Pelo menos uma vez por mês, o Conselho Fiscal reúne-se ordinariamente para
fiscalizar as contas e de forma extraordinária sempre que julgar necessário.
Contudo, em nenhuma das reuniões poderá haver menos de três membros
(SUPLENTES ou efetivos). SUPLENTE
O Conselho Fiscal é formado por três membros efetivos e três suplentes, que Substitui um membro
são eleitos anualmente em Assembléia Geral. Da mesma forma que no Conselho efetivo e assume suas
funções em caso de
de Administração, só é permitida a reeleição de 1/3 (um terço) dos seus
ausência. Exemplo:
componentes. deputado suplente.

Conselho de Ética
O Conselho de Ética realiza um trabalho conjunto com o Conselho Fiscal e viabiliza
aos membros da entidade o devido acompanhamento das ações da Diretoria
Executiva. Como o próprio nome diz, este órgão trata de assuntos referentes à
conduta de todos os membros da associação ou da cooperativa, bem como na
mediação dos conflitos que possam surgir.

Não é obrigatória a existência de um Conselho de Ética nas cooperativas e


associações, mas sua criação torna-se altamente recomendável à medida que essas
entidades aumentam de tamanho no que se refere ao número de cooperados.

Ele também é formado por membros eleitos em Assembléia Geral. O número


de conselheiros e seu mandato variam de entidade para entidade, devendo ser
estabelecidos em seu estatuto.
146 O conselho pode ser convocado pela diretoria ou pelos associados, sempre
que estes julgarem haver casos que necessitam de averiguação. Após a devida
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

investigação do caso, eles devem orientar a diretoria na condução das situações.


Um exemplo em que pode ser acionado o Conselho de Ética é quando existe
um caso de desrespeito ao Estatuto ou ao Regimento Interno por parte dos
associados. Neste caso, este órgão pode recomendar punições, como a exclusão
de membros.

Multimídia

A CENTRALTAXI (Centraxi Coopertranspa Ltda.), Cooperativa de Transportes no


Rio de Janeiro, possui um Conselho de Ética e Disciplina, composto por sete
membros, todos Cooperados eleitos em Assembléia Geral. Sua principal função
é avaliar a entrada de candidatos para Cooperados, como também acompanhar,
orientar e fiscalizar o comportamento de cada Cooperado dentro dos padrões
éticos e disciplinares.
Site oficial: http://www.centraltaxi.com.br/diretoria.html.

Para finalizar esta aula, desejo relembrar a questão da participação. Sendo as


cooperativas e associações organizações de propriedade coletiva, todos devem
efetivamente participar de sua gestão, das definições do rumo a tomar e do
estabelecimento das prioridades.

Mesmo que os dirigentes eleitos para estes órgãos sejam extremamente competentes
e responsáveis, os donos, ou seja, os associados, devem acompanhar e controlar
suas ações. Disso, com certeza, depende o sucesso ou fracasso dos objetivos atuais
da entidade. Lembre-se do velho ditado: “O olho do dono é que engorda o porco.”
147

Aula 8 – Organização administrativa de cooperativas e associações


Atividade 3 Atende ao Objetivo 3

a. Até onde vai a autonomia do Conselho de Administração, ou seja, o que limita


suas ações?

b. Qual a função primordial do Conselho Fiscal? Para exercer sua função, ele
necessita de autorização do Conselho de Administração?

Resumindo...

Nesta aula, você viu que:

• a administração de uma cooperativa ou associação é de total responsa-


bilidade de seus associados;

• a estrutura organizacional de uma entidade é representada por um


organograma;

• a estrutura organizacional dessas organizações é formada basicamente


pela Assembléia Geral, pelo Conselho de Administração e pelo Conselho
Fiscal, que têm funções e atribuições especificadas no Estatuto Social;

• estes órgãos são compostos por associados eleitos ou por todos os


membros de forma democrática;
148
• a Assembléia Geral é o órgão máximo das cooperativas e associações;
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

nela são tomadas as principais decisões dessas organizações;

• a Assembléia Geral é composta por todos os membros associados;

• existem dois tipos de assembléias: a Ordinária (que acontece uma vez


por ano para a apresentação de relatórios financeiros) e a Extraordinária
(que acontece para deliberar outros assuntos e sempre que os associados
julgarem necessária);

• o Conselho de Administração e a Diretoria são responsáveis pelo geren-


ciamento da organização, coordenando todas as atividades necessárias
para o alcance dos objetivos organizacionais;

• os membros que compõem estes órgãos não podem possuir um mandato


superior a quatro anos e obrigatória a renovação de no mínimo 1/3 (um
terço) dos membros por eleição após esse período;

• o Conselho Fiscal tem como principal objetivo a fiscalização das ações


da Diretoria Executiva;

• o Conselho Fiscal é formado por três membros efetivos e três suplentes,


que são eleitos anualmente em Assembléia Geral;

• o Conselho de Ética é um órgão facultativo que trata de assuntos


referentes à conduta de todos os membros da associação ou cooperativa,
bem como na mediação dos conflitos que possam surgir.

Informação sobre a próxima aula


Na Aula 9, veremos a elaboração do Estatuto Social de uma cooperativa ou
associação, bem como os direitos e os deveres dos associados.
149

Aula 8 – Organização administrativa de cooperativas e associações


Respostas das Atividades

Atividade 1
As principais diferenças nas estruturas administrativas de uma cooperativa/
associação e de uma sociedade empresária estão ligadas ao processo de tomada
de decisões. No primeiro caso, as decisões são tomadas pela Assembléia
Geral de cooperados; no segundo, pelos diretores ou presidente que são as
pessoas que representam a maior parte do capital da empresa. Outra diferença
importante é que nas cooperativas e associações os gestores são escolhidos
entre os próprios associados por meio de eleições e nas empresas comerciais
os gestores são escolhidos pelos donos da empresa.

Atividade 2
a. O principal órgão de uma cooperativa e de uma associação é a Assembléia
Geral, formada por todos os associados.

b. As Assembléias Gerais Ordinárias são aquelas que acontecem obrigatoriamente


uma vez por ano, até 31 de março, para que a administração apresente os
relatórios financeiros do exercício anterior. Já as Extraordinárias acontecem
sempre que os associados julgarem necessária para tratar de assuntos como
dar posse ou destituir a diretoria, mudar o estatuto, entre outros.

Atividade 3
a. A autonomia do Conselho de Administração é limitada pelo que está escrito no
Estatuto Social, pois o que não está previsto no estatuto deverá ser decidido
em Assembléia Geral.

b. Para o desempenho de suas funções, o Conselho Fiscal não necessita de


autorização prévia do Conselho de Administração, uma vez que ele está
fiscalizando as próprias ações da administração.
150 Referências bibliográficas
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

BENATO, J. V. A. Como organizar o quadro social das cooperativas. São Paulo:


OCESP, 2002. 125 p. (Coleção Orientação 3/2002).

BRASIL. Lei n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional


de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e
dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF, 16 dez. 1971. Disponível em: <http://www.ocb.org.br/>.
Acesso em: 28 dez. 2007.

CHIAVENATO, Idalberto. Administração nos novos tempos. 2. ed. Rio de Janeiro:


Elsevier, 2004.

CRÚZIO, Helnon de Oliveira. Como organizar e administrar uma cooperativa: uma


alternativa para o desemprego. Rio de Janeiro: FGV, 2000.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário Eletrônico Aurélio Século XXI.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

POLONIO, Wilson Alves. Manual das sociedades cooperativas. São Paulo: Atlas, 2001.
Como funcionam

Aula 9
cooperativas e associações

e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo


Adriana Ventola Marra
Meta
Apresentar os principais documentos que contêm as
leis que regem o dia-a-dia de uma associação ou
cooperativa, dando destaque ao Estatuto Social,
Regi-mento Interno e à Ata das Assembléias.

Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1. identificar o Estatuto Social de uma cooperativa e


uma associação;

2. descrever os direitos e os deveres dos membros


associados;

3. identificar o Regimento Interno dessas organizações;

4. descrever os procedimentos necessários para a


realização das Atas das Assembléias.
Estatuto Social 153

Aula 9 – Como funcionam cooperativas e associações


O primeiro grande documento de uma cooperativa e uma associação é o seu
Estatuto Social. No decorrer das aulas anteriores, referimo-nos, várias vezes, a
esse documento. Então, vamos relembrar: Estatuto Social é o documento que
equivale ao “contrato social” em empresas comerciais. Ele é necessário para a
constituição de uma cooperativa ou associação e tem como conteúdo todas as
normas que estruturam e regem o funcionamento dessas organizações. O Estatuto
Social também descreve os direitos e os deveres dos associados.

Figura 9.1: Minuta do Estatuto Social da cooperativa – primeira versão do Estatuto Social.
154 Por esses motivos, na Aula 4, em que estudamos a constituição de uma coope-
rativa, vimos que a primeira ação do grupo escolhido para coordenar os trabalhos
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

foi elaborar a minuta (rascunho/proposta) do Estatuto, e só depois apresentar


essa proposta para a Assembléia, pois o Estatuto deve ser formulado pelo
conjunto dos associados.

Os principais itens de um Estatuto Social são:

1. descrição geral da entidade, contendo denominação, local da sede adminis-


trativa, área de atuação, exercício social e prazo de duração;

2. objetivos da entidade, ou seja, quais são as principais metas que os associados


pretendem atingir com a formação da entidade;

3. direitos e deveres dos associados, o que cada um pode fazer e o que eles têm
a obrigação de fazer;

4. regras para a escolha de seus dirigentes, ou seja, a Diretoria Executiva, o


Conselho Administrativo e o Conselho Fiscal;

5. tempo estipulado para o mandato de cada dirigente, que pode ser de até
quatro anos para a Diretoria e o Conselho Administrativo e de até um ano para
o Conselho Fiscal;

6. funções dos diferentes órgãos administrativos, ou seja, quais são as atribuições


de cada um dos órgãos estudados na Aula 8;

7. punições a desvios de conduta e formas de julgamento, ou seja, o que deve


ser feito quando um dos membros desrespeita o que está determinado pelo
Estatuto; e

8. demais orientações que os membros julgarem importantes para o funcionamento


da entidade, pois, apesar de existirem itens mínimos que compõem o Estatuto,
não existe fórmula única. Tudo o que for relevante para aquele grupo deve ser
colocado no Estatuto; por exemplo, se o grupo acha importante destacar a
qualidade do produto que irá ser vendido na cooperativa, esse item deve ser
incluído.

Ao final deste curso, apresentamos um modelo de Estatuto de uma cooperativa


agropecuária (Anexo II) que abrange os itens anteriormente listados, a fim de
ilustrar a sua realização.
155

Aula 9 – Como funcionam cooperativas e associações


Atenção!

Quando um grupo de pessoas decide constituir efetivamente uma cooperativa


ou uma associação, deve buscar os Estatutos de outras entidades que tenham o
mesmo objeto social pretendido por quem está fundando essa nova associação.
A partir desses exemplos, devem-se fazer adaptações ou ajustes necessários
àquela realidade específica. Por exemplo, a associação de moradores de uma
cidade pode tomar como exemplo o Estatuto da associação de moradores de outra
cidade, mas deve fazer as adaptações necessárias à realidade daquela cidade.

Sanja Gjenero

Fonte: www.sxc.hu

No Estatuto Social de uma associação, que é bem mais simples, as diferenças


mais aparentes encontram-se nos objetivos e nos aspectos relacionados à
gestão financeira da entidade. Em suma, percebemos que o Estatuto Social se
compara com a certidão de nascimento de uma pessoa física; é ele que registra e
documenta o início da vida de uma cooperativa ou associação.
156
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Atividade 1 Atende ao Objetivo 1

O que é e para o quê serve o Estatuto Social de uma empresa cooperativa?

Vamos conhecer Direitos e deveres dos membros


os direitos e
os deveres dos da entidade
cooperados!
Como já ressaltamos em outras aulas, o sucesso ou
fracasso de uma cooperativa ou associação está direta-
mente condicionado ao nível de participação de seus as-
sociados. É de extrema importância que o envolvimento
do associado vá além da utilização dos serviços oferecidos
pela entidade e de sua freqüência em reuniões e assemblé-
ias. Ele deve participar de encontros, seminários e outros
eventos que permitam o melhor conhecimento de sua
cooperativa ou associação.

Figura 9.2: Os associados devem conhecer e cobrar


os seus direitos e deveres.
Estão listados no Estatuto Social (ver Anexos I e II) da entidade os direitos e 157
deveres dos associados, que têm por obrigação praticá-los e sugerir mudanças

Aula 9 – Como funcionam cooperativas e associações


quando necessário. Esse conjunto de direitos e deveres não varia muito de entidade
para entidade, pois segue os princípios do cooperativismo já apresentados nas em
aulas anteriores. A Tabela 9.1 resume alguns desses direitos e deveres.

Tabela 9.1: Direitos e deveres dos cooperados e associados

Direitos Deveres
Receber retorno proporcional das sobras Respeitar as decisões votadas nas
de capital, no caso das cooperativas. assembléias gerais.
Denunciar, sempre, os procedimentos Freqüentar e votar nas assembléias gerais.
indevidos.
Examinar os livros e documentos da Pagar a cota de capital necessária ao
empresa e solicitar esclarecimentos aos ingresso na cooperativa.
dirigentes, conselheiros e funcionários.
Convocar Assembléia extraordinária, caso Votar e ser votado para cargos
se faça necessário, conforme estabelecido administrativos, fiscais ou outras funções.
no Estatuto.
Obter, antes da realização da Zelar pelo interesse comum e pela
Assembléia Geral, balanços financeiros, autonomia da sociedade.
demonstrativos e relatórios.
Retirar seu capital ao sair da sociedade, Participar das atividades econômicas,
de acordo com o estabelecido no Estatuto, sociais e educativas.
apenas no caso das cooperativas.
Zelar e exigir que cuidem do patrimônio Colaborar no planejamento,
moral e operacional da entidade. funcionamento, avaliação e fiscalização
das atividades.
Desligar-se quando quiser. Debater idéias e decidir pelo voto os
objetivos e as metas de interesse do
grupo.
Buscar capacitação profissional para o
desempenho de suas atividades.
158
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Atividade 2 Atende ao Objetivo 2

Procure, na internet, um Estatuto de associação ou cooperativa, identifique os


direitos e deveres dos associados e faça uma comparação entre os que foram
listados na Tabela 9.1 e os listados nos modelos de Estatutos. Anote aqueles
direitos e deveres que não estavam evidenciados na tabela.

Regimento Interno
Existem aspectos determinantes no funcionamento de uma cooperativa e de uma
associação que requerem maior detalhamento e, em geral, são muito específicos
de cada tipo de entidade, ou seja, dependem de seu ramo de atuação, de seu
produto ou serviço prestado e, algumas vezes, seguem um desejo peculiar dos
associados. Para solucionar tais problemas específicos, a entidade pode elaborar
um Regimento Interno.

Da mesma forma que o Estatuto, o Regimento Interno, como o próprio nome


indica, é um documento que regula as atividades realizadas no interior da enti-
dade. Tudo o que estiver escrito no regimento deve estar sempre em harmonia
com o Estatuto Social. Ele não é um documento obrigatório, mas é uma forma de
facilitar a gestão e melhorar o funcionamento da cooperativa ou associação.
Outra vantagem do Regimento Interno é aumentar a vida útil do Estatuto, 159
evitando que este último seja freqüentemente modificado em função de mudanças

Aula 9 – Como funcionam cooperativas e associações


ocorridas na administração das entidades. Dessa forma, todas as normas e os
procedimentos administrativos que estão mais sujeitos a alterações em função de
modificações ambientais devem ser definidos no Regimento Interno.

Existe, ainda, a possibilidade de se estabelecer um regimento específico para cada


assunto. Por exemplo, uma cooperativa agropecuária pode ter um regimento que
trate apenas de assuntos vinculados à produção e outro que trate dos assuntos
relativos às questões de assistência social da cooperativa.

Saiba mais...

Veja a notícia a seguir, sobre a aprovação do Regimento Interno da Coopnatural,


veiculada em 13/6/08, no site http://fiepb.com.br/noticias. A Coopnatural é uma
cooperativa de produção têxtil e afins do algodão do Estado da Paraíba.

(...) O Regimento Interno da Coopnatural é o documento que auxilia


o Estatuto que rege a cooperativa. A reunião, que contou com a
participação do analista de mercado do Parque Tecnológico, Marly
Medeiros, foi conduzida pela presidente Maísa Gadelha. Ela explicou
o que representa o documento aprovado pela Assembléia. ‘Podemos
exemplificar o Estatuto de uma cooperativa como se fosse a Constituição
de um país. O Regimento Interno, por sua vez, é um documento mais
flexível, que pode ser adequado e modificado, conforme a realidade
vivenciada pela instituição em seu dia-a-dia’, disse. A Coopnatural
busca fortalecer a cadeia têxtil do algodão colorido, comercializando
produtos ecológica e socialmente corretos, através da valorização da
agricultura familiar e do artesanato local. (...)

No final das aulas, encontraremos um modelo completo de Regimento Interno para


uma associação de moradores, mas lembramos que, como o Regimento Interno
é algo extremamente particular de uma entidade, o exemplo serve apenas como
referencial para a melhor compreensão das diferenças entre Regimento Interno e
Estatuto Social. Destacamos aqui a parte inicial:
160
MODELO DE REGIMENTO INTERNO DE ASSOCIAÇÃO DE MORADORES
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

DA ORGANIZAÇÃO E FUNCIONAMENTO DA ASSOCIAÇÃO

Art. 1°. Para o cumprimento do conjunto de diretrizes e princípios previstos


nos Estatutos Sociais e demais documentos da entidade, ficam estabelecidas
as seguintes regras de organização e funcionamento, aplicáveis ao conjunto
de associados:

Art. 2°. São instâncias consultivas e deliberativas da ASSOCIAÇÃO:

I. a Assembléia Geral;

II. a Coordenação Geral ou Executiva;

III. o Conselho Fiscal;

IV. as coordenadorias temáticas;

V. Grupos de Origem.

Parágrafo primeiro: as instâncias de deliberativas são a Assembléia Geral e a


Coordenação Geral ou Executiva.

Parágrafo segundo: as instâncias de caráter consultivo são Conselho Fiscal e


Coordenadorias Temáticas e Grupos de Origem.

Art. 3º. A Assembléia será coordenada pelo Coordenador-Geral ou Presidente,


por alguém indicado pela Coordenação da Entidade.

Art. 4º. Os trabalhos nas Assembléias obedecerão à seguinte ordem:

I. Aprovação e discussão da Pauta do dia.

II. As decisões serão tomadas pela maioria simples dos membros presentes,
exceto para os casos em que haja previsão diversa nos Estatutos.
Fonte: Modelo de Regimento Interno adaptado do site sp.unmp.org.br/index.php?option=com_
docman&task=doc_download&gid=30.
161

Aula 9 – Como funcionam cooperativas e associações


Atividade 3 Atende ao Objetivo 3

Pesquise, na internet, e selecione o Estatuto de uma associação (associações


de produtores rurais, de preferência) e um regimento, destacando os principais
pontos de cada um.

Como registrar as assembléias em atas

Gostaríamos
de saber a opinião
de vocês sobre
este assunto.

Figura 9.3: Ata de uma Assembléia sendo feita.


162 Mas o que é uma Ata? Como mostra a Figura 9.3, é o registro oficial de tudo o
que aconteceu e foi decidido em uma reunião de Assembléia Geral. A Ata é um
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

documento de extrema importância para as entidades, pois é por meio dela que
verificamos qual foi a opinião das pessoas sobre determinado assunto e o que foi,
exatamente, decidido.

Então, quem deve fazer a Ata e como deve ser feita?

A pessoa responsável pela elaboração da Ata é o secretário-geral, membro da


diretoria executiva. Ele deve proceder realizando os seguintes passos:

1. durante a reunião, anotar os pontos relevantes para a elaboração da Ata;

2. após a reunião, elaborar a Ata de reunião dentro das normas estabelecidas no


Estatuto;

3. informar aos associados sobre o conteúdo da Ata para verificar se existem


possíveis alterações;

4. no caso de alterações, proceder às correções;

5. não havendo mais alterações ou sugestões, lavrar (registrar) a Ata em livro


próprio.

O conteúdo de uma Ata também tem que seguir algumas regras básicas, pois
toda Ata da Assembléia deve conter:

a. preâmbulo: hora, dia, mês, ano e local da realização;

b. nome do presidente e do secretário;

c. quantidade de pessoas presentes na primeira convocação e, se houver, a


quantidade na segunda;

d. transcrever a pauta do dia, ou seja, os assuntos a serem tratados na reunião


e que estavam no anúncio convocando as pessoas;

e. deliberações tomadas, ou seja, as decisões daquela reunião;

f. fecho: leitura e aprovação da Ata lavrada no livro de Atas de Assembléias,


colhidas as assinaturas do presidente, do secretário e dos demais membros
quando necessário, como no caso da Ata para a constituição da associação
ou cooperativa.
Alguns outros cuidados devem ser tomados na elaboração das Atas: 163

1. não deixar espaço muito grande entre as palavras, para que não haja acrésci-

Aula 9 – Como funcionam cooperativas e associações


mos posteriores;

2. as Atas são escritas numa seqüência única, sem parágrafos;

3. tudo deve estar escrito por extenso, inclusive números e datas;

4. se houver algum erro de redação, quando manuscrita, o secretário não deve


apagar (rasurar). Ele deve escrever, logo após a palavra errada, a expressão
“digo”, “ou melhor” ou “em tempo”;

5. colher todas as assinaturas dos presentes, ou apenas do presidente e secretário.

Vejamos um modelo de Ata para a constituição de uma cooperativa. Ele contém


todos aqueles itens anteriormente explicitados, adaptado do site http://
www.geranegocio.com.br.

MODELO DE ATA PARA CONSTITUIÇÃO DA COOPERATIVA

ATA DA ASSEMBLÉIA GERAL DE CONSTITUIÇÃO DA COOPERATIVA

Aos dias ... do mês de ... do ano de 20..., às ... horas, em ... (indicar a
localidade), Estado de ..., reuniram-se com o propósito de constituírem uma
sociedade cooperativa, nos termos da legislação vigente, as seguintes pessoas:
(nome por extenso, nacionalidade, idade, estado civil, RG, CPF, residência,
número e valor das quotas-parte subscritas de cada fundador). Foi aclamado
para coordenar os trabalhos o Senhor ... (nome do coordenador), que convidou
a mim ... (nome do secretário), para lavrar a presente Ata, tendo participado
ainda da Mesa as seguintes pessoas: (nome e função das pessoas). Assumindo
a direção dos trabalhos, o coordenador solicitou que fosse lido, explicado e
debatido o projeto de Estatuto da sociedade, anteriormente elaborado, o que
foi feito artigo por artigo. O Estatuto foi aprovado pelo voto dos cooperantes
fundadores, cujos nomes estão devidamente consignados nesta Ata. A seguir,
o Senhor Coordenador determinou que se procedesse à eleição dos membros
dos órgãos sociais, conforme dispõe o Estatuto recém-aprovado. Procedida
a votação, foram eleitos para comporem o Conselho de Administração (ou
Diretoria, conforme o caso) os seguintes cooperantes: Presidente: (colocar os
164
demais cargos e respectivos ocupantes); para membros do Conselho Fiscal, os
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Senhores...; para seus suplentes, os cooperantes (nome de cada um deles)...


todos já devidamente qualificados nesta Ata. Prosseguindo, todos foram
empossados nos seus cargos e o Presidente do Conselho de Administração,
assumindo a direção dos trabalhos, agradeceu a colaboração de todos nessa
tarefa e declarou definitivamente constituída, desta data para o futuro, a
cooperativa (escrever o nome da cooperativa) com sede em (localidade), Estado
de ..., que tem por objetivo: ... (acrescentar um resumo do objetivo transcrito
no Estatuto). Como nada mais houvesse a ser tratado, o Senhor Presidente da
sociedade deu por encerrados os trabalhos e eu, (nome do secretário), que
servi de Secretário, lavrei a presente Ata que, lida e achada conforme, contém
as assinaturas de todos os cooperantes fundadores, como prova a livre vontade
de cada um de organizar a cooperativa (local a data).

(Assinatura do Secretário da Assembléia)

(Assinatura de todos os cooperantes fundadores)

Após o estudo dos documentos mais importantes que registram e regulam o dia-
a-dia de uma cooperativa e uma associação, podemos perceber a importância de
termos um sistema organizado, em que tudo está devidamente documentado, para
garantir os princípios e os valores cooperativistas, como a eqüidade dos membros
e a valorização das pessoas.

Atividade 4 Atende ao Objetivo 4

Identifique as principais partes que compõem uma Ata após a análise do modelo
apresentado e a leitura do texto sobre como registrar as assembléias em atas.
165

Aula 9 – Como funcionam cooperativas e associações


Resumindo...

No decorrer desta aula, você viu que:

• O Estatuto Social é necessário para a constituição de uma cooperativa


ou associação, e tem como conteúdo todas as normas que estruturam e
regem o funcionamento dessas organizações.

• Os principais itens de um Estatuto Social são: a descrição geral da entidade;


seus objetivos; os direitos e deveres dos associados; as regras para a
escolha de seus dirigentes; o tempo estipulado para o mandato de cada
dirigente; as funções dos diferentes órgãos administrativos; as punições
aos desvios de conduta e as formas de julgamento; e demais orientações
que os membros julgarem importantes para o funcionamento da entidade.

• Os deveres do associado vão além da utilização dos serviços oferecidos


pela entidade e de sua freqüência em reuniões e assembléias. Ele deve
participar efetivamente de encontros, seminários e outros eventos que
permitam o melhor conhecimento de sua cooperativa ou associação.

• Os direitos dos associados também estão diretamente ligados à questão


da participação e enfatizam aspectos como denunciar procedimentos
indevidos, convocar assembléias e zelar pelo patrimônio da entidade.

• O Regimento Interno, apesar de não ser obrigatório, é um documento


muito importante para as entidades.

• É no Regimento Interno que estão descritos detalhes do Estatuto e todos


os princípios que explicitam as atividades da entidade.

• Todas as reuniões das Assembléias Gerais são registradas em Atas pelo


secretário da entidade.

• A elaboração da Ata requer vários procedimentos legais quanto à sua


forma e ao seu conteúdo para ser válida.
166 Informações sobre a próxima aula
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Na próxima aula, estudaremos os aspectos financeiros de associações e coopera-


tivas, como os principais tributos a serem pagos e o que deve ser feito para um
efetivo controle financeiro.

Respostas das Atividades

Atividade 1
Estatuto Social é o documento que equivale ao “contrato social” em empresas
comerciais. Ele é necessário para a constituição de uma cooperativa ou associação
e tem como conteúdo todas as normas que estruturam e regem o funcionamento
dessas organizações. Tais normas englobam: a descrição geral da entidade e seus
objetivos; os direitos e deveres dos associados; as regras para a escolha de seus
dirigentes; as funções dos diferentes órgãos administrativos; as punições aos
desvios de conduta etc.

Atividade 2
Os deveres dos cooperados que não estavam listados podem variar, mas os mais
comuns são: satisfazer pontualmente seus compromissos com a cooperativa, dentre
os quais o de participar ativamente da sua vida societária e empresarial; prestar
à cooperativa as informações relacionadas com as atividades que lhe facultaram
associar-se; cobrir as perdas do exercício, quando houver, proporcionalmente às
operações que realizou com a cooperativa; e levar ao conhecimento do Conselho
de Ética, se houver, ou ao Conselho de Administração e/ou Conselho Fiscal, a
existência de qualquer irregularidade que atente contra a lei, o Estatuto e o
código de ética. Por sua vez, os direitos foram todos contemplados na tabela
apresentada no texto.

Atividade 3
Após sua pesquisa, você deve ter percebido que o Estatuto traz o conjunto
de normas genéricas e princípios de como funcionará a entidade. As regras do
Estatuto seguem a legislação vigente para associações e cooperativas. Por sua
vez, o Regimento Interno é um regulamento interno, particular, que detalha
o Estatuto e todos os princípios nele contidos explicitando as atividades da 167
associação. Portanto, o regimento, apesar de não ser obrigatório, é altamente

Aula 9 – Como funcionam cooperativas e associações


recomendável por sua especificidade e maior facilidade de alteração.

Atividade 4
Ao redigir uma Ata, você deve colocar hora, dia, mês, ano e local da realização;
o nome do presidente e do secretário; a quantidade de pessoas presentes; a pauta
do dia; as decisões tomadas; e o fecho: leitura e aprovação da Ata lavrada no livro
de Atas de Assembléias, colhidas as assinaturas do presidente, do secretário e dos
demais membros, quando necessário.

Referências bibliográficas
AGRONEGÓCIO: o portal do pequeno negócio. Disponível em: <http://www.
geranegocio.com.br>. Acesso em: 14 nov. 2008.

BATALHA, M. O. et al. Gestão agroindustrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2001. v. 1.

BIALOSKORSKI NETO, S. Agribusiness cooperativo: economia, crescimento e


estrutura de capital. 1998. 257 f. Tese (Doutorado) - Escola Superior de Agricultura
“Luiz de Queiroz”, Universidade de São Paulo, Piracicaba, 1998.

BRASIL. Lei n. 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional


de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e
dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF, 16 dez. 1971. Disponível em: <http://www.ocb.org.br/>.
Acesso em: 28 dez. 2007.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário eletrônico Aurélio Século XXI.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

GAWLAK, A.; RATZKE, F. A. y. Cooperativismo: primeiras lições. Brasília: Sescoop,


2004.

JUVÊNCIO, F. de C.; ANDRADE, G. V. de; PANZUTTI, R. Cooperativismo ao alcance de


todos. São Paulo: OCESP, 2000. 120 p. (Coleção Orientação 1/2000.)

PINHO, D. B. O cooperativismo no Brasil: da vertente pioneira à vertente solidária.


São Paulo: Saraiva, 2003. 357 p.
168 SISTEMA indústria. Notícias. Disponível em: <http://fiepb.com.br/noticias/>.
Acesso em: 28 dez. 2007.
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

UNIÃO dos movimentos de moradia. Modelo de regimento interno da associação


da organização e funcionamento da associação. Disponível em: <sp.unmp.org.br/
index.php?option=com_docman&task=doc_download&gid=30/>. Acesso em: 28
dez. 2007.

Site consultado
SESCOOP, São Paulo. Portal do Cooperativismo. Disponível em: <http://www.port
aldocooperativismo.org.br/sescoop/>. Acesso em: 28 dez. 2007.
Como administrar as finanças

Aula 10
de cooperativas e associações

Adriana Ventola Marra

e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo


David Siqueira

Sanja Gjenero
DJ Alemão

Fonte: www.sxc.hu
Meta
Apresentar os principais instrumentos que auxiliam
na gestão financeira de uma associação e de uma
cooperativa, dando destaque aos tributos que
incidem sobre essas atividades.

Objetivos
Ao final do estudo desta aula, você deverá ser capaz de:

1. identificar a formação do capital social e


o destino das sobras financeiras de uma
cooperativa;

2. descrever a importância da contabilidade na


gestão das cooperativas;

3. identificar os tributos incidentes na atividade


cooperativa.
Início da organização: o que é capital social 171

Aula 10 – Como administrar as finanças de cooperativas e associações


Nesta aula, resumiremos os aspectos mais importantes das finanças das cooperativas
e associações. Muitas pessoas acreditam que essas entidades não precisam cuidar
de suas finanças e que seu dinheiro não necessita de administração. Essa crença,
possivelmente, é decorrente da comparação entre as finalidades de empresas
públicas (do governo), privadas (particulares) e filantrópicas (que têm objetivos
sociais) com as cooperativas e a possibilidade de lucro dentro dessas entidades.

Essa comparação não faz sentido, pois qualquer organização, seja ela pública,
privada ou filantrópica, deve ter cuidado muito especial na gestão de seus
recursos financeiros.

Então, como essas entidades devem proceder?

Flávio Takemoto

Fonte: www.sxc.hu

Figura 10.1: Acompanhamento das finanças.

Para se obter bom resultado financeiro, os dirigentes das cooperativas e das


associações devem acompanhar permanentemente e avaliar os resultados
financeiros das atividades da entidade (Figura 10.1). Para isso, são necessários
alguns instrumentos administrativos: planejamento financeiro, controle de caixa
e avaliação do desempenho da entidade, verificando tudo o que gasta e aquilo
que recebe.
172 Mas o que é o capital?
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Quando pensamos em abrir qualquer negócio, a primeira pergunta que nos vem
à mente é exatamente sobre quanto de capital será necessário, ou seja, quanto
dinheiro iremos precisar. Para a constituição de uma cooperativa, o procedimento
CAPITAL SOCIAL é o mesmo. Necessitamos de CAPITAL SOCIAL, que é o valor, em reais, que os

O valor previsto no membros investem na entidade ao associar-se.


estatuto das associações e Todo capital social é dividido em partes, que são chamadas de quotas-parte.
cooperativas, que forma a
As quotas-parte são a parcela do capital que cada associado investe na entidade. Essas
participação (em dinheiro,
quotas já devem estar descritas no Estatuto Social que foi aprovado pelos membros.
bens ou direitos) dos
membros da entidade no Por exemplo: um grupo de produtores rurais que resolveu montar uma cooperativa
ato de sua constituição. calculou que o investimento necessário para a sua abertura é de R$ 20.000,00.
Esse será, então, o capital social da cooperativa. Se tivermos um grupo de 40
produtores, o capital social poderá ser dividido em 40 quotas-parte. Então,
cada produtor contribuirá com uma ou mais quotas-parte, de acordo com suas
possibilidades; ou seja, cada quota será integralizada no valor de R$ 500,00.

Apesar de a cooperativa ser de propriedade coletiva, as quotas-parte são de


propriedade privada. A cooperativa não pode ser vendida nem comprada, mas as
quotas-parte podem ser vendidas a outros cooperados. Por essa razão, o capital
social é também chamado de Fundo Divisível. Contudo, essa venda só é permitida
se for respeitado o limite de que cada cooperado só pode ter no máximo 1/3 das
quotas-parte da cooperativa, conforme estabelecido na lei das cooperativas.

Atenção!

É importante destacar que no caso específico das associações não existe


a formação de capital social com características de fundo divisível. Essa
característica é somente das cooperativas. Para as associações, o conjunto
de bens e recursos financeiros acumulados não pertence aos associados.
Quando uma associação é dissolvida (fechada), esse patrimônio deve ser
destinado à outra instituição semelhante a ela. As receitas das associações são
provenientes de mensalidades ou taxas de manutenção pagas pelos associados.
Se a associação tiver ganhos, ou seja, resultados positivos de suas atividades,
eles não são destinados aos associados, devendo ser reinvestidos nas atividades
da própria associação.
Se o capital social é chamado de fundo divisível, podemos concluir que existem 173
fundos indivisíveis, ou seja, que não podem ser divididos entre os membros por

Aula 10 – Como administrar as finanças de cooperativas e associações


serem de propriedade coletiva da cooperativa. Existem dois fundos desse tipo
que são obrigatórios para todas as cooperativas: Fundo de Reserva e Fundo de
Assistência Técnica, Educacional e Social (FATES).

1. Fundo de Reserva, que recebe 10% das sobras líquidas do exercício social, ou
seja, da diferença entre o que foi recebido e o que foi gasto, o que é chamado
de “SOBRAS” (o mesmo que lucro nas empresas privadas); 10% são separados SOBRA
para constituir reserva da cooperativa para emergências futuras. Resultado financeiro
2. Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (FATES), que recebe 5% positivo das operações da
cooperativa ao final do
das mesmas sobras que foram utilizadas para calcular o fundo de reserva. Esse
exercício do ano fiscal.
fundo é destinado à prestação de assistência aos associados, seus familiares e, Quando o resultado
também, se estiver determinado no estatuto, aos empregados da cooperativa. financeiro for negativo, ele
será chamado de “perdas”.

Multimídia

Veja um exemplo de utilização do FATES pela COOPERCERES (Cooperativa de


crédito do Estado de São Paulo), decidida pela Assembléia Geral Ordinária de 2007.
O fundo foi utilizado para a compra de material pedagógico e cursos de bem-estar
social para crianças de 3 a 7 anos, para a compra de brinquedos que formarão o
playground do Clube Mães do Aconchego, Associação Luz e Vida (Hospital Água
Funda), para a compra de material odontológico, equipamentos, material para a
oficina de gravura e reforma da cadeira de dentista etc. Veja mais detalhes no site
http://www.cooperceres.com.br/noticia.php?id_texto=58.

Se a cooperativa quiser, outros fundos podem ser criados desde que tenham a
aprovação da Assembléia Geral, como, por exemplo, Fundo de Benefícios Sociais
para férias, 13ª retirada (funcionado como um 13o salário), gravidez, entre outros.

É importante lembrar que após o pagamento de todos os impostos e taxas e a


constituição dos fundos, as sobras podem ser distribuídas proporcionalmente aos
cooperados de acordo com as transações comerciais/profissionais que eles realizaram
com a entidade. Devemos deixar claro que a decisão sobre a divisão ou não das
sobras cabe à assembléia geral, como vimos nos princípios cooperativistas.
174
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Multimídia

Entenda como a Cooperativa de Produção e Consumo Concórdia (Copérdia)


decidiu em Assembléia a distribuição de suas sobras de 2007:

“Do valor de R$ 1.289.903,96 fica decidido que 50% será capitalizado na


cooperativa e os outros 50% serão distribuídos aos associados, proporcionalmente
à movimentação realizada durante o ano.”

Visite o site http://www.adjorisc.com.br/jornais/ojornal/noticias/index.phtml?


id_conteudo=132168.

É sempre bom lembrar que, se tivermos despesas maiores que as receitas, teremos
prejuízo (Figura 10.2). A assembléia geral pode resolver utilizar o Fundo de
Reserva para cobrir o prejuízo ou dividi-lo entre os cooperados na mesma
proporção da utilização dos serviços.

Figura 10.2: Sobras e prejuízos.


Estamos falando de sobras e prejuízos, mas você deve estar se perguntando: De 175
onde vem o dinheiro para manter a cooperativa? Qual a sua fonte de RECEITA? RECEITA

Aula 10 – Como administrar as finanças de cooperativas e associações


De onde vêm os recursos financeiros para sua manutenção? Somatório de todos os
A principal receita das cooperativas é a taxa de administração ou serviço recursos financeiros
oriundos das atividades
que elas cobram dos cooperados. De todas as operações que o cooperado faz,
profissionais de
a cooperativa retém um percentual sobre o valor negociado. Por exemplo, uma organização.
numa cooperativa agropecuária, a taxa incidirá sobre o valor da venda do produto
(leite, café, algodão etc.) ou sobre o preço pago pelos insumos (sementes, adubos,
ferramentas etc.) que são comprados pelos membros na cooperativa. Também,
nesse caso, podem existir as taxas que são cobradas para a armazenagem e/ou
beneficiamento dos produtos entregues pelos cooperados.

Atividade 1 Atende ao Objetivo 1

Como é formado o capital social de uma cooperativa? Se essa cooperativa, ao final


de um período, obteve sobras líquidas no valor de R$ 100.000,00, o que ela deve
fazer com esse dinheiro?
176 Importância da contabilidade para as cooperativas
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Toda organização, seja ela de base cooperativa ou não, deve manter o registro
de todas as suas movimentações financeiras e elaborar relatórios contábeis que
demonstrem sua situação financeira. Os registros e os relatórios formam um sistema
de informações contábeis que auxiliam os gestores no processo de tomada de
decisão das cooperativas. As decisões devem ser sempre baseadas em dados, e os
dados financeiros são, sem sombra de dúvida, muito importantes.

Para que se mantenha todo esse processo funcionando, é necessário que as cooperativas
contem com os serviços de contadores habilitados. A cooperativa pode contratar um
contador no seu quadro de funcionários ou contratar empresas de contabilidade que
realizam esse serviço. (Lembre-se: os funcionários não são os cooperados, e sim
pessoas contratadas para prestar serviços às cooperativas.) Mesmo assim, é importante
que todas as pessoas que façam parte da administração da cooperativa, bem como os
demais cooperados, tenham noções básicas desse processo.

O primeiro aspecto a ser salientado é de que a elaboração das demonstrações


contábeis em cooperativas se diferencia das aplicadas a outros tipos de empresas.
O principal motivo dessa diferença está no fato de que as cooperativas até podem ter
sobras financeiras, mas não têm o lucro como objetivo. Você se lembra? A finalidade
de uma cooperativa está voltada para o desenvolvimento de seus membros.

Saiba mais...

Em janeiro de 2002, o Conselho Federal de Contabilidade publicou a Norma


Brasileira de Contabilidade (NBC T) 10.8, que instrui sobre as principais regras
de procedimentos técnicos a serem observadas para a contabilidade das
cooperativas. Os destaques dessa norma estão nas demonstrações contábeis
das cooperativas, que possuem características peculiares. Um bom exemplo é
que a Demonstração de Resultado do Exercício é denominada “Demonstração de
Sobras ou Perdas”.
As principais demonstrações contábeis de uma cooperativa que serão realizadas 177
pelo contador são:

Aula 10 – Como administrar as finanças de cooperativas e associações


a. Balanço Patrimonial: No balanço é evidenciada a estrutura patrimonial da
entidade, ou seja, a composição de seus bens, direitos e obrigações (Figura
10.3). Ele é dividido em dois lados que devem ser exatamente iguais no
que se referem aos valores monetários. Do lado direito, temos a origem dos
recursos financeiros (chama-se Passivo), que podem ser formados por capital
próprio dos cooperados (capital social, fundos e sobras) e capital de terceiros
(dívidas com fornecedores, empréstimos bancários, contas a pagar etc.). Do
lado esquerdo, temos a aplicação desses recursos (chama-se Ativo) em bens
(móveis, imóveis, equipamentos, mercadorias, dinheiro em caixa etc.) e
direitos (duplicatas a receber decorrentes de vendas a prazo, conta corrente
no banco etc.).

Ativo Passivo
Circulante Exigível
Caixa R$ 5.000,00 Fornecedores R$ 7.000,00
Mercadorias R$ 8.000,00 Contas a pagar R$ 3.000,00
Duplicatas a receber R$ 2.000,00 Empréstimos bancários R$ 10.000,00
Permanente Patrimônio Líquido
Móveis e utensílios R$ 10.000,00 Capital social R$ 40.000,00
Veículos R$ 25.000,00 Fundo de reserva R$ 1.000,00
Máquinas e equipamentos R$ 20.000,00 Fates R$ 500,00
Sobras líquidas R$ 8.500,00
Total R$ 70.000,00 Total R$ 70.000,00

Figura 10.3: Exemplo simplificado de Balanço Patrimonial.

b. Demonstração de Sobras ou Perdas: Este relatório demonstra explicitamente o


resultado alcançado pela cooperativa em determinado período (Figura 10.4).
Esse resultado pode ser composto de sobras (receitas maiores que despesas)
ou perdas (despesas maiores que receitas), originadas de atos cooperativos.
178
Demonstração de sobras ou perdas da Cooperativa XYZ, encerradas em 31.12.08
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Receita bruta de vendas e serviços R$ 62.000,00


(-) deduções (impostos, devoluções de mercadorias) (R$ 2.000,00)

(=) receita líquida de vendas e serviços R$ 60.000,00


(-) dispêndio e custos de mercadorias vendidas e serviços (R$ 35.000,00)

(=) sobra e lucro bruto R$ 25.000,00


(-) despesas operacionais (R$ 11.000,00)
(+/-) resultado de operações financeiras (R$ 1.000,00)
(=) sobra ou lucro operacional R$ 13.000,00
(+/-) resultado não operacional (R$ 1.500,00)
(=) sobra ou lucro líquido antes do IR e CSLL R$ 11.500,00

(-) provisão para IR e CSLL (R$ 1.500,00)


(=) sobra e lucro líquido do exercício R$ 10.000,00

Figura 10.4: Exemplo simplificado de Demonstração de Sobras ou Perdas. (Obs.: Os valores


negativos estão entre parênteses; IR é a sigla para Imposto de Renda; CSLL é a contribuição
social sobre o lucro líquido. Os valores são apenas ilustrativos.)

Apesar de sempre falarmos que o objetivo da cooperativa não é o lucro, a palavra


lucro aparece na Figura 10.4. Isso acontece pela seguinte razão: em seus atos
cooperativos, ou seja, suas atividades-fins previstas em Estatuto Social prestadas
aos associados, a cooperativa realmente não pode visar ao lucro, tendo apenas
sobras. Mas, para atos não-cooperativos, ou seja, aqueles praticados entre as
cooperativas e pessoas físicas ou jurídicas não associadas, as relações são
comerciais e visam ao lucro. Por esse mesmo motivo, temos a incidência do
Imposto de Renda e da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido.

Multimídia

Você pode acessar exemplos de Balanços Patrimoniais e de Demonstrações de


Sobras e Perdas nos seguintes sites:

http://www.coamo.com.br

www.aerocred.org.br

www.coopanestes.com.br
Existem outras demonstrações contábeis, tais como a Demonstração de Mutações 179
do Patrimônio Líquido e a Demonstração de Origens e Aplicações de Recursos,

Aula 10 – Como administrar as finanças de cooperativas e associações


que são peças importantes no processo de gerenciamento da cooperativa, mas que
não serão tratadas neste curso por necessitarem de conhecimentos mais detalhados
de contabilidade para sua compreensão; são assuntos específicos de um curso de
Ciências Contábeis.

Gostaria, novamente, de destacar, o importante papel da gestão financeira no


processo de tomada de decisão das cooperativas. Quando as demonstrações
contábeis são realizadas de forma correta, trazem transparência para a administração
e aumentam a confiança dos cooperados nos membros da Diretoria Executiva. Outro
aspecto importante é o registro e a apuração de todos os custos e as despesas
associadas à atividade-fim da cooperativa, facilitando o próprio processo de
fixação do preço de venda dos serviços e mercadorias. Isso quer dizer que em uma
cooperativa de leite todas as atividades vinculadas à produção e ao beneficiamento
do produto devem ser rigorosamente registradas para que seja avaliado quanto
custa produzir o leite e qual o seu melhor preço de venda.

Atividade 2 Atende ao Objetivo 2

Muitas pessoas consideram os controles financeiros desnecessários ou difíceis


de serem elaborados, por isso não o fazem. O que você diria a um dirigente de
cooperativa quanto à importância desses instrumentos contábeis para a entidade?
180 Tributos sobre a atividade cooperativa
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

TRIBUTO Você sabe o que são TRIBUTOS? Com certeza, você já pagou vários ao governo de
O termo refere-se a seu Município, Estado ou até mesmo ao Governo federal. Quando você vai a uma loja
impostos, taxas de e compra uma roupa, está pagando um tributo sobre o preço da roupa. Nesse caso,
serviços públicos e você está pagando ICMS – Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços.
contribuições de melhoria
(decorrente de obras Tributos são as principais fontes de receitas dos governos. Eles podem ser
públicas), contribuindo divididos em contribuições, taxas e impostos. Os impostos são nossos velhos
para a formação da receita conhecidos. Assim como no exemplo do ICMS, o tributo está presente em quase
da União, dos Estados, todos os nossos atos como cidadãos, através de seu pagamento ao governo
do Distrito Federal
ou pelo uso dos serviços públicos oferecidos pelos governos com os recursos
e dos Municípios.
dos tributos. Neste exato momento, ao estudar numa escola pública você está
usufruindo desses serviços.

No caso da cooperativa não poderia ser diferente; ela paga vários tributos ao
exercer suas atividades, com uma ressalva quanto ao Imposto de Renda e à
Contribuição Social sobre o Lucro Líquido. Conceitualmente, o ato cooperativo não
FATO GERADOR é FATO GERADOR dos tributos sobre o lucro, portanto não há incidência desses

Situação cuja ocorrência é tributos. Contudo, ao praticar o ato não-cooperativo, quando a cooperativa tem
necessária e suficiente para lucro deve recolher os dois tributos, como vimos na Figura 10.4.
o surgimento da obrigação
Apresentarei, agora, os principais tributos, apenas para que você reconheça cada
tributária. Um imposto
muito conhecido é o
um deles, pois quem vai fazer sua contabilização para efeitos fiscais é o contador
IPTU – Imposto Predial da cooperativa. Os principais tributos de uma cooperativa são:
e Territorial Urbano. Por • IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados): São contribuintes aquelas
exemplo, só pagará IPTU
cooperativas que beneficiam, ou seja, transformam a matéria-prima in natura
quem tiver imóvel urbano,
então a posse ou utilização
em produtos processados. Esse imposto é pago ao governo federal, e seu
do imóvel urbano é o fato valor varia de acordo com a essencialidade do produto, ou seja, quanto mais
gerador do IPTU. essencial o produto, menor sua taxa de IPI.

• ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços): Toda vez que a


cooperativa vende mercadorias, ela deve pagar o ICMS. Ele é um imposto do
governo estadual, e sua taxa varia em função do produto e do Estado. Se a
cooperativa trabalhar apenas dentro de seu município, ela não precisará pagar
o ICMS.

• PIS (Programa de Integração Social): Toda cooperativa deve recolher 1% sobre


a folha de pagamento de seus funcionários ao governo federal a título de
PIS, e em casos de atos não-cooperativos, ela pagará 0,65% sobre o valor da
receita conseguida através desses atos.
• COFINS (Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social): As coope- 181
rativas estão isentas do pagamento da COFINS no que se refere aos seus

Aula 10 – Como administrar as finanças de cooperativas e associações


atos cooperativos.

• CSLL (Contribuição Social sobre o Lucro Líquido): Incide apenas sobre os atos
não-cooperativos.

• IR (Imposto de Renda): Segue o mesmo mecanismo da CSLL.

• INSS (Previdência social): A cooperativa deve recolher 20% do salário de cada


cooperado para repasse à Previdência.

• ISS (Imposto sobre os Serviços): É um imposto pago aos municípios e incide


sobre a receita operacional da cooperativa com a prestação de serviços. Em
geral, essa receita é o valor da mensalidade (taxa de administração) recebida
de cada associado.

• FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço): Toda cooperativa deve recolher
mensalmente 8% sobre a folha de pagamento de seus empregados. Esse valor é
depositado em uma conta na Caixa Econômica Federal e pode ser sacado pelo
empregado em situações de aposentadoria e demissão sem justa causa, por
exemplo, como acontece com qualquer outro empregado.

Vale ressaltar que em julho de 2008 estavam em tramitação no Congresso


Nacional dois projetos (ver detalhes no site http://www.achanoticias.com.br/
noticia.kmf?noticia=7481406) que propõem modificações na legislação tributária
para as cooperativas, com a isenção de vários impostos. Portanto, vale estar
sempre atento a essas modificações e consultar o contador da cooperativa em
caso de dúvidas.

Atividade 3 Atende ao Objetivo 3

Quais tributos devem pagar as cooperativas agropecuárias (com 50 empregados)


que recolhem o leite dos produtores rurais cooperados, transformam-no em
derivados lácteos e ainda vendem tais produtos para vários supermercados de sua
cidade e redondezas?
182
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Resumindo...

No decorrer desta aula, você viu que:

• Os dirigentes das cooperativas e das associações devem acompanhar


permanentemente e avaliar os resultados financeiros das atividades da
entidade.

• Capital social é o valor previsto no estatuto que forma a participação


(em dinheiro, bens ou direitos) dos membros da cooperativa no ato de
sua constituição.

• Todo capital social é dividido em partes, que são chamadas de quotas-


parte. As quotas-parte são a parcela do capital que cada associado
investe na entidade.

• Existem dois fundos indivisíveis que são obrigatórios para todas as


cooperativas: o Fundo de Reserva e o FATES.

• O Fundo de Reserva recebe 10% das sobras líquidas do exercício social,


para emergências futuras.

• Sobra é o resultado financeiro positivo das operações da cooperativa ao


final do exercício do ano fiscal. Nos casos em que o referido resultado
for negativo, chamamos de “perdas”.

• O Fundo de Assistência Técnica, Educacional e Social (FATES) recebe 5%


das sobras.

• A principal receita das cooperativas é a taxa de administração ou


serviço que ela cobra dos cooperados.

• Toda cooperativa deve manter o registro de suas movimentações


financeiras e elaborar relatórios contábeis que demonstrem a sua
situação financeira.

• A cooperativa deve manter um profissional de contabilidade para


realizar o trabalho contábil.

• Os principais relatórios contábeis de uma cooperativa são o Balanço


Patrimonial e a Demonstração de Sobras ou Perdas.
183
• A cooperativa não é isenta de tributos, apenas aqueles que incidem

Aula 10 – Como administrar as finanças de cooperativas e associações


sobre o lucro líquido das atividades não-cooperativas.

• Os principais tributos relacionados às cooperativas são o IPI, ICMS,


INSS, FGTS, PIS, COFINS, CSLL, IR e ISS.

• É preciso estar sempre atento às mudanças na legislação tributária.

Informações sobre a próxima aula


Na próxima aula, veremos um passo-a-passo sobre a montagem de uma cooperativa,
bem como algumas considerações importantes sobre a administração das cooperativas.

Respostas das Atividades

Atividade 1
O capital social é o valor previsto no estatuto das associações e cooperativas que
forma a participação (em dinheiro, bens ou direitos) dos membros da entidade no
ato de sua constituição, por meio de quotas-parte. Do montante de R$ 100.000,00
a cooperativa deve separar obrigatoriamente 10%, ou seja, R$ 10.000,00, para a
constituição de um Fundo de Reserva, e 5% (R$ 5.000,00) para o FATES. Portanto,
lhe sobram R$ 85.000,00, que podem, de acordo com a decisão da assembléia
geral, ser divididos entre os cooperados na mesma proporção de suas atividades
com a cooperativa, ou ter outros fins como reinvestimento, projetos sociais ou
mesmo a constituição de outro fundo que não seja obrigatório.

Atividade 2
Você poderia argumentar sobre a relevância das informações financeiras no pro-
cesso de tomada de decisão das cooperativas e que, quando as demonstrações
contábeis são realizadas de forma correta, trazem transparência para a
administração, aumentando a confiança dos cooperados nos membros da Diretoria
Executiva. Outro argumento poderia ser que o registro e a apuração de todos
os custos e as despesas associados à atividade-fim da cooperativa auxiliam no
processo de fixação do preço de venda de serviços e mercadorias.
184 Atividade 3
Esta cooperativa deve pagar praticamente todos os impostos listados em nossa
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

aula, com exceção do ISS, pois não presta nenhum tipo de serviço. Os tributos
que devem ser recolhidos são: ICMS, PIS, FGTS, INSS; e IR, CSLL e COFINS, sobre
os atos não-cooperativos de vender os produtos aos supermercados.

Referências bibliográficas
BRASIL. Lei no. 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Define a Política Nacional
de Cooperativismo, institui o regime jurídico das sociedades cooperativas, e dá
outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Poder
Executivo, Brasília, DF, 16 dez. 1971. Disponível em: <http://www.ocb.org.br/>.
Acesso em: 28 dez. 2007.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário eletrônico Aurélio Século XXI.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

JUVÊNCIO, F. de C.; ANDRADE, G. V. de; PANZUTTI, R. Cooperativismo ao alcance de


todos. São Paulo: OCESP, 2000. 120 p. (Coleção Orientação 1/2000).

OLIVEIRA, D. P. R. Manual de gestão das cooperativas: uma abordagem prática. 2.


ed. São Paulo: ATLAS, 2003. 318p.

POLONIO, W. A. Manual das sociedades cooperativas. São Paulo: Atlas, 2001.

VEIGA, S. M. (Org.) Associações: como constituir sociedades sem fins lucrativos.


Rio de Janeiro: DP&A: Fase, 2001.125p. (Série Economia Solidária, 4).
Gestão de cooperativas x

Aula 11
desenvolvimento sustentável

Adriana Ventola Marra

e-Tec Brasil – Associativismo e Cooperativismo


Meta
Apresentar os passos necessários para a efetiva
abertura de uma cooperativa com sucesso no
alcance de seus objetivos e a importância dessas
organizações para o desenvolvimento da sociedade.

Objetivos
Ao final desta aula, você deverá ser capaz de:

1. identificar os passos necessários para a abertura


de uma cooperativa;

2. identificar a importância da administração para o


sucesso das cooperativas e associações;

3. descrever a importância das cooperativas e


associações no desenvolvimento das sociedades.
Como abrir uma cooperativa: aspectos legais 187

Aula 11 – Gestão de cooperativas x desenvolvimento sustentável


“E agora, como
fazemos para
abrir uma “Estudaremos
cooperativa?” agora cada um
dos passos!”

Figura 11.1: Abertura de uma cooperativa.

Chegamos à nossa última aula!


Nela, iremos discutir um pouco sobre assuntos extremamente importantes para
coroar seu conhecimento adquirido durante nossa caminhada nesse período.
Primeiramente, convido você para verificar o que deve ser feito legalmente para a
abertura de uma cooperativa.

Nas aulas passadas, estudamos vários itens que são necessários nesse processo
de abertura. Também estudamos a abertura de associações, que é muito similar.
O que faremos agora é apenas organizar esse conhecimento adquirido e apresen-
tá-lo em forma de passos. A realização de todos esses passos é de suma
importância para legalizar as cooperativas e evitar que surjam falsas cooperativas.
Então, vamos aos passos:

1o. Procurar a OCE (Organização das Cooperativas no seu Estado) e pedir os


modelos de formulários que devem ser preenchidos (na Aula 9, apresentamos
alguns modelos necessários).
188 2o. Reunir um grupo de, no mínimo, 20 pessoas com interesses e objetivos comuns.

3o. Eleger um grupo representativo para que seja elaborado um rascunho (minuta)
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

do Estatuto Social.

4o. Discutir com todos os fundadores da cooperativa cada um dos itens do estatuto,
que deve contemplar a área de atuação e os objetivos da cooperativa, em que
condições os membros serão admitidos ou excluídos, qual o valor do capital e
das quotas-parte, entre outras questões.

5o. Realizar uma Assembléia Geral para a constituição da cooperativa, onde os


sócios aprovarão o Estatuto Social e elegerão sua diretoria. A partir dessa
Assembléia, deverá ser elaborada a Ata de Constituição da Cooperativa, com a
assinatura de cada um dos membros.

6o. Levar o Estatuto Social, a Ata de Constituição, os documentos do presidente


eleito e os demais formulários necessários para serem registrados no Cartório de
Títulos e Documentos, no Ministério da Fazenda e na Junta Comercial. Como já
dissemos nesse último passo é de grande auxílio a colaboração de um profissional
de contabilidade, que dará prosseguimento a toda burocracia específica para a
abertura de qualquer tipo de empresa, o que inclui as cooperativas.

Atividade 1 Atende ao Objetivo 1

Um grupo de produtores rurais pede sua ajuda, como técnico em agropecuária,


para a abertura de uma cooperativa. Qual é a sua orientação para esse grupo?

Administrando a cooperativa
Achou difícil abrir uma cooperativa? Na verdade, o processo pode ser demorado
e burocrático, mas não é necessariamente difícil. Agora, depois da cooperativa
aberta, temos que mantê-la funcionando e fazer com que ela atinja os objetivos
de seus associados. Para isso, necessitamos de uma boa administração ou gestão
(usadas como sinônimos).
189

Aula 11 – Gestão de cooperativas x desenvolvimento sustentável


Figura 11.2: Administrando uma cooperativa.

Na aula passada, estudamos as técnicas de gestão financeira das cooperativas


e associações. Agora, veremos alguns tópicos sobre a administração dessas
entidades como um todo.

A primeira questão que se coloca é que a diretoria da cooperativa deve gerenciar


a entidade de acordo com as suas características e as do ambiente onde ela está
inserida. Não adianta nada usar as mais modernas técnicas administrativas se elas
não estiverem relacionadas com as características internas da cooperativa, bem
como com o seu ambiente externo, que engloba o contexto macroeconômico e seus
clientes, concorrentes e fornecedores. Esse ambiente pode trazer oportunidades
ou ameaças para as cooperativas e associações. Os dirigentes devem aproveitar as
oportunidades e se proteger das ameaças.

Toda organização precisa de uma boa administração para sobreviver e ter sucesso.
No mundo atual, cada vez mais globalizado e mutável, a sobrevivência das
organizações está vinculada ao seu poder de competir e à sua capacidade de
190 se antecipar e se adaptar às mudanças. Portanto, as cooperativas e associações
devem estar atentas às características do mercado, com um consumidor cada dia
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

mais exigente e informado.

Em segundo lugar, fazer uma boa administração não significa usar as técnicas de
gestão mais recentes ou que estão em moda, pois em se tratando de administração,
a técnica pode ser nova ou antiga, estar na moda ou não, mas é preponderante
que ela esteja de acordo com os objetivos da cooperativa e com as pessoas que
nela trabalham. Para isso, os dirigentes devem procurar fazer treinamentos na área
administrativa ou contar com a assessoria de um administrador profissional.

Também é importante considerar toda a estrutura da cooperativa e seus recursos


disponíveis. Isso quer dizer que os dirigentes da cooperativa ou associação devem
conhecer profundamente as características internas da organização, bem como
todos os princípios e a legislação cooperativista. No entanto, mais importante do
que conhecê-los é aplicá-los.

Após o conhecimento do ambiente interno e externo da cooperativa, os dirigentes


passam para a segunda etapa do processo administrativo, que é a execução das
funções administrativas. As funções administrativas em qualquer empresa são:
o planejamento das ações em função dos objetivos e dos recursos disponíveis,
a organização desses recursos humanos e materiais, a execução das atividades
planejadas por meio da direção das pessoas envolvidas e, por fim, o controle
de todo o processo, verificando se o que foi planejado está realmente sendo
cumprido. Dessa forma, fecha-se o ciclo do processo administrativo.

Para finalizar essa parte, é importante, ainda, reforçar a questão da gestão


financeira, vista na aula anterior, pois muitas cooperativas apresentam problemas
de capitalização, ou seja, sem recursos próprios acabam tomando emprestado de
instituições financeiras para investirem em equipamentos, benfeitorias e máquinas
diversas. Contudo, o capital tem um custo. E, no caso do Brasil, esse custo é
muito alto em virtude das taxas de juros praticadas. Portanto, daí podem surgir
muitos problemas, sendo melhor a cooperativa buscar recursos por meio de seus
próprios cooperados.
191

Aula 11 – Gestão de cooperativas x desenvolvimento sustentável


Atividade 2 Atende ao Objetivo 2

Explique, em linhas gerais, como os dirigentes, ou seja, os membros da diretoria de


uma cooperativa, devem proceder na sua administração para que ela tenha sucesso.

Cooperativas e sociedade: considerações finais


Após todas as nossas aulas, você, com certeza, já percebeu que a organização de
pessoas em cooperativas e associações tem muito a contribuir para o aumento
e a geração de um desenvolvimento humano e SUSTENTÁVEL da sociedade, pois,
os associados exercem efetivamente a democracia ao decidirem de forma coletiva SUSTENTÁVEL
sobre os rumos e os destinos dessas entidades, podendo também, nesse caso, Está relacionado com
decidir sobre o investimento das sobras financeiras na comunidade em que ela aquilo que pode ser
está inserida. sustentado, ou seja,
quando falamos em
Podemos citar vários exemplos positivos do impacto das cooperativas e associações desenvolvimento
em suas regiões. Um desses exemplos é o das cooperativas agropecuárias, que sustentável estamos
quando são bem administradas são importantíssimas na produção de produtos de falando sobre o
desenvolvimento capaz
qualidade e na geração de renda para os produtores associados de cada região. Por
de suprir as necessidades
meio de serviços de assistência técnica e de infra-estrutura, conseguem aumentar
da sociedade sem
a produtividade média do produtor, principalmente em comparação a produtores, comprometer a sua
que não são associados, sem contar que uma grande maioria processa os produtos capacidade de produção a
aumentando seu VALOR AGREGADO e facilitando sua comercialização (Figura 11.3). longo prazo, sem destruir
os recursos naturais.

VALOR AGREGADO
O significado está
associado a um produto
com benefício extra
para o usuário/cliente,
no que se refere ao seu
uso, aumentando
a sua utilidade.
Figura 11.3: Valor agregado por meio de processamento do leite.
192
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Curiosidade

As cooperativas são muito importantes para o aumento da renda dos associados


em comparação com a renda das pessoas não-associadas. Isso pode ser com-
provado por meio dos dados de uma pesquisa da OCB (2002), onde se verificou
que os associados de todas as cooperativas brasileiras representam 3,02% da
população brasileira, mas são responsáveis por 6% do Produto Interno Bruto
do país. A pesquisa destaca também a relevância das cooperativas para as
comunidades em que estão inseridas, como nas atividades de eletrificação rural,
pois até o ano de 2002 as cooperativas haviam construído 115.000 km de redes de
energia elétrica, possibilitando o acesso à energia elétrica para o desenvolvimento
dessas comunidades.

Contudo, apesar de todo esse reconhecimento, temos que reconhecer que, em


termos práticos, ainda é reduzida a disposição dos indivíduos em organizar e
administrar este tipo de organizações. Você deve estar se perguntando: por que
isso acontece se as cooperativas e associações são tão importantes?

Vamos apresentar algumas considerações que o ajudarão a refletir sobre a questão:

• As estatísticas da OCB apontam o Brasil como um dos países com maior


expressividade no movimento cooperativista mundial. Contudo, em função de
graves desequilíbrios regionais, principalmente entre as regiões Sul e Norte/
Nordeste, esse fato não se trata de uma realidade nacional, sendo apenas
relativo às situações do Sul e do Sudeste do país. Um exemplo dessa situação
pode ser visto no ramo agropecuário, onde as diferenças entre o sucesso e
o insucesso de cooperativas são bastante evidentes. De um lado, temos um
NICHO pequeno grupo de cooperativas agropecuárias de NICHO e/ou de escala; de
Uma parte específica do outro lado, um grande grupo de pequenas cooperativas locais que refletem
mercado. As empresas toda a fragilidade das pequenas empresas de economia familiar.
que atendem a um nicho
de mercado são aquelas • Muitas cooperativas não são valorizadas pelos próprios cooperados. Apesar
que têm um grupo de de ser proprietário, muitas vezes o associado não se sente como tal, não
clientes específicos, com se envolve, não participa, sabendo apenas reclamar. Isso faz com que a
necessidades peculiares,
cooperativa não tenha legitimidade e sua imagem passe a ser negativa.
e que representam um
bom retorno financeiro O problema da participação já foi discutido nas aulas passadas e sabemos que
para a empresa. ela é fator preponderante para o sucesso dessas organizações.
• As pessoas não possuem uma cultura de cooperação, sendo desde muito cedo 193
iniciadas em processos competitivos. O indivíduo passa a encarar o outro

Aula 11 – Gestão de cooperativas x desenvolvimento sustentável


como um potencial competidor e a crer que, para que ele ganhe, o outro tem
que perder.

• Muitas cooperativas estão desacreditadas em função de seus dirigentes visarem


mais a aspectos políticos e pessoais do que a questão institucional. Isso faz com
que elas sejam mal administradas, não obtendo sucesso. Muitas pessoas tomam
essas cooperativas como exemplos negativos, o que acaba por fazer com que
essas pessoas não queiram participar de empreendimentos cooperativos.

Com esta aula, encerramos a disciplina de Associativismo e Cooperativismo.


Espero que este conteúdo lhe seja muito útil no exercício de suas atividades
profissionais de Técnico em Agropecuária e agradecemos a sua companhia durante
essas onze aulas.

Atividade 3 Atende ao Objetivo 3

As cooperativas e associações contribuem para o desenvolvimento da comunidade


em que estão inseridas? De que maneiras?

Resumindo...

Durante esta aula foram discutidos os seguintes aspectos:

• A legalização de uma cooperativa é extremamente importante para que


não surjam falsas cooperativas.

• O primeiro passo para a abertura de uma cooperativa é a reunião de, no


mínimo, 20 pessoas com interesses comuns.
194
• Um grupo dessas pessoas deve se organizar e elaborar a minuta do
e-Tec Brasil - Associativismo e Cooperativismo

Estatuto social, que deverá ser discutido e aprovado na Assembléia de


Constituição para a abertura da cooperativa.

• Depois, de posse dos documentos necessários, deve-se dirigir aos órgãos


competentes para o registro da cooperativa.

• Mais do que montar uma cooperativa, é necessária uma boa administração


para que esta sobreviva e tenha sucesso no mercado.

• Para uma boa administração, deve-se conhecer os ambientes externo e


interno da cooperativa.

• As cooperativas devem ser capazes de antever as mudanças ambientais


e se adaptar a elas.

• Não existe dúvida de que as cooperativas e associações são organizações


extremamente benéficas ao desenvolvimento sustentável da sociedade.

• No Brasil, o desenvolvimento das cooperativas é concentrado nas regiões


Sul e Sudeste.

• Apesar de todas as vantagens, muitas pessoas ainda têm resistências


em fazer parte de cooperativas e associações. Muitas vezes esse fato
pode estar vinculado à falta da cultura de cooperação e à imagem
negativa de muitas cooperativas.

Respostas das Atividades

Atividade 1
Você deverá orientá-los no sentido de reunirem um grupo de, no mínimo, 20 pessoas
com os mesmos objetivos. Depois, eles devem buscar orientações na OCE de seu
Estado e elaborar um rascunho de estatuto, que dever ser discutido e aprovado na
Assembléia Geral de constituição. De posse da ata de constituição e o estatuto,
o grupo eleito dirigente deve se encaminhar ao Cartório, à Junta Comercial e ao
Ministério da Fazenda. É importante, também, contar para eles que neste final eles
deveriam contar com a ajuda de um contador.
Atividade 2 195

Para uma boa administração, os dirigentes da associação ou cooperativa devem

Aula 11 – Gestão de cooperativas x desenvolvimento sustentável


estar bem informados sobre o ambiente externo e interno da entidade. Eles
devem buscar informações sobre os concorrentes, fornecedores, consumidores,
leis governamentais, aspectos econômicos, além dos recursos humanos e
materiais disponíveis à entidade. De posse dessas informações, eles devem dar
continuidade ao processo administrativo por meio de planejamento, organização,
direção e controle.

Atividade 3
As cooperativas e associações contribuem muito para o desenvolvimento humano
e sustentável das comunidades, por meio do aumento da renda e da qualidade
de vida de seus associados e dos investimentos das sobras financeiras na própria
comunidade. As sobras, de acordo com a decisão de todos os associados e
seguindo os princípios cooperativistas, podem ser destinadas a financiar projetos
de relevância social para toda a comunidade em que a cooperativa está inserida.

Referências bibliográficas
BRASIL. Lei nº 5.764, de 16 de dezembro de 1971. Disponível em: http://
www.ocb.org.br. Acesso em: 28/12/2007.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Dicionário eletrônico Aurélio Século XXI.


Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2000.

JUVÊNCIO, F. de C.; ANDRADE, G. V. de; PANZUTTI, R. Cooperativismo ao alcance de


todos. São Paulo: OCESP, 2000. 120 p. (Coleção Orientação 1/2000).

OLIVEIRA, D.P.R. Manual de gestão das cooperativas: uma abordagem prática. 2ª


ed. São Paulo: ATLAS, 2003. 318p.

OCB. GETEC. Núcleo de Banco de Dados da OCB, Dezembro/2002.

POLONIO, W. A.. Manual das sociedades cooperativas. São Paulo: Atlas, 2001.

VEIGA, S. M. (org.) Associações: como constituir sociedades sem fins lucrativos.


Rio de Janeiro: DP&A:Fase, 2001.125p. (Série Economia Solidária, 4).

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