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Abordagem Contingencial

Licenciatura em: Contabilidade e Administração

Unidade curricular: Introdução às Organizações e à Gestão

Semestre: 1º

Turma: TPCCN12

Elementos que compõem o grupo de trabalho:


Ana Rita Carvalho nº20231067
André Carreira nº2023128

Lisboa, 14 de outubro de 2023


Índice
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 3
2. EVOLUÇÃO DAS DIVERSAS ABORDAGENS NA GESTÃO ............................... 4
2.1 ABORDAGEM CLÁSSICA ...................................................................................... 4
2.2 ABORDAGEM COMPORTAMENTAL............................................................... 4
2.3 ABORDAGEM SISTÉMICA ................................................................................ 5
3. ABORDAGEM CONTINGENCIAL ........................................................................... 6
3.1 ORIGEM ................................................................................................................ 6
3.2 CONCEITO ............................................................................................................ 7
4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ABORDAGEM CONTIGENCIAL ......... 8
5. CASOS REAIS DA APLICAÇÃO DA ABORDAGEM CONTINGENCIAL ........... 9
6. CONCLUSÃO .............................................................................................................. 9
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 10
1. INTRODUÇÃO

A evolução das abordagens na gestão empresarial ao longo do tempo reflete a


complexidade e a adaptabilidade requeridas pelo mundo dos negócios. Desde as primeiras
tentativas de padronização na Revolução Industrial, passando pelas teorias
comportamentais que consideram as necessidades e motivações dos indivíduos, até à
visão sistémica que enfoca a interconexão da empresa com seu ambiente, as teorias de
gestão têm continuamente se transformado. Uma das abordagens que emergiu como
resposta a essa complexidade é a abordagem contingencial que reconhece a necessidade
de flexibilidade e adaptação às diversas situações enfrentadas pelas organizações.

Este texto explora as origens e os princípios fundamentais das abordagens clássicas,


comportamentais e sistémicas na gestão, culminando na análise da abordagem
contingencial. Ao longo do desenvolvimento histórico da gestão, torna-se evidente que
não existe uma solução única ou definitiva para os desafios organizacionais. A abordagem
contingencial surge como uma resposta a essa compreensão, destacando a importância de
adaptar as práticas de gestão às contingências e peculiaridades de cada situação
específica.

De seguida, serão exploradas as origens e os conceitos fundamentais da abordagem


contingencial, seguidas por uma análise das suas vantagens e desvantagens. Além disto,
serão fornecidos exemplos concretos de como essa abordagem pode ser aplicada em
contextos empresariais reais, demonstrando a sua relevância e eficácia na gestão moderna
e dinâmica das organizações.
2. EVOLUÇÃO DAS DIVERSAS ABORDAGENS NA GESTÃO

2.1 ABORDAGEM CLÁSSICA

Com o desenrolar da Revolução Industrial, no século XIX, foi essencial para as empresas
definirem estratégias de gestão que otimizassem os seus recursos de forma a obterem o
seu objetivo principal: Lucrar. Neste sentido, Frederick Taylor, na teoria da administração
científica, procurou implementar uma política de estandardização dos produtos que
consistia em detalhar e dividir toda a atividade dos trabalhadores, ou seja, atribuir uma
função a cada funcionário da produção. Com este redesenho dos processos, Taylor, tinha
como objetivo principal o aumento da produtividade.
Por conseguinte, surge a teoria geral da administração de Henri Fayol que embora
complete a teoria mencionada anteriormente apresenta uma noção diferente sobre a
estratégia em gestão. O autor dividiu a organização em departamentos das atividades
principais (técnica, comercial, financeira, contabilidade, segurança e administração), em
que a administração era responsável por coordenar, controlar, comandar, organizar e
prever. Para além disso, criou 14 princípios que considerou essenciais para um bom
funcionamento das instituições.
Seguidamente, a teoria da burocracia desenvolvida por Max Weber que só teve
reconhecimento nos anos 40, acrescenta às teorias anteriores que a cada trabalhador são
atribuídas tarefas específicas e de responsabilidade tendo em consideração todo o
conhecimento e capacidade do mesmo. Os colaboradores seriam coordenados e
subordinados por alguém superior hierarquicamente e regidos pelas normas da
instituição.

2.2 ABORDAGEM COMPORTAMENTAL

Da abordagem comportamental, é importante mencionar duas teorias específicas que


estão na raiz da abordagem contingencial: a teoria das necessidades de Maslow e a teoria
do X e Y de McGregor.
A teoria das necessidades de Maslow baseia-se fundamentalmente em três pressupostos.
Primeiro, pressupõe-se que o comportamento das pessoas é motivado pela satisfação ou
insatisfação das suas necessidades. Por exemplo, enquanto houver uma necessidade
básica por satisfazer, as demais não exercem influência no comportamento dessa pessoa
(princípio da dominância). Isto leva ao segundo pressuposto, que entende que as
necessidades da pessoa se agrupam segundo uma hierarquia, representada por uma
pirâmide, que compreende as seguintes necessidades (da base para o topo): fisiológicas,
segurança, sociais, estima e autorrealização. Por fim, existe o pressuposto de que as
necessidades hierarquicamente superiores só serão motivadoras quando as necessidades
inferiores estiverem satisfeitas.
Douglas McGregor, no entanto, baseia a sua teoria na filosofia do gestor perante os seus
subordinados. Esta teoria admite que os gestores desenvolvem um conjunto de perceções,
crenças ou ideias sobre os seus empregados, baseados em duas teorias distintas,
nomeadamente as teorias X e Y. A teoria X refere que as pessoas não gostam do trabalho
e evitam-no, e por isso, têm de ser coagidas, controladas, dirigidas e até ameaçadas.
Normalmente, não têm ambições, evitam assumir responsabilidades e procuram
segurança e recompensas monetárias.
Por fim, na maior parte dos casos, os trabalhadores preocupam-se fundamentalmente
consigo próprios e não com os objetivos da organização. Contrastando positivamente, a
teoria Y, sugere que: os empregados encaram o trabalho duma forma tão natural como o
prazer e o descanso; as pessoas são capazes de se autodirigir e auto controlar se estiverem
empenhadas na perseguição de objetivos; o grau de empenhamento das pessoas no
cumprimento dos objetivos da organização depende do "cumprimento dos
objetivos/recompensas"; e por último, a generalidade das pessoas, sob condições
apropriadas, está disposta a aceitar e até a procurar responsabilidades.

2.3 ABORDAGEM SISTÉMICA

Na década de 60, verificou-se uma falha a nível dos resultados obtidos usando teorias
mais pragmáticas, levando a uma rutura no pensamento em gestão e a empresa passou a
ser vista como um sistema aberto. Por oposição às teorias comportamentais, que focam o
indivíduo na empresa, compreende-se que o meio envolvente da empresa é também muito
relevante para o pensamento de gestão. Desta forma, passamos a encarar a empresa como
um sistema social aberto, composto por vários subsistemas dependentes entre si, inseridos
dentro de um sistema ambiental mais amplo. Como tal, a empresa recorre ao exterior para
a obtenção de recursos (materiais, energia, trabalho, informação) essenciais para
satisfazer as necessidades dos clientes.
A abordagem sistémica propõe, assim, que a responsabilidade do gestor inclua
compatibilizar os interesses individuais dos trabalhadores com os organizacionais e a
conjuntura envolvente, implicando uma constante alteração de metas, ações e estrutura
da empresa.

3. ABORDAGEM CONTINGENCIAL

3.1 ORIGEM

A abordagem contingencial surge nos anos 60 num contexto político-cultural mais focado
nas necessidades do ser humano. Foi através de um estudo elaborado por Burns & Stalker,
em 1961, que o conceito de abordagem contingencial em gestão é abordado. Desta forma,
os autores tinham como objetivo compreender se existiria alguma associação entre as
práticas administrativas e o ambiente externo de 20 empresas industriais inglesas. Neste
sentido, definiram que existem dois tipos de estrutura organizacional (mecanicista e
orgânica) que permite identificar onde cada empresa está enquadrada. Através da figura
1 é percetível a compreensão da estrutura mecanicista e da estrutura orgânica.

Estrutura Mecanicista Estrutura Orgânica

Estrutura hierárquica burocrática Estrutura hierárquica flexível

Baixa intervenção nas decisões dos Alta intervenção nas decisões dos
colaboradores colaboradores

Entrave ao desenvolvimento de inovação Maior desenvolvimento de inovação e


e tecnologia tecnologia

Dificuldade na adaptabilidade de Moldada consoante o ambiente


mudanças no ambiente envolvente envolvente

Organogramas formais podem causar Organogramas adaptáveis à realidade da


instabilidade em situações adversas instituição causam estabilidade em
situações adversas

Após identificarem a estrutura das 20 empresas em estudo, Burns & Stalker concluíram
que existe uma grande evidência de relação entre os atos administrativos e o ambiente
externo, ou seja, “o ambiente determina a estrutura e o funcionamento das organizações”
(Leite., 2014, p.7).
Por sua vez, nos EUA, Chandler em 1962 deteve a sua atenção na estratégia dos negócios.
Este realizou um estudo com quatro empresas americanas: Dupont, General Motors,
Standard Oil e a Sears Roebuck. Neste contexto, também este autor comprovou que as
estratégias estão interligadas com o ambiente e a estrutura organizacional, onde concluiu
que as empresas americanas em estudo tinham mudado gradualmente o seu organograma
tendo em conta a estratégia de negócios adotada.
Logo de seguida, o autor Woodward, em 1965, também como os autores anteriores,
constatou que existe uma clara evidência entre os fatores externos e a estrutura
organizacional. Porém, estudou como a tecnologia influencia a estruturação da empresa.
Neste estudo participaram cerca de 100 empresas britânicas, onde se comprovou que o
tipo de tecnologia utilizada tem um fator decisório na composição da instituição,
acabando por direcionar para um melhor desempenho da mesma.
Por fim, os investigadores Lawrence & Lorsch no ano de 1967, com o mesmo intuito dos
estudos anteriores, verificaram algumas organizações nos três setores de atividade com o
intuito de compreender se as mesmas têm eficiência perante o ambiente externo,
nomeadamente, o mercado e as tecnologias. Os autores concluíram que as instituições
que são diferenciadas e com uma alta taxa de integração dos colaboradores nos processos
decisórios, são fatores essenciais para enfrentar as mudanças do ambiente externo.
Posto isto, conclui-se que “a Teoria da Contingência explica que não existe nada de
absoluto nos princípios da administração. Os aspetos universais e normativos devem ser
ajustados a cada organização” (Leite., 2014, p.8).

3.2 CONCEITO

Em conformidade com o referido anteriormente, a abordagem contingencial reconhece a


abordagem clássica, a abordagem comportamental e a abordagem sistemática como
importantes para a organização. Neste modo, os defensores desta abordagem acreditam
que existe a possibilidade de se usar as diversas abordagens em combinação ou de forma
independente para resolver adversidades, porém, cabe aos gestores decidir face ao
problema qual a melhor solução a adotar.
Assim, a abordagem contingencial aborda que a estrutura da instituição não deve ser
rígida e burocrática, mas sim flexível onde os colaboradores possam estar inseridos na
tomada de decisões, visto que cada ambiente laboral tem as suas características
particulares. Ainda de mencionar que
[e]sta abordagem conclui que não há uma best way (uma única e melhor forma, como
postulados pelos clássicos) de organizar ou estruturar, uma melhor estratégia para
aumentar a eficiência, uma forma certa de agir. Pelo contrário, cada situação exige uma
adaptação e medidas específicas. A adaptação sob formas mais orgânicas ou mecanicistas
é a face visível do enfoque contingencial no ambiente (Ferreira et al., 2011, p. 37).

4. VANTAGENS E DESVANTAGENS DA ABORDAGEM


CONTIGENCIAL

Face ao exposto, conseguimos detetar que para esta abordagem existem vantagens e
desvantagens. Como vantagens é visível o seguinte:
• Organograma Flexível: permite que haja uma maior funcionalidade da empresa
onde existe uma redução de barreiras entre departamentos;
• Participação na tomada de decisão: os colaboradores são uma chave importante
para o sucesso da organização e, por isso, é importante eles fazerem parte do
processo da tomada de decisão já que leva a uma maior motivação dos
funcionários;
• Menor custo administrativo: os trabalhadores ao participarem nas decisões da
empresa têm uma maior conscientização dos custos administrativos associados,
sendo que acaba por existir um menos custo administrativo.
Por outro lado, as desvantagens da abordagem contingencial são:
• Maior competitividade entre os trabalhadores: quando existe a possibilidade
de os funcionários fazerem parte da tomada de decisão, estes acabam por gerar
uma maior competitividade o que pode causar conflitos internos;
• Maior tempo despendido em reuniões: como todos têm algo a acrescentar na
empresa é fulcral existirem reuniões que permitem a todos participarem no que
toca à melhoria contínua da instituição, no entanto, cada pessoa desperdiça o seu
tempo para realização de tarefas que são essenciais para o funcionamento da
organização;
• Descentralização do poder exagerada: em alguns casos a descentralização do
poder é exagerada uma vez que faz com que não haja líderes para manter a
coordenação da instituição.
5. CASOS REAIS DA APLICAÇÃO DA ABORDAGEM
CONTINGENCIAL

Sendo uma abordagem que se adapta à situação que a empresa atravessa, existem vários
exemplos genéricos que se podem aplicar.
Imaginemos, por exemplo, uma empresa que tenha um conjunto de regalias e excelentes
condições de trabalho, mas que devido a uma quebra nos rendimentos, seja forçada a um
controlo de custos mais rigoroso ou um aumento de produtividade. Ponderemos também,
o caso de um gestor cuja exigência varia consoante a produtividade e responsabilidade do
trabalhador, sendo ao mesmo tempo rigoroso e compreensivo. Ou até mesmo, o caso de
um hotel que se vê confrontado com uma baixa taxa de satisfação do cliente e que decide
aumentá-la através de um rigoroso processo de formação para os trabalhadores que têm
baixas classificações, e ao mesmo tempo, promover os que têm as classificações mais
altas.
Podemos também pensar numa situação real atual, como foi o caso da pandemia, que
forçou o trabalho remoto em muitas empresas. Porém, muitas delas mantiveram uma
política de trabalho remoto, total ou parcial, por notarem aumentos de produtividade
durante este período, o que revela uma clara adaptação à situação envolvente da empresa.

6. CONCLUSÃO

Em suma, a gestão organizacional é uma área em constante evolução, moldado pelas


exigências oscilantes do mundo dos negócios. Assim, a abordagem contingencial, reflete
não apenas a capacidade de as organizações se adaptarem às mudanças no seu ambiente,
mas também o reconhecimento crescente da importância das pessoas no contexto
empresarial.
7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Livros

Ferreira, M. P., Santos, J. C., Reis, N., Marques. (2011). Gestão Empresarial (2ªed.).
Lisboa: Lidel.
Sotomayor, A. M., Rodrigues, J., & Duarte, M. (2021). Princípios de gestão das
organizações (4ª ed.). Lisboa: Rei dos Livros.
Teixeira, S. (2022). Gestão das Organizações (4ªed.). Forte da Casa: Escolar Editora
Chiavenato, I. (2021). Teoria Geral da Administração (5ed.). São Paulo: Editora Atlas.

Dissertações de Mestrado

Leite, A. F. (2014). Abordagem contingencial de fatores contextuais em relação ao uso


de práticas de Contabilidade de Gestão (Tese de Mestrado). Escola Superior de
Comunicação, Administração e Turismo, Mirandela, Portugal.
Silva, H. M. G. (2013). Estrutura Organizacional e Impacto na Produtividade das
Empresas Portuguesas (Tese de Mestrado). Escola de Economia e Gestão, Braga,
Portugal.

Fontes Eletrónicas

John Spacey (2022). 8 Examples of Contingency Theory [artigo]. Disponível em


https://simplicable.com/en/contingency-theory, consultado a 14 de outubro de 2023.
Paulo Barreto (sem data). Teoria da Contingência [PowerPoint]. Disponível em
https://slideplayer.com.br/slide/3649890/, consultado a 13 de outubro de 2023.

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