Você está na página 1de 8

20/06/2023, 10:02 Descomplica | Governança Corporativa

Mecanismos de Governança
Corporativa no Brasil

C onceito Econômico de Utilidade

A utilidade, conceito advindo da Economia, mensura o grau de


satisfação obtido em uma aquisição ou comportamento. Sendo
o nosso objetivo final perceber que o conceito de satisfação é relativo e
que varia de indivíduo para indivíduo; daí a beleza e a dificuldade em se
encontrar a medida certa para cada proposição.

A utilidade marginal de um bem ou serviço é o incremento de satisfação


que um indivíduo recebe do consumo de uma unidade adicional deste
bem ou serviço. À medida que o consumidor acrescenta uma unidade a
mais de um produto ou serviço, sua utilidade inerente decresce até o
ponto de saturação e, a partir daí, provoca insatisfação e a UT tende a
decrescer.

“Quando dois indivíduos são maximizadores de utilidade, então existe


uma boa razão para acreditar que os agentes não agirão na defesa do
melhor interesse do principal” (JENSEN; MECKLING, 1976).

Racionalidade das Escolhas

O quanto você está disposto a renunciar a uma coisa por outra? Para
responder a esta pergunta você precisa entender o conceito de
racionalidade das escolhas.

https://aulas.descomplica.com.br/pos/mba-em-gestao-da-qualidade-c6eeaa/turma/governanca-corporativa-3a0a15/aula/mecanismos-de-governa… 1/8
20/06/2023, 10:02 Descomplica | Governança Corporativa

O entendimento acerca da teoria da escolha racional teve seu início na


década de 80, com o surgimento do homem econômico. Os estudos
partem do princípio de que o homem age conforme um interesse
estratégico, podendo ser explicado a partir de uma visão egocêntrica.

Dessa forma podemos dizer que a teoria da escolha racional pode ser
entendida como a teoria advinda da sociologia que se propõe a explicar o
comportamento social e político assumindo que as pessoas agem
racionalmente.

O axioma de Jensen e Meckling partem do princípio da inexistência de um


agente perfeito, ou seja, “fica evidenciada uma das razões das
dificuldades de alinhamento de interesses dos gestores com os dos
acionistas: a força do interesse próprio, que se sobrepõe aos interesses
de terceiros, mesmo à presença de condições hierárquicas para a tomada
de decisões” (ANDRADE; ROSSETTI, 2009, p. 87).

Contratos e Mecanismos de Incentivo

A relação entre os agentes e os principais deve ser realizada de forma


regulada, muitas vezes feita por um contrato em que ambas as partes
concordem com as ações a serem tomadas em prol de uma boa
governança corporativa.

Essas relações entre o principal e o agente “podem ser estruturadas por


meio de um contrato no qual uma pessoa (o principal) remunera outra (o
agente) para executar uma ação em seu nome, delegando ao agente
alguma autoridade para a tomada de decisões” (LARRATE, 2013, p. 18).

Compreende-se que uma situação de “mundo ideal” seria a estabelecida


pelo Fluxograma.

https://aulas.descomplica.com.br/pos/mba-em-gestao-da-qualidade-c6eeaa/turma/governanca-corporativa-3a0a15/aula/mecanismos-de-governa… 2/8
20/06/2023, 10:02 Descomplica | Governança Corporativa

Figura 1: Fluxograma - A relação ideal entre as partes


Fonte: LARRATE, 2013.

Conforme é possível observar no Fluxograma, em um cenário ideal, os


acionistas contratam gestores para que realizem a correta gestão da
organização, deixando de lado seus interesses pessoais e buscando o
melhor futuro para a empresa. Dessa forma, um aumento de valor da
organização é alcançado e, como consequência, o patrimônio dos
acionistas cresce.

No entanto, destaca-se que os agentes econômicos podem usar o


conhecimento que possuem do negócio em prol de seu próprio benefício,
deixando as outras partes com conhecimento limitado, sem demais dados
relevantes (ROSSETTI; ANDRADE, 2014).

Segundo Larrate, “o problema decorrente das relações de agência está no


entendimento de que, se ambas as partes buscam maximizar suas
próprias utilidades, existem boas razões para se acreditar que o agente
não agirá sempre de acordo com os melhores interesses do principal”
(2013, p. 18). Sendo assim, o principal e o agente possuem objetivos
distintos, conforme pode ser observado no Quadro a seguir.

https://aulas.descomplica.com.br/pos/mba-em-gestao-da-qualidade-c6eeaa/turma/governanca-corporativa-3a0a15/aula/mecanismos-de-governa… 3/8
20/06/2023, 10:02 Descomplica | Governança Corporativa

Conforme é possível observar, os agentes e os principais objetivam


maximizar suas próprias receitas, ou seja, há uma relação entre as
recompensas (R) e o custo incorrido nas ações (C): “o principal contrata e
remunera o agente para que maximize a sua riqueza (o valor da
empresa). O agente, por outro lado, tem na remuneração a sua principal
recompensa, além de benefícios pessoais e materiais inerentes ao cargo”
(LARRATE, 2013, p. 20).

Nesse processo, o agente obtém informações que o principal não possui.


Sendo assim, ocorre uma assimetria de informações que poderá
ocasionar conflitos de interesses e até mesmo de ações e oportunidades,
levando ao que chamamos de conflito de agência, tema que será
abordado posteriormente.

Segundo Larrate (2013), é importante destacar que a liberdade para que o


agente tome ações diferentes daquilo que fora previsto no contrato trazem
como três possíveis resultados:

• Impossibilidade ou dificuldade do ator principal observar o desempenho


do contratado;

• Autonomia da decisão do gerente;

https://aulas.descomplica.com.br/pos/mba-em-gestao-da-qualidade-c6eeaa/turma/governanca-corporativa-3a0a15/aula/mecanismos-de-governa… 4/8
20/06/2023, 10:02 Descomplica | Governança Corporativa

• Diferenças nas preferências do principal e do agente.

Destaca-se, por fim, que “na medida em que os problemas de agência


decorrem da inexistência do contrato completo e do agente perfeito, é pela
combinação da boa regra legal (ainda que incompleta), com o exercício
equilibrado do poder (ainda que prevaleçam as forças de interesses
assimétricos em jogo), que se praticará a boa governança” (ROSSETTI;
ANDRADE, 2014, p. 206).

Para que seja eficiente, o sistema de governança corporativa exige uma


combinação do que acontece no interior e no exterior da corporação, para
que assim seja possível conseguir uma melhor tomada de decisão.
Conforme Silva (2014), dentre os mecanismos internos podemos citar o
sistema de remuneração adotado para os administradores e funcionários
e a concentração acionária. Quanto aos mecanismos externos, podemos
citar o grau de competição do mercado, órgãos de controle externo e
auditoria independente.

Governança Corporativa no Brasil

A governança corporativa consiste em um conjunto de ferramentas e


práticas que visam à otimização do desempenho das empresas. Uma
empresa que decide adotar práticas de governança corporativa passa a
oferecer mais garantias de que os gestores exercerão corretamente o seu
papel. Isso contribui não só para a empresa que passa a ter uma gestão
mais profissional e focada em resultados, mas também aos acionistas que
reduzem o risco de:
https://aulas.descomplica.com.br/pos/mba-em-gestao-da-qualidade-c6eeaa/turma/governanca-corporativa-3a0a15/aula/mecanismos-de-governa… 5/8
20/06/2023, 10:02 Descomplica | Governança Corporativa

• Abusos de poder (do acionista controlador sobre minoritários, da


diretoria sobre o acionista e dos administradores sobre terceiros);

• Erros estratégicos (resultado de muito poder concentrado no executivo


principal);

• Fraudes (uso de informação privilegiada em benefício próprio, atuação


em conflito de interesses).

Nos últimos anos, devido à forte concorrência entre as organizações, os


gestores precisaram ampliar sua preocupação com a correta maneira de
gerenciar e de observar seus stakeholders. Dentro dos estudos da
governança corporativa existem órgãos que são entendidos como
fundamentais para servir de guia para as organizações.

No Brasil, a governança corporativa começou a ganhar força a partir de


1994, quando foi fundado o IBGC (instituto Brasileiro de Governança
Corporativa), com o objetivo de melhorar a qualidade da gestão das
empresas brasileiras. O Instituto Brasileiro de Governança Corporativa,
uma organização sem fins lucrativos que busca melhorias na governança
corporativa das corporações, é considerada um marco da Governança no
Brasil. Em sua atuação nos últimos anos, o IBGC conta com diversos
associados que auxiliam na ampliação e disseminação das boas práticas
de governança pelo Brasil e pelo mundo, colocando o País em uma
posição de destaque em busca

A partir de então importantes avanços foram feitos, ajudando muito a


aumentar a seriedade e profissionalização do mercado de capitais
brasileiro. Sabendo da importância da governança corporativa para o
desenvolvimento do mercado de capitais no Brasil, a Bovespa criou
classificações para as empresas listadas, de acordo com as práticas de
governança corporativa adotadas:
https://aulas.descomplica.com.br/pos/mba-em-gestao-da-qualidade-c6eeaa/turma/governanca-corporativa-3a0a15/aula/mecanismos-de-governa… 6/8
20/06/2023, 10:02 Descomplica | Governança Corporativa

• Novo Mercado

• Nível 2

• Nível 1

• Bovespa Mais

• Bovespa Mais NV 2

Os níveis de governança ajudam os investidores a diferenciar as


empresas que estão alinhadas com as práticas mais modernas e
transparentes de respeito aos acionistas minoritários. Cada um destes
níveis tem exigências diferentes, exigindo sempre mais do que a lei
brasileira já obriga (Lei das SAs) e a adesão é sempre voluntária por parte
da empresa. O conteúdo disponibilizado na Bússola do Investidor é
protegido pela legislação brasileira de direitos autorais.

Atividade extra

Vamos entender um pouco do passo a passo da Governança no Brasil?


Assista a este vídeo: https://www.youtube.com/watch?v=SMwyfiJlz3o

Referência Bibliográfica

ALVARES, E.; GIACOMETTI, C.; GUSSO, E. Governança Corporativa:


um modelo brasileiro. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

https://aulas.descomplica.com.br/pos/mba-em-gestao-da-qualidade-c6eeaa/turma/governanca-corporativa-3a0a15/aula/mecanismos-de-governa… 7/8
20/06/2023, 10:02 Descomplica | Governança Corporativa

ANDRADE, A; ROSSETI, J. P. Governança corporativa. 4a Ed. São


Paulo: Atlas, 2009.

IBGC. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa. Disponível em:


<http://www.ibgc.org.br>. Acesso em: 02 set. 2021.

OLIVEIRA, D. P. R. Governança Corporativa na prática. 1a Ed. São


Paulo: Atlas, 2006.
SILVA, E.C. Governança Corporativa nas Empresas. São Paulo: Atlas,
2006.

Ir para questão

https://aulas.descomplica.com.br/pos/mba-em-gestao-da-qualidade-c6eeaa/turma/governanca-corporativa-3a0a15/aula/mecanismos-de-governa… 8/8

Você também pode gostar