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ÉTICA E RESPONSABILIDADE SOCIAL NAS EMPRESAS

RELATÓRIO FINAL – PROBLEMA nº 03 Data: 09/10/17

Grupo nº 01 Nome e último sobrenome Papel RA


Gabriel Lippaus Membro 16155343
Gabrielle Júdice Redatora 16092413
Italo Aquino Coordenador 15176332
Nathalia Roscito Porta-voz 16138224
Pedro Fraga Membro 16497083

1. Problema de pesquisa e conceitos levantados para determinar a solução:


De acordo com a situação proposta, a Enron Corporation, companhia de energia
americana, decretou falência após uma série de corrupções corporativas. Os próprios
diretores manipulavam os números em busca de novos acionistas, incluindo enxugar as
perdas e inflar os lucros. Considerando essas informações, definimos o problema:
“Quais os principais fatores/agentes responsáveis por garantir que a ética conduza as
tomadas de decisões dentro da empresa?”.

2. Conceitos Relevantes:
Segundo o Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC) (2017, (1)), a
governança corporativa corresponde ao sistema pelo qual as organizações são dirigidas,
monitoradas e incentivadas, envolvendo os relacionamentos entre proprietários,
Conselho de Administração, diretoria, órgãos de fiscalização e controle e demais partes
interessadas. Em relação aos agentes de governança referem-se aos sócios,
administradores (conselheiros de administração e executivos/ gestores), conselheiros
fiscais e auditores. Segue em anexo representação do sistema.
O conselho fiscal é um órgão fiscalizador independente da diretoria e do
conselho de administração, que busca, através dos princípios, contribuir para o melhor
desempenho da organização. Pode servir como instrumento legal de implementação de
uma política ativa de boas práticas de governança corporativa direcionada
especialmente para a transparência e controle dos atos internos da companhia, quando o
órgão e os seus membros atenderem a requisitos e regras de funcionamento que
assegurem a efetividade de sua atuação e, especialmente, sua independência. (IBGC,
2017, (2)).
Ainda de acordo com dados do IBCG (2017, (3)), diferente do conselho fiscal, o
comitê de auditoria é formado preferencialmente por membro do conselho de
administração, e tem como principais atividades, agir no sentido de operacionalizar os
deveres e responsabilidades da função de supervisão da gestão dos processos internos e
assegurar a integridade e efetividade dos controles internos para a produção de
relatórios financeiros, visando proteger interesses de acionistas e outras partes
interessadas.
Segundo Franco (1999) um dos principais objetivos da governança corporativa é
proteger o valor da empresa com políticas de controle e divulgação da informação. A
melhoria dos controles internos vem aumentar a confiabilidade nas informações
contábeis, no atendimento a normas e no cumprimento da legislação. Neste contexto, o
enfoque da Contabilidade que era tradicionalmente o exame das demonstrações
contábeis tem mudado para o entendimento do risco do negócio e do ambiente de
controle da empresa. (apud TINOCO, 2005).
O estudo da Governança Corporativa rege-se fundamentalmente por uma série
de bons princípios, especialmente aqueles relativos à: transparência; equidade; prestação
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de contas; cumprimento das leis e, sobretudo, ética na condução dos negócios


empresariais. (TINOCO, 2005).
A transparência, mais do que a obrigação de informar é o desejo de
disponibilizar para as partes interessadas as informações que sejam de seu interesse e
não apenas aquelas impostas por disposições de leis ou regulamentos. A adequada
transparência resulta em um clima de confiança, tanto internamente quanto nas relações
da empresa com terceiros. Não deve restringir-se ao desempenho econômico-financeiro,
contemplando também os demais fatores (inclusive intangíveis) que norteiam a ação
gerencial e que conduzem a criação de valor. (YOSHITAKE, 2014).
Equidade perante tratamento justo de todos os sócios e demais partes
interessadas (stakeholders), onde atitudes ou políticas discriminatórias, sob qualquer
pretexto, são totalmente inaceitáveis. (YOSHITAKE, 2014).
A prestação de contas em que os agentes de governança devem prestar contas de
sua atuação, assumindo integralmente as consequências de seus atos e omissões.
(YOSHITAKE, 2014).
E, por fim, a responsabilidade corporativa objetivando que os agentes de
governança devem zelar pela sustentabilidade das organizações, visando a sua
longevidade, incorporando considerações de ordem social e ambiental na definição dos
negócios e operações. (YOSHITAKE, 2014).
A participação dos acionistas na governança corporativa envolve a tarefa de
monitoramento e controle do gerenciamento da empresa. O principal propósito é impor
mudanças na estrutura interna organizacional e com isto aumentar a performance
financeira da empresa. (TINOCO, 2005).
Segundo o IBGC, conforme citado por Tinoco (2005), “A empresa que opta
pelas boas práticas de governança corporativa adota, conforme já citado, princípios de
transparência, prestação de contas e equidade. Para que essa tríade esteja presente em
suas diretrizes de governo, é necessário que o Conselho de Administração, representante
dos proprietários do capital (acionistas), exerça seu papel na organização, que consiste
especialmente em estabelecer estratégias para a empresa, eleger a Diretoria, fiscalizar e
avaliar o desempenho da gestão e escolher a auditoria independente”.
Yeh, Lee e Ko (2002) declararam que uma das maiores contribuições da
governança corporativa inclui o aumento da performance operacional e a prevenção
contra fraudes. De acordo com Black, Jang e Kan (2002), companhias com forte
governança corporativa possuem melhor performance operacional do que companhias
com fraca governança corporativa. Uma boa estrutura de governança corporativa não só
fornece informações úteis para os investidores e reduz a assimetria de informações
como também auxilia a companhia a melhorar suas operações. De acordo com os
autores citados, os melhores indicadores de governança corporativa incluem a estrutura
do corpo diretivo, a estrutura de acionistas e a transparência de informações. (apud
TINOCO, 2005).
Ainda de acordo com Yeh, Lee e Ko (2002, apud TINOCO, 2005), a estrutura
do corpo diretivo ou o corpo de executivos é a unidade mais importante da empresa e
possui a responsabilidade de supervisionar as operações da empresa. Algo que tem
grande impacto no desempenho a quantidade de executivos, o tamanho ótimo para o
corpo diretivo é um dilema para as empresas. A eficiência é reduzida se o número de
diretores é excessivo porque há uma grande dificuldade em se atingir o consenso sobre
as decisões. Por outro lado, a precisão nas decisões é reduzida se o número de diretores
é muito pequeno porque pode haver pouca discussão sobre os assuntos em questão.
As decisões são sempre prenhes de projeções altruístas (teoria da
responsabilidade) ou de intenções altruístas (teoria da convicção). A ética da convicção
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move os agentes pelo senso do dever. As fontes dos imperativos que guiam os
comportamentos podem ser divinas, ensinamentos dos mais velhos e conselhos que
definem o certo e o errado. Despeçam-se grandes explicações, pois vale o pressuposto
de que uma autoridade superior avalizou tais preceitos. (SROUR, 2003).
Segundo Srour (2003), quem se orienta pela ética da responsabilidade age de
acordo com o que acha importante, útil, benéfico, sensato, adequado e inteligente, ao
invés de simplesmente porque “deve”. Os resultados pretendidos e previsíveis são o que
impulsionam os movimentos dos agentes sociais. Ao adotar-se a ética da
responsabilidade realizam-se análises de risco, mapeiam-se as circunstâncias, sopesam-
se as forças em jogo, perseguem-se os objetivos e medem-se as consequências das
decisões que serão tomadas.
Segundo Cotrim (2002), a ética faz referências à conduta humana na sociedade,
sobre o bem e o mal, determinada pelo costume. Já a lei faz referências a acordos de
caráter obrigatório, estabelecidos entre pessoas de um grupo, para garantir justiça
mínima, ou direitos mínimos de ser. Podemos afirmar que há comportamentos que
podem ser considerados éticos e legais. Outros comportamentos podem ser
considerados éticos, mas ilegais perante o direito. Outros são legais, mas antiéticos
perante a sociedade.
O código de ética é um instrumento utilizado para a realização da filosofia da
empresa, entre eles, sua visão, missão e valores. É a declaração formal das expectativas
da empresa à conduta de seus executivos e demais funcionários. O código de ética é um
facilitador para se aliar produtividade, qualidade, lucros, eficiência de produtos e
serviços, além de outros valores intangíveis que advêm das pessoas que as integram as
empresas, tais como honestidade, justiça, cooperação, compreensão. (ARRUDA;
RAMOS; WHITAKER, 2003).
Quando se trata de código de ética, segundo Arruda (2002), existem dois
desafios dentro das organizações: de um lado, fala-se em empresa cidadã, no sentido de
respeito ao meio ambiente, incentivo ao trabalho voluntário, realização de algum
benefício para a comunidade, responsabilidade social, sustentabilidade, etc. De outro
lado, sob a perspectiva de seu público mais próximo, como executivos, acionistas,
empregados, colaboradores, fornecedores, envidam-se esforços para a criação de um
sistema que assegure um modo ético de operar, sempre respeitando os princípios gerais
da organização e os princípios do direito e da moral. Algumas empresas,
despreocupadas com a ética, passam por situações (multas elevadas, quebra da rotina,
empregados desmotivados, fraude interna, perda da confiança na reputação da empresa)
que muitas vezes, destroem toda sua imagem que foi construída por anos.
Segundo Freeman (1984), conforme citado por Campos (2004), pode-se
considerar como stakeholder um indivíduo, ou um grupo, com quem a organização
interage e que nela possui algum interesse, que possa afetar e que é afetado pelos
objetivos organizacionais. As discussões têm sido feitas a partir de duas proposições. Na
primeira, a que propõe uma “teoria de stakeholders”, defende que estes agentes
justificam a existência das organizações. Os stakeholders têm legítimos interesses nas
organizações, legitimidade esta justificada sobre bases éticas e como tal devem ser
considerados como um fim em si mesmos. Na segunda vertente, os stakeholders são
importantes para as organizações á medida que contribuam para a melhor performance
organizacional. O objetivo das organizações, segundo esta vertente, é maximizar os
lucros dos acionistas e os stakeholders são um meio para alcançar este fim.
Durante muitas décadas as tradicionais teorias da organização defenderam a
visão de que o principal objetivo das empresas era maximizar o retorno sobre
investimento dos proprietários do negócio. Cabia à empresa atender as expectativas dos
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acionistas, os principais interessados e o mais importante stakeholder, segundo a teoria.


Os demais stakeholders são, então, um meio e não um fim em si mesmos. Assim, a
responsabilidade social era um compromisso dos indivíduos e não uma atribuição das
empresas. A esta visão deu-se o nome de “teoria dos shareholders” e está baseada na
premissa de que as empresas existem para gerar resultados financeiros com o objetivo
de remunerar os acionistas e proprietários, garantindo a continuidade das atividades da
organização. (SANTOS, 2006).

3. Possíveis Soluções e Implicações Éticas:


Buscando reconhecer fatores que façam com que a conduta da empresa Enron
fosse seguida através da ética, podemos observar que a mesma precisa estar dentro das
leis, uma vez que andam juntas e estão relacionadas. Na tomada de decisão não é
diferente, considerando que as ações implicam consequências aos seus stakeholders e
shareholders; os executivos devem sempre considerar os interesses dos últimos em
relação à organização e não apenas os de si mesmo, buscando a continuidade das
atividades organização e retorno financeiro para os acionistas e proprietários. Já que
como visto no módulo anterior (II), o sucesso da empresa dependerá de como a
organização gere essas relações com os diversos públicos entendendo os efeitos
potenciais que causam nas duas partes, considerando sua governança corporativa que
além de direcionar a organização também é responsável pela relação dos envolvidos
tendo como um de seus princípios a equidade entre os mesmos.
Assim, a tomada de decisão deve estar alinhada com o código de ética a
legislação. Para uma gestão eficiente é necessário se orientar pela ética da
responsabilidade, levando o adequado e benéfico em consideração na hora de
decidir e direcionando as decisões aos resultados pretendidos à organização, medindo as
consequências e mapeando os riscos a longo prazo.
Ao manipularem as ações, compras e vendas, os donos da Enron deixaram de
considerar tais riscos a longo prazo: promoveram o pico de lucro, sem se preocupar com
a queda que viria logo após. A falta de conduta ética dos executivos é inquestionável,
bem como das auditorias interna e externa, que deixaram passar os relatórios com
números forjados da organização. O Conselho Administrativo, responsável por
controlar a governança corporativa tem, no entanto, parcela de
responsabilidade muito considerável pelo fracasso da Enron. Sua função de supervisão
da gestão dos processos foi falha não protegendo o valor da empresa com políticas de
controle e omitindo a divulgação das informações. Os princípios da governança
corporativa como a transparência e a prestação de contas deveriam servir como base
para uma atuação responsável e sustentável que além ser um mecanismo de controle
auxilia na condução ética do negócio.
Acreditamos que os fatores que teriam evitado o fim da empresa Enron são a
gestão voltada para a ética, defendida pelos os conceitos levantados neste relatório e
definidos no código de ética da organização, juntamente com a atuação efetiva do
Conselho Administrativo na fiscalização das execuções e implementação de uma
política de boas práticas na governança corporativa. Por fim, salientamos o fato de que
até mesmo uma organização cobiçada no mercado financeiro, com potencial no
mercado em que está inserida e de ações valorosas como as da Enron está sujeita ao
fracasso de seus resultados quando a ética não é condutora nas tomadas de decisões e
nas execuções da sua governança corporativa.
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4. Referências Bibliográficas:
ARRUDA, Maria Cecília Coutinho de; RAMOS, Jose Maria Rodriguez; WHITAKER,
Maria do Carmo. Fundamentos de Ética Empresarial e Econômica. São Paulo: Atlas,
2003.
ARRUDA, Maria Cecília Coutinho de. Código de Ética: Um instrumento que
adiciona valor. São Paulo: Negócio Editora, 2002.
CAMPOS, Taiane Las Casas. Administração de Stakeholders: Uma questão ética ou
estratégica. 2004. 20 f. Tese (Doutorado) - Curso de Economia, Pontifícia
Universidade Católica de Minas Gerais, Minas Gerais, 2004. Disponível em:
<http://www.iceg.pucminas.br/apimec/nucleos/stack.pdf>. Acesso em: 05 set. 2017.
COTRIM, Gilberto. Fundamentos de filosofia: História e grandes temas. 15. ed. São
Paulo, 2002.
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA
(IBGC). Governança Corporativa. Disponível em:
<http://www.ibgc.org.br/index.php/governanca/governanca-corporativa>. Acesso em:
02 out. 2017. (1)
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (IBGC). Guia de
Orientação para o Conselho Fiscal. Disponível em:
<http://www.ibgc.org.br/userfiles/1.pdf>. Acesso em: 02 out. 2017. (2)
INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA (IBGC). Guia de
Orientação para Melhores Práticas de Comitês de Auditoria. 2009. Disponível em:
<http://www.ibgc.org.br/userfiles/files/Guia_7_.pdf>. Acesso em: 05 out. 2017. (3)
MARIANO YOSHITAKE. Sindicato dos Contabilistas de São Paulo (SINDCONT-
SP). OS PILARES DA GOVERNANÇA CORPORATIVA NAS
ORGANIZAÇÕES. 2014. Disponível em:
<http://www.sindcontsp.org.br/uploads/acervo/arquivos/09 Os pilares da Gov
Corporativa.pdf>. Acesso em: 02 out. 2017.
SANTOS, Jéferson Weber dos. A INFLUÊNCIA DOS STAKEHOLDERS NA
ESTRATÉGIA: UM ESTUDO DE CASO EM UMA ORGANIZAÇÃO DO
TERCEIRO SETOR. 2006. 130 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Administração e
Negócios, Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2006.
Disponível em: <http://tede2.pucrs.br/tede2/bitstream/tede/5546/1/385074.pdf>. Acesso
em: 02 out. 2017.
SROUR, Robert Henry. Ética empresarial: A gestão da reputação. Rio de Janeiro:
Campus, 2003.
TINOCO, João Eduardo Prudêncio. GOVERNANÇA CORPORATIVA: TEORIA E
PRÁTICA. 2005. 90 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Gestão de Negócios,
Universidade Católica de Santos, Santos, 2005. Disponível em:
<http://www.unisantos.br/mestrado/gestao/egesta/artigos/45.pdf>. Acesso em: 02 out.
2017.
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5. Anexo

Figura 1: Sistema de governança corporativa.


Fonte: INSTITUTO BRASILEIRO DE GOVERNANÇA CORPORATIVA
(IBGC). Código das Melhores Práticas de Governança Corporativa.
Disponível em: <http://www.ibgc.org.br/index.php/governanca/governanca-
corporativa/sistema>. Acesso em: 02 out. 2017.

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