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Simetria de

informações e os
stakeholders

Introdução

A simetria de informações é um conceito fundamental no contexto


dos negócios e das relações entre stakeholders. Esse conceito
refere-se à prática de compartilhar informações de forma equitativa
e transparente entre todas as partes envolvidas. Quando existe
simetria de informações, os stakeholders têm acesso às mesmas
informações relevantes, o que fomenta a confiança e a colaboração
entre eles. Isso significa que tanto os gestores e proprietários de
uma empresa quanto os funcionários, clientes, fornecedores e
outros parceiros devem ter acesso às informações necessárias
para tomar decisões informadas e contribuir efetivamente para o
sucesso e o desenvolvimento da organização.
Os stakeholders são indivíduos ou grupos afetados ou interessados
nas atividades e nos resultados de uma organização. Eles podem
incluir funcionários, clientes, fornecedores, investidores,
comunidades locais e até mesmo a sociedade em geral. A simetria
de informações é especialmente importante no relacionamento com
os stakeholders, pois eles precisam ter uma compreensão clara e
precisa das atividades e do desempenho da empresa para tomar
decisões e avaliar o impacto dessas atividades em suas vidas ou
negócios. Uma simetria de informações efetiva permite que os
stakeholders confiem na empresa, sentindo-se mais engajados e
propensos a apoiar suas iniciativas e objetivos. Além disso, ela
contribui para evitar desequilíbrios de poder e promover uma
governança corporativa mais justa e transparente.

Objetivos da aula

​ Entender o fluxo de assimetria de informações;


​ Conhecer o conceito de ‘teoria da agência’;
​ Entender os interesses dos stakeholders;
​ Conhecer os ‘Procedimentos para a Divulgação de
Informações Confidenciais’.
Resumo

Assimetria de informações

É importante destacar que, atualmente, a quantidade de


informações que circulam dentro e fora das organizações é
significativa. Com esse elevado número de trocas realizadas entre
as partes interessadas, é importante que se trabalhe para que não
ocorram falhas na transmissão da comunicação.

No contexto da governança corporativa, a assimetria de


informações passou a ser discutida a partir dos problemas da
Teoria da agência. Ela ocorre, fundamentalmente, “quando as
partes envolvidas em uma mesma transação possuem informações
diferentes ou, ainda, quando não possuem o mesmo acesso a
todas as informações” (LARRATE, 2013, p. 22). Assim, a
assimetria de informações diz respeito aos distintos níveis de
informação que são fornecidos pelos gestores do negócio e pelos
acionistas participantes (ROSSETTI; ANDRADE, 2014).
Para entender mais sobre o fluxo de uma informação assimétrica
entre as partes interessadas, observe a figura a seguir.

Figura 1: Fluxograma - Fluxo da informação assimétrica | Fonte: LARRATE, 2013. (Adaptado).

Observe que o agente e o principal possuem interesses próprios,


trocando remuneração por desempenho. A assimetria de
informações ocorre de forma inerente nesse processo, sendo
importante que as partes saibam evitar que ela ocorra.

Os principais problemas entre as partes ocorrem em decorrência


de dois motivos centrais (OLIVEIRA, 2006):

​ A existência de interesses distintos, a partir dos quais cada


parte decide seguir com as suas próprias intenções;
​ A existência de uma assimetria de informações entre as
partes.

Destaca-se, portanto, que essa assimetria pode trazer sérios


problemas, afetando o negócio de forma geral. No entanto, com a
implementação eficaz das práticas de governança corporativa, a
qualidade da informação é ampliada, em um processo que leva em
consideração um dos pilares da governança: a transparência
(ROSSETTI; ANDRADE, 2014).
Teoria da agência

Entende-se por governança corporativa o resultado da interação


entre as partes interessadas, de forma que ocorra a maximização
dos resultados esperados para cada parte de forma separada, sem
que ocorra prejuízo dos interesses individuais (IBGC, 2020).
Destaca-se que “os agentes de governança devem zelar pela
sustentabilidade das organizações, visando à sua longevidade,
incorporando considerações de ordem social e ambiental na
definição dos negócios e operações” (LARRATE, 2013, p. 34).

De acordo com Tricker (2000), não se pode esperar que um gestor


cuide do dinheiro de outras pessoas da mesma forma que cuida do
seu. Sendo assim, “o problema da governança diz respeito,
essencialmente, ao exercício do poder, e aparece cada vez que
uma corporação ganha vida ou quando a propriedade de uma
empresa é separada de sua gestão” (ÁLVARES; GIACOMETTI;
GUSSO, 2008, p. 4).

A Teoria da agência busca explicar a relação entre as partes no


mundo empresarial, levando em consideração os dois atores
fundamentais do processo: os principais e os agentes.
Podemos dizer que a Teoria da agência está preocupada com a
resolução de problemas que possam ocorrer entre os principais,
que são os acionistas da empresa, e o seus agentes, que são os
executivos da organização (ROSSETI; ANDRADE, 2014). Nesse
sentido, preza-se pela utilização do contrato, sendo ele o
elemento-chave que irá reger a relação entre essas partes. Sendo
assim, o foco desta teoria é determinar este contrato, para que ele
seja capaz de gerenciar de modo eficiente as ações dos principais
e dos agentes (ALVARES; GIACOMETTI; GUSSO, 2008).

Observe o diagrama a seguir para entender mais sobre a relação


existente entre o principal e o agente das organizações:
Figura 2. Fonte: própria autora, 2023.

Conforme é possível observar acima, o principal e o agente


possuem atitudes e objetivos próprios, que podem divergir em
determinados momentos, causando um problema conhecido como
conflito de agência, conceito que sugere existir um oportunismo
entre os administradores (agentes executivos) e acionistas
(agentes principais), podendo prejudicar a maximização dos lucros
da empresa (ROSSETTI; ANDRADE, 2014).

Interesses dos stakeholders

As partes interessadas exercem grande poder de influência nas


empresas. Ao falarmos em estruturas de governança corporativa, é
essencial destacar que elas devem reconhecer os direitos das
partes interessadas, além de buscar a cooperação entre a
companhia e os stakeholders (LARRATE, 2013).

Algumas ações são essenciais para manter essa ligação firme,


segundo Larrate (2013):

​ A estrutura da governança corporativa deve assegurar o


respeito aos direitos das partes interessadas (stakeholders)
garantidos por lei.
​ Quando os direitos das partes interessadas (stakeholders)
são protegidos por lei, elas devem ter a oportunidade de obter
reparação efetiva pela violação de seus direitos.
​ A estrutura da governança corporativa deverá permitir
mecanismos de melhoria do desempenho para a participação
de partes interessadas (stakeholders).
​ As partes interessadas (stakeholders) que participam do
processo de governança corporativa devem ter acesso a
informações pertinentes.

Diante do que foi exposto anteriormente, é necessário destacar que


a direção da organização deve ter um relacionamento transparente
e de longo prazo com seus stakeholders, utilizando uma
comunicação clara com esse público.

Destaca-se, então, que os stakeholders possuem interesses


financeiros nas organizações, isto é, o sucesso da empresa
também estará atrelado ao seu sucesso.

Além disso, existem interesses não financeiros, não apenas


relacionados ao lucro. Nesse cenário, aspectos como marca,
prestígio e status ganham importância, influenciando empresas e
stakeholders a manterem e fortalecerem seus negócios.

Procedimentos para a Divulgação de Informações


Confidenciais

A comunicação é uma das ferramentas mais poderosas que o ser


humano e as organizações podem utilizar a favor do crescimento.
Com as diversas mudanças que vêm ocorrendo no ambiente
corporativo, obter uma excelência na maneira de se comunicar
pode garantir o sucesso de uma empresa.

Devemos considerar ainda que o cliente está cada vez mais


exigente com os serviços prestados pelas empresas. Sendo assim,
sua comunicação com as partes externas à empresa deve ocorrer
de forma fluida e transparente. Por fim, as organizações
tornaram-se mais complexas do que nunca, aumentando a
quantidade de informações trocadas.
Quando falamos em governança corporativa, a empresa deve estar
atenta aos canais de comunicação utilizados, além da clareza das
informações transmitidas, evitando ruídos na comunicação.

Existem algumas barreiras para que a comunicação flua entre os


indivíduos de maneira eficaz. São elas:

​ Filtragem;
​ Percepção seletiva;
​ Sobrecarga de informações;
​ Administração das emoções;
​ Idioma;
​ Silêncio;
​ Diminuição do medo da comunicação;
​ Diferenças de gênero;
​ Comunicação “politicamente correta”.

Infelizmente, muitas vezes, a comunicação não ocorre como o


planejado, causando os chamados ruídos.
Ruído é tudo aquilo que interfere na comunicação, ocasionando
perda de informação durante a transmissão da mensagem.

Suas principais causas são:

​ O emissor ou o receptor (por exemplo: algum mal-estar físico,


psicológico, etc.);
​ O ambiente (excesso de barulho, falta de luminosidade, etc.);
​ A mensagem (velocidade da fala, uso de jargão ou gíria
profissional diante de uma plateia mista, etc.);
​ O canal (barulhos na linha telefônica, etc.).

Como aplicar na prática o que você aprendeu


Suponha que a empresa Onyx, fabricante de automóveis, possua
um presidente do Conselho de Administração, cinco conselheiros e
o diretor financeiro. A empresa, listada na bolsa de valores, teve as
pessoas citadas renunciando aos seus cargos recentemente,
devido a disputas que ocorreram com o acionista controlador. Ele
suspendeu uma auditoria interna que era promovida pelo conselho
e iniciou reuniões realizadas de forma paralela, sem informar ao
conselho.

Suponhamos que você seja um consultor, você conseguiu


identificar que a empresa Onyx enfrenta um problema de
governança? No trecho descrito, ocorre um conflito na relação de
agência, onde as recompensas e os custos do agente e do
principal são diferentes por conta de uma assimetria de
informações.

Conteúdo bônus
Tópicos avançados

Neste módulo você conseguiu aprender a importância dos


stakeholders. Se tiver interesse em saber mais sobre o assunto,
assista ao vídeo intitulado ‘O bom gerenciamento de Stakeholders’,
que está disponível no canal Robson Camargo Projetos e Negócios
no YouTube.

Referência Bibliográfica

ALVARES, E.; GIACOMETTI, C.; GUSSO, E. Governança


Corporativa: um modelo brasileiro. Rio de Janeiro: Elsevier,
2008.

ANDRADE, A; ROSSETI, J. P. Governança corporativa. 4a Ed.


São Paulo: Atlas, 2009.
IBGC. Instituto Brasileiro de Governança Corporativa.
Disponível em: < http://www.ibgc.org.br >. (Acesso em: 2 set. 2021)

OLIVEIRA, D. P. R. Governança Corporativa na prática. 1a Ed.


São Paulo: Atlas, 2006.

SILVA, E.C. Governança Corporativa nas Empresas. São Paulo:


Atlas, 2006.

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