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3. Objetivos da empresa:
Múltiplos objetivos, nenhum objetivo ou objetivo único:
- Múltiplos objetivos: podem ser conflituantes; objetivos contraditórios criam
dificuldade na tomada da melhor decisão;
- Nenhum objetivo: um objetivo específica o que se pretende obter e pode ser
utilizado para avaliar duas alternativas possíveis;
- Objetivo único: a existência de um objetivo único torna a tomada de decisão mais
clara, pois será tomada aquela decisão que maximizará o objetivo escolhido,
O objetivo:
- deve ser claro e não ambíguo;
- deve ser mensurável periodicamente e de forma objetiva;
- não deve criar custos para outros grupos ou entidades.
Bruna Rodrigues
Objetivo único: Maximizar o valor para os acionistas vs. Maximizar o valor da empresa:
Valor da empresa = valor para os acionistas (stockholders) + valor para os credores
(bondholders). Admitindo que os credores se podem proteger, contratualmente, contra a
expropriação de valor por parte dos acionistas (salvaguardando os seus interesses), os
gestores devem focar-se em maximizar a riqueza de quem os contrata – os acionistas.
Objetivo: Maximizar o valor (da empresa) para os acionistas.
Como podemos medir o valor da empresa para os acionistas?
- valor contabilístico do capital próprio (book value);
- valor de mercado (cotação*nº de ações), nas empresas cotadas;
- cotação (ou preço da ação) resulta do confronto entre a oferta e a procura e, como
tal, incorpora expetativas de todos os agentes económicos quanto ao valor dos cash-flows
futuros;
- num mercado eficiente, a cotação tenderá para o (verdadeiro) valor da ação.
Objetivo único: maximizar a cotação:
Vantagens de ter como objetivo a maximização da cotação:
- A cotação é a medida mais observável das medidas que podem ser usadas como
objetivo (nas empresas cotadas). Ao contrário do valor dos resultados ou vendas, a cotação
reflete constantemente a informação utilizada;
- A cotação reflete os efeitos de longo prazo das decisões da empresa;
- A cotação é a verdadeira medida de riqueza para os acionistas;
- Permite propor modelos para selecionar os projetos em que se deve investir e como
os financiar e testar esses modelos através da observação empírica.
Mas será razoável excluir outros stakeholders (credores, empregados e sociedade
em geral)?
Sim, se se verificarem as seguintes condições:
1. Gestores agem no interesse dos acionistas e têm como objetivo maximizar a cotação das
ações;
2. Credores estão protegidos da expropriação por parte dos acionistas;
3. Gestores não manipulam a informação nem conseguem enganar o mercado (que é
eficiente);
4. As decisões dos gestores não produzem custos para as sociedades
No entanto, na realidade existem conflitos de interesses:
- Solução: Minimizar esses conflitos de interesses (custos de agência)
Notas:
- Nas empresas não cotadas o objetivo será a maximização do valor da empresa para os
acionistas;
- No caso das empresas sem-fins-lucrativos a aplicação dos princípios das finanças
empresariais torna-se mais complicada pois vários objetivos contraditórios podem surgir.
Bruna Rodrigues
Os gestores têm a obrigação de interagir com os diferentes stakeholders, que têm interesses
diferentes.
Gestores <-> Acionistas:
Os acionistas nomeiam os gestores para gerir a empresa. Os acionistas têm pouco
controlo sobre os gestores que, deste modo, podem colocar os seus interesses pessoais
antes dos interesses dos acionistas.
Em grandes empresas a separação entre gestão e propriedade é uma necessidade.
É impossível e impraticável que todos os acionistas participem na gestão de uma empresa,
sendo que a autoridade para tomar decisões pode ser delegada a gestores. Neste caso,
existe uma delegação de poderes -> uma relação de agência.
Vantagens da separação entre gestão e propriedade:
- A alteração da estrutura acionista não interfere com a atividade operacional da empresa;
- Detentores de capital podem obter lucros com a atividade operacional mesmo que não
disponham de capacidade ou conhecimentos para maximizar o valor dos ativos;
- Diversificação do risco, pois o risco de uma empresa é disperso por vários acionistas e
permite aos acionistas investirem em várias empresas;
- Contratação de gestores profissionais, que desse modo vão concretizar projetos rentáveis,
mesmo que não disponham de riqueza acumulada.
Desvantagens da separação entre gestão e propriedade:
- Os objetivos dos gestores e dos acionistas são diferentes e portanto os gestores podem
não tomar as decisões que maximizem a riqueza dos acionistas, mas sim a sua riqueza
pessoal.
Por exemplo: os gestores podem atribuir a si mesmos compensações injustificadas ou
gastarem verbas em bens de luxo e de conforto; Aquisição de outras empresas por parte dos
gestores aumentando assim o seu poder (e remuneração), mesmo que não seja no interesse
dos acionistas ou pagando um preço muito elevado; Resistência a ofertas de aquisição, pois
nesse caso podem perder o emprego e os benefícios associados; Política de dividendos
(redução do FCF); Investimentos que visem diversificar o risco mas que isso diminuía o
retorno dos acionistas.
Bruna Rodrigues
- Obrigações convertíveis:
Os credores têm a opção (o direito de) conversão em novas ações da entidade emitente, o
que origina um aumento de capital. Isto tem de estar definido na ficha técnica.
Gestores <-> Mercados Financeiros:
Gestores podem manipular a informação por forma a manipular o mercado. Os
mercados por sua vez também cometem erros.
O preço das ações de uma empresa deve refletir o seu justo valor, o que depende da
eficiência do mercado e da informação que lhe é dada pelos gestores. Mas os gestores
podem não ter interesse em divulgar a informação correta, se por exemplo isso não os
beneficiar.
A escolha da maximização da cotação da empresa requer que:
- Gestores não manipulem a informação;
- Mercados sejam eficientes.
Na realidade:
- Gestores tendem a adiar o anúncio de más notícias e alguns gestores divulgam
intencionalmente informação enganosa;
- Não há certezas se os mercados são eficientes ou não.
Deste modo, a cotação pode não representar o valor das ações.
Soluções para reduzir o desvio entre preço (cotação) e valor das ações:
- Melhorar a qualidade da informação: Reguladores, analistas independentes das empresas;
- Tornar o mercado mais eficiente:
- Menores custos de transação: maior liquidez do mercado; os investidores entram
mais rápido a reagir à informação;
- Mais informação disponível para os investidores sobre as ações transacionadas;
- Reduzir ou eliminar restrições tais como a proibição de vendas a descoberto (short-
selling) – vender as ações sem as ter na expetativa que a cotação vá descer para depois as
comprar
No caso do short-selling, ainda que a sua proibição possa ter um impacto positivo a
nível político torna mais difícil refletir as más notícias na cotação.
Gestores <-> Sociedade:
As decisões dos gestores das empresas podem ter impactos positivos (ex: criação de
emprego, satisfação de necessidades básicas ou não básicas da população, bem-estar
social…) ou negativos na sociedade.
Empresas podem prejudicar a sociedade e esses custos podem ser difíceis de
imputar às empresas (ex: poluição)
A escolha da maximização da cotação como objetivo da empresa implicitamente assume
que:
- Custos são muito pequenos e podem ser ignorados, ou;
- É possível determinar esses custos e quem os produziu e a empresa é obrigada a suportá-
los;
Na realidade:
- Em alguns casos os custos são consideráveis e é impossível determinar quem os causou;
- Muitas vezes, nem a própria empresa tem consciência desses custos.
Bruna Rodrigues
5. Corporate Governance:
O modelo de governo das sociedades é um conjunto de mecanismos que visa reduzir
o problema de agência entre acionistas e gestores. (Boas práticas de governo das
sociedades com o objetivo de reduzir os conflitos entre gestores e acionistas). Estes
mecanismos permitem aos acionistas de uma empresa fiscalizar/controlar a gestão e desse
modo garantir que os seus interesses (maximização da riqueza) são protegidos.
Sistemas de Corporate Governance:
> Continental:
- Sistema baseado em relações/participações cruzadas entre as empresas (Japão) e entre
as empresas e os bancos (Alemanha);
- Controlo interno.
> Anglo-Saxónico:
- Sistema de controlo pelo mercado onde os acionistas penalizam os maus gestores;
- Controlo externo.
> Governamental:
- Típico de empresas chinesas;
- Após a crise de 2008, mesmo em países como o RU e EUA, aumentou o número de
pessoas que exigem uma maior intervenção do Estado na gestão das empresas e dos
bancos socorridos pelo Estado.
Principais Diferenças:
Sistema Anglo-Saxónico Sistema Continental
Estrutura - Propriedade dispersa; - Propriedade concentrada;
Acionista - Apenas investidores - Estruturas piramidais;
institucionais detêm posições - Bancos, empresas e famílias
relevantes. detêm posições relevantes.
Mercado de - Muito líquidos - Pouco líquidos
Capitais (Capital totalmente admitido à (Apenas uma fração admitida; os
cotação; existem muitos títulos acionistas minoritários estão
para transacionar). numa posição de sujeição, vendo
mais dificuldade na salvaguarda
dos seus interesses tendo por
Bruna Rodrigues
7. Conclusão: