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Semana passada, o STF começou o julgamento o RE 1.010.

606, especificamente sobre o


tema “direito ao esquecimento”.
Como afirmo em meu livro “Curso de Direito Constitucional”, “consiste no direito a que
sejam esquecidas algumas informações verídicas, mas desairosas, ofensivas ou violadoras
da intimidade, ocorridas no passado. Imaginemos que um jovem de 18 anos, em seu
aniversário, embriaga-se e pratica atos absolutamente vexatórios e dos quais se arrependerá
no dia seguinte. Se for gravado, aquele vídeo poderá se espalhar por toda a internet, ali
permanecendo por décadas”.
Trago, inclusive, no meu livro, uma tabela com os requisitos para aplicação do direito ao
esquecimento, baseando-me em doutrina especializada sobre o tema, como nos livros das
constitucionalistas Geisa Daré e Viviane Maldonado: “a) o fato pode ser verídico ou não; b)
a veiculação da informação causa sofrimento ou transtorno a algum direito fundamental
(honra, intimidade, imagem etc.); c) a informação carece de interesse público,
originariamente ou em virtude do tempo decorrido; d) inexistência de aparente conflito
entre a liberdade de expressão e/ou informação e os atributos individuais da pessoa humana;
e) realização de uma ponderação dos princípios conflitantes no caso concreto”.
Para minha surpresa, em seu voto, o Ministro relator Dias Toffoli, negou a existência de um
direito ao esquecimento, sob o argumento de que ele “seria uma restrição excessiva e
peremptória às liberdades de expressão e manifestação de pensamento dos autores”. Na
próxima semana os demais Ministros devem se manifestar. Confirmado o voto do Ministro
Relator, o Brasil será um dos poucos países do mundo a não reconhecer o direito ao
esquecimento. Como explico no meu livro, por exemplo, esse direito já é reconhecido nos
Estados Unidos, desde 1931, no caso Melvin v. Reid.
Assim que o STF concluir a votação nesse importante caso, farei uma nova publicação.
Prof. Flávio Martins

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