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A Ciência do Direito, ou Jurisprudência – tomada esta palavra na sua acepção clássica - , tem
por objeto o fenômeno jurídico tal como ele se encontra historicamente realizada.
A Ciência do Direito é sempre ciência de um Direito positivo, isto é, positivado no espaço e no
tempo, como experiência efetiva, passada ou atual. Assim é que o Direito dos gregos antigos
pode ser objeto de ciência, tanto como o da Grécia de nossos dias. Não há Ciência do Direito
em abstrato, isto é, sem referência direta a um campo de experiência social.
Será essa referibilidade imediata à experiência a nota caracterizadora de uma investigação
jurídica de natureza científico-positiva. Donde pode-se dizer que a ciência do Direito é uma
forma de conhecimento positivo da realidade social segundo normas ou regras objetivadas, ou
seja, tornadas objetivas, no decurso do processo histórico.
O Direito Positivo é o Direito que, em algum momento histórico, entrou em vigor, teve ou
continua tendo eficácia.
A Ciência jurídica não fica circunscrita à análise destes ou daqueles quadros particulares de
normas, mas procura estrutura-los segundo princípios ou conceitos gerais unificadores.
“Teoria”, do grego theoresis, significa a conversão de um assunto em problema, sujeito a
indagação e pesquisa, a fim de superar a particularidade dos casos isolados, para englobá-los
numa forma de compreensão, que correlacione entre si as partes e o todo. Já Aristóteles nos
ensinava que não há ciência senão do genérico.
Para que se eleve ao plano de uma Teoria Geral do Direito, a Ciência Jurídica se elava
representando a parte geral comum a todas as formas de conhecimento positivo do Direito,
aquela na qual se fixam os princípios ou diretrizes capazes de elucidar-nos sobre a estrutura
das regras jurídicas e sua concatenação lógica, bem como sobre os motivos que governam os
distintos campos da experiência jurídica.
Alguns autores distinguem entre Teoria Geral do Direito e Enciclopédia Jurídica, atribuindo a
esta a tarefa de elaborar uma súmula de cada uma das disciplinas do Direito, numa espécie
de microcosmo jurídico.
Parece-nos de bem reduzido alcance esse cinerama jurídico. É à introdução ao Estudo do
Direito que cabe, a nosso ver, dar uma noção geral de cada disciplina jurídica, mas sem a
pretensão de realizar uma síntese das respectivas questões fundamentais.
d) Direito e Sociologia
Em linhas gerais, porém, pode-se dizer que a Sociologia tem por fim o estudo do fato social
na estrutura e funcionalidade, para saber, em suma, como os grupos humanos se organizam e
se desenvolvem, em função dos múltiplos fatores que atuam sobre as formas de convivência.
A Sociologia tem por objetivo verificar como a vida social comporta diversos tipos de regras,
como reagem em relação a elas, nestas ou naquelas circunstâncias etc.
Hoje em dia, a Sociologia, sem perder o seu caráter de pesquisa global ou sistemática do fato
social enquanto social, achega-se mais à realidade, sem a preocupação de atingir formas
puras ou arquetípicas. Desenvolve-se antes como investigação das estruturas do fato social,
inseparáveis de sua funcionalidade concreta, sem considerar acessórios ou secundários os
“estudos de campo”, relativos a áreas delimitadas da experiência social.
A Sociologia Jurídica apresenta-se, hodiernamente, como uma ciência positiva que procura se
valer de rigorosos dados estatísticos para compreender como as normas jurídicas se
apresentam efetivamente, isto é, como experiência humana, com resultados que não raro se
mostram bem diversos dos que eram esperados pelo legislador. A Sociologia Jurídica não vis à
norma jurídica como tal, mas sim à sua eficácia ou efetividade, no plano do fato social.
Desnecessário é encarecer a importância da Sociologia do Direito para o jurista ou para o
legislador. Se ela não tem finalidade normativa, no sentido de instaurar modelos de
organização e de conduta, as suas conclusões são indispensáveis a quem tenha a missão de
modelar os comportamentos humanos, para considera-los lícitos ou ilícitos.
e) Direito e Economia.
O Direito, segundo Reale, está cheio de regras que disciplinam atos totalmente indiferentes
ou alheios a quaisquer finalidades econômicas. Seria próprio do Direito receber os valores
econômicos, artísticos, religosos etc., sujeitando-os às suas próprias estruturas e fins,
tornando-os, assim, jurídicos na medida e enquanto os integra em seu ordenamento.