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PPGLLit - Letras - UFT
A origem dessas
investigações coincide com
a origem da filosofia:
Heráclito, Platão e
HISTÓRIA
Aristóteles eram teóricos
do “lógos” e, portanto,
linguistas avant la lettre.
A tradição dos estudos
linguísticos na Europa vem
da cultura da Grécia Antiga.
GRÉCIA
ANTIGA Aristóteles:
“lógos apofantikós” =
“hypokeímenon” +
“rhéma”.
O modelo platônico de signo
tem uma estrutura triádica:
o nome (“ónoma”,
PLATÃO “nómos”);
(427- a noção ou ideia (“eîdos”,
347)
“lógos”, “dianóema”);
a coisa (“prágma”, “ousía”)
à qual o signo se refere.
Ideias, para Platão, eram
entidades objetivas que
não só existiam na mente,
mas também possuindo
PLATÃO
realidades numa esfera
espiritual além do
indivíduo.
No diálogo Crátilo,
Platão investigou a
relação entre o nome, as
ideias e as coisas.
PLATÃO
Umas das questões
levantadas é se a relação
entre nome, ideia e coisa
é natural ou depende
das convenções sociais.
Aristóteles definiu o signo
como uma relação de
implicação: se „q‟ implica „p‟,
„q‟ atua como signo de „p‟.
ARISTÓTELES
(384-322) “Pois aquilo que procede ou
segue o ser ou o
desenvolvimento duma coisa
é um signo do ser ou do
desenvolvimento dessa coisa.”
(Analíticos Primeiros, II, 70a,
7-9)
O modelo do signo
aristotélico é também
triádico:
ARISTÓTELES
“ónoma”;
“pathémata”
(afecções da alma);
“prágmata”.
“A oração (“lógos”) é
uma expressão
significativa, da qual
cada parte, quando
ARISTÓTELES
tomada separadamente,
apresenta um significado
como enunciação e não
como afirmação.”
“Toda declaração depende
necessariamente de um
verbo, ou de sua
conjugação, pois a noção
de “homem”, à qual não
ARISTÓTELES
acrescentamos o “é”, ou o
“será”, ou o “era”, ou algo
desse gênero, ainda não
será uma declaração.”
No início de suas
categorias, Aristóteles
apresenta três formas de
nomear o mundo, ou seja,
ARISTÓTELES -
CATEGORIAS três modos discursivos
(três racionalidades):
homonímia, paronímia e
sinonímia.
ὁμώνσμα λέγεηαι ὧν ὄνομα
κοινόν, ὁ δὲ καηὰ ηοὔνομα
λόγος ηῆς οὐζίας ἕηερος.
HOMONÍMIA
ARISTOTELIS.
Categoriae et Liber de
Interpretatione. Oxford:
Oxford University Press,
1986, 1a, 1.
“Chamam-se
homônimas as coisas
[objetos] que têm
apenas o nome [signo]
em comum, enquanto
HOMONÍMIA
que o correspondente
enunciado
[interpretante] da
entidade é distinto.”
παρώνσμα δὲ λέγεηαι ὅζα
ἀπό ηινος διαϕέρονηα ηῇ
πηώζει.
PARONÍMIA
ARISTOTELIS.
Categoriae et Liber de
Interpretatione.
Oxford: Oxford
University Press, 1986,
1a, 12.
“Chamam-se parônimas
as coisas que diferem
PARONÍMIA de outra pelo caso.”
ζσνώνσμα δὲ λέγεηαι ὧν ηό
ηε ὄνομα κοινὸν καὶ ὁ καηὰ
ηοὔνομα λόγος ηῆς οὐζίας ὁ
αὐηός.
SINONÍMIA
ARISTOTELIS. Categoriae
et Liber de
Interpretatione. Oxford:
Oxford University Press,
1986, 1a, 6.
“Chamam-se sinônimas
as coisas [objetos] que
têm o nome [signo] em
comum, sendo o
SINONÍMIA correspondente
enunciado [interpretante]
da entidade também o
mesmo.”
Um modelo triádico do signo
é também a base da teoria
do signo dos estóicos:
“semaínon”
(significante – a
ESTÓICOS
entidade percebida
(300-200)
como signo);
“semainómenon” ou
“lékton” (significado);
“tynkánon” (objeto).
A consideração da proposta
filosófico-linguística dos
estóicos é difícil, pois as
informações são em geral
indiretas, e o período
OS
ESTÓICOS E abrangido é muito extenso.
SUA Perdendo a hegemonia
GRAMÁTICA política (crise), os gregos se
apegaram cada vez mais à sua
civilização, que vislumbravam
como superior.
A perda da autonomia trouxe
consigo a reação natural do
desejo de preservar aquilo
que se está perdendo.
OS Temos, então, um grande
ESTÓICOS E empenho crítico e filológico
SUA orientado para a preservação
GRAMÁTICA das formas de expressão, e,
consequentemente, “a criação
gradual de um domínio da
gramática” (Neves, 1987: 80).
Diógenes da Babilônia (240
- 150 a.C.) reconhece cinco
partes para a oração:
OS “As partes da oração são
ESTÓICOS E cinco, como afirma
SUA
GRAMÁTICA Diógenes [...], nome,
denominação, verbo,
conjunção e artigo.”
Definição de oração
(Idem, ibidem, p. 20):
OS “A oração é uma
ESTÓICOS E
SUA expressão
GRAMÁTICA significativa emitida
pela inteligência.”
Definição de significado
(Diógenes):
“A dialética trata, como
afirma Crisipo, dos
significantes e dos
OS significados; os primeiros, os
ESTÓICOS E significantes, estão
SUA determinados pelos estóicos
GRAMÁTICA na teoria da expressão;
quanto aos outros, o discurso
acerca dos dizíveis está
organizado em matérias que
tratam das coisas e dos
significados.”
Definição de expressão (Diógenes):
“Diferem a expressão e a dicção,
pois expressão é também um som,
e dicção, somente o articulado. A
dicção difere, ainda, da oração, pois
OS a oração é sempre semântica,
enquanto que a dicção pode não ter
ESTÓICOS E
sentido, como “blítyri”, que não é
SUA de nenhuma maneira uma oração.
GRAMÁTICA São diferentes também, o dizer e o
proferir; pois as expressões são
proferidas, enquanto que as coisas
são ditas, aquelas que apresentam,
ainda, um significado.”
Adotam a lógica de enunciados –
de predicados.
Essa compreensão é diferente da
lógica de termos aristotélica.
Os estóicos compreendem a
OS declaração como a enunciação de
ESTÓICOS E acontecimentos (Deleuze), e não
SUA como a atribuição de predicados
GRAMÁTICA a um sujeito.
Consequentemente, sua
declaração versa sobre as
implicações de relações
temporais.
Para os estóicos, o enunciado
linguístico pode ser completo
ou não; só será completo, se
OS contiver o sujeito e o
ESTÓICOS E predicado, cada um deles, por
SUA si só, será sempre um “lékton”
GRAMÁTICA
– dito, incompleto.
Dessa forma, determinam a
necessidade dos dois termos.
Partindo da definição estóica
de verbo, perceberemos
claramente a ênfase que
colocaram na declaração como
OS enunciação de acontecimentos
ESTÓICOS E (Diógenes Laércio):
SUA
GRAMÁTICA
“Verbo é a parte da oração
que significa uma afirmação
não relacionada.”
Para os estóicos, verbo é
somente o infinitivo.
Todas as vezes que a
afirmação se relacionar a
OS
ESTÓICOS E um sujeito expresso no
SUA nominativo, chamar-se-á
GRAMÁTICA
“kategoréma” – asserção
ou “sýmbama” – acidente,
acontecimento.
Quando a declaração
tiver a necessidade
para se completar de
OS
outro vocábulo,
ESTÓICOS E chamar-se-á “menos
SUA que um
GRAMÁTICA
acontecimento” ou
“menos que uma
asserção”.
Em Aristarco (215 – 145
a.C.), já encontramos o
reconhecimento das oito
OS
ESTÓICOS E partes da oração
SUA (conforme esclarece
GRAMÁTICA
Quintiliano em Institutio
Oratoria. I, IV, 203).
Os estóicos estudaram com
profundidade a relação entre
significado e significante,
percebendo com clareza a
diferença entre a dicção e a
simples expressão.
ESTÓICOS -
CONCLUSÃO Quanto à definição do
enunciado, deram uma
importância maior aos
acontecimentos e aos
predicados, com a distinção
do verbo como elemento
essencial ao lado do sujeito.
Dionísio nasceu em
Alexandria e viveu
aproximadamente entre
170 e 90 antes de Cristo,
ocupando-se
TECHNÉ
GRAMMATIKÉ especialmente com a obra
de Homero, por meio de
comentários, dos quais
chegaram até nós algumas
dezenas de fragmentos.
A melhor introdução para esta
gramática equivale com
certeza ao seu parágrafo
inicial (Dionísio, 1, 2-3):
TECHNÉ “A Gramática é o
GRAMMATIKÉ conhecimento empírico
do que se diz
frequentemente nos
poetas e nos
prosadores.”
Da gramática
“A gramática é o
conhecimento
TECHNÉ de empírico do que se
DIONÍSIO, o
GRAMÁTICO diz frequentemente
nos poetas e nos
prosadores.”
“A dicção é a menor parte da oração
em relação ao arranjo [sintaxe] .
A oração é uma composição, desde a
simples dicção em prosa,
manifestando um pensamento
completo.
São oito as partes da oração: nome,
TECHNÉ
GRAMMATIKÉ verbo, particípio, artigo, pronome,
preposição, advérbio e conjunção.
O vocábulo sintaxe, que aparece no
original grego, deve ser entendido
como arranjo significativo; ou seja,
a menor parte do enunciado que
apresenta um arranjo semântico é a
palavra.”
Detenhamo-nos na definição de
oração (“lógos”): a oração é uma
composição que manifesta um
pensamento completo.
DONATO E A
Em relação aos tratados latinos,
GRAMÁTICA foi no período tardio do império
NORMATIVA romano que aconteceu uma
profusão de tratados
gramaticais, dos quais os mais
famosos são o de Donato e o de
Prisciano.
Na educação desse período, os
estudos literários haviam
suplantado os filosóficos, e
essa mudança ocasionou
alterações também nos
métodos dos gramáticos.
DONATO E A As escolas, que se
GRAMÁTICA multiplicavam, precisavam de
NORMATIVA
compêndios didáticos, e assim
foram feitas cópias,
adaptações e, frequentemente,
deformações tanto das obras
literárias quanto dos tratados
gramaticais.
Essas adaptações e resumos
tiveram, principalmente no
domínio da terminologia, um
resultado irracional: os
DONATO E A
GRAMÁTICA gramáticos, não sendo mais
NORMATIVA capazes de justificar os
conceitos que usavam, caíam
na incoerência.
Donato (Holtz, 1981: 613):
Das partes da oração
“As partes da oração são oito:
nome, pronome, verbo, advérbio,
particípio, conjunção, preposição e
interjeição. Dessas, duas são as
principais partes da oração: nome e
DONATO E A
verbo. Os latinos não incluem o
GRAMÁTICA
NORMATIVA artigo; os gregos, a interjeição.
Muitos consideram as partes da
oração em maior número; muitos
em menor. Realmente, de todas,
apenas três são as que em seis
casos são flexionadas: nome,
pronome e particípio.”
Via oratória (Quintiliano),
a importância maior do
nome e do verbo está
DONATO E A contida em Donato, mas é
GRAMÁTICA
NORMATIVA só isso; não há
preocupações com a
sintaxe.
Do Nome
“O nome é a parte da oração com
caso que significa corpo ou ação, de
modo próprio ou comum. Próprio,
como Roma e Tibre; comum, como
cidade e rio. O nome tem seis
DONATO E A acidentes: qualidade, comparação,
GRAMÁTICA gênero, número, figura e caso. Há o
NORMATIVA nome de um homem, a
denominação de muitos e o nome
próprio das ações. Mas, de modo
geral, dizemos apenas nomes.”
Do verbo
“O verbo é a parte da oração
com tempo e pessoa, sem
caso, que significa ou o ativo
DONATO E A ou o passivo ou o neutro. O
GRAMÁTICA verbo tem sete acidentes:
NORMATIVA qualidade, conjugação,
gênero, número, figura,
tempo e pessoa.”
“Já que nos livros anteriores seguimos a
autoridade de Apolônio em relação às
partes da oração, de modo geral, não
negligenciado também os dados
necessários de outros, seja dos nossos seja
dos gregos, e, se nós mesmos pudermos
acrescentar algo de novo, ainda seguindo
PRISCIANO sobretudo os passos do mesmo a respeito
da ordenação ou construção das palavras –
que os gregos denominavam “sintaxin”, não
recusemos inserir, se algo conveniente for
encontrado, tanto dos outros quanto dos
nossos.”
“O que é nome?
Segundo Donato, parte da
oração com caso que significa
corpo ou ação de modo próprio
ou comum; segundo Apolônio,
parte da oração que revela em
PRISCIANO si mesma a qualidade própria
ou comum dos seres
singulares, corpóreos ou
incorpóreos, empregados
como sujeitos.”
“O nome é parte da oração que
atribui a qualidade própria ou
comum a cada um dos corpos
PRISCIANO ou ações empregados como
sujeito.”
“Assim, portanto, a oração se
torna perfeita por meio da
ordenação adequada; dessa
maneira, por meio da ordenação
adequada, as partes da oração
são transmitidas por doutíssimos
conhecedores da arte da palavra,
PRISCIANO em primeiro lugar colocaram o
nome; em segundo, o verbo, pois
nenhuma oração sem esses está
completa, o que pode ser
demonstrado pela construção que
contenha quase todas as partes
da oração.”
Os escritores que o seguiram
são referidos como um grupo
por meio do nome
“Modistae”, e proclamaram a
existência de uma gramática
universal, dependente da
OS LÓGICOS estrutura da realidade e da
MEDIEVAIS razão humana, ou, em outras
palavras, a existência de
premissas extralinguísticas,
sobre as quais deveriam ser
estabelecidas as regras
gramaticais.
As gramáticas filosóficas desse
período, em sua maioria, tiveram
o mesmo título - De Modis
Significandi, tratando de uma
quantidade muito grande de
assuntos, muito maior do que a
OS LÓGICOS que temos em nossos manuais.
MEDIEVAIS O objetivo dos “Modistae” era a
exposição de uma teoria geral da
linguagem e dos princípios da
semântica, com a finalidade de
mostrar a essência do discurso
humano.
Antes de apreciarmos um
exemplo tirado de uma das
obras desse período, e a sua
ínfima diferença em relação às
OS LÓGICOS anteriores, citemos dois
MEDIEVAIS autores importantíssimos do
mesmo: Siger de Courtrai
(século XIII) e Thomas de
Erfurt (século XIV).
Siger elaborou um registro das
funções semânticas das palavras
(uma teoria geral do significado),
baseando-se nos filósofos
escolásticos. As coisas, segundo o
esquema dos Modistae, possuíam
qualidades de existência variada ou
OS LÓGICOS modos de ser (“modi essendi”). Para
MEDIEVAIS o autor, elas eram apreendidas por
meio de modos ativos de
compreensão (“modi intelligendi
activi”), aos quais correspondia um
modo passivo de compreensão
(“modi intelligendi passivi”), as
qualidades apreendidas pela mente.
“Voz... é voz a partir de uma ação de
proferir... formalmente, é chamada
de parte da oração por meio de um
modo ativo de significação;
entretanto, os modos ativos de
significação não estão na voz, assim
como no sujeito, pois os modos
ativos de significação são um certo
SIGER DE conceito próprio do intelecto; assim
COURTRAI sendo, os conceitos do intelecto
permanecem no intelecto e não
passam para fora; todavia, são
denominados vozes e por meio
delas, por sua vez, são construídos,
do mesmo modo que o universal
existente no intelecto denomina a
coisa exterior.”
A concepção da linguagem
dos “Modistae”:
Nível do ser - MODI
ESSENDI;