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Dez obras para conhecer semiótica

Antonio Vicente Pietroforte

introdução

Valer-se da etimologia para explicar os significados das palavras nem sempre é


caminho seguro pois, em regra, a história do vocabulário não coincide com seu entendi-
mento pelos falantes da língua; além disso, devido às semelhanças entre sons e sentidos,
vários equívocos ocorrem com facilidade. A palavra “presidente”, por exemplo, deriva do
verbo latino praesidere, sendo formada pelo prefixo prae acrescentado ao verbo sedēre,
cujos significados são, respectivamente, “antes” e “sentar-se”, quer dizer, “sentar-se na
frente”. Evidentemente, o sentido de chefe de estado e de governo coloca quem exerce a
função, de certo modo, diante de toda nação, contudo, o sentido recuperado historica-
mente não coincide com o emprego da palavra. Outro exemplo interessante, agora a res-
peito das confusões entre sons e sentidos, foi a etimologia outrora atribuída à palavra
“sânscrito”, cujo significado seria “sem escrita”, supondo-se o nome da língua derivar de
uma característica sua dos tempos védicos; outros estudiosos, entretanto, opõem “sâns-
crito” a “prácrito”, apontando para a relação entre o registro culto do idioma, utilizado
nos discursos religiosos e na organização do estado, quer dizer, o “sânscrito”, e os usos
coloquiais da população falante, o “prácrito”.
Em meio a tais equívocos, semiótica não significa, certamente, “meio olho”. Se
assim fosse, seria “semióptica”, pois “ótica” se refere aos ouvidos enquanto “óptica”, aos
olhos; no caso, a palavra semiótica deriva do grego sēmeiōtiko, significando “relacionado
aos sinais”, sendo nesse sentido, aproximadamente, que a palavra “semiótica” é utilizada
nas ciências humanas do mundo moderno. A palavra “sinal” se origina do indo-europeu
sekw, cujo significado seria “apontar, indicar”; tomada em sentido lato, a palavra “sinal”
se aproxima dos conceitos de “sentido” e “significação”, ou seja, os objetos de estudo da
“semiótica”. Entretanto, para essa introdução ser esclarecedora, resta definir, contempo-
raneamente e de variados pontos de vista, o conceito de significação.
a significação e o signo

A palavra “semiótica”, tal qual a “semântica” e “semiologia”, deriva de “sema”,


palavra grega, cujo significado é “sinal”, mantendo-se o sentido do indo-europeu sekw,
do qual ela deriva. A palavra grega sema, por sua vez, possui história interessante; sema
já significou “sepultura”, ora designou a lápide, quer dizer, a pedra colocada para cobrir
o túmulo, passando, assim, a significar “sinal”, no caso, o sinal de haver alguém enterrado
sob a laje. Nesse processo, manifesta-se a significação, pois a pedra aponta para outros
sentidos além dela mesma, tornando-se, dessa maneira, o significante relacionado, à vista
disso, arbitrariamente, aos significados “tumba”, “cadáver”, “morte” (Cornelli, 2011:
173-185).
A palavra “significação” é formada a partir da palavra “signo”, derivada do latim
signum, cujo sentido é “sinal”, reportando-se novamente ao indo-europeu sekw; a própria
palavra “sinal”, em português, deriva do latim signum, revelando se tratar do mesmo
campo semântico. Entretanto, antes de prosseguir com o signo, como definir campo se-
mântico? Tal definição se vale de metáfora inspirada na geometria; imagina-se, por meio
dela, uma extensão formada não por pontos, mas pelos limites conceituais de determinado
tema. Esse tema, por sua vez, constroi-se por meio dos discursos feitos sobre ele; em
outras palavras, o tema, enquanto campo semântico, é definido numa rede discursiva, na
qual ele ganha significado, inserindo-se, dessa maneira, em determinado meio sociocul-
tural. Dessa maneira, por ser definido numa rede de discursos, o conceito de signo, longe
de ser consensual, é gerado em polêmicas discursivas; definir signo, portanto, é conhecer
as polêmicas discursivas delineadoras de seu campo semântico.
Para desenvolver isso, em meio a numerosos teóricos do signo e da significação,
é indispensável conhecer dois pensadores: Charles Sanders Peirce (1839-1914) e Ferdi-
nand de Saussure (1857-1913).

do logos divino à ideoscopia

Embora tratando das teorias contemporâneas do signo e da significação, vale a


pena recuar alguns séculos para alcançar as ideias de Santo Agostinho (354-430), quem
elaborou, a seu modo, uma semiótica. Para tanto, recorre-se a Tzvetan Todorov (1939-
2017) em sua obra Teorias do símbolo (Todorov, 1979: 15-54), especificamente quando
se refere ao simbolismo universal baseado no Evangelho de São João e nas célebres
considerações sobre o Verbo e a carne, com a palavra “Verbo” traduzindo a palavra grega
lógos e, portanto, todas as implicações e complexidades que a acompanham.
Em linhas gerais, para muitos intérpretes das escrituras cristãs, o Cristo seria a
encarnação do Verbo, todavia, a partir de outros pontos de vista religiosos, o próprio Deus
dos cristãos coincide com o Logos, sendo sua carne, justamente, o universo em toda gran-
deza e com seus mistérios. Isso posto, na semiótica de Santo Agostinho, o mundo se torna
símbolo de Deus, estabelecendo-se relações entre os significantes diante dos homens e os
respectivos significados sagrados; nessa teoria da significação, os homens entendem as
coisas do mundo porque são animados pelo mesmo Espírito Divino expresso na natureza.
As fontes anteriores vindas da antiguidade e as implicações dessa doutrina da significação
são muitas, entre elas, as leis analógicas medievais e ainda vigorando em alguns discursos
modernos, nas quais as coisas se correspondem; por exemplo, se há no mundo celeste o
Sol, no mundo terreno existe o ouro, no animal, o leão, no corpo humano, o coração etc.;
o pensador e médico renascentista Robert Fludd (1574-1637) (Godwin, 1991) e vários
poetas simbolistas, leitores de Emanuel Swedenborg (1688-1772), inspiraram-se naquelas
teorias (Balakian, 1985: 17-28).
Quando questionadas pelo humanismo e seus juízos materialistas, contudo, de-
vido aos fundamentos religiosos, aqueles pensamentos foram parcialmente abandonados,
cabendo não mais à religião ou discursos afins, mas à filosofia, responder por quais meios
os homens entendem o mundo. A Crítica da razão pura, do pensador Immanuel Kant
(1724-1804), editada em 1781, vem exatamente ao encontro dessa demanda; ainda em
linhas gerais, segundo ele, a consciência humana não se relacionaria com as coisas do
mundo passivamente, porque, sendo regida por categorias próprias e específicas, nela se
encaminha, a prioristicamente, determinados modos de conceber a suposta realidade ad-
vindos, justamente, dessa tábua de categorias. A categoria da quantidade, por exemplo,
projeta-se no mundo por meio das relações entre os termos unidade vs. pluralidade vs.
totalidade, sendo o último a complexificação dos dois primeiros, por suas vezes, termos
contrários entre si; a categoria da qualidade se articula em realidade vs. negação vs. limi-
tação; há ainda as categorias de relação e modalidade.
Ora, das variadas contribuições de Kant para o pensamento ocidental, cabe reter,
para os conhecimentos semióticos e semiológicos, a noção de atividade da consciência
em relação às coisas do mundo, na medida que ela dialoga com o passado, quer dizer,
com as categorias do pensamento propostas por Aristóteles (384ac-322ac), e pode ser
cotejada com teorias posteriores, tais quais o pensamento fenomenológico de Edmund
Husserl (1859-1938) ou a ideoscopia, concebida por Peirce, diretamente ligada às teorias
semióticas do signo e da significação.
Husserl se opõe às ideias da psicologia a respeito da consciência enquanto capa-
cidade cognitiva; para ele, a consciência é um fenômeno e não uma coisa, não sendo
possível a localizar no cérebro ou em outras partes do corpo. Nesse fenômeno, semelhan-
temente a Kant e sua tábua de categorias, não há passividade da consciência, tratando-se,
isso sim, de modos de adequação entre a intuição, quer dizer, a capacidade humana de se
projetar no mundo, e a significação. Quanto a Peirce, buscando se diferenciar da fenome-
nologia, ele propõe a ideoscopia, ou seja, a descrição e a classificação “das ideias que
pertencem à experiência ordinária ou que emergem naturalmente em conexão com a vida
corrente, sem levar em consideração a sua psicologia ou se são válidas ou não-válidas”
(Pignatari, 2004: 41-47). Retomando a etimologia, a palavra “ideoscopia” é formada pelas
palavras gregas idea, cujo significado se aproxima, no caso, do conceito de pensamento
em sentido lato, e skopéo, significando olhar; trata-se, portanto, da observação das rela-
ções entre as coisas do mundo, o pensamento e os modos de expressão das coisas e dos
pensamentos, cujo processo, para Peirce, explica-se por meio da definição de signo.
Antes de prosseguir, todavia, vale a pena considerar o estatuto da significação
na história humana; embora os exemplos sejam poucos, mencionando-se apenas oito pen-
sadores, a importância de Aristóteles, Agostinho, Fludd, Swedenborg, Kant, Husserl, Pei-
rce e Saussure justifica o vivo interesse do tema. Do ponto de vista histórico e discursivo,
tais autores não representam apenas ideias particulares; considerando-se as circunstâncias
histórias, ou melhor, as relações de trabalho, as ideologias e culturas vigentes em cada
época, eles expressam pensamentos coletivos, gerados em polêmicas discursivas, as
quais, no caso das relações entre o humanidade, o mundo e o sentido, assumem, na histó-
ria do pensamento humano, variadas características, do discurso religioso ao filosófico,
da metafísica ao discurso científico, da arte à política. Dessa maneira, longe de ser tema
trivial, fruto de discussões banais ou de vãs filosofias, as questões da significação ocupam
o cerne do pensamento humano, sendo possível identificar o fenômeno da significação
com o advento dos hominídeos em nosso planeta e, por conseguinte, da própria vida.

a semiótica de Charles Sanders Peirce

Para Peirce, a mediação entre o homem e o mundo pode ser descrita por meio de
uma lógica, chamada por ele semiótica, baseada nos signos, em princípio, grandezas
formadas por referente, interpretante e fundamento; na teoria, os três conceitos se definem
mutuamente, não havendo predominância nem pressuposição de um em relação aos de-
mais.
Seria equivocado, quando se explica a significação, considerar o mundo objetivo
das coisas preexistindo aos hominídeos para, em seguida, idealizar a humanidade a cons-
truir imagens simbólicas em seus pensamentos, os quais, por fim, seriam expressos por
meio das linguagens humanas; tais processos não correspondem, respectivamente, aos
conceitos de referente, interpretante e fundamento, embora possam ser, eventualmente,
relacionados a eles. Deve-se considerar que o referente não se confunde simplesmente
com as coisas do mundo; nem o interpretante equivale ao pensamento enquanto fenô-
meno centrado em si mesmo, logo, autossuficiente; nem sequer o fundamento coincide
com imagens, palavras ou sons utilizados para expressar coisas e pensamentos, os quais
existiriam independentemente das devidas referências.
O referente, efetivamente, define-se enquanto tudo aquilo que se apresenta ao
conhecimento; para explicar como isso acontece, Peirce, em sua semiótica, propõe a arti-
culação entre o sujeito conhecedor e o objeto cognoscível segundo a lógica formada pelos
três termos, com o signo e a significação se definindo, justamente, na relação triádica.
O modelo é bastante complexo; nas articulações da tríade proposta, surgem tipos
distintos de signos – ícones, índices, símbolos; remas, discentes, argumentos; sin-signos,
quali-signos, legi-signos –, que, por suas vezes, articulam-se entre si em novas combina-
ções. Além disso, devido ao interpretante se apresentar ao conhecimento, isso faz dele
objeto cognoscível, ou seja, o interpretante se torna referente, inaugurando-se novas re-
lações semióticas, chamadas por Peirce semiose infinita (Peirce, 1977).
Por fim, em seus desenvolvimentos, a semiótica de Peirce, inicialmente uma an-
tropossemiótica, ou seja, uma semiótica restrita à significação humana, desdobra-se na
zoosemiótica, na fitossemiótica e, inclusive, na fisiossemiótica, semióticas cujos objetos
de estudos são, respectivamente, a significação animal, a significação vegetal e a signifi-
cação entre os seres inanimados, por exemplo, partículas elementares, átomos, estrelas e
demais grandezas cósmicas (Deeley, 1990: 69-123).

a teoria do signo de Ferdinand de Saussure

Embora Peirce e Saussure sejam teóricos da significação e do signo, as corres-


pondentes formações, objetivos e propostas teóricas diferem sensivelmente, não cabendo
aproximações entre eles sem os devidos cuidados. Saussure não foi filósofo; seus traba-
lhos principais são dedicados às áreas de linguística histórica – a especificamente, os es-
tudos do indo-europeu –, além de ser considerado o fundador da linguística estrutural. O
século XIX foi marcado, no campo das ciências da linguagem, pela linguística histórica,
caracterizada pela concepção de mudança das línguas e por seus agrupamentos em tron-
cos linguísticos; segundo aqueles pensadores, as línguas mudam com o passar dos tempos
em função de leis fonéticas precisas, cujas determinações permitem a reconstrução de
gramáticas e vocabulários, possibilitando, por meio de comparações, traçar graus de pa-
rentesco entre diversos idiomas.
Dessa maneira, agrupam-se as línguas latinas, helênicas, germânicas, eslavas,
celtas, védicas etc. no trono indo-europeu; concebem-se outros troncos, por exemplo, o
tronco afro-asiático, no qual se agrupam as línguas semíticas; segundo os especialistas, a
tese mais brilhante da época fora a teoria de Saussure a propósito das vogais do indo-
europeu. Seguindo a tradição de seus professores e colegas, Saussure conheceu profun-
damente várias línguas, suas semelhanças e diferenças; tais conhecimentos permitiram a
ele formular uma teoria sobre a significação.
Nas teorias do signo, a presença do objeto, referente ou coisa é constante; em
todas elas, inclusive na semiótica de Peirce, o signo está articulado à referência. Para
Saussure, porém, um signo se define em relação a outros signos, e não em relação às
coisas; isso precisa ser explicado cuidadosamente, pois vai de encontro ao senso comum
a respeito do funcionamento da linguagem.
Em linhas gerais, não é difícil aceitar que há coisas no mundo, que se pensa nelas
e utilizam-se palavras e outros signos para comunicar tais coisas e pensamentos. Vale
lembrar, esse raciocínio está nos princípios da teoria de Peirce, quem articula, semelhan-
temente, objetos, pensamentos e expressão sensível nas funções respectivas de referente,
interpretante e fundamento do signo. Diferentemente, Saussure não se vale de reflexões
filosóficas nem faz parte de seus objetivos a construção de lógicas das relações entre o
homem, as linguagens e o mundo; para Saussure, os estudos se concentraram em estrutu-
ras fonológicas e morfossintáticas com vistas a pensar a história interna das línguas, quer
dizer, as transformações nessas estruturas linguísticas capazes de possibilitar a reconstru-
ção do indo-europeu e das línguas derivadas dele. Pode parecer, para quem desconhece
linguística, haver relações diretas entre palavras e coisas, entretanto, além das dimensões
fonológicas e morfossintáticas, há nas línguas dimensões semânticas, referentes à signi-
ficação, as quais também variam de língua para língua.
Nas línguas românicas português, espanhol, italiano e francês, os pares de pala-
vras irmão e irmã, hermano e hermana, fratello e sorella, frére e soeur estão sistematiza-
dos por meio da categoria semântica masculino vs. feminino, não sendo pertinente para a
formação do vocabulário, nas quatro línguas, a categoria da idade velho vs. novo. No
húngaro, contrariamente, além da categoria da sexualidade, passa a ser pertinente a cate-
goria da idade, gerando-se, na sistematização do mesmo campo semântico, as quatro pa-
lavras bátya / irmão mais velho, öccs / irmão mais novo, néne / irmã mais velha e húg /
irmã mais nova; diferentemente daquelas línguas românicas e do húngaro, no malaio há
apenas a palavra sudarà, não sendo pertinente o sexo nem a idade (Pietroforte, 2002: 85-
87). A partir desses poucos dados, verifica-se que o sentido das palavras depende das
relações entre o significante fonológico e o significado semântico, mas depende, ainda,
das relações entre uma palavra e as demais palavras da mesma língua; dito de outro modo,
a significação depende antes do valor linguístico, isto é, da sistematização das palavras
por meio de categorias semânticas específicas em determinada língua, do que das relações
entre palavras e coisas.
Conhecedor em profundidade de numerosas línguas e de suas transformações
históricas, Saussure percebeu essa propriedade da significação linguística, determinada
tanto pela relação entre significantes e significados na formação de signos específicos,
quanto pela relação entre tais signos e os demais signos do mesmo sistema deles (Saus-
sure, 2012: 158-170). Para o autor, vale lembrar, a língua é um sistema de signos verbais,
compartilhando a existência social com sistemas de signos de outras ordens, quer dizer,
sistemas formados por signos não-verbais; consequentemente, torna-se possível a con-
cepção da ciência geral dos signos, a semiologia, cujo ramo responsável pela análise dos
signos verbais seria a linguística (Saussure, 2012: 47-49).

a semiologia

Em sua vida, Saussure não desenvolveu a semiologia; quem levou isso a cabo
foi principalmente Roland Barthes (1915-1980), cujo livro Elementos de semiologia
(Barthes, 1992) é praticamente a primeira sistematização dos procedimentos analíticos da
nova ciência. Em linhas gerais, trata-se da aplicação das dicotomias de Saussure, deduzi-
das a partir da linguística, aos demais sistemas de signos, tornando-se necessário conhecê-
las para compreender minimamente os princípios da semiologia.
A época de Saussure coincide com a consolidação dos estados nacionais euro-
peus; se os poetas e romancistas românticos tematizavam o nacionalismo e o nascimento,
muitas vezes miticamente, de seus países, os linguistas, imersos na mesma época, estu-
davam os troncos linguísticos, buscando pelas origens das línguas, das culturas e das so-
ciedades modernas. Dessa maneira, quando há ênfase dos estudos nas transformações dos
sistemas linguísticos, define-se, segundo Saussure, a linguística diacrônica, quer dizer, a
análise das línguas ao longo dos tempos; contrariamente, quando o estudo se concentra
nas relações internas de determinado sistema de signos, isoladamente do tempo, define-
se a linguística sincrônica. Essa primeira dicotomia, diacronia vs. sincronia, remete à
próxima dicotomia língua vs. fala.
Todo ouvinte atento percebe o quanto as falas das pessoas diferem umas das
outras, pois cada um possui seu timbre de voz, os sotaques próprios dos lugares em que
vive, o vocabulário da terra natal, da classe social, da profissão; além das características
individuais, cujas motivações são majoritariamente psicológicas, cada falante herda as
variantes de região, estrato social, faixa etária e situação discursiva do idioma, sociolin-
guisticamente determinadas. Apesar das diferenças dos falares, no entanto, todos os fa-
lantes do mesmo idioma se entendem, justamente, porque a língua pode ser concebida
enquanto forma abstrata e geral, da qual emanam todas as falas concretas e específicas.
Consequentemente, o estudo de qualquer língua, sejam mudanças e variações, seja a es-
trutura, começa por se concentrar nessa forma geral e abstrata, a partir da qual são siste-
matizadas variações, estimadas mudanças e descrita a estrutura.
Uma vez proposta, a dicotomia língua vs. fala encaminha a dicotomia signifi-
cante vs. significado, utilizada na definição de signo e essencial na definição de língua.
Para Saussure, vale lembrar, a língua é um sistema de signos, formados pela relação entre
imagens acústicas, isto é, formas fonológicas, e conceitos, formas semânticas, respecti-
vamente significantes e o significados, cujos sentidos se fazem mediante relações entre
os signos do mesmo sistema verbal, conforme se expõe anteriormente.
Por fim, a dicotomia paradigma vs. sintagma. Se as línguas podem ser descritas
por meio de sistemas de signos, devem ser determinadas as relações regentes desses sis-
temas; para tanto, Saussure propõe relações associativas, aquelas estabelecidas entre todo
signo e os demais signos na formação do sistema, e regras de combinação entre tais ele-
mentos na realização da língua. As primeiras são as relações paradigmáticas, nas quais
um signo se define em relação aos demais por meio do significante, do significado ou de
ambos. No Curso de linguística geral, Saussure utiliza a palavra “ensinamento” para
exemplificar a proposta: (1) por meio do significado, esse signo se relaciona com “apren-
dizagem” ou “educação” e, inclusive, com os termos contrários “ignorância” ou “embru-
tecimento”; (2) por meio do significante, com “lento” ou “elemento”; (3) por meio do
signo morfológico do radical, com “ensinar” ou “ensinemos”; (4) por meio do signo mor-
fológico do sufixo, com “desfiguramento” ou “armamento” (Saussure, 2012: 174-175).
Figuras de linguagem tais quais rimas, aliterações e assonâncias são estabelecidas por
meio de relações paradigmáticas entre significantes, enquanto metáforas e metonímias,
por meio do significado.
Há a necessidade de regras sintagmáticas, entretanto, por meio das quais os ele-
mentos do sistema se combinam entre si. Em linhas gerais, se os signos são morfológicos,
há regras lexicais para os combinar na formação de palavras; se os signos são lexicais, há
regras sintáticas para combinar as palavras na formação das frases. Em português, se-
gundo Mattoso Camara (1904-1970) (Camara, 1986: 65-71), os verbos se alinham no
sintagma (radical) + (vogal temática) + (modo e tempo) + (número e pessoa), por exemplo
(am)+(á)+(va)+(mos), (am)+(á)+(sse)+(mos) ou (am)+(a)+(rá)+(s); ainda em português,
as palavras se alinham no sintagma frasal (sujeito) + (verbo) + (complementos verbais).
Pois bem, se tais dicotomias permitem descrever os sistemas verbais, uma ciên-
cia geral do signo, construída nos mesmos princípios, partiria não apenas da aplicação da
dicotomia significante vs. significado nas demais linguagens, mas também da aplicação
das outras três dicotomias na descrição dos sistemas. Basicamente, essa é a metodologia
de análise da semiologia; em Elementos de semiologia (Barthes, 1992), Barthes desen-
volve exatamente tal proposta, com os capítulos do livro fundamentados nas dicotomias
de Saussure.
Para exemplificar brevemente a análise semiológica, recorre-se, semelhante-
mente a Barthes, à culinária e à semiologia da alimentação. Atualmente, tanto a feijoada
quanto o sarapatel, podendo-se dizer o mesmo da cozinha à base de cogumelos, são pratos
da alta culinária, os primeiros são, inclusive, pratos típicos e celebrados da cozinha bra-
sileira; todos eles, porém, por serem feitos das sobras preteridas em meio a partes macias
e saborosas dos animais de corte ou da natureza dos fungos e vegetais, foram antes con-
siderados alimentação de menor qualidade, permitindo-se traçar valorizações sincrônicas
e diacrônicas.
Quanto à dicotomia língua vs. fala, própria para analisar as relações entre as
abstrações do sistema e as ocorrências concretas, ao ser estendida para quaisquer abstra-
ções, ela possibilita descrever as variações, por exemplo, da culinária dos sanduíches,
afinal, tanto o cachorro-quente estadunidense, feito com salsicha, mostarda e pão, e o
brasileiro, feito com os mesmos ingredientes anteriores acrescidos de ketchup, maionese,
batata-palha, purê de batata e molho vinagrete, são variações da mesma forma geral e
abstrata.
No domínio do signo, nenhuma comida significa apenas alimento, sobre todas
elas são projetadas conotações culturais: (1) as menções à feijoada ilustram isso, a análise
diacrônica coincide com a análise das valorizações culturais por meio da significação; (2)
embora considerada comida vulgar, atualmente há chefes especializados em sanduíches
artesanais; (3) os animais de corte são articulados, na linguagem dos açougueiros, em
função das qualidades culinárias da carne, correlacionadas a pratos específicos, aos quais
correspondem consumidores separados em classes sociais, isto é, carne de pescoço para
o proletariado e filé mignon para a pequena burguesia.
Por fim, qualquer cardápio apresenta a sequência sintagmática ritualizada das
práticas alimentares, melhor dizendo, a ordem na qual os alimentos devem ser consumi-
dos, e as possibilidades de escolha, quando elas existem, em cada etapa. No ocidente, o
sintagma dos restaurantes costuma ser entrada, prato frio, prato quente, sobremesa e café,
e o paradigma, formado pelos pratos disponíveis em cada fase, dependendo das especia-
lidades da casa; assim, se for cantina, os pratos quentes são massas, se for churrascaria,
são carnes.
Além da semiologia, desenvolvida diretamente a partir das ideias de Saussure,
há outras teorias da significação inspiradas nelas, destacando-se entre tantas, devido ao
escopo analítico, a semiótica narrativa e discursiva proposta por Algirdas Julien Greimas
(1917-1992) e levada adiante por seus colaboradores, tais quais Jean-Marie Floch (1947-
2001), Dennis Bertrand (1949) e José Luiz Fiorin (1942).

a semiótica de Algirdas Julien Greimas

Para compreender as concepções da semiótica proposta por Greimas sem se per-


der em pormenorizações, sem dúvida, pertinentes, vale a pena escolher um texto para, por
meio dele, descrever o processo de significação chamado percurso gerativo do sentido.
Para tanto, eis o poema A montanha pulverizada, de Carlos Drummond de Andrade
(1902-1987):
Chego à sacada e vejo a minha serra,
a serra de meu pai e meu avô,
de todos os Andrades que passaram
e passarão, a serra que não passa.

Era coisa dos índios e a tomamos


para enfeitar e presidir a vida
neste vale soturno onde a riqueza
maior é sua vista e contemplá-la.

De longe nos revela o perfil grave.


A cada volta de caminho aponta
uma forma de ser, em ferro, eterna,
e sopra eternidade na fluência.

Esta manhã acordo e


não a encontro.

Britada em bilhões de lascas


deslizando em correia transportadora
entupindo 150 vagões
no trem-monstro de 5 locomotivas
– o trem maior do mundo, tomem nota –
foge minha serra, vai
deixando no meu corpo e na paisagem
mísero pó de ferro, e este não passa.

Segundo a teoria do signo de Saussure, a compreensão do poema se daria porque


o falante da língua portuguesa conhece o sistema de signos em que ela se define; se isso
procede, o poema seria formado por signos do vocabulário e da gramática do português,
cujo domínio permitiria a leitura do texto. Dessa maneira, o leitor, por meio dos signifi-
cantes expressos prosódica e fonologicamente, reconhece os significados, dando conta da
dimensão sistemática da língua; entretanto, deve-se considerar, no processo de significa-
ção, a dimensão discursiva, responsável pela colocação daqueles signos em narrativas e
discursos específicos, no caso, a narrativa e o discurso realizados pelo poeta ao enunciar
o poema A montanha pulverizada.
Desse ponto de vista, sob os signos, há processos semióticos, devidamente des-
critos no modelo do percurso gerativo do sentido, encaminhado pela semiótica de
Greimas. De acordo com o modelo, a cena enunciada por meio dos signos tem por base
percursos figurativos, ou seja, no poema de Drummond, a cena construída na qual o poeta
abre a janela e reflete sobre a serra, sua história e destruição pela locomotiva, metonímia
da exploração industrial da natureza; esse percurso figurativo, para fazer sentido, surge
subordinado a percursos temáticos, gerais e abstratos, no caso, os temas políticos da ex-
ploração imperialista dos recursos naturais brasileiros e da ocupação das terras indígenas
durante a colonização. Segundo a semiótica, as correlações entre temas e figuras dão
forma à semântica do discurso, a qual se subordina às categorias, ainda mais gerais e
abstratas, das colocações discursivas de pessoa, tempo e espaço, quer dizer, a sintaxe do
discurso.
O nível discursivo, por sua vez, está subordinado à narratividade, a qual pode ser
descrita por meio das relações entre sujeitos e objetos narrativos; no poema, trata-se das
relações polêmicas entre o sujeito poeta e a personificação da locomotiva, em junções
com o objeto serra, com o primeiro sendo espoliado pela segunda. Por fim, tais relações
narrativas têm por base valores gerados na categoria semântica natureza vs. civilização,
organizadora seja da narrativa seja da distribuição figurativa enunciada nos versos (Pie-
troforte, 2016: 15-24).
Esquematicamente, o modelo é este:

plano
de verbal, visual, olfativo, gustativo, musical, sincrético etc.
expressão
significante significante significante
texto significado significado significado

plano semântica discursiva percursos figurativos – significados


de percursos temáticos
conteúdo sintaxe discursiva categorias de pessoa, tempo e espaço
nível narrativo
(percurso gerativo do sentido) nível fundamental
o plano de expressão e o semissimbolismo

No esquema anterior, percebe-se a ênfase da teoria no plano de conteúdo dos


textos, fazendo, dos significados dos signos, a base conceitual para a formação dos per-
cursos figurativos; assim procedendo, os teóricos do percurso gerativo do sentido, nos
primeiros momentos da elaboração do modelo, isolam o plano de expressão, conside-
rando o plano de conteúdo independentemente do sistema de signos em que ele se mani-
festa. Segundo Greimas, o homem é o significado de todas a linguagens (Greimas,
1981;116); dessa perspectiva, o percurso gerativo do sentido descreve, justamente, o pro-
cesso de significação, propriamente humano, por meio do qual a humanidade se constroi
semioticamente, quer dizer, por meio do qual a humanidade dá sentido a si mesma e ao
mundo.
Nos discursos poéticos, entretanto, o plano de expressão, por participar ativa-
mente da significação, a despeito de sua constituição semiótica, seja ela verbal, visual
etc., é incluído no percurso gerativo do sentido por meio da teoria do semissimbolismo,
outra proposta inspirada nas ideias de Saussure. Para o linguísta, no interior do signo
linguístico, a relação entre significantes e significados é arbitrária, isto é, não há motiva-
ção entre o conceito e sua expressão fonológica; entretanto, quando o contrário acontece
em determinados sistemas de significação, que dizer, quando há motivação entre o signi-
ficado e o significante, por exemplo, se imagens de caveiras são associadas à morte,
ocorre um signo específico chamado símbolo (Saussure, 2012: 105-110).
Considerando-se não mais relações entre significantes e significados no interior
dos signos, mas o processo de significação dos signos em percursos semióticos narrativos,
discursivos e textuais, correlações entre categorias semânticas e categorias do plano de
expressão podem ser traçadas; dessa maneira, não se encaminham signos arbitrários nem
símbolos motivados, mas correlações entre os planos de conteúdo e expressão, chamadas
semissimbólicas, as quais podem sugerir motivações entre os signos específicos do texto
em questão e assim realizados.
No poema de Drummond, citado no item anterior, há correlações entre a catego-
ria semântica natureza vs. civilização, por meio da qual se estruturam a narrativa, o dis-
curso e os percursos figurativos, realizados no plano de conteúdo, e as formas prosódicas,
manifestadas no plano de expressão verbal. Nas três primeiras estrofes, quando se realiza
a natureza no plano de conteúdo, em termos prosódicos, no plano de expressão, os versos
são todos decassílabos; a seu modo, no poema, a estabilidade da natureza, cantada nas
três primeiras estrofes, surge correlacionada à estabilidade prosódica. Na quarta estrofe,
diferentemente, quando a natureza é negada – no verso se diz “esta manhã acordo e / não
a encontro” –, o verso decassílabo se encontra decomposto em dois versos, o primeiro, de
sete sílabas – “esta manhã acordo e” –, e o segundo, de três sílabas – “não a encontro” –;
a quinta estrofe, por fim, é formada por oito versos sem estabilidades prosódicas, confi-
gurando-se, assim, uma estrofe formada por versos livres, que termina correlacionada, no
plano de conteúdo, às mudanças decorrentes da civilização, quando é descrita a locomo-
tiva e a consequente destruição da natureza.
Esquematicamente, o semissimbolismo, com o qual está composto o poema,
pode ser representado desta maneira: versos decassílabos / natureza → verso decassílabo
desarticulado / negação da natureza → versos livres / civilização. Em termos semióticos,
a expressão prosódica do poema está sistematizada segundo a categoria de expressão ver-
bal verso metrificado vs. verso livre, a qual se encontra correlacionada à categoria semân-
tica natureza vs. civilização, conforme o semissimbolismo natureza / verso metrificado
vs. civilização / verso livre, acarretando desdobramentos narrativos, discursivos e textuais
característicos d’A montanha pulverizada (Pietroforte, 2016: 24-26).
A linguagem cotidiana, contrariamente, não é pautada por correlações semelhan-
tes. Embora toda semiótica verbal se expresse por categorias fonológicas e prosódicas,
ou seja, por vogais, consoantes, acentuação tônica e curvas entoativas, na linguagem co-
loquial, os efeitos de sentido poético, tais quais, rimas, aliterações, assonâncias e pés de
verso, encontram-se neutralizados, ocorrendo eventualmente; nos discursos sociais não
poéticos, prioriza-se o conteúdo dos textos, evitando-se, dessa maneira, desvios para o
plano de expressão.
O fenômeno do semissimbolismo, frequente nos discursos poéticos, não se res-
tringe às semióticas verbais; nas semióticas plásticas, quer dizer, pintura, fotografia, es-
cultura, arquitetura, história em quadrinhos etc., há semissimbolismos com categorias
cromáticas, eidéticas e topológicas, relativas, respectivamente, às cores, formas e distri-
buição de cores e formas; nas semióticas musicais, há semissimbolismo com categorias
de frequência, altura, intensidade, duração e timbre, distribuídas em categorias cronoló-
gicas. Dessa maneira, independentemente do estatuto semiótico do plano de expressão,
sempre é possível estabelecer correlações entre as categorias de sua forma e as categorias
semânticas das formas de conteúdo; por consequência, as correlações semissimbólicas se
encontram potencialmente em todos os sistemas semióticos.
o que é semiótica?

Depois desta breve introdução ao tema, como responder a essa pergunta? Nas
páginas anteriores, discutem-se as etimologias e os campos semânticos das palavras signo
e significação; conheceram-se, brevemente, algumas concepções religiosas e filosóficas
sobre a matéria; estudou-se do logos à fenomenologia, da ideoscopia de Peirce à semio-
logia de Saussure e à semiótica de Greimas; por fim, sabe-se que, além delas, há outras
propostas semióticas, algumas buscando conciliações, outras afirmando posturas contrá-
rias e contraditórias. Nessas circunstâncias, a única resposta possível para a indagação
inicial é a conscientização de que se trata, antes de tudo, de polêmicas formadas entre
discursos afins. Afirmar que os objetos de estudos da semiótica são o signo e a significa-
ção, a bem da verdade, diz pouquíssimo sobre o tema; para melhorar o esclarecimento,
deve-se definir signo e significação, e tais definições, conforme se verifica, nem sempre
são coincidentes, tendo em vista concepções distintas, nas diferentes propostas. Dessa
maneira, em vez de assumir posições exclusivas sobre o que seria ou não semiótica, a
melhor resposta é considerar os conceitos de signo, significação e o próprio conceito de
semiótica sendo, justamente, tal polêmica de concepções diversas; semiótica é, desse
ponto de vista, o campo discursivo formado pelo conjunto de propostas do que seria signo,
significação, semiótica.

dez obras para conhecer semiótica

Tratando-se de um campo discursivo, como o percorrer para conhecer as polê-


micas nas quais ele se forma? Para tanto, foram selecionados 10 livros sobre os principais
modelos semióticos, priorizando-se as propostas mencionadas nos itens anteriores, isto é,
a semiologia de Saussure e as semióticas de Peirce e Greimas. Não são necessariamente
livros introdutórios, mas trabalhos cujos ensinamentos estão ao alcance de todos; para
auxiliar na aprendizagem dos tópicos, a ordem de enumeração dos livros, caso seguida
pelos leitores, foi pensada com vistas a facilitar, paulatinamente, o acesso aos principais
conceitos semióticos.
1) Semiótica e totalitarismo, Izidoro Blikstein.
BLIKSTEIN, Izidoro (2020). Semiótica e totalitarismo. São Paulo: Contexto
Na segunda metade do século XX, Izidoro Blikstein (1938) e Cidmar Teodoro
Pais (1940-2009) foram, praticamente, os introdutores da semiologia e da semiótica de
inspiração saussuriana, nas universidades brasileiras, havendo formado boa parte da ge-
ração responsável pelos atuais pesquisadores. Dessa maneira, além da relevância do autor
para a semiótica feita no Brasil, o livro de Blikstein é a sugestão inicial por motivos di-
dáticos, pois há, na primeira metade do trabalho, uma introdução pormenorizada e rica-
mente exemplificada dos principais conceitos das teorias da significação, e devido à per-
tinência das aplicações teóricas realizadas nas análises dos discursos totalitários, em es-
pecial, o discurso corporativo e o discurso nazista. As ideologias são constituídas por ar-
ticulações semióticas; conhecer os processos de significação, certamente, contribui para
a conscientização social e política.

2) O óbvio e obtuso, Roland Barthes.


BARTHES, Roland (1984). O óbvio e obtuso. Lisboa: Edições 70.
Em regra, a aprendizagem de uma teoria se torna mais eficiente quando ampla-
mente exemplificada, por isso se sugere prosseguir nos estudos da semiologia e da semió-
tica com a obra de Roland Barthes; em meio a tantos ensaios escritos pelo autor, indica-
se O óbvio e o obtuso devido à quantidade de aplicações teóricas apresentadas ao longo
dos 23 ensaios, que compõem o volume. Barthes articula, enquanto escritor, discurso ci-
entífico, ensaio e literatura, colocando-se, ao expor as ideias com erudição e clareza, entre
os grandes autores do século XX; o livro é dividido em duas partes, a primeira, sobre
semiótica visual, incluindo análises de fotografia, pintura, cinema, teatro, corpo e gestu-
alidade, e a segunda parte sobre semiótica musical, com textos sobre a voz, o canto e a
música erudita. Dessa maneira, em virtude de as variadas linguagens serem objetos de
estudo da semiologia e da semiótica, com o livro de Barthes se demonstra, com bastante
fecundidade, os alcances das teorias da significação.
3) Os quadrinhos – linguagem e semiótica, Antônio Luiz Cagnin.
CAGNIN, Antônio Luiz (2015). Os quadrinhos – linguagem e semiótica. São Paulo: Cri-
ativo.
Prosseguindo com a fixação dos conceitos fundamentais das ciências da signifi-
cação, recomenda-se o livro de Antônio Luiz Cagnin (1930-2013) sobre as histórias em
quadrinhos, obra pioneira no Brasil sobre o tema, com primeira edição datando de 1975.
Dessa maneira, considerando-se a história das HQs, cujas primeiras ocorrências remon-
tam a metade do século XIX, e os procedimentos característicos da leitura dos quadrinhos,
nos quais se articulam as semióticas visuais e verbais, a obra de Cagnin é composta por
capítulos sobre a significação na imagem visual, a estrutura do texto e as formas narrati-
vas. O livro é ricamente ilustrado, há citações dos clássicos dos quadrinhos brasileiros e
de outros países; Cagnin escreve com clareza, detalhando cuidadosamente cada tópico
tratado, possibilitando ao leitor conhecer, além dos métodos semiótico e semiológico, os
fundamentos da significação na história em quadrinhos.

4) Elementos de análise do discurso, José Luiz Fiorin.


FIORIN, José Luiz (1989). Elementos de análise do discurso. São Paulo: Contexto.
Após os estudos do signo e a significação, mediante textos predominantemente
semiológicos, cuja ênfase incide na determinação dos sistemas de signos em cada lingua-
gem específica, recomenda-se, para o aprofundamento na semiótica narrativa e discursiva
proposta por Greimas, a introdução ao modelo do percurso gerativo do sentido encami-
nhada por José Luiz Fiorin. O autor é reconhecido por escrever com perspicuidade, va-
lendo-se de variados exemplos na apresentação da teoria; após algumas palavras sobre os
objetivos da semiótica, cada capítulo do livro é dedicado a um nível do percurso gerativo
sentido, isto é, os níveis fundamental, narrativo e discursivo, formados por sintaxe e se-
mânticas próprias. O livro está entre as melhores apresentações do modelo, se não for a
melhor, com várias edições desde seu lançamento em 1989.

5) Caminhos da semiótica literária, Denis Bertrand.


BERTRAND, Denis (2003). Caminhos da semiótica literária. Caxias do Sul: Edusc.
Desde as primeiras publicações das ideias de Greimas, nos anos 1960, a respeito
da semântica estrutural, desenvolveu-se o modelo do percurso gerativo do sentido; não
apenas Greimas, mas outros linguistas, antropólogos, psicanalistas e filósofos da lingua-
gem se organizaram para propor avanços nas teorias sobre as estruturas fundamentais da
significação, os esquemas narrativos, a semiótica das paixões, a dinâmica da enunciação
e o semissimbolismo entre categorias semânticas e categorias do plano de expressão.
Dessa maneira, se o livro de Fiorin, indicado anteriormente, é uma excelente introdução,
no extenso trabalho de Bertrand, com mais de 400 páginas, expõe-se pormenorizada-
mente o percurso gerativo do sentido. No livro, em todos os capítulos, além da explicação
do tópico apresentado, o autor mostra a evolução dos conceitos estudados, esclarecendo
os leitores sobre as origens de cada um deles; os exemplos, que são bastantes, foram co-
lhidos na literatura, entretanto, apesar do título sugerir uma teoria literária pensada por
meio da semiótica, trata-se de um trabalho sobre a exposição da semiótica mediante textos
literários.

6) Semiótica e literatura, Décio Pignatari.


PIGNATARI, Décio (2010). Semiótica e literatura. São Paulo; Ateliê.
Se as primeiras sugestões de leitura se referem às ideias desenvolvidas a partir
das propostas de Saussure, sejam elas semiológicas ou semióticas, com ênfase ora nos
sistemas de signos ora nos processos de significação, as próximas recomendações con-
vergem para o pensamento de Peirce. Nessas circunstâncias, os poetas concretistas do
grupo Noigandres, em especial, o escritor Décio Pignatari (1927-2012), estão entre os
principais responsáveis pela divulgação da semiótica de Peirce no Brasil, evidenciando-
se a escolha do autor para introduzir tais conhecimentos. Nos primeiros capítulos do livro,
Pignatari, quem lecionou semiótica na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da USP,
explica didaticamente o signo de Peirce e seus desdobramentos para, em seguida, apre-
sentar aplicações da teoria às obras de Machado de Assis (1839-1908) e Edgar Allan Poe
(1809-1849), entre outros autores.

7) Semiótica da arte e da arquitetura, Décio Pignatari.


PIGNATARI, Décio (2009). Semiótica da arte e da arquitetura. São Paulo; Ateliê.
Semelhantemente à indicação do livro O óbvio e obtuso, de Barthes, com vistas
a divulgar as variadas possibilidades de aplicação da semiologia e da semiótica na análise
de objetos colhidos em diversas linguagens, recomenda-se esse livro de Pignatari. A se-
miótica proposta por Peirce, por ser ciência do signo e da significação, aplica-se a quais-
quer sistemas significantes; uma vez dominados os princípios, conhecer suas abordagens,
com certeza, contribui para a aprendizagem. Dialogando com Kant, Friedrich Hegel
(1770-1831), Karl Marx (1818-1883), Sigmund Freud (1856-1939) e Peirce, entre outros
pensadores, cada qual a seu modo, dedicado aos estudos do sentido e da significação,
Pignatari tece reflexões semióticas sobre Piet Mondrian (1872-1944), Gerrit Rietveld
(1888-1964), Oscar Niemeyer (1907-2012), analisando pintura, design e arquitetura.

8) Semiótica aplicada, Lucia Santaella.


SANTAELLA, Lucia (2002). Semiótica aplicada. São Paulo: Pioneira Thomson Lear-
ning.
Ao lado de Décio Pignatari, Lucia Santaella (1944), indubitavelmente, está entre
os divulgadores da semiótica peirceana no Brasil, se não for, entre os brasileiros, a pro-
fessora universitária mais produtiva nesse campo do conhecimento. Autora de vasta bi-
bliografia, boa parte dedicada à exposição e esclarecimento das ideias de Peirce, Santa-
ella, no livro indicado, além de numerosas aplicações da teoria a questões estéticas e ide-
ológicas, após introdução detalhada, analisa: (1) textos publicitários, com ênfase nas se-
mióticas verbais e visuais articuladas em embalagens; (2) obras de Henri Matisse (1869-
1954); (3) a significação de personalidades públicas, por exemplo, políticos e artistas pop;
(4) a abordagem semiótica das emoções. Ainda no livro, a autora, cuidadosamente, insere
o pensamento de Peirce não apenas nos quadros das teorias do signo e da significação,
mas também em outras correntes da filosofia, distinguindo um dos grandes pensadores da
humanidade, capaz de dialogar, ombro a ombro, com nomes da escolástica, do huma-
nismo, do iluminismo e da filosofia moderna, especificamente, a fenomenologia.

9) Semiótica básica, John Deely.


DEELY, John (1990). Semiótica básica. São Paulo; Ática.
Para prosseguir na introdução aos estudos da semiótica de Peirce, sugere-se, após
a indicação dos trabalhos de Pignatari e Santaella, o livro de John Deely (1942-2017),
publicado no Brasil em 1990. Não se trata de uma introdução à semiótica peirceana, con-
forme são os livros Semiótica e literatura e Semiótica aplicada, indicados anteriormente;
Semiótica básica, apesar do título, necessita do conhecimento disseminado até então para
ser devidamente estudado. Em suas reflexões, logo nos primeiros capítulos, Deely traz
discussões interessantes sobre a ação dos signos, quer dizer, a semiose; nos capítulos
quinto e sexto, o autor apresenta a zoosemiótica, a fitosemiótica e a fisiosemiótica, dedi-
cadas, respectivamente, ao estudo da semiose no reino animal além do homem, no mundo
vegetal e no universo físico, expandindo, dessa maneira, os domínios da semiótica, em
geral, restrita à significação humana, que seria, nos termos de Deely, a antropossemiótica;
por fim, no sétimo e último capítulos, o autor problematiza, em linhas gerais, os estudos
da significação na história da humanidade, dialogando com Santo Agostinho, John Locke
(1632-1704), Saussure, Peirce e Jakob von Uexküll (1864-1944), entre outros pensadores.
A menção a Uexküll merece atenção, trata-se de um biólogo estoniano dedicado a estudar
a comunicação entre os animais; para os interessados no tema, recomenda-se sua obra A
foray into the worlds of animals and humans (2010).

10) Semiótica e filosofia da linguagem, Umberto Eco.


ECO, Umberto (1991). Semiótica e filosofia da linguagem. São Paulo: Ática.
Percebe-se, no decorrer dos estudos semióticos, que as questões da significação
foram, num primeiro momento da história, levantadas pela religião e pela filosofia; ape-
nas no século XX, a significação se torna ciência humana a partir das ideias de Saussure
e os desenvolvimentos levados adiante por teóricos do estruturalismo, tais quais Roman
Jacobson (1896-1982), Claude Lévi-Strauss (1908-2009), Jacques Lacan (1901-1981),
Barthes e Greimas; ainda assim, a semiótica nunca se desvinculou da filosofia, haja vista
a semiótica de Peirce. Espera-se do semiólogo e do semioticista, portanto, que seja capaz
de dialogar com as demais reflexões sobre a linguagem e a significação; para tanto, reco-
menda-se a obra de Umberto Eco (1932-2016), quem, dono de erudição singular, sempre
contribuiu para expandir os horizontes da semiótica. De sua obra, escolheu-se Semiótica
e filosofia da linguagem por se tratar de um desenvolvimento, bastante minucioso, dos
conceitos de signo, metáfora, símbolo e código, conceitos fundamentais, devidamente
introduzidos nas sugestões anteriores.

outras recomendações

As dez obras para conhecer semiótica recomendadas foram escolhidas, entre tan-
tas possíveis, com, pelo menos, dois objetivos: (1) apresentar as correntes principais da
semiologia e da semiótica, em especial, as teorias derivadas das ideias de Saussure e Pei-
rce; e (2) mostrar a heterogeneidade do espaço discursivo formado pelas teorias do signo
e da significação. Para concluir, encaminham-se sugestões para prosseguir além das lei-
turas iniciais, justamente, para os leitores motivados a avançarem com a semiótica.
Antes de tudo, todos os autores mencionados no item anterior escreveram outras
obras, ora introduzindo ora aplicando a semiótica. Barthes é dono de vasta bibliografia,
todos os seus escritos são obras fundamentais para o pensamento semiótico, entre eles,
recomendam-se A câmara clara (1984), Mitologias (1987), O rumor da língua (2004) e
Sade, Fourier, Loyola (1979); Eco, semelhantemente, é escritor prolífico, de seus traba-
lhos, aconselham-se Obra aberta (2015) e Os limites da interpretação (2010). Embora
não tenham sido mencionados em itens anteriores, há nomes importantes da semiótica e
ciências afins merecedores de atenção; entre eles, recomendam-se Teorias do símbolo
(1979) e As estruturas narrativas (2013), de Todorov; A significação no cinema (2014),
de Christian Metz (1931-1993); O sistema dos objetos (2015), de Jean Baudrillard (1929-
2007); e A sociedade refletida (1992) e Presenças do outro (2002), de Eric Landowski
(1946). Quanto às coletâneas de artigos, há três leituras indispensáveis, quais sejam, o
volume organizado por Boris Schnaiderman (1917-2016), Semiótica russa (1979), dedi-
cado aos principais teóricos da linguagem no leste europeu, Semiologia do teatro (2012),
organizado por Jacó Guinsburg (1921-2018), e Ensaios de semiótica poética (1975), or-
ganizado por Greimas.
Retomando os autores indicados no item anterior, recomendam-se Linguagem e
ideologia (1997) e Introdução ao pensamento de Bakhtin (2016), de Fiorin; Informação,
linguagem e comunicação (2008) e O que é comunicação poética (2011), de Pignatari;
Introdução à semiótica (2017) e Imagem – cognição, semiótica, mídia (2020), de Santa-
ella, ambos escritos com Winfried Nöth (1944). Ainda na semiótica brasileira, indicam-
se Teoria semiótica do texto (1999), uma excelente introdução ao tema, e Teoria do dis-
curso – fundamentos semióticos (2002), com detalhada descrição de tópicos bastante for-
mais da semiótica, tais quais a sintaxe modal e o aparato formal da enunciação, ambos de
Diana Luz Pessoa de Barros (1947); para quem se interessa pela semiótica da música e
da canção, a leitura de O cancionista: composições de canções no Brasil (1996), de Luiz
Tatit (1951), é importante; para quem busca por relações entre semiótica e psicanálise,
indica-se Inconsciente e sentido – ensaios de interface entre psicanálise, linguística e
semiótica (2009), e sobre semiótica e cinema, Semióticas sincréticas: posições (a lingua-
gem do cinema) (2015), ambos de Waldir Beividas (1950); de nossa autoria, modesta-
mente, sugerimos Semiótica visual – os percursos do olhar (2004), Análise do texto visual
– a construção da imagem (2007), Tópicos de semiótica – modelos teóricos e apli-
cações (2008), Análise textual da história em quadrinhos – uma abordagem semiótica da
obra de Luiz Gê (2009), Enunciação e tensividade – a semiótica na batida do samba
(2010), O discurso da poesia concreta – uma abordagem semiótica (2011), A significação
na música instrumental erudita (2015), A significação na pintura (2016) e A significação
na fotografia (2016) – os cinco últimos livros se encontram, integralmente, no site sera-
phimpietroforte.com.br –.
Quanto aos fundadores da linguística moderna e da semiótica, isto é, Saussure,
Louis Hjelmslev (1899-1965), Peirce e Greimas, após algum conhecimento do campo
discursivo das ciências do signo e da linguagem, recomenda-se ler diretamente as obras
originais. Evidentemente, as introduções são necessárias; contudo, não se esquecendo de
seus objetivos, a finalidade delas é remeter aos pensadores fundamentais do conheci-
mento visado. Dessa maneira, nas leituras do Curso de linguística geral (2012) e Escritos
de linguística geral (2012), de Saussure, e Prolegômenos a uma teoria da linguagem
(1975), de Hjelmslev, encontram-se as bases conceituais levadas adiante por semiólogos
e semioticistas; os textos em que Peirce propõe sua teoria fazem parte da edição brasileira
chamada Semiótica (1977); de Greimas, após conhecer os conceitos principais da semió-
tica narrativa e discursiva, ou seja, o modelo do percurso gerativo do sentido, sugerem-se
Semiótica e ciências sociais (1981), Sobre o sentido II – ensaios semióticos (2014), Se-
miótica das paixões (1993), escrito com Jacques Fontanille (1948), e Da imperfeição
(2002).
Por fim, vale a pena levantar alguns alertas para quem pretende se aprofundar
nas ciências do signo e da significação. Enquanto teorias sobre o sentido, as ciências se-
miológicas e semióticas são bastante abrangentes, buscando descrever tanto os tipos de
discursos, sejam eles poéticos, políticos, religiosos etc., quanto os sistemas semióticos,
sejam eles verbais, visuais, musicais etc.; nessa abrangência, o semioticista não deve,
superestimando seus modelos gerais e abstratos, subestimar ora as ciências específicas de
cada domínio discursivo ora a história e as técnicas próprias utilizadas para viabilizar
quaisquer sistemas significantes. Em outras palavras, não basta apenas conhecer semió-
tica para se analisar os discursos sociais, deve-se conhecer, minimamente, as principais
demandas de cada tipo específico de discurso; do mesmo modo, para se fazer semiótica
da poesia, das artes plásticas ou da música, deve-se buscar pelas histórias e por teorias
característica das artes literárias, plásticas e musicais.
Uma vez mencionado o papel do conhecimento das variadas linguagens para o
sucesso de quaisquer projetos semióticos, vale a pena concluir essa introdução às ciências
da significação discorrendo, mesmo brevemente, sobre as circunstâncias históricas da se-
miótica. Quanto à semiótica derivada da linguística e das ideias de Saussure, deve-se con-
siderar sua inserção no pensamento estruturalista, formulado, principalmente, por teóri-
cos franceses ou residentes na França, na segunda metade do século XX; para tal estudo,
recomendam-se os dois volumes da História do estruturalismo (2018), de François
Dosse, no qual as obras de Barthes e Greimas são problematizadas ao lado de outros
estruturalistas, de outros domínios do conhecimento, tais quais Jacobson, Lévi-Strauss,
Lacan, Maurice Merleau-Ponty (1908-1961), Michel Foucault (1926-1984), Louis Al-
thusser (1918-1990), entre outros; para complementar a tarefa, sugere-se o contraponto
de Leon Trotsky (1879-1940) a Jacobson e demais formalistas russos, feito no quinto
capítulo do livro Literatura e revolução (2007). Sendo o estruturalismo influenciado por
ideais do formalismo russo, especial e diretamente, pela presença de Jacobson, acredita-
se que as críticas de Trotsky, de cunho marxista, permitem questionar os alcances do es-
truturalismo, principalmente nos vieses políticos, e, por decorrência, o escopo da semio-
logia e da semiótica formuladas a partir dele.

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São Paulo, 01 de outubro de 2023

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