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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO FACULDADE DE FILOSOFIA,

LETRAS E CIÊNCIAS HUMANAS

Mulheres Modernistas

LITERATURA BRASILEIRA I

Prof. Ivan Marques

Thales Gabriel Sampaio Menis

13652242

São Paulo

2023

Tarsila do Amaral
Tarsila do Amaral nasceu em Capivari, São Paulo, em 1886. Pode ser
considerada a maior artista plástica Brasileira de todos os tempos, tendo
produzido uma das obras mais famosas do brasil: o Abaporu.

Estudou em dois colégios em São Paulo e terminou seus estudos em


Barcelona, onde pintou seu primeiro quadro. Quando voltou ao Brasil se casou
com André Teixeira Pinto, teve uma filha. No entanto, o conservadorismo de seu
marido, e da sociedade da época em um geral entraram em atrito com sua
vontade de produzir arte e se desenvolver como artista a fazendo acabar com
seu casamento. Após o divórcio, estudou com diversos artistas e alguns anos
depois, em 1916 teve a oportunidade de retornar a Europa, na França, para
continuar a estudar artes plásticas lá. Em 1922 ela retorna e conhece Anita
Malfatti, que a apresenta a Oswald de Andrade (com quem se casa
posteriormente), Mario de Andrade e Menotti Del Picchia, formando o grupo dos
cinco.

O fato de ter vivido sua infância no interior rural de São Paulo, e boa parte
de sua adolescência e juventude na Europa permitiu que ela tivesse uma visão
ímpar da identidade brasileira. Na França, buscava uma brasilidade em suas
obras, com cores puras e linhas simples, pois acreditava que era nesses
detalhes que estavam a estética brasileira.

Já no Brasil, Tarsila pinta a tela Abaporu para presentear seu agora


marido, Oswald. Ele se sente inspirado com a tela e toda estética que ela
sintetizava. Viu em um gigante deforme no meio da mata o que poderia ser a
identidade brasileira, e fundou o movimento antropofágico.

Poucos anos depois, Oswald de Andrade encerra o casamento e


Tarsila perde sua fortuna e passa a trabalhar na Pinacoteca do Estado de São
Paulo, como conservadora. Esse trabalho não dura muito tempo, pois com a
ditadura de Getúlio Vargas, Tarsila é demitida. Agora, junto da nova era do
Modernismo que tomaria um lado mais social, e tendo viajado pela União
Soviética, Tarsila percebe e se sensibiliza com as dores e alegrias da classe
operária, tendo ela mesmo que se tornar operária pois não tinha mais dinheiro,
e com isso passa a pintar quadros com esse tema.
A história de Tarsila de Amaral resume bem o Modernismo Brasileiro e
suas fases. No começo do Modernismo, Tarsila com uma imensa carga do que
era de melhor da Europa Urbana, com seus anos de vida lá, e com experiência
de sobra da sua infância na São Paulo rural, colocou em contraste o urbano e
rural na identidade brasileira. Na segunda fase do Modernismo, Tarsila já não
tem mais suas fazendas, e começa a fazer parte da classe operária. Algum
tempo depois, inclusive, é presa pela sua participação em reuniões de esquerda.

Tarsila do Amaral é até hoje considerada uma das mais importantes artistas do
Brasil, tendo seus quadros como alvo de ataques reacionários e ignorantes
devido ao seu estilo artístico, tal qual como foi em sua época, o que mostra a
força de sua visão estética.

Patrícia Galvão

Patrícia Galvão, conhecida como Pagu, foi uma escritora modernista


nascida em 1910, em São João da Boa Vista. Foi extremamente relevante em
diversos aspectos desde a arte plástica, como desenhista de quadrinhos,
passando pela literatura, jornalismo, até a política.

Tendo nascido em 1910, Pagu não participaria da semana de artes


modernas em 1922, com apenas 12 anos. No entanto, com 18 anos já estaria se
inserindo no meio modernista da época, quando conheceu Tarsila do Amaral e
Oswald de Andrade, que a tratavam como uma boneca. No entanto, dois anos
depois, Oswald de Andrade articulou para que conseguisse casar-se com ela.
Pagu, ainda menor de idade, planejava um casamento falso apenas para que
pudesse sair da casa de seus pais.

O plano se concretiza, e Patrícia vai morar na Bahia. No entanto, Oswald


articula para que ela precisasse voltar, já planejando seu casamento com ela.
Pagu resiste fortemente a ideia no início, mas eventualmente acaba cedendo.
junto dele, entra para o Partido Comunista, onde se doa por completo, sofrendo
diversos abusos. Essa guinada política na vida de Pagu se deu pois encontrou
terra fértil muito também por conta do período em que se inseriu no movimento
modernista, por volta de 1930, quando começava uma perspectiva social, não
somente estética como foi no início do Modernismo, afinal, na época, começava
um novo regime. Consolidou-se a classe operária e junto dela, o desejo de
revolução.

Pagu, estando em contato direto com o Modernismo e com uma São


Paulo Modernista, foi acompanhando o crescimento e mudanças culturais e
políticas ao seu redor. Observava greves e manifestações de longe, sem se
engajar de fato. Foi apenas, alguns anos depois quando viu em Prestes “um
comunista honestamente comunista” que decidiu se engajar, apaixonadamente.
Começou a estudar o marxismo e com isso, utilizou de todos seus meios para
expor ainda mais sua voz, como escrever diversas colunas para o jornal de
esquerda fundado por ela, como também o que pode ser considerado o primeiro
romance proletário do Brasil: “Parque Industrial”. Esse romance não era
meramente um romance de teor comunista, mas explicitamente incentivava uma
visão rebelde e revolucionária no leitor.

Apesar de toda sua história, Pagu ainda hoje posta como uma
personagem mistificada, como mito, foi subtraída de sua história, reduzindo-a
em rótulos simplistas e planos, como “desbocada, irresponsável”, e como pivô
do término da relação entre Oswald e Tarsila, ficando em segundo plano quando
se fala em movimento modernista ou mesmo sobre o Partido Comunista. Uma
injustiça.

Tópicos Comentados no Moodle

Em resposta à Primeiro post


Re: Clã do jabuti

por Thales Gabriel Sampaio Menis - quarta, 17 mai 2023, 23:59


Tendo já debatido e discorrido sobre Macunaíma, a experiência de ler
sobre o Clã do Jabuti se torna outra. Se torna quase engraçado, um grupo de
pessoas loucas por uma identidade que unisse um país enorme como o nosso.
Inclusive, um país que demorou séculos para termos quem pudéssemos chamar
de "brasileiros de fato". Até então éramos um punhado de terra com um punhado
de gente de todo canto, não uma nação.
E talvez exatamente por conta disso que sempre vai haver uma busca e
uma necessidade quase ingênua e inocente de uma identidade.
Então é somado seringueiros do acre, mitos nativos e urbanismo de São
Paulo e lá se tem a identidade brasileira. Uma parte, pelo menos. Mas é
impossível uma identidade só para um país desse tamanho.

Em resposta à Primeiro post


Re: Macunaíma

por Thales Gabriel Sampaio Menis - terça, 9 mai 2023, 09:24


É interessante como em Macunaíma há claramente uma crítica ao herói
nacional, trazendo um herói completamente disfuncional para os moldes padrões
de um herói. No entanto, diferente de Bernardo Carvalho, creio que mesmo que
não fosse a intenção, de certa maneira Macunaíma age como um "devorador".
A história devora o conceito de herói inspirador e perfeito em prol de um
herói nos moldes de narrativas indígenas, ou como em religiões de matrizes
africanas, onde o bem e mal estão presentes em todos, sem uma moral cristão
guiando um herói funcional e correto.
Macunaíma apresenta uma superação necessária para que fosse
encontrada uma identidade nacional sincera, mesmo que não fosse a identidade
que gostaríamos num primeiro momento.

Referências Bibliográficas

1. TEIXEIRA, Lucia. Tarsila do Amaral, musa do Modernismo. Itinerários - Revista


de Literatura, [s. l.], ed. 14, 1999.
2. DE OLIVEIRA, Dalvo. Tarsila do Amaral: ensaio sobre
“Brasilidade”. Comunicação e cultura: desafios e possibilidades, [s. l.], 17
maio 2023. DOI https://doi.org/10.11606/extraprensa2015.85143. Disponível
em: https://www.revistas.usp.br/extraprensa/article/view/epx16-a07. Acesso
em: 15 maio 2023.
3. DO AMARAL, Tarsila; AMARAL, Aracy; MENDES, Paulo; FRANCO, Maria Eugênia;
DE ANDRADE, Oswald; DE ALMEIDA, Francisco Luiz. Entrevista de Tarsila do
Amaral. [S. l.: s. n.], 1971. CD.
4. GALVÃO, Patrícia. Paixão Pagu. São Paulo: Agir, 2005.
5. APARECIDA, Natania. PAGU: POLÍTICA E PIONEIRISMO NAS HISTÓRIAS EM
QUADRINHOS NOS ANOS DE 1930. XXIX Simpósio Nacional de História, [s.
l.], 17 maio 2023. Disponível em:
https://www.snh2017.anpuh.org/resources/anais/54/1502671728_ARQUIVO_P
AGU_ANPUH_CORRIGIDO.pdf. Acesso em: 15 maio 2023.
6. BORGES, Juliana. Parque industrial de Patrícia Galvão: engajamento político e
projeto estético. DISSERTAÇÃO - Estudos Literários, [s. l.], 2010. Disponível
em: https://repositorio.ufu.br/handle/123456789/11807. Acesso em: 15 maio
2023.

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