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Tarsila do Amaral
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Carreira
A partir de 1916, Tarsila do Amaral começou a estudar pintura em São Paulo.[12] Todos eram
professores respeitados, mas conservadores.[10] Como o Brasil não tinha um museu de arte público
ou uma galeria comercial significativa até depois da Segunda Guerra Mundial, o mundo da arte
brasileira era esteticamente conservador e a exposição às tendências internacionais era
limitada.[12]
Acredita-se que nessa época (1913-1920) Amaral compôs uma canção em lá menor para voz e piano
chamada "Rondo D'Amour". A música permaneceu desconhecida até novembro de 2021, quando
sua partitura foi descoberta na casa de sua sobrinha-neta em Campinas. Em 25 de janeiro de 2022,
a música foi gravada no teatro da Escola de Música da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte por três professores da instituição: o pianista Durval Cesetti, a soprano Elke Riedel e o tenor
Kaio Morais.[13]
Modernismo brasileiro
Durante um breve retorno a Paris em 1929, Tarsila foi exposta ao cubismo, futurismo e
expressionismo enquanto estudava com André Lhote, Fernand Léger e Albert Gleizes.[1] Artistas
europeus em geral haviam desenvolvido um grande interesse em culturas africanas e primitivas em
busca de inspiração. Isso levou Tarsila a utilizar as formas indígenas de seu próprio país enquanto
incorporava os estilos modernos que havia estudado. Nessa época, em Paris, pintou uma de suas
obras mais famosas, A Negra[15] (1923), cujo principal tema é uma grande figura de uma mulher
negra com um único seio proeminente. Tarsila estilizou a figura e aplainou o espaço, preenchendo
o fundo com formas geométricas.
Animada com seu estilo recém-desenvolvido e sentindo-se cada vez mais nacionalista, ela escreveu
para sua família em abril de 1923:
"Me sinto cada vez mais brasileira. Quero ser a pintora do meu país. Como sou grata
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por ter passado toda a minha infância na fazenda. As memórias desses tempos
tornaram-se preciosas para mim. Eu quero, na arte, ser a garotinha de São Bernardo,
brincando com bonecas de palha, como na última foto que estou trabalhando. Não
pense que esta tendência é vista negativamente aqui. Pelo contrário. O que eles querem
aqui é que cada um traga a contribuição de seu próprio país. Isso explica o sucesso do
balé russo, dos gráficos japoneses e da música negra. Paris estava farta da arte
parisiense".[6]
Fase Pau-Brasil
Oswald de Andrade, que se tornara seu companheiro de viagem, acompanhou-a por toda a Europa.
Ao retornarem ao Brasil no final de 1923, Tarsila e Andrade viajaram pelo Brasil para explorar a
variedade da cultura indígena e buscar inspiração para sua arte nacionalista. Nesse período, Tarsila
fez desenhos dos vários lugares que visitaram, que serviram de base para muitas de suas próximas
pinturas. Ela também ilustrou a poesia que Andrade escreveu durante suas viagens, incluindo seu
livro fundamental de poemas intitulado Pau Brasil, publicado em 1924. No manifesto de mesmo
nome, Andrade destacou que a cultura brasileira era produto da importação da cultura europeia e
convocou os artistas a criarem obras exclusivamente brasileiras para "exportar" a cultura
brasileira, assim como a madeira do pau-brasil se tornou um importante exportação para o resto
do mundo. Além disso, ele desafiou os artistas a usar uma abordagem modernista em sua arte,
objetivo que eles buscavam durante a Semana de Arte Moderna em São Paulo.[16]
Nesse período, as cores de Tarsila ficaram mais vibrantes. Na verdade, ela escreveu que havia
encontrado as "cores que adorava quando criança. Mais tarde me ensinaram que elas eram feias e
sem sofisticação".[17] Sua pintura inicial desse período foi ECFB (Estrada de Ferro Central do
Brasil), (1924). Além disso, na época, ela tinha interesse pela industrialização e seu impacto na
sociedade.[10]
Fase Antropofagia
Em 1926, Tarsila casou-se com Andrade e continuaram a viajar pela Europa e Oriente Médio. Em
Paris, em 1926, fez sua primeira exposição individual na Galerie Percier. As pinturas apresentadas
na exposição incluíam São Paulo(1924), A Negra[15] (1923), Lagoa Santa (1925) e Morro de
Favela (1924). Seus trabalhos foram elogiados e chamados de "exóticos", "originais", "ingênuos" e
"cerebrais", e comentaram sobre seu uso de cores vivas e imagens tropicais.[18]
Enquanto esteve em Paris, ela foi exposta ao surrealismo e ao retornar ao Brasil iniciou um novo
período de pintura onde se afastou de paisagens e cenários urbanos e começou a incorporar o estilo
surrealista em sua arte nacionalista. Essa mudança também coincidiu com um movimento artístico
maior em São Paulo e em outras partes do Brasil, focado em celebrar o Brasil como o país das
grandes cidades, também impactou a forma como sua arte foi formada.[19] Incluindo
representações verticais de edifícios em grandes cidades, como São Paulo, sua arte tornou-se
icônica. Essas peças de arte que ela fez podem incluir pequenos aspectos da cidade, como uma
bomba de gasolina, ou grandes elementos, como edifícios. Sua mistura de detalhes era importante
porque eles compunham a cidade. Com base nas ideias do movimento Pau-Brasil, os artistas se
esforçaram para se apropriar de estilos e influências europeias para desenvolver modos e técnicas
que eram exclusivamente deles e brasileiros. Esse movimento Pau-Brasil era um conceito
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modernista do Brasil.[20]
Em 1929, Tarsila fez sua primeira exposição individual no Brasil, no Palace Hotel, no Rio de
Janeiro, que foi seguida por outra no Salão Glória, em São Paulo. Em 1930, ela foi destaque em
exposições em Nova York e Paris. No mesmo ano, o casamento de Tarsila e Andrade acabou, o que
pôs fim à colaboração entre os dois artistas.
Em 1931, Tarsila viajou para a União Soviética.[1] Enquanto esteve lá, ela fez exposições de suas
obras em Moscou no Museu de Arte Ocidental e viajou para várias outras cidades e museus. A
pobreza e a situação do povo russo tiveram um grande efeito sobre ela, como visto em sua pintura
Operários (1933).[22] Ao retornar ao Brasil em 1932, envolveu-se na Revolta Constitucionalista de
São Paulo contra a ditadura liderada por Getúlio Vargas. Junto com outros que eram vistos como
esquerdistas, ela foi presa por um mês porque suas viagens a faziam parecer simpatizante do
comunismo.
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chamou de "a mais brasileira das pintoras daqui, que representa o sol, os pássaros e os espíritos
juvenis de nosso país em desenvolvimento, tão simples quanto os elementos de nossa terra e
natureza…”. Ela morreu em São Paulo 1973.[1] A vida de Tarsila é marca do caloroso caráter
brasileiro e expressão de sua exuberância tropical".[23]
Legado
Além das 230 pinturas, centenas de desenhos, ilustrações, gravuras, murais e cinco esculturas, o
legado de Tarsila é seu efeito na direção da arte latino-americana. Tarsila impulsionou o
modernismo na América Latina e desenvolveu um estilo único no Brasil. Seguindo seu exemplo,
outros artistas latino-americanos foram influenciados a começar a utilizar o tema indígena
brasileiro e desenvolver seu próprio estilo. A cratera Amaral em Mercúrio recebeu o nome da
pintora brasileira como uma homenagem da União Astronômica Internacional.[24][25] Em 2018, o
MoMA, em Nova Iorque, abriu uma exposição individual de seu trabalho, a oitava retrospectiva
sobre artistas da América Latina.[26]
Principais obras
A seguir estão listadas algumas das principais obras de Tarsila do
Amaral.[27]
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Ver também
▪ Anita Malfatti
▪ Oswald de Andrade
▪ Modernismo
Referências
1. Farris, Phoebe (1999). Women Artists of Color: A Bio-Critical Sourcebook to 20th Century
Artists in the Americas. Westport, Connecticut: Greenwood Press. p. 128
2. MoMA (ed.). «Tarsila do Amaral» (https://www.moma.org/artists/49158). Consultado em 20 de
fevereiro de 2022
3. MASP (ed.). «Tarsila Popular» (https://masp.org.br/exposicoes/tarsila-popular). Consultado em
20 de fevereiro de 2022
4. Enciclopédia Britânica (ed.). «Tarsila do Amaral» (https://www.britannica.com/biography/Tarsila-
do-Amaral8). Consultado em 20 de fevereiro de 2022
5. MAC-USP (ed.). «Tarsila do Amaral» (https://acervo.mac.usp.br/acervo/index.php/Detail/entitie
s/5023). Consultado em 20 de fevereiro de 2022
6. Lucie-Smith, Edward. Latin American Art of the 20th Century. London: Thames & Hudson Ltd,
2004: 42.
7. C. Jauregui; "Antropofagia (https://www.academia.edu/6998258/Antropofagia_Cultural_canniba
lism_)". Acessado em 20 de fevereiro de 2022.
8. Farris, Phoebe (1999). Women Artists of Color (https://archive.org/details/womenartistsofco00fa
rr/page/128). Westport, Connecticut: Greenwood Press. p. 128–130 (https://archive.org/details/
womenartistsofco00farr/page/128). ISBN 978-0-313-30374-6
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26. Vogue Brasil, ed. (4 de janeiro de 2018). «Tarsila do Amaral ganha exposição no MoMA em
Nova York» (https://vogue.globo.com/lifestyle/cultura/noticia/2018/01/tarsila-do-amaral-ganha-e
xposicao-no-moma-em-nova-york.html). Consultado em 20 de fevereiro de 2022
27. Itaú Cultural (ed.). «Obras de Tarsila do Amaral» (https://enciclopedia.itaucultural.org.br/pessoa
824/tarsila-do-amaral/obras). Consultado em 20 de fevereiro de 2022
Bibliografia
▪ Congdon, KG, & Hallmark, KK (2002). ▪ Fundação Juan March. Tarsila do Amaral
Artistas de culturas latino-americanas: um (Catálogo: publicado em inglês e espanhol)
dicionário biográfico . Westport, Connecticut, Madrid: Fundación Juan March (2009), 295
Greenwood Press.ISBN 0-313-31544-2 pp. inglêsISBN 978-84-7075-561-3
▪ Lucie-Smith, Edward. Arte Latino-Americana ▪ D'Alessandro, Stephanie e Luis Pérez-
do Século XX . Londres: Thames & Hudson Oramas . Tarsila do Amaral: Inventando a
Ltd, 2004. Arte Moderna no Brasil . New Haven: Yale
▪ Damião, Carol. Tarsila do Amaral: arte e University Press, 2017.ISBN 9780300228618
preocupações ambientais de um modernista ▪ Scott, Andréa. Apresentando Nova York ao
brasileiro . Revista de Arte da Mulher 20.1 Primeiro Modernista Brasileiro . The New
(1999): 3-7. Yorker, 2018.
▪ Barnitz, Jaqueline. Arte do século XX da ▪ Cardoso, Rafael. O problema da raça na
América Latina . China: University of Texas pintura brasileira, c. 1850-1920 . História da
Press, 2006: 57. Arte, 2015: 18–20.
▪ Gotlib, Nádia Batella. Tarsila do Amaral: a ▪ Ébano, David. A Primeira Arte Canibal do
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2000. da Universidade de Yale, 2017.
▪ Pontual, Roberto. Tarsila . Dicionário de arte ▪ Jackson, Kenneth David. Três Raças
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Macmillan, 1996. Literatura Modernista Brasileira .
▪ Amaral, Aracy e Kim Mrazek Hastings. Modernismo/modernidade 1, (1994): 89-112.
Etapas na Formação do Perfil Cultural do ▪ Mulheres Artistas Latino-Americanas
Brasil . O Jornal de Artes Decorativas e 1915–1995 . Films Media Group, 2003.
Propaganda . 21 (1995): 8-25.
Ligações externas
▪ «Catálogo Raisonné Tarsila do Amaral - Base7 Projetos Culturais» (http://www.base7.com.br/t
arsila/)
▪ «Página oficial de Tarsila do Amaral» (http://www.tarsiladoamaral.com.br)
▪ «Tarsila do Amaral agora é nome de uma cratera de Mercúrio» (http://www.zootropole.com.br/
2008/11/tarsila-do-amaral-agora-nome-de-uma.html)
▪ «Tarsila do Amaral na Enciclopédia Itaú Cultural de Artes Visuais» (http://www.itaucultural.org.
br/aplicExternas/enciclopedia_IC/index.cfm?fuseaction=artistas_biografia&cd_item=1&cd_idio
ma=28555&cd_verbete=3386)
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