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Faculdade Joaquim Nabuco.

Prof. Ms. Lourenço Torres.


proflourencotorres@yahoo.com.br
 Problemas da argumentação no Direito
 Sofística e persuasão.
 Dialética platônica e o primado da razão.
 Partes do discurso retórico em Aristóteles:
▪ Invenção.
▪ Disposição.
▪ Elocução.
▪ Ação.
 Dialética
 do grego: διαλεκτική τέχνη
 do latim: dialectĭca ou dialectĭce
 Conceito: é um método de diálogo cujo foco
é a contraposição e contradição de ideias que
levam a outras ideias e que tem sido um tema
central na filosofia ocidental e oriental desde
os tempos antigos.
 A tradução literal de dialética significa
"caminho entre as idéias”.
 "Aos poucos, passou a ser a arte de, no diálogo,
demonstrar uma tese por meio de uma
argumentação capaz de definir e distinguir
claramente os conceitos envolvidos na
discussão.”
 Também é conhecida como a Arte da Palavra.
 "Aristóteles considerava Zenão de Eleia (aprox.
490-430 a.C.) o fundador da dialética. Outros
consideraram Sócrates (469-399 AEC)“.
 Um dos métodos dialéticos mais conhecidos é o
desenvolvido pelo filósofo alemão Hegel (1770-
1831).
Tese – Antítese - Síntese
 Platão: a dialética é sinônimo de filosofia, o método mais eficaz
de aproximação entre as ideias particulares e as ideias universais
ou puras.
 É a técnica de perguntar, responder e refutar (técnica aprendida
com Sócrates (470 a.C. - 399 a.C.).
 Platão considera que apenas através do diálogo o filósofo deve
procurar atingir o verdadeiro conhecimento, partindo do mundo
sensível e chegando ao mundo das ideias. Pela decomposição e
investigação racional de um conceito, chega-se a uma síntese, que
também deve ser examinada, num processo que busca a verdade.
 Aristóteles: dialética é a lógica do provável, do processo racional
que não pode ser demonstrado.
 "Provável é o que parece aceitável a todos, ou à maioria, ou aos
mais conhecidos e ilustres”.
Rhetoriké (gr.)
Rhetorica (lat.)
Retórica, retoricar, retoricismo, retórico, retorismo.
Retórica pode ser definida como “uma arte de comunicação cotidiana”, diferente da
poética que é “uma arte de evocação imaginária” (BARTHES, Roland. A aventura
semiológica. 1987, p. 27).
 Oratória, Estilo e Ornamento na eloquência.
 Gramática, poética e literatura.
 Tipos de discurso aristotélico (deliberativo ou político, jurídico ou judicial e epidítico ou
exibicional ou laudatório)
 Partes do discurso (inventio, dispositio, executio, memória, pronuntiatio)
 Figuras de Linguagem (palavras, frases, textos)
 (metáfora, sinédoque, metonímia, ironia, etc.)
 Metáfora: é a transferência para uma coisa do nome de outra, ou do gênero para a espécie, ou da
espécie para o gênero, ou da espécie de uma para o gênero de outra, ou por analogia
(ARISTÓTELES. Poética, 1457b).
 Estudo de Lugares Comuns (topoi)
 Tópica aristotélica (do contrário-I, do mais e do menos-IV, dos diferentes sentidos das palavras-
VIII, da indução-X, da refutação-XII, etc.).
 Tópica de Theodor Viehweg – “Tópica e Jurisprudência”.
  Tropo – é uma mudança mediante a qual transportamos uma palavra ou uma locução de sua
significação própria para outra para lhe dar mais força (QUINTILIANO. De Instituitione oratoria.
VIII. Cap. VI.).
 O estudo do uso persuasivo da linguagem.
 Persuasão aristotélica (ethos, pathos e logos).
 Filosofia da argumentação de Chaïm Perelman
(Retóricas).
 Teorias da Argumentação (Alexy e Habermas).
 Método analítico que estuda o convencimento
dos silogismos refutáveis (Adeodato).
 Material, estratégica e analítica.
 A metódica analítica de mensurabilidade
comparativa ou metódica prudencial (Ballweg).
 Especialistas na
atividade intelectual
(filosofia, poética,
música ou
Os primeiros foram
adivinhação); os sofistas...

 Sábios ou magos; A Grécia era dominada por


 Mestres que ensinavam mitos como a maldição de
Sísifo. Então vieram
pensadores -
a sabedoria. filósofos

Heráclito
Protágoras Górgias
 O primeiro estudo sistematizado acerca do poder
da linguagem em termos de persuasão é atribuído
ao filósofo Empédocles (444 a.C.), do qual as
teorias sobre o conhecimento humano iriam servir
de base para vários teorizadores da retórica.
 O primeiro livro de retórica escrito é comumente
atribuído a Corax e seu pupilo Tísias. A sua obra,
bem como as de diversos retóricos da antiguidade,
surgiu das tribunas jurídicas; Tísias, por exemplo, é
tido como autor de diversas defesas jurídicas
defendidas por outras personalidades gregas (uma
das funções primárias de um sofista).
 A Retórica foi popularizada a partir do século V a.C. por mestres
peripatéticos (itinerantes) conhecidos como "sofistas". Os mais
conhecidos destes foram Protágoras (481 - 420 a.C.), Górgias (483 -
376 a.C.), e Isócrates (436 - 338 a.C.).
 Os sofistas se compunham de grupos de mestres que viajavam de
cidade em cidade realizando aparições públicas (discursos, etc.) para
atrair estudantes, de quem cobravam taxas para oferecer-lhes
educação. O foco central de seus ensinamentos concentrava-se no
logos ou discurso, com foco em estratégias de argumentação. Os
mestres sofistas alegavam que podiam “melhorar” seus discípulos, ou,
em outras palavras, que a “virtude” seria passível de ser ensinada.
 Diversos sofistas questionaram a propalada sabedoria recebida pelos
deuses e a supremacia da cultura grega (uma ideia absoluta à época).
Argumentavam, por exemplo, que as práticas culturais existiam em
função de convenções ou “nomos”, e que a moralidade ou imoralidade
de um ato não poderia ser julgada fora do contexto cultural em que
aquele ocorreu.
[RETÓRICA] [ONTOLOGIA]
Córax de Siracusa e Parmênides de Eléia
Tísias de Siracusa (640-575 a.C.) (530-460 a.C.)

“Nada muda”
Heráclito de
Éfeso
“Tudo passa”
(540-470 a.C)

Platão
(428-347 a.C.)
Protágoras de Abdera
(480-410 a.C.)

Górgias de Leontinis
“O homem é a medida de todas as coisas”
(480-375 a.C.) Sócrates
* Aristóteles (ontológico) escreveu o maior tratado sobre (470-399 a.C.) Áristóteles *
RETÓRICA – Arte Retórica (Tecnhς Rhtorikhς)
(348-322 a.C.)
Esquema sobre a evolução da retórica

Cícero,
Quintiliano

Aristóteles

Heráclito
Parmênides

(Fonte: ADEODATO, J.M. A Retórica Constitucional. São Paulo: Saraiva,


2009. p. 31.
Retórica
Retórica. [do gr. Rhetoriké (subentende-se téchne), 'a arte da retórica', pelo lat.
Rhétorica.]
S.f.
1. Eloquência (4); oratória.
2. E. Ling. Estudo do uso persuasivo da linguagem, em especial para o
treinamento de oradores.
3. Tratado que encerra essas regras.
4. Adornos empolados ou pomposos de um discurso.
5. Discurso de forma primorosa, porém vazio de conteúdo.
Tradicionalmente cinco são as partes do estudo retórico:
(a) a inventio, ou descoberta de argumentos;
(b) a dispositio, ou arranjo das idéias;
( c) a elocutio, ou descoberta da expressão apropriada para cada idéia, e que inclui o estudo das figuras ou
tropos;
(d) a memoria, ou memorização do discurso; e,
(e) a pronuntiatio, ou apresentação oral do discurso para uma audiência.
(FERREIRA, Sérgio Buarque de Holanda. Novo dicionário Aurélio da língua portuguesa. 3. ed. Curitiba:
Positivo, 2004.)
Retórica: (do latim rhetorica, originado no grego ῥητορικὴ
τέχνη [rhêtorikê theknê], literalmente a arte/técnica de
bem falar, do substantivo rhétor, «orador») é a arte de usar
uma linguagem para comunicar de forma eficaz e
persuasiva.
 Oratória, Estilo e Ornamento
(inventio, dispositio, executio, memória, pronuntiatio)
 Figuras de Linguagem (palavras, frases, textos)
(metáfora, sinédoque, metonímia, ironia, etc.)
 Estudo de Lugares Comuns (topoi)
(do contrário-I, do mais e do menos-IV, dos diferentes sentidos das
palavras-VIII, da indução-X, da refutação-XII, etc.)
 Método analítico que estuda o convencimento dos
silogismos refutáveis.
 Deliberativo ou político
 É aquele dirigido à Assembleia do povo, dos cidadãos (ou
ao Senado).
 Sua ação é aconselhar ou desaconselhar em todas as
questões referentes à cidade: paz ou guerra, defesa,
impostos, orçamento, importações, legislação (Retórica, 1359
b).
 Faz referência ao tempo futuro.
 Segundo Aristóteles os valores abordados são: o que útil
ou inútil ou nocivo (à polis e ao interesse público).
 Os argumentos deliberativos, dirigindo-se a um público
mais móvel e menos erudito; o rétor prefere argumentar
pelo exemplo (paradigma), que, aliás, permite conjecturar
o futuro a partir dos fatos passados.
 Jurídico ou judicial ( é o nascedouro da retórica
pré-sofística).
 É aquele dirigido aos Tribunais.
 A ação é acusatória (acusação) ou defensiva(defesa).
 Faz referência ao passado.
 Trata de valores como o justo e o injusto.
 Quanto aos argumentos o discurso judiciário, que
dispõe de leis e se dirige a um auditório especializado,
utiliza de preferência raciocínios silogísticos, próprios a
esclarecer a causa dos atos.
 Epidítico, exibicional, panegírico ou laudatório.
 Dirigido a outros espectadores, como todos os que assistem a
discursos de aparato, como peregrinos, orações fúnebres,
competições na Ágora, etc.
 A ação é censurar e, na maioria das vezes, louvar ora um homem ou
uma categoria de homens, como os mortos na guerra, ora uma
cidade, ora seres lendários, como Helena ...
 Refere-se ao presente, pois o orador propõe-se à admiração dos
espectadores, ainda que extraia argumentos do passado e do
futuro.
 Os valores que os inspiram são o nobre e o vil.
 Argumentativamente o discurso epidítico, recorre sobretudo à
amplificação, pois os fatos são conhecidos do público, e cumpre ao
orador dar-lhes valor, mostrando sua importância e sua nobreza
(Retórica, 1368a).
 A elaboração do discurso e sua exposição exigem atenção a cinco
dimensões que se complementam (os cinco cânones ou momentos da
retórica):
 inventio ou invenção, é a escolha dos conteúdos do discurso.
 dispositio (taxis) ou disposição, é a organização dos conteúdos num todo
estruturado. É o plano em que ocorrem ou se apresentam as idéias.
▪ Exórdio, proêmio (proœmiun) ou introdução
▪ Desenvolvimento (narração, confirmação e digressão)
▪ Conclusão ou peroração (peroratio), ou Epílogo (epilogos).
 elocutio (lexis) ou elocução, é a expressão adequada dos pensamentos
ou dos conteúdos.
▪ Quem, O que, Por que, Onde, Quando e Como.
 memoria, é a memorização do discurso. É a “gravação” do discurso seja
de forma natural (na mente) ou artificial (em textos gráficos ou virtuais).
 pronuntiatio ou ação (actio ou hypócrisis), diz respeito à declamação do
discurso, onde a modulação da voz e gestos devem estar em
consonância com o conteúdo (este 5º momento nem sempre é
considerado). É a eloquência do corpo.
 Ethos: é a forma como o orador convence o público de que está qualificado
para falar sobre o assunto, como o seu caráter ou autoridade podem
influenciar a audiência. Pode ser feito de várias maneiras: por ser uma figura
notável no domínio em causa ou por ser relacionado com o tema em questão.
 Por exemplo, quando uma revista afirma que um professor do MIT prevê que a era
robótica chegará em 2050, o uso do nome "MIT" (uma universidade americana de
renome mundial para a investigação avançada em matemática, ciência e
tecnologia) estabelece uma credibilidade "forte".
 Pathos: o uso de apelos emocionais para alterar o julgamento do público.
Pode ser feito através de metáforas e outras figuras de retórica, da
amplificação, ao contar uma história ou apresentar o tema de uma forma que
evoca fortes emoções na plateia.
 Logos: o uso da razão e do raciocínio, quer indutivo ou dedutivo, para a
construção de um argumento.
 Os apelos ao logos incluem recorrer à objetividade, estatística, matemática, lógica
(por exemplo, quando um anúncio afirma que o seu produto é 37% mais eficaz do
que a concorrência, está fazendo um apelo lógico); o raciocínio indutivo utiliza
exemplos (históricos, míticos ou hipotéticos) para tirar conclusões; o raciocínio
dedutivo usa geralmente proposições aceites para extrair conclusões específicas.
Argumentos logicamente inconsistentes ou enganadores chamam-se falácias.
RECURSOS RETÓRICOS:
MEIOS TÉCNICOS:  Silogismos
 Ethos Dedução (ou indução) formal a partir de
Caráter pessoal do orador, sua duas premissas para se chegar a uma
apresentação, sua experiência. conclusão.
 Pathos  Dialética
O estado de espírito, a reação ou a Silogismo baseado em premissas
emoção desejadas no auditório. demonstráveis aceitas universalmente.
 Logos  Paradigma
A prova, ou aparente prova, o O exemplo, recurso indutivo ou indução
retórica.
conteúdo do discurso, a
argumentação racional objetiva.  Entimema
Estrutura silogística à qual falta (está
oculto) um dos elementos formais.
 Erisma
Silogismo que parte de premissas falsas
ou que chega a conclusões falsas.
SILOGISMO

VERDADE

Silogismo Silogismo
apofântico/apoditico Dialético/Demonstrativo

VEROSSIMILHANÇA

Entimema Silogismo
Silogismo Retórico Erístico
 Silogismo formal: Dedução formal a partir de
duas premissas para se chegar a uma conclusão.
 Dedução lógica ; Subsunção
Premissa Maior + premissa menor = conclusão
 Indução lógica
premissa menor + conclusão = Premissa Maior
 Abdução ou indução pragmática
Premissa Maior + conclusão = premissa menor
 Silogismo entimemático: Estrutura silogística à
qual falta um dos elementos formais
(subentendido).
Dedução retórica
 Escolhas ao longo do processo.
 Deliberações de autoridades
(policiais, advogados, promotores, juízes)
 Atos dos juízes:
despachos
decisões interlocutórias (simples ou mistas)
 Sentenças: absolutórias ou condenatórias.
 Tese silogística  Tese decisionista
 Pensamento subsuntivo:  Pensamento casuístico:

Cada caso tem uma única Qualquer decisão é cabível


resposta certa que vem da a qualquer caso; independe
norma. de norma.

Normativismo de Hans Escola do realismo


Kelsen
Dedução – subsunção.
(art. 458, CPC e art. 381, CPP)
Tese entimemática Tese silogística
 (art. 81, §3º da lei Peça processual:
9099/95 – rito  Qualificação
sumaríssimo,
procedimento  Dos Fatos
especial).  Do Direito
 Do Pedido

 (art. 483, §2º e §3º do


CPP – Júri).
Prof. Lourenço Torres

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