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Faculdade Joaquim Nabuco.

Prof. Ms. Lourenço Torres.


proflourencotorres@yahoo.com.br
 Formas e funções do discurso referente ao
texto da norma jurídica:
 Sintaxe.
 Semântica.
 Pragmática.
 Proposições descritivas.
 Proposições expressivas.
 Proposições prescritivas.
Semiótica – teoria dos signos – signos linguísticos das palavras.

 Sintaxe – relação dos signos entre si, como a relação entre os sujeitos
▪ (S – S: agôntica).
▪ Ex:. O que e quem é um sujeito de direito?
▪ Normas em relação a normas.
 Semântica – relação dos signos com o objeto, como a relação entre os
sujeitos e os objetos
▪ (S – O: ergôntica).
▪ Ex:. As relações jurídicas, os negócios jurídicos.
▪ Normas em relação ao objeto normado.
 Pragmática – relação dos signos com sua aplicação
▪ (S – Z: pitanêutica).
▪ Ex:. A dogmatização.
▪ Normas em relação a sua função.
 Sintaxe: analisa as relações entre os signos independentemente do que eles designam.
Um conjunto de letras postas ao acaso não é uma palavra; «lvroi» não é uma palavra. Para que se torne numa
palavra do nosso código linguístico, a língua portuguesa, as letras terão de ser estruturadas segundo um certa
ordem: «livro». Do mesmo modo, uma série de palavras só se constitui como uma frase quando as palavras se
apresentam relacionadas de um certo modo desempenhando cada uma delas diferentes funções. As seguintes
palavras « bom ler ando livro a um» só se constitui como uma frase se as palavras se apresentarem na ordem
certa «ando a ler um bom livro». Também o discurso exige uma sequência de enunciados relacionados entre si
de acordo com uma determinada ordem (sequencial, causal...).
Assim , chama-se sintaxe a esta análise das regras que regem o encadeamento dos signos no interior dos
diversos atos de fala ou de discurso.
A sintaxe lógica analisa os elementos formais que dão estrutura ou sequência aos enunciados ou proposições
(uma proposição é, como veremos mais adiante, a tradução de um juízo numa linguagem; um juízo é uma
operação lógica de ligação entre conceitos).
A conexão sintática entre os enunciados é assegurada por uma série de termos de ligação, sem os quais não
poderíamos relacionar diferentes proposições mas apenas construir proposições isoladas do tipo «o livro é
bom» ou «o livro aborda o tema da linguagem», a que os lógicos chamam proposições atômicas por ligarem
átomos linguísticos.
Para podermos relacioná-las e construir um discurso é necessário usar determinados signos do tipo «e», «ou»,
«se... então» que conferem ao discurso a sua estrutura. No exemplo citado, «o livro é bom e aborda o tema da
linguagem». Podemos, então, concluir que a sintaxe lógica é o estudo das relações entre os signos e as
proposições, abstraindo do seu significado, sendo, por isso, a teoria da construção de toda a linguagem lógica,
pois trata da determinação das regras que permitem combinar os símbolos elementares de modo a construir
proposições corretas; analisando os problemas postos pela definição das variáveis lógicas e respectivas
relações, aborda o discurso apenas do ponto de vista da sua estrutura, isto é, da sua forma, para garantir a sua
validade formal.
 Semântica: é a analise da relação dos signos com os seus referentes, isto é, com os
objetos por eles designados, ou com outros signos com idêntico ou diverso
significado.
 Tal análise que visa estudar os problemas postos pela interpretação do significado dos
signos trata da significação ou do valor de verdade e/ou falsidade das proposições.
 Para que se possa saber o que quer dizer o emissor, impõe-se conhecer o contexto da
enunciação, isto é, quem disse, em que circunstâncias, com que intenção.
 Ex:. Para compreendermos o que um amigo nos diz numa conversa, o que o
professor diz numa aula, o que um político diz na televisão ou um jurista numa
defesa não basta dominar o código.
 O domínio da língua é necessário, mas não suficiente para se compreender a
mensagem emitida pelo emissor. Os sujeitos que participam no ato de comunicação
afetam o significado do que é enunciado. Este significado depende, em grande parte
da experiência que a pessoa tem e do modo como as expressões são usadas.
 A compreensão do significado de um enunciado depende das circunstâncias do seu
uso, por isso, Wittgenstein afirmou que “meaning is use” (o significado da linguagem
está no seu uso).
 Pragmática: analisa o discurso segundo o uso que os interlocutores fazem das
linguagens tendo em vista a ação que exercem uns sobre os outros.
 A pragmática trata dos signos na sua relação com os utilizadores, da adaptação das
expressões às situações e aos contextos em que são enunciados, trata, enfim, das
significações. O interesse transfere-se, agora, para a comunicação efetiva, para o que
significam os signos para alguém, para o ato que é realizado quando se fala, para os
efeitos que se pretende obter quando se fala.
 Do ponto de vista de algumas escolas da Filosofia da Linguagem, ao falar realizamos
atos, «atos de fala», que visam transformar os comportamentos do outro.
 Austin (1911-1960) designou estes “atos de fala” como se segue:

 ato locutório — o falante diz algo;

 ato ilocutório — o falante faz algo, uma vez que o falar é já um agir; ao dizer «prometo que», o
falante realiza o ato de prometer; pelo fato de dizer algo está a fazer esse algo, seja a prometer,
seja a agradecer, a aconselhar, a recusar, a elogiar, etc.;

 ato perlocutório — o falante exerce uma ação sobre o seu interlocutor. Ao dar uma ordem, por
exemplo, o locutor afirma a sua vontade e define o papel que institucionalmente lhe está conferido,
ao mesmo tempo que define o papel do seu interlocutor — o papel de obedecer e de executar o que
lhe foi ordenado. (AUSTIN, J. L. Quando dizer é fazer: palavras e ação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1990).
 Para a decodificação interpretativa é
necessário conhecer as regras linguísticas:
 Sintática – controlam as combinações possíveis
das normas entre si.
 Semântica – que por meio de conotações e
denotações entre as normas e os objetos
normados. É o âmbito de validade das normas.
 Pragmática – as relações das normas com suas
funções (axiológicas).
 Norberto Bobbio foi capaz de aplicar os
ensinamentos do Círculo de Viena à teoria kelsiana,
sem, contudo, desfigurar quaisquer de seus
preceitos basilares.
 Pressupostos:
 O Direito como um fenômeno de comunicação.
 A norma como uma proposição com sentido.
 Assim, utilizando os mesmos argumentos com os
quais os filósofos analíticos restringiram a filosofia
à crítica da linguagem, Bobbio limitou a ciência
jurídica à crítica da linguagem do Direito.
Norberto Bobbio
 Proposições descritivas: são os enunciados
linguísticos típicos das ciências. Elas
representam o estado de coisas no mundo e
estão submetidas ao critério da verdade, uma
vez que são juízos de fato que refletem ou não a
realidade.
 Proposições expressivas: são os enunciados
linguísticos típicos das artes em geral. São juízos
de valor que têm como escopo a modificação de
estados de humor.
 Proposições Prescritivas: são os enunciados que
comandam comportamentos que ainda virão a
acontecer, e não podem ser verdadeiras ou falsas,
aceitando, todavia, o critério da validade, consoante seu
pertencimento ou não ao ordenamento jurídico.
 Norberto Bobbio estudou as proposições prescritivas,
objetivando classifica-las como forma linguística
universal das normas jurídicas e diferencia-las das
proposições descritivas e das proposições expressivas.
 Logo, as prescrições jurídicas, traduzidas como normas
jurídicas, sempre têm a função de comandar, porém
podem ser proferidas das quatro formas possíveis
(declarativa, exclamativa, interrogativa, imperativa).
 Hans Kelsen, na segunda edição de sua "Teoria Pura do
Direito", superou tal impasse diferenciando as proposições
jurídicas das normas jurídicas.
 Kelsen afirma que "as primeiras podem ser valoradas como
verdadeiras ou falsas, pois são proposições descritivas das
normas jurídicas, que, por sua vez, se limitam a valores de
validade ou invalidade, pois são proposições prescritivas de
comportamentos sociais” (1987, p. 78-83).
 A linguagem descritiva é própria do cientista do Direito, e a
prescritiva própria do legislador ou magistrado, existindo
uma ligação instrumental, mas não metodológica, entre o
estudioso do Direito e aquele que, através da linguagem, o
cria; portanto, os critérios de verdade da proposição jurídica
não são correspondentes aos de validade da norma, bem
como o ato de conhecimento do jurista não se relaciona com
o ato de vontade de quem cria ou aplica a lei.
Prof. Lourenço Torres

proflourencotorres@yahoo.com.br

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