O documento discute os métodos e efeitos da interpretação jurídica. Apresenta os principais métodos de interpretação como gramático, lógico, sistemático, histórico, sociológico, evolutivo e teleológico. Também descreve os principais efeitos da interpretação como extensivo, restritivo e especificador. Por fim, discute brevemente a distinção entre positivismo e moralismo na interpretação legislativa.
O documento discute os métodos e efeitos da interpretação jurídica. Apresenta os principais métodos de interpretação como gramático, lógico, sistemático, histórico, sociológico, evolutivo e teleológico. Também descreve os principais efeitos da interpretação como extensivo, restritivo e especificador. Por fim, discute brevemente a distinção entre positivismo e moralismo na interpretação legislativa.
O documento discute os métodos e efeitos da interpretação jurídica. Apresenta os principais métodos de interpretação como gramático, lógico, sistemático, histórico, sociológico, evolutivo e teleológico. Também descreve os principais efeitos da interpretação como extensivo, restritivo e especificador. Por fim, discute brevemente a distinção entre positivismo e moralismo na interpretação legislativa.
proflourencotorres@yahoo.com.br Classificação dogmática dos métodos e efeitos da Interpretação Jurídica: Os métodos de interpretação: ▪ Gramatical. ▪ Lógico. ▪ Sistemático. ▪ Histórico. ▪ Sociológico. ▪ Evolutivo. ▪ Teleológico. ▪ Axiológico. Os efeitos da interpretação: ▪ Extensivo. ▪ Restritivo. ▪ Especificador. Atribui-se que o termo deriva do nome do deus da mitologia grega Hermes, o mensageiro dos deuses, a quem os gregos atribuíam a origem da linguagem e da escrita e é considerado o patrono da comunicação e do entendimento humano. Acepção do termo “hermenêutica”: Hermēneuein (gr.) e significa "declarar", "anunciar", "interpretar", "esclarecer" e, por último, "traduzir". Significa que alguma coisa é "tornada compreensível" ou "levada à compreensão". Ermēneutikē (gr.) que significa "ciência", "técnica" que tem por objeto a interpretação de textos poéticos ou religiosos. Conceito: Hermenêutica é um conjunto de métodos de interpretação consagrados. São regras técnicas para obter um resultado. É um ramo da Filosofia que estuda a teoria da interpretação, que pode referir-se tanto à arte (prática) da interpretação como à teoria e ao treino (puramente pedagógico) de interpretação. É um conjunto de instrumentos para a interpretação dos enunciados jurídicos com a finalidade de construir o sentido da norma jurídica. Hermenêutica não é o mesmo que interpretação – a hermenêutica descobre e fixa os princípios que regem a interpretação. A interpretação é a aplicação da Hermenêutica. Interpretação é uma ação que consiste em estabelecer, simultânea ou consecutivamente, comunicação verbal ou não verbal entre duas entidades. Consiste, também na descoberta do sentido e significado de algo geralmente proveniente da ação humana. A interpretação jurídica é um processo de atribuição de sentido aos enunciados de textos ou normas jurídicas, visando à resolução de um caso concreto. Ou seja, “o estudo e a sistematização dos processos aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das expressões do Direito” (MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e Aplicação do Direito, 20ª edição. Forense, 05/2011. VitalBook file). Positivistas X Moralistas O que guiaria o intérprete legislativo no momento de sua decisão? Para os positivistas, a ponderação e o equilíbrio determinariam um melhor encaixe da interpretação à situação, não existindo, assim, uma solução correta única, haja vista o grande número de princípios no ordenamento. Para os moralistas, como Dworkin, existe uma interpretação correta, que deve estar de acordo com o que ele chama de valor da integridade. O grande embate entre estas duas correntes justifica-se exatamente pelo fato de que o positivismo vê uma fidelidade ao direito imposto pelas autoridades competentes, decorrentes da estrutura e hierarquia, enquanto o moralismo entende que deve haver uma participação de valores e princípios, de um modo geral na aplicação do direito, que tem uma pretensão de correção, segundo Alexy. O pensador inglês Herbert Hart, tido como um dos principais representantes da escola do Positivismo Jurídico, que teve lugar na segunda metade do século XX, manteve a defesa da tese kelseniana da separação entre o Direito e a Moral, sendo que, a partir dessa premissa metodológica, propôs um conceito analítico de Direito. Teses defendidas por Hart: A tese da Neutralidade, segundo a qual o conceito de Direito tem que ser definido prescindindo-se de seu conteúdo. A tese do Subjetivismo, segundo a qual os critérios do Direito "reto" são de natureza subjetiva. Outras teses atribuídas a Hart por seus críticos: A tese da Lei, segundo a qual o conceito de Direito deve ser definido mediante o conceito de Lei. A tese da Subsunção, segundo a qual a aplicação do Direito pode ser levada a cabo em todos os casos mediante uma subsunção livre de valorações. A tese do Legalismo, segundo a qual as normas do Direito devem ser obedecidas em todas as circunstâncias. O modelo kelsiano de métodos de interpretação (autêntico e doutrinário) é considerado majoritariamente pelos autores como ultrapassado. A hermenêutica é um discurso do poder de violência simbólica e como tal, apenas se preocupa em determinar como a teoria dogmática (incluindo os textos normativos) deve ser interpretada sem explicar (zetética) como é o sentido do Direito. Interpretação gramatical, lógica e sistemática. Serve para solucionar os problemas léxicos, lógicos e sistemáticos eliminado suas inconsistências. Pressupõe que a ordem das palavras e o modo que estão conectadas são importantes para obter-se o correto significado da norma. Trata, também, as palavras da lei na forma de conceitos e da compatibilidade no todo estrutural (Ex:. revogação tácita). Interpretação histórica, sociológica e evolutiva. A histórica leva em consideração sua gênese no tempo (precedentes). A sociológica considera a estrutura momentânea da situação. Ou, ainda, sua evolução entre as duas situações fáticas. Interpretação teleológica e axiológica. Como a hermenêutica também entende que as atividades humanas têm uma razão prática (pragmática), certos textos e seus conteúdos normativos devem ser entendidos a partir de suas finalidades (teleologia) e de sua função (axiologia). Autêntico: é a interpretação que provém do legislador que redigiu a regra a ser aplicada, de modo que demonstra no texto legal qual a mens legis que inspirou o dispositivo legal. Doutrinário: é dada pela doutrina, ou seja, pelos cientistas jurídicos, estudiosos do Direito que inserem os dispositivos legais em contextos variados, tal como sua relação com outras normas, os acontecimentos históricos, os entendimentos jurisprudenciais incidentes e demais complementos exaustivos de conhecimento das regras. Jurisprudencial: produzida pelo conjunto de sentenças, acórdãos, súmulas e enunciados proferidos tendo por base discussão legal ou litígio em que incidam a regra da qual se busca exaurir o processo hermenêutico. Literal: busca o sentido do texto normativo, com base nas regras comuns da língua, de modo a se extrair dos sentidos oferecidos pela linguagem ordinária os sentidos imediatos das palavras empregadas pelo legislador. Histórico: busca o contexto fático da norma, recorrendo aos métodos da historiografia para retomar o meio em que a norma foi editada, os significados e aspirações daquele período passado, de modo a se poder compreender de maneira mais aperfeiçoada os significados da regra no passado e como isto se comunica com os dias de hoje. Sistemático: considera em qual sistema se insere a norma, relacionando-a às outras normas pertinentes ao mesmo objeto, bem como aos princípios orientadores da matéria e demais elementos que venham a fortalecer a interpretação de modo integrado, e não isolado. Teleológico: busca os fins sociais e propósitos (telos – gr.) e bens comuns da lei e da norma em geral, dando-lhe certa autonomia em relação ao tempo que ela foi feita. Sociológico: é a interpretação na visão do homem moderno, ou seja, aquela decorrente do aprimoramento das ciências sociais, de modo que a regra pode ser compreendida nos contextos de sua aplicação, quais sejam o das relações sociais, de modo que o jurista terá um elemento necessário a mais para considerar quando da apreciação dos casos concretos ante a norma. Holístico: abarca o texto à luz de um mundo transdiciplinar (filosofia, história, sociologia...) interligado e abrangente. Inclusive, dando margem a desconsiderar certo texto em detrimento de uma justiça maior no caso concreto e não representada na norma entendida exclusivamente e desligada dos outros elementos da realidade que lhe dão sentido. Com base nos métodos teleológico e axiológico. Efeito especificador da interpretação. O sentido da norma cabe na letra de seu enunciado (economia do pensamento), pois a letra da lei está em harmonia com a mente do legislador (mens legis) ou o espírito do da lei, cabendo ao intérprete apenas constatar a coincidência. Para elucidar o conteúdo da norma não é necessário sempre ir até o fim de suas possibilidades significativas, mas até o ponto em que os problemas pareçam razoavelmente decidíveis. Ou seja, basta que o interprete encontre no contexto o significado (clareza) interpretativo. Interpretar termos normais segundo seu uso normal, comum, natural, ordinário ou popular; e, os termos técnicos segundo seu sentido técnico. Ex:. “Culpa de terceiro” – art. 930, CC; “interpelação” art. 397, 474 ou 525,CC. Efeito Restritivo da Interpretação . Ocorre sempre que se limita o sentido da norma, não obstante a amplitude de sua expressão literal. A garantia dos direitos fundamentais deve ser interpretada restritivamente (com ambiguidade conotativa). Símbolos como liberdade, vida, saúde e segurança são ambíguos. Mas, devem ser conotativamente restritos sempre que a norma lhes imponha regras. Ex:. Art. 220, CF. O exercício da liberdade de expressão pode ser delimitado nos termos admitidos na própria Constituição mediante lei (art. 5°, II, CF). Só a própria Constituição pode estabelecer competências restritivas, na forma de exceções. Uma exceção deve sofrer interpretação restritiva (contem vaguidade denotativa). Ex:. Art. 37, XVI, CF. Efeito Extensivo da Interpretação. É a interpretação que amplia o sentido da norma para além do contido em sua letra. É o respeito à ratio legis, pois o legislador não pode prever todos os casos que a interpretação especificadora possa alcançar. O trabalho do interprete é tornar as mensagens normativas mais vagas e ambíguas do que são em geral em face da imprecisão natural da língua utilizada pelo legislador. Ex:. Direitos humanos – art. 5°, CF. Apenas de pessoas físicas (seres humanos) ou se estendem a pessoas jurídicas? ▪ Liberdade de expressão ou da manifestação de pensamento x imagem das pessoas (físicas e jurídicas) (art. 5°, IV, CF c/c art. 5°, X, CF). ▪ Pode a empresa rescindir o contrato de trabalho por justa causa por ato lesivo à honra ou à boa fama da empresa? (art. 482, k, CLT). ▪ O direito de resposta é uma garantia individual apenas ou se estende a empresas? (art. 5°, V, CF). Prof. Lourenço Torres