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Faculdade Joaquim Nabuco.

Prof. Ms. Lourenço Torres.


proflourencotorres@yahoo.com.br
 Classificação dogmática dos métodos e efeitos da
Interpretação Jurídica:
 Os métodos de interpretação:
▪ Gramatical.
▪ Lógico.
▪ Sistemático.
▪ Histórico.
▪ Sociológico.
▪ Evolutivo.
▪ Teleológico.
▪ Axiológico.
 Os efeitos da interpretação:
▪ Extensivo.
▪ Restritivo.
▪ Especificador.
 Atribui-se que o termo deriva do nome do deus da
mitologia grega Hermes, o mensageiro dos deuses, a
quem os gregos atribuíam a origem da linguagem e
da escrita e é considerado o patrono da comunicação
e do entendimento humano.
 Acepção do termo “hermenêutica”:
 Hermēneuein (gr.) e significa "declarar", "anunciar",
"interpretar", "esclarecer" e, por último, "traduzir".
 Significa que alguma coisa é "tornada compreensível"
ou "levada à compreensão".
 Ermēneutikē (gr.) que significa "ciência", "técnica" que
tem por objeto a interpretação de textos poéticos ou
religiosos.
 Conceito:
 Hermenêutica é um conjunto de métodos de interpretação
consagrados. São regras técnicas para obter um resultado.
 É um ramo da Filosofia que estuda a teoria da
interpretação, que pode referir-se tanto à arte (prática) da
interpretação como à teoria e ao treino (puramente
pedagógico) de interpretação.
 É um conjunto de instrumentos para a interpretação dos
enunciados jurídicos com a finalidade de construir o sentido
da norma jurídica.
 Hermenêutica não é o mesmo que interpretação – a
hermenêutica descobre e fixa os princípios que regem a
interpretação. A interpretação é a aplicação da Hermenêutica.
 Interpretação é uma ação que consiste em estabelecer,
simultânea ou consecutivamente, comunicação verbal
ou não verbal entre duas entidades.
 Consiste, também na descoberta do sentido e
significado de algo geralmente proveniente da ação
humana.
 A interpretação jurídica é um processo de atribuição
de sentido aos enunciados de textos ou normas
jurídicas, visando à resolução de um caso concreto. Ou
seja, “o estudo e a sistematização dos processos
aplicáveis para determinar o sentido e o alcance das
expressões do Direito” (MAXIMILIANO, Carlos. Hermenêutica e
Aplicação do Direito, 20ª edição. Forense, 05/2011. VitalBook file).
Positivistas X Moralistas
O que guiaria o intérprete legislativo no momento de sua
decisão?
 Para os positivistas, a ponderação e o equilíbrio determinariam um
melhor encaixe da interpretação à situação, não existindo, assim, uma
solução correta única, haja vista o grande número de princípios no
ordenamento.
 Para os moralistas, como Dworkin, existe uma interpretação correta,
que deve estar de acordo com o que ele chama de valor da
integridade.
 O grande embate entre estas duas correntes justifica-se exatamente
pelo fato de que o positivismo vê uma fidelidade ao direito imposto
pelas autoridades competentes, decorrentes da estrutura e hierarquia,
enquanto o moralismo entende que deve haver uma participação de
valores e princípios, de um modo geral na aplicação do direito, que
tem uma pretensão de correção, segundo Alexy.
 O pensador inglês Herbert Hart, tido como um dos principais
representantes da escola do Positivismo Jurídico, que teve lugar na
segunda metade do século XX, manteve a defesa da tese kelseniana
da separação entre o Direito e a Moral, sendo que, a partir dessa
premissa metodológica, propôs um conceito analítico de Direito.
 Teses defendidas por Hart:
 A tese da Neutralidade, segundo a qual o conceito de Direito tem que ser
definido prescindindo-se de seu conteúdo.
 A tese do Subjetivismo, segundo a qual os critérios do Direito "reto" são de
natureza subjetiva.
 Outras teses atribuídas a Hart por seus críticos:
 A tese da Lei, segundo a qual o conceito de Direito deve ser definido
mediante o conceito de Lei.
 A tese da Subsunção, segundo a qual a aplicação do Direito pode ser
levada a cabo em todos os casos mediante uma subsunção livre de
valorações.
 A tese do Legalismo, segundo a qual as normas do Direito devem ser
obedecidas em todas as circunstâncias.
O modelo kelsiano de métodos de interpretação (autêntico e doutrinário) é considerado
majoritariamente pelos autores como ultrapassado.
A hermenêutica é um discurso do poder de violência simbólica e como tal, apenas se
preocupa em determinar como a teoria dogmática (incluindo os textos normativos)
deve ser interpretada sem explicar (zetética) como é o sentido do Direito.
 Interpretação gramatical, lógica e sistemática.
 Serve para solucionar os problemas léxicos, lógicos e sistemáticos eliminado suas
inconsistências. Pressupõe que a ordem das palavras e o modo que estão conectadas são
importantes para obter-se o correto significado da norma. Trata, também, as palavras da lei
na forma de conceitos e da compatibilidade no todo estrutural (Ex:. revogação tácita).
 Interpretação histórica, sociológica e evolutiva.
 A histórica leva em consideração sua gênese no tempo (precedentes). A sociológica
considera a estrutura momentânea da situação. Ou, ainda, sua evolução entre as duas
situações fáticas.
 Interpretação teleológica e axiológica.
 Como a hermenêutica também entende que as atividades humanas têm uma razão prática
(pragmática), certos textos e seus conteúdos normativos devem ser entendidos a partir de
suas finalidades (teleologia) e de sua função (axiologia).
 Autêntico: é a interpretação que provém do legislador que
redigiu a regra a ser aplicada, de modo que demonstra no
texto legal qual a mens legis que inspirou o dispositivo legal.
 Doutrinário: é dada pela doutrina, ou seja, pelos cientistas
jurídicos, estudiosos do Direito que inserem os dispositivos
legais em contextos variados, tal como sua relação com
outras normas, os acontecimentos históricos, os
entendimentos jurisprudenciais incidentes e demais
complementos exaustivos de conhecimento das regras.
 Jurisprudencial: produzida pelo conjunto de sentenças,
acórdãos, súmulas e enunciados proferidos tendo por base
discussão legal ou litígio em que incidam a regra da qual se
busca exaurir o processo hermenêutico.
 Literal: busca o sentido do texto normativo, com base nas
regras comuns da língua, de modo a se extrair dos sentidos
oferecidos pela linguagem ordinária os sentidos imediatos
das palavras empregadas pelo legislador.
 Histórico: busca o contexto fático da norma, recorrendo aos
métodos da historiografia para retomar o meio em que a
norma foi editada, os significados e aspirações daquele
período passado, de modo a se poder compreender de
maneira mais aperfeiçoada os significados da regra no
passado e como isto se comunica com os dias de hoje.
 Sistemático: considera em qual sistema se insere a norma,
relacionando-a às outras normas pertinentes ao mesmo
objeto, bem como aos princípios orientadores da matéria e
demais elementos que venham a fortalecer a interpretação de
modo integrado, e não isolado.
 Teleológico: busca os fins sociais e propósitos (telos – gr.) e
bens comuns da lei e da norma em geral, dando-lhe certa
autonomia em relação ao tempo que ela foi feita.
 Sociológico: é a interpretação na visão do homem moderno,
ou seja, aquela decorrente do aprimoramento das ciências
sociais, de modo que a regra pode ser compreendida nos
contextos de sua aplicação, quais sejam o das relações sociais,
de modo que o jurista terá um elemento necessário a mais
para considerar quando da apreciação dos casos concretos
ante a norma.
 Holístico: abarca o texto à luz de um mundo transdiciplinar
(filosofia, história, sociologia...) interligado e abrangente.
Inclusive, dando margem a desconsiderar certo texto em
detrimento de uma justiça maior no caso concreto e não
representada na norma entendida exclusivamente e desligada
dos outros elementos da realidade que lhe dão sentido.
Com base nos métodos teleológico e axiológico.
 Efeito especificador da interpretação.
 O sentido da norma cabe na letra de seu enunciado (economia do
pensamento), pois a letra da lei está em harmonia com a mente do
legislador (mens legis) ou o espírito do da lei, cabendo ao intérprete apenas
constatar a coincidência.
 Para elucidar o conteúdo da norma não é necessário sempre ir até o fim de
suas possibilidades significativas, mas até o ponto em que os problemas
pareçam razoavelmente decidíveis.
 Ou seja, basta que o interprete encontre no contexto o significado
(clareza) interpretativo.
 Interpretar termos normais segundo seu uso normal, comum, natural,
ordinário ou popular; e, os termos técnicos segundo seu sentido técnico.
 Ex:. “Culpa de terceiro” – art. 930, CC; “interpelação” art. 397, 474 ou
525,CC.
 Efeito Restritivo da Interpretação .
 Ocorre sempre que se limita o sentido da norma, não obstante a amplitude
de sua expressão literal.
 A garantia dos direitos fundamentais deve ser interpretada restritivamente
(com ambiguidade conotativa). Símbolos como liberdade, vida, saúde e
segurança são ambíguos. Mas, devem ser conotativamente restritos sempre
que a norma lhes imponha regras.
 Ex:. Art. 220, CF. O exercício da liberdade de expressão pode ser delimitado
nos termos admitidos na própria Constituição mediante lei (art. 5°, II, CF). Só
a própria Constituição pode estabelecer competências restritivas, na forma
de exceções.
 Uma exceção deve sofrer interpretação restritiva (contem vaguidade
denotativa).
 Ex:. Art. 37, XVI, CF.
 Efeito Extensivo da Interpretação.
 É a interpretação que amplia o sentido da norma para além do
contido em sua letra.
 É o respeito à ratio legis, pois o legislador não pode prever todos os
casos que a interpretação especificadora possa alcançar.
 O trabalho do interprete é tornar as mensagens normativas mais
vagas e ambíguas do que são em geral em face da imprecisão
natural da língua utilizada pelo legislador.
 Ex:. Direitos humanos – art. 5°, CF. Apenas de pessoas físicas (seres
humanos) ou se estendem a pessoas jurídicas?
▪ Liberdade de expressão ou da manifestação de pensamento x imagem das
pessoas (físicas e jurídicas) (art. 5°, IV, CF c/c art. 5°, X, CF).
▪ Pode a empresa rescindir o contrato de trabalho por justa causa por ato
lesivo à honra ou à boa fama da empresa? (art. 482, k, CLT).
▪ O direito de resposta é uma garantia individual apenas ou se estende a
empresas? (art. 5°, V, CF).
Prof. Lourenço Torres

proflourencotorres@yahoo.com.br

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