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CURSO DE ORIENTAÇÃO MEDIÚNICA

BABALORIXÁ MARCELO DE OXALÁ


T.D.U. CABOCLO 7 FLECHAS E PAI OXALÁ

O QUE É EXU? QUEM É EXU?

Devido a não existência de um livro sagrado unificado e centralizado da Umbanda, como


acontece em outras religiões, grande parte do conhecimento a respeito da religião e suas
entidades é passado boca a boca e entre gerações. Sendo assim, “O que é Exu?”, “Quem é essa
entidade? e como ela trabalha?”.
Essas informações são muito importantes e, às vezes, erroneamente difundidas devido à
presença do nome em diversas religiões e de preconceitos religiosos que surgiram com o passar
do tempo.
Sendo assim, chegou o momento de desmistificarmos esse conhecimento e entender de uma
forma mais clara essa energia e como ela trabalha a nosso favor.

O que é Exu?

O Exu é uma das entidades mais presentes nos terreiros umbanda por todo o Brasil.
Sabendo disso, o Exu é um espírito que pode estar em vários níveis de luz e vem na gira para
trabalhar retirando energias negativas de pessoas e ambientes, desfazendo trabalhos, e abrindo
caminhos para a evolução dos médiuns e consulentes presentes. Assim, ele é tido como uma
entidade de esquerda.
Sabe-se ainda que o Exu está sempre ligado à justiça, a aplicação das leis espirituais, a força,
proteção e vitalidade. A energia dessa entidade é também relacionada ao amor, ao sexo e a
criatividade, ou seja, o poder de criação dos seres, no sentido de dar a vida e no sentido da
capacidade de inovar.
Já no Candomblé o Exu é visto como o Orixá do movimento e da comunicação, ou seja, uma
divindade. Como tal, é visto como um mensageiro que faz a ponte entre o humano e o divino.
Agora que você entendeu o que ele é, é preciso entender: quem é Exu?

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Quem é Exu?

Para entendermos: Quem é Exu, precisamos reconstituir o caminho que a entidade percorreu,
desde a sua origem, entre os povos iorubás, até o contexto da umbanda, e especialmente,
compreender como surgiu a associação entre o Exu e o demônio.

Os iorubás constituem um dos maiores grupos étnicos da África, e estão assentados em Benin,
Costa do Marfim, Gana, Nigéria e Togo - países da África Ocidental. Na época do tráfico negreiro,
as pessoas em condição de cativeiro, oriundas desse grupo, eram chamadas de “nagôs”.

“Uma das hipóteses é que a demonização de Exu teria ocorrido ainda no continente originário”. A
perspectiva de andantes cristãos, que entraram em contato com os povos iorubás, entre os
séculos 19 e 20, contribuiu para esse fenômeno. Contudo, é necessário um panorama histórico e
cultural, sobre os cultos de matriz africana. Entre os povos locais, Exu era cultuado como um
Orixá, ou seja, como divindade. “As religiões de origem africana são baseadas na ancestralidade,
sendo que os próprios deuses, são entendidos como ancestrais divinizados”.

A deidade era considerada um ancestral distante, sendo que cada clã mantinha seu culto
específico. “Devido à situação precária, em que se encontravam os africanos, submetidos à
escravidão no Brasil, este modelo não pôde ser reproduzido”. Ao longo de séculos de tráfico
negreiro, famílias foram constantemente separadas, e raízes foram reprimidas. Assim, o
candomblé reuniu todos os Orixás ancestrais no mesmo culto. Essa foi a origem da roda dos
deuses, o chamado “Xirê”.

A umbanda, por sua vez, tem origem em território brasileiro no século 20. A data atribuída, à
primeira manifestação desse credo é 15 de novembro de 1908, quando o jovem Zélio Fernandino
de Moraes, recebeu o Caboclo das Sete Encruzilhadas, em um terreiro na cidade de Niterói, no
Rio de Janeiro.

“Na umbanda, a questão da ancestralidade permaneceu, mas foi interpretada sob o ponto de
vista do espiritismo, assim, as entidades são compreendidas, como espíritos de pessoas que
passaram pela terra”.

Sendo assim, no Brasil, a figura de Exu começou a sofrer um processo de ressignificação,


passando a assumir novas facetas.

Na umbanda, ao invés de Orixá, ele se torna um Egum, ou seja, a “alma de um espírito falecido”.
Os Eguns correspondem aos indivíduos, que pertenceram a classes ou grupos marginalizados da
sociedade. Ou seja, são os escravos, indígenas, imigrantes, crianças, mulheres e malandros.
“Nos terreiros, esses grupos se converteram em Pretos-Velhos, Caboclos, Baianos, Exus Mirins,
Pombagiras e Exus, respectivamente”. Nesse sentido, os Eguns representam pessoas que
ajudaram a construir a história do povo brasileiro, mas que foram marginalizadas, sendo
resgatadas como entidades importantes no credo Umbandista.

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A categorização enquanto Egum (ao invés de Orixá), é uma das novas formas atribuídas a Exu
no contexto tupiniquim. Nesse sentido, passam a conviver, no âmbito dos credos afro-brasileiros,
o Exu-Orixá, (cultuado pelo candomblé), e o Exu-Entidade, (reverenciado pela umbanda).

Qual é a função do Exu?

A função do Exu é unicamente fazer o bem, em tese. Pois Exu, têm em todos os aspectos, os
mesmos gostos e desejos que nós neste plano também temos. São os mais próximos do nosso
plano terreno. Gostam das coisas boas da vida, como por exemplo, uma boa bebida, boa comida,
bom cigarro, roupas boas, etc.
O único sentimento que Exu não têm e não pratica é a compaixão. Então, dependendo de onde
Exu é solicitado, pra que ele é solicitado e como ele vai ser pago, porque Exu não faz nada de
graça, ele executa o que lhe é pedido.
Mas lembre-se bem, “Exu atende o pedido, mas quem faz é você!”
Existe até um ponto cantado que se refere a isso, que diz:

Exu é assim. Assim ele é.


Ele pode não ser anjo, mas diabo ele não é.
Eu sei que você sabe, Mas eu falo pra você.
Dendezeiro não dá mel, Abelha não faz dendê.
Aquele que hoje fere, Ferido amanhã vai ser.
Pois Tudo que vai tem volta, Se subir, pode descer.
Exu é assim, assim ele é.
Ele pode não ser anjo, Mas diabo ele não é.
Na escolha dessa vida, Pense bem, preste atenção.
Quem prefere a claridade, Não busca escuridão.
A semente que plantar, É a colheita que vai ter.
Exu atende um pedido, Mas quem pede é você.

Sendo assim, diferente do que muitos pensam, e devido a um contexto histórico, que remonta
desde a colonização do Brasil, Exu é uma entidade exclusivamente do bem, que, por meio de seu
jeito irreverente de ser, traz para aqueles que o procuram a verdade, o despertar de capacidades,
e a cura de mazelas, e crenças limitantes.

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Demonização

Como dito anteriormente, devido às origens das religiões afro-brasileiras, e a um contexto


histórico, que remonta desde a colonização, o sincretismo é algo muito presente na Umbanda.
Esse sincretismo, é a reinterpretação dos elementos de uma religião, aos olhos de outra, algo que
aconteceu muito com a Umbanda, em relação a igreja Católica.
Dessa maneira, Oxum se assemelhou a Nossa Senhora da Conceição ou Nossa Senhora
Aparecida, Oxalá a Jesus, Iansã a Santa Bárbara e assim por diante. Mas e o Exu, quem ele é
para a visão católica?
Devido a forma como Exu é representado, em imagens e suas formas de culto, (com tridentes,
capas e cartolas), muitas vezes ele é confundido e erroneamente associado, com a visão Católica
de “Diabo”, por isso acaba sendo tão temido por alguns.
No entanto, pensando em sua energia, e nos atributos desses espíritos tão queridos, sabemos
que ele passa longe desta temida figura.
Assim, no sincretismo, o Exu é tratado por algumas vertentes da Umbanda, como Santo Antônio,
tendo até mesmo a data de homenagem igual, dia 13 de junho, e por algumas outras como São
Gabriel Arcanjo.

Em 1961, o frei católico Boaventura Kloppenburg, escreveu um livro intitulado ‘Umbanda -


orientação para os católicos’, no qual aponta Exu, como evidência para um suposto culto
demoníaco”. Entre 1962 e 1965, foi realizado o Concílio Vaticano II, que contou com a
participação de mais de duas mil autoridades eclesiásticas, e, entre os consensos alcançados, foi
optado pelo ecumenismo, enquanto prática a ser adotada nas relações com as demais religiões.
“Após o Concílio, a perseguição católica foi amenizada”.
Entretanto, houve um reavivamento da intolerância, com o surgimento no Brasil, de um segmento
evangélico neopentecostal na década de 1970, que elegeu as crenças afro-brasileiras, e o
espiritismo, como os principais inimigos da obra de Deus. Nesse contexto, outros grupos
religiosos, assimilaram o mesmo discurso. Hoje, essas igrejas, são as principais mantenedoras da
demonização, não apenas de Exu, mas das religiões de matriz africana, como um todo.
Entretanto, a umbanda, tem lidado com esse imaginário, de duas formas muito distintas: em
partes, ela tenta negar esse caráter negativo e demoníaco, ao mesmo tempo em que assume
outros aspectos desse caráter. basta ver as imagens que encontramos de Exu, nas lojas de
artigos religiosos, sempre vermelho, com chifres e tridentes, etc. Mas não podemos esquecer,
que essas imagens são criadas e feitas pelos homens, talvez até com o intuito de causar um
pouco de medo mesmo, em pessoas e grupos muito intolerantes.
Na Umbanda de hoje, com todas as suas vertentes, os próprios Umbandistas interpretam os Exus
e Pombagiras de maneiras diferentes.

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