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Doutrinação – entende Exu e Pombogira

Doutrinação Exu

Exus e Pombogiras são espíritos que já encarnaram na terra. Estes


espíritos optaram por prosseguir sua evolução espiritual através da
prática da caridade, incorporando nos terreiros de Umbanda e
trabalhando no planto astral como reguladores e executores das Leis
Divinas. São muito amigos, quando tratados com respeito e carinho. Estes espíritos, assim
como os Preto-velhos, crianças e caboclos, são servidores dos Orixás.

Exu quase sempre foi visto no Brasil como uma entidade vinculada a elementos negativos,
quando não associada diretamente ao próprio Diabo Cristão, influência dos discursos de
alguns dos principais viajantes europeus que pisaram em terras Iorubás durante o século
XIX. Tais visões inferiorizantes influenciaram na forma com que o Exu seria ressignificado
na Umbanda brasileira.

Na diáspora africana, o Orixá Exu sofreu múltiplos processos de ressignificações e


hibridizações, dando origem a uma multiplicidade de seres diferentes, indo desde o Exu-
orixá cultuado nos Candomblés, até o “Exu-egum” presente nos terreiros da Umbanda e
Quimbanda.

Exu Orixá ELEBARA

Exú é o 1º nascido da existência e, como tal, o símbolo do elemento procriado. Mensageiro


dos orixás, elemento de ligação entre as divindades e os homens; há um tempo mais
próximo do mundo terreno e mais perto do elevadíssimo espaço celeste por onde transita
Òrúnmìlà.

É um orixá, é sempre a primeira divindade a receber as oferendas, justamente para que


atue como um aliado e não como um rival que perturbe os procedimentos místicos
desenvolvidos durante os rituais.

A palavra Èsù em yorubá significa "esfera" e, na verdade, Exu é o orixá do movimento. De


caráter irascível, ele se satisfaz em provocar disputas e calamidades àquelas pessoas que
estão em falta com ele. No entanto, como tudo no universo, possui de um modo geral dois
lados, ou seja: positivo e negativo. Exu também funciona de forma positiva quando é bem
tratado. Daí ser Exu considerado o mais humano dos orixás, pois o seu caráter lembra o do
ser humano que é de um modo geral muito mutante em suas ações e atitudes.

Coerente com seu lugar mítico privilegiado é ele que abre esse "corpus mitopoético”.
Princípio dinâmico e princípio da existência individualizada, Exú não podem ser isolado ou
classificado em nenhuma das categorias. Ele é como o axé (que ele representa e
transporta), participa forçosamente de tudo. O Òkòtó representa o crescimento. Agbárá -
poder que permite a cada um se mobilizar e desenvolver suas funções e seus destinos. Por
isso recebe o título de Elegbára (senhor do poder).

Quem delegou esse poder a exú foi Olorún ao entregar-lhe o àdó-iràn, a cabaça que
contém a força que se propaga. Esta cabaça está presente em seus "assentos", é uma
cabaça de pescoço grande, e basta exú apontá-la a algo para transmitir seu axé. Exú
Elegbára é o companheiro de Ogun. Exú Yangi é o Exú ancestre, o Exú Agbá. Oxé-tuwá,

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representante direto de exú, simboliza um de seus aspectos mais
importantes, o de ser encarregado e transportador das oferendas,
Òjise-ebo. Exú por ser resultado da interação de um par, é o portador
mítico do sêmen e do útero ancestral e como princípio de vida
individualizada ele sintetiza os dois, É por isso que freqüentemente, e,
é representadas pela forma de um par, uma figura masculina e uma feminina, unida por
fileiras de búzios. Exú está profundamente ligado à atividade sexual. Representados por
um falo (pênis), ou suas representações simbólicas como: os penteados de forma fálica,
sua arma, o ogó - bastão em forma de pênis -, sua lança; já as cabacinhas representam
seus testículos.

“Exu é o Guardião das Passagens e Porteiras que existem em nosso mundo visível,
protegendo, para que não adentrem em nosso ambiente as influências negativas. Sua
característica mais marcante é a de transmissor da fertilidade e da fecundação. Caminha
no tempo e espaço com tranquilidade, abrindo nossos caminhos.

Difícil falar de Exu sem comentar a controvertida face do mal que se formou no imaginário
popular. Outro ponto bastante discutível é se ele é um Orixá ou apenas mais uma Entidade
representativa do ser humano. Mas o Orixá Exu é muito mais que isso; tanto pode se
apresentar no mundo visível que conhecemos, como também no mundo dos Orixás,
Entidades e Espíritos dos Mortos. Os Exus enquanto entidades espirituais, são Entidades
muito poderosas, mas qualquer um que se utilize de sua vibração deve tomar sempre
muito cuidado para não causar um desequilíbrio energético. Ele é o mensageiro, aquele
que leva nossos pedidos até o conhecimento dos Orixás.

Os yorubás cultuam Exu em um pedaço de pedra porosa chamada Yangi, ou fazem um


montículo grotescamente modelado na forma humana com olhos, nariz e boca feita de
búzios. Ou ainda representam Exu em uma estatueta enfeitada com fileiras de búzios tendo
em suas mãos pequeninas cabaças onde ele, Exu, carrega diversos pós de elementais da
terra utilizados de forma bem precisa, em seus trabalhos. Exu tem a capacidade de ser o
mais sutil e astuto de todos os orixás. E quando as pessoas estão em falta com ele,
simplesmente provoca mal entendidos e discussões entre elas e prepara-lhes inúmeras
armadilhas. Diz um orìkì que: "Exu é capaz de carregar o óleo que comprou no mercado
numa simples peneira sem que este óleo se derrame". E assim é Exu, o orixá que faz: o
erro virar acerto e o acerto virar erro.

Na época da escravidão, os negros africanos dançavam nas senzalas e os brancos


entendiam como uma simples saudação aos seus deuses. Mas ali incorporavam seus Exus
que, com seu jeito de se movimentar e gritar, acabavam por assustá-los. Estes, os
brancos, agrediam os médiuns, dizendo que estavam possuídos pelo demônio. Com o
tempo, os brancos conheceram melhor a religiosidade africana e sabiam das entregas
feitas a Exu, confirmando, em sua visão deturpada, a “incorporação do demônio”.

Dessa forma, essas e outras incorporações mal interpretadas foram se inserindo na


mentalidade do povo, fazendo com que esse grave erro de entendimento perdurasse por
muitos anos, acima de seu verdadeiro contexto. Infelizmente, nosso querido Guardião Exu
ainda é visto por muitos como aquele que faz o mal, e se satisfaz com o que esse mal
possa provocar.

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Durante anos e anos, segmentos religiosos contrários fizeram de tudo
para atribuir-lhe conceitos errôneos, criando demônios para defini-lo.
Tudo isso não passa de uma grande e injusta mentira, que hoje, graças
à evolução, está sendo derrubada, fazendo com que muitos conheçam
sua verdadeira função e atividade, que é a de guardião e controlador
da Criação e do Universo.

É através do Exu que nós, seres humanos, conseguimos exercer nosso livre arbítrio,
falando diretamente de nosso coração. Muitos procuram Exu para satisfazer desejos
mesquinhos de vingança, sem se importar com a Lei da Evolução, que é implacável e
devolve tudo quando menos se espera.”

Exu é um Orixá ou uma Entidade?

RESPOSTA: É indiscutível que Exu é um Orixá com a mesma grandeza que os outros.
Assim como o Orixá Ogum, em que as linhas de trabalho se apresentam como Caboclos de
Ogum, o Orixá Exu tem suas linhas de trabalho que se apresentam como Exus dos mais
variados campos: Exus das Encruzilhadas, Exus do Cemitério, Exus das Matas, Exus das
Pedreiras, que nada mais são do que manifestadores do Mistério Exu na irradiação dos
Orixás.

O que caracteriza hoje a Gira de Esquerda e até que ponto ela é importante para a
Umbanda?

RESPOSTA: a Gira de Esquerda é indispensável para a Umbanda, porque trabalhamos com


a força dos Orixás, e quem trabalha com a força dos Orixás deve também se utilizar da
Linha de Esquerda, onde trabalham as Entidades que lidam, controlam e refreiam um
pouco as investidas dos espíritos do baixo astral. Nas Giras de Esquerda, Exu e Pomba-Gira
são indispensáveis, porque são eles que lidam com essas forças negativas.

É possível ao Exu prestar a caridade?

RESPOSTA: Da mesma forma que a caridade prestada pelo Caboclo. Dentro do trabalho
espiritual, Exu está para servir às pessoas, apenas tem uma forma diferente de trabalho
por lidar com as forças negativas dentro daquilo que foi reservado a ele, que precisa de
elementos específicos. Enquanto o Caboclo precisa de uma oferenda com frutas, velas
coloridas e flores, o Exu precisa da mesma oferenda, mas usando a pimenta, o dendê,
pinga, velas pretas, charutos e moedas, elementos característicos que ele manipula com
muita facilidade, e usa também esses mesmos elementos para fazer a limpeza etérica e
espiritual das pessoas.

O Exu possui uma característica dupla: tanto pode ser ativado para abrir como para fechar
os caminhos. O que as pessoas precisam entender é que Exu é neutro, o responsável pelos
atos é quem os pratica. Que cada um use o Mistério Exu em seu benefício e de seu
semelhante, nunca para prejudicar o próximo. Assim, estará ajudando na evolução do
próprio Exu, tirando seu negativismo, e comecem a resgatá-lo, pois ele é preciosíssimo

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para a Umbanda, é o Mistério da Esquerda, é indispensável, não
podemos ficar sem a Entidade Exu na Umbanda, e não podemos
permitir que as pessoas usem seu poder duplo para acertar contas
terrenas, porque estarão contrariando a evolução e tudo retornará a
elas, com toda certeza.”

MAS ENTÃO QUEM É EXU?

Ele é o guardião dos caminhos, soldado dos Pretos-velhos e Caboclos, emissário entre os
homens e os Orixás, lutador contra o mau, sempre de frente, sem medo, sem mandar
recado. Exu, termo originário do idioma Yorubá, da Nigéria, na África, divindade afro e que
representa o vigor, a energia que gira em espiral. No Brasil, os Senhores conhecidos como
Exus, por atuarem no mistério cuja energia prevalente é Exu, e tanto assim, em todo o
resto do mundo são os verdadeiros Guardiões das pilastras da criação. Preservando e
atuando dentro do mistério Exu. Verdadeiros cobradores do carma e responsáveis pelos
espíritos humanos caídos representam e são o braço armado e a espada divina do Criador
nas Trevas, combatendo o mal e responsáveis pela estabilidade astral na escuridão.
Senhores do plano negativo atuam dentro de seus mistérios regendo seus domínios e os
caminhos por onde percorre a humanidade.

Em seus trabalhos Exu corta demandas, desfaz trabalhos e feitiços e magia negra, feitos
por espíritos malignos. Ajudam nos descarregos e desobsessões retirando os espíritos
obsessores e os trevosos, e os encaminhando para luz ou para que possam cumprir suas
penas em outros lugares do astral inferior. Seu dia é a Segunda-feira, seu patrono é Santo
Antônio, em cuja data comemorativa tem também sua comemoração. Sua bebida ritual é a
cachaça, mas não é permitido o uso de cachaça para ser ingerida dentro do terreiro
durante as sessões, para este fim, cada um tem a sua preferência.

Sua roupa, quando lhe é permitido usá-la tem as cores preta e vermelha, podendo também
ser preta e branca, ou conter outras cores, dependendo da irradiação a qual correspondem.
Completa a vestimenta o uso de cartolas (ou chapéus diversos), capas, véus, e até mesmo
bengalas e punhais em alguns casos.

A roupagem fluídica dos Exus varia de acordo com o seu grau evolutivo, função, missão e
localização. Normalmente, em campos de batalhas, eles usam o uniforme adequado. Seu
aspecto tem sempre a função de amedrontar e intimidar. Suas emanações vibratórias são
pesadas, perturbadoras. Suas irradiações magnéticas causam sensações mórbidas e de
pavor. É claro que em determinados lugares, eles se apresentarão de maneira diversa. Em
centros espíritas, podem aparecer como "guardas". Em caravanas espirituais, como
lanceiros. Já foi verificado que alguns se apresentam de maneira fina: com ternos,
chapéus, etc. Eles têm grande capacidade de mudar a aparência, podem surgir como seres
horrendos, animais grotescos, etc. Às vezes temido, às vezes amado, mas sempre alegre,
honesto e combatente da maldade no mundo, assim é Exú, caridosos, benevolentes, etc.
Mas, como podemos tratar mentes transviadas no mal? Os exus usam as ferramentas que
sabem usar: a força, o medo, as magias, as capturas, etc. Os métodos podem parecer,
para nós, um pouco sem "amor", mas eles sabem como agir quando necessitam que a Lei
chegue às trevas. Eles ajudam aqueles que querem retornar à Luz, mas não auxiliam
aqueles que querem "cair" nas trevas. Quando a Lei deve ser executada, Eles a executam
da melhor maneira possível doa a quem doer.

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Os exus, como executores da Lei e do Karma, esgotam os vícios
humanos, de maneira intensiva. Às vezes, um veneno é combatido com
o próprio veneno, como se fosse a picada de uma cobra venenosa.
Assim, muitos vícios e desvios, são combatidos com eles mesmos. Um
exemplo, para ilustrar: Uma pessoa quando está desequilibrada no
campo da fé, precisa de um tratamento de choque. Normalmente ela,
após muitas quedas, recorre a uma religião e torna-se fanática, ou seja, ela esgota o seu
desequilíbrio, com outro desequilíbrio: a falta de fé com o fanatismo. Parece um paradoxo?
Sim, parece, mas é extremamente necessário. Outro exemplo é o vicio as drogas, onde é
preciso de algo maior para esgotar este vicio: ou a prisão, a morte, uma doença, etc. A Lei
é sempre justa, às vezes somente um tratamento de choque remove um espírito do mau
caminho. E são os exus que aplicam o antídoto para os diversos venenos.

Os Exus estão ligados de maneira intensiva com os assuntos terra-a-terra (dinheiro,


disputas, sexo, etc.). Quando a Lei permite, Eles atendem aos diversos pedidos materiais
dos encarnados. Os Exus tem sob o domínio todas as energias livres, contidas em: sangue,
cadáveres, esperma, etc. Por isso, seus campos de atuação são: cemitérios, matadouros,
prostíbulos, boates, necrotérios, etc. Eles lá estão, porque frenam (bloqueiam) as
investidas dos kiumbas e espíritos
endurecidos que se comprazem nos vícios e na matéria.

Os kiumbas, seres astutos, conseguem se manifestar como um Exu, num terreiro muito
preso às magias negras e assuntos que nada trazem elevação espiritual. Ao se
manifestarem, pedem inúmeras oferendas, trabalhos, despachos, em troca destes favores
fúteis. Normalmente eles pedem muito sangue, bebidas alcóolicas e fumo. Chegam a
enganar tanto (ou fascinar) que fazem as mulheres que procuram estes "terreiros",
pagarem as suas "contas" fazendo sexo com o médium "deles". Ou seja, eles vampirizam o
casal, quando o ato sexual se efetua. Mas, e os verdadeiros exus deixam? É uma pergunta
que comumente fazemos, quando estes disparates ocorrem. Os exus permitem isso, para
darem lição nestes falsos chefes de terreiros ou médiuns.

Como foi dito, os métodos dos exus, para fazer com que a Lei se cumpra, são variados.
Muitas vezes, também, a obsessão é tão grande e profunda que os exus, não podem
separar de uma só vez obsedado e obsessor, pois isso causaria a ambos um prejuízo
enorme. Outras vezes, os exus, deixam que isso aconteça, para criar "armadilhas" contra
os kiumbas, que uma vez instalados nos terreiros, são facilmente capturados e assim, após
um interrogatório, podem revelar segredos de suas organizações, que logo em seguida,
são desmanteladas. Alguns terreiros, depois disso, são também desmantelados pelas ações
dos exus, causando doenças que afastam os médiuns, as pessoas, etc.

Existem algumas coisas com as quais um guia da direita (caboclo, preto-velho e criança)
não lida, mas quando se pede a um Exu, ele vai até essa sujeira, entra e tira a pessoa do
apuro. Se tiver alguém para te assaltar ou te matar, os Exus te ajudam a se livrar de tais
problemas, desviando o bandido do seu caminho, da mesma forma a Pomba-Gira, não
rouba homem ou traz mulher para ninguém, são espíritos que conhecem o coração e os
sentimentos dos seres humanos e podem ajudar a resolver problemas conjugais e
sentimentais.

Para finalizar, se você vier pedir a um Exú de Lei (de verdade) para prejudicar alguém,
pode estar certo que você será o primeiro a levar a execução da Justiça. Mas, se você não
estiver em um centro sério, e a entidade travestida ou disfarçada de Exú aceitar o seu
pedido... Bom, quando esta vida terminar, e você for para o outro lado... Você será apenas
cobrado!

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AS POMBO-GIRAS

O termo Pombo-Gira é corruptela do termo "Bombogira" que significa


em Nagô, Exu. Se Exu já é mal interpretado, confundindo-o com o
Diabo, quem dirá a Pomba-Gira? Dizem que Pomba-Gira é uma mulher
da rua, uma prostituta. Que Pomba-Gira é mulher de Sete Exus! As distorções e
preconceitos são características dos seres humanos, quando eles não entendem
corretamente algo, querendo trazer ou materializar conceitos abstratos, distorcendo-os.
Pombo-Gira é um Exu Feminino, na verdade, dos Sete Exus Chefes de Legião, apenas um
Exu é feminino, ou seja, ocorreu uma inversão destes conceitos, dizendo que a Pombo-gira
é mulher de Sete Exus e, por isso, prostituta. É claro que em alguns casos, podem ocorrer
que uma delas, em alguma encarnação tivesse sido uma prostituta, mas, isso não significa
que as pombo-giras tenham sido todas prostitutas e que assim agem.

A função das pombo-giras, está relacionada à sensualidade. Elas frenam os desvios sexuais
dos seres humanos, direcionam as energias sexuais para a construção e evitam as
destruições. A sensualidade desenfreada é um dos "sete pecados capitais" que destroem o
homem: a volúpia. Este vicio é alimentado tanto pelos encarnados, quanto pelos
desencarnados, criando um ciclo ininterrupto, caso as pombo-giras não atuassem neste
campo emocional. As pombo-giras são grandes magas e conhecedoras das fraquezas
humanas. São, como qualquer exu, executoras da Lei e do Karma.

Cabe a elas esgotar os vícios ligados ao sexo. Quando um espírito é extremamente viciado
ao sexo, elas, às vezes, dão a ele "overdoses" de sexo, para esgotá-lo de uma vez por
todas. Elas, ao se manifestarem, carregam em si, grande energia sensual, não significa que
elas sejam desequilibradas, mas sim que elas recorrem a este expediente para
"descarregar" o ambiente deste tipo de energia negativa. São espíritos alegres e gostam de
conversar sobre a vida. São astutas, pois conhecem a maioria das más intenções.

Em realidade os Exus constituem-se em uma notável falange de abnegados espíritos


combatentes de nossa Umbanda. São hierarquicamente organizados e realizam tarefas
atinentes à sua faixa vibratória. São os elementos de execução e auxiliares dos Orixás,
Guias e Protetores, tendo, entre outras tarefas, a de serem as sentinelas das casas de
Umbanda, de policiarem o baixo astral e anularem trabalhos de baixa magia. Ao contrário
do que pensam alguns, têm noção exata de Bem e Mal. São justos, ajudando a cada um
segundo ordens superiores e merecimento daquele que pede auxílio.

São os Exus que freiam as ações malévolas dos obsessores que atormentam os humanos
no dia-a-dia. São os vigilantes ostensivos, a tropa de choque que está alerta contra os
kiumbas, prendendo-os e encaminhando-os à Colônias de Regeneração ou Prisões Astrais.
Em algumas ocasiões baixam em templos de Umbanda, ou mesmo em templos de outras
religiões, espíritos que tumultuam o ambiente, promovendo espetáculos circenses,
galhofas, e se comportando de maneira deselegante para com os presentes, xingando-os e
proferindo palavras de baixo calão. Comportamento como estes não devem ser imputados
aos Exus, e sim aos Kiumbas, espíritos moralmente atrofiados e que ainda não
compreenderam a imutável Lei de Evolução, apegados que estão aos vícios, desejos e
sentimentos humanos. Os Kiumbas, para penetrarem nos terreiros, fingem ser Caboclos,
Pretos-Velhos, Exus, Crianças etc., cabendo ao Guia-chefe da Casa estar sempre vigilante
ante a determinadas condutas, como palavrões, exibições bizarras, ameaças etc.

Um outro aspecto importante que merece ser suscitado diz respeito a alguns "médiuns"
infiltrados no movimento umbandista. Despidos das qualidades nobres que o ser humano
necessita buscar para seu progresso espiritual, contaminam e desarmonizam os locais de

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trabalhos espirituais. Tentam impressionar os menos esclarecidos com
gracejos, malabarismos, convites imorais, encharcados de aguardente.
"Desincorporados", atribuem aos Exus e Pombo-giras tais
comportamentos. Fatos como estes são afetos a pessoas sem
escrúpulos, moral ou ética, pessoas perniciosas que aproveitam a
imagem distorcida de Exu para exteriorizarem o seu verdadeiro "eu".
Estes "médiuns", não raras vezes, acabando caindo no ridículo, ficam desacreditados,
dando margem, segundo a Lei de Afinidades, a aproximação e posterior tormento por parte
dos obsessores.

Os Exus são espíritos que, como nós, buscam a evolução, a elevação, empenhando-se o
mais que podem para aplicarem as diretrizes traçadas pelo Mestre Jesus. É bem verdade
que em seu estágio inicial os Exus ainda têm um comportamento às vezes instável,
cabendo aos verdadeiros umbandistas o dever de não deixar que se desvirtuem de seu
avanço espiritual. Alguns maus-Umbandistas, que se não agem por má-fé, o fazem por
falta de vontade de estudar a respeito, difundem esta visão negativa de Exu, fazendo com
que os iniciantes no culto fiquem temerosos quando um Exu se manifesta.

Estes elementos prestam um desserviço à religião, promovendo o terror, a obscuridade, o


conflito, a confusão. Diminuem os Exus à condição de espíritos interesseiros, astutos e
cruéis; que são maus para uns e bons para outros, dependendo dos agrados ou presentes
que recebam; de moral duvidosa, fumando os melhores charutos e bebendo os melhores
uísques. A que ponto pode chegar a ignorância humana em visualizar estes seres
espirituais como meros negociantes ilícitos, fazendo dos terreiros balcão de negócios, em
total dissonância com o bom senso e a Lei Suprema.

“Lamentável!!! Profundamente lamentável!!!”

Esta é uma das expressões que mais passam pela mente dos verdadeiros e estudiosos
umbandistas ao percorrerem alguns terreiros e verificar quão distorcido é o conceito sobre
a figura dos Exus. Espíritos mal compreendidos, mas que, apesar disto, continuam a
contribuir eficazmente para os trabalhos de Umbanda, como humildes trabalhadores
espirituais, que não medem esforços para minorar o sofrimento humano.

— Exu é o mais humano dos mistérios de Umbanda, porque assimila tudo o que seu
médium vibra em seu íntimo. E se assim é, é porque Exu é "especular" (semelhante a um
espelho) e reflete em si a natureza emotiva do seu médium, por meio da qual ele se mani-
festa quando incorpora. Negativamente, temos:

Médiuns soberbos - Exus prepotentes


Médiuns tímidos - Exus circunspectos
Médiuns briguentos - Exus encrenqueiros
Médiuns chulos - Exus desbocados
Médiuns conquistadores - Exus galanteadores
Médiuns invejosos - Exus egoístas
Médiuns infiéis - Exus falsos
Médiuns mandões - Exus soberbos

Mas temos os Exus que refletem de forma especular o íntimo positivo dos seus médiuns:

Médium generoso - Exu prestativo


Médium bondoso - Exu discreto
Médium caridoso - Exu desinteressado
Médium compenetrado - Exu rigoroso

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Médium fiel - Exu leal
Médium tenaz - Exu fiel
Médium trabalhador - Exu compenetrado
Médium demandador - Exu aguerrido
Médium estudioso - Exu sábio
Médium correto - Exu vigilante

Enfim, o Exu individual é um manifestador natural de um mistério da criação, mas que é


"refletor especular" do íntimo e do emocional do seu médium. E com o tempo, o próprio
médium começa a refletir, também de forma especular, a natureza dual do seu Exu
individual, fato esse que faz com que o médium comece a exteriorizar muitas das
colocações do seu Exu, pois a simbiose é natural. Por isso, insistimos em dizer que Exu é o
mais humano dos mistérios da Umbanda ou é o mistério que mais se humanizou, pois Exu
está à nossa esquerda enquanto manifestador de mistérios porque a dimensão natural de
Exu fica à esquerda da dimensão humana, habitada pêlos "espíritos". Exu é nosso instinto
e nossa emoção, aos quais absorve, assimila, interpreta segundo seu entendimento e
depois exterioriza quando incorpora em seus médiuns naturais.

CLASSIFICAÇÃO PELOS PONTOS DE VIBRAÇÃO DOS EXUS

Exus do Cemitério:

São Exus que, em sua maioria, servem à Obaluaiê. Durante as consultas são sérios,
reservados e discretos, podem eventualmente trabalhar dando passes de limpeza
(descarregando) o consulente. Alguns não dão consulta, se apresentando somente em
obrigações, trabalhos e descarregos.

Exus da Encruzilhada:

São Exus que servem a Orixás diversos. Não são brincalhões como os Exus da estrada,
mas também não são tão fechados como os do cemitério. Gostam de dar consulta e
também participam em obrigações, trabalhos e descarregos. Alguns deles se aproximam
muito (em suas características) dos Exus do cemitério, enquanto outros se aproximam
mais dos Exus da estrada.

Exus da Estrada:

São os mais "brincalhões". Suas consultas são sempre recheadas de boas gargalhadas,
porém é bom lembrar que como em qualquer consulta com um guia incorporado, o respeito
deve ser mantido e sendo assim estas "brincadeiras" devem partir SEMPRE do guia e nunca
do consulente. São os guias que mais dão consultas em uma gira de Exu, se movimentam
muito e também falam bastante, alguns chegam a dar consulta a várias pessoas ao mesmo
tempo.

Exus e seus Reinos de atuação

1.Reino das Encruzilhadas

Chefiado por Exu Rei das Sete Encruzilhadas e Pombagira Rainha das Sete Encruzilhadas,
governa todas as passagens dos Exus que ali trabalham.

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Sua função principal é abrir os caminhos para os outros Guias
chegarem e também para os filhos e fregueses.
Os seguintes povos pertence a este reino:
Povo da Encruzilhada da Rua - Chefe Exu Tranca-Ruas
Povo da Encruzilhada da Lira - Chefe Exu Sete Encruzilhadas
Povo da Encruzilhada da Lomba - Chefe Exu das Almas
Povo da Encruzilhada dos Trilhos- Chefe Exu Marabô
Povo da Encruzilhada da Mata - Chefe Exu Tiriri.
Povo da Encruzilhada da Kalunga - Chefe Exu Veludo
Povo da Encruzilhada da Praça - Chefe Exu Morcego
Povo da Encruzilhada do Espaço - Chefe Exu Sete Gargalhadas
Povo da Encruzilhada da Praia - Chefe Exu Mirim

2.Reino dos Cruzeiros

Chefiado pelo Exu Rei dos Sete Cruzeiros e Pombagira Rainha dos Sete Cruzeiros, governa
todas as passagens dos Exus que trabalham nos cruzeiros (não confundir com
encruzilhada).
Os seguintes povos pertencem a este reino:
Povo do Cruzeiro da Rua - Chefe Exu Tranca Tudo
Povo do Cruzeiro da Praza - Chefe Exu Kirombó
Povo do Cruzeiro da Lira - Chefe Exu Sete Cruzeiros
Povo do Cruzeiro da Mata - Chefe Exu Mangueira
Povo do Cruzeiro da Calunga - Chefe Exu Kaminaloá
Povo do Cruzeiro das Almas - Chefe Exu Sete Cruzes
Povo do Cruzeiro do Espaço - Chefe Exu 7 Portas
Povo do Cruzeiro da Praia - Chefe Exu Meia Noite
Povo do Cruzeiro do Mar - Chefe Exu Calunga (Calunga grande)

3.Reino das Matas

Chefiado pelo Exu Rei das Matas e Pombagira Rainha das Matas.
Governa todos os Exus que trabalham nas matas ou locais que tenham árvores a exceção
do Cemitério, que pertence a outro reino.
São os povos deste reino:
Povo das Árvores - Chefe Exu Quebra Galho
Povo dos Parques - Chefe Exu das Sombras
Povo da Mata da Praia - Chefe Exu das Matas
Povo das Campinas - Chefe Exu das Campinas
Povo das Serranias - Chefe Exu da Serra Negra
Povo das Minas - Chefe Exu Sete Pedras
Povo das Cobras - Chefe Exu Sete Cobras
Povo das Flores - Chefe Exu do Cheiro
Povo da Sementeira - Chefe Exu Arranca Tôco

4.Reino da Calunga Pequena (Cemitério)

Governado pelo Exu Rei das Sete Calungas ou Calungas e Pombagira Rainha das Sete

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Calungas.
Esses Exus também são chamados pelo nome de Rei e Rainha dos
Cemitérios.
Geralmente quando se diz "calunga" nas giras de Quimbanda é para
nomear ao cemitério.
Trabalham neste reino todos os Exu que moram dentro dos cemitérios. Pertencem a este
reino:
Povo das Portas da Kalunga.- Chefe Exu Porteira
Povo das Tumbas.- Chefe Exu Sete Tumbas
Povo das Catacumbas.- Chefe Exu Sete Catacumbas
Povo dos Fornos.- Chefe Exu da Brasa
Povo das Caveiras.- Chefe Exu Caveira
Povo da Mata da Kalunga.- Chefe Exu Kalunga (conhecido também como Exu dos
Cemitérios)
Povo da Lomba da Kalunga.- Chefe Exu Corcunda
Povo das Covas - Chefe Exu Sete Covas
Povo das Mirongas e Trevas - Chefe Exu Capa Preta (conhecido também como Exu
Mironga)

5.Reino das Almas

Chefiado por Exu Rei das Almas, Omulu e Pombagira Rainha das Almas ou Rei e Rainha da
Lomba, Governam todos os Exus que trabalham em locais altos.
Os Exus deste reino também trabalham em hospitais, morgues, etc..
São deste reino:
Povo das Almas da Lomba - Chefe Exu 7 Lombas
Povo das Almas do Cativeiro- Chefe Exu Pemba
Povo das Almas do Velório- Chefe Exu Marabá
Povo das Almas dos Hospitais - Chefe Exu Curadô
Povo das Almas da Praia - Chefe Exu Giramundo
Povo das Almas das Igrejas e Templos .- Chefe Exu Nove Luzes
Povo das Almas do Mato - Chefe Exu 7 Montanhas
Povo das Almas da Kalunga - Chefe Exu Tatá Caveira
Povo das Almas do Oriente - Chefe Exu 7 Poeiras

6. Reino da Lira

Os chefes deste reino são muito mais conhecidos por seus nomes sincréticos: Exu Lúcifer e
Maria Padilha.
Seus nomes quimbanda: Exu Rei das Sete Liras e Rainha do Candomblé (ou Rainha das
Marias).
Os apelidos referem-se à sua afinidade com a dança, a música e a arte (lira e candomblé).
Dentro do reino da Lira, que também às vezes é chamado "reino do candomblé" não pelo
culto africano aos orixás, mas por ser essa palavra, "Lira", relacionada de dança e música
ritual.
Trabalham aqui todos os Exus que têm afinidade com a arte, a música, poesia, boemia,
artes ciganas, malandragem, etc..

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Doutrinação – entende Exu e Pombogira
Pertencem a este reino:
Povo dos Infernos - Chefiado por Exu dos Infernos
Povo dos Cabarés - Chefiado por Exu do Cabaré
Povo da Lira - Chefiado por Exu Sete Liras
Povo dos Ciganos - Chefiado por Exu Cigano
Povo do Oriente - Chefiado por Exu Pagão
Povo dos Malandros - Chefiado por Exu Zé Pelintra
Povo do Lixo - Chefiado por Exu Ganga
Povo do Luar - Chefiado por Exu Malé
Povo do Comércio - Chefiado por Exu Chama Dinheiro
* Lira é, também, uma cidade africana, que fica nas fronteiras orientais do Reino Baganda,
atualmente, região de Kampala, capital de Uganda - África. Esta referência parece ser mais
precisa no que se refere à denominação Reino da Lira.

7. Reino da Praia

Governado por Exu Rei da Praia e Rainha da Praia.


Inclui todos os Exus que trabalham nas praias, perto das águas ou dentro delas, salgadas
ou doces.
São seus povos:
Povo dos Rios - Chefiado por Exu dos Rios
Povo das Cachoeiras - Chefiado por Exu das Cachoeiras
Povo da Pedreira - Chefiado por Exu da Pedra Preta
Povo do Marinheiros - Chefiado por Exu Marinheiro
Povo do Mar - Chefiado por Exu Maré
Povo do Lodo - Chefiado por Exu do Lodo
Povo dos Baianos - Chefiado por Exu Baiano
Povo dos Ventos - Chefiado por Exu dos Ventos
Povo da Ilha.- Chefiado por Exu do Côco
Os sete reinos referem-se aos sete caminhos que uma pessoa deve percorrer ao longo de
sua vida, sete vivências que são experimentadas, sete metas a serem cumpridas:

1. Desenvolvimento da Espiritualidade
2. A relação com as coisas materiais
3. O nascimento das crianças, os filhos, a reprodução
4. A riqueza, a prosperidade e a saúde
5. O trabalho físico em todos os seus aspectos
6. O prazer em geral
7. O amor em todas as suas manifestações

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Doutrinação – entende Exu e Pombogira

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