Você está na página 1de 24

1

TEMPLO ESCOLA DE UMBANDA SAGRADA BENEDITO DE ARUANDA E SETE ESPADAS

TURMA DE DESENVOLVIMENTO MEDIÚNICO 1 – AULA 8 - EXU

Marcus Cardinelli
Dirigente do TEUSBASE
Sacerdote de Umbanda Sagrada
Mago Iniciador da Magia Divina

Nas palavras de Rubens Saraceni, Exu é energia e magnetismo, sendo vitalizador e


transformador. É mistério da Criação e agente da Lei Maior, sendo vitalizador e desvitalizador
dos sentidos capitais de um ser e atuando como transformador da vida. É um elemento mágico
cósmico, só ativado quando devidamente pago com oferendas rituais simbólicas. Exu é
também um elemento religioso, esgotador de carmas individuais e vitalizador ou esgotador da
religiosidade das pessoas. Exu é mistério auxiliar do Mistério Orixás, lidando com seus aspectos
negativos naturalmente. Exu também é agente da linha de esquerda da Umbanda, onde
incorpora nos seus médiuns, para orientar, defender e ajudar a superar dificuldades em geral.
Exu é o mais humano dos mistérios de Umbanda, devido a seu aspecto especular. Como
falaremos, ele reflete como um espelho a natureza emotiva do seu médium.

BIBLIOGRAFIA:

CAMARGO, Adriano. Rituais com Ervas: Banhos, Defumações e Benzimentos.

CUMINO, Alexandre. Exu não é o Diabo.

SARACENI, Rubens. Rituais Umbandistas: oferendas, firmezas e assentamentos.

SARACENI, Rubens. Livro de Exu: o mistério revelado.

SARACENI, Rubens. Lendas da Criação: a saga dos Orixás.

SARACENI, Rubens. Diálogos com um Executor.

SARACENI, Rubens. Orixá Exu: fundamentação do mistério Exu na Umbanda


2

QUEM É EXU? LENDAS DA CRIAÇÃO

Para falar de Exu, é preciso falar das Lendas da Criação do mundo na leitura de Umbanda
Sagrada. Esse é o único modo de se entender algumas afirmações corriqueiras sobre Exu:

1. Exu é o primeiro a ser oferendado.

2. Exu é o primeiro a ser assentado.

3. Exu é o que primeiro come. É aquele que come tudo que a boca come.

4. Exu é o primeiro Orixá a ser manifestado por Deus.

No começo nada existia no exterior de Olorum. Só havia intenções de Olorum. Mas


intenções só existem em estado potencial.

Olorum concretizou assim o vazio, pois o vazio é capaz de abrigar em si qualquer coisa
que pudesse a ocupá-lo por dentro e subsistir sem ser imantado por sua propriedade e sem
assumir sua qualidade de estado do vazio.

Mas houve a necessidade de um segundo estado da criação, pois tudo criado no vazio,
se esvaziava. Olorum pensou e criou o segundo estado: o do Espaço.

Olorum criou no vazio um estado que foi ocupado por dentro: o do espaço. O vazio
começou assim a ser ocupado pelo espaço, que crescia infinitamente, assim como o vazio que
o comportava.

Com o espaço criado, o meio estava pronto para a capacidade criativa de Olorum fazer
a construção de sua morada exterior, que antes só existia no plano das intenções.

O nada e o espaço são 2 extremos da criação porque no primeiro nada existe no


segundo tudo passa a ter existência. Ambos estão isolados e separados pelo vazio absoluto.

Nesse momento tudo que existia em estado potencial, podia adquirir existência.

Como a primeira manifestação exteriorizada por Olorum foram suas intenções, surgiu
dentro dele uma matriz geradora das suas intenções. No nada, a matriz geradora das intenções
abriu o plano das intenções, que não tinham existência ainda, mas eram só ideias em estado
potencial.

1. Estado Original com inexistência de qualquer coisa fora de Olorum

2. Matriz Geradora das Intenções de Olorum – tudo em estado potencial

Tudo que está em estado potencial está nos domínios de Exu-Mirim.

O Orixá Exu é o regente do Vazio da Criação. O vazio é um estado que não contém
dentro de si, mas pode conter qualquer coisa. Exu, a divindade regente do Vazio, é capaz de
esvaziar tudo que entrar em seu domínio na criação externa de Olorum.
3

Olorum pensou, assim, em um estado que subsistisse no vazio e dentro dele. Nesse
estado, todos os seus pensamentos passariam a existir e se individualizar.

Esse pensamento gerou a matriz geradora dos espaços infinitos e uma divindade para
regê-lo: o Orixá Oxalá.

Nesse sentido, Exu é o primeiro Orixá, o mais velho de todos, o primeiro a ser cultuado.
Por trazer em si o vazio absoluto, tem de ser invocado primeiro e oferendado em primeiro lugar
e deve ser despachado de dentro do Templo em seu exterior. A presença de Exu dentro do
Templo implica a ausência de todos os Orixás, já que seu estado é o do “vazio absoluto”.

Nesse estado do vazio não é possível fazermos nada!

Esse é o fundamento do ato de evocar Exu em primeiro lugar. Antes de Olorum


manifestar os outros Orixás, manifestou e criou o vazio em sua volta. É pelas mesmas razões
que se fundamenta também sua oferenda em primeiro lugar.

Já Oxalá é o senhor dos espaços infinitos capaz de conter todas as coisas da mente de
Olorum. Olorum confiou a Oxalá a missão de sair de seu interior e criar os mundos e seres que
os habitam. Oxalá traz em si o poder criador, pois se não o trouxesse, não poderia dar existência
ao espaço infinito. Na casa de pai Oxalá cabem todos os Orixás.

O Orixá Exu é a divindade de Olorum que rege o vazio, e sempre que alguém vibra o
sentimento de vazio está nos domínios dele, o regente do estado do vazio absoluto. Em outras
palavras:

- Um estado que nada contém dentro de si, mas que pode receber qualquer coisa, ainda que
essa coisa venha a assumir sua propriedade e sua qualidade (de vazio), pensado por Olorum e
gerado dentro de Sua matriz geradora do vazio, que o exteriorizou e criou com ele o primeiro
estado existencial da criação exterior, o estado do vazio absoluto.

- Uma divindade regente do estado do vazio absoluto que, por ter a qualidade do vazio, é capaz
de esvaziar tudo o que entrar em seu domínio na criação externa do nosso Divino Criador
Olorum - o Orixá Exu.

Por abrigar toda a criação dentro do seu estado na criação, Oxalá simboliza o tudo, o
oposto ao nada, e traz a plenitude, oposta ao vazio de Exu.

• Exu Mirim rege sobre as intenções.

• Exu rege sobre o vazio absoluto.

• Oxalá rege sobre o espaço infinito.

• Exu Mirim foi gerado na matriz geradora das intenções.

• Exu foi gerado na matriz geradora do vazio absoluto.

• Oxalá foi gerado na matriz geradora do espaço infinito.


4

• Exu Mirim reduz ao "nada" quem entra no seu domínio.

• Exu esvazia tudo o que entra no seu domínio na criação.

• Oxalá conduz à plenitude quem entra no seu domínio na criação.

Exu e Oxalá são ligados umbilicalmente por causa desses dois primeiros estados da
criação. Exu é o vazio exterior de Olorum e Oxalá é o seu espaço exteriorizado. Exu é a ausência
e Oxalá é a presença. Em Exu nada subsiste e em Oxalá tudo adquire existência. Exu, por ser o
vazio absoluto, nada cria de si. Em Oxalá, por ele ser o espaço em si mesmo, tudo pode ser
criado. Exu e Oxalá são opostos-complementares porque sem a existência do vazio absoluto o
espaço não poderia se expandir ao infinito. Como ambos são estados, não são antagônicos,
pois onde um está presente, o outro está ausente. O vazio absoluto é anterior ao espaço
infinito. E, porque é anterior, Exu é o primeiro Orixá manifestado por Olorum e detém a
primazia. E, se tudo preexistia em Olorum, ainda que não fosse internamente o Orixá mais
velho, é, no entanto, o primeiro a existir no seu exterior.

QUEM É EXU? DEFINIÇÕES DE RUBENS SARACENI

Na África, Exu é tido como uma divindade da mesma grandeza que os Orixás. É muito
respeitado e temido, pois sua natureza dúbia e seus modos tortos de dar solução a um
problema contundem quem a ele recorre. Normalmente, durante os cultos, primeiro saúdam
Exu com cantos, pedem sua proteção e depois o despacham com uma oferenda (o padê de
Exu), em que lhe são servidos seus alimentos rituais.

Esse é um procedimento geral, além do que toda casa de culto tem seu assentamento
de Exu, no qual foi assentado o Exu da casa ou correspondente ao Orixá de cabeça do sacerdote
que a dirige. Isto é norma e é correto. Assim foi estabelecido como regra de procedimento em
relação ao Mistério Exu. Mas Exu tem um vasto campo de atuação dentro do culto aos Orixás,
pois é tido como o mensageiro das ordens e vontades deles, que não se comunicam
diretamente com os encarnados.

Como a Umbanda é uma religião e, como todas as outras, tem seu lado cósmico, ativo
e punitivo, então o centrou em Exu e seu oposto complementar feminino, e o elegeu como
mistérios responsáveis pelo esgotamento de carmas ou débitos com a Lei Maior, expandindo
seus campos de ação e atuação, tanto na magia quanto na vida dos seres.

Toda religião tem tanto seu lado luminoso (positivo e amparador) quanto escuro
(negativo e punidor). Com a Umbanda não poderia ser diferente, já que é um dever de toda
religião dar o amparo aos seus adeptos e estimulá-los a evoluir. Do mesmo modo, deverá puni-
los por meio de seus recursos cósmicos, caso eles se desviem da conduta tida como correta
pela sua doutrina.

Toda religião possui essa dupla função, porque todo fator de Deus tem seu duplo
aspecto, sendo uma parte positiva e outra negativa. As partes positivas dos fatores divinos são
geradas e regidas pelas divindades luminosas, irradiantes e positivas. Já as partes negativas
deles são geradas e regidas por divindades cósmicas, absorventes e negativas.
5

• Exu, enquanto energia e magnetismo, é vitalizador e transformador;

• Exu, enquanto mistério da criação e agente da Lei Maior, é vitalizador ou desvitalizador


dos sentidos capitais de um ser e atua como transformador de sua vida;

• Exu, enquanto elemento mágico "cósmico", só é ativado ou desativado se for


devidamente pago com oferendas rituais simbólicas;

• Exu, enquanto elemento religioso, atua como esgotador de carmas individuais e como
vitalizador ou esgotador da religiosidade das pessoas;

• Exu, enquanto mistério auxiliar do Mistério Orixás, lida com seus aspectos negativos
naturalmente e os ativa ou desativa segundo as ações ou as reações de quem for
alcançado por eles;

• Exu, enquanto "linha de esquerda" da Umbanda, incorpora nos seus médiuns e dá


consultas gratuitas a quem se dispuser a falar com ele, aconselhando, orientando,
defendendo, ajudando a superar suas dificuldades materiais ou espirituais, familiares
ou de trabalho etc., mas sempre a partir de sua visão cósmica das situações, de seu
senso de oportunidade das situações, de seu senso de oportunismo e de seu
entendimento pessoal de como deve proceder para responder a quem o solicitou;

• Exu escreve reto em linhas tortas; escreve torto em linhas retas e escreve torto em
linhas tortas. Só não consegue escrever reto em linhas retas... porque tem "duas
cabeças", sendo que uma é instintiva e a outra, emotiva;

• Exu é o mais humano dos mistérios de Umbanda, porque assimila tudo o que seu
médium vibra em seu íntimo. E se assim é, é porque Exu é "especular" (semelhante a
um espelho) e reflete em si a natureza emotiva do seu médium, por meio da qual ele
se manifesta quando incorpora. Negativamente, temos: Médiuns soberbos - Exus
prepotentes; Médiuns tímidos - Exus circunspectos; Médiuns briguentos - Exus
encrenqueiros; Médiuns conquistadores - Exus galanteadores; Médiuns invejosos Exus
egoístas. Mas temos os Exus que refletem de forma especular o íntimo positivo dos seus
médiuns.

O Orixá Exu é uma divindade cósmica que gera e irradia um fator que vitaliza os seres
e, por isso, foi associado à sexualidade humana como "manipulador" do vigor sexual. Seu
símbolo fálico já é um indicador eloquente de seu mistério original. Mas o "vigor" de Exu não
se aplica só à sexualidade, pois o vigor está em todos os sentidos da vida de um ser. Ou se é
vigoroso na fé, no conhecimento, no amor, na lei etc., ou tomar-se-á apático, desinteressado e
pouco curioso acerca da criação divina. Exu é esse vigor que ativa todos os sentidos de um ser,
estimula-o, excita-o até mover-se e buscar algo novo, em todos os campos.

Exu tanto gera e irradia o fator vigor como o retira e absorve. Logo, se usado como
recurso mágico dentro do campo cósmico de uma religião, ele adquire um poder único e de
inestimável valor, pois tanto pode estimular a fé em alguém apático como pode esgotá-la em
alguém que estiver fanatizado ou na sua crença. E, por ser agente cármico, a própria Lei Maior
o ativa e ele começa a atuar como paralisador ou esgotador de carmas grupais ou individuais.
6

Saibam que estas "facetas" de Exu é que o tomam tão polêmico, pois mesmo pessoas que não
cultuam os Orixás acabam sendo ativadas pelo mistério Exu.

Por ser elemento mágico, qualquer um pode recorrer a ele, evocá-lo, ativá-lo ou
desativá-lo, bastando saber como, já que, por ser um elemento mágico, só é ativado ou
desativado se o evocarem ritualmente. Saibam que todo elemento mágico não tem a livre
iniciativa de auto ativar-se: ou alguém o ativa ou ele permanece neutro. Portanto, se alguém
estiver sendo ativado por Exu, é porque alguém o ativou e direcionou contra essa pessoa que
está sofrendo a atuação dele. Logo, tanto pode ser um desafeto, quanto a própria Lei Maior
que o ativou. Se foi um desafeto, à pessoa atuada bastará recorrer a algum médium, que este
poderá desmanchar, quebrar ou virar a atuação. Mas se foi a Lei Maior, aí a desativação fica
difícil e só com uma transformação íntima da pessoa atuada ela o desativará. Um elemento
mágico assume a condição de "universal" se a Lei Maior o abrir a todos, independentemente
de sua religião. Exu é um elemento mágico "universal" ou aberto a todos.

Exu está à nossa esquerda enquanto manifestador de mistérios porque a dimensão


natural de Exu fica à esquerda da dimensão humana, habitada pelos "espíritos". Exu é nosso
instinto e nossa emoção, aos quais absorve, assimila, interpreta segundo seu entendimento e
depois exterioriza quando incorpora em seus médiuns.

O Mistério Exu foi humanizado na África e a divindade cósmica e dual Exu tem sido
evocada há vários milênios, sempre segundo rituais seguidos à risca pelos seus sacerdotes. Exu
é um mistério da criação e é regido pelo divino Mehór yê, que é um Trono Cósmico dual,
polarizador natural da divina Mahór yê, que é o Trono Cósmico dual regente do Mistério
"Pombagira". Mehór yê rege sobre a vitalidade em seu aspecto geral e sobre o vigor sexual em
seu aspecto particular. Mahór yê rege sobre o desejo em seu aspecto geral e sobre o desejo
sexual em seu aspecto particular. A dimensão natural de Exu fica à esquerda da dimensão
humana e nela vivem trilhões de seres naturais que são geradores naturais dessa energia que
vitaliza quem se aproxima deles.

Vale destacar que se Exu Natural transpira vigor por todos os seus sentidos e não só por
meio do sétimo, no entanto não vibra o "desejo". E por isso, Exu é limitado, pois enquanto
irradiador natural da energia e do magnetismo vitalizador, não toma iniciativas próprias porque
não gera o fator "desejo", fator esse cuja principal qualidade é a de estimular os seres a
tomarem iniciativas por conta própria. Por isso, Exu polariza com Pombagira e formam um par
magnético e energético, indispensáveis um ao outro em vários aspectos.

A dimensão natural de Exu Natural (ser que nunca encarnou) é saturada de energia que
vitaliza os seres. Seus habitantes naturais (os Exus) são geradores naturais (geram em si) de um
tipo de energia que quando irradiada para alguém, vitaliza-o, fazendo com que se sinta forte e
vigoroso, feliz mesmo! Por isso Exu, quando incorpora em seu médium, gargalha à solta.

Exu, quando é ativado pela Lei Maior (pelos Tronos Regentes) (não o "ser" Exu, mas sim
o "Mistério" Exu), é agente cármico e elemento mágico, mas não é um ente infernal tal como
os descreve a teologia judaico-cristã, desconhecedora dos mistérios naturais (associados a
elementos da Natureza).

No universo religioso dos Orixás, tudo é muito bem distribuído; tudo é descrito como
aspectos do Divino Criador Olorum, e não existe esse inferno caótico. O que há são os polos
7

negativos das irradiações divinas, aos quais são recolhidos todos os seres que regrediram
espiritualmente, negativaram seu magnetismo mental ou bloquearam suas faculdades
mentais. Nesses polos negativos estão assentados os Tronos Cósmicos responsáveis pela
aplicação dos aspectos negativos e punitivos dos Orixás regentes das irradiações divinas. Esses
Tronos Cósmicos não são Exus, mas sim seres divinos assentados nos polos negativos, cujo
magnetismo natural atrai todos os seres que se negativarem e desenvolverem magnetismos
mentais análogos aos dos seus tronos energéticos, que são como ímãs seletivos.

Mehór yê é divindade cósmica que polariza com o Orixá Ogum. Enquanto Mehór yê é o
Guardião dos Mistérios do Vigor Divino, Ogum é o Guardião da Potência Divina. Ambos formam
uma dupla polaridade na onda viva ordenadora da criação, em níveis planetário e
multidimensional. Esta energia vitalizante da dimensão "X" não desperta nenhum desejo
sExual, mas tão somente vitaliza os seres em todos os sete sentidos da vida.

Os vórtices planetários multidimensionais retiram dessa dimensão suas energias


vitalizadoras e as distribui para todas as outras setenta e seis, não deixando nada nem ninguém
sem as receber, pois por eles passam todas as correntes eletromagnéticas transportadoras de
energias essenciais já fatoradas. Portanto, se alguém disser que Exu é sinônimo de "demônio",
vale lembrar que Deus tem uma dimensão da vida toda habitada por seres naturais muito
parecidos conosco, e nela nenhum deles tem chifre e rabo, não solta fogo pela boca nem vive
atormentando-se uns aos outros. Eles convivem entre si muito melhor que nós, os humanos.
Agora, como elemento mágico e agente cármico, Exu é mais um dos muitos mistérios da
religião de Umbanda Sagrada, que congrega em suas linhas de trabalhos seres de muitas
dimensões da vida.

Vale lembrar que os Exus, ao se apresentarem com um nome simbólico, por meio deste,
está revelando qual é seu principal campo de atuação, qual é o aspecto negativo que ativa ou
desativa e a qual divindade e mistério serve ou ao lado da qual se assentou para lidar com seus
aspectos negativos.

Se eu trabalho com Seu Tranca Ruas, Seu Tiriri, Seu Marabô, Seu Capa Preta, Seu Sete
Encruzilhadas, com Exu da Meia Noite, eles trazem essa força do Orixá Exu. “Exu Caveira” não
é o Orixá Exu, e sim é resultante da ação do mistério maior em um dos estados da criação, que
é regido por Omolu. E assim sucessivamente com todos os outros Exus, que são partes
individualizadas de um mistério original da criação manifestado pelo Divino Criador Olorum.

Explicar um mistério original da criação a partir de algumas de suas partes não o


fundamenta e não o sedimenta na mente das pessoas como algo divino, e sim o diminui e o
particulariza, retirando dele sua divindade e submetendo-o à dependência de outros mistérios
para existir. Era isso que acontecia e ainda acontece com Exu na Umbanda, em que temos Exus
de Ogum, de Oxóssi, de Oxalá etc., todos dependentes da existência desses Orixás para assim
poderem se apresentar.

A Umbanda, no seu início, por ter uma forte influência cristã, teve dificuldades em lidar
com o já conhecido e temido Exu da tradição oral Nagô, que o descrevia como perigoso e de
difícil controle porque escapava à regra de procedimentos dos outros Orixás.

Mas ele era (e ainda é) tido como um Orixá independente dos outros e possuidor de
regras e de um culto só seu nos cultos tradicionais de origem nigeriana. Os primeiros
8

umbandistas haviam recebido uma formação doutrinária e religiosa cristã e espírita e, na falta
de uma literatura sobre os Orixás em geral e sobre Exu em especial, foram de uma coragem
única ao aceitar a incorporação de espíritos que se apresentavam como Exus, porque eles
diferiam dos guias espirituais da “direita”.

Foi um ato de coragem religiosa, e pagaram um preço altíssimo ao afirmar que também
aceitavam a presença e a participação de Exu na Umbanda. Isso, aos olhos dos espíritas de
então, era sinal de pouca ou nenhuma evolução, e não foram poucos os que se referiam ao
nascente espiritismo de Umbanda como “baixo espiritismo”.

Quanto aos cristãos, as legítimas práticas religiosas umbandistas foram (e ainda são)
vistas como sinônimo de paganismo ou de culto ao “coisa ruim”. Mas nada disso era verdade,
e a Umbanda prosperou no tempo e ocupou espaço.

É certo que a tradicional transmissão oral dos cultos de nação serviu para a preservação
das antigas tradições religiosas africanas e serviram muito bem para implantar no Brasil várias
religiões que, lá na África, eram nacionais e de “propriedade” de etnias que aqui, trazidas à
força, não renunciaram aos seus valores e conceitos doutrinário-religiosos.

A diáspora forçada dos povos ou etnias africanos, mais que espalhar pelo mundo uma
cultura e um modo de vida ímpar, semeou religiões. Cada grupo social africano possuía sua
própria religião e, se havia semelhanças, no entanto cada uma tinha sua cultura e nomes
próprios para seus panteões de divindades.

A Umbanda já nasceu com uma proposta em sentido contrário: Incorporar os


fragmentos dos antiquíssimos cultos de nação e transformá-los nas bases da nova religião.

Exu, o Orixá dos cultos nagôs, já existia e tinha conceitos que o definiam. Agora, Exus
com nomes simbólicos, tais como: Sete Porteiras, Tranca Ruas, Sete Encruzilhadas etc.,
manifestaram-se através da Umbanda. Ogum, o Orixá da agricultura, da forja, das ferramentas
e das armas, era tão cultuado na África que até cidade com seu nome lá já existia. Ogum Beira
Mar, Ogum Sete Pedreiras, Ogum Rompe-Matas etc., começaram a ser cultuados por meio da
Umbanda.

E assim foi acontecendo com todos os Orixás que eram cultuados na Umbanda, na qual,
pouco a pouco, foram sendo reinterpretados e identificados como “Orixás da Umbanda”,
porque antes não haviam sido cultuados nos cultos tradicionais, em que só há um “Ogum” e
suas “qualidades” com nomes em yoruba. Na Umbanda, hoje, temos os nomes simbólicos que
representam mistérios divinos assentados nos sete sentidos da vida. A Umbanda inovou nesse
campo e criou para si toda uma nova e inédita Teogonia.

Pouco a pouco, toda uma Teogonia (estudo dos Orixás, sua origem e suas hierarquias)
própria foi tomando corpo através dos guias espirituais das linhas da direita e da esquerda, que
se apresentavam com nomes simbólicos e, quando inquiridos, afirmavam trabalhar na
irradiação desse ou daquele “Ogum”, ou “Xangô” etc., criando lentamente um novo panteão
de Orixás, já exclusivos da Umbanda.

No mistério Exu, a inovação foi o surgimento das linhagens de Exus de trabalhos


espirituais muito bem definidas e organizadas, porque, em lugares distantes e sem que seus
9

médiuns se conhecessem ou soubessem algo sobre eles, Exus com um mesmo nome e com
“aparência fluídica” iguais incorporavam neles e diziam ser seus Exus de trabalho.

EXUS NATURAIS, EXUS NA ORIGEM E PROCESSOS DE EXUNIZAÇÃO

Deixemos a entidade Exu de lado e vamos falar sobre os seres que são gerados por
Deus, na origem, como Exus. Sim, existe uma matriz geradora em Deus que gera seres
vitalizadores por natureza. Assim como existe uma matriz geradora de Ogum, que gera seres
ordenadores, existe uma matriz geradora que gera seres Exus, sendo que uns carregam em si
alguns mistérios do Orixá Exu e outros carregam em si mesmos outros mistérios do regente
principal (Exu).

Esses seres Exus são chamados de Exus na origem, são os Exus puros, são e sempre
serão Exus. Espíritos humanos e naturais Exunizados, estes sim são espíritos que “estão” Exus
e em algum momento deixarão de ser. Os espíritos humanos que incorporam nos médiuns nos
centros de Umbanda são espíritos humanos Exunizados. Raramente se vê um natural Exu,
normalmente encontramos esses naturais nos candomblés quando se chama o Orixá Exu.

Os seres gerados pela matriz geradora do Vazio são Exus na acepção do nome Exu,
porque são seres que trazem em seus íntimos a natureza e a personalidade do Orixá Exu. Com
isso, não são só os outros Orixás que têm suas hereditariedades.

São alegres, divertidos e bem-humorados e só se tornam taciturnos quando seus


correspondentes naturais ou humanos se metem em encrencas e negativam-se de tal forma
que o negativismo chega até eles, afetando-os e incomodando-os. Aí voltam a atenção para o
par correspondente que está encrencado e, se este for vítima, passam a enviar-lhe vibrações
fortalecedoras e vitalizadoras. Porém, se for culpado pela encrenca, aí passam a enfraquecê-lo
e desvitalizá-lo até que tenha seu negativismo esgotado.

Tudo isso que descrevemos acontece naturalmente por mecanismos que transcendem
nossas limitadas técnicas mecânicas materiais. Se estivermos sendo vítimas, eles nos amparam
e nos sustentam até que superemos as dificuldades que os outros criaram para nós. Mas, se
estamos criando dificuldades para os outros, aí atuam (também em nosso benefício) esgotando
as causas do nosso negativismo.

A dimensão da vida ocupada por esses seres espirituais Exus na origem está localizada
a um grau vibratório à nossa esquerda na escala magnética divina horizontal. Dizemos que os
Exus na origem estão um grau à nossa esquerda e são os vizinhos mais próximos que temos nas
realidades da vida à esquerda da nossa. Só raramente se deslocam da realidade em que vivem
e evoluem para alguma outra, sendo que a maioria deles nunca saiu dela.

Algo que sempre intrigou os umbandistas em geral era o fato de espíritos com uma
história humana se apresentarem como Exus e, quando incorporam em seus médiuns, fazerem
poderosos trabalhos de limpeza, descarrego, desobsessão, desamarração, desmagiamento,
cura, etc.
10

Ensinam-nos os mestres da luz que, dentro dos domínios dos Orixás na criação, existem
tantos seres naturais (não encarnantes) que a nossa atual população terrestre é nada se
comparada às populações que neles existem.

São centenas de bilhões de espíritos naturais que vivem e evoluem dentro dos domínios
dos sagrados Orixás, e é compreensível que muitos tenham dificuldades durante suas
evoluções em realidades onde não existem os recursos da reencarnação para que possam ter
a memória imortal adormecida e retomar suas evoluções reencarnando.

Mesmo que sejam amparados, muitos dos que não conseguem acompanhar a evolução
dos seus “grupos familiares” vão desenvolvendo no íntimo um negativismo que, quando
transcende a capacidade individual de suportar “frustrações”, os fazem entrar em profundas
regressões e tornarem-se instintivos, deixando de se guiar pela razão.

Como esses seres naturais são unipolares, ou seja, são possuidores de um magnetismo
mental só positivo ou só negativo, eles não têm os nossos recursos mentais reativos, que nos
impelem em outras direções quando uma se fecha para nós.

Então, quando se sentem bloqueados ou paralisados e impossibilitados de progredir em


suas evoluções, “travam” a razão e desenvolvem o instintivismo muito rapidamente, saindo do
controle dos espíritos naturais mais evoluídos, que são responsáveis pelo amparo deles.

O instintivismo os isola e os afasta dos seus grupos familiares, e eles, pouco a pouco,
vão se isolando de tudo e de todos, até que chega um momento que têm que ser enviados para
o polo negativo do domínio onde vivem. Esse polo negativo é onde são recolhidos e ficam
isolados dos seus grupos de espíritos familiares até que voltem a agir racionalmente.

Se muitos conseguem recuperar o controle sobre o instintivismo e voltam a se conduzir


pela razão, retomando suas evoluções em paz e harmonia com seus afins, no entanto uma boa
parcela regride ao instintivismo puro e torna-se irreconhecível aos olhos de quem já conviveu
com eles.

A partir desse ponto, que é o do instinto puro, se inicia a ação do mistério Exu, que
começa a atraí-los magneticamente para o vazio relativo existente no “lado de fora” do domínio
onde viviam e evoluíram. Quando esses seres, movidos só pelo instinto, “atravessam” as
fronteiras entre os dois estados da criação e “caem” nos de Exu, então começa uma ação
separadora e uns vão parar em uma determinada região do vazio relativo e outros vão parar
em outras, onde tem início o processo de esgotamento do negativismo no íntimo deles.

Não pensem que é um processo rápido, pois não é. Ele dura muito tempo, porque a
ação natural é monitorada o tempo todo pela divindade Exu guardião do vazio relativo
existente no lado de fora do domínio onde antes os seres evoluíam.

Ali, no vazio relativo, pouco a pouco todos vão passando pelo processo de esgotamento
íntimo até que começam a sentir-se “vazios” em seus íntimos. Quando são totalmente
“esvaziados”, os instintos exacerbados começam a ser recolhidos e adormecidos no íntimo do
ser.
11

E quando até os instintos já não vibram mais, o ser em questão entra em um sono
profundo, no qual fica adormecido por muito tempo. Durante esse adormecimento, o ser passa
por um processo de esvaziamento do emocional, e, quando este é completamente
neutralizado, tem início o processo de Exunização.

Esse processo é lento e, durante todo ele, o ser está absorvendo uma imantação da
divindade Exu guardião do domínio onde ele vivia antes. Só quando a imantação é completada,
o ser começa a receber as vibrações mentais do Exu guardião de domínio que o acolheu no seu
vazio relativo.

Essas vibrações mentais divinas que o ser ainda adormecido começa a absorver irão
“remodelá-lo” por completo, tanto interna quanto externamente, e serão absorvidas até que
uma nova personalidade externa “aflore” e ele comece a despertar do longo sono.

E quando ele desperta completamente, procede como um recém-nascido, que não sabe
quem é ou onde está. Mas logo é assumido por algum “Exu mais velho”, que o incorporará à
sua legião e irá conduzi-lo dali em diante. Como todos no grupo ou legião são idênticos em
tudo, o ser recém-incorporado sente-se entre iguais.

Todos têm a mesma aparência, o mesmo timbre de voz, as mesmas reações ao que os
agrada e ao que os desagrada e movem-se no “vazio relativo”’ como um bando de espíritos,
semelhantes aos bandos de aves, de leões, de cavalos, etc., com os líderes à frente e com os
mais velhos em volta, protegendo os mais novos de algum ataque de outros bandos que
também vagam no vazio relativo, que a todos abriga, em busca de novos membros.

Estabelecem uma tolerância e convivência relativa com uns bandos e desenvolvem


antagonismos e inimizades com outros, os quais combatem, ou dos quais fogem se eles forem
mais numerosos e fortes. Essa vida nômade e tribal que os obriga a estarem sempre alertas
desenvolve no íntimo deles algumas faculdades importantíssimas, todas ligadas ao instinto de
sobrevivência.

Mas ela já não os remete de volta ao instintivismo anterior, e sim os tornam ariscos,
arredios, cautelosos, desconfiados, curiosos, precavidos etc.

É o ser desenvolvendo no vazio relativo faculdades mentais que não conseguiria


desenvolver quando vivia na plenitude e na Exuberância dos seus domínios naturais. Lá, por
não correrem risco algum e por nada lhes faltar em momento algum, não conseguiam aguçar
os sentidos e desenvolver faculdades que lhes seriam indispensáveis para poderem avançar
para meios evolucionistas mais amplos em possibilidades.

Já no vazio relativo, onde falta tudo e quase nada existe, tudo começa a ter valor
importantíssimo para o seu possuidor, inclusive a própria vida, que ele tem que preservar o
tempo todo em um meio inóspito e aparentemente perigoso, sombrio e traiçoeiro. Quanto
tempo demora esse processo de aprendizado, não é possível quantificar, porque no vazio
relativo o “fator tempo” inexiste.

Mas os bandos ou tribos desenvolvem-se, evoluem e crescem em número, chegando a


ter milhares de membros. Os muitos mais velhos adquirem uma agudeza de raciocínio que os
faz isolarem-se da maioria do grupo e reunirem-se à parte, como em um conselho.
12

E chega um momento em que só aquilo já não os satisfaz. Nesse ponto da nova


evolução, começam os chamamentos dos Exus na origem que atraem esses “muito mais
velhos” e os levam para os seus “reinos” no Vazio Absoluto, onde será completado o processo
de Exunização com o desenvolvimento de poderes inerentes ao mistério do Orixá Exu guardião
do domínio no qual eles antes viviam e evoluíam.

A ida ao Vazio Absoluto faculta ao novo ser o desenvolvimento de poderes, pois no vazio
relativo ele havia desenvolvido a força e o instinto de sobrevivência. Mais uma vez, o fator
tempo inexiste, e não há como afirmar quanto tempo o ser ali permanece. Porém, quando ele
retornar ao vazio relativo que o acolheu e o amparou, já volta com o grau de Exu, e tanto se
comporta como um filho do Orixá Exu quanto se sente um.

Então é incorporado a uma das hierarquias do Exu guardião do lado de fora do domínio,
ao qual servirá fielmente dali em diante, porque seu processo de Exunização foi concluído. O
ser não se lembra de quem ele foi dentro do domínio, e sua memória está limitada aos
momentos posteriores ao seu despertar, quando foi incorporado a um “bando” de seres
movidos pelo instinto de sobrevivência.

Nem de como era dentro do domínio ele se lembra mais, e só tem como referencial
suas lembranças “tribais”. Então, já à disposição de algum “hierarca” do Exu guardião de
domínio, começa a desempenhar funções inerentes ao seu grau evolutivo dentro do Mistério
Exu.

E, pouco a pouco, irá desempenhar funções cada vez mais relevantes e importantes até
que, já maduro como Exu, surja a oportunidade de prestar serviços à esquerda de algum
espírito natural guardião de mistérios do Orixá que o rege.

À esquerda desses guardiões de mistérios dos Orixás, os seres naturais Exunizados terão
a oportunidade de desenvolver novas faculdades mentais, de adquirir novos conhecimentos,
de desenvolver novos poderes e de conquistar campos de atuação mais amplos e muito mais
“interessantes” para eles.

Só alguns desses “seres naturais” Exunizados acabam adentrando na dimensão humana


da vida para assentarem-se à esquerda das pessoas cujas guardas foram confiadas ao ser
natural guardião de mistérios do seu Orixá regente (Exu Natural do Médium), que também é o
regente da pessoa aqui encarnada, que está evoluindo na dimensão humana para desenvolver
o magnetismo mental sétuplo.

Os seres naturais Exunizados já haviam desenvolvido o magnetismo mental bipolar de


Exu quando haviam estagiado no vazio absoluto e, agora, assentados à esquerda das pessoas,
terão a oportunidade de desenvolver o magnetismo mental “humano”, fato esse que, quando
conseguido, lhes abrirá infinitas possibilidades evolutivas, inclusive a de um dia encarnar e
humanizar-se nos sete sentidos da vida, quando, aí sim, adormecerão suas “memórias tribais”
como Exus e começarão a desenvolver uma memória humana das suas existências imortais.

Todas as pessoas têm à sua esquerda um Exu Natural que atua no sentido de vitalizá-
las, se estiverem evoluindo de forma reta ou virtuosa, ou de desvitalizá-las, caso deem um rumo
torto ou viciado às suas evoluções.
13

Essa atuação independe das pessoas, porque é uma imposição da Lei Maior que ordena
a evolução da humanidade como um todo. Então, quando uma pessoa se desvirtua ou pende
para a esquerda, logo começa a ser atuada pelo mistério Exu Natural que, dependendo do caso,
pode atuar a partir de espíritos "Exunizados" ou ainda em processo de Exunização (os tais
quiumbas).

Sim, os tão controvertidos e tão mal-explicados quiumbas são espíritos (Eguns) em


processo de Exunização, que estão sendo envolvidos pelo Mistério Natural Exu, que vai
atraindo-os e redirecionando-os.

Esse Exu Natural individual raramente entra na vida das pessoas, porque geralmente
atua por "pessoas" interpostas e que reconduzirão seus pares humanos à linha evolutiva reta.
Quando se é médium, esse Exu Natural atua por trás do Exu de trabalho do médium, evitando
se mostrar ou se revelar, resguardando-se de possíveis choques, provocados pelos próprios
médiuns.

QUEM É O EXU GUARDIÃO?

Pode ser um ser natural Exunizado com a mesma ancestralidade do seu protegido ou
pode ser um Exu na origem (o legítimo Exu), que atua ligado ao Orixá Ancestral do protegido.
Ele raramente incorpora. Mesmo sacerdotes raramente têm contato com ele na incorporação.
Jamais dá consultas para quem quer que seja, atuando junto ao seu médium geralmente de
modo mental.

Em muitos terreiros de Umbanda Sagrada ele é o Exu assentado, diferentemente dos


terreiros tradicionais, onde o Exu de trabalho do sacerdote que recebe o assentamento. O Exu
guardião é como um grande mentor da esquerda de um médium de Umbanda. Podemos
chamar ele também de Exu Mentor ou Exu Ancestral, pois ele é ligado ao ser no momento da
sua exteriorização do interior de Deus. Independente de atuar na Umbanda ou não, todos estão
ligados a um Exu Guardião, do mesmo modo que estão ligados a um Anjo Guardião.

QUEM É O EXU NATURAL?

Como já referido, do mesmo modo que o Pai Ogum é representado na vida de alguém
através do ser natural Ogum ligado a ele, o Pai Exu é representado pelo ser Exu natural que
acompanha um indivíduo. Ele sempre está ligado ao Orixá de frente, ou seja, representa o vazio
relativo do Orixá que rege a encarnação de alguém. Ele incorpora com o arquétipo do Orixá,
jamais fala algo ou dá consultas, do mesmo modo que seres naturais de outros Orixás.

EXUS ESPIRITUAIS

Só médiuns têm essa classe de Exus, também conhecidos como Exus de Lei, pois servem
à Lei de Umbanda e são regidos por princípios religiosos rigorosíssimos.
14

Essa classe de Exu não atua como as outras duas, a dos Exus Naturais e a dos Exus
Guardiões. Sua manifestação limita-se à incorporação mediúnica e seus campos de atuação, se
são mais amplos, no entanto são mais "arriscados" porque eles entram nos carmas das pessoas
que os consultam ou que os oferendam nos seus pontos de forças pedindo ajuda para
superarem suas dificuldades, sejam elas materiais ou espirituais. Por serem Exus de Lei, tanto
atuam religiosamente quanto magisticamente. Mas, se no campo religioso atuam diretamente,
no campo magístico atuam por interposições, ou seja, orientam as pessoas a oferendarem os
Exus das "linhas" onde estão desequilibradas ou pelas quais foram alcançadas assim que se
desvirtuaram em algum dos sentidos da Vida.

O fato é que o Ritual de Umbanda Sagrada, quando de sua idealização astral, optou
pelos arquétipos Exu e Pombagira como ideais para ocuparem o polo negativo dos médiuns
que, por meio deles, se tornariam intermediadores entre os humanos e os Orixás. Temos
centenas de hierarquias negativas formadas por espíritos humanos que se paralisaram em seus
polos magnéticos negativos, mas aceitam responder por nomes de Exu "isto" ou Exu "aquilo",
pois só assim poderão retornar ao convívio com o meio humano, já que dele haviam se afastado
e estavam vivendo num meio "desumano" (inferno consciencial).

É sabido que temos Exus Espirituais ligados aos 14 Orixás. Contudo, eles não possuem
as mesmas funções nem as mesmas atribuições. Alguns deles se destacam nas funções de Exu
de trabalho (atendimento), Exu de Frente e Exu Chefe.

Geralmente os Exus Espirituais de Trabalho têm campo preferencial na irradiação do


Orixá Juntó, que é aquele responsável pelos desequilíbrios emocionais de alguém e de
recolocar o médium em caminhos racionais e na direção do seu Orixá de Frente. O Exu de
Trabalho é aquele que atua mais diretamente na rotina mediúnica de alguém.

O Exu de frente é aquele que o médium possui mais afinidade. Muitas vezes é também
o que mais incorpora. É aquele, dentre os Exus, que atua mais diretamente na vida do médium.
Há possibilidades de o Exu de frente acumular também a função de Exu de trabalho, atuando
nas consultas e nos atendimentos de gira.

O Exu chefe raramente se apresenta para o médium. Ele é aquele que lidera todos os
demais Exus da egrégora. Geralmente é aquele Exu a quem o Exu de trabalho se refere quando
diz em um atendimento: “preciso perguntar ao Exu fulano se posso fazer isso”. Incomum esse
Exu acumular a função de Exu de Trabalho, contudo não é impossível. Pode acumular também
a função de Exu de Frente, também não sendo comum.

O Exu Chefe pode ainda chefiar toda a esquerda de um Médium, sendo a contraparte à
esquerda do Guia Chefe de uma Coroa mediúnica. Essa função pode, contudo, ser ocupada
pela Pombagira Chefe.

O ideal é que façamos oferenda firmadora ao menos para o Exu de Trabalho e o Exu de
Frente. Eles são os mais próximos do dia a dia do médium. Firmar uma tronqueira caseira e
realizar oferendas para Exu é o melhor modo de fortalecer a relação com essas forças, para que
elas possam ter meios para atuar em benefício de seu médium e de terceiros.
15

EXUS 7

O sete é um número mágico por excelência e, por tradição, magístico e religioso.


Quando estudamos o seu significado, descobrimos que, nos nomes simbólicos, quando uma
entidade de Umbanda o traz em seu nome é porque atua nas sete irradiações divinas. Muitos
Exus também atuam nas sete linhas, pois desenvolveram a capacidade mental de vitalizarem
ou desvitalizarem os sete tipos de elementos, magnetismos, sentidos, mistérios etc. Logo, nada
mais lógico que a existência de um Exu das Encruzilhadas, outro das Sete Encruzilhadas e outro
ainda Rei das Sete Encruzilhadas.

• Um Exu das Encruzilhadas é um iniciante que guarda um só cruzamento ou passagem


de uma irradiação;

• Um Exu das Sete Encruzilhadas é um ser já bem desenvolvido mentalmente, pois guarda
as sete passagens ou cruzamentos de uma irradiação;

• Já um Exu Rei das Sete Encruzilhadas é um Exu Guardião à esquerda do próprio Mistério
das Sete Encruzilhadas (as sete irradiações).

A GIRA

Em uma gira canta-se para Exu primeiro. Ao cantarmos para Exu ativamos o vazio
relativo, que começa a se abrir do centro para fora do terreiro (quem estiver nesse espaço terá
que sair ou será esvaziado). Primeiro abrimos o vazio relativo com um ponto de Exu. Em seguida
defumamos o espaço e então cantamos um ponto para Oxalá. Nesse momento, Oxalá abrirá o
espaço dentro do terreiro. Exu cerca por fora abrindo o vazio. Oxalá abre o espaço para a
Divindade Regente atuar. Exu é reverenciado primeiro; é o primeiro guia a ser assentado no
médium. Do macro até o micro essa estrutura da criação se repete (universo, terreiro e
médium).

TRIPOLARIDADE DE EXU

Muito se fala sobre a tripolaridade de Exu. Exu é sim tripolar, atuando de modo positivo,
negativo e neutro. No seu aspecto negativo, recolhe, absorve, retira. No seu aspecto positivo
vitaliza, irradia, constrói. Exemplo dessa atuação em um caso de doença onde se ative Exu: em
seu aspecto negativo, ele retira a doença, levando a pessoa até a neutralidade, para que possa
atuar positivamente vitalizando a saúde. Um dos símbolos do aspecto tripolar de Exu é o
tridente, equivocadamente associado a figura do garfo do “diabo”.

Lembrando: O Trono da Vitalidade Vitaliza, Desvitaliza e Neutraliza toda e qualquer


ação.
16

SÍMBOLOS E ESPAÇO MÁGICO DE EXU

Símbolo Sagrado: Octógono

Os espaços mágicos são fundamentais à magia, e, sem eles muito bem delimitados ela
não haveria, mas sim o caos desordenador. Logo, é fundamental que o mago delimite o espaço
onde ativará sua magia, pois dentro dele tudo deverá acontecer.

O mago somente ativa uma magia caso tenha um objetivo em mente. Mas, como
fatores impensados podem interferir, então deve criar o espaço mágico e dotá-lo de um campo
eletromagnético, energético, vibratório e irradiante que permitirá que suas determinações
mágicas se cumpram somente dentro do espaço que criou, pois somente assim o caos não se
estabelecerá assim que tudo se iniciar. O médium-magista é um mago e uma oferenda é uma
magia religiosa. Portanto, toda oferenda deve ser delimitada para que atue a partir de um único
local e tudo que for realizado fique limitado e contido no campo ou no nível vibratório de um
Orixá.

Para Exu, o melhor espaço mágico é sempre o Octógono, como foi abordado em aula.
O octógono com as ondas tripolares temporais é o melhor símbolo para se ativar o Orixá Exu,
o Exu Guardião e o Exu Espiritual. A maior parte das ativações e consagrações a elementos que
vocês vão realizar será nesse símbolo sagrado. Esse símbolo concentra todas as ondas
vibratórias do Mistério Exu e abre um portal para os domínios do Exu ativado.

Vale lembrar aqui que Exus (acredito que vale para qualquer força espiritual), só muda
a realidade no meio humano material através de elementos com energia da nossa frequência
vibratória (material). Eles possuem outra frequência e vivem em reinos, planos ou domínios
diferentes.

Aconselho a realizar ativações de espaços mágicos com frequência para o Orixá Exu (Exu
natural), para o Exu Guardião e para o Exu de Trabalho.

Lembrando: todo espaço mágico-religioso deve ficar ativo pelo período compreendido
entre 12 e 24 horas. Após esse período, os elementos devem ser retirados e os símbolos
apagados. Elementos permanentes, como pedras, guias etc., devem ir para os seus lugares
(tronqueira, por exemplo). Sobras de velas, cachaça, farinha etc. podem ser descartados no lixo
comum. Exceção à regra 12/24h: ativações permanentes de altares e de tronqueiras.

VERBOS-FUNÇÕES

Desde 1993, através do Pai Rubens Saraceni, o plano superior já havia aberto no plano
material que a imanência divina está em tudo e em todos, sendo proveniente dos Fatores de
Deus, fatores estes emanados ininterruptamente por Ele e regidos pelos nossos Sagrados
Orixás.

Tudo que existe foi criado de agregação em agregação.


17

Vocês já ouviram estas frases que estão inseridas na Bíblia Cristã? “E no princípio havia
o caos.”

“E Deus ordenou que do caos nascesse a luz, e a luz se fez.” “E Deus ordenou tudo e
tudo foi feito segundo suas determinações verbais e o “verbo divino”, realizados por sua
excelência sagrada". Nelas identificou-se nas determinações dadas por Deus a essência de suas
funções ordenadoras e criacionistas. Assim explicado, o “verbo divino” é uma função e cada
função é uma ação realizadora.

Mas, se assim é, tem que haver um meio através do qual o verbo realizador realize sua
função criadora. E esse meio não pode ser algo comum, mas sim extraordinário e divino, já que
é através dele que Deus realiza. E se cada verbo é uma função criadora em si mesmo, e muitos
são os verbos, então esse meio usado por Deus tem que ter em si o que cada verbo precisa
para se realizar enquanto função divina criadora de ações concretizadoras do seu significado
excelso.

O verbo divino e seu meio de realizar suas ações tanto está na concretização da matéria
quanto no mundo rarefeito da física quântica. E está desde a reprodução celular quanto na
geração dos corpos celestes. O verbo divino é a ação! E o meio que ele usa para realizar-se
enquanto ação, denominamos de fatores de Deus.

Por fatores, entendam as menores coisas ou partículas criadas por Deus e elas são vivas
e são o meio do verbo divino realizar-se enquanto ação, já que cada fator é uma ação
realizadora em si mesmo e faz o que o verbo que o identifica significa.

Assim, se o verbo acelerar significa agilizar o movimento de algo, o fator acelerador é o


meio usado por Deus para acelerar o movimento ou o deslocamento do que criou e deve
evoluir. E o mesmo acontece, ainda que em sentido contrário, com o verbo desacelerar e com
o seu fator identificador que é o fator desacelerador. Já o verbo movimentar, cujo significado
é dar movimento a algo, tem como meio de realizar-se enquanto ação o fator movimentador.
O mesmo acontece com verbo paralisar, cuja função é oposta e que tem como meio de se
realizar como ação o fator paralisador. O verbo abrir tem como meio de se realizar como ação
o fator abridor. Já o verbo fechar, cuja função é oposta ao verbo abrir, tem como meio de se
realizar como ação o fator fechador. O verbo trancar, cujo significado é o de prender, tem como
meio de se realizar enquanto ação o fator trancador. E o verbo abrir, cujo significado é o de
liberar, tem como meio de se realizar enquanto ação o fator abridor. O verbo direcionar, cujo
significado é dar rumo a algo, tem como meio de se realizar enquanto ação o fator direcionador.
Já o verbo desviar, cujo significado é o de desviar do alvo, tem como meio de se realizar
enquanto ação o fator desviador. O verbo gerar, cujo significado é fazer nascer algo, tem como
meio de se realizar enquanto ação realizadora o fator gerador. O verbo esterilizar, cuja função
é oposta, tem como meio para se realizar enquanto ação o fator esterilizador. O verbo
magnetizar, cujo significado e função é dar magnetismo a algo, tem como meio para se realizar
enquanto ação o fator magnetizador. O verbo desmagnetizar, cuja função e significado são
opostos, tem como meio para se realizar enquanto ação o fator desmagnetizador. O verbo
cortar, cujo significado e função é partir algo, tem como meio para se realizar enquanto ação o
fator cortador. O verbo unir, cujo significado e função é juntar algo, tem como meio para se
realizar enquanto ação o fator unidor.
18

Muitos são os verbos e cada um é em si a ação que significa e muitos são os meios
existentes no que denominamos por fatores de Deus. Tomemos como exemplo o verbo trancar
e o fator trancador e vamos transportá-los para uma linha de trabalhos espirituais e mágicos
de Umbanda, a dos Exus trancadores, onde temos estes nomes simbólicos:

Exu Tranca-Ruas, ligados a Ogum. Exu Tranca-tudo, ligados a Oxalá. Exu Tranca-giras,
ligados a Logunan. Exu Sete Trancas, ligados a Obaluayê. Exu Tranca Fogo, ligados a Xangô. Exu
Tranca Rios, ligados a Oxum. Exu Tranca Raios, ligados a Yansã. Exu Tranca Matas, ligados a
Oxossi. Se o verbo trancar significa prender, e se o fator trancador é o meio pelo qual ele se
realiza enquanto ação, então todo Exu que tenha em seu nome simbólico a palavra tranca é
um gerador desse fator e que, quando o irradia tranca algo.

Se tomarmos o verbo abrir e o fator abridor, temos uma linha de trabalhos espirituais e
mágicos de Umbanda, a dos Exus abridores, onde temos estes nomes simbólicos: Exu Abre tudo
– ligado a Oxalá. Exu Abre caminhos – ligado a Ogum. Exu Abre portas – ligado a Obaluayê. Exu
Abre matas – ligado a Oxossi. Exu Abre tempo – ligado a Logunan.

Aproveitando o verbo abrir e o meio pelo qual se realiza que é o fator abridor, vamos
pegar como um exemplo a erva chamada "Abre Caminho". Esta erva é formada no plano
material por uma grande quantidade do fator abridor. Outros mais participam da sua formação,
porém a preponderância é do fator abridor. Logo, caso queiramos trabalhar com o fator abridor
na sua forma vegetal, deveremos usar esta erva e ativar as suas propriedades fatorais. A erva
"Pinhão Roxo" tem uma grande quantidade do fator paralisador. A erva "Calêndula" tem uma
grande quantidade do fator energizador etc etc

Isso serve para ervas, pedras e até para nós, pois também somos formados por fatores.
Na nossa origem divina, Deus enviou nossa consciência viva até uma de suas matrizes geradoras
para nos fatorar. Logo, temos a preponderância de algum fator divino e um dia seremos
irradiadores naturais dele. O fato é que cada elemento colocado dentro de uma oferenda
contém vários fatores em si e, dessa forma, podemos associá-las aos seus Orixás regentes e aos
guias hierarquizados na direita e esquerda destes Orixás.

Muitos são os verbos e cada um tem um meio ou fator através do qual se realiza
enquanto ação. Por isto, afirmamos que a Umbanda é riquíssima em fundamentos e não
precisa recorrer aos fundamentos de outras religiões para explicar suas práticas ou os nomes
simbólicos dados aos Orixás, que são as divindades realizadoras do verbo divino ou as suas
linhas de trabalhos espirituais e mágicos, que são manifestadores espirituais dos mistérios do
verbo divino.

ALGUNS FATORES DE EXU: VITALIZADOR; ACONTECEDOR; AGARRADOR (prender com


garra); ANTEVEDOR; APRESADOR (apreender); AVISADOR; BLOQUEADOR; CAPEADOR (esconde
com capa); DESMANCHADOR; EMBARAÇADOR; ESVAZIADOR; GUARDADOR; OCULTADOR;
TRINCADOR; VIGORIZADOR ETC
19

UM EXEMPLO DE INVOCAÇÃO (adaptar às diferentes classes de Exu)

“Eu invoco Deus, seus Divinos Tronos, sua Lei Maior e sua Justiça Divina. Invoco o Divino
Pai Orixá Exu e o Meu Pai Exu Natural e Vos peço que ative esse espaço mágico, imante, cruze
e consagre esses Elementos com todos os Vossos Poderes Divinos, Naturais, Espirituais,
Elementais, Elementares, Energéticos, Magnéticos e Vibracionais e com todas as funções
Purificadoras e Restituidoras dos vossos Poderes e Mistérios. Peço que vosso espaço mágico
assuma a função de ponto absorvedor, encaminhador, dragador, recolhedor, absorvedor de
energias negativas e seres negativados ligados à mim, à minha casa e às pessoas que aqui
vivem. Que corte e recolha cordões energéticos que possam estar prejudicando a mim e aos
moradores da minha casa. Que feche portais, buracos e passagens negativos que possam estar
abertos no interior da minha casa. Que ainda possa atuar com todos os vossos fatores
reordenadores, equilibradores, vitalizadores de todos os sentidos da vida, direcionadores,
movimentadores, potencializadores, abridores de caminhos, transmutadores, curadores,
prosperadores, encorajadores e protetores. Peço, por fim, que projeta esta casa criando um
vazio relativo no exterior dela e que, a partir deste campo criado, vigie e observe qualquer
atuação negativa contra mim, contra essa casa e contra seus moradores e absorva para o seu
vazio tudo que prejudique a nossa evolução, paz, harmonia, saúde e prosperidade. Amém!”

ELEMENTOS DE EXU:

VELA PRETA:

É a vela genérica para Exu. Melhor vela para ativar o Orixá Exu e o Exu guardião. Vale
destacar, contudo, que alguns Exus espirituais preferem velas bicolores (Exus de Ogum: vela
bicolor preta/vermelha; Exus da Evolução: vela bicolor preta/roxa; Exu do Ouro: vela
preta/dourada).

Sobre vela ainda, você pode deixar acesa na sua tronqueira uma vela de 7 dias preta (ou
branca). A vela preta mantém o portal e a ativação aberta no plano físico por 7 dias. Se acender
uma vela comum palito, o portal fica aberto, após apagar a vela, pela volta mágica de 7 dias,
mas atuará em outra frequência vibratória. (melhor entendimento na Magia Divina das 7
Chamas Sagradas)

BEBIDA: As bebidas de Exu são as que possuem alto teor alcoólico. A principal delas é a
cachaça, contudo, o whisky pode também ser usado.

FATORES DA CACHAÇA: desagregador, limpador, descarregador, diluidor.

FUMO: O principal fumo de Exu é o charuto. Vale lembrar que o tabaco é uma erva de
poder.

FATORES DO TABACO: limpador, dissolvedor, calcinador, cicatrizador, curador etc


20

TRIDENTES:

Onda Temporal (Tridente Reto) - Atua na realidade em que foi ativada, não interferindo
em planos e realidades fora da humana. É irradiada pelo Orixá Exu constantemente, vitalizando
cada ser vivo na criação.

Onda Atemporal (Tridente Curvo) – Atua nesta e em qualquer realidade que for
necessária para resolver um desequilíbrio que esteja afetando o médium. Esta onda do Orixá
Exu é recolhedora, absorvedora, desenergizadora etc. Ela atua onde há desequilíbrio e assim
que o restabelece, cessa sua atuação e se recolhe.

MITO: Tridente Curvo é de Pombagira.

OCTÓGONOS: Em si mesmo um espaço mágico elementarizado para Exu. Quando


consagrado, é um verdadeiro portal para os domínios do Exu que o cruzou. Um dos elementos
mais eficazes para se ter em uma tronqueira, podendo ser usado por qualquer Exu.

FERRAMENTA DE EXU: Uma ferramenta é a soma de vários símbolos, representando


diversas energias e se transformando em um novo símbolo, algo como um para-raio no
assentamento, firmeza ou tronqueira.

PUNHAL: É uma lâmina do amor usada para perfurar campos eletromagnéticos


negativos e para cortar cordões energéticos negativos.

QUARTINHA PRETA: Quartinhas representam um elemento de ligação entre Guias,


Médiuns e Orixás. É também o recipiente onde colocamos elementos que atuam com esse
propósito de ligação. A quartinha também possui função protetora que plasma no astral um
escudo ao redor de seu ativador. Para isso, ela deve ser tampada e deve ser pedido que, através
da quartinha, se forme um escudo protetor ao redor de si. Ela pode assumir também a função
de portal absorvedor de negativismos. Para isso, deve-se deixá-la aberta e programar essa
função.

PEMBA PRETA: A pemba é um elemento mineral fixador. A partir dos símbolos riscados
se constrói portais e passagens.

OUTROS ELEMENTOS: punhais, parafusos pequenos e de trilho de trem, correntes,


trilhos de trem, pregos, capas, cartolas, espadas, facas, bengalas, cetros, chaves etc.
21

PEDRAS DE EXU E FATORES:

- TURMALINA NEGRA: absorvedor, bloqueador, paralisador, transmutador, curador

- ÔNIX: paralisador, anulador, absorvedor, desmagnetizador

- GALENA: vitalizador, protetor, bloqueador, espelhador

- CRISTAL FUMÊ: descristalizador, desmagnetizador, absorvedor, bloqueador, virador

- OBSIDIANA NEGRA: recolhedor, rastreador, cortador, absorvedor, regredidor, virador.

- ÁGATA NEGRA: absorvedor, bloqueador, encaminhador, limpador

- SHUNGITA: absorvedor, curador, filtrador

- GRANADA: direcionador, energizador, bloqueador, ordenador

- MICA PRETA: recolhedor, bloqueador, protetor

- HEMATITA: bloqueador, protetor, espelhador, direcionador

ERVAS DE EXU:

- PINHÃO ROXO: paralisadores, consumidores, desintegradores, eliminadores, curadores

- DANDÁ DA COSTA: diluidores, coaguladores, esgotadores, purificadores

- PIMENTA: desagregadores, reveladores, desocultadores, consumidores

- MAMONA: curadores, esgotadores, paralisadores

- PEREGUN ROXO: esgotadores, limpadores, anuladores

- AÇOITA CAVALO: cortadores, eliminadores, destruidores, desmontadores

- CRAVO VERMELHO: vitalizadores, fortalecedores, potencializadores (morna)

- GENGIBRE: potencializadores, captadores, fortalecedores, regeneradores

- CASCA DE CEBOLA: desintegradores, desintoxicadores, desmontadores, diluidores

- CASCA DE ALHO: acidificadores, dissolvedores, desobsessores, corroedores

- COMIGO NINGUÉM PODE (PERIGO: jamais em banhos): acidificador, limpador, purificador,


protetor
22

BANHO E DEFUMAÇÃO DE EXU

DEFUMAÇÃO: É o ato de utilizar-se de ervas das mais variadas, incluindo o fumo, para a
obtenção de resultados relativos à purificação ou outras funções ritualísticas.

Os banhos e defumações de Exu são extremamente purificadores. O ideal é que todo


banho seja tomado com no mínimo 3 ervas e no máximo 7, sendo 3 ou 5 o suficiente. Por serem
ervas muito quentes, não é ideal que se tome banhos de Exu seguidos. Ou seja, raramente
tome 2 ou 3 banhos em dias seguidos com essas ervas. Algumas delas são verdadeiros ácidos
astrais e causarão danos energéticos, podendo chegar ao extremo de dissolver símbolos
iniciáticos quando usados de modo muito exagerado.

O ideal é que nesses banhos sempre se coloque uma erva morna como manjericão ou
hortelã, para equilibrar. Melhor horário para tomar um banho de Exu é a noite. Isso não se deve
ao fato de ser banho para Exu, mas por ser normal causar alguma sonolência, devido a
purificação profunda. Vale destacar o cravo vermelho como uma erva morna de Exu, que possui
bastante fator vitalizador.

Outra questão que vale menção se refere ao “comigo ninguém pode”. Essa erva não
deve ser usada em banhos ou defumações devido a sua toxidade.

O gengibre quando fresco pode ser usado banho, em bem pequenas quantidades, com
o cuidado de ele ser levemente irritador da pele. Quando seco ou em pó pode ser usado em
defumações. Possui fator vitalizador também. O gengibre está ligado a Ogum, Iansã e Exu,
possuindo funções potencializadoras, fortalecedoras, regeneradoras e vitalizadoras. Pode ser
usado em assentamentos de Exu como um elemento potencializador.

OBS.: O charuto usado na firmeza do seu Exu pode se tornar uma defumação. Basta
dissolvê-lo e usar como erva seca.

FIRMEZA CASEIRA DE EXU: NATURAL, GUARDIÃO E ESPIRITUAL

Todas as firmezas para Exu devem ser feitas no lado de fora de Casa. Contudo, como
parte das pessoas mora em apartamentos pequenos, ou até mesmo em quartos, isso é
flexibilizado. Quando se firma Exu, ele abre um vazio relativo no lugar em que a firmeza física
estiver dentro. Ele ativa a firmeza no lado etérico e envolve o exterior do espaço com seu
mistério pessoal. Em outras palavras, se você estiver morando em um quarto na casa de alguém
ou em um ambiente compartilhado, o vazio relativo será criado ao redor desse cômodo. O vazio
se ativa conforme a programação mental do seu ativador!

Estudamos que existe uma ligação com Exu Natural (seu Orixá Exu pessoal), o Exu
Guardião (ou Exu ancestral) e o Exu espiritual (Exu de Trabalho). Vale ter os 3 firmados em sua
Casa ou tronqueira pessoal.

Naturalmente, não umbandistas firmarão mais o seu Exu guardião ou até o Orixá Exu.
Umbandistas que são ativos em trabalhos em terreiro, geralmente, possuem bem firmado o
23

seu Exu do Trabalho. Contudo, com os novos conhecimentos, entendida a importância do Exu
Natural e do Exu Guardião na sua vida, vale ter a firmeza dos 3 em sua tronqueira.

COMO NASCE UMA TRONQUEIRA CASEIRA? Pode-se relacionar com Exu em casa!

ATIVAÇÃO DA TRONQUEIRA

Lembrar de sempre bater “paó” para se invocar Exu. Isso consiste em bater palmas em
3 sequências de 3 em cada invocação de Exu. Sempre dizer “Laroyê Exú” e responder “Exu é
Mojubá”. Em seguida, bater o “paó”.

ELEMENTOS DE OFERENDA

- toalha preta com fita preta;

- velas pretas

- fitas pretas

- pembas pretas

- tridentes e octógonos de ferro;

- ferramenta grande;

- outros elementos;

- moedas;

- flores (cravo vermelho)

- frutas (abacaxi, limão, banana, frutas muito ácidas)

- pimentas: pimenta dedo de moça e pimenta malagueta. Tem relação com média e alta
ardência.

- cebolas em cruz e alho em cruz são sempre bem-vindos (desimantadores,


esgotadores, desmontadores, limpadores etc);

- bebidas (cachaça, conhaque, whisky) – obs.: para cada padê, 1 garrada de bebida.

- comida principal: padê


24

Tipos de padês:

• Farinha de mandioca com dendê misturada na mão;

• Farinha de mandioca frita no dendê (pode ser adicionado cebola em rodelas e/ou
pimenta em rodelas)

• Farinha de mandioca com cachaça

• Uso de carnes/proteínas (cruas ou seladas no dendê: bife, fígado, bisteca com osso).

• Farinha de mandioca com dendê e miúdos de frango (simboliza o galo)

QUAIS OS MELHORES CAMPOS DE FORÇA PARA OFERENDA EXU?

O campo de forças neutro para oferendar Exu é a encruzilhada, na rua. Esse campo
representa o vazio relativo de domínios.

Campos abertos são também neutros para receber oferenda para qualquer Orixá ou
guia espiritual.

Cruzeiros das Almas são representativos do Mistério das 7 Passagens, abrindo também
portais para a oferenda de qualquer Exu.

Existe também a possibilidade de oferendar Exus em campos específicos, se você sabe


o campo de atuação do seu Exu. Só realizar a oferenda na entrada do campo. Lembre-se que o
Exu é guardião do vazio relativo, ou seja, a oferenda deve ser realizada de modo que
simbolicamente esteja no vazio relativo.

EXU SÓ SE OFERENDA COM SACRIFÍCIO?

Na Umbanda Sagrada não há sacrifícios para Exu nem para nenhum poder ou força. Exu
pode ser oferendado e podemos trabalhar com Exu em nosso benefício e no de terceiros sem
uso de sangue.

O uso de carne processada no comércio, contudo, é muito favorável em atuações de


purificação extrema e de corte de magias negativa, onde foi usado elemento animal ou
sacrifício. Lembre que apenas se você não consome qualquer elemento animal faz sentido que
se oponha a essa prática.

Respeitamos, contudo, outros segmentos que possuem práticas diversas. É importante


que tenhamos tolerância com outras expressões religiosas.

Você também pode gostar