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A autocensura como aspecto


da prática no mundo do trabalho
dos jornalistas1

Roseli Figaro
Doutora em Ciências da Comunicação pela
Universidade de São Paulo (USP)
Docente do Programa de Pós-graduação em Ciências da
Comunicação da Universidade de São Paulo (USP)
E-mail: figaro@uol.com.br

Cláudia Nonato
Resumo: A censura e o censor se apresentam hoje no Brasil
de diversas formas. Manifesta-se, sobretudo, como imposi-
ção econômica, cerceando temas, personalidades, expressões Doutora em Ciências da Comunicação pela
estético-artísticas; também manifesta-se como deliberação Universidade de São Paulo (USP)
jurídica, como no caso das biografias não autorizadas. Poucas E-mail: claudia.nonato@uol.com.br
vezes, no entanto, consideramos o apagamento das expressões
no mundo do trabalho como uma forma de censura, e, pode-
-se dizer, como das mais draconianas formas de domesticar a
expressão. Este artigo pretende analisar a autocensura como
prática na rotina produtiva dos jornalistas.
Palavras-chave: Censura, autocensura, mundo do trabalho,
jornalismo, jornalistas. Com a chegada da internet e das redes
1

sociais, a aparente liberdade de expressar-se


La autocensura como un aspecto práctico del mundo del trabajo
de los periodistas
e a migração para esses meios como prática
Resumen: La censura y el sensor está presente hoy en Brasil de comunicativa, fez o controle voltar ao centro
varias maneras. Se manifiesta principalmente como una impo-
sición económica, la restricción de temas, personajes, expre-
das atenções, reacendendo o debate sobre a
siones estéticas y artísticas. Rara vez, sin embargo, tenga se en democratização da informação e dos meios
cuenta la supresión de las expresiones en el mundo del trabajo de comunicação. Tais mudanças também al-
como una forma de censura y, podría decirse, como una de las
formas más draconianas de impedimiento de la expresión. Este teraram as práticas de liberdade de expressão
artículo pretende analizar la práctica de la autocensura de los estabelecidas até então. A figura do censor
periodistas en la rutina productiva.
Palabras clave: Censura, autocensura, mundo del trabajo, pe- não é a mesma da época da ditadura; as per-
riodista, periodismo. seguições, intimidações e prisões foram tro-
Self-censorship as appearance practice in world of work of journalists cadas pelo controle e vigilância do acesso à
Abstract: and the censor is present today in Brazil in several internet nas empresas, pela exclusão de con-
ways. Manifests itself primarily as an economic imposition,
restricting themes, personalities, aesthetic and artistic expres-
teúdo das redes sociais ou pelo impedimento
sions; also manifests itself as a legal decision, as in the case advindo de uma ação judicial.
of unauthorized biographies. Seldom, however, consider the
deletion of the expressions in the world of work as a form of
censorship, and, one might say, as the most draconian forms of 1
Versão adaptada e atualizada de trabalho apresentado no
tame expression. This article aims to analyze how practice self- GP Comunicação, Mídias e Liberdade de Expressão, no XIV
-censorship of journalists in productive routine. Encontro dos Grupos de Pesquisas em Comunicação, evento
Keywords: Censorship, self-censorship, world of work, jour- componente do XXXVII Congresso Brasileiro de Ciências da
nalism, journalists. Comunicação, Foz do Iguaçu (PR), 2 a 5 de setembro de 2014.

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De nossa história recente, vale lembrar


 mundo do trabalho como espaço
O
que os meios de comunicação se desenvolve-
silenciado
ram no Brasil sob grande influência, pressão
política e econômica, da censura (Mattos, O tema soa inadequado, porque se pres-
2005, p. 163). No período da Ditadura Militar, supõe que a democracia e o direito à expres-
veículos que apoiaram ações governamentais são digam respeito unicamente às questões
obtiveram incentivos,2 como empréstimos e que aparecem na cena pública, como nas
publicidade, enquanto aqueles com postura artes e nas mídias. No entanto, é preciso res-
opositora e crítica não tiveram o mesmo tra- saltar que no mundo do trabalho, aqui com-
tamento. Por motivos como esses, segundo preendido como o ambiente real e concreto
Mattos (2005), a censura também pode ser onde se constroem os laços de sociabilidade
motivada indiretamente, e pode induzir a que permitem trabalhar, a liberdade de ex-
autocensura, “estimulando um sentimento pressão se mantém controlada pelo interes-
de compromisso político que gera o medo se privado. Interesse regulado pela vontade
do dono dos meios de produção. No espaço
de contar a verdade” (p. 163).
institucional da empresa o tema da liber-
dade de expressão não existe. É tácito que
a subordinação às regras de conduta da or-
ganização empresarial faz parte das relações
Censura é o processo contratuais de prestação de serviço. Mesmo
de repressão da que tais regras estabeleçam o não exercício
li­berdade de expressão da expressão de fala, de consciência e de po-
e de imprensa e der criativo e intelectual de quem trabalha.
está diretamente O silêncio é imposição contratual (Figaro;
relacionada ao poder, Nonato; Pachi, 2015).
No cotidiano, o mundo do trabalho apa-
seja ou não do Estado
rece sem voz. Aquele que trabalha não é visto
como criador, realizador, inteligente e ser de
comunicação. Para Boutet (2008), o traba-
Com este artigo, pretendemos introduzir lhador não tem direito à palavra no mundo
o tema da falta de liberdade de expressão no do trabalho. Nos mais diversos ramos pro-
mundo do trabalho, identificar e analisar a fissionais a palavra aparece domada. Como
autocensura, que aparece especialmente no se fosse possível que as prescrições e normas
de procedimentos da instituição pudessem
jornalismo, tanto na omissão, quanto na
cumprir e abarcar todas as situações de tra-
manipulação da realidade (Bahia, 1990, in
balho, mesmo as mais inusitadas.
Mattos, 2005, p. 43) e, acima de tudo, con-
É relevante para a nossa discussão escla-
tinua hoje muito presente no cotidiano do
recer que o conceito de liberdade de expres-
mundo do trabalho do jornalista.
são com o qual se opera neste artigo é aquele
lastreado pela tradição do republicanismo,
ou seja, “a liberdade política do republica-
2
Vale lembrar o caso Globo/Time-Life que, nos anos da Dita- nismo, que se define como não-dominação
dura Militar, obteve parecer favorável do Procurador da Re- e se orienta pelo modelo das virtudes cívicas
pública sobre essa associação. Também não se pode esquecer
da recuperação financeira do jornal Estado de S. Paulo, pro- da cidadania com valor substancial” (Ramos,
porcionada com dinheiro dos cofres públicos, no período de 2011, p. 44) que se diferencia da compre-
ocupação do jornal pelos interventores da ditadura getulista.
Sobre o Estadão, conferir em: Severiano, Mylton. Nascidos ensão liberal, assentada no “livre agir do
para perder. Florianópolis: Insular, 2012. indivíduo”. Sendo assim, quando se fala em

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censura ou interdição da palavra no mundo autocensura é lugar-comum, porque incor-


do trabalho, afirma-se a operação programa- porada como método de trabalho. É forma
da de apagamento de quem trabalha como de sobrevivência contratual.
cidadão, aquele que é ser político.
Nesse sentido, os mecanismos proces-
I dentificar a censura e a autocensura
suais e prescritivos de como trabalhar já
no trabalho jornalístico
contêm as formas de controle da expressão.
Geram rotinas produtivas cujo sentido é o de Censura é o processo de repressão da li-
neutralizar as especificidades e as caracterís- berdade de expressão e de imprensa e está
ticas do fazer, do trabalhar de cada um. Mas diretamente relacionada ao poder, seja ou
as prescrições não dão conta da realidade não do Estado, e pode se apresentar de diver-
do trabalho. O trabalho é mais “complexo” sas formas. Para Cremilda Medina (2002, p.
é sempre “inédito”, desafiando as “infideli- 421), além da censura explícita, instituciona-
dades do meio” (Schwartz; Durrive, 2007). lizada e verticalmente exercida pelo Estado
Essas características do trabalho exigem o autoritário, estamos sujeitos a cerceamentos
ser humano por inteiro, daí as manobras re- nas práticas cotidianas, impostas por “atos
alizadas, os desafios a serem superados e as repressivos inerentes a qualquer exercício de
limitações que, no caso da comunicação, são poder” e também à autocensura. Para Mattos
aspectos que levam à autocensura. (2012, p. 101), não há diferenças no conceito
Para o operário3 estipula-se o mínimo de do ato de censurar; o que muda “é a aplica-
tempo e das formas de comunicação como ção dos instrumentos de controle”.
aspectos da avaliação da produtividade e da Como uma política de Estado, o ato de
qualidade do trabalho; para os trabalhadores censurar é, para Beatriz Kushnir (2004), “a
no telemarketing o script dos diálogos a se- ação individual ou em grupo realizada por
rem travados com os clientes são regulados um censor – alguém designado pelo governo
e controlados segundo a segundo e estimu- a pôr em prática o artifício censório – que, ao
la-se a simpatia, a sedução pela voz e argu- analisar obras de cunho artístico e/ou jorna-
mentação por meio de palavras-chave, fora lístico, permite ou não a sua difusão”. Para a
das quais não é possível a expressão; para autora, a postura de vigiar e reprimir revela a
os jornalistas,4 a linha editorial e o público- intenção de simular a harmonia social:
-alvo do produto notícia balizam as formas
do dizer por meio de normas que excluem Arrazoar a ação de proibir e censurar, de
termos, verbos, imagens e até temas; e as negar ao outro o direito de acesso a deter-
condições precárias para a pesquisa e a apu- minados temas; vigiar pessoas, ditar nor-
ração, ditadas pelo ritmo do tempo-mercan- mas de conduta, excluir palavras do voca-
til online, configuram limitações à execução bulário; forjar de maneira brutal uma nova
realidade, essas são algumas das indagações
do trabalho com qualidade e respeito à ética
centrais e das preocupações acerca das es-
profissional. Todos esses, e outros muitos, tratégias do interdito. Os atos censórios
trabalhadores são limitados em sua expres- não estão, entretanto, circunscritos a de-
são no mundo do trabalho. Nesse espaço, a terminados momentos, lugares ou formas
de governo (Kushnir, 2004, p. 36).
3
Josiane Boutet, em La vie verbale au travail, discute a censura
e a regulação da palavra no mundo do trabalho. Também as O sociólogo Venício Lima (2011b) afirma
dissertações e teses vinculadas ao Centro de Pesquisa em Co-
municação e Trabalho demonstram as limitações e a regulação que o Estado não é o único censor e, mui-
à comunicação no trabalho. (Picciarelli Jr., 2011; Santos, 2011). tas vezes, sequer o mais importante. Para ele,
4
O Centro de Pesquisa em Comunicação e Trabalho também
realizou investigação sobre o perfil e o mundo do trabalho dos
que se refere à censura da palavra, “da expres-
jornalistas de São Paulo. (Figaro; Nonato; Grohmann, 2013) são que é um direito humano fundamental

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da pessoa, do indivíduo e o cidadão”, exis- O jornalista Alberto Dines (in Mattos,


tem várias formas de censura e censores. A 2005, p. 42) afirma que a censura também está
“ (...) censura é anterior à existência não só na manipulação - que considera ser a mais su-
de Gutenberg (...) como é muito anterior à til -, na falta de profundidade e apuração e,
existência da instituição que passou a ser co- principalmente, na omissão, que também se
nhecida como “imprensa” e hoje chamamos caracterizaria como autocensura, “uma ex-
de “mídia””, completa (Lima, 2011b). tensão da censura e que quase sempre pode
A linguista Eni Orlandi identificou a cen- atuar no jornalismo como parte invisível do
sura no silêncio. Ao analisar tanto a censura, corpo censorial ostensivo”. A omissão, como
quanto a recusa de se submeter a ela, a autora superfície da negação da ação, aparece como
afirma que o silêncio não é transparente, é conformismo, conformidade aos ditames su-
ambíguo, “pois se produz em condições es- periores; mas como expressão profunda da
pecíficas que constituem seu modo de signi- relação sujeito-sociedade, torna-se desvio éti-
ficar” enquanto a censura, tal como a defini- co com consequências nefastas. Tanto é assim,
mos “é a interdição da inscrição do sujeito que o campo semântico do termo omissão
em formações discursivas determinadas, isto emparelha-se aos sentidos de: negligência, fa-
é, proíbem-se certos sentidos porque se im- lha, lacuna, preterido, prejuízo para a socieda-
pede o sujeito de ocupar certos lugares, cer- de, inércia, falta de cuidado.
tas posições ” (2007, p. 101, 104). No atual ambiente democrático em que
O educador Paulo Freire também abor- vivemos, a autocensura é geralmente apli-
dou o tema ao falar na submissão dos opri- cada para evitar demissões, processos ju-
midos pelo silêncio, que chamou de “cultura diciais ou por questões financeiras e éticas,
do silêncio”. Em seus textos, Freire afirma principalmente entre os jornalistas. Kucinski
que no Brasil colonial, o Estado português e (2002, p. 541, 542) identifica na história da
seus aliados se beneficiavam da opressão aos imprensa diversos tipos de uso de autocen-
indígenas e escravos vindos da África, por sura jornalística, a começar por países ibé-
meio da submissão e da proibição da liber- ricos, que a utilizavam “na clandestinidade
dade de se expressar, ou seja, impondo o si- política e na criminalização da dissidência
lêncio. Os colonizadores portugueses foram e do não conformismo por parte das elites
os nossos primeiros censores, e deixaram dirigentes” (p. 539). Também mostra que a
como herança “uma cultura de dominação autocensura foi utilizada como método ide-
que, uma vez internalizada, condicionava o al de controle da informação (“ao suprimir
comportamento submisso” (Freire, 1970, p. a própria informação de que a informação
169, Lima, 2011a, p. 111). está sendo suprimida, a autocensura torna-
Trazendo o tema para os dias atuais, -se, para o opressor, a melhor forma de
Venício Lima (2011b) considera que o si- controlar a informação”), e como sistêmica
lêncio é uma forma de censura disfarçada (“muitos episódios de autocensura durante
imposta pela grande mídia em relação a de- a ditadura militar eram definidos no âmbito
terminados temas. Para ele, a grande mídia de sistemas jornalísticos, de empresas ou de
é a principal mediadora e construtora dos redações, e não por indivíduos”).
espaços públicos, e, quando omite algo des- A autocensura da época da ditadura mi-
se espaço, sonega ou exclui a possibilidade litar deixou uma herança para os jornalis-
desse tema fazer parte do conhecimento e tas brasileiros que persiste até hoje, quan-
do debate público. O silêncio é uma das for- do os profissionais deixam de revelar parte
mas de autocensura mais eficaz: o não dito das informações que possuem. “É a auto-
é incorporado como forma de sobrevivência censura como estratégia de sobrevivência
profissional na relação com a empresa. num ambiente redacional autoritário, e já

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incorporada ao ethos jornalístico na demo- como deliberação jurídica, como no caso


cracia pós-autoritária brasileira”, afirma o das biografias não autorizadas. Poucas ve-
autor. Para ele, “essa autocensura é o traço zes, no entanto, consideramos o apagamento
que mais distingue o jornalista brasileiro do das expressões no mundo do trabalho como
jornalista de culturas de maior tradição de- uma forma de censura, e, pode-se dizer,
mocrática” (p. 543). como uma das mais draconianas formas de
Kucinski afirma que não é fácil tipificar domesticar a expressão.
a autocensura, porque “ela se confunde com
mecanismos sistêmicos e inconscientes de
censura inerentes ao processo social de cons-
trução da notícia” (2002, p. 536). Esses me- No jornalismo, a censura
canismos são “filtros vindos do poder econô- e a autocensura podem
mico, do poder da publicidade, da barragem
ser identificadas tanto
das fontes oficiais e da dominação ideológica”
(Chomsky; Herman, 1988, in Kucinski, 2002, na omissão quanto na
p. 538). A autocensura difere-se desses meca- manipulação
nismos principalmente por ser um ato cons- dos fatos por um
ciente, com objetivo também consciente, de veículo ou profissional
dosar a informação que chegará ao leitor.

Trata-se de uma modalidade de fraude in-


telectual, uma mentira ativa, oriunda não
 utocensura na omissão e na manipu-
A
de uma reação instintiva, mas de intenção
calculadas de enganar. São decisões toma- lação dos fatos jornalísticos
das na esfera do superego do jornalista.
Bernardo Kucinski (1998, p. 51) afirma
Nesse sentido é uma das mais danosas for-
mas de controle da informação porque im-
que “a autocensura é a supressão intencio-
plica o engajamento do jornalista na pro- nal ou parte dela pelo jornalista ou empre-
posta repressiva, fazendo dele sua primeira sa jornalística, de forma a iludir o leitor ou
vítima (Kucinscki, 2002, p. 538). privá-lo de dados relevantes”, é um tipo de
fraude, uma mentira que parte da intenção
Na opinião do autor, ao impedir o exercício de esconder a verdade. O fato de deixar de
da liberdade, a censura imposta pelo Estado revelar parte das informações que têm em
não afeta a dignidade do jornalista, nem sua mãos é visto com naturalidade entre os jor-
personalidade de “homem livre”. Já a auto- nalistas brasileiros, e esta é uma defecção das
censura, ao fazer com que o jornalista aceite mais graves no fazer do profissional, desca-
a sua restrição, tornando-se agente e objeto racterizando-o. O autor cita um caso de nos-
da repressão, “vai minando a integridade do sa história como exemplo: em 1994, o en-
ser” (Kucinscki, 2002, p. 538). Na situação de tão ministro da Fazenda, Rubens Ricúpero,
autocensura, “O jornalista assume a respon- fez uma confidência a um jornalista da TV
sabilidade adicional de aferir e decidir o que Globo, Carlos Monforte, enquanto aguarda-
é bom para o leitor e o que não é”, completa. va para gravar uma entrevista. Ele comentou
A censura, a autocensura e o censor se que estava aproveitando o cargo para pro-
apresentam hoje no Brasil de diversas for- mover a candidatura de Fernando Henrique
mas. Adquirem traços específicos em dife- Cardoso; a conversa foi captada por antenas
rentes níveis e instituições. Manifestam-se, parabólicas e revelada em rede nacional,
sobretudo, como imposição econômica, causando um grande escândalo e um poste-
cerceando temas, personalidades, expressões rior pedido de demissão do Ministro. O fato
estético-artísticas; também se manifestam de ter ouvido um comentário “em off ” que,

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caso não tivesse vazado, jamais seria reve- “cláusula de consciência”, pela qual os pro-
lado pelo jornalista, nunca foi questionado prietários não podem pedir a um jornalis-
pela grande imprensa, e sugere que “a au- ta que defenda posições contrárias à sua
tocensura por ele exercida no episódio não consciência e nem demiti-lo por se recusar
a fazê-lo. Nossos grandes jornais e redes de
foi vista pelo conjunto dos jornalistas como
TV são empresas familiares, nas quais os
desvio de conduta e sim como norma”, ex- jornalistas em cargos executivos são enten-
plica Kucinski (2002). Para ele, que chamou didos como profissionais de confiança dos
o episódio de “síndrome da antena parabóli- proprietários, cuja lealdade é para com os
ca”, a mídia agiu como “aparelho ideológico donos do jornal e não para com o interesse
do Estado”,5 modelo utilizado em culturas público (Kucinski, 1998, p. 69).
autoritárias que funcionam em regime de
democracia formal, em que “a autocensura é Para Mattos (2012), a censura e a auto-
ingrediente essencial”. censura no jornalismo podem ser identifica-
das tanto na omissão quanto na manipulação
dos fatos, pois “o comprometimento político
Depois de tomada a decisão e econômico pode levar um veículo, ou pro-
de que um fato ‘não é fissional, a adotar certas práticas de mani-
pulação da informação para tirar proveitos
jor­nalístico’, não há
escusos delas”. Fato é que, por meio da ma-
a menor chance de nipulação das informações, a mídia promove
que o leitor tome distorções na realidade, filtrada pelos veícu-
conhecimento de los de comunicação. No ensaio “Significado
sua existência político da manipulação na grande impren-
sa” (2003), Perseu Abramo afirma que a ma-
nipulação da informação é uma das princi-
pais características do jornalismo no Brasil,
Esse exemplo, trazido da obra de Kucinski praticado hoje pela grande imprensa. Para
também nos propõe problematizar até onde ele, a realidade artificial criada pela imprensa
o profissional pode assumir a face do ethos da
acaba se transformando em realidade para a
empresa e incorporar a autocensura como re-
população. Essa distorção dos fatos ocorre,
gra de ação no fazer jornalístico e quando pode
segundo ele, de múltiplas e variadas formas,
e deve diferenciar-se desse ethos editorial.
mas “a gravidade do fenômeno decorre do
fato de que ela marca a essência do procedi-
A invenção da autocensura é uma particu-
laridade de regimes autoritários e, portan- mento geral do conjunto da produção coti-
to, um dos critérios de demarcação desses diana da Imprensa”.
regimes. A autocensura jornalística é tão Diante dessa análise, Abramo observou
originalmente nossa, latino-americana, quatro padrões de manipulação da impren-
que essa expressão não é usual dos léxicos sa e um específico para o telejornalismo: a
de comunicação e jornalismo das demo- ocultação, a fragmentação, a inversão e a
cracias liberais. É também uma particu-
indução. São itens que, a nosso entender,
laridade das relações de trabalho na im-
prensa brasileira, as quais ainda inexiste a podem ser considerados autocensura, tanto
do profissional, quanto da empresa, e que
estão presentes no cotidiano do jornalismo.
5
Modelo proposto por Louis Althusser criticado por ser um
modelo extremado e formalístico. Para ele, Igreja, meios de A ocultação, segundo o autor, refere-se “à
comunicação e escolas são instrumentos necessários à repro- ausência e à presença dos fatos reais na pro-
dução das condições de produção do sistema capitalista, como
coadjuvantes dos aparelhos repressivos do Estado (Kucinski, dução da Imprensa”. Não significa omissão,
2002, p. 544). nem fruto do desconhecimento, é o silêncio

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sobre o fato, que ocorre ainda no planeja- O terceiro padrão, da inversão, “opera o
mento da pauta, da edição. Pois, depois de reordenamento das partes, a troca de lugares
tomada a decisão de que um fato ‘não é jor- e de importância dessas partes, a substituição
nalístico’, não há a menor chance de que o de uma por outras e prossegue, assim, com a
leitor tome conhecimento de sua existência, destruição da realidade original e a criação
ou seja, “o fato real foi eliminado da realida- artificial de outra realidade” (Abramo, 2003).
de, ele não existe” (Abramo, 2003). Esse mé- Ocorre durante o processo jornalístico desde
todo de ocultação foi utilizado, por exemplo, o planejamento, mas principalmente duran-
durante a Ditadura Militar no país. Bernardo te a preparação e edição da matéria. O autor
Kucinski (2002) afirma que a prática da au- ainda observa que há várias formas de in-
tocensura foi largamente utilizada por gran- versão: da relevância dos aspectos, da forma
des jornais na época, principalmente duran- pelo conteúdo, da versão pelo fato, e da opi-
te o período de censura prévia.6 Os censores nião pela informação.
eram imprevisíveis, sem apresentar regras O quarto e último padrão, o da indução,
claras, e proprietários dos meios de comu- é “o resultado e ao mesmo tempo o impulso
nicação temiam que houvesse confiscos dos final da articulação combinada de outros pa-
jornais impressos, o que poderia gerar gran- drões de manipulação dos vários órgãos de
des prejuízos. Para não afetar a produção e comunicação com os quais ele tem contato”,
antecipando-se a represálias, jornalistas, edi- pois ultrapassa a fase de planejamento, pre-
tores e donos de jornais praticavam autocen- paração e edição da matéria e avança para a
sura, no controle antecipado e voluntário da impressão, distribuição, publicidade e recep-
informação. Este fato explica, segundo ele, o ção. Para o autor,
reduzido número de processos contra jorna-
listas durante o regime militar. A indução se manifesta pelo reordenamen-
to ou recontextualização dos fragmentos
O segundo padrão de manipulação ob-
da realidade, pelo subtexto - aquilo que é
servado por Abramo é a fragmentação, ca-
dito sem ser falado - da diagramação e da
racterizada pela “sobra” do material oculta- programação, das manchetes, notícias e
do pelo jornalista, e que seria manipulada comentários, sons e imagens, pela presen-
durante o processo de edição. Esse padrão ça/ausência de temas, segmentos do real,
implicaria ainda na “seleção de aspectos, ou de grupos da sociedade e de personagens
particularidades” e na “descontextualiza- (Abramo, 2003).
ção”. A seleção de aspectos é semelhante ao
padrão de ocultação: depois de separada, a Na atualidade, essas práticas continuam
notícia é fragmentada, decomposta, despoja- em relação aos desafetos dos donos da mídia
da de seus vínculos e adaptada aos interesses e passam à manual de conduta nas redações,
e à linha editorial da empresa. Para o autor, mesmo sem regras escritas. No fazer cotidia-
os critérios para essa seleção “não residem no dos jornalistas, as ausências, a fragmenta-
necessariamente na natureza ou nas carac- ção, a ocultação e a omissão são incorpora-
terísticas do fato decomposto, mas sim nas das como rotinas produtivas, procedimentos
decisões, na linha, no projeto do órgão de normativos assumidos como naturalização
imprensa, e que são transmitidos, impostos da autocensura e, algumas vezes, justificadas
ou adotados pelos jornalistas desse órgão”. A como “cultura” da profissão.
descontextualização ocorre em decorrência Por ser uma combinação de todos os
desse processo. outros padrões e manipulação, o padrão de
indução está fortemente ligado à autocensu-
6
Período em que a censura era exercida por um censor enviado
ra. Ao destacar massivamente e diariamente
à redação (Kucinski, 2002). determinados assuntos em detrimento de

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outros, que sequer aparecem na mídia, a im- jornalística ao leitor/telespectador de for-


prensa induz o receptor a acreditar em uma ma a que ele perceba imediatamente o que
falsa realidade que, depois de distorcida, re- é a exposição da realidade, e o que é ajuiza-
mento de valor (Abramo, 2003).
torcida e recriada ficcionalmente, é, segundo
Abramo, “dividida pela imprensa em reali-
dade do campo do Bem e realidade do cam- A manipulação da informação e a distor-
po do Mal, e o leitor/espectador é induzido ção da realidade no jornalismo citadas até
a acreditar não só que seja assim, mas que aqui são, segundo hipótese do autor, “deli-
assim será eternamente, sem possibilidade beradas, têm um significado e um propósi-
de mudança”. Para ele, essa indução é fruto to”. Para ele, os proprietários das empresas
da manipulação do conjunto dos meios de de comunicação exercem controle sobre a
comunicação mais poderosos, com maior ti- produção, de onde se pode concluir que são
ragem, audiência e publicidade. os principais responsáveis pela manipulação
das informações no país, e a raiz para o pro-
 precarização do trabalho no jorna-
A blema está na motivação econômica, pela
lismo incentiva a autocensura constante pressão dos anunciantes e pela
busca do lucro. Mas está, principalmente,
Abramo (2003) avança na discussão, a na transformação das empresas de comuni-
partir da definição de objetividade no jor- cação em grandes conglomerados de mídia
nalismo. Segundo ele, a objetividade sempre que, graças à valorização da informação na
aparece vinculada a conceitos como neutra- sociedade contemporânea, tornaram-se “no-
lidade, imparcialidade, isenção, honestidade, vos órgãos de poder, órgãos político-partidá-
palavras que se situam no campo da ação, rios” e, por isso, precisam recriar a realidade
ligadas ao comportamento moral, mas que e manipular as informações.
não deveriam estar ligadas a um jornalista Se essas práticas trazem vantagens aos
ou a uma empresa de comunicação. O jor- compromissos assumidos pelos conglome-
nalismo deve ser, para ele, “não-neutro, não rados de mídia com seus financiadores, por
imparcial e não isento diante dos fatos da re- outro lado, colocam o profissional do jorna-
alidade” e deve tomar posição na orientação lismo em situação muito degradante, visto
para ação. Ou seja, por meio das reportagens, que tais práticas são orquestradas em uma
comentários, artigos, editoriais, o jornalista conjuntura pouco propícia ao emprego e
deve orientar os leitores/receptores, a socie- aos direitos dos profissionais. A redução do
dade, “na formação de opinião, na tomada pessoal de redação, a convergência de plata-
de posição e na ação concreta enquanto seres formas de mídia, requerendo o profissional
humanos e cidadãos”. Para o autor é possível flexível e multiplataformas, o acelerado rit-
fazer jornalismo com o máximo de objetivi- mo de trabalho (Figaro, Grohmann, Nonato,
dade, pois essa é “a única forma de reduzir o 2013), a intensificação do trabalho (Antunes,
erro involuntário e impedir a manipulação 2001), os contratos precários (freelancer fixo,
deliberada da realidade”. PJ, cooperados) criam, de certa forma, um
ambiente degradado e pouco afeito à refle-
O reino da objetividade é a informação, a xão sobre as práticas éticas no exercício da
notícia, a cobertura, a reportagem, a aná- profissão. A degradação das condições de
lise, assim como o reino da tomada de po-
trabalho e dos direitos trabalhistas colocam
sição era a opinião, o comentário, o artigo,
o editorial. É fundamental separar e distin- os jornalistas na situação de fornecedores de
guir informação de opinião, indicar as di- serviços a “clientes” que sempre têm razão
ferenças de conteúdo e forma dos gêneros e não podem ser desagradados. Imputam
jornalísticos, e apresentar toda a produção ao profissional o papel de “vendedor” de

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conteúdos ao sabor dos interesses de quem cerceamento da expressão, baseadas no im-


contrata o serviço. pedimento dos deslocamentos, da proibição
Todos esses padrões são modos de prati- da conversa, da obrigatoriedade de uso de
car a autocensura e tentativas de controlar determinados vocábulos em detrimento de
os meios de comunicação, seja por meios outros, são ainda eficazes e normatizadas,
econômicos, políticos, ou mesmo pela falta sobretudo, no que diz respeito ao uso da in-
de ética do profissional. Mas Sergio Mattos ternet e à obrigatoriedade de adesão às nor-
(2012, p. 164) destaca a importância dos mas de conduta da empresa que prescrevem,
profissionais conscientes de sua função so- muitas vezes, a autocensura.
cial e crítica, afirmando que todos esses mé- No mundo do trabalho do jornalista, a
todos “nunca conseguiram impedir a exis- autocensura é parte da rotina diária. Perseu
tência de profissionais, tanto aqui, como em Abramo, um dos mais importantes jornalis-
qualquer parte do mundo, que conseguem tas brasileiros, tipificou a autocensura dado
resistir às pressões”. a presença, a constância e a racionalização
dela nas rotinas produtivas do trabalho jor-
Considerações finais nalístico. São tipificadas como: ausência,
fragmentação, ocultação, omissão e mani-
O tema da censura se coloca na atualidade pulação, e tornam-se normas incorporadas
como um desafio. Vivemos no estado de direi- tais quais técnicas capazes de dar aos fatos
to, não há a censura institucionalizada. Temos a aparência que se planejou para eles. O
uma Constituição que estabelece o direito de jornalista, que identifica esses procedimen-
liberdade de expressão. No entanto, o controle tos nas rotinas produtivas, assume para si
da expressão, a interdição e as novas formas de a autocensura que, além de tudo, causa ao
censura estão presentes e requerem mais refle- profissional o mal-estar e, em alguns casos,
xão e aprofundamento das pesquisas. A cen- a doença ou o cinismo.
sura e a liberdade de expressão configuram-se Os critérios de noticiabilidade, a partir
como conceitos exigentes quando sabemos que da incorporação da autocensura nos modos
as formas de controle – câmeras, softwares, al- do fazer jornalístico, são manipulados e alte-
goritmos – expandem-se com o consentimento rados, criando o paradoxo de que, na era da
do conjunto da sociedade que quer segurança. informação, tenhamos uma sociedade cada
Nesse aspecto, no mundo do traba- vez mais vigiada.
lho e as tradicionais formas de controle e (artigo recebido set.2015/aprovado dez.2015)

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