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Recife Frio: uma reflexão cômica sobre como o clima influencia na cultura
Embora seja classificado como ficção científica, o curta pode muito bem ser
classificado também como comédia. A descrição irônica das situações ocasionadas
pela mudança climática carrega o filme de comicidade, característica que também é
alimentada pela disparidade entre as peças de música clássica e as cenas do novo
cotidiano comum da cidade em que as peças são a trilha sonora.
Além disso, não é porque o filme seja uma ficção científica que suas críticas
sociais não sejam contundentes no mundo real. Entre essas críticas do filme, pode-se
destacar a que é feita à classe alta da sociedade, que, em seus apartamentos, tem o
quarto da empregada pequeno nos fundos da casa e às vezes em janelas, o que o filme
diz ser um fantasma moderno da senzala e uma herança da escravidão. Outras críticas
sociais interessantes são às feitas contra a especulação imobiliária sem controle,
insegurança e espaço urbano caótico do Recife.
Vale destacar que, ainda que seja uma ficção científica, poucos são os efeitos
especiais do filme. E, quando aparecem, não são de alta qualidade. Isso pode ser
notado no efeito de vapor ao se falar em locais frios, perceptível na fala de vendedores
no início do curta e quando Lia de Itamaracá canta no final. Entretanto, esse efeito
parece cair como uma luva na comicidade do filme de tal forma que é capaz de gerar a
dúvida de que sua baixa qualidade se deu realmente a uma deficiência técnica ou fora
proposital.