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O CONCEITO E O QUE SE ENTENDE POR RITO, RITUAL, RITUALÍSTICA E LITURGIA

MAÇÔNICA. A INTERPRETAÇÃO E A IMPORTÂNCIA DA RITUALÍSTICA E LITURGIAS


MAÇÔNICAS

Grau de Aprendiz Maçom


Autor: Rayan Orlando Kinalski
Confederação Maçônica do Brasil – COMAB
Grande Oriente de Santa Catarina – GOSC
Luz do Oriente nº27
27/08/2018

1. INTRODUÇÃO:

O grau de Aprendiz Maçom é como um despertar para um novo universo; cheio de


conceitos, preceitos e símbolos. Existe uma importância pela qual os conceitos mais
básicos devem ser assimilados pelo A.: M.:, de forma a melhor aproveitar o que a
Maçonaria oferece para seu crescimento. Por vezes, nós aprendizes, esbarramos em
“paredes” devido a dúvidas referentes a determinados conceitos. Levando em
consideração o curto período desde minha iniciação, almejo dentro de minhas
limitações, tentar esclarecer alguns dos conceitos básicos, necessários para a formação
do aprendiz.

2. DESENVOLVIMENTO:

2.1 RITO

Chama-se Rito com R (maiúsculo) um ramo particular da Maçonaria. É o conjunto de


regras e preceitos que caracterizam cada sistema maçônico, utilizado para transmitir
os ensinamentos e organizar as cerimônias. Como exemplo, temos os ritos de York,
REAA, Adonhiramita, Francês ou Moderno, Brasileiro, Schröder, entre outros.

Já o rito (r minúsculo) é um ato cerimonial, formal, e de finalidade iniciática. O rito, em


sua organização, possui: forma (do rito), dinâmica (do uso dos símbolos), ordem
(sequência lógica de eventos), significação (conteúdo) e codificação (simbolismo).

Um RITO é composto de diversos RITUAIS.


2.2 RITUAL

Ao analisarmos a etimologia da palavra, ela designa “aquilo que se realiza de acordo


com a ordem”. Engloba tudo que é relativo a rito, ou que contém ritos; é também o
nome designado ao livro que contém a ordem e a forma das cerimônias, com as
palavras que devem acompanhá-las para orientar, ordenar e uniformizar a execução
do cerimonial.

Segundo o GOSC, Ritual é um procedimento padrão para impor ordem e disciplina aos
trabalhos. Nele estão contidos os modos como o Rito deve ser executado ou
vivenciado.

Confúcio diz que: “Os rituais permitiam unir as vontades, orientar as ações, harmonizar
as almas e atingir um equilíbrio geral de forças, tanto físicas como sociais.”

O Ritual Possui sentido Exotérico (público, sendo pouco digestível para profanos) e
Esotérico (oculto, onde através da desmistificação da simbologia, podemos evoluir
espiritualmente). Dessa forma, nossos passos, marchas, saudações, toques, sinais,
baterias e palavras revestem-se de um sentido esotérico (ou oculto).

Existem dezenas de rituais diferentes em cada Rito, como a iniciação, adoção de


lowtons, esponsal maçônico, funeral, sagração do templo.

2.3 RITUALÍSTICA

Conjunto de regras com que as Cerimônias Maçônicas devem ser realizadas. Busca
estabelecer a ordem e a harmonia necessária, tornando possível a compreensão lógica
e racional dos símbolos, palavras, procedimentos e movimentos dentro de um ritual.

Pode-se dizer que Ritualística é a vivência do ritual na prática.

Uma boa ritualística exige compenetração, seriedade, vibração mental positiva,


postura em loja, correta circulação e silêncio. Além disso, deve ser sempre fiel ao
Ritual, pois, quando feito com maestria, favorece a egrégora.

A prática continuada da ritualística funciona como uma chave que abre, e faz com que
aquilo que nela está contido de forma oculta inicie o processo de transformação da
consciência do maçom. A repetição que ocorre na ritualística realiza uma poderosa
programação mental, que instrui e fortalece gradativamente os obreiros a fazerem
novos progressos pessoais, e os auxiliam no desenvolvimento interior e na pratica das
virtudes que se convertem em hábitos e ações efetivas para o bem e a felicidade da
humanidade.
2.4 LITURGIA

É a doutrina que qualifica e garante os significados da ordem e da sequência de todos


os eventos da ritualística quando conduzidos e praticados com rigor e disciplina,
garantindo os significados de todos os eventos.

Pela etimologia da palavra (originada do grego leitourgia = função pública), qualquer


sociedade que realize um cerimonial, seja público, ou apenas reservado aos seus
adeptos, em que exista uma ordenação e uma determinada forma de desenvolvimento
da cerimônia, estará exercendo uma função litúrgica.

Aqui cabe uma breve definição livre da palavra “Sagrado”, referindo-se a função de dar
sentido. Tudo pode ser sacralizado, ou feito “em nome de algo ou alguém”. Quando
damos sentido às coisas, fazemos disso uma oferenda e logo, colocamos mais
empenho.

Neste sentido, a Liturgia deve ser encarada com a sacralidade devida, porque se trata
do veiculo que nos conduzirá a realização da Arte Real.

3. CONCLUSÃO

De maneira simplista, podemos dizer que o Rito é como uma “roupagem” que reveste
a cerimônia. O Ritual é o livro que guarda o Rito. A Ritualística é o Rito em movimento.

A repetição do Ritual aumenta sua força, e cria uma inclinação ao aperfeiçoamento


pessoal. Além disso, a repetição também gera uma cristalização, que favorece uma
atmosfera de interiorização e paz espiritual, havendo possibilidades de alcançar
estados alterados do ser.

É fundamental que a ritualística não seja praticada de forma negligente, sob pena de
estarmos transformando uma prática secular em uma medíocre representação teatral,
vazia e sem finalidades. Prática correta, disciplina, ordem e respeito, devem ser
observados durante as sessões.

Através da ritualística, realizada na mais perfeita harmonia e ordem é que se torna


possível a Elevação da Consciência, facilitando a assimilação lógica e racional dos
símbolos, e assim ser capaz de descobrir as verdades ocultas em nossa simbologia.

Conforme observado em algumas reuniões conjuntas, quando a cerimônia é mal


dirigida pelos obreiros com dificuldades de leitura, pronuncia inadequada,
esquecimentos na hora das falas e gagueiras tendem a prejudicar a loja toda e o
desenvolvimento dos trabalhos, pois quando há Harmonia no plano físico, é mais fácil
de criar harmonia no plano mental e espiritual. Quebrar essa Harmonia é como o
desafinar de uma bela musica, onde prestamos mais atenção no erro dissonante do
que em sua totalidade.

Muitas vezes, sem o conhecimento necessário, nos damos o direito de julgar a forma
como é feita a cerimônia, tentando buscar meios que, possivelmente, “melhorariam” a
fluidez da mesma. Portanto, entender que tudo é feito com propósito dentro do Ritual
faz como que saiamos da mecanicidade e busquemos aquilo que se esconde por trás
de cada pequeno ato, gesto e palavra. Embora nós, neófitos, não saibamos ainda o que
está oculto por trás da sessão, podemos assim, com humildade, silenciar nossos egos,
e assim, estarmos aptos a absorver este conhecimento.

4 REFERÊNCIAS

GERVÁSIO DE FIGUEIREDO, Joaquim – Dicionário da Maçonaria

PUSCH, Jaime – ABC do Aprendiz Maçom

Gosc.org.br

RAU, Gilberto – Ritualística e Liturgia Maçônicas – O PRUMO nº 231, Janeiro de 2017.

D’ELIA JUNIOR, Raymundo – Maçonaria 100 Instruções de Aprendiz

CARVALHO MONTEIRO, Eduardo – O Esoterismo na Ritualística Maçônica

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