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INSTRUCIONAL MAÇÔNICO III


ARQUITETURA DE UM TEMPLO DE APRENDIZ – REAA

I – INTRODUÇÃO.
A presente peça de arquitetura em formato de instrucional maçônico
tem o objetivo de trazer informações ao Aprendiz, sobretudo nos períodos de
primeiro contato com a liturgia e ritualística da Ordem.
Nesse sentido, foi utilizado um texto primário que envolve o Templo
de Aprendiz e o seu Simbolismo, texto esse que fora elaborado pelo saudoso
Irmão Theobaldo Varolli Filho e publicado no ano de 1974 nos Rituais de Capa
Vermelha (REAA) - como ficariam conhecidos esses rituais mais tarde.
Pela preciosidade de conteúdo e temendo que ele se perca no tempo,
achei por bem mantê-lo nesse instrucional como estrutura básica, sendo
adequados e acrescentados, entretanto, alguns aspectos para que o conteúdo
se aproxime dos Rituais do REAA em vigência na atualidade.
Acompanham também o texto trinta notas de minha lauda, cujas quais
procuram trazer ainda mais explicações que entendo como necessárias e
destinadas aos Irmãos Aprendizes.
Segue assim, a base bibliográfica com alguns complementos e
adequações no texto, bem como outras apreciações relativas ao título que
segue.

II – O TEMPLO DE APRENDIZ E O SEU SIMBOLISMO


A Maçonaria Simbólica é constituída por três graus universais -
Aprendiz, Companheiro e Mestre Maçom. O Simbolismo maçônico é governado
por instituições independentes e soberanas, sem nenhum envolvimento com
Corpos que abriguem graus acima do de Mestre Maçom. A essas Instituições
independentes dá-se o nome de Grande Oriente, ou Grande Loja. Assim, esses
Corpos Maçônicos congregam Lojas Maçônicas.
NOTA 01 – No Brasil três são as Obediências regulares e que
se reconhecem entre si por tratados de amizade, todavia sem
que uma interfira sobre a outra.
Os graus acima do 3º são dirigidos por Corpos Maçônicos apropriados
a cada rito e esses não podem interferir, sob nenhuma hipótese, sobre o
Simbolismo. Porém as Lojas Simbólicas adotam e seguem a doutrina e os
métodos essenciais de cada Rito – uma Loja deve adotar a prática de apenas
um rito. Graus superiores ao 3º constituem complementos e aperfeiçoamentos

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da ciência maçônica adquirida dos três graus simbólicos, cujos quais resumem
todo o conteúdo iniciático do Maçom.
NOTA 02 – Em se tratando de graus superiores, também
conhecidos por graus filosóficos, cada rito possui um número de
graus característicos. Dá-se como exemplo o REAA com 33
graus, o Rito Brasileiro com 33 graus, o Rito Moderno que
originalmente possui 7 graus, o Rito Adonhiramita que
originalmente possui 13 graus, Rito de York com seus graus
laterais, etc. Existe, entretanto, ritos que possuem apenas e tão
somente os três graus Simbólicos, é o caso do Rito Schröder,
por exemplo. Cabe mencionar que número de graus acima do
3º, universal para todos os Ritos, não faz nenhum Rito melhor
do que o outro pela quantidade de graus acima do Franco
Maçônico Básico Universal (Aprendiz, Companheiro e Mestre).
Dá-se o nome de Templo Maçônico, ou Sala da Loja, ao espaço em
que os maçons trabalham. Esse lugar deve ser compreendido (de modo
simbólico apenas) como uma faixa da superfície terrestre situada entre os
Trópicos de Câncer e de Capricórnio. Os trópicos são assinalados no recinto
pelas duas colunas “vestibulares” do Primeiro Templo de Jerusalém (o de
Salomão) – Colunas B e J (I Reis, 7,21 e II Crônicas ou Paralipomênos, 3,17).
NOTA 03 – Entenda-se também que a Sala da Loja, ou Templo,
arremeda, de modo estilizado, o espaço em que nossos
ancestrais da Maçonaria de Ofício trabalhavam quando
construíam catedrais, igrejas e abadias. A Loja e seus elementos
de decoração, também simbolizam de modo especulativo os
canteiros de obras e o trabalho exercido pelos nossos Irmãos do
passado. Essa é uma das razões pela qual a Sala da Loja é
também conhecida como Oficina. Dado ao seu caráter universal,
o Templo também significa um espaço de trabalho sobre o
Planeta em que vivemos.
Embora essas Colunas erguidas no Templo de Jerusalém, ficassem
no Oriente, à moda dos dois obeliscos principais trazidos dos templos egípcios,
em se tratando de Maçonaria, esta as coloca na entrada dos seus Templos (no
átrio), isto é, no Ocidente, devendo ladear, a porta do Templo, ficando a Coluna
B a esquerda de quem entra e a J a direita.
NOTA 04 – A Moderna Maçonaria tem como sua alegoria
principal o Templo de Jerusalém, também conhecido como
Templo de Salomão. Sobre esse lendário Templo estrutura-se a
razão principal da Grande Iniciação, o que se dará no acesso
para o 3º Grau. Alegoricamente, sobre a construção desse
Templo é que fora esquadrinhada a Lenda de Hiran. Em razão
disso, muitos elementos que decoram a Sala da Loja, ou Templo
Maçônico relacionam-se com motivos e rudimentos
pertencentes a esse famoso Templo hebraico.
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O pórtico do Templo, deve ser feito em estilo salomônico, deve possuir
quatro folhas (I Reis, 6,2-3 3 II Crônicas, 3, 3-4). Em Maçonaria, a porta do
Templo existe, não para propriamente imitar o Templo de Jerusalém (de
Salomão), mas para “cobrir” os trabalhos maçônicos, que são sigilosos e não
podem ser vistos e nem ouvidos fora dos limites do recinto (I Reis, 6, 7).
Em Maçonaria, entende-se a Loja como um parlamento ou congresso
instalado dentro do Templo (Sala da Loja). Ensina-se, no Rito Escocês Antigo e
Aceito que essa tradição se origina principalmente das antigas Guildas de
construtores medievais que existiram antes da Franco-maçonaria.
III - EXTENSÃO SIMBÓLICA DE UMA LOJA.
Simbolicamente o espaço de trabalho maçônico denominado Templo,
é Cósmico, ou de Ordem Universal (“kosmos” – esse era o seu significado na
Grécia). Sob essa óptica o espaço de uma Loja limita-se como sendo uma faixa
retangular pousada sobre a superfície equatorial da Terra, cujo solo tem
profundidade igual à do nosso Planeta e a sua altura é da superfície da Terra ao
Zênite. Seu comprimento vai do Oriente ao Ocidente e sua largura é do Norte ao
Sul.
NOTA 05 – Os limites do recinto de trabalho (Sala da Loja)
representam simbolicamente os quatro pontos cardeais da
Terra. O comprimento do espaço, limitados pelas paredes do
Oriente e do Ocidente são o Leste e o Oeste respectivamente,
enquanto que a largura do espaço, limitado pelas paredes
correspondem respectivamente ao Norte e ao Sul.
IV - DIMENSÕES MATERIAIS OU TERRENAS DE UM TEMPLO.
Atendendo-se exclusivamente às medidas simbólicas e não aos
limites externos do Templo de Jerusalém, a área que abrange um espaço de
trabalho num Templo do REAA deve ser de comprimento igual a três vezes a
sua largura, de tal modo que esse quadrilongo comporte três quadrados assim
distribuídos: um quadrado para o Oriente, um e meio para o Ocidente e meio
para o Átrio. Eis que entre o Átrio e o quadrado do Oriente deve haver uma
extensão de quadrado e meio retangular (I Reis, 6, 2-3 e II Crônicas, 3, 3-4).
NOTA 06 – Cabe mencionar que essa é apenas uma colocação
simbólica e não precisa se adequar com precisão aos espaços
acima mencionados. De fato, é necessário que o ambiente seja
preferencialmente de formato retangular, para que, dentro das
possibilidades do recinto da edificação a Loja possa representar
as dimensões terrenas de um Templo.
V - COLUNAS VESTIBULARES.
Também conhecidas como Colunas Solsticiais, as mesmas devem
ladear a porta do Templo no Átrio, estando B a esquerda de quem entra e J
a direita. De matiz bronzeado, e nunca de outra(s) cor(es), elas geralmente são
construídas em gesso e pintadas na cor de bronze, podendo ser também de

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plástico ou madeira, desde que seja de coloração bronzeada. Uma das suas
características é que elas são ocas. Seus motivos principais de decoração são
egípcios, eis que os fenícios também empregavam estilos mistos ou sincréticos.
Daí a base das Colunas Vestibulares B e J possuírem sempre bases
arredondadas, devendo ser de maior circunferência até certo ponto do fuste.
Este vai aos poucos diminuindo a circunferência até encontrar o capitel,
terminando em forma de açucena (folhas de lírio). Sobre o capitel das Colunas
se colocam as redes e as romãs, estas em número sobre cada capitel.

Na base das Colunas, esculpem-se folhas de papiro, ou lótus, estes


para lembrarem a universalidade e aqueles a simbolizarem o material em que se
escreve para sempre e com o qual Ísis, a grande “viúva”, construiu um barco à
procura dos despojos de seu marido e irmão Osíris. Em síntese, essa alegoria
configura a externa busca do transcendental (o conjunto de atributos do Criador
que lhe ressaltam a superioridade em relação à criatura).
NOTA 07 – O nome solsticial se dá em referência aos grandes
obeliscos que as antigas civilizações utilizavam para marcar o
movimento do Sol em sua eclíptica, de solstício a solstício.
Graças a essas observações é que chegamos à marcação do
tempo e os calendários. Essas observações deram origem aos
cultos solares da Antiguidade que se torariam a base para
maioria das religiões que hoje conhecemos, inclusive o
Cristianismo.

VI – CARACTERÍSTICAS ARQUITETÔNICAS E FUNCIONAIS DO TEMPLO.


Desde que se respeitem as regras do Simbolismo Maçônico, nada
impede que um templo e seus compartimentos sejam construídos e
ornamentados de acordo com a Arte sempre atualizada e os requisitos mais
modernos. Assim as antigas velas podem ser substituídas por lâmpadas
elétricas.
Não há que se apegar a mitos como os de que lâmpadas elétricas não
possam substituir as velas que compreendem as luzes litúrgicas.
As paredes do Templo que geralmente aparecem pintadas em azul
no REAA, deveriam se predominantemente vermelhas, tendo, inclusive, o
predomínio da cor encarnada na sua decoração (cortinas, dossel, toalhas,
estofos, bolsas, almofadas vermelhas).
NOTA 08 – O termo “luzes litúrgicas” se dá àquelas que ficam
nos candelabros de três braços e vão colocados sobre o Altar
ocupado pelo Venerável Mestre e mesas ocupadas pelos
Vigilantes. Essas luzes são acesas em quantidade conforme o
grau de trabalho da Loja.
A cor encarnada, vermelha, é genuinamente a cor tradicional do
Rito. Isso se dá por razões históricas. Sua definição oficial pode

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ser constatada no Conselho de Lausanne realizado na Suíça em
1.875.

A Abóbada em azul-celeste (representa o firmamento) deve ser


estrelada rigorosamente de acordo com o mapa celeste, bem como seguir o
padrão que se apresenta na cosmografia indicada no Ritual. Para cumprir a
tradição do REAA a decoração da Abóbada refere-se ao ponto de vista do
hemisfério Norte da Terra.

Estrelar o teto do Templo é uma tradição haurida do antigo e


majestoso templo de Luxor, dos egípcios. A decoração mais comum encontrada
nos Templos do REAA é achada com a seguinte disposição: O Sol na parte
oriental e a Lua em quarto crescente na ocidental. Entre esses dois astros fica a
Estrela Flamejante, estrela essa que não é parte do mapa estelar, porém é um
símbolo pitagórico de concepção intermediária (entre o Sol e a Lua). Ao centro
do teto vão as três estrelas da constelação de Órion; das mesmas, ao nordeste,
as Plêiades, as Híadas e Aldebarã; ao norte, a Ursa Maior; a nordeste, Arcturos;
a leste, a Spica, da Vigem; ao sul, Fomalhaut; o planeta Júpiter no Oriente;
Mercúrio, perto do Sol e Saturno, próximo a Órion. O Sol se deslumbra no
Oriente, com a claridade da aurora; é o Dia. Ao passo que a Lua, no Ocidente,
representa o ocaso e a noite.

No simbolismo da Abóbada, são as Estrelas Principais, as três do


cinturão de Órion, as cinco Híadas e as sete das Plêiades. Aldebarã, Arcturos e
Fomalhaut denominam-se Estrelas Reais. As três de Órion se referem aos
Aprendizes, as cinco das Híadas aos Companheiros e as sete das Plêiades aos
Mestres. As Estrelas Reais representam as Luzes da Loja (Venerável Mestre, 1º
e 2º Vigilantes).
NOTA 09 – A Abóbada, dentre outros significados, tem como
objetivo principal demonstrar que o Templo é um segmento do
Globo Terrestre onde os Maçons especulativamente trabalham.
Com suas dimensões universais, a decoração do teto nesse
espaço tem o desiderato de dar o caráter de universalidade à
Maçonaria que, tem sobre si, o manto do espaço celeste – o
firmamento, ou o Grande Dossel.

VII – PAVIMENTO MOSAICO.

Rigorosamente, e como exige a Maçonaria no REAA, o Pavimento


Mosaico ocupa todo o chão ocidental do Templo, inclusive o do Átrio. Os antigos
rituais do escocesismo do século XVIII às vezes o mencionavam e em outras
não. No escocesismo, ele é o ladrilho branco e preto, mas de construção oblíqua
(diagonal) e não como um tabuleiro de xadrez. Assim, os ladrilhos brancos e
pretos devem ser de tamanho compatível à medida dos Passos Regulares que
no REAA são seguidos com os pés em esquadro, abertos para a frente, isto é,
da maneira mais natural possível. Entre outros significados que são explicados

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em instruções, o Pavimento Mosaico é o caminho das Pedras Lavradas em que
se firmam os passos daqueles que se livram das trevas (Bíblia na versão
Septuaginta, Salmos, 40, 2 ou na versão da Vulgata, 39, 2).
O nome de Pavimento Mosaico não subsiste por se assemelhar a uma
figura de pedras justapostas, como nas obras assim chamadas, mas pelo fato
de existir uma lenda pela qual Moisés teria assentado pequenas pedras coloridas
no chão da tenda que abrigava o Tabernáculo (Mosaico de Moshé = Moisés). O
Tabernáculo serviria de base para a construção do Templo de Jerusalém.
NOTA 10 – O Pavimento Mosaico traz no seu simbolismo, dentre
outros, o objetivo é de representar o solo terrestre, ou o solo da
Sala da Loja. A grande lição que ele traz na sua disposição
harmoniosa e oblíqua de quadrados bancos e pretos é a de que
embora sobre o solo terrestre possam existir variedades de
raças, credos, religiões e opiniões, sobre ele deve existir
absoluta harmonia entre os homens.

VIII – ORLA DENTEADA OU DENTADA.

Contorna todo o Pavimento Mosaico. É uma espécie de guarnição nos


limites do Pavimento. Como o conteúdo do Painel do Grau significa a Loja velada
por símbolos e alegoria, a Orla Dentada nele aparece contornando o conjunto de
símbolos que compõem o Quadro.
NOTA 11 – Como que um elemento a cercar a Loja ela simboliza
a retenção dos planos sigilosos da Obra. De certa forma ela
também representa a união entre os Maçons que, tal como os
Planetas que orbitam precisamente em torno do Sol, assim
também os operários harmoniosamente gravitam em torno de
um ideal comum – o de tornar bons homens em homens
melhores ainda. Esse conjunto velado por símbolos e alegorias
aparece emoldurado pela Orla Denteada no interior do Painel da
Loja, tudo como que a proteger esse conteúdo que é reservado
somente aos iniciados.

IX – GRADE DO ORIENTE.

É uma balaustrada que separa o Oriente do Ocidente, distinguindo-o


do resto do recinto. Deve ser interrompida num espaço igual ao da faixa de
passagem central que serve de acesso e saída.
NOTA 12 – De cunho esotérico, essa marca, ou limite separa os
dois ambientes que predominam na Loja. O Ocidente como a
oficina de trabalho (mundo material) e o Ocidente como o lugar
da Luz (mundo espiritual).

X – O ORIENTE E O TRONO.

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O Trono da Sabedoria, no qual tem assento exclusivamente o
Venerável Mestre ou o Grão-Mestre, sem exceção. O Trono fica sobre um dossel
de cor encarnada no REAA, cujo alto do mesmo deve ser como um pálio ou um
todo de cobertura e do qual pendem cortinas de cor vermelha, de tal forma
dispostas que não cheguem a cobrir o Retábulo do Oriente. Alguns templos são
construídos com o fundo do Oriente (parede oriental) em meio círculo (curvada)
para concordar com a abóbada de cobertura. Essa escolha também é admitida.
As franjas e galões do dossel são douradas no escocesismo.
NOTA 13 – Trono corresponde ao assento onde o Venerável
Mestre é instalado para o exercício do seu cargo.
Atrás do Trono e junto à parede, abaixo do dossel, está o Retábulo ou
Painel do Oriente, emoldurado de vermelho e dourado tal qual os ornatos do
dossel e ladeado por duas meias-colunas encravadas na parede e com capitel
Jônico (Sabedoria). O fundo do Retábulo também pode ser a própria parede
oriental.
O Retábulo do Oriente acomoda o Triângulo ou Delta Radiante,
equilátero e de base horizontal como o imaginou Xenócrates para representar a
Divindade, deve ser a figura central e luminosa. Para que jamais seja encoberto
pela pessoa do Venerável Mestre (mesmo em pé) deve ser numa altura
conveniente, ficando entre o Sol (Osíris, Atividade, Sabedoria, etc.) e a Lua (Isis,
Passividade, Amor, Reflexão, etc.); o astro rei para o lado do Orador da Loja e o
satélite natural para o lado do Secretário.
No interior do Delta Radiante, há um Olho Esquerdo, o Onividente,
representando a Verdade d’Aquele que É, Foi e Será. Lembra também Hórus, o
filho da viúva Ísis, aconselhado por seu pai, Osíris a lutar pela Verdade, contra o
mal (Set ou Tifão). Ainda, mais apropriado para o escocesismo é a letra IÔD do
Tetragrama hebraico, ou melhor ainda as quatro letras IÔD – HÉ – VAV – HÉ
gravadas à maneira hebraica, isto é, inversamente ao modo de escrita ocidental,
da direita para a esquerda.
Genuinamente, o Oriente de um Templo Escocês, após o
aparecimento das hoje extintas Lojas Capitulares, deve ser mais alto. Sobe-se a
ele (do Ocidente para o Oriente) por apenas um degrau à entrada da
Balaustrada. Indispensável é que que o Trono do Oriente esteja sobre um plano
de três degraus do piso oriental. Por outro lado, é aconselhável que a Cátedra
ocupada pelo Venerável Mestre se destaque ao centro das duas cadeiras de
honra (a direita e a esquerda) que eventualmente possam existir ao lado do
Trono. À frente do Trono fica o Altar principal e deve ser uma mesa de tamanho
compatível para suprir as necessidades do ofício.
NOTA 14 – As cadeiras de honra que ladeiam o Trono, à direita
e à esquerda existem para acomodar o Grão-Mestre. No caso
do GOB, há o Grão-Mestre Geral e o Estadual. O Geral toma
assento à direita do Venerável, e o Estadual à sua esquerda.

XI – PEDRA, CEDRO DO LÍBANO E OURO.


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São representações que jamais podem faltar num Templo do
Simbolismo do REAA, para o qual, esotericamente, a Pedra representa a
Estabilidade, o Cedro, a Vitalidade e o Ouro, a Espiritualidade. Revela-se que o
Templo de Jerusalém continha esses três elementos principais, cujos quais a
Moderna Maçonaria substituiu, simbolicamente, por pedras lavradas, ou
mármore, madeiras de lei e ornatos dourados.
NOTA 15 – Cedro do Líbano se refere à madeira fornecida e
aplicada na construção do Templo de Jerusalém.

XII – MOBILIÁRIO E OUTROS ORNAMENTOS DE UMA LOJA DE APRENDIZ.

Em que pese a tradição, numa Loja Maçônica usam-se cadeiras


confortáveis para todos, e não mais os incômodos bancos de Aprendiz e
Companheiros, de antigamente. Também não se deve construir o Norte e o Sul
das Colunas em planos mais altos. No escocesismo tradicional basta que na Loja
existam “sete degraus”, um do Ocidente para o Oriente, três para o Sólio, dois
para a mesa do 1º Vigilante e um só para a mesa do 2º Vigilante. A soma desses
degraus é igual a sete.
NOTA 16 – É apropriado que do Ocidente para o Oriente se suba
por apenas um degrau.
A Loja é governada por um triângulo de três Mestres: o Venerável
Mestre, o Primeiro e o Segundo Vigilantes, que ocupam, respectivamente o
Trono, na Coluna do Norte a mesa Norte-Ocidental, ao lado da faixa de
passagem, e a mesa situada no Sul, no meio da Coluna do Sul e de frente para
o Equador, isto é, num Meridiano imaginário ou Meio-Dia. Os três titulares são
portadores do Malhete, símbolo de autoridade democrática e evolução do antigo
certo real.
NOTA 17 – O Venerável Mestre, o Primeiro e o Segundo
Vigilante constituem as Luzes da Loja. Toda Loja Maçônica,
independente do Rito que pratique, é dirigida por Três Luzes. O
Venerável Mestre, como primeira Luz ocupa o Altar-Mor e os
Vigilantes ocupam mesas. A costume de que uma Loja é sempre
dirigida por três Luzes é imemorial, espontâneo e
universalmente aceito, portanto, é um verdadeiro Landmark.
O Altar ocupado pelo Venerável Mestre pode ser uma mesa comum,
retangular, fechada na frente e laterais, ou mais elevada no meio. Essa mesa
(altar-mor) e a Cátedra (Trono) ficam sob o dossel, e tudo isso representa o
“sólio”, ou autoridade. A Cátedra é preferencialmente de espaldar (encosto) alto
e se possível esculpido com motivos maçônicos na cabeceira. A mesa pode
ostentar, na face frontal, o Esquadro, que é a joia distintiva do Venerável Mestre.
Diante da face frontal sul da mesa (para o lado do Secretário), sobre o último
degrau do Sólio, encostado no Altar coloca-se um quadro emoldurado contendo
a Carta Constitutiva da Loja, e simétrico a ele, no lado norte (lado equivalente ao
Orador), igualmente disposta, coloca-se a Prancheta, gravada com as Paralelas

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Cruzadas e com a figura de um “X” de ângulos opostos pelos vértices,
expressões simbólicas do limitado e do infinito que serve também à composição
do Alfabeto Maçônico. Sobre a mesa descansa o Malhete utilizado pelo
Venerável, um escrínio com a Espada Flamejante e outros materiais utilizados
no expediente.
a) ALTAR DOS JURAMENTOS.

No Oriente, ao centro entre a divisa do Oriente e os degraus que


levam ao Sólio há um pequeno móvel, geralmente de superfície triangular, de
mais ou menos 70 cm de altura. Trata-se do Altar dos Juramentos, já consagrado
pelo uso e como complemento do Altar-Mor ocupado pelo Venerável Mestre.
Também o tampo desse Altar pode se assentar sobre uma coluna truncada
baixa, preferivelmente de estilo Jônico. Convém, entretanto, que esse Altar
contenha uma parte frontal ou face ostensiva, voltada para o Ocidente, na qual
figurem o Círculo entre Paralelas Tangenciais e Verticais.
NOTA 18 – O Altar dos Juramentos, nos ritos que o possuem, é
na realidade uma extensão do Altar-Mor. Nos primórdios da
Moderna Maçonaria, independente de ritos, as obrigações eram
tomadas no Altar-Mor.
O Círculo entre Paralelas sugere que o Sol não transpõe os Trópicos,
lembrando ao Maçom que a Consciência religiosa de cada Irmão é inviolável.
Lembra também a antiquíssima tradição de se comemorarem os inícios do Verão
e do Inverno, em festas que as Corporações medievais, inclusive a dos
Pedreiros-Livres, passaram a realizar nas datas de João, o Batista (24 de junho)
e João, o Evangelista (27 de dezembro). As grandes reuniões maçônicas são
feitas nessas datas. Quanto às Paralelas, representam, além dos trópicos de
Câncer e Capricórnio, Moisés, que instituiu o Governo da Lei e não dos homens,
e Salomão, o Pacífico e Sábio, construtor do Templo que evoluiu da tenda. No
escocesismo, principalmente, as paralelas verticais representam João, o Batista
e Precursor, e João, o Evangelista, seguidor e Pregador. Num Templo
Maçônicos falam todos os símbolos e as partes.
NOTA 19 – O Círculo, além de ser a representação do Sol,
também representa o espaço da Loja onde os Maçons trabalham
na superfície da Terra, entre os trópicos de Câncer e
Capricórnio. Os trópicos (Paralelas), nos pontos de tangência
com o Círculo marcam os solstícios de inverno e de verão. Os
solstícios ocorrem a 21 de junho e 21 de dezembro. Muito
próximo a cada uma dessas datas comemoram-se os dias dos
Joões, o Batista e o Evangelista respectivamente.
b) LUZES LITÚRGICAS.
As mesas dos Vigilantes, assim como o Altar ocupado pelo Venerável
Mestre levam cada qual sobre si um candelabro de três braços. Eles podem
conter velas, ou preferencialmente pequenas lâmpadas elétricas. As Luzes
Litúrgicas são acesas conforme o grau de trabalho da Loja.
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NOTA 20 – A Luz é o símbolo do esclarecimento e da razão.
Iniciaticamente, a alegoria propõe que quanto maior é a
evolução do Iniciado, mais luzes serão acesas nos candelabros
de três braços. Quanto maior o grau, maior é o esclarecimento.
c) JOIAS.
A joia do 1º Vigilante é o Nível Maçônico, que tem a forma de um
Esquadro ou ângulo reto superior, de cujo vértice pende um Prumo a cair no
ponto-meio de uma hipotenusa. Na realidade, ao mesmo tempo o instrumento
se constitui por um Esquadro, Nível e Prumo. Nunca deve ser substituído por
nível de bolha de ar. Essa joia pode ser esculpida na face ostensiva da mesa,
bem como permanecer junto ao Maço e o Cinzel sobre à primeira Joia Fixa que
é a Pedra Bruta. Apenso ao colar vestido, o 1º Vigilante traz também a joia
distintiva (Nível) correspondente ao seu cargo. Além disso, ele tem ao seu lado
o “lugar seguro” no qual se recolhem os instrumentos de trabalho da Oficina.
Esse lugar pode ser de gavetas na mesa, se esta for ampla, ou de gavetas
disfarçadas nos degraus dos dois estrados.
A joia do 2º Vigilante é o Prumo. Além de trazê-lo como joia distintiva
apenda do seu colar, ele é também representado na face frontal da mesa. A
Pedra Cúbica, 2ª Joia Fixa que fica junto à mesa, terá próximo a ela uma Régua
Prumo em forma de “T” invertido. Nele um prumo preso ao fio cai sobre a
perpendicular de base. Esse é o Prumo Maçônico.
São chamadas Joias Fixas e irremovíveis, a Pedra Bruta, a Cúbica e
a Prancheta.
O Esquadro (Venerável Mestre), o Nível (1º Vigilante) e o Prumo (2º
Vigilante) são chamados de Joias Móveis, eis que se transitem aos sucessores
dos titulares. Essas Joias, como distintivas do cargo, também aparecem apensas
dos colares que fazem parte das insígnias das Luzes da Loja.
NOTA 21 – Rigorosamente, o Esquadro utilizado como Joia
distintiva do Venerável Mestre (apenso do seu colar) deve ter
ramos diferenciados no seu comprimento. Ele representa um
Esquadro Operativo com cabo (ramo menor) e graduação (ramo
maior). Literalmente é um instrumento de trabalho.

d) MESAS DO ORADOR, SECRETÁRIO, CHANCELER E TESOUREIRO.


Também ocupam mesas retangulares e respectivas cátedras, o
Orador, à noroeste dentro do Oriente e próximo à Balaustrada e o Secretário, à
frente dele pelo lado oposto, à sudeste dentro do Oriente. Ambos nos limites da
faixa longitudinal de passagem (entrada e saída do Oriente); por sua vez, no
Ocidente e próximo a Balaustrada, na Coluna do Norte e do Sul,
respectivamente, ladeando o Orador e o Secretário, mas pelo lado de fora da
balaustrada ficam as mesas do Tesoureiro e do Chanceler, este na Coluna do
Sul e aquele na Coluna do Norte. Na face frontal das mesas podem estar
gravadas ou representadas a joias distintivas do cargo. A do Tesoureiro com

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duas Chaves Cruzadas e por sua vez a do Chanceler com a figura de um Timbre
ou Selo.
A mesa do Orador tem esculpida na sua face frontal motivo que
represente a Lei e a Justiça. Pode ser a Joia distintiva do cargo, um Livro Aberto
e Rutilante. Sobre a mesa do Orador, além do material de escrita, devem ficar o
compêndio das leis maçônicas vigentes e outros afins do seu ofício.
A mesa do Secretário pode ter na sua face frontal o emblema do ofício,
inerente à joia distintiva do seu cargo – duas Penas cruzadas.
Sobre as mesas do Orador, Secretário, Tesoureiro e Chanceler poderá
haver uma luz auxiliar para melhorar a iluminação do ambiente da mesa de
trabalho. Essa luz não é iniciática e nem há liturgia para o seu acendimento.
Cada titular, na medida da sua necessidade pode acendê-la.

e) TRÊS GRANDES LUZES EMBLEMÁTICAS.

Compostas pelo Livro da Lei, Esquadro e Compasso devem ficar sobre o


Altar dos Juramentos.
NOTA 22 – Grandes Luzes Emblemáticas, é como são
conhecidos o Livro da Lei (Bíblia), o Esquadro e o Compasso.
Quando a Loja estiver aberta ritualisticamente o Esquadro e o
Compasso ficam arrumados conforme o grau e sobre o Livro da
Lei aberto. No REAA, para cada grau, há leitura de um trecho do
Livro da Lei. O Compasso aberto vai aberto no máximo a 45º e
terá as pontas das suas hastes voltadas para o Ocidente. O
Esquadro terá os seus ramos voltados para a parede oriental. O
Livro da Lei fica na posição de leitura para quem de frente
permanece voltado para o Venerável Mestre. O Esquadro que
constitui uma das Luzes Emblemáticas possui seus ramos
rigorosamente iguais (nele não se distinguem cabo e nem
graduação).

f) JOIAS DO MESTRE DE CERIMÔNIAS E DIÁCONOS.


O Mestre de Cerimônias usa um bastão de madeira escura natural com
medida entre 1,80 a 2,00 metros de altura. No topo do bastão vai uma joia
representando uma Régua Graduada. A mesma joia vai apensa do colar como
joia distintiva do seu cargo. Os Diáconos, que no REAA não usam bastões, têm
suas joias distintivas representadas por uma Pomba. A joia vai apensa do colar.
NOTA 23 – No REAA o Mestre de Cerimônias é oficial circulante
e auxilia na liturgia de condução dos trabalhos. Porta um bastão
sempre que o ritual determinar e quando estiver conduzindo
alguém. Toma assento na Coluna da Beleza (Sul) à frente do
Chanceler. Os Diáconos representam os antigos mensageiros
oficiais de chão. São os condutores da Palavra Sagrada entre as

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Luzes da Loja no momento de abertura e encerramento dos
trabalhos. Não utilizam bastão.

g) CORDA DE 81 NÓS.
Encontra-se no alto da parede do Templo, cujo nó central deve estar sobre
o Trono ocupado pelo Venerável Mestre, tendo de cada lado, 40 nós
equidistantes, que se estendem pela parede do Oriente, Norte e Sul, terminado
as suas extremidades , em ambos os lados da porta Ocidental de entrada, em
duas borlas, representando a Temperança e a Coragem.
A Corda pode ser natural, ou em gesso esculpido na parede possuindo
sempre 81 nós.
NOTA 24 – A despeito do significado da Corda, a sua origem
como elemento que contorna o recinto da Sala da Loja se deu
na Maçonaria de Ofício (Operativa). À época era comum que nos
canteiros das construções existisse uma corda grossa
delimitando o espaço. Ia presa em paliçadas que continham
argolas de ferro. À entrada do canteiro existiam dois postes
maiores onde a corda se interrompia. Por entre esses postes
entrava-se e se saída da oficina de trabalho. Junto aos dois
postes maiores ficavam os wardens (zeladores), ancestrais dos
Vigilantes.

Ela deverá ter 81 nós por três razões:


I. O número 81 é o quadrado de 9 que, por sua vez, é o quadrado de
3, número perfeito e de alto valor para a mística maçônica, assim
como para as antigas civilizações – Gênesis, 6, 10: Três eram os
filhos de Noé; Gênesis, 18, 2: Três eram os varões que
apareceram a Abraão; Esther, 4, 6: Três eram os dias dos judeus
desterrados; Matheus, 26, 34: Três eram as negações de Pedro; I
Coríntios, 13, 13: Três eram as Virtudes Teologais (Fé, Esperança
e Caridade.
Além disso, as tríades divinas sempre existiram, em todas as
religiões: Sumerianos – Shamash, Sin, Ishtar; Egípcios: Osíris, Ísis
e Hórus; Hindus – Brahma, Vishnu e Shiva; Taoísmo – Yang, Ying
e Tao; Cristã – Pai, Filho e Espirito Santo.
NOTA 25 – O número Três, comum ao Grau de
Aprendiz é tido na Maçonaria como uma unidade
ternária e se refere à construção do Triângulo,
primeiro elemento plano constituído na Geometria. De
todas as figuras geométricas planas, o Triângulo é o
princípio que constitui todas as figuras planas.

II. O número 40 nós para cada lado, extraindo-se o nó central, é o


número simbólico da penitência e da expectativa: Gênesis, 7, 4: 40
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dias que durou o Dilúvio; Êxodo, 34, 28: 40 dias passou Moisés no
Sinai; Matheus, 4, 2: 40 dias durou o jejum de Jesus; Atos dos
Apóstolos, 1, 3: 40 dias, Jesus esteve na Terra, após a
ressurreição.
III. O nó central representa o número Um, a Unidade Indivisível, o
símbolo de Deus, princípio e fundamento do Universo; o número
um, desta maneira, é um número sagrado.
Esotericamente, a Corda de 81 Nós simboliza a união fraternal e
espiritual, que deve existir entre todos os maçons do mundo;
representa, também, a comunhão de ideias e de objetivos da
Maçonaria, que, evidentemente, devem ser as mesmas em
qualquer parte do Planeta.
A abertura da Corda em torno da porta de entrada do Templo, com
a formação de borlas, simboliza que a Ordem Maçônica é dinâmica
e progressista, estando, portanto, sempre aberta às novas ideias,
que possam contribuir para a evolução dos homens e para o
progresso racional da humanidade.

h) SIGNOS DO ZODÍACO E COLUNAS ZODIACAIS.


Representam o caminho do Iniciado. As constelações zodiacais, em
número de 12 podem aparecer representadas na base norte e sul da abóbada,
como podem configurar-se por doze meias colunas encravadas nas paredes
Norte e Sul do Ocidente, sendo seis no setentrião e outras seis no meridião.
Não existe uma ordem de arquitetura específica para essas meias
colunas, todavia o mais comum é que elas sejam representadas por colunas
Jônicas, trazendo nos seus capitéis as marcas do Zodíaco.
A ordem de distribuição nas paredes (Topo da Coluna do Norte e do Sul)
é a seguinte: seis Colunas ao Norte - partindo do canto da parede norte com a
ocidental vem Áries, Touro, Gêmeos, Câncer, Leão e Virgem (última junto à
balaustrada). Outras seis ao Sul – partindo do lado externo da balaustrada, vem
Libra, Escorpião, Sagitário, Capricórnio, Aquário e Peixes (última junto ao canto
com a parede ocidental).
Câncer estará sempre no Norte e Capricórnio ao Sul. Colunas Zodiacais
não podem aparecer na parte interna do Oriente, isto é, além da balaustrada.
No Ocidente, as paredes Norte e Sul são conhecidas como Topo da
Coluna do Norte e Topo da Coluna do Sul.
NOTA 26 – Representando as 12 constelações com as quais o
Planeta Terra se alinha tendo o Sol como referência durante a
sua viagem de translação, em linhas gerais esses alinhamentos
de três em três constelações correspondem aos ciclos da
Natureza num tempo aproximado de 365 dias. Assim, essa
alegoria solar representada pelas constelações do Zodíaco se

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compara aos ciclos de vida do Iniciado, comparando-o na
primavera e verão ao Aprendiz (infância e adolescência de Áries
à Virgem). Os demais ciclos, já no Sul, correspondem à
juventude (Companheiro) e à maturidade (Mestre). Em síntese,
as Colunas Zodiacais marcam simbolicamente a senda do
Iniciado.

i) MAR DE BRONZE.
Em que pese alguns rituais trazerem o Mar de Bronze em lugares
diferenciados, este genuinamente no REAA fica a sudoeste da Loja. Para tal,
deve haver um móvel com uma jarra (bilha) e, se possível, uma miniatura do Mar
de Bronze (I Reis, 7, 25 e II Crônicas 4, 15). É aceitável, representando o Mar de
Bronze, existir uma bacia artística e adequada para tal.
A sua utilidade é para que o iniciando, em certo momento da Cerimônia
de Iniciação tenha as suas mãos purificadas nesse mar. Os utensílios utilizados
para esse fim, a bilha e o mar, devem ser de matiz bronzeado. Durante a sua
utilização acompanha uma toalha branca, cuja alvura, após ter servido para
enxugar as mãos do iniciado durante a purificação, comprova que as suas mãos
estão limpas e puras.
NOTA 27 – O Mar de Bronze é componente imprescindível para
a purificação por um dos Elementos.

j) ALTAR DOS PERFUMES.


No Oriente, entre o Altar ocupado pelo Venerável Mestre e a mesa do
Secretário, deve haver um pequeno móvel de aproximadamente 70 centímetros
de altura. Esse pequeno Altar é apenas uma reminiscência de quando o Templo
fora inaugurado (consagrado).
Sua finalidade é apenas a de comprovar que o espaço de trabalho
maçônico se tornou, na forma dos costumes, digno para as práticas litúrgicas.
Nos trabalhos litúrgicos do REAA não está prevista sua utilização para queima
de incenso e nem mesmo para manter sobre ele chama de vela acesa.
k) PAINEL DO GRAU.
Rigorosamente o Painel do Grau se coloca entre as Colunas do Norte e
do Sul ao centro do Ocidente (sobre o equador do Templo); é em torno desse
Painel que os Obreiros fazem a circulação horária na forma indicada no ritual. O
importante é que as gravuras que compõem o Painel sejam envoltas como uma
moldura pela Orla Denteada com Quatro Borlas nos cantos, assim como nele
apareça a marcação dos quatro Pontos Cardeais.
NOTA 28 – O Painel do Grau condensa nela todo o processo
iniciático do grau. Sintetiza, de forma velada e reservada
somente aos iniciados, a Loja.

l) O ÁTRIO.
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É o compartimento vestibular do Templo. Genuinamente o seu chão é
também branco e preto com quadrados dispostos de modo oblíquo. É uma
extensão do Pavimento Mosaico. Sobre ele, ladeando a porta que dá acesso à
Sala da Loja (Templo), à esquerda de quem entra fica a Coluna Vestibular B e
à direita a Coluna Vestibular J.
O Átrio não é lugar para reunião, encontros, lugar de guardar pertences e
nem de preparar as vestimentas para os trabalhos. Isso deve se dar na Sala dos
Passos Perdidos, cuja existência se dá para essa finalidade.
NOTA 29 – Recomenda-se que antes da formação do préstito
para ingresso no Templo, o Átrio permaneça fechado. Isso evita
reuniões indesejáveis diante da porta do Templo.

Admite-se no Átrio a colocação de dispositivo para acomodar espadas e


os bastões denominados estrelas. Nele fica também um aparelho onde
penduram-se os colares com as respectivas joias. Nas Sessões Magnas, é o
local onde se preparam o Porta-Bandeira, a Guarda de Honra e a Comissão de
Recepção e Retirada do Pavilhão Nacional. É também onde se prepara a
Comissão de Recepção para Autoridades e Portadores de Títulos de
Recompensa.
NOTA 30 – É recomendável que as Comissões de Recepção,
Guarda de Honra, etc., sejam organizadas no Átrio e não dentro
do Templo. Essa atitude preserva a liturgia, a organização e o
respeito que o recinto merece.
Todas as cerimônias iniciáticas em Loja aberta para Iniciação, Elevação
e Exaltação), de certo modo também iniciam suas atividades no Átrio da Loja.

m) SALA DOS PASSOS PERDIDOS.


Todo edifício maçônico possui uma sala de recepção denominada Sala
dos Passos Perdidos. Decorada a gosto, a sala, além das cadeiras de espera,
deve ter uma mesa ampla, sobre a qual deve estar, antes das sessões os Livros
de Presença dos Irmãos do Quadro e dos Visitantes.
É nesse espaço que os Irmãos se preparam para os trabalhos, vestindo
suas alfaias e se organizando até que o Mestre de Cerimônias componha a Loja
e os conduza até o Átrio para a formação do préstito.

n) CÂMARA DE REFLEXÃO
São pequenos compartimentos, preferencialmente no subsolo, pintados
de preto por dentro e lembram masmorras. As paredes internas podem ser de
pedras escuras. No interior há uma mesa e uma cadeira e, sobre a mesa, uma
só vela acesa num castiçal, uma ampulheta de areia (Tempo), duas taças com
as respectivas inscrições de AMARGO E DOCE, um crânio humano, com duas
tíbias e um alfanje (símbolos da morte), um pão de trigo cortado (nutrimento do
corpo), uma jarra com água (nutrimento do espírito, purificação), com o
respectivo copo, sal, enxofre e mercúrio (alegoria da alquimia), além do material
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para escrita (questionário e testamento filosófico). Ao fundo escuro, com figuras
e letras, pitadas com tinta fosforescentes, ou levemente luminosas, há um
conjunto bem à frente da mesa, assim composto, de cima para baixo:
I. A sigla V.I.T.R.I.O.L, iniciais das palavras que compõem a frase
latina Visitae Interiora Terrae, Retificandoque Invenies Occultum
Lápidem, cuja tradução é: Visitai o Interior da Terra e Retificando
Encontrarás a Pedra Oculta. Em linhas gerais, significa um convite
à reflexão sobre si mesmo.
II. Um galo em posição de canto (despertar, novo dia, ressurreição de
quem morre para a vida profana);
III. Debaixo dessa figura, mais dois significados da mesma – as
palavras VIGILÂNCIA e PERSEVERANÇA;
IV. Logo abaixo, a figura da Morte, com o seu alfanje e, sob a figura,
esta inscrição vem visível: LEMBRA-TE QUE ÉS PÓ E AO PÓ
VOLTARÁS;
V. Por fim as seguintes frases de advertência:
i. Se a curiosidade aqui te conduz, retira-te.
ii. Se queres empregar bem a tua vida, pensa na Morte.
iii. Se temes que descubram os teus defeitos, não estás bem
entre nós.
iv. Se és apegado às distinções mundanas, retira-te; nós aqui
não as conhecemos.
v. Se fores dissimulado, serás descoberto.
vi. Se tens medo, não vás adiante.

XIII – CONSIDERAÇÕES FINAIS.


Com esse conjunto de informações que entendo primárias para o
Grau de Aprendiz Maçom, espero ter ajudado a compreender um pouco a
proposta da doutrina do Rito Escocês Antigo e Aceito.
Entendo que a formação básica é o elemento de sustentação do
aprendizado maçônico. Se faz mister que o Iniciado tenha visão e compreensão
dos propósitos que a Sublime Instituição lhe oferece.

BIBLIOGRAFIA
VAROLLI FILHO, Theobaldo – Ritual e Instruções de /aprendiz Maçom do Rito
Escocês Antigo e Aceito, 1975, A Gazeta Maçônica, 1975, SP.

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São José dos Pinhais, Pr., outubro de 2019.

PEDRO JUK
Secretário Geral de Orientação Ritualística do GOB

jukirm@hotmail.com
http://pedro-juk.blogspot.com.br

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