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SÃO PAULO - SP
2023
GUILHERME OLIVEIRA DA SILVA
SÃO PAULO - SP
2023
AGRADECIMENTOS
A Deus por ter me amado é escolhido desde o ventre da minha mãe para ser
sustentado durante os quatro anos de seminário. A Ele rendo toda glória, afinal, de
Aos meus pais, Gilmar e Denise, sem os quais eu não estaria aqui e que
sempre estiveram ao meu lado nos momentos mais difíceis e felizes da minha vida.
Aos amigos e irmãos que Deus me deu ao longo desses quatro anos de
seminário. Ao Julio, uma das pessoas mais sensacionais que eu já conheci na minha
vida, por todo amor, cuidado e carinho que Ele demonstrou para comigo, meu muito
obrigado amigão! Ao Plínio, um dos maiores presente que Deus poderia me dar,
companheiro de quarto, parceiro de treino, amigo mais chegado que um irmão que
tive a honra de conhecer e hoje faz parte de quem eu sou e da minha família. Amo
vocês e sei que vou levar nossa amizade por toda a eternidade!
que sempre estiveram ao meu lado, pela amizade incondicional e pelo apoio
Por fim, agradeço a você, meu querido, que está lendo este trabalho, obrigado
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 4
CONCLUSÃO ........................................................................................................... 49
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 52
4
INTRODUÇÃO
Esta monografia tem como título “A relação entre a Lei e a Graça de Deus”; ao
doutrinas, tendo como fonte as Escrituras e apresentando aos fiéis uma forma válida
perspectiva bíblica sobre o assunto e como chegar a um ponto de equilíbrio, com base
relação entre lei e graça vão muito além do aspecto puramente intelectual. Esse
entendimento vai, na verdade, determinar toda a forma como alguém enxerga a vida
cristã e que tipo de ética esse cristão irá assumir em sua caminhada”.
Se a salvação é pela graça e a lei não pode salvar, como afirma o apóstolo
Paulo, qual a relevância da lei para os dias de hoje? É o que vamos buscar entender
do que será abordado, procuraremos, antes de tudo, entender o que é lei; quais as
suas divisões (civil, cerimonial e moral); e de que forma a lei moral opera em nossos
dias, com base no tríplice uso da lei, segundo Calvino. Posto isso, ainda no primeiro
heresias as quais nos afastam de uma vida de piedade e retidão e que nada mais são
bíblica dessa relação; entender de que forma qual nosso Senhor Jesus Cristo interagiu
com a lei de Deus; bem como responder a pergunta: “Para que serve a lei, se vivemos
(VII), do capítulo XIX da CFW que diz: “os supracitados usos da lei não são contrários
à graça do Evangelho, mas suavemente condizem com ela, pois o Espírito de Cristo
no que tange à maneira como aprouve ao Criador relacionar-se com as suas criaturas.
um contexto pactual, ao passo que não há quem possa, de alguma maneira, viver fora
Deus deu a Adão uma lei, como um pacto de obras. Por esse pacto Deus o obrigou,
bem como toda sua posteridade, a uma obediência pessoal, inteira, exata e perpétua;
prometeu-lhe a vida sob a condição de ele cumprir com a lei, e o ameaçou com a morte
caso ele a violasse, e dotou-o com o poder e a capacidade de guardá-la (cf. Gn 1.26;
2.17; Ef 4.24; Rm 2.14-15; 10.5; 5.12,19 - CFW XIX.1)1
Logo no princípio, Deus faz ao homem uma promessa de vida sob a condição
vida e toda sorte de bençãos para que o homem pudesse viver de maneira plena e
pessoal do primeiro ser humano criado pelo Senhor do pacto à lei dada de forma direta
“E o Senhor Deus lhe deu esta ordem: De toda árvore do jardim comerás
Adão e sua esposa viveram debaixo desse pacto, no qual, por meio da lei do
Senhor e em contato direto com ele, eram plenamente instruídos sobre como
deveriam viver e se relacionar com Deus de maneira que ele fosse glorificado e o
“Depois que nele foi apagada a imagem celeste, não sustentou sozinho essa pena pela
qual, no lugar da sabedoria, da virtude, da santidade, da verdade, da justiça - das quais
fora revestido como ornamentos -, odiosamente acometeram a peste, a cegueira, a
impotência, a impureza, a vaidade, a injustiça, mas envolveu e mergulhou sua
posteridade em cada uma dessas misérias.”3
A partir daquele momento a obediência à lei não mais poderia trazer vida, uma
que ao longo da História, uns tenham se esforçado mais, outros menos, desde Adão
e Eva até a última criança a nascer, todos, sem exceção, são excluídos da comunhão
3CALVINO, João. As Institutas. Tradução de Waldyr Carvalho Luz. Edição Clássica, vol. 2. São Paulo:
Editora Cultura Cristã, 2006, p. 230.
8
Todavia, vale ressaltar que, mesmo após a queda de Adão que sujeitou todo o
gênero humano à maldição e condenação eterna, a lei de Deus não foi, de forma
alguma, revogada. Tampouco perdeu sua aplicabilidade. A lei que sempre foi perfeita,
porquanto reflete a mente, natureza e caráter daquele que a ordenou, continuou sendo
uma “perfeita regra de justiça”, que instrui os homens a viverem de uma maneira
comportamento não foi anulada pelo pecado assim como prescrições de saúde não
ter sido dada a um povo específico, não se restringe aos judeus do Antigo Testamento
quais por meio dela conhecem de maneira clara e objetiva qual a vontade de seu
Criador. Ocorre, no entanto, que Deus escolheu a nação de Israel para servir como
Essa lei, depois da queda do homem, continua sendo uma perfeita regra de justiça.
Como tal, foi por Deus entregue no monte Sinai, em dez mandamentos e escrita em
duas tábuas; os primeiro quatro mandamentos ensinam os nossos deveres para com
Deus; e os outros seis, os nossos deveres para com o homem (XIX.2).5
Ainda que em si não houvesse nada que o fizesse mais atrativo do que os
outros povos, aprouve ao Senhor escolher Israel e elegê-lo como a nação por meio
da qual seus propósitos, bem como sua santa e justa lei, seriam manifestos a toda
criação. A própria escolha de Abrão é uma demonstração disso. Tendo em vista o fato
de Deus tê-lo chamado e firmado uma aliança com ele, não por conta de algum mérito
inadequações, sendo ele de uma terra idólatra, marido de uma mulher estéril e um
tanto quanto avançado em idade. Não por merecimento, mas única e exclusivamente
referentes aos propósitos da lei de Deus revelada ao seu povo por intermédio de
Moisés, que consideremos o contexto em que cada lei é dada, a quem é dada e qual
o seu objetivo manifesto. Só assim poderemos saber a que estamos nos referindo
Israel nos tempos de Moisés, e a CFW no capítulo XIX.3,4, bem como Calvino6 e
vários outros reformadores, dividem os muitos aspectos da lei em três tipos: lei moral,
em que foram dadas, com um papel e um tempo determinado para sua aplicação.
Além dessa lei, geralmente chamada lei moral, foi Deus servido dar ao seu povo de
Israel, considerado uma igreja sob a sua tutela, leis cerimoniais que contêm diversas
ordenanças típicas. Essas leis, que em parte se referem ao culto e prefiguram Cristo,
suas graças, seus atos, seus sofrimentos e os benefícios, e em parte representam
várias instruções de deveres morais, estão todas abolidas sob o Novo Testamento.
A esse mesmo povo, considerado como um corpo político, Deus deu leis civis que
deixaram de vigorar quando o país daquele povo também deixou de existir, e que agora
não obrigam além do que exige a sua equidade geral. 7
6
CALVINO, 2006, p. 466.
7 Assembleia de Westminster, 2014, p. 68.
10
Comecemos, pois, pela lei moral, a qual representa a vontade de Deus para a
Uma vez que pelo termo “moral”, entende-se “aquele aspecto da lei da qual depende
este cada vez mais estranho na sociedade pós-moderna, a qual insiste em dizer que
toda moral é relativa ao seu tempo e lugar, tendo por base usos e costumes sociais
que variam ao longo das épocas. Levando, por meio dessa cosmovisão, diversas
gerações ao extremo de uma vida totalmente imoral, sem qualquer sentido de origem
e propósito que possa norteá-las ou sequer livrá-las do perigo de guiarem sua própria
vida.
De modo geral, este aspecto da lei “tem por finalidade deixar claro ao ser
humano quais são seus deveres, revelando suas carências e auxiliando-o a discernir
entre o bem e o mal”.9 Posto que ao revelar sua lei, estava o próprio Deus, por sua
que, outrora criados à sua imagem e semelhança, estavam, devido à queda, por
sincera; o outro manda amar aos homens com verdadeira caridade. Eis aí, segundo
9 MEISTER, Mauro. Lei e Graça. São Paulo: Cultura Cristã, 2003. p. 54.
11
em qualquer lugar do mundo, caso queiram conformar sua vida segundo a vontade
de Deus”.10
contida nos Dez Mandamentos, de forma alguma ela está restrita apenas a eles.
caráter moral, como em Gênesis 9.6, que além de proibir o assassinato, também fala
Além disso, sendo uma expressão da santidade de Deus, a lei moral também
tem a função, não apenas de revelar a perfeição de quem a outorgou, mas de tornar
sendo de grande valia à igreja como um orientador para a vida. Observe, por exemplo,
pergunta 95:
“a lei era o gramático da teologia, o qual, depois de conduzir seus alunos até certo
Relacionando o que foi dito ao que Paulo escreve em Gálatas 3.24, assim era
a nação de Israel, como um filho de menor idade, sob a tutela e autoridade da lei. Até
que “viesse o descendente prometido”, a saber, Jesus Cristo, em quem a lei cumpriu-
Sendo assim, embora libertos pela cruz da condenação da lei moral, ela
todas as épocas. Vista, através do sacrifício vicário de Cristo, não mais como um
fardo, mas como um privilégio que desfrutam aqueles que pelo Senhor foram
chamados.
Além da lei moral, Deus deu leis cerimoniais13, que representavam a legislação
levítica do Antigo Testamento, bem como “as formas externas pelas quais os israelitas
na vida privada”.14
povos que eram idólatras e não faziam parte da aliança, por outro, através de
símbolos, sinais e rituais, seu propósito era ensinar a nação de Israel a aguardar a
vinda do Messias, a saber, Jesus Cristo, o sacrifício perfeito, por meio de quem todos
A lei cerimonial teve valor pedagógico para os judeus, ensinando-os uma doutrina
elementar que o Senhor considerou oportuna para esse povo no tempo de sua infância,
até que viesse o tempo da plenitude, no qual ele manifestaria a realidade que estava
figurada em sombras.15
Podemos concluir, portanto, que quando Paulo critica os que estão vivendo sob
a lei no Novo Testamento, sua fala, na verdade, é contra aqueles que ainda
religiosos, os quais haviam sido encerrados com a vinda de Jesus, nosso verdadeiro
sumo sacerdote, único e perfeito sacrifício. Também contra aqueles que submetiam-
13Toda a lei cerimonial pode ser encontrada nos livros de Êxodo, Levítico e Deuteronômio, sendo
Levítico o principal manual para os israelitas.
se sob a lei moral do Decálogo, como forma de obter a salvação, negando dessa
forma a suficiência da morte de Cristo e esquecendo-se que nada podem fazer para
alcançar justiça diante de Deus, por mais comprometidos e zelosos que sejam na
Além das leis morais e cerimoniais, Deus deu ao povo de Israel, como um corpo
político, um conjunto de leis civis, cujo objetivo era regular a sociedade israelita e
cidades de refúgio, estabelecidas em Israel para que alguém que tivesse cometido
de sangue”.
Das cidades [...] que dareis aos levitas, seis haverá de refúgio, as quais dareis para
que, nelas, se acolha o homicida; além destas, lhes dareis quarenta e duas cidades.
[...] Fala aos filhos de Israel e dize-lhes: Quando passardes o Jordão para a terra de
Canaã, escolhei para vós outros cidades que vos sirvam de refúgio, para que, nelas,
se acolha o homicida que matar alguém involuntariamente. Estas cidades vos serão
para refúgio do vingador de sangue, para que o homicida não morra antes de ser
apresentado perante a congregação para julgamento. (Nm 35.6,10-12).
Todavia, assim como as leis cerimoniais, vale dizer que essas leis civis não
estão mais em vigor para o povo de Deus hoje, nem para mais ninguém desde o tempo
também, como um corpo político, Deus deu diversas leis judiciais que expiraram
juntamente com o estado desse povo, e que agora não obrigam a ninguém além do
maneira como a lei ou não ser aplicada nos dias de hoje é apresentado por Solano
Não estamos sob a lei civil de Israel, mas sob o período da graça de Deus, em que o
evangelho atinge todos os povos, raças, tribos e nações.
Não estamos sob a lei cerimonial de Israel, que apontava para o Messias, foi cumprida
em Cristo, e não nos prende sob nenhuma de suas ordenanças cerimoniais, uma vez
que estamos sob a graça do evangelho de Cristo, com acesso direto ao trono, pelo seu
Santo Espírito, sem a intermediação dos sacerdotes.
Não estamos sob a condenação da lei moral de Deus, se fomos resgatados pelo seu
sangue, mas nos achamos cobertos por sua graça.
Não estamos, portanto, sob a lei, mas sob a graça de Deus, nesses sentidos.
Entretanto, ainda estamos sob a lei moral de Deus, no sentido que que ela, resumida
nos Dez Mandamentos, representa a trilha traçada por Deus no processo de
santificação, efetivado pelo Espírito Santo em nossa pessoa (Jo 14.15). Nos dois
últimos aspectos, a própria lei moral de Deus é uma expressão de sua graça,
representando a objetiva e proposicional revelação de sua vontade. 16
longe eles estão de alcançar o padrão divino de justiça - “ela adverte, informa,
convence, e por fim, condena cada homem da sua própria injustiça”. 17 A lei, nesse
16 PORTELA, Solano. A Pena Capital e a Lei de Deus. São Paulo: Os Puritanos, 2000, p.22-23.
homem encontra-se após a queda, cumpre seu propósito ao levá-lo, destituído de todo
longe estão seus desejos e atos do padrão estabelecido por Deus para os seres
criados a sua imagem e semelhança, haja vista o que o apóstolo Paulo afirma em
Romanos 7.7, este uso da lei não apenas rompe com qualquer possibilidade de
autojustificação, por mais generosa que seja a avaliação que alguém faz de sua
parte dele.
O uso e fim correto da lei, portanto, é nos acusar e condenar como culpados quando
vivemos em segurança, para que possamos ver a nós mesmos em perigo do pecado,
ira e morte eterna. A lei com esse ofício ajuda indiretamente na justificação, no fato de
direcionar o homem para a promessa da graça (sobre Gl. 2:17 e 3:19).
Contudo, apesar desse uso da lei ser em grande parte negativo em sua
descrição, visto que é por meio dele que o ser humano reconhece sua
divinos, e torna-se indesculpável diante de Deus, ele também tem uma função positiva
Nesse sentido, essa função da lei também continua em vigor para os cristãos
seu estado de absoluta falência espiritual, que ele de fato está pronto para entender
saibamos o que lhe devamos pedir.” Então: “A lei foi dada para que vos fizesse
culpados; feitos culpados, temêsseis; temendo, buscásseis perdão e não vos fiásseis
em vossas próprias forças.” Ademais: “A lei foi dada para isto: que de grande pequeno
te fizesse; que te mostrasse que, de ti mesmo, não tens poder para a justiça; e assim,
pobre, necessitado e carente, recorras à graça.”19
lei, o segundo uso de Calvino tem uma função mais social e civil, que é de promover
a ordem e restringir o pecado humano. Visto que, embora não possa mudar o coração
do homem, fazendo-o justo ou reto no obedecê-la, a lei divina também cumpre seu
julgamento, principalmente quando apoiadas pelo código civil que executa os castigos
Segundo Calvino:
O segundo uso da lei é, por meio de suas terríveis denúncias e o conseqüente temor
da punição, refrear aqueles que, a menos que forçados, não teriam nenhum respeito
pela retidão e a justiça. Tais pessoas são contidas, não porque suas mentes sejam
internamente movidas e afetadas, mas porque, como se um freio fosse posto sobre
elas, refreiam suas mãos de atos externos, e internamente controlam a depravação
que de outra forma irromperia petulantemente (Institutes, 2.7.10). 20
maldade e conduta errônea refreadas, não por submissão voluntária, mas por conta
do medo da punição que a lei sugere. Evitando assim, que as paixões da carne,
Sodoma e Gomorra, cidades nas quais as ordenanças da lei foram por completo
19
CALVINO, 2006, p. 120.
20 Ibid., p. 121.
19
desprezadas e onde a todos tudo era permitido a tal ponto que a ira de Deus
decência moral.
Segundo este ponto de vista, a lei pressupõe o pecado e é necessária por conta
deste, pois uma vez que entendemos que cada aspecto que faz do homem ser
realmente quem ele é foi corrompido pelo pecado, também é verdadeiro afirmar que
Contudo, embora este uso seja focado nos não-regenerados, sua função
também é de grande valia aos filhos de Deus, principalmente no que tange a sua vida
Por fim, o terceiro e mais importante uso da lei é ensinar aos cristãos, em cujo
coração já vigora e reina o Espírito de Deus, a como viver de uma maneira agradável
o qual os crentes aprendem a cada dia qual é a vontade de Deus para sua vida”.21
Nesse sentido, esse uso da lei, diferente dos demais, só é válido aos
verdadeiros cristãos, os quais nasceram do alto e são governados pelo próprio Cristo,
uma vez que apenas aqueles cuja consciência é despertada e a vida é guiada pelo
Espírito Santo, é que podem conhecer com intimidade a vontade de Deus expressa
na sua lei, não mais como um fardo, uma mera obrigação ou “como se fosse um
carrasco à procura de nossas cabeças”, mas como uma dádiva, uma forma graciosa
servo que, de todo o coração, empenha-se para servir seu senhor, mas para ainda
melhor servi-lo, precisa entender e conhecer melhor a quem serve. Assim, o crente,
A lei, portanto, ensina como Deus é, o que ele exige dos homens, e como eles
devem conduzir a vida segundo a sua vontade. Sendo uma parte necessária da vida
do desejo do Criador para a criatura e do desejo do Pai para seus filhos, prevista de
O que precisa ficar claro desses três usos da lei, que referem-se às maneiras
pelas quais a lei moral é usada para restringir o pecaminosidade (Usus Civilis),
cristãos a como viver de uma maneira agradável ao Senhor (Tertium Usus Legis), é
que, embora a lei seja o meio pelo qual alcançamos uma vida virtuosa, a salvação
vem única e exclusivamente pela graça, fruto da bondade e amor de Deus. Assunto o
definições. No Antigo Testamento, por exemplo, temos a palavra chen (adj. Chanun)
da raiz chanan, presente em alguns textos como Pv 22.11, e que remete não ao
Contudo, ainda que o termo nas Escrituras nem sempre seja empregado no
mesmo sentido, é válido afirmar que, de um modo geral, a graça está intrinsicamente
ligada ao excepcional e imerecido favor de Deus àqueles que ele escolheu. Dádiva
esta, que revelou-se por intermédio de Jesus Cristo e é vista mais claramente na
redenção e perdão dos pecadores, os quais não eram, não tinham e sequer mereciam
regenerado em auto justificar-se por intermédio de suas obras, das quais a mais nobre
justiça de Cristo por meio da fé, apresentar-se ante o olhar de Deus não mais como
sua parte nesse processo, antes mesmo que ela possa começar.
visto que todos são convidados e até mesmo o pior dos pecadores pode receber o
teológicos trazem entre graça comum e graça especial, a graça que atinge toda raça
humana e a graça que Deus aplica sobre alguns. Haja vista que, enquanto a primeira
misericordioso até mesmo para com os pecadores não-eleitos, dando-lhes vida e boas
dádivas, como o raiar do sol todas as manhãs e as chuvas que caem sobre justos e
injustos; a graça especial é exclusiva aos eleitos e refere-se ao meio usado por Deus
Por conseguinte, pode-se dizer que a graça especial não apenas remove a
No livro de Atos, Lucas menciona aqueles que “mediante a graça, haviam crido” (At
18.27; cf. Gl 1.15; Ef 2.5,8); pela graça os crentes são justificados (Rm 3.24; 5.18; Tt
3.7); Paulo explica, em Romanos 4, que Abraão recebeu a promessa da herança da
23
terra pela fé, segundo a graça (Rm 4.13-17) e que a Escritura “preanunciou o evangelho
a Abraão” (Gl 3.8); a eleição é segundo a graça (Rm 11.5); os dons são dados segundo
a graça (Rm 12.6; Ef 4.7); pela graça, o crente exerce o ministério que lhe é dado por
Deus (1Co 3.10; 15.10); não há nada positivo que o crente faça que não seja movido
pela graça de Deus operando em sua vida; somos dependentes da graça em tudo. 22
Nesse sentido, ela difere-se ainda mais da graça comum, ao passo que esta
não remove a culpa do pecado e, portanto, não traz perdão; e não suspende a
adoção, os quais são destinados exclusivamente aos eleitos; mas bençãos materiais,
23BERKHOF, Louis. Teologia Sistemática. Tradução de Odayr Olivetti. São Paulo: Cultura Cristã,
2009, p. 432.
24
teria acontecido, caso os pecadores fossem entregues a sua própria sorte, como pode
Nesse sentido, a graça comum serve aos propósitos de Deus não apenas
intervenção divina, teria se tornado um deserto estéril, bem como o homem, distante
do Senhor e alheio a tudo de bom que provém dele, teria se tornado uma besta ou um
diabo. Sendo, por conseguinte, uma expressão da providência de Deus pela qual ele
Deus, por meio da sua “graça comum”, restringe a operação do pecado no homem, em
parte quebrando seu poder, em parte domando seu espírito mal[sic], e em parte
domesticando sua nação ou sua família. Assim, a graça comum tem levado ao
resultado de que um pecador não regenerado pode cativar-nos e atrair-nos pelo que é
nele belo e cheio de energia, exatamente como acontece com nossos animais
domésticos, mas isto certamente à maneira do homem. A natureza do pecado, contudo,
permanece tão venenosa quanto era.24
Afinal, se Cristo devia salvar uma raça eleita, era necessário que Deus exercesse
paciência, detivesse o curso do mal, promovesse o desenvolvimento das faculdades
naturais do homem, mantivesse vivo nos corações dos homens o desejo de manter a
justiça civil, a moralidade exterior e a boa ordem na sociedade, e derramasse
incontáveis bênçãos sobre a humanidade em geral. 25
25
BERKHOF, 2009, p. 404.
25
os que já foram salvos e os que ainda serão, por intermédio da obra redentora de
Jesus Cristo.
reinam sobre esse mundo caído. Uma vez que tudo que o homem natural recebe, fora
que:
É a graça comum que fornece não apenas a esfera sobre a qual, mas também o
material a partir do qual, o edifício bem ajustado pode crescer num templo santo no
Senhor. É a raça humana preservada por Deus, dotada de diversos dons por Deus,
num mundo sustentado e enriquecido por Deus, subsistindo por meio de várias
perseguições e campos de labor, que provê os sujeitos para a graça redentiva e
regeradora. Para concluir, a graça comum provê a esfera de operação da graça
especial e a graça especial, portanto, fornece uma lógica da graça comum.26
Por fim, vale destacar que um dos maiores perigos da pregação do evangelho
graça barata e teórica, carente do poder transformador do evangelho, por outro, existe
um mal tão nocivo quanto, que é um cristianismo legalista, agarrado a tradições, leis
26REYMOND, Robert. A New Systematic Theology of the Christian Faith. Nashville, TN: Thomas
Nelson, 1998, p. 403.
26
3 AS CONFUSÕES E OS EXTREMOS
atitudes pontuaram toda a história da Igreja e se fazem presentes ainda hoje no meio
3.1 LEGALISMO
fomentar confiança na lei em detrimento da graça, como se por meio dela o homem
pudesse ser salvo e justificado. É a busca do favor divino pelos esforços humanos e
27PACKER, J. I. Teologia Concisa: Um Guia de Estudo das Doutrinas Cristãs Históricas. São
Paulo: Cultura Cristã, 1999, p. 153.
27
O legalista isola a lei do Deus que deu a lei. Não procura tanto obedecer a Deus e
honrar a Cristo, quanto procura obedecer a regras destituídas de qualquer
relacionamento pessoal. Não há amor, alegria, vida ou paixão. É uma forma mecânica
e automática de guardar a lei, que chamamos de externalismo. O legalismo se focaliza
apenas em obedecer a normas, destruindo o contexto mais amplo de amor e redenção
de Deus, no qual ele deu a sua lei.28
dos fariseus, os quais, por serem honrados pelos homens devido a sua observância
às obrigações da lei, acreditavam ser merecedores não apenas da vida eterna, mas
pessoa que não guardava os mandamentos. “Em sua essência, o farisaísmo era um
respeito aos detalhes da vida”.29 De modo que investir no cumprimento das obras
prescritas pela lei tornou-se para eles, não apenas um meio pelo qual conquistavam
o favor divino, mas uma forma de colocar-se acima de todos aqueles que não agiam
como eles.
legalista, que é o orgulho, a profunda raiz do pecado em todos nós, manifesto a partir
28SPROUL, R. C. Como Posso Desenvolver uma Consciência Cristã? São José dos Campos, SP:
Fiel, 2014, p. 40–41.
29FERGUSON, Sinclair B. Somente Cristo: legalismo, antinomismo e a certeza do evangelho. São
Paulo: Vida Nova, 2019, p. 148.
28
do momento em que o homem começa a achar que sua aceitação diante de Deus é
resultado de seu esforço em seguir uma lista de regras. Ao passo que, “quem é mais
disciplinado, ou tem gostos mais condizentes com as práticas das leis eclesiásticas,
Nada mais distante das verdades bíblicas. Nada mais contrário à intenção de
nosso Soberano Criador e Redentor, que gratuitamente nos deu a sua lei, não para
que atribuíssemos a nós qualquer mérito proveniente ao cumpri-la, mas para que
Fato é que o legalismo tem muitas faces. Às vezes ele se manifesta em nosso
menos dons, menos experiência, menos preparo) recebem cargos na igreja, e nós
somos ignorados. Muito provavelmente, porque no fundo ainda pensamos que a graça
deve sempre agir segundo o princípio do mérito, como recompensa ou, pelo menos,
reconhecimento de nosso serviço fiel. Em outras ocasiões, ele fica exposto nas
motivações que estão por trás da nossa obediência. Nas palavras de John Colquhoun:
Quando um indivíduo é levado a atos de obediência pelo pavor da ira de Deus revelada
na lei, e não atraído por eles nem por acreditar no amor divino revelado no evangelho;
quando ele teme a Deus por causa de seu poder e justiça, e não em decorrência de
sua bondade; quando considera Deus mais como um juiz vingativo do que como amigo
e pai compassivo; e quando contempla a Deus mais como uma pessoa de majestade
aterradora do que alguém cuja graça e misericórdia são infinitas, esse indivíduo revela
estar sob o domínio, ou pelo menos sob a prevalência de um espírito legalista. [...] Ele
revela estar sob a influência desse temperamento odioso [...] quando sua esperança
da misericórdia divina é aumentada pelo dinamismo no desempenho de seus deveres
e não pelas descobertas advindas da liberdade e das riquezas da graça redentora que
lhe é oferecida no evangelho; ou quando ele espera a vida eterna não como dádiva de
Deus mediante Jesus Cristo, mas como recompensa divina por sua obediência e
sofrimento; nessas condições, o indivíduo demonstra estar claramente sob o poder de
um espírito legalista.31
30 SHEDD, Russell. Lei, graça e santificação. São Paulo: Vida Nova, 2008, p. 52.
31 COLQUHOUN, John. A treatise on the law and gospel. Morgan: Soli Deo Gloria, 1999, p. 143.
29
declara que:
“Se a lei, sendo nosso aio, nos encerra debaixo dela, não é um adversário, mas um
colaborador da graça. Mas se, após a chegada da graça ela continua a nos subjugar,
torna-se um adversário, porque restringe os que deveriam progredir para a graça, e
destrói, consequentemente, a nossa salvação. Se a vela que à noite nos guardou,
quando chegasse o dia, nos guardasse do sol, então ela deixaria de nos beneficiar;
mais que isso, ela nos prejudicaria. Assim faz também a lei, quando se interpõe entre
nós e os benefícios maiores. Então os maiores traidores da lei são aqueles que ainda
guardam, tal como o aio que torna ridícula a situação do jovem, ao retê-lo junto a si
quando já chegou a hora de sua ida”. 32
pensar que alguém obtém a salvação pela graça e a mantém pela lei. Aliás, é por
acréscimo à obra redentora de Cristo. De tal modo que Paulo veemente contesta,
dizendo: “Eu, Paulo, vos digo que, se vos deixardes circuncidar, Cristo de nada vos
Mostrando-lhes, assim, que qualquer “mais” que requeira de nós uma tomada
de decisão para acrescentar algo ao que nos foi dado gratuitamente por Jesus é um
verdadeiro insulto a sua Pessoa. Dentro desse contexto, John Colquhoun tece um
comentário perspicaz:
Um indivíduo deve ser considerado legalista ou alguém que conta com a justiça própria
se, apesar de não alegar uma perfeita obediência, mesmo assim confiar que ela pode
lhe dar algum direito na vida. Em todas as épocas, indivíduos que confiam na justiça
própria consideram impossível cumprir aquela condição da aliança das obras imposta
32
SHEDD, 2008, p. 22.
30
por Deus a Adão e configuram para si mesmos diversos modelos de aliança que,
embora estejam longe de ser instituições divinas e se baseiem em condições aquém
da perfeita obediência, mesmo assim têm a natureza da aliança das obras. Os judeus
que não criam e procuravam ser justos pelas obras da lei não eram tão ignorantes a
ponto de alegar uma obediência perfeita. O mesmo se pode dizer dos cristãos na
Galácia que desejavam estar debaixo da lei e ser justificados pela lei, sobre os quais o
apóstolo testemunhou terem “caído da graça” (Gl 5.4); eles também não afirmavam
viver em perfeita obediência.
Pelo contrário, a profissão de fé cristã pública que eles faziam revelava possuírem
algum senso de necessidade da justiça de Cristo. Mas o grande erro que eles cometiam
é que não criam que a justiça de Jesus Cristo por si mesma era suficiente para lhes dar
o direito à justificação da vida; portanto, para terem direito a essa justificação, eles
dependiam parcialmente de sua própria obediência à lei moral e cerimonial. Era isso,
e não suas alegações de obediência perfeita, que o apóstolo tinha em mente quando
os criticou por se apegarem à lei das obras e esperar a justificação pelas obras da lei.
Ao confiar parcialmente que poderiam ser justificados com base em suas próprias
obras de obediência às leis morais e cerimoniais, eles, conforme lhes diz o apóstolo,
haviam caído da graça; Cristo não mais tinha efeito para eles. Eles estavam “em débito
com toda a lei” (Gl 5.3,4).33
Em termos gerais, o que Paulo queria deixar claro aos gálatas é que, embora
a lei seja norma de vida para os crentes e expressão da graça e bondade de Deus,
ela jamais deve ser usada como “instrumento de santificação”, tampouco para a
salvação de quem quer que seja. Haja vista que agir dessa maneira não apenas
distorce a função que a lei exerce dentro da Nova Aliança, como nega a toda suficiente
Por conseguinte, se uma pessoa faz um uso errado da lei, sendo este farisaico,
o uso indevido não pode ser imputado como demérito à lei, visto que a própria nunca
e o graça, além de ter escrito uma grande obra sobre o assunto, diz:
reconhecer que diante de Deus ninguém podia ser justificado (Sl 143.2), a antiga
(Jr 23.6).”
todas as suas formas, faz o completo oposto. Colocando em risco essa relação,
Vale ressaltar também que, embora seja natural professarmos que não
confiamos em nossa própria justiça, nem sempre é realmente fácil nos despojarmos
de toda confiança na nossa suposta excelência. Vez ou outra, mesmo aqueles que
afirmam que a salvação vem pela graça e não por obras, podem sucumbir à mesma
tentação que caíram os fariseus, de achar que o favor divino pode ser alcançado pelos
apenas mantém sua consciência num profundo jugo de escravidão. Visto que ao
com as exigências da lei, não desfrutam do perdão de pecados obtidos por Cristo,
O legalismo tem condições de afetar a alma de tal forma que ela pode se aproximar e
depois se desviar da graça de Deus no evangelho. Se estiver presente especificamente
32
Jesus Cristo, é capaz de combater a indiferença que a religião legalista produz. Para
isso, no entanto, é extremamente importante que entendamos que aquilo que a lei não
tinha condições de fazer, por causa da fraqueza de nossa carne, Deus fez por nós.
amar a lei sem tentar guardá-la para sua justificação diante dele.
respeito dessa relação: “Assim sempre é: uma visão pequena da lei sempre traz o
legalismo à religião; uma visão ampla da lei faz do homem um que busque a graça.
3.2 ANTINOMISMO
Deus, também existe um outro perigo que precisamos ter o mesmo cuidado, que é o
antinomismo, uma velha heresia contra a qual Judas e Pedro escreveram (Jd 4-19;
2Pd 2). Conhecida, principalmente, pela compreensão de que a graça exclui a lei, a
qual não tem qualquer papel a exercer na vida do cristão, devendo ser totalmente
rejeitada.
a graça é tão abrangente que todo esforço para fazer o que Deus manda é
Packer, por outro lado, apresenta mais tipos, distinguindo-os como: antinomianismo
situacional.37
somente para alma e não importa o que fazemos com o nosso corpo em nossas ações
dualístico, uma vez que o comportamento físico não tem qualquer relevância, tanto
físicas da lei, como por exemplo os pecados sexuais, são perfeitamente aceitáveis.
cristã com Marcião, o qual apresentou uma aversão extrema a qualquer ensino ou
opinião positiva do Antigo Testamento e influenciou a muitos com seu ensino de que
a lei opunha-se à graça de Cristo, por meio do qual fora estabelecida uma nova
seus seguidores, que no afã de proclamar a graça, antes desprezada pela igreja
romana, acabaram por desprezar a lei. Um desses foi João Agrícola (1492-1566), que
ação do Espírito Santo, acaba por rejeitar a necessidade do cristão ser instruído pela
lei quanto ao seu modo de viver. Nesse caso, a liberdade do jugo da lei torna-se
sinônimo de libertação da lei como guia de conduta. Esse tipo de antinomismo tornou-
Deus (1Co 14.37), “sugere que a igreja de Corinto, obcecada pelo Espírito, estava sob
38 KEVAN, Ernest. The Grace of the Law: A Study of Puritan Theology. Grand Rapids: Baker Book
House, 1976. p. 23.
39
PACKER, 1999, p. 155.
35
o antinomismo centrado em Cristo, que argumenta que, pelo fato dos cristãos estarem
em Cristo, aquele que observou a lei em seu lugar, eles têm toda a liberdade de adotar
Romanos 8.1, sobre ele não há mais nenhuma condenação. Essa liberdade, no
entanto, não dá direito ao regenerado para ele fazer o que bem quiser. A tese de que
“liberdade é agir conforme a consciência” é inteiramente falsa, visto que Cristo não
libertou os eleitos de Deus para serem pessoas sem limites e princípios, mas para a
Se por um lado, aquele que tem sua vontade escravizada por Satanás,
constantemente é dirigido para o mal, que mais e mais o afasta de Deus, sem que
dispensacional, o qual sustenta a ideia de que, tendo em vista que vivemos sob a
dispensação da graça e não da lei, não é mais necessário, em nível algum, que os
sendo uma obrigação dos cristãos. Tratando sobre esse tipo de antinomismo, Meister
comenta que:
Essa forma de abordagem surgiu no século passado caracterizando a lei como meio
de salvação no período mosaico e o evangelho na dispensação do evangelho. Uma
36
Existe ainda o antinomismo dialético, o qual nega que a lei bíblica seja uma
ordem direta de Deus. Antes, afirma que a “Palavra do Espírito” é que deve confirmar
Uma das faces modernas do antinomismo, e também uma das mais influentes
nos dias de hoje, é o antinomismo situacionista, “que descreve toda uma geração de
cristãos que afirma que o amor deve motivar toda a nossa prática e esse é superior à
lei escrita.”42Para os que defendem este ponto de vista, uma vez que o amor está
acima da lei, o que o cristão faz não interessa, não faz diferença, desde que a
O problema é que, ao considerarem que a lei não tem mais qualquer papel
40
MEISTER, 2003, p. 80.
41
PACKER, 1999, p. 156.
42
MEISTER,op. cit., p. 81.
37
Esta filosofia foi desenvolvida por Joseph Fletcher. Ele procurou fazer do amor a norma
mais elevada sobre todas as outras. Tentando achar um meio termo entre os dois
perigos de legalismo e antinomianismo, Fletcher declarou que o único absoluto era a
lei absoluta do amor. Todas as outras leis, disse ele, estão sujeitas à lei do amor e
devem ser quebradas, se um curso de ação melhor e mais amável for encontrado. Ele
queria achar o melhor resultado de determinada situação ao sustentar a lei do amor.
Pode até parecer nobre e bom, mas este ponto de vista tem problemas. Nunca
devemos dizer que as outras leis das Escrituras são negociáveis e redutíveis a um
ponto de vista mal formulado a respeito do amor. Fletcher disse que devemos fazer o
que parece certo em determinada situação. Devemos fazer o que o amor exige que
façamos. Mas a Bíblia não diz o que o amor parece ser; em vez disso, ela define o que
é o amor.43
Tomemos por exemplo a questão do divórcio, cada vez mais comum até
indicado.
da lei do amor, que acaba por negar a lei de Deus ao estabelecer-se como princípio
norteador de toda prática e ética cristã. O comentário de Mauro Meister sobre esta
Não é de se admirar que nossa sociedade tenha chegado aos níveis de imoralidade
que temos hoje de forma tão descarada, quando aqueles que supostamente deveriam
lutar pela preservação dos valores morais ensinados nas Escrituras se voltaram contra
eles. Tudo isso fruto da falta de entendimento da relação entre a lei e a graça de Deus.44
43
SPROUL, 2014, p. 52.
44
MEISTER, 2003, p. 83.
38
Para não cair nesse perigo, é preciso, portanto, entender que apesar de termos
sido alcançados pela graça, a lei ainda constitui uma parte inalienável da nova aliança,
consigo seu povo desobediente e ingrato, deve ser reconhecido num relacionamento
para a salvação, que deve-se cultivar a impressão de que a lei não é santa, justa e
boa, ou mesmo, que não tem relevância na vida daqueles que foram regenerados por
Cristo. Sobre este ponto o apóstolo Paulo é muito enfático quando argumenta aos
romanos sobre o poder da lei designada por Deus: “Que diremos, pois?
Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais abundante?” (Rm 6.1).
É verdade que o amor de Deus por nós não se baseia em nossa aptidão ou
relacionamento com Cristo não muda em nada nossas ações, escolhas de vida e
mentalidade, nada mais é do que uma completa distorção, não apenas da graça de
Deus, mas do caráter do próprio Deus, o qual nunca, nem jamais pretendeu que
permanecêssemos no estado em que fomos achados, mas que a cada dia fossemos
transformados à imagem de seu Filho Jesus Cristo. Ao passo que, sem essa
transformação e sem essa nova conformidade de vida, não há nem sinal de que algum
A lei nos foi dada pelo Senhor para nos ensinar a justiça perfeita, e que nela nenhuma
outra justiça nos é ensinada, senão a que nos manda regrar-nos pela vontade de Deus
e conformar-nos a ela. Assim, inutilmente imaginamos novas formas de obras para
obter a graça de Deus, sendo que o único serviço legítimo que se lhe pode prestar é a
obediência.45
Diante do que vimos até aqui, após conhecermos um pouco dos extremos e
capítulo pretendemos olhar para a visão bíblica dessa relação, no que diz respeito à
doutrina da lei e graça e de uma maneira prática, responder à pergunta: “Para que
nos remiu de toda lei, submetendo-se a ela e satisfazendo suas exigências em nosso
Não há como negar que, uma vez santificados pelo Espírito e aceitos na
presença de Deus através da obra de Cristo, não estamos mais debaixo da lei como
3.23-25). Todavia, ainda que aparentemente essa seja a conclusão mais óbvia, isso
não significa que não devamos mais obediência ao ensino da lei, a qual, segundo
45
CALVINO, 2006, p. 167.
46
CALVINO, 2010, p. 136.
40
O parágrafo VII, do capítulo XIX da CFW afirma: “os supracitados usos da lei
não são contrários à graça do evangelho, mas suavemente condiz com ela, pois o
O apóstolo Paulo entendia isso quando escreveu: “É, porventura, a lei contrária
às promessas de Deus? De modo nenhum! Porque, se fosse promulgada uma lei que
pudesse dar vida, a justiça, na verdade, seria procedente da lei.” (Gálatas 3.21).
Se a lei pudesse declarar alguém justo, de modo a dar direito à vida prometida,
mesmo para aqueles que quebraram seus mandamentos, ou então pudesse ser
justificação seria por obras e não haveria necessidade de qualquer outra provisão para
a salvação. Porém, visto que a lei não faz concessões, tampouco pode diminuir suas
pecadores.
justiça provém da lei, segue-se que Cristo morreu debalde” (Gálatas 2.21). Porquanto,
embora a lei seja santa, justa e boa e mostre o tipo de vida que agrada a Deus (Lv
mandamentos, não pode nem jamais poderia conceder vida e libertar os pecadores
de sua própria condenação. “Todo homem, portanto, que espera justificação por obras
41
deve cuidar, não para ser melhor que outros homens, ou para ser muito generoso, ou
para jejuar duas vezes na semana, [...] mas para que seja sem pecado”.47
destituídos de nossa própria justiça, nos rendamos e entreguemos nossa vida a Cristo,
que sendo santo, justo e inocente, fez-se maldição por nós, levou sobre si as nossas
iniquidades e foi tratado como pecador em nosso lugar, para que nele fossemos feitos
para os judeus, e loucura para os gregos. Mas para os que são chamados, [...] poder
Quanto a esta ideia de Cristo como aquele que cumpre toda a lei de modo pleno
Cristo tomou nosso lugar; sofreu em nosso lugar; atuou como nosso representante.
Porém como a atuação de um substituto é efetivamente a ação do ator principal,
considera-se como se todo crente tivesse feito e sofrido tudo o que Cristo fez e sofreu
nesse papel. O leitor atencioso e piedoso da Bíblia reconhecerá essa ideia em algumas
das formas mais comuns da expressão bíblica. Os crentes são aqueles que estão em
Cristo. Essa é a grande distinção e mais familiar designação deles. Eles estão unidos
a Ele, que se declara que eles fizeram o que Cristo fez a favor deles. Quando Ele
morreu, eles morreram; quando Ele ressuscitou; eles ressuscitaram; assim como Ele
vive. eles também viverão.48
Romanos 7.1-6. Na qual ele ilustra esta situação fazendo referência ao caso da mulher
estar ligada ao marido enquanto ele viver, mas, quando este falece, fica livre de sua
obrigação e tem a liberdade para se casar de novo. Da mesma forma, antes casados
47 HODGE, Charles. O caminho da vida. Londrina, PR: Livrarias Família Cristã, 2021. p. 68.
48 Ibid., p. 79.
42
Jesus, “autor e consumador da nossa fé”.49 “Em síntese, uma vez que o mérito de
Cristo depende tão-somente da graça de Deus, a qual nos constituiu este modo de
salvação, com toda propriedade se opõe a toda justiça humana, não menos que a
É, portanto, clara a doutrina bíblica de que os crentes são livres da lei como
algo que dita as condições para serem aceitos por Deus. Não competindo mais a eles,
49 Hb 12.2.
para obter justificação, guardar a lei ou satisfazer todas as suas exigências. Bem como
Diante destas verdades, outro questionamento pode ser levantado, afinal: o que
leva o crente, uma vez salvo e justificado, não por obras, mas pela fé em Jesus Cristo,
Primeiro, como Paulo explicitamente diz em Romanos 6, aqueles que não estão
“debaixo da lei, e sim da graça” se preocupam bastante com o pecado: eles recusam
o reino e o domínio do pecado. Podemos concluir disso que os cristão verdadeiramente
libertos evidentemente preferem obedecer à lei ao invés de se submeterem às
“paixões” do pecado (Rm 6.12,14). Segundo, temos que considerar o fato de que Deus
nos chama à obediência a fim de que possamos receber a “benção por herança”. Essa
não é simplesmente uma maneira de pensar da antiga aliança; pois o salmo 34,
prometendo ricas bençãos para o obediente, é citado extensivamente em 1Pedro 3 (cf.
1Pe 3.8-12 com Sl 34.12-16). Mas a nova aliança informa e até transforma nossa
recompensa de benção ao esclarecer que tudo que é com vem a nós como um dom de
Cristo; nada é obtido por direito nosso. Terceiro, somos gratos pelos dons de Deus,
somos gratos por “receber um reino” de Deus “que não pode ser abalado”, e - como
membros do novo pacto - já não tememos a condenação. No entanto, não nos
esquecemos das advertências de Deus e, assim, comparecemos diante dele “com
reverência e santo temor”, lembrando que “o nosso Deus é fogo consumidor” (Hb
12.28-29).
A Bíblia apresenta três categorias principais de motivação para a obediência, e nós
fazemos bem em considerar todas elas. Primeiro, devemos considerar nossa culpa, a
graça de Deus, e então responder com gratidão. Segundo, somos chamados para ser
o que somos - uma vez que somos novas criaturas, temos de viver como novas
criaturas. Terceiro, como a Assembleia de Westminster argumenta, temos de buscar o
que é mais valioso - a aprovação de nosso Pai no céu e a herança que ele oferece, ao
invés da ninharia dos prazeres do pecado que continuam a nos fascinar muito mais do
que deveriam.53
de amor àquele deu a vida por nós e nos amou com sua graça, enquanto nós ainda
éramos pecadores. O próprio Senhor Jesus nos ensina que aquele que o ama guarda
o que me ama; e aquele que me ama será amado por meu Pai, e eu também o amarei
e me manifestarei a ele” (Jo 14.21). Assim sendo, o regenerado obedece a lei, não
mais com vistas a alcançar o favor divino, tampouco para autojustificar-se, encobrindo
Enfatizamos mais uma vez, a fim de que não haja mal-entendidos, que embora
o crente tenha morrido para a lei, a lei de Deus não morre. Porquanto continua
existindo para ele, que agora unido a Cristo, tem condições de cumpri-la e produzir
frutos. Sem nenhuma finalidade a não ser agradar a Deus, por meio do qual fora
As obras do homem cristão, justificado e salvo pela sua fé a partir da misericórdia pura
e impagável de Deus, devem ser vistas à mesma luz das que seriam realizadas por
Adão e Eva no paraíso e por toda a sua descendência se eles não tivessem pecado.
Acerca deles é dito, “E tomou o Senhor Deus o homem e o pôs no jardim do Éden para
o lavrar e o guardar” (Gn 2.15). Adão fora criado justo e reto por Deus, de forma que
ele não precisava de ser justificado e feito reto por guardar o jardim e nele trabalhar;
mas para que não estivesse desocupado, deus lhe deu a função de tomar conta do
paraíso e de o cultivar. Estas teriam sido verdadeiras obras de pura liberdade, levadas
a cabo com nenhum outro objetivo que não fosse agradar a Deus, em vez de obter
justificação, coisa que ele já possuía na totalidade que seria inerente a todos nós. 54
Porquanto ele é aquele que a completa, é válido afirmar que Cristo apresenta
uma estrita relação com a lei. Como vemos em Mateus (5.17, grifo nosso): “Não
54 LUTERO, Martinho. A liberdade cristã. São Leopoldo, RS: Sinodal, 2011. p. 34-35.
45
pensem que vim abolir a Lei ou os Profetas; não vim abolir, mas cumprir”. O verbo
preencher até o máximo”. Ou seja, Cristo é aquele sem o qual a lei não teria a sua
completude. Ele era a revelação que faltava para que ela pudesse tornar-se completa.
plenamente a lei para que por meio de sua santa e perfeita obediência, pudéssemos
viver abundantemente, não sem a orientação da lei, mas por ela dirigidos: “Aquele,
pois, que violar um destes mandamentos, posto que dos menores, e assim ensinar
aos homens, será considerado mínimo no reino dos céus; aquele, porém, que os
observar e ensinar, esse será considerado grande no reino dos céus. Porque vos digo
que, se a vossa justiça não exceder em muito a dos escribas e fariseus, jamais
Lei e dos Profetas, que eram, supostamente, a base do ensino dos fariseus, tiveram
nesse ponto uma grande decepção. Visto que, desde o início, ficou muito claro que o
padrão daqueles que vivem no reino, de modo algum opunha-se à Lei e aos Profetas,
mas à religião hipócrita dos fariseus, a qual dominava e influenciava a maneira como
afirmar “ouvistes o que foi dito [..] eu, porém, vos digo”, de modo algum Cristo estava
que, nenhum de seus aspectos, mesmo o menor de todos, deixou de ser cumprido
por Ele. Prova disso é que nem judeus nem romanos encontraram qualquer acusação
contra ele. Pilatos mesmo afirmou’ que nada encontrava e que, portanto, lavava suas
O ponto principal, claro, é que Cristo cumpriu a lei em todos os aspectos, seja no vivê-
la, no submeter-se à maldição da lei para satisfazer sua exigência de punição dos
transgressores, ou restabelecendo sobre outras bases a possibilidade de cumprir
aquilo que a lei requer. Cristo, em outras palavras, satisfez tudo que a lei exigiu ou pode
vir a exigir da humanidade. A justificação que estava associada à lei agora pertence
completamente a Cristo.55
cerimoniais, recebeu o salário do pecado (Rm 6.23), para que seu povo fosse salvo e
assim pudesse resgatar da morte aqueles que a merecem. “Levando ele mesmo em
seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro” (1Pe 2.24a). “Cristo, oferecendo-se
uma vez para tirar os pecados de muitos” (Hb 9.28). “Bem sabeis que ele se
Tal como pelo pecado de Adão fomos afastados de Deus e destinados à ruína,
55
MEISTER, 2003. p. 106.
47
O teólogo John Frame, em seu artigo intitulado “Preaching Christ from the
Decalogue”56, nos mostra como podemos enxergar Cristo ao observamos a lei moral
de Deus expressa no Decálogo. Ele afirma que a lei nos mostra a justiça de Cristo;
nossa necessidade de Cristo; a justiça de Cristo sendo imputada a nós; e como Deus
quer que demos graças pelo que Cristo fez em nosso favor. Frame sintetiza da
seguinte maneira:
(a) O primeiro mandamento nos ensina a adorar a Jesus como único Senhor,
1.3). Nossa devoção a ele torna impossível a adoração de qualquer outra imagem.
presença nós cessamos os nossos afazeres diários e ouvimos sua voz (Lc 10.38-42)
(e) No quinto mandamento, nós honramos a Jesus que nos trouxe como seus
(f) No sexto mandamento nós o honramos como a vida (Jo 10.10; 14.6; Gl 2.20;
Cl 3.4), Senhor da vida (At 3.14), como aquele que deu a sua vida para que
56
FRAME, John. Preaching Christ from the Decalogue. Disponível em:
<https://www.thirdmill.org/files/english/html/ot/OT.h.Frame.X.Decalogue.html> Acesso em 17
nov.2022. (Tradução nossa).
48
(g) No sétimo mandamento nós o honramos como o noivo que se deu para nos
lavar, para nos fazer sua noiva pura e sem mancha (Ef 5.22,23). Nós o amamos como
nenhum outro.
(h) No oitavo mandamento nós honramos Jesus como nossa herança (Ef 1.11)
e como aquele que provê para todas as necessidades do seu povo, nesse mundo e
além.
(i) No nono mandamento nós o honramos como a verdade de Deus (Jo 1.17;
14.6), em quem todas as promessas de Deus são “sim” e “amém” (2Co 1.20).
(2Co 3.5; 12.9) para satisfazer tanto as nossas necessidades externas quanto os
Posto isso, é válido afirmar que não estarmos debaixo de lei, mas debaixo da
libertados por Cristo. Pelo contrário, apenas ressalta que nossa obediência à lei não
acontece e nem pode acontecer fora d’Ele. Ao passo que, enquanto tentar viver
debaixo da lei sem Cristo só nos leva à escravidão, submeter-se à lei com Cristo,
olhando para Ele e com o auxílio da graça de Deus é liberdade e vida. Também, nesse
sentido, é que o apóstolo Paulo pode afirmar em Romanos 10.4 que “o fim da lei é
CONCLUSÃO
interpretação equivocada dessas doutrinas pode nos levar a certos perigos que não
apenas prejudicam nossa vida cristã, como define que tipo de ética assumiremos em
nossa caminhada.
A pergunta que permeou todo o trabalho foi: Para que serve a lei, se vivemos
na era da graça? Nosso objetivo ao estudar este tema foi elucidar qual a perspectiva
reformada dessa relação, corrigindo a visão distorcida daqueles que acreditam serem
(civil, cerimonial e moral); e de que forma a lei moral opera em nossos dias, com base
no tríplice uso da lei na perspectiva de Calvino. Posto isso, ainda no primeiro capítulo,
antinomismo, ambas heresias as quais nos afastam de uma vida de piedade e retidão
e que nada mais são do que distorções das obras da lei e do evangelho da graça de
Jesus Cristo.
dessa relação, entendemos de que forma qual nosso Senhor Jesus Cristo interagiu
50
com a lei de Deus, e de uma maneira prática, respondemos à questão feita no início
Ao passo que pudemos constatar que, embora libertos pelo sacrifício de Cristo
Compreendida não mais como um fardo ou um meio pelo qual alcançamos o favor
divino, mas como um privilégio que desfrutam aqueles que pelo Senhor foram salvos.
Por isso concordamos com o que a CFW afirma em seu capítulo XIX, parágrafo
VII que os “usos da lei não são contrários à graça do Evangelho, mas suavemente
condiz com ela, pois o Espírito de Cristo submete e habilita a vontade do homem a
fazer livre e alegremente aquilo que a vontade de Deus, revelada na lei, requer que
se faça.”
tenham em mente que apesar da salvação ser obra de Deus e depender única e
Não mais “para” serem salvos, mas “porque” foram salvos, é que os fiéis
mais por obrigação, mas por amor e em resposta a essa graça que os capacita para
tal tarefa. Sendo assim, a graça de Deus deve levar a igreja a comprometer-se cada
vez mais com a lei moral de Deus, a amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo
como a si mesmo.
trabalhar dentro dessa perspectiva soteriológica. O próximo passo para uma pesquisa
51
processo pelo qual o Espírito Santo gradualmente muda a sua vida para dar vitória
sobre o pecado.
a Deus por ter nos dado um entendimento maior da maneira como a lei e a graça de
e das benesses da lei, cada qual com seu papel muito bem estabelecido, podemos
O cumprimento da lei, assim, não é uma obra que pode ser realizada pelo nosso poder;
antes, depende do poder do Espírito. Através deste poder do Espírito, nossos corações
são purificados de sua corrupção e amolecidos para obedecerem a sua justiça. Para
os cristãos, o uso da lei é completamente impossível sem a fé, uma vez que, quando e
onde o Senhor gravou em nossos corações o amor pela justiça, o ensino externo da lei
(que antes apenas nos acusava em nossa fraqueza e transgressão) agora torna-se
uma lâmpada a guiar nossos pés até o fim para que não nos desviemos do caminho
certo. Ela é, agora, nossa sabedoria pela qual somos formados, instruídos e
encorajados a toda integridade e a nossa disciplina que não nos permite sofrer por
sermos dissolutos através de uma licenciosidade má.57
57CALVINO, João. Instrução na Fé: princípios para a vida cristã. Tradução de Denise Meister.
Goiânia: Editora Logos, 2003. p. 45-46.
52
REFERÊNCIAS
CALVINO, João. Instrução na Fé: princípios para a vida cristã. Tradução de Denise
Meister. Goiânia: Editora Logos, 2003.
COLQUHOUN, John. A treatise on the law and gospel. Morgan: Soli Deo Gloria,
1999.
HODGE, Charles. O caminho da vida. Londrina, PR: Livrarias Família Cristã, 2021.
KEVAN, Ernest. The Grace of the Law: A Study of Puritan Theology. Grand Rapids:
Baker Book House, 1976.
PORTELA, Solano. A Pena Capital e a Lei de Deus. São Paulo: Os Puritanos, 2000.
SHEDD, Russell. Lei, graça e santificação. São Paulo: Vida Nova, 2008.
SPROUL, R. C. Como Posso Desenvolver uma Consciência Cristã? São José dos
Campos, SP: Fiel, 2014.