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Dag Heward-Mills

Anagkazo,
o Poder Irresistível!

Parchment House
Anagkazo, o Poder Irresistível!
Dag Heward-Mills

As citações bíblicas são, salvo indicação em contrário,


da Bíblia Almeida Revista e Atualizada, 2.ª edição,
Sociedade Bíblica do Brasil.

Título original: Anagkazo, Compelling Power


© 1998 Dag Heward-Mills

Publicado originalmente por Parchment House 1998


P.O. Box DC 1034 Dansoman, Acra, Gana

Tradução: Ebreia de Castro Alves

ISBN-13: 978-9988-8514-5-3
1.ª edição em português Parchment House 2011
Copyright © 2011 Dag Heward-Mills

Revisão: João Guimarães


Revisão de Provas: Edna Batista Guimarães
Diagramação: Claudia Fatel Lino
Impressão: Imprensa da Fé

Todos os direitos reservados pela lei internacional


de direitos autorais. Consentimento prévio deverá
ser concedido pelo editor para uso ou reprodução de
qualquer parte deste livro, exceto citações breves em
resenhas, críticas ou artigos.
Sumário

1. Que é Anagkazo?..................................................... 5
2. Praticando Anagkazo............................................. 12
3. Praticando o Anaideia e o Biazo............................. 33
Capítulo 1
Que é Anagkazo?

... Vai aos caminhos e atalhos e obriga (anagkazo) todos a


entrar, para que minha casa fique cheia.
Lucas 14.23

C resci num lar cristão, que me fazia frequentar a igreja to-


dos os domingos. Eu devo ser sincero, eu achava a igreja
muito aborrecida. Eu odiava os longos e tediosos hinos, e não
conseguia compreender os sermões: os pastores pareciam irreais,
e desligados da vida cotidiana.
Lembro-me de assistir a muitos cultos enfadonhos e sem
vida. Minha principal preocupação era calcular o término do
culto. Eu contava o número de hinos no quadro de avisos e
estimava a hora de terminar o culto.

Eles bebiam US$1,000


de cerveja em uma noite
Veja você, os padres e a maioria da congregação não nasce-
ram de novo. Eram o que se poderia chamar de cristãos tradi-
cionais. Haviam herdado a religião de uma família. Certo dia,
o padre incrédulo informou, do púlpito, o valor em dólares
da quantidade de cerveja que havia sido consumida numa fes-
ta na noite anterior por toda a congregação. O total fora de
Anagkazo, o poder irresistível

quase US$1,000! O padre prosseguiu dizendo que um dos par-


ticipantes lhe devia uma caixa de cerveja. Certamente, muitas
dessas pessoas eram adeptas de uma religião inerte. Entendo
bem por que muitos jovens já não vão à igreja. É simplesmen-
te um ritual sem importância, sem incentivo, e entendiante.
Se o pastor não nasceu de novo, não se pode esperar que muitos
membros da igreja tenham nascido.
Quando comecei a frequentar a escola secundária, aos doze
anos de idade, eu era um não crente. Foi então que tive o meu
primeiro contato com os “verdadeiros” cristãos que haviam nas­
cido de novo. Eram todos membros da Scripture Union (SU).
Embora parecessem crentes verdadeiros, nada a respeito de-
les me atraiu. Recordo uma noite em particular em que o líder
da Scripture Union anunciou no alojamento que haveria uma
reunião da SU.
Pensei então: Quem é que vai assistir a uma reunião tão en-
fadonha? Esses cristãos não eram atraentes, seus convites para
que nós, os não salvos, nos uníssemos a eles eram sem graça
e desanimados. Como resultado, nunca me ocorreu participar
desse grupo tão desinteressante.
Ainda não consigo lembrar como acabei me unindo à SU.
Acredito que o Espírito de Deus tenha trabalhado em mim e
tenha me atraído para lá sem que eu nem mesmo soubesse disto!
Muitos cristãos são autênticos e têm uma mensagem verda-
deira para transmitir. Mas para que uma mensagem tenha qual-
quer impacto, ela deve ser convincente. Ela deve levar o ouvinte
a mudar! A mensagem do Senhor Jesus Cristo deve persuadir
os não salvos para fazer uma decisão por Cristo. Por isso estou
escrevendo este livro sobre o que chamo Anagkazo.

–6–
Que é Anagkazo?

Anagkazo significa simplesmente “compelir, obrigar”.


Também quer dizer necessitar, dirigir e constranger por meios
como força, ameaças, persuasão e pedidos.
Às vezes, precisamos remeter-nos aos gregos para compre-
ender os significados originais de algumas palavras bíblicas. Veja
você, o Novo Testamento foi traduzido da língua grega, e o
Antigo Testamento, do hebraico. Anagkazo é o vocábulo grego
que é traduzido como “obrigar”.
Embora este seja um livro sobre anagkazo, também desejo
referir-me a outra palavra estritamente relacionada ao grego:
Biazo. Isso porque a revelação de anagkazo está grandemente
ligada à revelação da palavra biazo.

Que é Biazo?
Biazo é uma palavra grega encontrada em Mateus 11 e
que significa “usar a força” ou “forçar alguém a fazer algo”. Essa
ca­racterística me parece ausente dos círculos cristãos. Somos efi-
cazes em relação a tudo o mais, exceto na obra de Deus. Somos
eficazes no tocante a nossos empregos, nossas namoradas, nos­
sos casamentos e nosso futuro, mas quando se trata da obra de
Deus, nós nos tornamos semelhantes a tímidos camundongos!
Quando assisto aos comerciais na televisão, percebo haver
grupos de pessoas muito confiantes sobre o que elas têm a ofe­
recer. Elas são tão confiantes de si que ousadamente entoam
canções atraentes de quão bons os seus produtos são.
Aqueles que fazem propaganda de álcool figuram entre os
melhores do negócio. Todos nós sabemos que cerveja e bebidas
alcoólicas são alguns dos elementos que mais matam os jovens.

–7–
Anagkazo, o poder irresistível

O álcool já destruiu mais lares, acabou com mais casamentos,


causou mais acidentes de carro, começou mais guerras e lutas
do que quaisquer coisas no mundo. Ainda assim, eles força­
damente os divulgam.

O álcool é o poder?
A cerveja é a causa de muitos acidentes, levando à morte
incontáveis pessoas. Não obstante, vemos pessoas sorridentes
na televisão, que nos dizem que cerveja é o “poder” de que pre-
cisamos. Esses comerciais nos estão sendo empurrados gargan-
ta abaixo! Estamos sendo forçados a acreditar em coisas que não
são verdade. Cerveja é o diabo sob forma líquida! Entretanto,
estamos sendo convencidos a acreditar de outra maneira. Esse
produto nocivo nos é apresentado como uma coisa boa.
Quando penso no poder das pessoas que querem ganhar
dinheiro a qualquer custo, percebo que os cristãos têm uma
razão melhor para ser poderosos. Por que, então, os cristãos se
comportam como se fossem patos coxos, cachorros sem dentes
e indefesos pardais?
Acredito que esse ensinamento do importante tema, biazo,
possa mudar isso. Biazo significa forçar de uma maneira para
alguma coisa. Se o cristianismo precisa se expandir, vamos ter
de ser muito mais enérgicos do que somos.

Os muçulmanos são mais enérgicos


do que os cristãos?
É impressionante ver muçulmanos fanáticos que estão
preparados para morrer por sua crença. Pergunto-me quantos
cristãos têm metade da energia que os muçulmanos parecem

–8–
Que é Anagkazo?

ter. Devemos nos surpreender se as estatísticas indicarem que


o islamismo está se espalhando mais rapidamente do que o
cristianismo?
Seja ganhando dinheiro, divulgando uma falsa religião ou
vendendo produtos letais, o mundo inteiro se tornou muito
enérgico. É por isso que estou ensinando os cristãos a ser bibli-
camente enérgicos.
Outra palavra grega que desejo que aprendamos é Anai-
deia.

Que é Anaideia?
Anaideia é uma palavra grega empregada apenas uma
vez na Bíblia: significa “não sentir vergonha” (sem constran­
gimento). Ela também significa importuno. No capítulo 11
do Evangelho de Lucas, tomamos conhecimento de um ho­
mem que demonstrava não sentir vergonha [anaideia] no seu
re­lacionamento com Deus.

Eu vos digo que, se não se levantar para dar-lhe por ser seu
amigo, todavia, o fará por causa da importunação, e lhe dará
tudo de que precisar.
Lucas 11.8

Em 1982, eu fui admitido na Universidade de Gana, a pri-


meira universidade em meu país, Gana. Cautelosamente en-
trei naquela nova situação, admirando-me o que encontraria
à frente. Uma das primeiras coisas que me abalaram foi a falta
de vergonha dos não crentes e o que eles faziam de suas vidas.

–9–
Anagkazo, o poder irresistível

Os estudantes que se beijavam


Recordo uma das primeiras vezes em que caminhei no
Volta Hall, o conjunto residencial feminino da Universidade
de Gana. Quando chegamos à escada que levava ao primeiro e
segundo andares, um rapaz e uma moça estavam se abraçando
e beijando demoradamente. Sei que, em algumas culturas, isso
talvez não pareça estranho, contudo, na nossa cultura é inco-
mum e inadequado. O casal continuou a se abraçar e beijar
ardorosamente quando passamos. Os dois não deram a mínima
importância sobre quem os estava observando. Simplesmente
ignoraram o que se passava ao seu redor. Não sentiram a menor
vergonha! Talvez acreditassem estar apaixonados.
Quando chegamos ao andar de cima, eu disse aos meus
amigos: “Parece que as pessoas aqui não se envergonham do que
fazem”. Depois perguntei: “Por que temos vergonha daquilo em
que acreditamos? Por que temos vergonha do evangelho? Por
que somos semelhantes a tímidos camundongos, que não têm
nada a oferecer?”
O Espírito do Senhor ergueu-se dentro de mim e eu disse:
“Se eles não se envergonham das suas vidas imorais, eu tam­
pouco vou sentir vergonha do evangelho”.

Não me envergonho do evangelho de Cristo...


Romanos 1.16

É incrível ver homossexuais falar abertamente de seus esti­


los anormais de vida. Eles vão à televisão e falam confiantemente
sobre a perversão das relações sexuais anais. Essas pessoas de-
monstram energia e lutam por seus direitos. Como se explica o

– 10 –
Que é Anagkazo?

fato de os cristãos serem tão calados quando se trata de trans­


mitir a Palavra de Deus?
Muitos cristãos ficam tranquilamente nas suas salas no es-
critório e permitem que seus colegas incrédulos falem sem cons-
trangimento de suas más ações. Os pecadores ao nosso redor
dominam os debates com palavras indignas. Por isso acredito
que muitos cristãos precisam daquilo que a Bíblia chama de
anaideia. Anaideia significa simplesmente não sentir vergonha.
O apóstolo Paulo praticava a anaideia. Lembrem-se de que
foi Paulo quem disse: “Não temos vergonha do evangelho”.
Nos capítulos seguintes, vou partilhar com vocês os sig-
nificados minuciosos destas três palavras gregas: Anagkazo,
Anaideia e Biazo. Vocês aprenderão como colocar essas três
revelações no seu uso cotidiano.

– 11 –
Capítulo 2
Praticando Anagkazo

N o Livro de Lucas, capítulo 14, lemos uma história conhe-


cida, na qual Jesus contou de uma pessoa importante que
ofereceu uma festa aos amigos. Quero que vocês leiam todo esse
trecho das Escrituras para que se familiarizem com a história.

Um homem deu um grande banquete e convidou a muitos.


Na hora do banquete, enviou seu servo para avisar aos con-
vidados: “Vinde, porque tudo já está pronto”.
Mas todos, um por um, começaram a escusar-se. O pri-
meiro disse: “Comprei um campo e preciso ir vê-lo; rogo-
-te que me desculpes”.
Outro disse: “Comprei cinco juntas de bois e vou experi-
mentá-las; rogo-te que me desculpes”.
E outro disse: “Casei-me e, por isso, não posso ir”.
O servo voltou e contou tudo a seu senhor. Então, o dono
da casa, indignado, disse a seu servo: “Vai depressa às ruas e
becos da cidade e traze para aqui os pobres, os aleijados, os
cegos e os mancos”.
Depois, o servo lhe disse: “Senhor, está feito como ordenas-
te e ainda há lugar”.
O senhor lhe respondeu: “Vai aos caminhos e atalhos e obri-
ga todos a entrar, para que minha casa fique cheia. Eu vos
Praticando Anagkazo

digo que nenhum daqueles homens que foram convidados


provará meu banquete”.
Lucas 14.16-24

Esse homem passou pela desafortunada experiência de gas­


tar muito dinheiro com uma grande festa, para a qual convidou
pessoas importantes, apenas para descobrir que a maioria delas
não se interessou. O homem surpreendeu-se muito com a re-cu-
sa ao seu convite. Ficou irado ao escutar as desculpas daqueles
a quem havia convidado. Raivoso, decidiu convidar qualquer
pessoa que pudesse encontrar na rua. Imagine ter na sua festa
gente que você nem sequer conhece!
Lamentavelmente, àquela hora da noite, não havia muitas
pessoas por perto. Mesmo ele tendo convidado quem estava
na rua, pouca gente compareceu à sua festa. O homem então
resolveu convidar os enfermos, os cegos e os deficientes físicos.
Imagine isso! Que seleção incomum de participantes de uma
festa! A festa estava cheia dos menos privilegiados e dos excluí-
dos da sociedade.
Creio ser essa história simbólica do fato de o Senhor Jesus
nos incumbir de arrebanhar pessoas para segui-Lo. Também
é simbólica de os pastores encarregando seus seguidores de
evangelizar o mundo. Verifiquei que todas as vezes em que me
envolvo com a missão de evangelizar o mundo (ao convidar
muita gente para um lauto banquete), encontro-me com as
mesmas objeções que esse homem se deparou. Entretanto, sou
da opinião de que esse homem foi um sucesso. Apesar de tudo,
ele ofereceu sua festa e sua casa ficou cheia de convidados.
Pode não ter sido do jeito que ele planejou inicialmente, mas,
de qualquer maneira, a festa se realizou.

– 13 –
Anagkazo, o poder irresistível

Veja você, Deus está enviando evangelistas para convidar


o mundo inteiro a conhecer Cristo. Lamentavelmente, muitos
dos que são convidados não respondem. Os judeus foram os
primeiros convidados a conhecer o Senhor, mas rejeitaram a
Cristo no momento em que O visitaram. Como resultado, o
evangelho foi transmitido aos gentios.
Muitas pessoas que fazem parte da elite, e moram em gran­
des centros urbanos, ouvem com frequência o evangelho na te-
levisão e nas igrejas. Entretanto, elas não aceitam aqueles que
pregam, e chegam mesmo a criticá-los. De novo, o evangelho
é transmitido aos pobres e aos que não fazem parte da elite nos
vilarejos. Eles de bom grado acolhem a Palavra porque eles não
têm outra esperança a não ser Deus.

Anagkazo é uma revelação importante?


1. Anagkazo é importante porque certo tipo de evangelismo
não funciona hoje em dia.

As pessoas não vão se convencer nem se sentir obrigadas a


conhecer Deus por meio de nossas “brincadeirinhas” de igreja.
Nossos programas e quermesses triviais de igreja não levam a
nada no mundo de hoje. Nós precisamos incentivar as pessoas
e conduzi-las para Deus.

2. Anagkazo é importante porque muitas pessoas que preci-


sam do evangelho não estão em locais onde tenham acesso
a convites feitos pela classe média.

Se as pessoas são tocadas com o evangelho, deve-se empre­


gar uma nova estratégia: a de ir aos locais mais sujos, ermos e
pobres. Ficar sentado na igreja e convidar as pessoas a partici­

– 14 –
Praticando Anagkazo

par há muito deixou de ser uma estratégia que funciona para a


evangelização.

3. Caro pastor: sem anagkazo, sua igreja vai ficar vazia.

Por favor, lembre-se de que, se o homem que deu a festa


não houvesse empregado a estratégia do anagkazo, sua casa teria
ficado vazia. Não se esqueça de que “um pastor sem anagkazo
terá uma igreja vazia”.

4. Sem anagkazo, muitas igrejas vão morrer de morte natural.

Você deve dar-se conta de que a filiação a uma igreja é algo


muito variável. Muitas pessoas vêm, e muitas pessoas saem.
Quando você tem mais gente saindo do que entrando, sua igre-
ja começa a morrer. Se você não quer que sua igreja feche, você
deve seguir a recomendação de Jesus: praticar anagkazo.

5. A vida está se tornando mais caótica à medida que nos


aproximamos do século 21.

As pessoas que trabalham são muito ocupadas, e vão ter


cada vez mais desculpas. A estratégia de anakgazo ajudará você
a superar essas desculpas.
Deixe-me conduzir você pelo que chamo das fases práticas
de anagkazo. Essas etapas se originam da história que lemos
em Lucas 14.

Passo N.º 1
Um homem anagkazo prepara um grande banquete.

Qualquer pessoa que deseja ser usada por Deus deve pre-
parar-se para o ministério. Atualmente, Deus está me usando

– 15 –
Anagkazo, o poder irresistível

no ministério. Isso não aconteceu sem milhares de horas de


preparação. Percebo que os sermões que preguei para dez
pessoas há alguns anos são os mesmos que prego hoje em dia.
Pregar para um pequeno grupo de dez pessoas era parte da
preparação de que Deus me incumbiu. Portanto, se você quer
que Deus o use poderosamente, deve começar a se preparar
agora! Pegue toda oportunidade que você tiver para fazer
alguma coisa útil na igreja.

Eu toquei bateria

Lembro-me de que, há anos, tocava bateria e piano na mi-


nha igreja. Embora na época eu não soubesse, isso era parte
da minha preparação para o ministério. Hoje, conheço música
e equipamentos musicais muito bem. Sou capaz de discutir,
com inteligência, muitos detalhes relacionados a música, cultos
e equipamentos caros. Minha experiência com o departamento
de música tem sido uma vantagem para mim.

Passo N.º 2
Uma pessoa que pratica anagkazo não guarda para si
mesma, mas influencia e atinge muitas pessoas.

Você deve observar que aquele homem citado de Lucas 14


ofereceu um esplêndido banquete para o qual convidou muitas
pessoas. Uma das razões básicas pelas quais o evangelismo não
acontece é porque os cristãos o guardam para si mesmos. Você
não pode agir assim quando você quer ser uma testemunha efe-
tiva do Senhor Jesus Cristo.
Quando você está sentado num ônibus, pode decidir ser
cordial com os passageiros próximos. Comece falando com as
pessoas ao seu lado. Sempre eu tento partilhar o evangelho com

– 16 –
Praticando Anagkazo

as pessoas ao meu redor. Sempre acreditei ter boas-novas a res-


peito de Jesus. Ele me salvou e libertou.
No meu segundo ano na faculdade de medicina, nós mo-
rávamos no lindo campus Legon da Universidade de Gana.
Éramos transportados diariamente até o outro lado da cidade,
onde se localizava um hospital-escola. Isso representava um
percurso de uma hora de ônibus, de uma extremidade da ci-
dade à outra.

Eles faziam balões de soprar de preservativos

Lembro-me de certo dia, sentado no ônibus, observar al-


guns colegas sêniores pegarem preservativos, soprá-los até vi-
rarem balões, e soltá-los no ônibus. Enquanto esses estudantes
aclamavam e riam de suas brincadeiras obscenas, percebi quão
confiantes eles se mostravam no que estavam fazendo.
Nós, os cristãos, permanecíamos sentados timidamente,
parecendo aleijados, não interessados e aborrecidos.
Enquanto eu estava sentado lá, não pude me conter. Con­
segui a atenção de todos no ônibus quando me levantei e co­
mecei a pregar. Embora a pregação da Palavra de Deus em ôni­
bus depois tenha se tornado comum, naquela época era rara.
Alguns estudantes se irritaram, e outros ficaram aborrecidos.
Alguns deles olhavam para fora da janela, mas continuei a pre-
gar! Decidi não mais me resguardar. Decidi ser semelhante ao
homem de Lucas 14.

Bati palmas no ônibus em Londres

Uma pessoa anagkazo não guarda seus conhecimentos


para si mesma. Morei em Londres durante um período em

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Anagkazo, o poder irresistível

1983. Eu estava acostumado a pregar em qualquer lugar e


em todos os lugares. Mas na Inglaterra percebi não ser fácil
relacionar-me. Todos eram hostis e não interessados no am-
biente em que eles viviam.
Certo dia, sentado no nível de cima de um ônibus de dois
andares, o espírito do anagkazo levantou em mim e eu disse a
mim mesmo: “Não posso mais guardar o que sei só para mim”.
Levantei-me e, para a surpresa de todos no ônibus, comecei
a bater palmas para conseguir a atenção deles. Vou lhes contar
uma coisa: minha aparência talvez fosse confiante, mas, inter­
namente, eu estava apavorado. Nos assentos, havia todos os ti­
pos de pessoas olhando feio, mas mantive o controle e proferi
um sermão cheio de evangelho.
Todos no ônibus ficaram em silêncio por alguns minutos,
enquanto eles escutavam este rapaz louco pregar. Voltei a sentar
quando concluí minha pregação, e desci na parada seguinte.
Um senhor, que saltou comigo, me disse: “Admiro sua coragem,
mas acho que suas palavras não foram muito longe”.
Se minhas palavras foram longe ou não, não importa. O que
importa é que preguei a Palavra. E a Palavra sempre realiza alguma
coisa quando ela é pregada.

... Assim será minha palavra, que sai da minha boca... ela
cumprirá para o que eu a enviei.
Isaías 55.11

Veja você, qualquer forma de ganhar almas nos dias de hoje


precisa ser de acordo com o anagkazo. Suavidade e docilidade
não levam você muito longe.

– 18 –
Praticando Anagkazo

Passo N.º 3
Qualquer praticante de anagkazo não está
preparado para abandonar seu ofício.
Todo pastor, ao passar pelos processos normais de cresci-
mento na igreja, experimentará altos e baixos. Entretanto, um
pastor que tenha o espírito de anagkazo jamais abandonará sua
função na igreja. Ele vai insistir, não importa o número de pes-
soas que compareçam ao culto.
Um dos meus pastores me disse certa vez que apenas uma
pessoa compareceu à igreja num culto de domingo. Ele disse que
nunca se sentiu tão deprimido. Mesmo assim, conseguiu pregar
para aquela única alma, e fazer o seu melhor para o Senhor.

O anagkazo da comunidade
Lembro-me de uma ocasião em que pouquíssimas pessoas
compareceram a um dos nossos cultos. O Senhor me instruiu
a fazer o mesmo que fez o homem citado em Lucas 14: “Saia, e
convença a comunidade a ir à igreja”.
Perguntei:
– Como posso fazer isso em um domingo?
O Senhor respondeu:
– Faça isso, e será abençoado.
Continuei a argumentar com o Senhor:
– Que pensarão os nossos visitantes das manhãs de domin-
go? Vamos afastar as pessoas da igreja.
Entretanto, o Senhor insistiu:
– Saia, e estimule as pessoas a entrar.

– 19 –
Anagkazo, o poder irresistível

Eu obedeci ao Senhor

Anunciei à igreja que íamos interromper o culto, ir à comu-


nidade e convidá-la a participar.
Eu disse:
– Vamos fazer contato com a comunidade para trazer as
pessoas à igreja.
E afirmei:
– O convite não deve ser suave. Cada um de vocês deve se-
gurar pela mão todos que virem na rua. Tragam todos eles para
o prédio da igreja.
Algumas pessoas ficaram surpresas, mas fizemos isto!
Trouxemos centenas de membros da comunidade. Nesse dia,
várias pessoas deram suas vidas a Cristo. Fizemos isso em inú-
meras ocasiões e, certo período, aquele culto em particular
aumentou em participantes dramaticamente. Eu não estava
disposto a abandonar meu culto devido ao pequeno compa-
recimento. É isso que todo pastor com o espírito de anagkazo
está preparado para fazer.

Passo N.º 4
Uma pessoa anagkazo não está preparada
para ter uma reunião vazia.

Um pastor trabalhando com o espírito de anagkazo não


está preparado para ter um culto em igreja vazia. Há muitos
anos, quando eu era estudante de medicina, o Senhor me pediu
que começasse uma igreja. Eu não tinha nenhum membro em
minha igreja. Nem mesmo uma alma para pregar! Mas eu não
estava preparado para ter uma igreja vazia.

– 20 –
Praticando Anagkazo

Acordamos as enfermeiras

Eu ainda era estudante quando o Espírito Santo me direcio-


nou para o dormitório das estudantes de enfermagem. Lembro-
-me bem daquele primeiro dia. Era mais ou menos cinco horas
da manhã, e ainda estava escuro. Do lado de fora do dormitório,
bati palmas e acordei as moças. Elas devem ter se surpreendido,
mas isso não me incomodou. Preguei a elas a respeito de Jesus.
Quando terminei, fiz algo muito ousado. Eu disse a elas:
– Se vocês querem oferecer suas vidas a Cristo, troquem
as camisolas por roupas do dia-a-dia, e venham cá para baixo.
Queremos falar-lhes a respeito de Cristo.
Naquela manhã, várias jovens deram seus corações a Deus.
Até hoje, muitas delas continuam a ser membros da minha igreja.

Adoro pregar durante o amanhecer

Pregar durante o amanhecer para as pessoas ainda deitadas


nas suas camas tem sido um dos meus métodos favoritos de
implementar os princípios do anagkazo. Certa manhã, preguei
no dormitório de enfermeiras da saúde pública. Uma senhora
me entregou um bilhete em que dizia ser uma apóstata, e neces-
sitar de ajuda. Ela queria que conversássemos com ela. Naquela
manhã, nós ministramos para ela e Deus a libertou. Já faz dez
anos que ela é um membro fiel de nossa igreja.
Embora eu tenha começado em uma sala de aula vazia, em
pouco tempo ela se encheu de enfermeiras que haviam ofereci-
do suas vidas a Cristo, durante minhas pregações anagkazo ao
amanhecer. Caro leitor, quero que entenda uma coisa, eu não
herdei uma igreja de ninguém. Frequentemente tenho ido a
lugares onde não conheço ninguém, e ninguém me conhece. Eu

– 21 –
Anagkazo, o poder irresistível

tenho de ir e buscar almas, incentivando e persuadindo pessoas


em relação ao Senhor, até a sala estar cheia.

Passo N.º 5
Ele não é vencido pelas desculpas
das pessoas.

Muitas pessoas estão cheias de desculpas. O homem ana-


gkazo na Bíblia (Lucas 14) recebeu três incríveis desculpas pelo
não comparecimento à sua festa. Entretanto, ele não foi influen-
ciado por nenhuma delas.
A primeira desculpa foi em relação a testar uma junta
de bois naquela noite. Ora, todos sabem que ninguém testa
bois àquela hora da noite. A segunda justificativa teve a ver
com alguém que acabara de se casar, mas todos nós sabemos
que um jantar teria sido um agradável passeio para um casal
recém-casado. A terceira desculpa foi sobre o fato de a pessoa
precisar examinar umas terras naquela mesma noite. Permi-
ta-me fazer-lhe uma pergunta: você não avaliaria um lote
de terra antes de comprá-lo? Como você poderia examinar
as terras à noite? Você teria sequer condições de enxergá-las
nitidamente? Não obstante, alguém utilizou essa desculpa
para não comparecer à festa.
Qualquer bom pastor, que queira mesmo alcançar pessoas,
não pode ser vencido pelas desculpas das pessoas. Ele precisa
aprender a vencer as desculpas das pessoas.
Mesmo enquanto você ministra a Palavra de Deus, as pes-
soas criam desculpas em suas cabeças. Elas desenvolvem razões
pelas quais não obedecerão à Palavra. Todo bom pastor precisa
aprender a pregar contra as desculpas e ideias das pessoas. Jesus

– 22 –
Praticando Anagkazo

falou diretamente contra os argumentos e desculpas das pessoas.


E elas sabiam disso!

Pois perceberam que era contra eles que contara essa pa-
rábola.
Lucas 20.19

Passo N.º 6
Ele sabe que muitas desculpas são vazias.

Como eu já disse, muitas justificativas não podem ser


comprovadas. Um bom pastor precisa aprender a ver através
do vazio das justificativas. Eu falei a um amigo, convidando-o
a ir à igreja.

O executivo bem-sucedido

Ele, por sua vez, alegou que a hora não era conveniente, e
que ele tinha longa distância a percorrer.
Eu lhe respondi:
– Você é um executivo bem-sucedido. Tudo o que você quer
fazer, você faz. Você viaja. Você levanta cedo durante a sema-
na. Você tem até mesmo tempo para visitar sua namorada, que
mora a centenas de quilômetros de distância. Como é que você
não tem tempo para Deus?
Eu continuei dizendo:
– Se você quer mesmo fazer alguma coisa, você pode fazê-la.
Há pessoas que não pagam seus dízimos porque afirmam
não ter dinheiro. Observe quanto dinheiro elas gastam com
outras coisas. Você perceberá que o problema não é a falta de
dinheiro, mas o espírito de avareza.

– 23 –
Anagkazo, o poder irresistível

Passo N.º 7
Ele sabe que muitas desculpas são mentirosas.

Há muitos maridos que culpam a imperfeição de seu re­


lacionamento espiritual às esposas, e vice-versa. Recordo certa
vez em que um pastor promoveu um levantamento de fundos
numa ramificação da nossa igreja.

A esposa mentirosa

Durante o levantamento, o pastor perguntou se alguém esta­


ria disposto a dar algum dinheiro para a compra de instrumentos
musicais para a igreja. Certo marido, que era estrangeiro, estava
preparado para fazer uma doação, mas quando ia levantar a mão,
sua esposa puxou a mão dele para baixo, e achou que o pastor não
havia notado. Depois do culto, a senhora abordou o pastor e disse:
– Você sabe, o motivo por que não damos qualquer dinhei­
ro? É porque meu marido estrangeiro é muito mesquinho.

Ela impediu o marido de fazer a doação

– Vou ver o que posso fazer – acrescentou. Mas tratava-se


de uma mentira deslavada: na verdade, seu marido queria fazer
a doação, mas foi ela mesma quem o impediu.

Passo N.º 8
Ele cria uma solução e não dá nenhuma desculpa.

Qualquer pessoa imbuída de anagkazo (uma força que im-


pele) consegue conquistar muita coisa para Deus.
Uma das maneiras pelas quais avalio os líderes é observar
como eles lidam com as justificativas das pessoas. Eu nem pre-

– 24 –
Praticando Anagkazo

ciso perguntar aos pastores quais são os seus problemas. Eu sei


bem quais são: o de algumas pessoas comparecerem uma se-
mana e faltarem na semana seguinte; o de pessoas que chegam
atrasadas ao templo, e o problema de cristãos não praticantes!
Eles também têm o problema dos novos convertidos que não
permanecem na crença, o problema de não terem tempo sufi-
ciente para orar, e o problema de não serem capazes de alcançar
os descrentes.
Se você é um pastor, apascentador ou líder de célula, já
deve ter vivenciado alguns desses problemas. Contudo, prezado
amigo, a Bíblia nos ensina que nada há de novo debaixo do sol.
O problema que você tem, eu também tenho. O que diferencia
o bem-sucedido do fracassado é a capacidade de superar des-
culpas. Lembre-se de que o homem citado em Lucas 14 não se
convenceu com nenhuma das justificativas e razões alegadas. Ele
conseguiu sobrepujar todas as circunstâncias apresentadas pelos
convidados de má vontade.
Acredito nisto: se você quer realmente fazer uma coisa, você
faz o caminho; se você não quer fazer uma coisa, você apresenta
uma desculpa.

Eles foram à festa

Lembro de quando muita gente jovem não estava disposta a


ir à igreja. As desculpas, de todos os tipos, eram dadas principal­
mente pelos rapazes. A força do anagkazo surgiu em mim e eu disse:
“Já que eles não querem ir à igreja, vamos oferecer-lhes festas”.
Organizamos uma festa para o pessoal jovem em uma área
da cidade. Preparamos convites e os distribuímos entre os jovens

– 25 –
Anagkazo, o poder irresistível

da comunidade. Eles ficaram muito contentes e disseram a si


mesmos: “Essa é mais uma oportunidade de participar”.
Recordo especialmente dessa noite, em que tocamos can-
ções cristãs muito alegres, e dançamos com os descrentes. Um
deles comentou comigo, depois de haver ficado surpreso por
não haver cerveja na festa. Depois de certo tempo, passamos
a tocar música mais lenta e anunciamos ter algo a comunicar.
A essa altura, muitos dos ímpios empedernidos estavam
sentados. Para a surpresa deles, levantei-me e preguei o evange­
lho para eles. Apesar da surpresa, ofereceram suas vidas a Cris­to.
Naquela noite, vários deles nasceram de novo.
Tenho pastores na igreja que foram salvos durante algumas
dessas festas evangélicas surpresa. Veja, a Bíblia diz para utilizar
várias possibilidades de “salvar algumas almas”.
Anagkazo significa convencer e impelir as pessoas até
Deus. Uma pessoa anagkazo não esmorece se as circunstân-
cias são desfavoráveis. Nós não esmorecemos pelo fato de que
aqueles rapazes não queriam frequentar a igreja: fomos mais
sagazes do que eles. Aprenda a criar uma solução onde não haja
saída. Descubra uma forma de superar qualquer justificativa
alegada pelas pessoas.

Passo N.º 9
Ele sai dos seus círculos normais de vida.

Todo mundo tem um círculo de amizades. O habitual é


permanecer no seu círculo de amigos e conhecidos. Entretan-
to, quem quiser ser instrumento de Deus deve afastar-se do
seu grupo costumeiro. Você deve lembrar-se de que o homem
anagkazo da história foi obrigado a sair do seu grupo habitual

– 26 –
Praticando Anagkazo

de relacionamentos. Devemos enfrentar essa realidade, se qui-


sermos agradar a Deus!

Eu tinha meu círculo de amizades

Quando eu estava crescendo em Acra, tinha um grupo


de amigos, uma espécie de companheiros de elite, composta
de estrangeiros e membros da classe média. Quando criança,
viajava de primeira classe em voos intercontinentais e intera-
gia principalmente com a assim chamada nata da sociedade.
Hospedava-me em cidades internacionais com meu pai. Meus
passatempos eram natação e hipismo. Certamente você ima-
gina que em Gana, meu país de origem, pouquíssimas pessoas
se dediquem a esses passatempos.
Entretanto, havia raros cristãos nesses ambientes. Quan-
do nasci de novo, eu me vi saindo desse círculo e entrando
em um grupo muito distinto daquele, onde as pessoas eram
melhores companhias.
O fato é que, a fim de agradar a Deus, eu já não podia passar
muito tempo nos meios elitistas, onde simplesmente não havia
crentes. Se você quer agradar a Deus, precisa sair do seu círculo
de relacionamentos e conhecer outros grupos de pessoas.
Sei que o milionário da história citada normalmente não
confraternizaria com pessoas de precária situação financeira
e social. Sei que o milionário da história normalmente não
conviveria com aleijados, cegos e deficientes. Entretanto, a fim
de alcançar seu objetivo, ele precisou interagir com pessoas de
outros meios sociais.
Recordo-me de 1984, quando eu era líder de um ótimo
grupo de companheiros na universidade.

– 27 –
Anagkazo, o poder irresistível

Um grupo pequeno e ótimo

Nós nos estimávamos muito e éramos bons companheiros


(na verdade, conheci minha esposa nesse grupo). Muitas pes-
soas que conheci nessa ocasião permanecem grandes amigos
meus até hoje. Contudo, o Espírito de Deus convenceu-me
a deixar nosso pequeno grupo e a procurar pessoas que não
conhecíamos.
Lembro-me que alguns não eram a favor de aumentar nosso
pequeno grupo e disseram: “Se você trouxer mais gente, vamos
perder alguma coisa. Há algo especial em ser uma pequena co-
munidade, é agradável que ela seja pequena; é como uma pe-
quena e atraente família”.
Mesmo assim, conduzi o grupo de um descrente para ou-
tro, impelindo e instando as pessoas a se aproximar de Deus.
Eu nunca me cansava de pregar. Se as pessoas não se cansam de
pecar, por que eu deveria me cansar de divulgar o evangelho?
No segundo ano da faculdade de medicina (o qual, a pro-
pósito, é o mais difícil de todos), levei esse grupo a pregações
ao amanhecer nas manhãs de sábado. Todos nos conheciam.
Estavam habituados a nossas vozes, que soavam alto e bom
som em todas as manhãs de sábado. “Graças a Deus por nossa
pequena e ótima comunidade” – eu disse – “mas temos de ir
à procura de almas para conquistar”. Precisamos deixar nosso
pequeno círculo.

As pessoas não se impressionam mais

Tenho uma importante revelação a fazer, que quero que


você pegue. Após algum tempo, as pessoas se acostumam a você.
Depois de certo tempo, os incrédulos já não se impressionam

– 28 –
Praticando Anagkazo

com nossos sermões; se você não lhes oferecer uma nova abor-
dagem, um novo método anagkazo, sua mensagem será ineficaz.
À medida que continuamos a pregar ao amanhecer, percebi
que as pessoas simplesmente se viravam na cama e nos ignora-
vam. Eu disse a mim mesmo: “Nossas mensagens já não estão
conduzindo as pessoas ao Senhor”. Contudo, o Espírito do Se-
nhor me deu uma ideia brilhante.

Bata à porta das pessoas!

Como as pessoas já estavam acostumadas às nossas vozes,


precisávamos fazer algo novo. Resolvi que um grupo deveria
ficar do lado de fora das portas dos quartos delas.
Eu disse ao pregador daquela manhã: “Quando você fizer o
convite para o altar, começaremos a bater nas portas”.
E acrescentei: “Diga às pessoas que estão escutando você
que elas vão ouvir uma batida na porta. Se quiserem aceitar
Cristo, devem abrir a porta, nós vamos entrar e as conduziremos
ao Senhor”.
O pregador seguiu as minhas instruções. De repente, aque-
les que estavam nos ignorando tiveram de prestar atenção: es-
távamos batendo nas suas portas às cinco da manhã! Acredite
no que digo: muitas dessas pessoas nasceram gloriosamente de
novo durante aqueles sermões matinais.
Lembro-me claramente de um irmão em particular.

Ele ria de nós

Ele ria dos cristãos quando eles falavam em línguas; ele


zombava do dom deles de falar em línguas. Esse jovem bebia

– 29 –
Anagkazo, o poder irresistível

muito e ficava caído à beira de um dos muitos lagos do lindo


campus da Universidade de Gana. Nessa manhã específica,
enquanto meu amigo evangelista pregava e dizia: “Talvez você
esteja ouvindo baterem à sua porta. Se você quiser nascer de
novo, abra a porta e alguém entrará e o conduzirá ao Senhor”,
por acaso eu bati na porta desse rapaz.
Fiquei surpreso quando ele abriu a porta e nos convidou a
entrar. Ele disse: “Eu sabia que vocês viriam. Hoje é meu dia!”
Oramos com ele e, naquela manhã mesmo, ele ofereceu o cora-
ção ao Senhor. Até hoje, esse homem está servindo ao Senhor.
Dou glória a Deus por todas as pessoas que nasceram de novo
nas ocasiões em que, de maneira convincente, nós fomos até elas
para pregar a Palavra de Deus. O anagkazo funciona!

Passo N.º 10
O homem anagkazo não se contenta
enquanto houver lugar no templo.

Gosto muito de uma canção que diz o seguinte:


Há lugar na cruz para você.
Há lugar na cruz para você.
Embora milhões já tenham vindo,
Ainda há lugar para mais um.
Há lugar na cruz para você.

Um pastor não deve se contentar enquanto houver lugar


no templo.

– 30 –
Praticando Anagkazo

O homem da história que contamos mandou seus criados à


procura de mais gente simplesmente porque ainda havia lugar.

... E ainda há lugar.


Lucas 14.22

Acredito que toda igreja deva ter mais cadeiras do que fiéis.
A presença de bancos vazios deve motivar o pastor a procurar
fora até o templo estar cheio. A essência do evangelismo é ter a
igreja cheia.

... e obriga (anagkazo) todos a entrar, para que minha casa


fique cheia.
Lucas 14.23

Não se pretende que o evangelismo seja feito no vácuo:


ele deve relacionar-se ao crescimento da igreja. Todos os nos-
sos esforços para conduzir as pessoas ao Senhor devem pro-
duzir frutos. Devemos constatar que nossos esforços estão
lotando as igrejas.
Seja qual for o caso, o ministro deve providenciar para que
haja lugar na cruz para mais uma alma. Creio que, se concen-
trarmos nosso pensamento nisso, Deus nos usará como instru-
mento para encher a igreja.
Eu nunca estou satisfeito com a quantidade de fiéis da
minha igreja. Quando tínhamos dez pessoas, eu queria vinte.
Quando tínhamos cinquenta, eu sonhava com cem. Quando
Deus fez que cem pessoas comparecessem, eu pensei: Como
seria se eu tivesse quinhentos paroquianos? Quando a igreja era
frequentada por centenas de pessoas, pensei: Como seria se ti-
véssemos milhares?

– 31 –
Anagkazo, o poder irresistível

Acho que, depois de certo tempo, o pastor se cansa de pre-


gar para as mesmas poucas pessoas. Devemos motivar-nos a que
o comparecimento seja sempre maior. Estas palavras não param
de ecoar na minha cabeça: “Que minha casa fique cheia, que
minha casa fique cheia!” Caro amigo cristão: nunca se esqueça
de que ainda há lugar na cruz.

– 32 –
Capítulo 3
Praticando o
Anaideia e o Biazo

Biazo
Em verdade vos digo, entre os nascidos de mulher, não sur-
giu nenhum maior do que João Batista, mas o menor no
Reino dos céus é maior do que ele. Desde os dias de João
Batista até agora, o reino dos céus é tomado à força, e os
violentos [biazo] se apoderam dele.
Mateus 11.11,12

M uitos não-cristãos estão se lançando no amplo caminho


que leva ao inferno. Eles cantam, dançam, bebem vinho
e jantam. Não dão a mínima para o evangelho que pregamos!
Vários de nós, cristãos, vivemos em nossos pequenos e agradá-
veis mundos, e não tomamos conhecimento da realidade dos
pecadores que estão indo para o inferno.
Certa ocasião, trabalhei como subestagiário no necrotério
do maior hospital de Gana. Fiquei impressionado com um fato
que quero partilhar com você: em intervalos apenas de minutos,
um carro estacionava do lado de fora do necrotério. No carro
estava o cadáver de um homem estendido no banco de trás, ou
às vezes no porta-malas.
Anagkazo, o poder irresistível

Eu ficava na porta principal do necrotério quando as pes-


soas entravam com seus entes queridos que tinham morrido
em casa ou na rua. Essas pessoas se mostravam muito tristes
e abaladas. Isso era compreensível, pois há apenas algumas
horas haviam conversado com uma criatura viva, porém que
não mais voltaria, e elas estavam levando essa pessoa amada
para uma “geladeira”.
Observei que não havia uma hora determinada do dia em
que os mortos eram levados para aquele necrotério. Enquanto
eu permanecia em pé à porta, Deus me mostrou que pessoas
morriam na cidade o tempo todo. A morte não marca hora
para acontecer no início das manhãs nem no final das noites;
ela ocorre aleatoriamente.
Quem nunca ficou algum tempo à porta de um necrotério
desconhece a alta incidência de morte. As pessoas partem para
a eternidade com muita frequência. Da mesma forma que o
Senhor falou com seus profetas quando eles viram certas coisas,
o Senhor falou comigo quando eu estava àquela porta.
Ele perguntou:
_ Quantas dessas pessoas você acha que foram salvas? Dei
minha vida por elas, mas será que estão salvas?
Preste atenção ao que lhe digo, meu amigo cristão. Muitos
de nossos bazares, casamentos, agremiações e lindos corais na
igreja não bastam para conquistar grandes quantidades de cren-
tes em Cristo. Como eu já disse, as pessoas estão se lançando
no caminho da destruição; elas nem sequer se dão conta de que
estão indo para o inferno.

– 34 –
Praticando o Anaideia e o Biazo

Eles escutaram a música

Isso me lembra de uma guerra na qual os prisioneiros eram


levados para grandes acampamentos. Despiam-nos e os condu­
ziam para enormes câmaras de gás. Enquanto andavam em filas,
seus captores tocavam lindas canções para os prisioneiros. Eles
escutavam a música, que certamente lhes parecia tranquilizante
e revigorante. Pensavam: É claro que nada de mau vai acontecer
conosco. Mal sabiam eles que estavam na iminência de serem
abatidos pelas mesmas pessoas que tocavam as canções.
Isso é o mesmo que ocorre com os descrentes hoje em dia.
Eles ouvem a música do demônio. As melodias e as cantigas de
ninar do mundo atual os encantam. Por causa dessas coisas, eles
não percebem que estão caminhando para a própria destruição.

... como boi que vai ao matadouro...


Provérbios 7.22

Em Mateus 11.12, a Bíblia nos diz que o reino dos céus é


tomado à força.
Que significa isso?
O Novo Testamento do Século XX se expressa assim:
... homens usando a força vêm se apoderando dele...
A Tradução de William diz:
... os homens se apoderam dele como se fosse um prêmio
valoroso...
A tradução de Goodspeed diz:
...Os homens vêm se apoderando do Reino dos Céus com
ataques violentos...

– 35 –
Anagkazo, o poder irresistível

A tradução de Weymouth diz:


... o Reino de Deus tem sofrido ataques violentos...
Todas essas versões das Escrituras nos revelam uma coisa:
palavras suaves, canções bonitas, sermões pouco convincentes
e corais harmoniosos não ajudam muito neste mundo indife-
rente e desinteressado. As pessoas não querem saber. Elas estão
decepcionadas.

Os jogos da igreja não ajudam

As pessoas não se importam se Jesus vai voltar hoje ou ama-


nhã. “Deixem-me em paz” – elas dizem. “Vão para o inferno
com essa história de igreja.”
É por isso que precisamos daquilo que a Bíblia chama de
biazo. Biazo significa usar a força para obter alguma coisa. Mui-
tas pessoas ficam cegas pelo demônio. Devemos abrir-lhes os
olhos para as realidades do céu e do inferno.

... o deus deste mundo cegou o pensamento dos incré-


dulos...
2Coríntios 4.4

O apóstolo Paulo não apenas ministrava excelentes sermões:


ele participava ativamente na transformação do pensamento e
no esclarecimento dos incrédulos.
Sempre sei quando as pessoas estão ignorando a men-
sagem, mas não quero que ninguém ignore esta importante
mensagem: devo modificar o pensamento das pessoas e abrir-
-lhes os olhos. Certa manhã, meu grupo na universidade esta-
va num vestíbulo, pregando.

– 36 –
Praticando o Anaideia e o Biazo

Diga em voz alta o número dos quartos

Percebi que as estudantes (era um dormitório feminino)


estavam apenas mudando de posição na cama, algumas com
os namorados. Elas sabiam que nossa “chatice” terminaria em
pouco tempo. O Espírito de Deus me instruiu rapidamente a
usar o biazo naquela ocasião.
Ele sussurrou: “Não ministrem sermões que se apliquem a
todos; anunciem o número dos quartos e dirijam a pregação aos
quartos individuais”.
Eu obedeci.

Elas se surpreenderam

Designei quatro ou cinco quartos para cada um dos pre­


gadores matutinos. Foi uma experiência impressionante! As
pessoas ficaram estupefatas ao ouvir o número dos seus quar-
tos. Uma voz que saía da escuridão falava especificamente aos
ocupantes dos quartos indicados.
Todos sabiam que estavam sendo saudados pessoalmente
por Deus. É claro que muitas moças ficaram furiosas.
Algumas estavam dormindo com os namorados nos seus
quartos. Elas não puderam deixar de ouvir a mensagem pessoal
e direta que recebiam.
Lembro-me de que, em resposta a esse fato, uma das estu-
dantes saiu correndo do quarto, desceu a escada, levantou as
mãos e exclamou:
“Quero entregar minha vida a Cristo hoje! Quero nascer
de novo!” Algumas das moças ficaram indignadas, mas outras
se salvaram. Diz a Bíblia:

– 37 –
Anagkazo, o poder irresistível

... bem-aventurado é aquele que não se escandalizar por mi-


nha causa.
Mateus 11.6

Não pregue para você mesmo!

Quando realizamos cruzadas que abrangem toda uma ci-


dade, fico em pé na plataforma e instruo os membros de minha
igreja para se espalharem pela comunidade. Não esperamos
que as pessoas venham até nós, nós as procuramos e as traze-
mos de suas casas.
Certo dia, chegamos até a ir a uma zona de meretrício, e
levamos um grupo de prostitutas para participar da cruzada.
Fiquei muito satisfeito em ver essas mulheres vindo ao altar e
entregarem suas vidas ao Senhor. Veja você, se não tivéssemos
forçado essas mulheres a sair dos seus “lugares de trabalho” e
se juntarem à nossa cruzada, elas nunca teriam sido salvas. A
maioria das prostitutas não vai à igreja; elas costumam dedicar-
-se à sua rotina diária. Nós teríamos acabado pregando sermões
para nós mesmos.
Amigos cristãos, vamos levar a coisa a sério. Se vamos pregar
o evangelho, não o preguemos para nós mesmos. Vamos pro-
curar os incrédulos e conduzi-los (usando o anagkazo e o biazo)
para o Senhor.

Anaideia
Eu vos digo que, se não se levantar para dar-lhe por ser seu
amigo, todavia o fará por causa da importunação, e lhe dará
tudo de que precisar.
Lucas 11.8

– 38 –
Praticando o Anaideia e o Biazo

Em Lucas 11, Jesus nos contou a história de um homem


que precisava de três pães. Esse homem superou sua vergonha e
constrangimento, e foi à casa de um amigo altas horas da noite.
O dono da casa foi acordado.
Ele talvez tenha gritado: “Que está acontecendo? Serão as-
saltantes armados? Que está havendo aí fora?” O empregado
da casa provavelmente respondeu: “É o vizinho; ele disse que
precisa de pão para oferecer a seus visitantes”.
Caro amigo cristão: a maioria de nós não perturbaria nem
nosso melhor amigo à meia-noite. Ainda mais para pedir uma
coisa tão trivial quanto pão!
Contudo, a mensagem de Jesus nesse caso é muito simples:
se você se envergonha de pressionar por certas coisas, nunca
vai obtê-las. Se você não tem vergonha na obra de Deus, você
realizará coisas com as quais outras pessoas apenas sonharão!
Deus me mostrou que aqueles que se preocupam muito com sua
imagem pública não conseguem muito para Deus.

Você se envergonha de fundar uma igreja?

É preciso anaideia – não sentir vergonha – para fundar uma


igreja. Quando discuti com meu amigo a ideia de fundar uma
igreja, lembro de que ele me olhou perplexo e disse: “E se as
pessoas não forem à igreja? Nós vamos ficar muito constrangi-
dos. As pessoas no bairro vão ficar sabendo que tentamos fundar
uma igreja, mas não funcionou”.
Ao fundar uma igreja, não viso a pegar um grande segmento
do ministério da outra pessoa. Refiro-me a entrar numa sala
onde estão três ou quatro pessoas e pregar para elas. É preciso
não ter vergonha de dizer a essas pessoas que elas estão agora

– 39 –
Anagkazo, o poder irresistível

em uma grande igreja. Se você não está preparado para experi-


mentar a vergonha e o ridículo de ficar em pé numa sala vazia,
parecendo uma figura esquisita, nunca vai conseguir grandes
coisas para Deus.

Você se envergonha?

Um pastor me disse ter receio de fazer um apelo para as


pessoas aceitarem a Jesus (convidar as pessoas para dar sua vida
a Cristo). E se ninguém responder? Você não sentiria vergo-
nha? As pessoas vão pensar que você não é ungido, e que sua
mensagem não foi suficientemente poderosa. É exatamente
essa linha de pensamento que mantém as pessoas longe de um
poderoso ministério.
Uma das minhas presbíteras me chamou e disse que, pela
primeira vez, alguém da igreja havia respondido ao seu apelo.
Veja você, ela não sentia qualquer vergonha em fazer esse tipo
de apelo sem ninguém responder. Mas com anaideia (não sentir
vergonha e persistência), ela acabou tendo resultados!

E se ninguém se curar?

O homem que não se envergonhou em pedir pão acabou


conseguindo o seu objetivo. Lembro-me de quando comecei
a orar pelos enfermos. Eu me preocupava muito com o que as
pessoas pensariam de mim.
Muitas vezes, enquanto eu estava no púlpito, o demônio
me dizia: “Nem se dê ao trabalho de solicitar testemunhos; nin-
guém será curado”.
E continuava:

– 40 –
Praticando o Anaideia e o Biazo

“Não se desonre mais ainda. Acabe logo o culto aqui e man-


de as pessoas para casa”.
Mas o Espírito do Senhor se elevava em mim e eu dizia a
mim mesmo: “Não estou envergonhado. Se ninguém se curar
desta vez, eu vou repetir isto quantas vezes for preciso. Um dia,
alguém será curado”. Fico satisfeito em afirmar que muitas pes-
soas foram, de fato, curadas.
Depois que me formei em medicina, trabalhei por um ano
como médico. A certa altura, o Senhor começou a sugerir que
eu fosse um ministro em tempo integral.

Como vou sobreviver?

Argumentei com o Senhor: “Vou trabalhar e ganhar dinhei-


ro suficiente para apoiar a igreja”. E continuei: “O que as pessoas
vão pensar de mim? Deixar uma profissão nobre para ingressar
numa área tão controvertida! Ninguém conhece minha igreja,
ninguém me conhece!”
O pior de tudo é que será uma vergonha para mim viver às
custas das doações de outros.
Isso é ridículo! Por que deveriam as pessoas contribuir para meu
sustento? Isto é degradante!, pensei.
Entretanto, o Senhor me disse: “Quem prega o evangelho
deve viver do evangelho”.

E assim o Senhor ordenou aos que anunciam o evangelho,


que vivam do evangelho.
1Coríntios 9.14

– 41 –
Anagkazo, o poder irresistível

Tive de enterrar meu orgulho como médico, e sem sentir


vergonha entrar no ministério de tempo integral. Por meio da
revelação de não sentir vergonha (anaideia), progredi muito no
ministério. Conquistei coisas que ninguém jamais imaginou
que eu pudesse conquistar.
Anaideia (não sentir vergonha) é a chave de que você precisa
para realizar grandes coisas para Deus!

– 42 –
Outros best-sellers* de
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A Megaigreja
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tras traduções sobre alguns dos títulos citados podem ser obtidas no nosso endereço de e-mail.

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