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Venâncio Tiro
1

RELAÇÕES EXTRAINTERESSES VENÂNCIO TIRO


2 Relações Extrainteresses

DEDICATÓRIA

A drop of love is more than a large of ocean wisdom. (Blaise Pascal)

Tudo nesta vida se não é por uma questão de sorte é azar


(Prof. Lourenço Campos)

“Sorte é apenas um apelido, o verdadeiro nome do sucesso chama-se


dedicação”1, Fruto de todas as motivações e insuflagens que tenho vindo
a receber pelos meus familiares, irmãos, amigos, mestres e colegas,
surgiu a inspiração de levar às luzes esta obra e é, pois, a eles que dedico
esta mesma obra, por serem a minha energia datilógrafa.

Nada vem do nada. Se esta obra é uma realidade é por força de todos que
ao meu redor se encontram, mas de uma forma especial dedico-a àqueles
que num amor puro e verdadeiro buscam a sua satisfação da vida e
autorrealização, que de uma forma inconsciente têm sido os pioneiros do
EXTRAINTERESSE. E, também ta dedico a ti amigo/amiga leitora/leitora
por dares nela uma parte do seu preciosíssimo tempo para equalizar a
sua forma de se relacionar com os outros.

1
Frase popular de um Autor Anonimo
Venâncio Tiro
3

AGRADECIMENTO

As graças são dadas a Deus pelo supérfluo fôlego de vida do qual


diariamente usufruímos de forma gratuita e por ter permitido que,
mesmo com as vicissitudes que a própria viva nos oferece, a manutenção
da mesma vida seja feita sem qualquer dissabor, por esse e muitos outros
motivos, primeiramente agradecemos ao Criador Supremo.

Em seguida aos meus pais, os senhores António José Caienda e Júlia Lino
Germano, que com muito amor e carinho projetaram-me ao mundo real,
aos meus irmãos, aos meus que na mais difíceis situações apoiaram-me
em tudo, mostrando-me as diretrizes do viver quotidiano, que sem
cabimento seria este enaltecimento se não mencionasse os pilares
manutenência da minha vida, sendo estes: Eutênia Tiro, Flávio Bernardo,
Manuel, Hélder Diogo, Heraclito Messias, Luciano Bimjola e Mateus
Pequenino… a lista e verazmente infinita. Porém, a todos deste enclave
de irmandade mil gratidões.

Finalmente à aquela que deu sentido a minha vida sem qualquer rodeio,
agradeço a minha Esposa Erica António que me tem feito um guerreiro
todos os santos dias e inspirando-me a ser o que sou e ser a culpada de
toda a minha felicidade. Assim elevo os meus eternos agradecimentos,
elevando a todos, como referido anteriormente e aqueles que directa
e/ou indirectamente fizeram com que esta obra fosse uma realidade.

To be understandable doesn’t mean to be less important


(Bento XVI)

O Meu muito obrigado!

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4 Relações Extrainteresses

PREFÁCIO

Todos nós somos seres eminentemente sociáveis e sujeitos a nos


relacionarmos uns com os outros, mas que esta mesma relação não seja
só e nem apegada ou assentada em valores externos ao ser com o qual
nos queremos relacionar, todavia esta obra mostra-nos de que forma os
humanos devem se relacionar uns com os outros e até em alguns casos
com seres de outras espécies, abrindo uma ala no mundo da relações,
introduzindo nela um alicerce promotor do amor, da harmonia e da
reverencia.

Ela é abrangente para todos nós uma vez que já dissemos que todos
somos sujeitos a nos relacionarmos com os nossos semelhantes e
dissemelhantes, porém por esta faculdade e necessidade inata de
desejarmos nos conectar e contactar constantemente em nossa vida
quotidiana, somos chamados a desenvolver em nós e espirito de alter-
ego, isto é, o outro eu, é o que devemos ver nos outros para então com
eles nos relacionarmos verdadeiramente e aqui o autor neste folhoso
como ele assim o chama no introduzi-lo traz-nos a ideia de nos
relacionarmos com os outros pela sua essência, deixando lado
interesseiro humana que pela conformidade da repetibilidade nos já
parece algo inato.
Venâncio Tiro
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ÍNDICE

Dedicatória .............................................................................................. 2
Agradecimento ........................................................................................ 3
Prefácio.................................................................................................... 4
Introdução ............................................................................................... 6
1. O proémio das relações extrainteresses no mundo das relações
interpessoais…………………………………………………..………………………..7

2. Relações interpessoais ..................................................................... 15


2.1.O interesse de nos termos uns aos outros ....................................... 16
2.2.O extrainteresse inato...................................................................... 19
2.2.1. Então que é relação extrainteresse? ............................................ 19
2.2.2. No que consiste a satisfação? ...................................................... 21
2.3. O efeito e os traços das relações extrainteresse. ........................... 23
2.4.Os preceitos das relações interpessoais .......................................... 32
2.4.1. Os dez mandamentos das relações interpessoais ...................... 33
3. Conclusão ........................................................................................ 39
4. Bibliografia ...................................................................................... 40

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6 Relações Extrainteresses

INTRODUÇÃO

O que sucede em todos os seres viventes para a manutenção da vida é a


interdependência entre eles, interdependência está, que faz com que
todos os seres precisem uns dos outros para se relacionarem, podendo
ser com um da sua espécie ou de uma outra espécie, na ânsia da busca
insaciável de preencher o seu vazio, está mesma relação pode se afirmar
de diversas formas, sendo interpessoal, social, conjugais, comunitária,
ecológica e ecológico-ambiental, sendo que cada constituinte de um
destes precisam dos outros. Qual seria então a força impulsionadora de
tal relacionamento? Evidentemente é que procuraremos descrever nesta
obra, trazendo a ideia de inserção do EXTRAINTERESSE em todas as
formas de relacionamentos, ou seja, o que chamamos de RELAÇÕES
EXTRAINTERESSES. Queremos assim com este folhoso mostrar-lhe a
energia das mais distintas relações ou então pelo menos o que deverá ser
a base de um relacionamento profícuo sem atração de qualquer ou por
qualquer objecto exterior ao ser.
Venâncio Tiro
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1. O PROÉMIO DAS RELAÇÕES EXTRAINTERESSES NO MUNDO DAS


RELAÇÕES INTERPESSOAIS

Há bilhões de anos que surgiu a vida na terra e com a existência da


mesma, os seres humanas têm, a todo custo, procurado a ser
precariamente sociáveis, na tentativa de honrar a vida que se lhes foi
proporcionada, tentando vivê-la na base da hegemonia de suas
faculdades de inter-relação com os seus semelhantes, que vivem
buscando incansavelmente o sossego de seus egos naquele que também
procura de alguém ou alguma coisa para a autorrealização, aliás, muitos
outros ainda, na Divindade suprema (Deus) como o provedor de tudo, até
do seu autorreconhecimento, mas o fastígio de toda essa ilação é a
compreensão da necessidade ou da força que move os seres
interatuantes, as pessoas, em particular, que no eu quotidiano sobem-
descem, vão-vêm sempre a procura de um ser compactuante para a sua
autorrealização.

Todavia, perguntar-nos-íamos do porquê que as pessoas se sociabilizam


umas com as outras e, qual é verdadeiro objectivo destas, as pessoas,
relacionarem-se com as outras pessoas? É inevitável múltiplas e copiosas
respostas em perguntas do género, certamente, baseadas na vida prática,
justificadas também na vaga sede de tentar preencher-se obteríamos, daí,
os humanos relacionam-se no âmbito familiar, social, religioso,
académico, conjugal e ecológico este último, porém, específico nos
animais, mas adaptáveis aos humanos. Não nos vamos limitar em
descrevê-la agora, mas para a sabemos muito bem, propusemo-nos
lembrar-lhe nas últimas abordagens desta obra.

A vida é um mistério que todos nós, incansavelmente, procuramos


desvendá-lo para a nossa maior compreensão como o alcance do
verdadeiro conhecimento, ou seja, a mais pura realização pessoal. Então,
onde está a real satisfação das pessoas, será no conhecimento pleno do
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mistério vida ou nas relações interpessoais? Evidentemente se nos


cingíssemos só ao contexto religioso diríamos, categoricamente, que está
no descobrimento plenário do conhecimento do mistério da vida, porém
aqui estamos apenas a tentar lidar com a problemática sobre as relações
interpessoais.

A partir da história de Kamauro entenderemos qual deverá ser a causa de


as pessoas se interrelacionarem umas com as outras. «Kamauro era um
jovem marrom2 de estatura média, clarinho, pobre, quase robusto, pois
não era magro e usava óculos, morava num bairro vizinho dum onde
morava a garota dos seus sonhos, mas além de esta, a garota, viver num
outro bairro, que por sinal é pouco mais que distante a trajetória da sua
casa para a dela, também eram de mundos diferentes, isto é Zoraida,
garota dos sonhos do Kamauro, era uma jovem esbelta, também de
estatura média, considerada por todos seus amigos, inteligente, e morava
sozinha. Certo dia, camauro decidiu ir até ao encontro dela em sua casa
e dizê-la o quanto a amava, mas o pobre garoto quando lá chegou, ficou
sem coragem para junto da casa dela aproximar-se e regressou
imediatamente, e, no dia seguinte, viu-a passar com um dos seus amigos
quando ela ia em direção ao seu local de tralho e ele enfurecido, por vê-
la a andar com um homem e não com uma mulher como de costume, deu
a volta para com eles dar as caras e quando isso aconteceu ele nada fez
além de cumprimentá-los, então passou tiritando de paixão e de furor ao
mesmo tempo, mas quando ele vira para ver se ainda continuavam de
mãos dadas, Zoraida voltou também o rosto a ele e bruxuleou-o os olhos,
daí ele perdeu a direcção de sua casa e foi para outro caminho sem
perceber (força da paixão).

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Marron é uma das característica da personalidade da pessoa assim como Dred e bouelo, diz-se
característico daquele que aparenta ser muito estudioso e sempre no seu cantinho normalmente
melancólico.
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Todavia, aquele bruxulear de olho motivou-o para novamente ir em casa


de Zoraida, mas desta vez decidiu levar consigo um buque de flores
lindas, que as escolheu com ajuda de sua irmã Rozy, quando chegou em
casa da Zoraida ficou ao lado da mesma com as flores na mão, mas ela
nem olhou para elas com importância acenou a ele apenas com as mãos
e foi-se embora para o trabalho e ele regressou triste e o mesmo sucedeu
no dia seguinte, mas nem por isso ele desistiu ficou lá em pé novamente
em frente da Zoraida, não é que desta vez ele teve ao menos a coragem
de abrir a boca, mas ela respondeu-o apressadamente que depois se
falavam, que estava meio que atrasada, então ele pensou que isso poderia
resultar em nada. – É uma caça vã, disse ele, para si mesmo, quando desta
vez decidiu esperá-la, pois sabia que muito cedo ela voltava para casa na
hora do almoço, porque o seu relógio lhe dizia que faltavam pouco menos
que quatro horas, o que para ele, parecia-lhe quatro segundos.

Esperou o tempo previsto e ela vinha, quando de longe viu-a curvar na


casa vizinha de sua amiga Ângela, esta, que vendo-a enfadonha de fome
chamou-a para um suculento manjar e ela distraiu-se até que quase se
atrasava novamente ao segundo turno no serviço, mas a amiga Ângela já
lhe tinha fofocado que havia um Alguém na casa dela desde as primeiras
horas do dia e as duas acharam estranho depois de Zoraida dizer a Ângela
que não sabia de nada, nem tinha convidado ou encomendado nada, mas
prometeu regressarem às fofocas assim que regressasse do serviço.
Contudo, o pobre Kamauro pensou que ela viria ao seu encontro, quando
a viu sair da casa da amiga, mas ela tentava apenas esticar-se para ver a
sua casa na distância em que se encontrava e se o sujeito de quem
falavam ainda estivesse lá e para o seu espanto, ele estava la mais com
uma roupa diferente da que estava antes.

O sol já passara do meio-dia, por isso ele colocou a sua Turquel mais
bonita e descolada que tinha em função do frio que se levantava das

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longínquas brizas que alimentavam a região. Zoraida, que antes lhe


parecia normal a presença daquele homem aí, começou a ficar assustada
e nem teve um bom percurso no trabalho fruto de toda instabilidade, que
a imagem daquele Estranho vizinho do bairro ao lado, trouxe no seu
interior, quase decidiu não regressar para a casa, mas para onde iria, pois
a sua família vivia numa outra província, aí não tinha nada mais, além de
amigos das suas amigas e colegas de trabalho.

Já de regresso, rezando à Deus que aquele homem de lá tivesse saído,


mas nada mais seria surpreendente do que o que ela notou, não via
ninguém ao lado de casa, o que a motivou chegar sem receio algum, mais
espantada ficou quando ao aproximar-se viu uma sacola estranha na
varanda da sua casa, quase que regressava para pedir auxílio à sua amiga
Ângela, mas tomou coragem e resolveu saber tudo o que se passava,
quando, Kamauro ouviu passos levantou-se da varanda onde estava
sentado e disse:

– Por favor, não te vai embora novamente, Zoraida. E, ela retorquiu:

– Como sabes o meu nome?

– A minha vida toda foi procurar saber quem tu eras e de onde tinha
saído a mulher mais linda que o universo já conheceu, disse Kamauro,
Zoraida sentiu-se fisgada e fora de perigo, afinal de contas ela sabia onde
ficava a casa donde aquele sujeito estranho fisgador inabitual vivia,
aproximou-se e perguntou o porquê daquele terror todo e como tinha
aquela tremenda ousadia de passar o dia de plantão na sua casa, quando
ele começou dizendo:

– Sempre achei difícil entender como alguém pode estar loucamente


apaixonado por alguém e querer dar-lhe tudo até o que não tem.
Continuava ele depois de tirar os óculos, – sempre fiquei sem jeito cada
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vez que te via, as noites, da minha mente a sua imagem não saia e
interrompeu Zoraida dizendo:

– É melhor parar por aí porque eu não sou como aquele tipo de mulheres
que se deixam convencer por qualquer bem-material, meu irmão se é isso
que vieste cá fazer melhor pegar a sua mala e regressar.

– Eu não trouxe nada para lhe subornar, apenas trouxe flores para ti, aliás
que nem chegam aos seus peses, porque pareciam as mais lindas da loja,
mas que agora vejo, que tu és a mais linda do que elas todas, mas elas
são todas suas.

– Muito obrigada, mas era por essas flores que passaste todo o dia aqui
na poeira e com fome e frio? Perguntou Zoraida.

– Não, não por simplesmente isso, mas por uma causa mais justa e algo
muito mais real e verdadeiro.

– O que é então?

– É, é o que sinto por ti, desde que te vi pela primeira vez, você nunca
mais saiu dos meus pensamentos, fiquei completamente apaixonado por
aquela jovem que passava toda ingénua e a derrotar toda a beleza da
natureza mesmo antes de começar a competição.

Kamauro segurou a mão de Zoraida e continuou dizendo:

– Zoraida, eu gosto de ti mais do que gosto de mim mesmo, sei que para
ti tudo pode parecer muito estranho, mas eu enfrentaria tudo, percorreria
o mundo para poder encontrar-me contigo abertamente e te dizer o
quanto eu gosto de você, é, é…

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Não terminou quando ele tossiu como se tivesse pegado algum resfriado,
por ter estado muito tempo exposto ao ar livre, pelo menos foi o que
Zoraida deduziu.

Ele continuo muito mais romântico: — Quando você não está por peto

O mundo não é o mesmo, nem a vida tem o mesmo aspecto

Do meu âmago brota uma ânsia de querer

Mas como não te querer se és um malmequer.

Mesmo contigo longe, estas por perto

Ouço-te a sussurrar no meu ouvido, mas logo desperto.

Em qualquer voz, movimento, suspiro meu

Lembro-me de ti e desejo o seu.

Mas me lembro que não estás por perto

E solitariamente a minha mente diz, não aguento.

O coração derrete de nostalgias, desejos e euforia.

E fico pensando no que contigo eu faria

Volte logo e me devolve o gáudio

Que contigo um dia em mim veio.

Em seguida, sem jeito, Zoraida convidou-o para entrar dizendo-lhe:

– Vem cá, vamos entrar, tu podes ficar doente, por ter passado o dia todo
cá fora que nem um louco.
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Replicou Kamauro: – Podes chamar-me o que quiseres, se sou maluco ou


louco a verdade é, que o sou por alguém, que vale a penas ser tudo

– Cola a boca, disse Zoraida.

– Não está aqui quem falou… Descontraidamente disse Kamauro. E


Zoraida flertada disse novamente também descontraída:

– Você é louco…. Vem cá, senta-te aí e fique à vontade tá?

– Não te preocupes comigo querida.

– Não te importas que me esperes só por um instante, não é? Vou tomar


banho.

– Não me importo não, esteja à vontade.

Zoraida foi tomar banho enquanto Kamauro ficava a observar a casa,


admirado com a arrumação da mesma, minutos depois Zoraida terminou
o banho e dirigia-se à cozinho que dava vista a sala onde estava Kamauro,
que vendo sua postulante assaz atarefada, ofereceu-se a ajudá-la, porém
ela não hesitou em aceitá-lo, então, ambos na cozinha, um lavava alguns
utensílios, Kamauro nesse caso, e a outra cozinhava, quando numa
descontraída conversa, Zoraida esquecida de todo o drama do dia, seduz
Kamauro a cozinhar, provando-o se sabia cozinhar, pois ela adora
pessoas que entendam de cozinha, e este, nem pensou um segundo
quando a substituiu, fazendo toda magia nas panelas, caçando pontos
para com estes, ganhar o coração de Zoraida.

Eram já vinte horas quando a conversa estava no auge daquele estranho


convívio, e, quando a toda mágica feita na cozinha por Kamauro, foi
descoberta por Zoraida, surpreendida, por ter flutuado vãmente em sua
mente a respeito de Kamauro, julgando-o por sua aparência facial fruto
dos óculos que usava que o deixava meio desajeitado, fazendo-o

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14 Relações Extrainteresses

confundir com alguém que quase de nada entendesse e nada soubesse


fazer, ao levar a primeiras garfada de comida à boca, mandou Kamauro
parar de falar imediatamente com um gesto de stop de mão, enquanto
outra ia para a boca como se algo a tivesse queimando ou ferindo-lhe a
língua, que fez com que Kamauro ativasse o seu senso de preocupação
com um rosto franzido e pasmado de susto, quando ela exclama,
alegremente, elogiando o sabor da comida e Kamauro elevava-se quando
via Zoraida satisfeita com a comida, então este, exaltava o seu nome
inúmeras vezes, o que suscitou, Zoraida a questioná-lo sobre o
significado do seu nome quando ele explicou-a dizendo que era Mauro
um nome que significava Muçulmano, mas chamam-no Kamauro devido
a sua avó com quem morava, que fruto da influência das línguas
autóctones, Umbundo e Kimbundu, que a fazia acrescer o prefixo (Ka)
sempre que pronunciava o seu nome.

Zoraida ao ouvir Kamauro a falar tudo aquilo com muita sapiência mudou
todo conceito e preconceito que ela teve sobre o apaixonado homem, que
naquela noite depois de tê-la oferecido aquelas lindas flores, tê-la
ajudado lavar a louça e cozinhado maravilhosamente para ela, sentia-se
ser tratada com muita atenção, que nem uma Rainha, pediu para que ele
passasse aí a noite com ela e este, nem respirou quando delicadamente
aceitou com toda segurança e poderio, Zoraida sentiu-se ainda mais bem
protegida e acompanhada como nunca tinha sido em toda sua vida,
mesmo no seu tão grande passado relacionamento, que se desfez por
razões de infidelidade por parte do antigo homem. Isso fê-la pensar mil
vezes, depois de Kamauro tê-la pedido em namoro, se aceitasse esse, será
que não faria o mesmo que o primeiro namorado fez ou não faria, com
ela, algo pior? Perguntou-se num diálogo silencioso com ela mesma, mas
que as atitudes de Kamauro de verdadeiro apaixonado deram-na
respostas e depois de algumas resistências acabou aceitando Kamauro
como namorado.
Venâncio Tiro
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2. RELAÇÕES INTERPESSOAIS

Comecemos por perceber o que é propriamente, então, as relações


interpessoais, mas não vamos entendê-la com facilidade se não
definirmos antes as relações intrapessoais, saibamos, pois, que estas
ocorrem quando alguém estabelece um diálogo consigo mesmo ou uma
comunicação interior. E, diferente desta, (relação intrapessoal) é a
interpessoal.

Sendo assim, relações interpessoais toda aquela interação que ocorre


quando se estabelece um relacionamento entre duas ou mais pessoas.

Todos nós temos a necessidade de nos relacionarmos uns com os outros,


como já referimos anteriormente, mas antes, vale ressaltar aqui, o nosso
ponto de vista sobre o que é relação interpessoal. Ao nosso entender,
Relação passa ser a interação afetiva entre os seres de um modo geral e
entre os humanos de forma específica, com a finalidade de encontrar
afeição e sodalício ou companheirismo. Entretanto, diz-se interpessoal
à toda acção reciproca referente à pessoa. Por força do pseudoprefixo
latino Inter3, este, adicionado ao adjetivo pessoal, temos a ideia de umas
actividades voltadas às pessoas de forma recíproca ou correlacionadas
entre ambas as pessoas, isto é, todas as pessoas em volta de um mesmo
ciclo de actividades, e, obtemos assim uma luz para, também, uma
compreensão exaustiva do que então viria a ser relações interpessoais
como a interação estabelecida entre as pessoas, com vista a satisfação e
realização pessoal. Daí partimos, para melhor entendimento, da ideia de
que toda e qualquer relação ou relacionamento estabelecido com alguém
é-o feito com e para algum fim.

3
Inter__ pseudoprefixo de origem latina que introduz a ideia de relação mútua ou reciprocidade de acção,
sendo este, de natural sentido, dentro ou no meio de. (Borregana, A. gramatica Universal. 104. 2006)
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16 Relações Extrainteresses

2.1. O interesse de nos termos uns aos outros

Nada vale mais do que a vida partilhada e vivida em comunhão, como


nos afirma (Bento XVI 2013. 64. 46, 47.) Deus que é o amor e o arquiteto
da comunhão criou o ser humano “homem e mulher”, para que em
comunhão, fossem retrato do seu ser. [369-373, 383]. Percebemos assim
que para nós que ainda acreditamos na religião e na divindade celestial,
cremos que Deus criou os seres e os criou para que esses em um espirito
de união, unidade e irmandade vivessem em plena comunhão e num
verdadeiro espirito de partilha para melhor vivem a vida em perfeita
harmonia. Pois, é-nos conveniente afirmar que a partir do ralação que
incansavelmente procuramos manter com outras pessoas, até muitas
vezes, com outros seres, é a clara justificação da lacuna existe em nós
criados para sermos completados pelos outros, aliás, muitos vão ainda
um pouco mais além, acreditando veemente que basta ser assaz temeroso
a Deus se lhe é preenchida esta lacuna, outros que é só e somente cuidar
da natureza e do meio ambiente que o seu vazio é preenchido, enquanto
alguns voltam-se para uma ampla e profunda relação com os animais,
alguns chegam mesmo a casar-se com um animal de tanta paixão por eles,
o que nós não aconselhamos, por mais que tenhas o melhor coração do
mundo, a maioria porém, pelos dados que até aqui dominamos, prefere,
preencher o seu imenso vazio interior na vida conjugal e na amizade.

Realmente a estes, diríamos que tiveram um bom senso e souberam


definir perfeitamente as suas prioridades, sem nos esquecermos, claro,
daqueles que de uma vida ou de um parceiro ou parceira conjugal,
encontram o abismo existente no seu âmago resguardado, contudo nada
melhor, que ter alguém por quem e com quem contar a sua vida, sofrer
na vida, sorrir, chorar e festejar, ou ainda, dispor-se de todo modo, sim,
diferente de um amigo ou uma amiga, aos cônjuges nós mostramos não
só o nosso interior, mas também as nossas vergonhas, que por sinal são
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exteriores. Portanto é conveniente que cada um procure de toda e


qualquer forma relacionar-se com os outros, afinal é parte da nossa
génese e é da vontade de Deus como nos afirma o líder mundial da igreja
Católica o Papa Bento XVI na sua encíclica youcat “ Deus fez o ser humano
de tal forma que este, sendo homem ou mulher, anseia pela realização e
a totalidade no encontro com o sexo oposto. O homem e a mulher têm a
mesma dignidade, ainda que exprimam, no criativo desenrolar do seu
criativo ser masculino e feminino, aspectos distintos da perfeição de Deus”
(Bento XVI 2013. 64. 46, 47.260…417).

É, porém, na interação com os nossos semelhantes que nos fazemos


pessoas e pessoas sociáveis. Lembremo-nos do jovem Camauro que
incansavelmente andou atrás de Zoraida, amor da sua vida, num
profundo e certeiro desejo de fazer dela a sua real amada, qual é a sua
recompensa? Certamente é a possibilidade de ela aceitá-lo como
namorado, assim como aconteceu, mas se o não o tivesse aceitado como
ele ficaria e qual seria então a recompensa de todo aquele sacrifício?
Obviamente, nenhuma, muito pelo contrário seria perda de tempo e de
energia, de dinheiro pelas flores e tantas outras que poderíamos elencar
como possíveis de identificar naquele acto altruistamente romântico. E
não só, olhando também para aquilo que é aposição de alguns cientistas
a respeito da motivação humana, viajamos para a mais conhecida teoria
behaviorista (The behaviour theory), onde os psicólogos defendem a
motivação que leva os seres a agirem, chamados por eles estímulo, que
advém a resposta como a acção deste ser em detrimento do estímulo e
finalmente o reforço que é a recompensa pelo acto executado. (Politzar,
G. 1977).

Ora, Camauro tinha um estímulo, que é a sua motivação, fazer da Zoraida


sua namorada, é claro, e tinha de dar uma resposta a este estímulo, que
para ele é a iniciativa de a procurar e dizê-la o quanto a amava e que não

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18 Relações Extrainteresses

passava um segundo que não via ela tornar-se sua namorada e claro,
como conquistá-la facilmente o que o fez pensar em comprar flores e
esperá-la incansável e inesperadamente em sua casa, o que para nós a
nossa acção vai depender do estímulo e obvia e principalmente, da
recompensa, neste caso o reforço descrito pelos behavioristas, que para
o nosso contexto em Camauro é a recompensa, ou seja, o sim de Zoraida,
para finalmente pensarmos o que estamos agora a pensar, de que a
esforço de Camauro não foi em vão e que valeu-lhe apenas ter
perseverado na vigília feita em casa da Zoraida.
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2.2. O extrainteresse inato

O facto a relevar é que independentemente de ser ou não ser aceite,


Kamauro não desistiu, o que significa, que ele não queria só uma relação
intrainteresse, ou seja, de interesse ou de interesseiro, pois essa ideia de
interesseiro vem-nos apenas quando, para além do carácter da pessoas
ou do feitio da coisa, há algum bem extra que nos possa atrair, mas
Kamauro não foi atraído por nada além da beldade, esbelteza e intelecto
de Zoraida, logicamente, ele interessou-se por alguma coisa nela o que já
o tornaria num interesseiro, mas sublinhemos o facto de que torna-se
interesseiro é só quando alguém é atraído por alguma coisa extra à
alguém ou algo, ou ainda, coisas exteriores à pessoa, ou ao objecto, ou
animal.

2.2.1. Então que é Relação Extrainteresse?

Olhando para esta questão e consciencializando-a com todo escrito


disposto nas páginas anteriores, diríamos que é já compreensiva e clara
a ideia de Relações Extrainteresse, que por sinal, é o fulcro de
norteamento da nossa obra, ou seja é o tema central ou o motivo dessa
toda abordagem, porém como já referido anteriormente, relações é, nem
mais nem menos, a interação afetiva entre os seres de um modo geral e
entre os humanos de forma específica, com a finalidade de encontrar
afeição e sodalício ou companheirismo.

Assim, de preocupação, resta-nos desmiuçar o termo extrainteresse, ora,


viajando um pouco em língua portuguesa, a formação de palavras ocorre
em dois processos principais, o da derivação de na composição, na
derivação nós encontramos prefixação, sufixação, parassintetismo,
redução, regressiva e imprópria, destas, porém só nos importa o
primeiro, que é a prefixação e o penúltimo que é a regressiva, sendo a
palavra extrainteresse, advindo de um verbum (verbo=palavra)

RELAÇÕES EXTRAINTERESSES VENÂNCIO TIRO


20 Relações Extrainteresses

Interessar com o sinónimo de prender, seduzir cativar e afetar, desta,


que deriva de uma forma regressiva o termo interesse, por ser o
particípio passado irregular do verbo interessar e, a este particípio é
adicionado o prefixo latino extra que nos dá a ideia de, fora de, e/ou
posição exterior, sendo assim extrainteresse uma palavra derivada por
prefixação, derivando da palavra interesse, este, por sua vez, que é
derivação regressiva da palavra interessar, é sinonimamente a: prender,
seduzir cativar e afetar.

Portanto, extrainteresse quer dizer: desapego, desprendido (liberto, livre


desatado), e descativo. Assim, é-nos conveniente definir, em gesto de
resposta à questão sobre o que viria então ser, relações extrainteresses,
como a interação afetiva estabelecida entre os seres viventes, tendo em
vista a satisfação e realização pessoal e interpessoal, desapegando-se dos
meios externo a estas pessoas, animais ou objectos.

Duma definição semelhante esta sobre as relações interpessoais,


partíramos, para melhor entendimento, assim dizíamos, da ideia de que
toda e qualquer relação ou relacionamento estabelecido com algo ou
alguém, é-o feito com e para algum fim ou interesse, porém, agora
convidamos-te a ti caro leitor para mover a sua imaginação ao rumo do
nosso barco de que este fim não nos torna necessariamente interesseiro,
antes nos torna cultos, educados, portentosos e sãos, porque essa ideia
que trazemos de forma de relação interpessoal é extremamente voltado
ao valor individual e natural da pessoa, do ser ou da coisa.

O que explica a razão deste amor desinteressado, entre aspas, de que nos
referimos, porque não se torna interesseiro, para nós, aquele que se vai
relacionar com qualquer coisa ou ser em função do seu valor natural, e,
partindo da máxima de que tudo vale e todos têm valor diante da vida, o
valor humano ou de qualquer ser é o que nos deve atrair neste ser, para
Venâncio Tiro
21

que o nosso relacionamento com tal, seja por uma sedução natural deste
ser.

2.2.2. No que consiste a satisfação?

É, pois, uma pergunta diante da qual não devemos gaguejar em deixá-la


explicitamente respondida, porque todos nós sabemos que, quando
precisamos de algo ou alguém para a nossa satisfação é porque esta
mesma coisa ou este alguém dispõe de todas as qualidades e
características que precisamos naquele preciso momento, inclusive
aqueles que desejam aproximar-se de alguém por possuir uma ou outro
bem externo a ele, para nós a sua relação é, porém, com aquela coisa
exterior a ele e não com a pessoa ou o ser proprietário do mesmo bem.

Contudo, o extrainteressísmo não nos remente ao abandono dos outros


muito menos à dissocialização, muito pelo contrário, promove a
socialização por ajudar a construir relacionamentos verdadeiros e sérios,
firmados na verdade e no valor individual e, no amor ao amar as
diferenças e dissemelhanças, que a vida impõe aos sobreviventes, que
segundo a vontade de Deus, estes encontrariam a sua realização colectiva
e individual nos outros que os assemelham na terra através da unidade e
interação social, bem como do amor desinteressante, como bem nos reza
o livro sagrado “Se alguém disser que ama a Deus, mas odeia o seu irmão,
é mentiroso. Porque aquele que não ama o irmão a quem vê, é incapaz de
amar a Deus a quem não vê. Temos de Deus esse mandamento o que ama
a Deus ame também o seu irmão (cf. 1joão: 4; 20-21). É, porém no amor
mútuo que conhecemos o verdadeiro ser existente dentro de cada alma
ou ser vivente, mas se algum ser fizer o contrário deste ensinamento do
amor, e principalmente, para não dizermos exclusivamente, o ser
humano, acaba por semear um ódio remanescente por décadas sobre
décadas e gerações sobre gerações.

RELAÇÕES EXTRAINTERESSES VENÂNCIO TIRO


22 Relações Extrainteresses

Para Santo Agostinho, diz-nos Jorge Coutinho in (DIDASKALIA A


Essencialidade e Existencialidade em Santo Agostinho 114), que “O
amor, que é a alma da vida ética — «Ama e faz o que quiseres» não é
portanto um amor cego. Nem este preceito pode ser entendido como
slogan libertário. O amor é chamado a ser um amor ordenado,
constituindo-se a vida ética como ordem do amor.”4 (Coutinho 114)

Não é mal que achemos alguém ou algo interessante, mas é bom que não
haja um intrainteresse, que promove o egocentrismo e a egolatria,
atitudes extremamente antiética, o melhor seria que houvesse um
extrainteresse, pois quando alguém diz ao outro “amo-te” não lhe está
dizer que, amo a sua roupa, o seu carro, as suas mãos ou os seus olhos,
antes, porém, está a dizer-lhe que o amou todo ele em função das suas
características que o compõe ser irrepetível. Mas o que mais verificamos
nos nossos dias são relações cheias de interesses de terceiros, que têm
levado em ruina muitas amizades e em decepções de variadíssimos
corações, que ainda há lá espaço para um amor puro.

4
7, 4 Cf. Conf, XIII, 9,10. 75 Ibid. ™ Ibid. 77 Ibid. 78 Conf., I, 1, 1. 7 9 Cf. De Trin., IX, 8, 13; Conf, IV,
10, 15; X, 30, 42; De lib. arb., I, 3 e 4; En. in ps. 140, 2; 121, 1. 7 114 DIDASKALIA
Venâncio Tiro
23

2.3. O efeito e os traços das Relações Extrainteresses.

Certo dia numa linda cidade havia um casal de adolescente, que eram
colegas de turma desde o início de suas vidas estudantil, faziam todas as
suas tarefas escolares juntos e sempre andavam juntos, e assim foram
vivendo até a hora de mudar de escola quando um deles recebe uma triste
notícia que, por falta de vaga nas escolas do segundo nível, tinha de ir
numa outra cidade para então continuar com os seus estudos, foi a
adolescente rapariga que conversava com os seus pais, quando se lhe era
transmitida essa informação, e, por força do destino, como coitadinho
adolescente, coitado!

Assim se sentia ele, o amigo, quando também confabulava com os seus


pais, contando-lhes de como seria a sua rotina escolar, quando o seu pai
interrompeu-o para dizer-lhe que estudaria numa outra cidade por falta
de vaga nas escolas da cidade em que eles se encontravam, logo após a
triste notícia, ficou murcho só de pensar que não teria a sua melhor amiga
e nem a veria brilhar nas aulas e brilhar com ela como de costume, assim
pensava ele tristinho e mil formas pensou de como contar a querida
amiga sobre a decisão dos seus pais, e a pobre garota também pasmada
e infeliz ficou pela notícia outrora dada pelos seus pais, enquanto traçava
também manobras psicológicas de como tomar coragem para contar a
notícia ao seu muito amado amigo.

Terminada a conversa, correu para o telefone tentou ligar-lhe mas esta


desistiu, ao mesmo instante quando viu no celular a entrar uma
mensagem de alguém que dizia: — preciso falar contigo urgentemente,
era um número de estranho, mas ela desejou no fundo do seu âmago que
fosse do seu amigo, quando questionou quem fora o estranho que tinha
o imenso desejo de falar com ela urgentemente, e, não tardou segundos
chegou outra mensagem, em gesto de resposta que dizia, aquele que,
depois de Deus, ama-te mais do que seus pais e a si mesma, ela percebeu
RELAÇÕES EXTRAINTERESSES VENÂNCIO TIRO
24 Relações Extrainteresses

logo quem era e perguntou onde estava e disse estou na sua sombra, ela
sem perceber não questionou por ser a sua última mensagem que acabara
de enviar, mas um pouco confusa porque este estranho que quase se
identificava através de um interrogatório, dava-lhe indícios, o seu
instinto que fosse o seu amigo, mas que a última resposta dele parecia-
lhe muito estranha e nova, e se fosse o seu amigo, não lha daria tantos
rodeios, isso deixou-a muito confusa e decidiu então ir no local donde
tem muitas vezes ficado com as amigas, mas lá não encontrou ninguém
além de uma chamativa sombra da figueira, sem demorar decidiu deixar
tudo para lá.

— Se estivesse mesmo interessado em falar comigo ligaria, disse ela para


si mesma, resolveu logo regressar para casa, passando douro caminho,
porém este dava acesso a outro local que por sinal era o mais favorito
dentre todos que gostavam de frequentar, pois ela ficava lá com o seu
melhor amigo, quando se aproximava do mesmo local começou a
lacrimejar, e, de imediato foi surpreendida pelo seu amigo dizendo-lhe
que estava atrasada, ela olhou para ele e sentiu toda tristeza a ir-se, mas
depois de um abraço bem forte o rosto deles cobriu.se novamente de
agonia, que não esperou mais nenhum suspiro para dizer que estudaria
numa outra cidade onde havia o curso que eles os dois desejariam fazer
por falta de vaga na cidade em que se encontravam, e este, o rapaz, sorriu
e festejou abraçando-a, levantando-a e girando-a inúmeras vezes, ela sem
perceber e inquieta comenta com tristeza dizendo-lhe que — não sabia
que querias se livrar de mim. Mas ele sorridente disse que — não me estou
a livrar-se de ti, também irei. Disse ele, e contou-lhe toda história de como
os seus pais tinham-no dado a informação e o porquê queria falar
urgentemente com ela e ela também contou até que, num forte abraço,
despediram-se e se separaram alegres e felizes.
Venâncio Tiro
25

No dia seguinte, fizeram as malas felicíssimos e a viagem correu-lhes


muito bem, lá, noutra cidade, ficaram e estudaram bem e muito felizes,
várias vezes já os confundiam, as pessoas pensavam que eles fossem
irmãos e outras, que eles fossem namorados, embora tenham, uma vez,
trocado beijos, eram só grandes amigos, assim se lembraram eles quando
prometeram jamais fazer aquilo.

Estudaram e se formaram, regressaram para a sua terra natal, não


demorou meses a jovem tornara-se noiva de um jovem rico e poucos
meses depois era o casamento e o grande amigo, que, depois de não ver
a amiga por duas semanas e inconformado com a ideia de ela continuar
noiva de uma pessoa, que para ele era alguém muito estranho, decidiu
pedir à grande amiga, que deixasse aquele homem e que ficasse com ele,
pois os longos anos de amizade e irmandade fizeram-no com que ele se
apaixonasse por ela, mas que por respeito a ela e à amizade deles,
decidira esconder por muito tempo e carregar aquela paixão como
Segredo de Estado, quando lhe chegou um convite para participar de um
casamento, ele abriu inacreditavelmente o convite, suspeitando de onde
teria vindo e acertou, era mesmo de sua amada amiga, dizendo que se ia
casar em breve e no cantinho superior direito do mesmo convite estava,
à esferográfica, uma manuscrita que dizia: meu amor eu confesso, nunca
vás sair da minha vida, estou casando com outra pessoa, mas o grande
amor da monha vida é você, se desse para mudar tudo e ficar contigo eu
mudaria… E ele chorou depois de ter acabado de ler o manuscrito.

Dois dias antes do casamento, ele decide procurar ela para então
confirmar a sua presença no casamento mesmo inconformado, e, ele
encontrara-a toda linda e em início de adornos matrimoniais, mas um
pouco envergonhada e não consegui olhar para o amigo com a mesma
veemência que antes, em seguida, este, o amigo, tirou as flores que
levava consigo escondidas e começou dizendo:

RELAÇÕES EXTRAINTERESSES VENÂNCIO TIRO


26 Relações Extrainteresses

__ “Agente morou e cresceu na mesma rua

Como se fosse o sol e a lua

Dividindo o mesmo céu

E eu a vi desabrochar ser desejada

Uma joia cobiçada

O mais lindo dos troféus

Eu fui seu guardião

Eu foi seu anjo amigo

Mais não sabia que comigo

Por ela carregava uma paixão

Eu a vi se aconchegar

Em outros braços

E sair contando passos

Me sentindo tão sozinho

No copo o sabor amargo do ciúme

Agente quando não se assume

Fica chorando sem carinho

E o tempo passou eu sofri calado

Não deu pra tirar ela do pensamento

Eu ia dizer que estava apaixonado


Venâncio Tiro
27

Recebi um convicto do seu casamento

Com letras douradas num papel bonito

Chorei de emoção quando acabei de ler…”5

Depois disso, ela abraçou-o fortemente e começou chorando, enquanto


ele continuava a falar, mas desta vez, na tentativa de tentar acalentá-la,
disse:

— Se eu soubesse que a vida é emergente.

E urgente.

Não te largaria nem por um triz.

Tampouco, voltar-me-ia para o nada, como fiz.

Nada, nada que agora me consome e sufoca do nada.

Uma chance eu tive.

Mas nela eu encobertei os meus olhos.

E abusei dos cegos.

Que mulheres lindas e belas como tu, que tive.

Queriam ver e ter.

Hoje, eu sei como o mundo não dá voltas.

Quando agente está parado.

5 Vavá-O Grande Amor da Minha V.mp3

RELAÇÕES EXTRAINTERESSES VENÂNCIO TIRO


28 Relações Extrainteresses

Ensinaste-me a estar parado e afincado.

Nas metas mal elaboradas.

Quando são melhores.

Do que as que o mundo nos oferece.

Agora a minha alma perece.

Querendo sentir e viver você.

Só em ti existe um amor diferente.

Que faz meu coração perecer tristemente.

Amando e sempre esperando e desejando você.

Quando, em seguida, um silêncio surgiu no meio deles, afinal, estavam


aos beijos que não a esvaziou o desejo de casar-se, muito pelo contrário,
aumentou ainda mais esse desejo, só que desta vez, não com o estranho
rico, mas com o tão conhecido querido e amado amigo de infância. E,
finalmente sem constrangimento e protestos o desejado casamento
aconteceu.

Caro leitor não nos pergunte nem se questione onde e como terá ficado
o jovem rico abandonado e/ou como foi a vida dos dois recém-casados,
pois reza o conto que todos tiveram um final e uma vida feliz. Pois nada
é infeliz quando a fazemos na base do Extrainteresse.

Mais uma vez, testemunhamos aqui uma inteira doação mútua e é isso
que nós chamamos de Relações Extrainteresses, pois como acabamos de
acompanhar o episódio, não era por causa do estudo que eles se tornaram
tão íntimos, mas sim por causa de eles serem verdadeiros no
Venâncio Tiro
29

relacionamento deles que tiveram sucesso na escola bem como em outras


actividades que eles desempenharam.

Toda e qualquer relação estabelecida deve basicamente partir de um


verdadeiro espirito de entrega mútua, que possa solidificar a mesma, na
maior e melhor intenção de cultivar a socialização verdadeira, onde no
convívio, convivência e vivência quotidiana, as pessoas não encontrem
impasses e sanções de suas decisões. Por isso, convidamos ao seres
viventes que em exuberância das relações interpessoais que, desde tenra
idade, vimos a aprender, a emancipação e inserção do extrainteresse em
suas mais diversas formas de se relacionarem e corelacionarem-se umas
com as outras, que é por sinal uma parte fundamental nas relações
interpessoais, relações sociais, relações comunitárias e nas relações
conjugais.

Em todos estes tipos de relações encontramos ou é enquadrável a relação


extrainteresse, mas desconhecida porque nós seres humanos não
gostamos de ir mais além do que vemos, ou seja, conhecer a matéria com
que nos relacionamos pela sua essência, que, se assim o fizéssemos
muito antes mesmo de nos relacionarmos com alguém ou alguma coisa,
por ser algo optativo e de espontânea vontade, olhávamos para o valor
natural desta, e, desapegar-nos-íamos das suas qualidades externas, que
são os seus pertences exterior e que por sua vez também exterior à
construção do seu carácter.

As relações interpessoais, mais do que qualquer outro tipo de relação


carece, fortemente, do auxílio daquilo que nós chamamos de relação
extrainteresse por ser fulcralmente a inter-relação de pessoas e no
concernente às relações com pessoas, nada seria melhor nestas relações
senão a inserção consciente do extrainteresse como regulador ou linha
diretória para a solidificação de qualquer relação entre pessoas, pois é-
nos preocupante, que os humanos nas suas distintas formas de se
RELAÇÕES EXTRAINTERESSES VENÂNCIO TIRO
30 Relações Extrainteresses

relacionarem, despreocupam-se com a essência da própria pessoa ou


objecto pelo qual se vai relacionar. Pois, a ordem das essências é, em
Santo Agostinho, perspetivada em função da ordem da existência,

(Coutinho in DIDASKALIA 112), o que interessa-nos a nós, uma vez que

somos chamados a existência, não devemos somente preocuparmo-nos


com a vida, ou seja, em viver a vida sem antes olharmos para a sua
essência, isto é, olharmos na essência de tudo que venha a existir e que
possivelmente nos possamos relacionar.

Ao ser interessa-lhe a essência em função do agir, à investigação em


função da vivência, a essência interessa-lhe a própria essência em função
da existência e a existência em função do ser, para nós, assim acontece a
circularidade da essência, do ser e da existência. Então porque
investigação? É uma questão que podemos nos colocar uma vez que só
com a trilogia essência, ser e existência a circularidade que acabamos de
apresentar acontece sem sobreposição alguma, mas lembremo-nos de
que a essência faz a existência, da existência identificamos o ser e o ser
só é ser pela vivência e esta, a vivência, que acontece solidamente no ser
quando este, o ser, parte para a investigação, que o manterá em contacto
e em interação com os seu semelhantes, ou com outros seres. Daí a sede
de nos relacionarmos inteiramente com os outros é fundamental e,
valorativo será, se olharmos para a essência de quem ou do que nos
estamos a relacionar com, porque nada nos valerá todo o nosso empenho
de estabelecermos qualquer relação e o valor que venhamos dar à vida
nas mais distintas formas de relação, se ignorarmos a essência.

Referimo-nos da essência de todas as coisas passiveis a existência, ou


seja a essência de todos os seres, pois além das relações entre pessoas,
outros seres também se relacionam, contudo, é sabido que existe:
Venâncio Tiro
31

Relações ecológicas que são as interações que ocorrem entre os seres


vivos. Essas relações podem ocorrer entre indivíduos ou animais de uma
mesma espécie ou de espécies diferentes.

E estas mesmas relações ecológicas podendo ocorrer entre indivíduos ou


animais de uma mesma espécie, são classificadas como relações
intraespecíficas, ou de espécies diferentes, como relações
interespecíficas. Além dessa classificação, as relações ecológicas podem
ser tidas como harmônicas ou desarmônicas.

Harmónicas quando traz benefícios a todos os envolvidos, ou traz


benefício a um, mas sem causar prejuízo ao outro organismo envolvido
na relação; é também conhecida como positiva.

Desarmónicas quando causa prejuízo para algum dos envolvidos; é


também conhecida como negativa.

A biologia, ciência da vida, nos trás esses conceitos em função da vida


selvagem dos animais, incluídas as suas atitudes ou carácter de presas
e/ou de predadores. Na realidade humana, também encontramos tal
harmonia e desarmonia tudo porque afinal, quando nos relacionamos
com alguém, esse mesmo relacionamento pode ser, ou benéfico para os
dois ou somente para um, ou ainda para nenhum dos dois interactuantes,
tudo isso porque? Porque eventualmente terão eles ou um deles
esquecidos do extrainteresse, aqui, é e deve ser imperioso o
extrainteresse, porque sem sombras de dúvida se o relacionamento não
tiver satisfação mútua nem autorrealização é porque elementos externos
ao carácter da pessoas ou do ser está sendo o elo deste mesmo
relacionamento, fazendo dele um fracasso ou um relacionamento
negativo ou desarmónico, o que não aconteceria se ambos actores fossem
satisfeitos com o mesmo, e no mesmo relacionamento.

RELAÇÕES EXTRAINTERESSES VENÂNCIO TIRO


32 Relações Extrainteresses

Queremos assim dizer que os relacionamentos positivos ou harmónicos


entre os seres são encontrados na base do extrainteresse, não devendo
sim, relacionar-se com o sujeito A ou B por este ser alguém do tipo
*Xique6, Xeque ou Xoque, sendo esta, uma tricotomia que vem arruinado
muitos vidas e muitos relacionamentos, na maioria das vezes, bem
(xi)chiquemente edificadas, mas que lhes faltavam apenas o
extrainteresse, para não se deixarem guiar pelo chique, nem pelo xeque
muito menos pelo xoque para então edificar um ou outro relacionamento,
mas substituindo o senhor Xique pela querida essência, o mano Xoque
pela honrosa companheira existência e o vizinho Xeque pelo presado ser
vivente de índole irrepetível.

2.4. Os preceitos das relações interpessoais

“A existência humana é dramática, antes de mais, por esta razão de fundo:


o homem vive longe de Deus, quando o seu lugar natural é Deus. O drama
adensa-se porém na medida em que se vê constrangido a conjugar este
peso com o contrapeso do amor desordenado das criaturas a
concupiscência ou visco do falso amor. Aí o homem vive o risco de se
perder, carecendo de uma bússola para se orientar. Essa bússola é a lei
moral. Ora, essa lei do agir fundamenta-a Agostinho na lei do ser.”
(Coutinho 113)

Esse pensamento agostiniano expresso por Coutinho mostra-nos que a


primeira regra de vida dos seres é Deus, que os chamou a existência e
lhes deu a essência, mas que estes, de modo fulcral o ser humano, afasta-
se de Deus, afastando.se assim das regras diretórias da vida, por causa
das suas concupiscência o que associa o nosso autor ao falso amor, e
para nós compreendermos a nossa abordagem, esse falso amor é,
certamente, aquele que surge em função de um estímulo exterior à

6
Normalmente grafado CHIQUE com sinonimo de belo, elegante, etc. mas nós grafámo-lo com X
para existência dos três X, porém, mantendo o seu sinónimo.
Venâncio Tiro
33

pessoa ou ao ser com o qual nos queremos relacionar ao contrário


diríamos, que o verdadeiro amor surge quando pautamos pelo
extrainteresse este, que, para nós, promove a pureza, a verdade e a
simplicidade ao invés da concupiscência, da lascívia e da luxúria.

E, para a práxis do extrainteresse para quem realmente deseja pautar por


um relacionamento real, sério e verdadeiro, sugerimos a prática das
regras de convivência, alistadas abaixo, na base do interesse
desinteressado e do amor ao amar, isto é, do extrainteresse.

2.4.1. Os Dez Mandamentos das relações interpessoais7

1. Fale com as pessoas: Nada é tão agradável e animador quanto uma


palavra de saudação, de amor, de amizade, carinho, de motivação, de
apoio, etc. e falar com quem precisa da nossa motivação, ou seja, o falar
com alguém descontrai e remove a tensão cerebral, além de animares a
quem tu dialogas com ele, curas-te a ti próprio e proteges-te de muitos
riscos de doença. Dê uma palavra amiga que ganhas uma amiga na vida.

2. Sorria para as pessoas: Lembre-se de que acionamos 72 músculos


para franzir a testa e somente 14 para sorrir. Incrível não é? Enquanto
mostramos um rosto enrugado por um simples motivo à alguém, na
tentativa de poupar palavra e evitar fazer muito esforço e poupar energia,
acabamos gastando mais, afinal de contas, acionaríamos menos
músculos sorrindo e menos trabalho seria para o nosso corpo, além do
mais os médicos afirmam que sorrir faz bem a saúde, então nada melhor
do que sorrir para os outros e com os outros quando a vida nos dá
qualquer oportunidade para sorrir.

7
Texto de Priscila de Loureiro Coelho – Relações Humanas - Publicado no Recanto das Letras em
28/05/2006 - Código do texto: T164899.
FRITZEN, Silvino José. Relações humanas interpessoais. Petrópolis, 1999, 10ª Edição – Editora
Vozes
RELAÇÕES EXTRAINTERESSES VENÂNCIO TIRO
34 Relações Extrainteresses

3. Chame as pessoas pelo nome: Para muitos, ouvir seu próprio nome
soa-lhes como uma música suave, até mesmo quando estão frustrados,
tristes ou cabisbaixos. A filosofia da linguagem apresenta-nos como uma
das funções da linguagem a função existencial, esta porém, consiste na
evocação das coisas, pessoas ou seres no geral e enquanto os evocamos
fazemo-los existir, assim também acontece quando chamamos alguém
pelo seu próprio nome, sente-se vivo e presente.

4. Seja amigo e prestativo: Se você quiser ter amigos, seja amigo.


Acredite na forma da união. E para saber se estas a ser prestativo ou não
é pela forma como os seus amigos o tratarão, ao lidar com eles é bom ser
extrainteresseiro e não interesseiro, podes até ser intrainteresserio, mas
cuidado que isso gera o egocentrismo senão mesmo a egolatria, portanto
saiba se posicionar diante dos teus amigos sendo útil quando eles
precisam de ti, não cobre muito deles quando lhe mostrarem até aonde
eles podem. Mas essa regra não nos chama a sermos somente prestativo
para com os nossos amigos, mas também para com todos que nos
circundam e em toda a parte onde quer que nós atuemos, e na base do
diálogo, ser sempre o agente da tolerância e na base do extrainteresse a
convivência

5. Seja cordial, sincero e transparente: Tudo o que você fizer, faça com
prazer, zelo, amor e dedicação, tudo que tu dizeres diga com delicadeza,
ternura, afecto, emoção apropriada e realismo, pois dele depende a sua
reputação, e na construção da reputação está em causa o seu nome, já
sabemos que, se este for motivo de escárnio, a suave melodia do seu
nome que alegra a hipófise através dos tímpanos, será a mais horrenda
involuptuosa melodia a ensurdecer-lhe os ouvidos.

6. Interesse-Se sinceramente pelos outros: Lembre-se de que você tem


conhecimento apenas de seus saberes, e não dos outros. Seja
sinceramente interessado pelos outros, aprenda com eles e seja humilde
Venâncio Tiro
35

ante dos outros para que haja espaço de inter-relação, aproximasse de


qualquer pessoa por ela ser o que é e não por tudo que ela tem ou possui
a tornou, ou seja, extrainteresse sempre e sempre.

7. Seja compassivo em elogiar e cauteloso em criticar negativamente:


Os seres humanos na qualidade de seres racionais devem saber: elogiar,
saber encorajar, incentivar e elevar a autoestima dos seus congéneres.
Não ser um abusado quando for a emitir a sua opinião a respeito d’algo
ou d’alguém, ser sincero significa elogiar o que está bom e merece
aplauso, e criticar negativamente com delicadeza o que está mal, mas
ainda que esteja muito mal, obedecer a ordem da argumentação
edificante elogio parcial ou caloroso em função do que se observa,
crítica e sugestão para melhorias, pois nada vale se criticarmos
negativamente algo ou alguém e não damos sugestão de como deve ou
deveria ser ou estar.

8. Saiba considerar os sentimentos alheios: Respeite quem pensa e


sente o que você sente. Normalmente, as pessoas pensam e sentem a
mesma coisa e coisas diferente num determinado instante, assim como o
pensamento, nem sempre as pessoas pensam a mesma coisa ao mesmo
tempo, daí que nos é conveniente afirmar que nós pensamos o mesmo
que os outros pensam, mais algum pensamento a mais, e eles pensam
tudo que nós, e algum pensamento a mais, e diferente do nosso,
adicionado aos seus, porque nunca sabemos o que eles estejam a pensar.
Sentimos tudo que os outros sentem. Por isso deve se respeitar os
sentimentos dos outros, refletindo nos nossos, repetimos, não é fácil
sentir o que você sente, então respeite quem sente algo mais do que tu
sentes. Todavia os outros sempre sentem algo mais do que nos sentimos.

9. Preocupe-se com a opinião dos outros. Há três comportamentos de


um verdadeiro companheiro: ouvir, aprender e saber criticar positiva ou
negativamente. É iminente em nós as opiniões alheias uma vez que as
RELAÇÕES EXTRAINTERESSES VENÂNCIO TIRO
36 Relações Extrainteresses

relações não são desenvolvidas no singular mais sim numa coletividade


de a partir de dois elementos interactuantes, porém os outros nesta inter-
relação funcionam como a mão oposta em consonância para lavar o rosto,
por isso a suas opiniões são sempre uns dos verdadeiros motivos da
existência de qualquer tipo de relacionamento, principalmente o
extrainteresse.

10.Procure apresentar um excelente serviço: O que realmente vale em


nossas vidas é aquilo que fazemos para outrem, por isso o que fazemos
é sempre determinante para a nossa permanência no meio ou ao lado dos
outros. O trabalho dignifica o homem, se o seu trabalho não é digno e
nem te dignifica então, meu amigo/minha amiga, aquilo não é trabalho.
É somente uma artimanha que andas a fazer, para ocupares-te na vida e
matares o tempo, entretanto, evite perder o seu tempo em astúcias
qualquer e procure um trabalho que lhe dignifique e que corresponda ao
conceito de trabalho sem atropelar a integridade de qualquer ser vivente
dotado de essência, pautando sempres pelo extrainteresse.

As regras são normalmente as diretrizes e guias de qualquer estado,


comunidade, grupo, interação ou relacionamento, por isso para se
estabelecer as relações extrainteresses, aconselhamos a prática destas
regras que, para nós promovem um relacionamento na base da verdade,
lealdade e sinceridade.

Nas relações conjugais muitas vezes o fim último, que muito interessa,
nos dias de hoje, às pessoas, que voluntariamente entram para um
relacionamento conjugal, tem sido o prazer sexual, as posições sociais
ou os bens materiais, enquanto deveria ser diferente porque na essência
esses não são o fim último das relações conjugais, mas sim o
complemento do ser incompleto que procura preencher o seu vazio nas
relações e interação com o outros. Somos todos interdependentes uns
dos outros porque é no outro que encontramos a nossa realização
Venâncio Tiro
37

pessoal, satisfação, onde encontramos a paixão, o amor e o desejo de


termos alguém do nosso lado para nos fazer amado, e valioso, é isso
mesmo, o amar partilhado e a comunhão em si com os outros faz-nos
sentirmo-nos valiosos, pois como nos diz a encíclica youcat do Papa
Bento XVI “Deus dispõe o homem e a mulher um para com o outro para
que estes não sejam mais dois, mas sim um só ser (cf: Mt 19, 5). Desta
forma devem viver no amor, ser fecundos e assim tornar-se sinal de Deus,
que nada mais é que amor transbordante. Deus criou o ser humano como
homem e mulher Ele os fez para um para o outro e para o amor, os
concebeu com desejos eróticos e com a capacidade ter prazer Ele criou-os
para transmitirem a vida, sendo da vontade de Deus o homem e a mulher
precisam se encontrar num prazer erótico sexual, para se unir cada vez
mais profundamente um ao outro em amor e fazerem nascer filhos como
fruto de seu amor (Bento XVI 64, 400, 417)

Ser homem ou mulher é uma marca profunda do ser humano, pois


implica duas formas diferente de se relacionarem com o meio e com os
outros, duas formas de pensar, duas formas diferente de sentir e de agir,
mas Deus quis que fossem um para com o outro e se complementassem
no amor, Deus fez o homem e a mulher diferentes em tudo, por isso o
homem e a mulher atraem-se sexual, afectiva e emocionalmente.

Quando alguém ama uma coisa de verdade, tem tanta vontade dessa
coisa, que sai de si para se entregar a ela, um músico, um artista plástico
ou um jogador, por exemplo, esta disposto a sair de si e doar-se para a
sua paixão artística, uma educadora de infância dispõe-se inteiramente
em prol das crianças com as quais lida, uma mulher, não diferente do
dito, também dispõe-se inteiramente para o marido a quem ama, o
mesmo acontece com qualquer profissional que vive a sua paixão naquilo
que tanto ama, ou com o marido que tanto ama a sua mulher. Mas a bela
forma de amor neste mundo, afirma-nos o Papa, é, sem sombras de

RELAÇÕES EXTRAINTERESSES VENÂNCIO TIRO


38 Relações Extrainteresses

dúvidas, o amor entre um homem e uma mulher, no qual duas pessoas


se entregam mutuamente para sempre, porém esse amor humano é um
reflexo do amor de Deus, porque quanto mais o homem ama mais se
parece com Deus, o amor deve interceder toda a vida de uma pessoa, o
que, no entanto, acontece puramente quando um homem e uma mulher
se amam e no matrimonio se firmam como união de mais belo e perfeito
amor.

Amar é doar-se e viver dentro daquele a quem se ama, e completado


quando este revela em nós a sexualidade inata nos humanos, a
sexualidade e o amor estão inseparavelmente unidos, pois o encontro
sexual necessita de um contexto de amor fiel e verdadeiro, quando a
sexualidade é separada do amor e se preocupa apenas com a satisfação
física, é imediatamente destruído o sentido de união sexual entre homem
e mulher, pois a fusão sexual é a mais bela expressão corporal e sensual
do amor. As pessoas que procuram sexo sem amar vivenciam uma
autêntica mentira, porque a proximidade dos corpos não corresponde à
proximidade dos seus corações, é porém um contacto fora do
extrainteresse, o que não é nom e nem edifica ninguém. Reflitamos no
seguinte, quem não leva a letra certa a expressão (palavra) da qual deseja
grafar, aquela expressão deixa de ser a mesma que ele desejou ou ainda
podendo ser uma não expressão (não palavra). E, nos seres humanos o
sexo torna-se desumano, degradando-se num vago meio de prazer e não
passa de mercadoria a carregar à hipófise. Portanto só um amor unitivo
e estável cria espaço para uma sexualidade que é vivida com humanidade
e felicidade duradoura, fortalecendo os corações. Portanto, caríssimo
amigo/amiga ame com tudo que puderes, é no amor que a vida tem valor.
Venâncio Tiro
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3. CONCLUSÃO

Esperamos tê-lo deixado muitas dúvidas, caro leitor, a respeito das


relações extrainteresse, pois para que esse assunto seja levado a cabo
nas nossas mais devesas formas de relacionamentos, investigando em
nosso modus vivendum, a veracidade de todo dito aqui, contudo é de
facto encontrado, o extrainteresse, em todas as formas de
relacionamentos ou interação, que os seres vivos podem estabelecer, isto
é, quer os animais, quer as plantas, quer os humanos, todos se
relacionam com seres da mesma espécie e/ou d e uma outra espécie, pois
a vida em si oferece a interdependência de todos os seres, ou seja, as
plantas dependem parcialmente para se rejuvenescerem e não só, os
humanos das plantas pelo oxigénio e não só, assim como os animais dos
humanos e das plantas e vice-versa.

RELAÇÕES EXTRAINTERESSES VENÂNCIO TIRO


40 Relações Extrainteresses

4. BIBLIOGRAFIA

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https://www.infoescola.com/ecologia/principio-de-gause

Texto de Priscila de Loureiro Coelho – Relações Humanas - Publicado no


Recanto das Letras em 28/05/2006 - Código do texto: T164899.

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