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O guia do

baterista

Moderno
Rafael Marcolino

Como dominar as ferramentas essenciais para ser


mais técnico e criativo na bateria.
Aplicações práticas de rudimentos em grooves e
viradas.
Conhecimentos gerais para atingir um nível mais
alto de performance e domínio do instrumento.

SUMÁRIO
SUMÁRIO

03 Introdução

Melhore sua Técnica


05 aquecimento com Subdivisões
06 os Rudimentos mais importantes na bateria
07 A Busca por Velocidade

Torne Seus Grooves Mais Criativos


11 Aplicando Toques Duplos no Groove
12 Grooves com Paradiddles
15 Deslocando o Backbeat
16 Notas Fantasmas

Viradas
18 Colocando as viradas “dentro” do groove
20 Virada Linear com Herta

Introdução
Fala batera!

Meu nome é Rafael Marcolino, sou


baterista profissional e criador do
Drum’o Sapiens, uma plataforma
totalmente dedicada ao conteúdo
didático da bateria. Por este canal eu
venho postando videoaulas gratuitas
semanalmente, abordando dicas e
informações sobre como melhorar sua
técnica de forma geral, como aplicar
rudimentos em grooves e viradas, como
se tornar um baterista mais criativo,
entre outros. Sempre tento formatar as
aulas de forma organizada pra você utilizar essas ferramentas na prática e evitar perder
tempo estudando coisas soltas sem muito foco e objetivo.

Após meses consecutivos criando essas aulas e recebendo muitos feedbacks positivos
de bateristas por todo o Brasil, eu decidi organizar ainda mais esse material e te ajudar a
guiar os seus estudos e seu caminho para se tornar um baterista melhor!

Os assunto aqui abordados foram baseados na minha própria trajetória como baterista e
também observando várias deficiências e ambições em comum de diversos alunos que
estudaram comigo ao longo dos anos. Muitos desses exercícios e estratégias, que eu
utilizo diariamente nos meus estudos, têm trazido ótimos resultados a vários bateristas
de níveis e idades diferentes, e agora estão disponíveis de uma forma bem direcionada
neste método.

“O Guia do Baterista Moderno” não é apenas um livro de exercícios. Todo esse material
foi compilado e organizado a partir de videoaulas específicas, portanto cada módulo
deste livro vem com um link para você acessar uma videoaula completa sobre aquele
assunto ou exercício. Se você tiver
qualquer dúvida, basta postar nos
comentários de cada vídeo que eu
mesmo terei o maior prazer em te
responder.

Então pegue suas baquetas e seu


pad, ou sente na bateria e vamos
estudar!

Um abraço,

03

Melhore sua técnica


Aquecimento com Subdivisões


Pra entender o quão fundamental é o domínio das diferentes subdivisões, precisamos falar
rapidamente sobre o que é o ritmo. Ritmo é a divisão espacial do tempo. Parece um papo
muito abstrato, mas na prática é exatamente o que fazemos como bateristas, dividimos e
subdividimos o tempo com diferentes sons para criar o ritmo. Por exemplo: já se perguntou o
que significa a sigla “BPM”, que é a unidade de medida do tempo no metrônomo? “Batidas
por Minuto” é a resposta, que é bem autoexplicativa. Se seu metrônomo está marcando o
tempo em 80bpm significa que cada click é tocado em uma “distância temporal” de forma em
que caberiam exatamente 80 tempos dentro de 1 minuto.

Agora que entendemos que nosso papel como ritmistas é subdividir o tempo pra criar o
ritmo, podemos enxergar a importância de controlar com precisão todas as subdivisões sem
acelerar ou atrasar o andamento. É fundamental que você toque estes exercícios com o
metrônomo, só assim você vai poder identificar qual figura rítmica te puxa pra frente ou pra
trás no tempo. Eu, particularmente, gosto de usar esses exercícios como aquecimento todos
os dias.

Toque eles sempre alternando as mãos, não se preocupe em tentar tocar rápido. O objetivo
aqui é conseguir manter todas as notas em seu devido lugar, e tocar o mais “cravado”
possível.

Ex. 1

Ex. 2

Estas são apenas algumas sugestões de sequências de figuras rítmicas para você seguir, mas
você pode mudar a ordem das figuras ou incluir outras subdivisões (quintinas, septinas, ou

outras quiálteras).

Clique para assistir à aula completa:


https://youtu.be/Z2dsxQ0cV_A
aquecimento com subdivisões

05

Os rudimentos mais importantes na bateria


Os rudimentos são normalmente utilizados como ponto de partida no estudo da bateria. O


grande problema é que, em muitos casos, o estudo dos mesmos fica estagnado de forma
burocrática, fazendo com que muitos bateristas não tenham uma visão clara de como aplicar
estes rudimentos de forma prática na hora de tocar. Dá pra entender porque muitas pessoas
não se sentem motivadas a estudar no pad e enxergam os rudimentos como algo chato e
sem sentido.

Além disso é muito comum se basear na famosa “lista dos 40 rudimentos”, quando na
verdade a sua maior preocupação deve ser, principalmente, com apenas 2 deles: o Toque
Simples (Single Stroke Roll) e o Toque Duplo (Double Stroke Roll). A grande maioria dos
rudimentos existentes não passam de variações e combinações destes 2 que citei. Portanto,
é extremamente importante dominá-los para, a partir disso, ser capaz de tocar qualquer outro
rudimento com muito mais facilidade.

Meu objetivo ao desenvolver esses exercícios foi criar uma relação entre estes 2 rudimentos
de forma divertida afim de preparar sua técnica para ser utilizada na prática, alternando
diferentes

subdivisões e criando situações que proporcionem um real domínio dos toques
simples e duplos de forma eficiente.

Ex. 1

Ex. 2

Ex. 3

Uma dica importante para você conseguir manter a mesma dinâmica em todas as notas do
Toque Duplo: quando estiver estudando este rudimento em andamentos mais, lentos tente
sempre acentuar a segunda nota de cada mão! Quando seu corpo se acostumar com essa
mecânica, você vai perceber que, quando for acelerando o andamento, os volumes das notas
vão se igualando. Sem essa abordagem, existe uma grande chance de, em altas velocidades,
o segundo

toque de cada mão ficar com um volume mais baixo que o primeiro. Desta forma

toques duplos soarão embolados e desequilibrados.
seus

https://youtu.be/1CgO8pueDJU
Clique para assistir à aula completa:
Os 2 rudimentos mais importantes

06

A busca por velocidade


A busca por velocidade na bateria é um assunto muito procurado e amplamente discutido


que, na minha opinião, deve ser tratado com muito cuidado. Muitos bateristas enxergam a
velocidade como objetivo final, o que em muitos casos acaba se tornando motivo de
frustração para os mesmos.

A velocidade deve ser vista como uma consequência do controle. Quanto melhor for o
seu movimento, mais controle você vai adquirir e, consequentemente, terá mais facilidade em
tocar em andamentos mais rápidos. A partir deste conceito desenvolvi alguns exercícios para
trabalhar as mãos e os pés com o objetivo de adquirir um controle maior abrindo assim um
caminho para tocar em altas velocidades.

Velocidade com as mãos


Mesmo que o objetivo seja utilizar estes exercícios para ganhar velocidade com as mãos, o
foco inicial deve ser a obtenção de um controle e de uma consciência maior dos seus
movimentos. Além disso suas 2 mãos devem estar equalizadas, e estes exercícios foram
desenvolvidos justamente para que você possa comparar as 2 mãos isoladamente e melhorar
a sua mão fraca. Em muitos casos, a mão fraca é o principal impeditivo de tocar em altas
velocidades, mas nem sempre isso é algo fácil de identificar. Comece em andamentos lentos
e vá

acelerando aos poucos, sempre tentando manter as mãos o mais relaxadas possível
enquanto toca.

Ex. 1

Ex. 2

Ex. 3

Ex. 4

Clique para assistir à aula completa:


https://youtu.be/CEAWNoZXgZo

Velocidade com as mãos

07

Velocidade com os pés

Uma forma interessante de visualizar o movimento dos pés é fazendo uma comparação direta
com o movimento das mãos. A baqueta é acionada de formas diferentes dependendo da
velocidade em que tocamos: quanto mais lento estamos tocando, mais utilizamos a
movimentação dos braços pra criar os espaços entre as notas. Conforme vamos acelerando,
este movimento vai sendo transferido para os pulsos e, por fim, para os dedos.

Quando tocamos os pedais com o Hell Up (calcanhar levantado) o movimento principal é


realizado pela perna. Em altas velocidades este movimento deve ser transferido para o
tornozelo, e é aí que muitos bateristas esbarram em dificuldades. Muitas pessoas não têm
facilidade em manter o tornozelo flexível para controlar o movimento do pedal, eu mesmo
sempre tive muita dificuldade com isso. A melhor forma de “liberar" os tornozelos é tocando
com o Heel Down (calcanhar encostado no chão), assim você foca exclusivamente nos
tornozelos para acionar o movimento dos pedais e, a partir disso, passa a utilizar
inconscientemente este movimento como parte do Heel Up também. Portanto, o objetivo
desses exercícios é que você toque todos eles tanto com o Heel Down quanto com o Heel
Up.

Musicalmente o Heel Up e o Heel Down têm objetivos bem diferentes. O Heel Up traz muito
mais volume nas notas e funciona melhor para ter velocidade e resistência ao tocar o bumbo.
O Heel Down é utilizado para ter mais controle ao tocar com dinâmicas mais fracas. Portanto,
é natural que os andamentos sejam bem mais lentos com o Heel Down. Lembre-se que o
objetivo aqui é desenvolver um melhor movimento com os pés para obter mais controle e,
consequentemente, mais velocidade.

Ex. 1

08

Ex. 2

Ex. 3

Ex. 4

Ex. 5

Ex. 6

Ex. 7

Se você utiliza o pedal-duplo ou 2 bumbos, faça estes exercícios com a perna esquerda pela
mesma quantidade de tempo que você fizer com a direita. A lógica é a mesma das mãos, se
você tem um movimento muito mais desenvolvido com 1 perna em relação à outra isso vai te

impedir de ganhar velocidade, mas nem sempre será perceptível.


Clique para assistir à aula completa:


https://youtu.be/SurskTz2V8c
Velocidade com o pé (ex. 1)


Clique para assistir à aula completa:
https://youtu.be/kwaIbJIZSQI
Velocidade e controle com o bumbo
(ex. 2 ao 7)

09

Torne seus grooves


Mais criativos

Aplicando toques duplos no groove


Agora vamos começar a aplicar alguns rudimentos no contexto do groove. A idéia aqui é
inserir os Toques Duplos em fusas de 3 formas diferentes: tocando todas as notas no hi-hat,
tocando todas as notas na caixa, ou tocando a mão direita no hi-hat e mão esquerda na
caixa.

Experimente estas 3 variações nos 2 grooves deste exemplo, depois tente aplicar os Toques
Duplos

desta forma nos seus próprios grooves.

Ex. 1.1

Ex. 1.2

Ex. 1.3

Ex. 2.1

Ex. 2.2

Ex. 2.3

https://youtu.be/MiAcyGW76AU
Clique para assistir à aula completa:
Aplicando toques duplos no groove

11

Grooves com paradiddles


Paradiddles são rudimentos muito interessantes para serem aplicados como grooves. Na
prática é relativamente simples traduzi-los do pad para o kit, mas para o ouvinte soa como
algo extremamente complexo. Da forma como vou aplicá-los, os padrões rítmicos das
variações de Paradiddles já criam automaticamente padrões de bumbo diferenciados e
texturas bem mais profundas.

Primeiramente precisamos entender quais padrões vamos utilizar e como é feita essa
transformação do rudimento em groove. Nos primeiros exemplos, utilizaremos o Single
Paradiddle e o Inward Paradiddle:

Single Paradiddle Inward Paradiddle

Para o primeiro exemplo, vamos criar uma combinação tocando o Single Paradiddle nos
tempos

1 e 3 (os que começam com a mão direita), e o Inward Paradiddle nos tempos 2 e 4
(os que começam com a mão esquerda):

O primeiro segredo para transformar este padrão em groove é simplesmente tocar as notas
da mão direita no hi-hat e as notas da mão esquerda na caixa. Para soar como um groove, é
fundamental respeitar as acentuações dos paradiddles apenas na cabeça dos tempos. Desta
forma o backbeat estará naturalmente nos tempos 2 e 4, e as outras notas da caixa

funcionarão como ghost notes.

Para completar o groove, basta inserir os bumbos nos tempos 1 e 3, junto com os acentos da
mão direita no hi-hat. Uma outra abordagem pode ser tocar os bumbos junto com todas as
notas da mão direita. Eu gosto bastante de alternar 1 compasso com cada um desses
padrões de bumbo, tocando apenas nos tempos 1 e 3 no primeiro compasso e, no segundo,
tocando junto com todas as notas do hi-hat, de forma a criar um padrão mais variado de 2

compassos, como no exemplo abaixo:

12

Podemos criar um groove completamente diferente somente invertendo os padrões de


paradiddles que estamos utilizando. Agora vamos tocar o Inward Paradiddle nos tempos 1 e 3

(começando com a mão direita), e o Single Paradiddle nos tempos 2 e 4 (começando com a
mão esquerda):

Utilizando a mesma lógica do primeiro exemplo, temos o seguinte groove:

https://youtu.be/cNAmVGcSXdE
Clique para assistir à aula completa:
Grooves com single e inward paradiddle

Agora vamos incluir outras variações de Paradiddles para construir um groove um pouco mais
complexo. Além do Single Paradiddle, vamos utilizar o Paradiddlediddle e o Double
Paradiddle neste próximo exemplo.

Single Paradiddle

Double Paradiddle

Paradiddlediddle

13

Tanto o Double Paradiddle quanto o Paradiddlediddle são padrões de 6 notas, portanto são
originalmente escritos em sextina. Porém, nosso groove será todo tocado em semi-colcheias.

Neste caso, agruparemos estes 3 padrões da seguinte forma: Paradiddlediddle > Double
Paradiddle > Single Paradiddle. Desta forma temos 16 notas no total (6+6+4), o que completa

perfeitamente um compasso em 4/4 dividido em semi-colcheias:

Após se acostumar com esta sequência, faça a mesma movimentação dos exemplos

anteriores, toque as notas da mão direita no hi-hat e as notas da mão esquerda na caixa:

Para

completar o groove, podemos tocar o bumbo junto com as acentuações da mão direita,
que neste caso são no tempo 1 e no “e" do 2:

Por fim, tocando o bumbo junto com todas as notas da mão direita, temos o seguinte groove:

Agora é a sua vez de criar seus próprios grooves combinando diferentes variações de
paradiddles!

Clique para assistir à aula completa:


https://youtu.be/Z0QXLv2-ars
Groove com paradiddles
(single, double & paradiddlediddle)

14

Deslocando o backbeat

Alguns elementos do groove possuem nome próprio. O Backbeat, por exemplo, é marcado
pelas acentuações da caixa dentro do groove. Os grooves padrões de estilos como o Rock,
Pop e Funk possuem o backbeat nos tempos 2 e 4. Uma forma descontraída de entender isso
é identificando onde seria natural “bater palmas” para acompanhar o ritmo.

Uma forma simples e muito eficaz de transformar completamente um groove é deslocando os


backbeats, ou seja, mudando a posição das caixadas principais do groove dentro do
compasso.

Vamos utilizar um groove bem simples como base para fazer este deslocamento:

Começaremos atrasando os backbeats em colcheia. Podemos fazer isso com cada backbeat
separadamente: no primeiro exemplo vamos deslocar o que cai no tempo 2, e no segundo
exemplo vamos deslocar o que cai no tempo 4. Perceba que apenas este movimento de
atrasar a caixa da cabeça do tempo para o “e” já muda completamente a sonoridade do

groove.

Ex. 1

Ex. 2

Para os próximos exemplos, vamos deslocar o backbeat em semi-colcheia. No exemplo 3


nós vamos adiantar a caixa do tempo 2 para o “a” do 1, e no exemplo 4 vamos atrasar a
caixa do tempo 4 para o “i” do 4.

Ex. 3

Ex. 4

Clique para assistir à aula completa:


https://youtu.be/0FI-d3JaB1E
Deslocando o backbeat

15

Notas fantasmas

Também conhecidas por seu nome em inglês (Ghost Notes), as Notas Fantasmas criam uma
textura a mais no groove. Nem sempre são claramente percebidas pois, como o nome
representa, são notas tocadas em volumes muito baixos na caixa com o objetivo de criar uma
camada sonora bem sutil dentro do groove. Essa sutileza pode não ser tão audível, mas é o
suficiente pra criar climas bem diferentes quando aplicada.

A grande dificuldade em executar as Notas Fantasmas está no controle necessário para tocar
as dinâmicas corretamente, mantendo o volume delas bem baixo e os backbeats bem
acentuados, sem alterar as dinâmicas das outras peças que estão sendo tocadas.

Para desenvolver esse controle de dinâmicas, é interessante começar tocando somente com
as
mãos, no hi-hat e na caixa, pra depois incluir a figura dos bumbos no groove. Vamos
trabalhar com 2 padrões de notas fantasmas diferentes:

Ex. 1

Ex. 2

Após se acostumar com esses padrões rítmicos e conseguir diferenciar o máximo possível os
volumes das Notas Fantasmas em relação à acentuação do backbeat, vamos incluir o bumbo
nos tempos 1 e 3 para completar os grooves. Neste caso, uma forma interessante de

executar o exercício é alternando o padrão de Notas Fantasmas a cada 4 compassos, assim


você desenvolve um controle ainda melhor com a mão que toca a caixa.

Ex. 3

Agora o desafio passa a ser a coordenação de tocar figuras mais complexas no bumbo junto
com

esses padrões de caixa. No exemplo 4, utilizaremos o padrão do exemplo 1 e, no 5, o
padrão do exemplo 2, mas agora com mais movimento no bumbo. Cuidado para não mudar a
dinâmica do bumbo quando este for tocado junto com uma Nota Fantasma na caixa!

Ex. 4

Ex. 5

Clique para assistir à aula completa:


https://youtu.be/X7oTHQzmJ-w
Notas fantasmas

16

Viradas

Colocando as viradas “dentro” do groove


Uma forma de tornar suas viradas mais musicais e funcionais é manter alguns elementos do
groove dentro delas. Eu utilizo muito essa estratégia, tanto que às vezes aplico de forma
inconsciente valorizando o groove dentro do contexto da música que está sendo executada.

Eu vou mostrar aqui um passo a passo pra você entender este conceito e poder aplicá-lo
praticamente em qualquer virada que fizer. Vamos começar com uma virada bem básica,
tocada em semi-colcheias nos tempos 3 e 4 do groove, começando na caixa e passando por
2 tons e surdo:

Ex.
 1

Desta forma a virada é algo totalmente destacado do groove, inclusive em relação às


frequências sonoras pois o grave do bumbo e os agudos dos pratos são totalmente
interrompidos no momento em que tocamos essa sequência de caixa e tons. Para
colocarmos essa virada dentro do groove vamos, na verdade, trazer os elementos principais
do groove para esta virada. No groove que vem sendo tocado, os downbeats são marcados
pelo bumbo nos tempos 1 e 3, e os backbeats pela caixa no 2 e no 4. Trazendo esses
elementos para a virada, então, substituiremos a primeira nota (que cai no tempo 3) da caixa
pelo bumbo, sendo tocado junto com o hi-hat. Assim o começo da virada acontecerá de
forma mais sutil, mantendo a sonoridade do groove. E substituiremos a primeira nota do
segundo tom (que cai no tempo 4) por uma nota acentuada na caixa, que fará com que o
backbeat seja mantido mesmo com a virada acontecendo.

Ex. 2

É uma movimentação relativamente simples, mas muito eficaz se sua intenção for aplicar
viradas de forma mais musical. Uma outra possibilidade que eu gosto de explorar é substituir
mais algumas notas dos tons pelo bumbo, criando padrões lineares e dando uma sonoridade
mais interessante com o grave do bumbo “cortando” a virada em alguns pontos. No próximo
exemplo, vamos substituir a primeira nota do tom 1 (que cai no “e” do 3) e a nota que sobrou
do tom 2 (que cai no “i” do 4) pelo bumbo. Além de ser mais legal sonoramente, na minha
opinião, também cria uma movimentação mais performática para quem está assistindo.

Ex. 3

18

Agora vamos fazer o mesmo passo a passo com uma virada em sextinas. O groove será o
mesmo, e a virada também será tocada nos tempos 3 e 4, mas agora ao invés de 2 notas em
cada peça faremos, inicialmente, 4 notas na caixa, 4 notas no tom 1, 2 no tom 2, e 2 no
surdo:

Ex. 4

Vamos colocar a virada dentro do groove incluindo o downbeat e o backbeat na virada


(bumbo

e hi-hat na primeira nota, e caixa acentuada no tempo 4):

Ex. 5

Como essa virada é em sextina, temos 12 notas ao invés das 8 do exemplo anterior. Neste
caso eu prefiro colocar “toques duplos” com o bumbo pra criar o efeito linear. Vou então
substituir

as 2 primeiras notas do tom 1 pelo bumbo, e também as 2 notas do tom 2:

Ex. 6

Para reduzir a quantidade de notas na caixa, podemos reorganizá-las para os tons criando
uma orquestração alternativa e, na minha opinião, mais interessante neste caso:

Ex. 7


https://youtu.be/O4P2jMc2s6I
Clique para assistir à aula completa:
Colocando a virada dentro do groove

19

Virada linear com herta


Utilizamos o termo “linear” quando tocamos uma sequência de peças isoladas, ou seja, não
temos mais de 1 peça sendo tocada ao mesmo tempo. Então esta virada será uma sequência
linear de mãos e bumbo utilizando um rudimento chamado “Herta” como figura principal.

O “Herta” consiste em tocar 2 fusas seguidas de 2 semi-colcheias alternando as mãos e


preenchendo assim o espaço equivalente a 3 semi-colcheias:

É importante entender e se acostumar com o padrão apenas utilizando caixa e bumbo para
depois

orquestrar pelo kit:

Ex. 1

O legal deste padrão é que, após se acostumar com ele, você pode orquestrar de várias
formas diferentes, inclusive explorando sons inusitados em viradas como os de alguns pratos,
por exemplo. Vou sugerir 2 exemplos diferentes aqui, mas o objetivo é que você crie suas

próprias orquestrações em cima deste padrão.

Ex. 2

Ex. 3

Assista ao vídeo com a explicação para entender melhor como você pode aplicar estas
viradas

e desenvolver este padrão a ponto de improvisar diferentes orquestrações com ele.

Clique para assistir à aula completa:

https://youtu.be/MSHE4cEGvs0
Virada linear com herta

20

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