Você está na página 1de 16

EDUARDO JOSÉ DA SILVA – R.A.

1163147
Convalidação Em Teologia

Heresias e modismos na Igreja Contemporânea à Luz da


Epístola aos Colossenses

Orientador: Profª. Esp. Andréia Cristina Faxina

Centro Universitário Claretiano

SANTO ANDRÉ

2015
Heresias e modismos na Igreja Contemporânea à Luz da
Epístola aos Colossenses

RESUMO

Este trabalho tem como objetivo mostrar que as heresias (ensinamentos que
não estão de acordo com a Bíblia Sagrada), estão presentes na Igreja Cristã
desde o seu surgimento, até nos dias de hoje, levando pessoas a se afastarem
da verdadeira santificação, e se esforçarem na tentativa de alcançar benefícios
da divindade através de seus próprios méritos, formando uma doutrina
alternativa para o verdadeiro cristianismo. Tomei como princípio o ponto de
vista protestante ortodoxo, porém o trabalho não deprecia à nenhuma
denominação que tenha seus dogmas e liturgias diferentes da base adotada.
Esta ortodoxia citada, tem como base as “Cinco Solas da Reforma”, ou seja,
são cinco frases em latim que definem os princípios fundamentais da Reforma
Protestante, as quais contrariam o ensino da Igreja Católica Apostólica
Romana, assim como tendem a refutar qualquer ensino que fuja dos seus
fundamentos. Estas frases são Soli Deo Glória (Glória somente à Deus), Sola
Fide (Somente a Fé), Sola Scriptura (Somente as Escrituras), Sola Gratia
(Somente a Graça) e Sola Christus (Somente Cristo).

Palavras-Chave: colossenses, cristianismo, heresia, igreja.


INTRODUÇÃO

Mesmo encarcerado, o Apóstolo Paulo viu a necessidade de escrever


uma carta à igreja de Colossos, que enfrentava problemas doutrinários,
ensinados por grupos de hereges, que se infiltravam na igreja cristã recém-
formada. Como exemplo, temos o ascetismo, ou seja, um grupo de pessoas
que se dedicam à extrema prática de exercício espiritual de devoção, de
mortificação (desprezo) do corpo e de quaisquer bens materiais, além da
submissão às penitências (ainda hoje praticado por seguidores de diversas
seitas), que consiste em obter-se o perdão de Deus através de sacrifícios.
Também o culto aos anjos (presente em algumas igrejas pentecostais e
neopentecostais modernas) fora introduzidos na igreja de Colossos.
Por que escolhi este tema?
Porque vejo que o problema enfrentado pela igreja de Colossos ainda se
repete nos dias de hoje, onde muitas pessoas não compreendem o sacrifício
de Jesus Cristo, e querem alcançar a santificação através dos seus próprios
esforços, que envolvem: jejuns para benefício próprio, ou seja, chamar a
atenção da divindade; diversas campanhas, cada qual com um nome e um
prazo de início e término, dependendo da finalidade, que comumente tem como
objetivo obter favores de Deus; adoração aos anjos, e qualquer tipo de
cristianismo alternativo que defenda seu ponto de vista antropológico.

1. SOBRE A EPÍSTOLA AOS COLOSSENSES

1.1. A Cidade E O Povo de Colossos


Na época de Paulo1, Colossos ficava na parte sul da antiga Frígia, que
se localizava a oeste da Turquia. Situada numa estrada comercial principal que
a ligava à Éfeso ao Oriente, tornou-se uma cidade muito importante (MARTIN,
2011). Heródoto2 descreve também como o exército de Xerxes foi parado pela

1 Para ver a biografia do Apóstolo Paulo, ler: O'CONNOR, Jerome Murphy. Ed. Loyola. SP.
2007
2 HERÓDOTO. Historia de Heródoto (484 a.C à 425 a.C.) – Livro VII – Polimínia.

http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/historiaherodoto.html. visitado em 13/03/2015


Grécia, tratando Colossos como “uma grande cidade da Frígia” (MARTIN,
2011, apud HERÓDOTO).
Conforme diz RENOVATO (2012), em Colossos também havia uma
bifurcação da estrada acima mencionada, que a levava para Sardes e para
Pérgamo, sendo este um dos motivos da sua importância quando estas duas
cidades eram sede de reinos independentes.
Sua importância comercial era devida em grande lugar ao seu lugar
como empório da indústria têxtil, porém esta importância diminuiu no período
romano, em grande proporção, já que as cidades de Laodicéia e Hierápolis se
expandiram, tornando-se mais prósperas (MARTIN, 2011).
Sua população consistia de nativos locais (frígios), gregos e judeus
(LOPES, 2011). Como parte do mundo grego, Colossos tinha acesso a todas
as idéias filosóficas daquele tempo, já que se tratava de uma cidade da Ásia
menor, um dos principais centros em que se difundiu a chamada "cultura
helenística, que era o resultado da combinação de elementos filosóficos-
religiosos gregos, persas e dos povos do Oriente Médio, processo que se
iniciou com as conquistas de Alexandre, o Grande, rei da Macedônia, e que se
acelerou com as conquistas romanas (RENOVATO, 2012).
Esta "miscigenação" cultural gerou um ambiente propício para a
proliferação de heresias que estavam invadindo a Igreja em Colossos.

2. O PORQUÊ DA EPÍSTOLA AOS COLOSSENSES

Epafras foi o fundador e era pastor em Colossos. Era um homem de


Deus, tanto que Paulo o chamou de “um fiel ministro de Cristo”, o que nos faz
pensar que era também um homem de oração. Todavia, se ouviu o Evangelho
em Éfeso, quando Paulo ali estava, e se morava em Colossos, o tempo que ele
esteve com Paulo foi pequeno (CHAMPLIN, 2011).
Segundo o mesmo autor, Epafras conhecia o básico, ou o mínimo
essencial. Ao que parece, Epafras não estava preparado para o ministério do
ensino e, não vendo outra alternativa, não demorou para fazer uma perigosa e
difícil viagem de navio até Roma, distante cerca de 1.300 km, a fim de se
encontrar com Paulo e pedir a sua ajuda (CHAMPLIN, 2011).
É provável que Epafras pretendia receber de Paulo o ensinamento
necessário e retornar a Colossos. Porém, não se sabe o motivo, mas a julgar
pelas declarações de Paulo, ele ficou preso em Roma – “Saúdam-te Epafras,
meu companheiro de prisão” (Filemom 1:23)
Os gnósticos, os ascetas, os sincretistas (adoradores de anjos) e os
judaizantes (legalistas), estavam se infiltrando na igreja de Colossos, e
ensinando heresias, confundindo assim a mente dos fiéis. (RENOVATO, 2012)
RENOVATO afirma que Paulo não teve outra escolha, a não ser
escrever a Epístola aos Colossenses e enviá-la por Tíquico. “Tíquico, irmão
amado e fiel ministro, e conservo no SENHOR, vos fará saber o meu estado; ”
(Colossenses 4:7).

2.1 Os Problemas Da Igreja De Colossos


Paulo entendeu que a igreja de Colossos estava seriamente ameaçada
pelas heresias. Falsos doutores haviam penetrado naquela comunidade e
estavam ensinando desconhecidas, as quais misturavam tendências ritualistas
com o ascetismo e especulações religiosas (se somente Cristo era o suficiente
para a Salvação).
Os desvios doutrinários sempre foram, são e serão uma ameaça dentro
de qualquer igreja cristã. A palavra heresia vem do grego hairesis, a qual têm o
significado de “escolha, seleção, preferência”. Daí surgiu a palavra seita, por
efeito de semântica (RENOVATO, 2012).
Grosso modo, seita torna-se um grupo de seguidores (hereges) de um
ou mais ensinamentos que fogem da ortodoxia (neste caso, ensinamento reto,
contido nas escrituras).

A igreja em Colossos estava sendo vítima de alguns grupos heréticos:

2.1.1. Os essênios
Partidários da seita judaica que floresceu no segundo século antes de
Cristo, e que se caracterizava pelo ascetismo, separatismo e pela
meticulosidade de seus membros. Dedicavam-se a rigorosos exercícios
espirituais. Começaram a desaparecer a partir do primeiro século da era cristã
(CHAMPLIN, 2011).

2.1.2. O gnosticismo
O gnosticismo é uma derivação de expressão grega “gnosis”, que
significa “conhecimento”. São dogmas do gnosticismo: a emanação, a queda, a
redenção e a mediação exercida por inúmeras potências celestes, entre a
divindade e os homens (RENOVATO, 2012).
Para o gnosticismo, a salvação era privilégio apenas de alguns, ou seja,
daqueles que conseguissem alcançar o “conhecimento”, no sentido esotérico.
Por este “conhecimento” chegariam a um verdadeiro entendimento do
Universo, pelo qual seriam salvos deste mundo e da matéria (MARTIN, 2012).
Para eles, Cristo não era o Verbo encarnado. Para os gnósticos, a carne
é má, e a matéria é má. Logo, não faria sentido um aeon (espírito evoluído)
como Cristo, contaminar-se com a matéria, tornando-se carne. Enfim, negavam
a encarnação de Cristo como o mediador entre Deus e os homens
(RENOVATO, 2012).
Para RENOVATO, o gnosticismo considerava o mundo totalmente mau,
assim, o Cristo não poderia ter sido uma encarnação real, e explicavam seu
aparecimento como sendo de natureza docética.

CHAMPLIN define a palavra docetismo da seguinte forma:

“A palavra Docetismo vem do termo grego dokéo, <<parecer>> - A


referência primária é ao suposto corpo utilizado pelo aeon (poder
angelical), ou segundo os gnósticos, pelo Logos. Esse corpo é
definido como uma sombra ou um fantasma, uma representação
teatral, mas não um verdadeiro corpo humano. Isso posto, o
docetismo negava a humanidade de Cristo. Isso significaria que o
envolvimento do Logos com a materialidade era apenas aparente, e
não real. Para os gnósticos, a matéria era o próprio princípio do
pecado, pelo que nenhum elevado ser divino se envolver-se-ia com a
matéria, sobre bases morais ou existenciais. Portanto, o Cristo
parecia estar envolvido na matéria, mas não estava. O docetismo é
uma maneira simples e popular de buscar solução para o problema
cristológico” (CHAMPLIN, 2011).

Uma corrente do gnosticismo ensinava que, sendo a matéria


essencialmente má, Jesus não poderia ter nascido como homem, tornando-se
um corpo material (CHAMPLIN, 2011).
Outra corrente afirmava que Jesus, na verdade era um homem, possuía
um corpo material, mas que no batismo, lá no Rio Jordão, Cristo desceu sobre
Ele, e Ele tornou-se Deus. Todavia, lá na cruz, Cristo ausentou-se, e Jesus
morreu como homem (MARTINS, 2012).

2.1.3. A prática da libertinagem


Era falsa a doutrina dos gnósticos sobre a prática da libertinagem como
meio de destruição do corpo. A prática da libertinagem ou licenciosidade, como
meio de destruição do corpo, por ser matéria e pelo fato da matéria ser má, não
era visto como pecado, mas como um benefício para o espírito (RENOVATO,
2012).

2.1.4. A prática do ascetismo


O ascetismo é a doutrina moral dos ascetas, que são pessoas que se
dedicam à devoção e penitência (MARTINS, 2006).
Ascese se define como prática do exercício espiritual de devoção, de
mortificação do corpo e de meditação religiosa (CALVINO, 2010).
CALVINO (2010) afirma que o asceta advoga o desprezo pelo corpo e
por todos os bens materiais, procurando muitas vezes, viver isolado do
convívio social.

2.1.5. A falsa doutrina dos judaizantes ou legalistas


Os cristãos judeus tiveram dificuldades para entender o papel, ou a
função da lei de Moisés. Os próprios apóstolos, incluindo Pedro, demoraram a
entender que após o sacrifício de Jesus, como Cordeiro de Deus, nenhum ritual
da lei necessitava ser mais observado (LOPES, 2011).
Para LOPES (2011), a doutrina dos judaizantes foi válida durante a
vigência da lei, mas agora na “Dispensação da Graça”, para a Igreja do Senhor
que estava em Colossos, bem como para a Igreja que está, hoje, em todas as
partes da terra, a doutrina dos judaizantes tornou-se uma doutrina falsa.
Sobre os judaizantes, Claudionor Corrêa de Andrade diz:

Judaizantes foi um movimento surgido nas primeiras décadas da


Igreja Cristã, cujo objetivo era forçar os crentes gentios a observar a
Lei de Moisés. Na verdade, o que esse movimento pretendia era
reduzir o Cristianismo a uma mera seita judaica” (ANDRADE, 2012).

Para os mestres judaizantes e demais judeus que, embora na igreja, não


eram convertidos, os gentios, assim que aceitassem a Cristo, deveriam se
circuncidar, para desta forma, passar a ser parte da descendência de Abraão
(CHAMPLIN, 2011).
Para outros do mesmo grupo, não bastava a circuncisão. Era necessário
que os crentes guardassem a lei de Moisés (MARTINS, 2011).

2.1.5. O culto aos anjos


Somos informados pela Bíblia, que os anjos são seres espirituais criados
(Hebreus.1:14). Orígenes supunha que não há diferença entre o espírito
humano e os anjos, excetuando o grau de queda (HANEGRAAFF, 2012).
Os demônios seriam espíritos caídos em grande escala, e os homens
em menor grau (CHAMPLIN, 2011).
Os falsos mestres estavam induzindo os crentes de Colossos a
envolverem-se num culto estranho, de natureza mística e esotérica. Era o
“culto aos anjos”, o qual conforme Colossenses 2:18, parecia uma combinação
de falsos ensinos judaicos com ensinos pagãos (MARTINS, 2011).
Raph P. Martin apresenta a seguinte opinião sobre o assunto:

“Nossa compreensão da situação em Colossos é ajudada se


considerarmos que todos os termos “servilidade” diante das forças
espirituais, ‘veneração aos anjos’ e ‘penetrando em visões que viu’
são lemas dos falsos mestres. Formavam o procedimento ritual
mediante o qual os devotos poderiam obter um conhecimento dos
“espíritos elementares do universo’ e alegar possuírem alguma
experiência esotérica que desvendasse o mistério da vida e do
destino. A conclusão de que os orgulho no conhecimento (gr. gnosis)
especial jazia à raiz do erro colossense parece certa...” (MARTIN,
2012).Uma prova final de que o verso 18 refere-se ao temor que os
hereges tinham dos deuses astrais que somente poderiam ser
aplacados (conforme acreditavam) mediante um regime de
ascetismo, de abstinência e de veneração aos anjos, é oferecida em
Colossenses 2:20 – Se morrestes com Cristo para os rudimentos do
mundo, por que, como se vivêsseis no mundo, vos sujeitais a
ordenanças? Paulo relembra o que aconteceu quando os cristãos
colossenses passaram, na sua experiência batismal, do paganismo
para a comunhão com Cristo. Pela união com Ele na Sua morte e na
Sua ressurreição, mediante a fé (2.12-15; Rm 6.4-5), passaram de
debaixo do controle dos poderes cósmicos e foram ‘transportados
para o reino do Filho do seu amor’’ (1:13) (MARTIN, 2011).
Por fim, Hernandes Dias Lopes (2011) afirma que os falsos mestres
estavam ensinando que era arrogância de uma pessoa tentar ir direto a Deus.

3. HERESIAS NA IGREJA DE COLOSSOS, VERSUS


HERESIAS CONTEMPORANEAS

Mesmo após quase dois milênios, algumas denominações, mantém os


mesmos ensinamentos errôneos usados pelos gnósticos e pelos mestres
judaizantes, tornando estes ensinamentos como dogmas, introduzindo-os na
igreja como uma forma de “reforço” para a salvação, ou seja, somente a morte
expiatória de Cristo não é o suficiente para justificar aquele que crê, e torná-lo
livre das suas transgressões, por conseqüência obtendo a salvação eterna da
sua alma.

3.1. O Ascetismo E A Prática Da Penitência


O ascetismo é uma doutrina que tem a ascese como elemento da vida
social e religiosa, praticada por monges de diversas religiões, cujo objetivo é
levar o homem a uma mortificação completa dos desejos da carne; que apesar
de seus aparentes méritos, é inoperante para mudar a natureza humana
(ANDRADE, 2012)
BROADUS (2006) aponta que uma das características que atraía
multidões para as pregações de Jesus, é que ele não foi um asceta rigoroso,
preocupado em manter-se longe de uma vida prazerosa. Pelo contrário, ele foi
acusado de ser beberrão, fanfarrão, por se misturar com pessoas que a
sociedade descriminava. Esse seu comportamento “boêmio” deu-lhe uma fama
de “beberrão”, “comilão”, fanfarrão, além de ser acusado de viver com pessoas
indecentes.
Há igrejas onde seus membros são submetidos a prática do ascetismo
(mesmo com boa intenção, confundindo-o com santidade) e proíbem seus
membros de viverem uma vida “normal”. Ricardo Gondim escreve:

“Moda, adornos, usos e costumes não constituem valores espirituais


em si mesmos; não fazem parte da lei moral de Deus; devem ser
concebidos como valores culturais. Não é negativa a abordagem
bíblica sobre a moda e sobre a utilização de adornos no corpo; a
Bíblia está repleta de passagens em que homens santos e o próprio
Deus participam em atividades de adorno. O conceito evangélico-
brasileiro sobre "vaidade" não se coaduna com o significado desse
termo, usado largamente tanto no Antigo como no Novo Testamento.
As roupas masculinas e femininas podem perder, com o passar do
tempo, suas repercussões culturais iniciais e, conseqüentemente,
deixar de ser um veículo de identificação da masculinidade ou da
feminilidade de alguém. Os trechos bíblicos usados para combater a
moda e o uso de adornos são comumente lidos de uma maneira
errônea. Muitos são tirados de seus respectivos contextos e
adaptados para sustentar a doutrina de uma determinada igreja e de
seus líderes. Os evangélicos brasileiros demonstram grande
fragilidade em compreender o real Significado da palavra "cultura".
Não sabem discernir eticamente sobre o que podem ou não
experimentar. Por exemplo, numa reunião de diretoria, numa
determinada igreja, decidiu-se que: Ir à praia ou piscina pública, ficar
seminu e tomar banho; ir à praia ou piscina pública e só assistir aos
banhistas e ficar no seu traje normal vendo o pecado, é proibido
segundo a Bíblia em: SI 1:1; Rm 6:12-13; 1 Co 5:8; Ap3:18; Ap 16:15.
Será que o lazer de uma piscina ou um banho de praia estão
proibidos aos cristãos que quiserem viver santamente? Ou será que
as igrejas que adotam essa política comportamental não entendem
corretamente as exigências morais de Deus” (GONDIM, 2008)?

A pena para estes e outros “pecados” (assistir televisão) variam de três


meses sem participar das atividades da igreja (como tomar Santa Ceia), até a
exclusão do rol de membros, no caso de repetição (GONDIM, 2008).
Já no Catolicismo Romano, o não cumprimento de seus dogmas pode
gerar penitências, que vão desde rezar várias vezes a “Ave Maria”, até
excomunhão (ANDRADE, 2012).
Segundo o mesmo autor, ao lermos 1João 1:7, saberemos que tais
práticas anulam o poder do sangue de Jesus Cristo, o qual nos purifica de toda
a iniqüidade.

3.2. A Guarda Do Sábado (Adventistas Do Sétimo Dia)


A guarda do sábado pelos Adventistas do Sétimo Dia, assemelha-se aos
preceitos adotados pelos judaizantes, o qual exigia que os novos cristãos
guardassem o sábado (MARTINS, 2011).
3.3. O Culto Aos Santos, Anjos E Maria – Mãe De Jesus
(Catolicismo Romano)

Vejamos algumas semelhanças entre a Igreja Católica Apostólica


Romana, e a igreja dos Colossenses:

“Ninguém vos domine a seu bel-prazer com pretexto de humildade e


culto dos anjos, envolvendo-se em coisas que não viu; estando
debalde inchado na sua carnal compreensão. E não ligado à cabeça,
da qual todo o corpo, provido e organizado pelas juntas e ligaduras,
vai crescendo em aumento de Deus” (Col. 2:18-19).

Considerando o que ensinavam os mestres do gnosticismo, que os anjos


eram “aeons”, ou “espíritos evoluídos” que operavam fazendo a intermediação
entre Deus e os homens, convinha tratá-los bem a fim de continuar merecendo
seus favores. Este “tratar bem” acabou evoluindo para uma forma de adoração,
ou para o culto aos anjos (MARTINS, 2011).
Neste mesmo erro incorreu a Igreja Católica Romana quando, a partir de
370 d.C. começou a introduzir os primeiros elementos de idolatria, com indícios
de Turíbulo3, paramentas e altares na Igreja, seguidos de oração pelos mortos,
sinal da cruz feito no ar, a proclamação de Maria como “Mãe de Deus” em 431
d.C., oficializando-se o seu culto definitivo em 609 d.C. A partir disto as portas
foram se abrindo para a implantação de práticas provenientes do paganismo,
onde em 787 d.C., deu-se início ao culto das imagens e relíquias, e finalmente
em 1100 d.C., oficializou-se o “Culto aos Santos Anjos” (CAIRNS, 2010).

3.3.1. Os sacramentos
Em seu “Terceiro Catecismo de Doutrina Cristã” a Igreja Católica diz
que:
“Pela palavra sacramento entende-se um sinal sensível e eficaz da
graça instituída por Jesus Cristo, para santificar nossas almas” (CHAMPLIN,
2011).
Desta forma, os sacramentos são veículos da graça divina, no ministério
do Espírito Santo, e, por conseguinte necessários à salvação espiritual, ao bem

3 Vaso em que se queima incenso no Templo. Incensário ou Incensório.


estar e ao desenvolvimento do homem. Constituem uma virtude tão grande,
podendo transmitir a graça mesmo na ausência da fé, como ocorre no caso do
batismo de crianças e na extrema unção (BROADUS, 2006).
Ao total, são sete os sacramentos, porém os demais não envolvem
nenhuma discordância com a Bíblia.

3.4. O Arianismo E As Testemunhas De Jeová


O Arianismo, criado pelo bispo Ário de Alexandria, ensina que Jesus
Cristo não é Deus, mas que foi criado como um ser humano, do tipo angélico,
com poderes e sabedoria especiais, mas não como sendo uma pessoa da
Trindade, como o Deus todo poderoso, assim como o Espírito Santo. Ao ser
crucificado, Jesus morreu para sempre, e o espírito angelical que nele
habitava, retornou aos céus. Assim sendo, a sua morte não tem poder
expiatório sobre a humanidade pecadora. Este pensamento tem a sua origem
no ebionismo, o mesmo ensinado pelos judaizantes para a Igreja de Colossos,
e adotado pelas Testemunhas de Jeová até os dias de hoje (COTHENET,
2012).

3.5. O JESUS DOS MÓRMONS


Este grupo afirma que Jesus Cristo não foi gerado pelo Espírito Santo, e
sim pela carne, através da união de Elohim [podem terem se baseado na
Mitologia Grega]4 e Maria. Afirmam ainda que foi polígamo, sendo casado com
Marta e Maria, irmãs de Lázaro, e também com Maria Madalena.
Supostamente a festa em Caná da Galiléia, onde houve o milagre da
transformação da água em vinho, seria um dos seus casamentos (MARTINS,
2011).
Semelhantemente aos gnósticos, os mórmons acreditam que
futuramente, casando dentro do mormonismo e seus rituais, atingirão uma
condição espiritual mais elevada, tornando-se como anjos. (COTHENET,
2012).

4 Os conchetes são meus


3.6. Congregação Cristã No Brasil
Uma característica que faz desta igreja uma seita, é o orgulho religioso,
pois eles acham que apenas os membros da Congregação Cristã serão salvos,
tanto que cristãos que migram de outras igrejas evangélicas para esta igreja,
devem se submeterem à um novo batismo nas águas (GEISLER, 2012).
Esta denominação não incentiva seus membros estudarem a Bíblia,
devendo serem orientados apenas pelas “revelações” que o ancião (pastor)
recebe, supostamente vinda do Espírito Santo. Se baseiam em Mateus
10:19,20; cuja passagem se analisada com cuidado, não desestimula o crente
a relaxar com seus estudos bíblicos (HENDRIKSEN, 2007).
CONCLUSÃO

Provavelmente os problemas daquela igreja foram resolvidos, até que


Colossos sumisse da história por motivos geográficos e comerciais.
Em relação aos dias e hoje, não mudou muita coisa. A igreja institucional
vem a cada dia explorando as suas ovelhas, e não oferecendo alimento de boa
qualidade.
Para se expandir, permitiu que o mundo externo a influenciasse, onde na
verdade deveria ser ao contrário, pois a missão da igreja é levar o pecador
perdido aos pés de Jesus Cristo, e não levá-lo para um teatro, ou palestra
carregadas de filosofia, que na maioria das vezes nem preparada foi, sendo
fruto da imaginação do próprio pregador, misturado com alguma coisa que ele
deve ter lido sobre o assunto em pauta.
A cada dia surgem novas heresias, novos modismos, novas “profecias”,
que me levam a pensar: Onde iremos parar desse jeito?
É claro que não posso generalizar, pois ainda existem líderes sérios e
comprometidos com Deus, mas, se fizermos uma analogia da quantidade de
denominações, membros, líderes, e remanescente fiel, teremos uma estatística
bem desproporcional, e infelizmente o último grupo citado perde
desproporcionalmente.
Mas, fica sob nossa escolha o caminho a prosseguir. Deus está pronto
para socorrer, ajudar e guiar as nossas vidas em tudo, fazendo que cada fim
enseje um recomeço. Sonhar conforme lhe convém, ou priorizar a vontade de
Deus? Agir por conta própria ou colocar-se debaixo da potente mão de Jesus
Cristo. Cada um decide, mas vale a pena lembrar: “Chegai-vos a Deus, e ele
se chegará a vós outros” (Tiago 4:8).
Enfim, a igreja cristã em geral precisa rever seus conceitos, seja ela
Católica Romana, Protestante (histórica, Anglicana, Batista, Metodista),
Pentecostal e até as Neopentecostais, fugindo dos modismos e heresias, e
olhar o ser humano como uma alma que precisa de constante alimento
saudável que vem do Trono da Graça.
A comunidade cristã carece até na hora da oração. Quando Jesus
deixou a oração modelo – o Pai Nosso – logo no início ela diz: [...] seja feita a
Tua vontade [...], porém hoje, o crente entra na igreja, se ajoelha ou não, pois
hoje em dia a se perdeu parte da reverência de estar na casa do Senhor, e, ao
invés de adorá-lo, como servos, já iniciam suas orações pedindo trabalho novo,
casa nova, namorado (a), benção para os políticos, líderes, ou seja, invertem o
papel, e acham que Deus é obrigado a ouvir as suas orações egocêntricas.
Analisando simbolicamente o livro de Apocalipse, hoje em dia somos
pretensiosamente chamados de Igreja de Filadélfia (Apocalipse 3:7-13), porém
estamos muito mais parecidos com a Igreja de Laodicéia (Apocalipse 3:14-22).
Creio que muitos acham que tudo está bem, e lendo estas palavras
discordariam do conteúdo aqui apresentado.
Na verdade, estas diferenças de opinião nunca terão fim.
BIBLIOGRAFIA

ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada. Edição Revista e Atualizada. SBB.
2012

ANDRADE, Claudionor Corrêa de. Dicionário Teológico. CPAD – RJ – 2012

BROADUS, David Hale. Introdução ao estudo do Novo Testamento - Ed.


Hagnos – SP - 2006

CAIRNS. Earle E. O Cristianismo através dos séculos. Uma História da Igreja


Cristã. Ed. Vida Nova. SP. 2010

CALVINO, João. Série comentários Bíblicos. Gálatas, Efésios, Filipenses,


Colossenses – Editora Fiel - 2010

CHAMPLIN, R.N. Enciclopédia de Bíblia, Teologia e Filosofia – volumes 1 ao 6


– Editora Hagnos. SP. 2011

COTHENET, E. As epístolas aos Colossenses e aos Efésios. Ed. Paulus. SP -


2012

GEISLER, Norman. Enciclopédia e Apologética. Ed. Vida. SP. 2012

GONDIN. Ricardo. É PROIBIDO. O que a Bíblia permite e a igreja proíbe. Ed.


Mundo Cristão. SP. 2008

HANEGRAAFF, Hank. CRISTIANISMO EM CRISE. Um câncer está devorando


a igreja de Cristo. Ele tem de ser extirpado! CPAD. RJ. 2012

HENDRIKSEN, William. Comentário do Novo Testamento. 1 e 2


Tessalonicenses, Colossenses e Filémon. Editora Cultura Cristã. SP. 2007

HERÓDOTO. Historia de Heródoto (484 a.C à 425 a.C.) – Livro VII – Polimnía.
http://www.ebooksbrasil.org/eLibris/historiaherodoto.html. . visitado em
13/04/2014

LOPES, Hernandes Dias. COLOSSENSES. A suprema grandeza de Cristo, o


cabeça da Igreja. Ed. Hagnos. SP. 2011

MARTIN, Ralph P. Colossenses e Filemom. Introdução e comentário. Ed. Vida


Nova. SP. 2011

MARTINS, Jaziel G. SEITAS – Heresias do nosso tempo. Ed. Ad. Santos. PR.
2011

RENOVATO, Elinaldo. Colossensses. A perseverança da igreja nestes dias


difíceis e trabalhosos. CPAD. SP. 2012

Você também pode gostar