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1 Coríntios 16

Coleta e Conclusão

1.1 Introdução
Neste capítulo o apóstolo aborda mais dois assuntos (v. 1, 12) antes de concluir sua
carta, assuntos estes formam transição natural da doutrina à prática. “Há uma
transição natural do discurso doutrinário concluida com uma exortação à diligência
prática (cap. 15) a uma expressão prática da fé—cuidado pelas necessidades de
outros, especificamente os irmãos necessitados em Jerusalém” (BKN).

1.1.1 Sequência de Assuntos


Este último capítulo trata de vários assuntos logicamente interligados:
 a coleta para os santos em Jerusalém (instruções à partir de uma pergunta
enviada a ele) (v. 1-4)
 falar da sua visita planejada (v. 5-9),
 e da possivel visita de Timóteo (exortar a recebê-lo sem desprezo) (v. 10-11)
 e informação acerca de Apolo (v. 12)
 exortação final (tudo feito em amor) (v. 13-14; 15-18)
 saudações (v. 19-24)

1.1.2 Estrutura
v. 1 “quanto à” peri de.
v. 12 “acerca do peri de.
Não é certa se fazem respostas a perguntas especificadas pelos coríntios por meio de
carta (comp. 7:1), ou se estes assuntos são levantados por Paulo.

1.1.3 Esboço
I. A Coleta e Viagem (v. 1-9)
II. Os Colegas: Timóteo e Apolo (v. 10-12)
III. Imperativos e Amor (v. 13-14)
IV. Recomendações e Exortação (v. 15-18)
V. Saudações e Conclusão (v. 19-24)

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1.2 A Coleta (16:1-4)

1.2.1 Introdução do Assunto


Esta coleta era destinada aos Santos em Jerusalém (v. 3)
 A pobreza dos irmãos em Jerusalém
Atos 3—tudo em comum
Atos 7ss—sofreram grandes perseguições
Era região sujeito a fome e escassez (cf Atos 11:27ss)
Pobreza era muito comum no mundo antigo (como em muitas partes, na
atualidade).
 A procedência do evangelho. Sua Posição como fonte do evangelho fazia
com que as igrejas (e.g. os Coríntios) eram devedoras a eles (Rom 15:27).
obs. a oferta era proveniente predominantemente de gentios, sendo assim
uma expressão de união com os irmãos judeus.
 A generalização—a coleta e ajuda era levantada entre várias outras igrejas
igrejas da Galácia, cf 16:1
igrejas da Macedônia, 2 Cor. 8:1
 O Período. A coleta foi feita durante a 3ª viagem missionária e entregue a
Jerusalém (At 24:17)
comp. Rom 15:26; 2 Cor 8:1-5

1.2.2 Instruções do Procedimento


obs. há instruções de cunho pessoal como também do procedimento corporal, feito
pela igreja.
A. Planejamento pessoal
 sistematicamente ou regular—todo domingo (BKN)
obs. será que tem um aspecto cultural, i.e. que o pagamento era diário ou
semanal em contraste com o nosso: quinzenal ou mensal?
 poupança
veja Ryrie, nota 16:2—“formando uma reserva particular”
 proporcional (“conforme a sua prosperidade,” v. 2)
cf. 2 Cor 8:12
feito por todos os crentes (“cada um de vós”) (um ministério unido da igreja)
participação sem respeito o nível social
comp. a viúva de Lc 21:1-4
graduada e não uma “taxa” ou valor definido
“na proporção da prosperidade que Deus lhe dá” (Ryrie, nota 16:2)
cf. Atos 11:27-29-30
calculada conforme a prosperidade
obs. que nem fala de uma porcentagem fixa. Até mesmo
“prosperidade” é uma identificação subjetiva.
B. Administração eclesiástica (corporal, i.e. pela igreja)
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 sistematicamente na coleta semanal (“vá juntando”, v. 2)
evitar algo apressado de última hora (v. 2.c)
evitar um apelo emocional ou pressão pessoal
constrangimento, despreparado, decisão excesso que afeta outros
compromissos
obs. não é correto entrar em dívida ao ponto de tirar do Senhor; não
é correto a inadimplência em nome de ofertar ao Senhor.
 retirado/ colecionado em reunião
obs. ofertar é cultuar; faz parte da nossa adoração; ao retribui uma pequena
porção daquilo dado por Deus, o ofertante reconhece que tudo pertence a
Deus e que ele é mordomo das cousas de Deus.
 despachado pela igreja inteira
apesar que alguns irmãos contribuissem mais ou menos que os outros, a
oferta era considerada proveniente da igreja coletivamente. Desta forma o
Cabeça da igreja é honrado em vez de algum membro.
 enviado por representantes
representantes escolhidos pela igreja
oferta enviada “em mãos” (comp. Atos 20:4 no contexto).

1.2.3 Considerações
MACARTHUR observe que as oferta deve ser feito, não somente para a igreja
(destinada aos irmãos em Jerusalém), mas à igreja e pela igreja (MACARTHUR,
452).
Aqui o apóstolo avisa e guia os coríntios da coleta. Logo depois (veja Introdução a 1
Cor.), já a caminho, Paulo em 2 Coríntios 8-9 alerta e exorta eles a se prepararem da
sua vinda acompanhado por irmãos de outras igrejas doadoras.

1.2.4 Anotações
v. 1 “para os santos”—o propósito principal de ofertar, como ensinado no N.T., era
orientado aos da família da fé (MACARTHUR, 451).
obs. isso não exclui auxílio destinado fora da igreja
v. 2 “de parte”—“reservar, juntar, poupar” “Apesar que Paulo deu mais atenção ao
ofertar do que qualquer outro autor neo-testamentário, ele nunca usou a palavra
‘dízimo’”(BKN).
v. 3 não deve pesar na responsabilidade para o ministro nem preocupar o ministro.
Escolher pessoas bons (capazes) e honestas para administrar:
 o pastor não é dono
 o pastor não deve se deter; tomar seu tempo com isso (comp. Atos 6:1ss)
 o pastor deve evitar comprometer seu testemunho (esp. no contexto atual de
igrejas “evangélicas”, notórios por serem voltados ao lucro).
 em igreja pequena, o pastor deve rogar a Deus o mais cedo possivel
providenciar irmãos para a tesouraria
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v. 3-4 A prática paulina com finanças (baseado em BKN, 1 Cor 16:3-4)
 evitava escândalo—era absolutamente transparente
 evitava solicitar para si mesmo (cf. 9:12,15)
 incluia as igrejas e evitava pegar no dinheiro, preferindo participação direta
das igrejas locais por meio de representantes. Mesmo quando as ofertas
eram destinadas a outras pessoas evitava pegar na dádiva, preferindo que as
igrejas originatárias das ofertas elegessem portadores (cf. 2 Cor. 8:19-21)
que pudesse o acompanhar.

1.3 As Visitas a Corinto (16:5-12)

1.3.1 Introdução
A menção de uma visita planejada relacionada à coleta (v. 4), disparou um parêntese
(v. 5) acerca da sua viagem e visita de outros:
 De Paulo (v. 5-9)
 De Timóteo (v. 10-11)
 De Apolo (v. 12)

1.3.2 De Paulo (v. 5-9)


v. 5 iria pela Macedônia (comp 2 Cor. 8:1-4), região norte de Corínto, também
relacionado à coleta.
comp. 2 Cor 1:12-2:4 acerca das mudanças de planos do apóstolo que disparou
críticas por parte de alguns coríntios. Além disso, observa-se que essa carta (1 Cor.)
não foi bem aceita que resultou em uma visita dolorosa seguida por uma carta triste
(cf. “Introd. a 1 Cor.”).
v. 6 “para que me encaminheis”—que seja enviado em paz (veja v. 11)
v. 9 Ele explica porque e até quando iria se deter em Éfeso
“porta aberta”—figura de linguagem para oportunidade de serviço
 cf. Atos 14:27; Apoc. 3:8
 Adversidade/oposição não é motivo de mudar de ministério, entregar o
púlpito nem de trocar lugar. Pelo contrário, é sinal que o ministério tem
impacto e motivo de permanecer (BKN). Oposição indica que o adversário
sente-se incomodado.
 Por outro lado, não é disculpa para um obreiro ser imaturo, grosseiro ou
procurar adversidade.
 comp. Atos 19 (esp. v. 30-31); 20:1-3,16
 comp. 2 Tes 1:5
 No caso de Apolo (cf v. 12), ele iria quando “deparar boa oportunidade”

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1.3.3 De Timóteo (v. 10-11)
No intervalo (até Paulo puder chegar) ele pretendia enviar Timóteo, jovem este que
servia junto com Paulo e às vezes era enviado como representante paulino (Fil 2:19-
24).
Parece que sua personalidade não era tão forte quanto à de Paulo, assim fazendo que
esse “povo duro” o machucasse. Ministrar em Corinto certamente não seria fácil
(comp. a carta inteira). Porém, fala do caráter de Timóteo, tanto sua devoção (ao
enfrentar esse povo, Fil 2:19-21) como também indica que não possuia a ousadia
robusta de Paulo (cf 1 Tim 4:12; 2 Tim 1:7-8; 2:1) (BKN).

Paulo exorta os coríntios a receber Timóteo.


Paulo também pede que encaminhassem Timóteo ao apóstolo (em Éfeso),
provavelmente por enviar ele em paz.
v. 11 “os irmãos” cf. Atos 19:22

1.3.4 De Apolo (v. 12)


(obs. este era uma desejada visita, porém até então adiada)
v. 12 “Acerca de” peri de— mesma frase usada para introduzir respostas na carta (cf.
7:1; 16:1)
Possivelmente Apolo era sujeito de outra pergunta dos coríntios. Sugere-se que
os coríntios queriam que ele fosse a Corinto, visita esta encorajada por Paulo
(certamente para ajudar nos problemas da igreja), porém não era o tempo certo.
Paulo recomendou ele ir a Corinto (junto com os portadores da carta) (comp. v. 11 cf.
Atos 19:22)
Este versículo descreve muito como Paulo se via no ministério. O apóstolo não se
considerava acima dos outros obreiros, nem como missionário mestre nem como
“pastor-presidente” mas como cooperador. Ele fala do “irmão” e tinha
“recomendado” porém deixou para “quando se lhe deparar boa oportunidade” (cf 3:5-
9, 22-23; 4:1-2, 6-7). “É evidente que em nenhum sentido Paulo e Apolo eram rivais”
(MORRIS, 194) nem que Paulo mandava ou administrava a vida dos outros obreiros.

1.4 Exortações Finais (16:13-18)

1.4.1 Acerca de Caráter


Com uma série de cinco imperativos, Paulo dá umas exortações finais.
veja MORRIS
v. 14 MORRIS argumenta “em amor” e não “com amor”(ARA).

1.4.2 Acerca dos Obreiros


No contexto específico: Estéfanas, Fortunato e Acaico (v. 15-18.a)
v. 15 Acaia—província da grécia central e meridional, a qual Corínto era capital.
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v. 15 apesar que houve conversões em Atenas (Atos 17), os de Estéfanas eram entre
os primeiros e certamente se destacaram pela participação ativa na igreja (BKN).
v. 15 “se consagraram” em alguns casos o apóstolo escolheu presbíteros (Atos 14:23;
cf Tito 1:5) mas aqui eles se prontificaram (comp. 1 Tim 3:1 “almeja”). Uma
qualificação de liderança era de está pronto a servir. Portanto, cabia aos outros na
igreja se sujeitarem aos servos-ministros. (v. 16).
v. 16 “cooperador”—lit. “trabalhador junto”
v. 16 “obreiro”—cf. o verbo relativo “trabalho” em 15:58
indica “fadiga, trabalho árduo”
MORRIS citando Edwards “Muitos trabalham, poucos se afadigam.”
BKN comenta que este vs. indica que as crianças não eram contempladas no que
se refere à casa (comp. Atos 16:31).
v. 17 “supriram o que... faltava”
parece que eram os portadores da carta de perguntas (7:1) como também confirmaram
o relatório dado por “os de Cloé” (1:11). Apesar das más notícias, Paulo certamente
era grato por qualquer notícias como também o fato deles estarem com eles (i.e. o
encorajamento que cooperadores de Cristo são uns para os outros).
No princípio geral (v. 18.b): “Reconhecei... a homens como estes”

1.5 Saudações (16:19-24)

1.5.1 Das igrejas (v. 19.a)


Nas cidades circunvizinhas. Havia igrejas em muitas cidades na grande região de
Éfeso (Ásia) entre outros lugares, fato este confirmado indiretamente em Atos 20-28
(e.g. Mileto, Trôade, Filipos, Colossos, Hierápolis, além de as sete igrejas de Apoc. 2-
3).

1.5.2 Dos obreiros (v. 19.b.)


Áqüila e Priscila fizeram parte da fundação da igreja (veja Atos 18) e também
sedeavam uma igreja em sua residência em Éfeso. Esta igreja também enviou
saudações. Não muito depois aparentemente aparecem em Roma, novamente
sedeando uma igreja (Rom 16:3-5.a).

1.5.3 Dos irmãos (v. 19.b; v. 20.a)


(além dos irmãos da congregação com Áqüila e Priscila, (v. 19.b))
Saudação dos irmãos (v. 20). Estes podem ser (BKN):
a. os irmãos coríntios que estavam em Éfeso (comp. 1:11; 16:17)
b. os irmãos de Éfeso que congregavam em outras casas (além da casa de
Áqüila e Priscila)
c. a coletânea de crentes na província da Ásia

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1.5.4 Entre os irmãos (v. 20.b)
“ósculo santo” (cf. 2 Cor 13:12; Rom 16:16; 1 Thes 5:25; 1 Pd 5:14). O beijo era
símbolo de amor, perdão e união que deveriam existir entre os crentes (lembrando o
contexto multi-étnico de Corinto). Era marca do laço familiar que unia os crentes
(BKN).

1.5.5 De Paulo (v. 21-24)


de próprio punho
provavelmente dirigido especialmente contra falsos irmãos.
v. 22 “ama” filew/ fileo
comp. apostila cap. 13 palavras gregas para “amor”
cognato da palavra “ósculo” (v. 20)
Invocar a ira de Deus sobre os que não tem adoração e devoção ao Senhor Jesus.
Apelo ao retorno de Cristo (“maranata”—veja MORRIS).
v. 24 assegura o seu amor para com todos os irmãos em Corinto... até os focos dos
muitos problemas e cabeças de todos os partidos (1:10ss). Amor divino—certamente
não merecido, não retornado.

1.6 Aplicação
A importância da comunidade cristã
1. no auxílio físico-finaneiro (v. 1-4)
2. no contato de irmãos a viagem (v. 5-9; 20)
3. na recepção de obreiros (v. 10; 15-18; 19)
4. no cuidar do comportamento entre si (v. 13-14)
5. no reconhecer da família de Deus mesmo entre irmãos desconhecidos (v. 19
“as igrejas”; v. 20 “todos os irmãos”).
A importância de indivíduos na comunidade cristã.
apesar que outras cartas contém mais saudações individuais, nesta registra vários
obreiros: Timóteo, Apolo, Estéfanas, Fortunato, Áqüila e Priscila. Todos estes
foram colegas, fato importante para uma igreja propenso a partidarismo.
A importância do amor na comunidade cristã
1. o amor aos irmãos (v. 14)
2. o amor ao Senhor (Jesus) (v. 22) (veja acima)
obs. a forte maldição; implica ser grande prioridade.
3. o amor do apóstolo (v. 24)
“em Cristo Jesus”

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