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Culto cristão

Tiago Santos
@prof_tiagosantos
Aula 1
Homo liturgicus

• O ser humano é um adorador.


• O instinto religioso é tão antigo quanto a humanidade.
• A razão disto é por ter feito Deus o homem segundo sua imagem e
semelhança:
“Também disse Deus: Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança; tenha ele
domínio sobre os peixes do mar, sobre as aves dos
céus, sobre os animais domésticos, sobre toda a
terra e sobre todos os répteis que rastejam pela
terra. Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à
imagem de Deus o criou; homem e mulher os
criou.”
Homo liturgicus

“Tudo fez Deus formoso e no seu devido tempo, também pôs a


eternidade no coração do homem, sem que este possa descobrir as
obras de Deus do princípio até o fim”
Eclesiastes 3.11
“Um grande problema é que somos propensos a olhar pelo lado
errado do telescópio. Movemo-nos do homem para Deus. Mas o
pensamento verdadeiro — que reconhece a verdadeira distinção entre
Criador e criatura, entre o Infinito e o finito — tem de começar sempre
a partir de Deus. Não é tanto que descrevemos a Deus em termos
antropomórficos; é que ele nos criou de forma teomórfica. Somos
nós as miniaturas. Em nós — gente criada, finita — estão embutidos
reflexos microcósmicos de realidades que são verdadeiras quanto ao
próprio Deus de modo macrocósmico, não criado e infinito.”

Sinclair Ferguson
“Criaste-nos para vós e nosso coração vive inquieto, enquanto não
repousa em vós”.

“Tarde te amei, Beleza tão antiga e tão nova, tarde te amei! Eis que
estáveis dentro de mim, e eu, lá fora, a te procurar! (...)”

Agostinho de Hipona
“Há inerentemente em todos os homens uma forte e indelével
convicção de que devem cultuar a Deus. Indispondo-se em adorá-lo
de maneira pura e espiritual, torna-se compulsório que inventem
como substitutivo alguma aparência quimérica; e por mais
claramente sejam persuadidos da vaidade de tal conduta, persistem
até ao fim, porquanto se esquivam da peremptória renuncia do
serviço divino. Consequentemente, os homens se encontrarão
sempre devotados a cerimonias até que sejam trazidos ao
conhecimento daquilo que constitui a religião verdadeira e aceitável.”

João Calvino
A idolatria

• “Porque os atributos invisíveis de Deus, assim o seu eterno poder,


como também a sua própria divindade, claramente se reconhecem,
desde o princípio do mundo, sendo percebidos por meio das coisas
que foram criadas. Tais homens são, por isso, indesculpáveis;
porquanto, tendo conhecimento de Deus, não o glorificaram como
Deus, nem lhe deram graças; antes, se tornaram nulos em seus
próprios raciocínios, obscureceu-se-lhes o coração insensato.
Inculcando-se por sábios, tornaram-se loucos e mudaram a glória do
Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível,
bem como de aves, quadrúpedes e répteis”.
Romanos 1.21-23
“A idolatria representa o insulto máximo a Deus. Reduzir Deus ao nível
da criatura é despojá-lo de sua divindade. Isto lhe é particularmente
odioso em face do fato de todos os homens terem recebido suficiente
revelação sobre ele para saber que ele não é uma criatura.”

R. C. Sproul
“A idolatria é tudo aquilo a que seu coração se apega e se entrega
com fé. Isto é, seu Deus; bastam apenas a confiança e a fé para
constituir tanto a Deus quanto ao ídolo. (...); é tudo aquilo ao que seu
coração se apega com segurança definitiva”.

G. K. Beale
Conhecendo o Deus verdadeiro

• O movimento correto é de Deus para o homem: O Deus que se revela.


• Para adorarmos a Deus, precisamos conhecê-lo. É preciso que ele
venha até nós; se revele a nós e entre em um relacionamento vital
conosco. Este conhecimento foi realidade evidente na Criação, mas
na Queda, o homem se afastou de Deus e Deus escondeu sua face
do homem, de modo que certos aspectos de sua natureza, conforme
coloca Tomás de Aquino, permanecem secretos (Deus abscodintus)
enquanto outros, Deus condescende em revelar (Deus revelatus).

“Vere tu es Deus absconditus Deus Israhel salvato” (Isaías 45.15, Vulgata)


Deus se importa com o modo da
adoração humana ou apenas com
o coração?
• Em toda Escritura, Velho e Novo Testamento, o homem é chamado a
adorar a Deus – nos termos de Deus. E Deus chama o homem para o
adorar,
a) Voluntariamente (Exôdo 25.2)
b) Para desfrutar comunhão com Deus (Exôdo 25.8)
c) E de acordo com a vontade de Deus (Exôdo 25.40)

• Deus chama o homem ao culto porque o homem foi feito para o


culto.
“A Bíblia deve ser a regra de como adoramos a Deus porque a Bíblia é
a regra de como conhecemos a Deus – e como adoramos, reflete
nosso conceito de Deus. Em outras palavras: Como adoramos
determina quem adoramos. Por isso o meio e a mensagem, o meio e
o objeto são igualmente importantes. Assim, a Bíblia e não nossas
ideias ou inovações, experiências ou opiniões deve determinar como
adoramos a Deus. Isto nos lembra que há duas maneiras de
cometermos idolatria: Adorar algo que não seja Deus ou adorar Deus
do modo errado.

J. Ligon Duncan
Chamados a cultuar

• Deus então se revela por meio de pactos. Ele propôs em si mesmo


um pacto redentivo, pelo qual se revelaria ao homem e o chamaria a
uma relação de comunhão e amor, que envolve a adoração
verdadeira a ele devida.

• Então falou Deus estas palavras... (Exôdo 20.1)

“Não terás outros deuses diante de mim”


Chamados a cultuar

“Não terás outros deuses diante de mim”

• À exclusividade do Deus Trino


1. Antigo Testamento: Os falsos ídolos
2. Novo Testamento: Os ídolos do coração
Chamados a cultuar
“Agora, pois, ó Israel, que é que o SENHOR requer de ti? Não é que temas o SENHOR, teu Deus, e
andes em todos os seus caminhos, e o ames, e sirvas ao SENHOR, teu Deus, de todo o teu
coração e de toda a tua alma, para guardares os mandamentos do SENHOR e os seus estatutos
que hoje te ordeno, para o teu bem? Eis que os céus e os céus dos céus são do SENHOR, teu
Deus, a terra e tudo o que nela há. Tão-somente o SENHOR se afeiçoou a teus pais para os
amar; a vós outros, descendentes deles, escolheu de todos os povos, como hoje se vê.
Circuncidai, pois, o vosso coração e não mais endureçais a vossa cerviz. Pois o SENHOR, vosso
Deus, é o Deus dos deuses e o Senhor dos senhores, o Deus grande, poderoso e temível, que
não faz acepção de pessoas, nem aceita suborno; que faz justiça ao órfão e à viúva e ama o
estrangeiro, dando-lhe pão e vestes. Amai, pois, o estrangeiro, porque fostes estrangeiros na
terra do Egito. Ao SENHOR, teu Deus, temerás; a ele servirás, a ele te chegarás e, pelo seu nome,
jurarás. Ele é o teu louvor e o teu Deus, que te fez estas grandes e temíveis coisas que os teus
olhos têm visto.”

Deuteronômio 10.12-21
Chamados a cultuar

• Em Êxodo 20.1, a ideia de ter somente Deus como nosso Deus


envolve verbos importantes como:

• Adorar,
• Inclinar-se,
• Sacrificar,
• Temer,
• Curvar,
• Prostrar-se
• Ouvir,
• Guardar,
Chamados a cultuar

“Não farás para ti imagem de escultura”

• Deus não pode ser concebido, domesticado ou enquadrado pelo


homem.

• Deus exige que o adoremos de forma correta e pura, segundo sua


Palavra, sem acréscimos humanos, e somos proibidos de adorá-lo
por meio de imagens, ou de qualquer outro modo que não tenha sido
explicitamente ordenado em sua Palavra.
Chamados a adorar

“Mas vem a hora e já chegou, em que os verdadeiros adoradores


adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque são estes que o Pai
procura para seus adoradores. Deus é espírito; e importa que os seus
adoradores o adorem em espírito e em verdade.”
João 4.23,24
Chamados a adorar
• O Pai “procura” adoradores.
A palavra grega “ζητεω” tem o sentido de “requerer”, “exigir”. Deus
requer pessoas que o adorem pelo seu Espírito segundo a sua
verdade.
• Faz parte da natureza de Deus requerer para si adoradores.
Porque Deus é Deus, ele é o único objeto digno de adoração e louvor
por parte de todo ser criado; ele não pode aceitar que qualquer outra
coisa ou pessoa receba à adoração que à ele é devida;
• Adoração significa “atribuir honra e valor à algo”.
A palavra grega “προσκυνεω” (proskineo) tem o sentido de “curvar-se
em reverência”; “prostrar-se em respeito”.
Chamados a adorar

• Worship
No inglês, esta palavra tem na expressão “weorthscipe”, que é de onde
vem também a palavra “worth”, que quer dizer “digno”, ou “dignidade”.

• Adoração
Nossa palavra vem do latim “orare”, também usado para “oração”, e
quer dizer que a boca é usada para pronunciar palavras que
expressem dignidade, valor, respeito e veneração.
Chamados a adorar

• Adoração com conhecimento e em espírito.


• Deus requer pessoas que o adorem em espírito, pelo seu Espírito
porque ele é Espírito.
• A adoração genuína é espiritual e flui do coração do homem
regenerado.

A adoração deve ser uma expressão do coração do homem:


Chamados a adorar

• No tocante a mim, confio na tua graça; regozije-se o meu coração na


tua salvação. Cantarei ao SENHOR, porquanto me tem feito muito
bem. Salmo 13.5,6
• As palavras dos meus lábios e o meditar do meu coração sejam
agradáveis na tua presença, SENHOR, rocha minha e redentor meu!
Salmo 19:14
• O SENHOR é a minha força e o meu escudo; nele o meu coração
confia, nele fui socorrido; por isso, o meu coração exulta, e com o
meu cântico o louvarei. Salmo 28:7
• Louvar-te-ei, SENHOR, de todo o meu coração; contarei todas as tuas
maravilhas. Salmo 9:1
Chamados a adorar

• Dar-te-ei graças, Senhor, Deus meu, de todo o coração, e glorificarei


para sempre o teu nome. Salmo 86:12
• Gloriai-vos no seu santo nome; alegre-se o coração dos que buscam
o SENHOR. Salmo 105:3
• Cria em mim, ó Deus, um coração puro e renova dentro de mim um
espírito inabalável. Salmo 51:10
• Agrada-te do SENHOR, e ele satisfará os desejos do teu coração.
Salmo 37:4
Chamados a adorar

• Adoração com base na verdade.


• Em Verdade porque Deus é a Verdade. A adoração legítima é
estabelecida pelo próprio Deus.
Chamados a adorar

• Adoramos ao Deus vivo (Hb 9.14), Criador (Ex 20.11), Senhor (Mt
4.10), imutável e eterno. Exaltamos seus atributos e celebramos a
salvação, ofertada em Cristo Jesus. Suplicamos a presença
santificadora do Espírito Santo, e buscamos segurança, conforto,
consolo, iluminação, discernimento, sabedoria, graça. Expressamos
nossa dependência suplicando favor, socorro, ajuda, auxílio, piedade,
compaixão, misericórdia, perdão, restauração. Alegramo-nos com a
igreja, o povo de Deus, e nos valemos dos meios de graça.
Exaltamos nossa confiança e fé na esperança do mundo vindouro e
do tempo em que nos uniremos definitivamente a Deus.
“A adoração deve ser o interesse central e maior dos
cristãos. Não é uma questão periférica, mas a
substância última da fé cristã”

João Calvino
Chamados a adorar

• Portanto, Deus não é indiferente à adoração do homem. Ele


revelou-se e, segundo a verdade, exige adoração espiritual dos
homens. Temos de nos achegar a Deus com o coração contrito, em
ação de graças louvor e adoração para oferecermos a ele o culto,
como resposta tanto da criação como da redenção que ele concede
ao homem.
Aula 2
“A adoração deve ser o interesse central e maior dos
cristãos. Não é uma questão periférica, mas a
substância última da fé cristã”

João Calvino
O culto cristão

• O culto é uma resposta do adorador ao Deus que se revela. É a


expressão de gratidão e veneração da alma que ama a Deus e foi
alcançada em amor por ele, através da revelação e da obra do nosso
santo mediador, Jesus Cristo.
• Definições de Culto nas Escrituras:
• Λατρεια (latreia) – traduzido como “culto”, é o serviço envolvido no
culto cristão, semelhante ao serviço do Templo (Jo 16.2; Rm 9.4;
12.1; Hb 9.1,6).
O culto cristão

• θυσια (Tsya) – sacrifício, como o holocausto do Templo (Mt 9.13; Mc


12.33; Rm 12.1; Ef 5.2; Fp 2.17; Hb 10.15).
• προσφορα (prosophora) – Ato de ofertar; de trazer algo (At 21.26; Ef
5.2; Hb 10.10).
• Προσκυνεω (proskineo) – ato físico de prostação; veneração e
reverência; curvar-se (Mt 2.2, 4.9, 28.9; Lc 24.52; Jo 4.20; 1Co 14.25;
Ap 5.14, 7.11).
O culto cristão

• Definições de Culto nas Escrituras:


Ainda no Antigo Testamento, a expressão “shachah” ‫ שׁחה‬é usada para
expressar a ideia de adoração e culto, signifcando “curvar-se em
respeito e deferência”. Outra palavra usada com frequência no Antigo
Testamento para significar culto é “abad” (‫ )עבד‬que por sua vez quer
dizer “servir”. Esta palavra está ligada à agricultura e significa,
literalmente, “lavrar o solo”, como se vê em Gn. 2.15.
• Nossa palavra para “culto” é uma expressão latina agrícola “colere”,
que significa cultivar (de onde vem também nossa palavra “cultura”).
É uma expressão rica, porque estabelece a relação entre aquilo que é
cultivado e o seu fruto, seu efeito.
O culto cristão

• O Culto pode ser privado: “medita no livro da Lei dia e noite” (Js 1.8).
• Vemos o exemplo do salmista, que expressa seu louvor em
particular, através de suas orações e meditação na Palavra de Deus;
(Sl 119.164; 119.97; 104.34; 19.14; Sl 1.2).
• Daniel também fazia suas orações privadas, três vezes ao dia (Dn
6.10).
• O Senhor Jesus se retirava para orar sozinho (Mt 14.23, 26.44; Mc
1.35, 6.46; Lc 6.12) e ensinou a prática da oração às sós e do jejum,
como ato de adoração e culto (Mt 6.5-18).
O culto cristão

• O Culto Público:
“Deus falando à congregação pela Palavra e o povo respondendo com
louvor e adoração, mediante as orações, os hinos e a própria
proclamação da Palavra”.

• O Culto do Velho Testamento:

1. Prescrito;
2. Organizado;
3. Simbólico;

4. Solene;
5. Ato de fé.
O culto cristão

• Êxodo 28 descreve a prescrição de


Deus para as vestes sacerdotais.
Neste texto, temos uma noção de
como cada item, cada peça do
vestuário, cada adorno, tinha um
fim cúltico e um elemento
simbólico, o fiel tinha de olhar para
todo aquele rico aparato com fé, e
entender que aquelas imagens
traduziam uma realidade superior,
a qual, a propósito, deveria
representar a esperança do fiel.
O culto cristão

• O Culto do Novo Testamento:


• Na igreja primitiva, conforme o relato de Atos 2.42, temos alguma
noção de como era o culto oferecido pelos primeiros cristãos.

1. Simples;
“E perseveravam na doutrina dos
2. Cântico de louvores; apóstolos e na comunhão, no partir do
pão e nas orações”.
3. Orações;
4. Partir do pão; Atos 2.42

5. Leitura e Pregação da Palavra.


O culto cristão

• Uma resposta de amor e devoção a Deus:

O culto cristão, portanto, deve oferecer uma resposta de adoração e


louvor a Deus, por parte da assembleia de santos reunidos com este
propósito. Sendo que o culto é um testemunho solene dos santos
atributos, virtudes e beleza de Deus, ele assume um aspecto de
sacrifício e serviço. Deve envolver o homem de modo integral – isto é,
inteiro: vontade, razão e afetos. Jesus ensinou que o culto aceitável a
Deus, a expressão correta da adoração envolve conhecimento; envolve
ser feito em espírito e em verdade.
Aula 3
O culto na sinagoga

• A Bíblia forneceria o padrão e o conteúdo do culto.

• O padrão da sinagoga que dava grande ênfase à Palavra foi fundido


com o padrão da comunhão nos lares, onde o pão era partido.

• Esse culto simples é muito semelhante à prática de culto do judeu na


sinagoga, que era um culto da Palavra, normalmente estruturado da
seguinte forma:
Ordem de culto da sinagoga
Primeira Parte: 
I. Louvor: Quando se reconhecia a glória (shekinah) de Javé. Leitura frequentemente
usada: Ne 9.5-23.
II. Oração: Yotzer (o Criador), o que faz todas as coisas, o que dá a vida e gera os
movimentos. Esta oração reafirmava a fé no Deus Criador, governador e Salvador.
III. Confissão de pecados: Sem confissão não se fazia a entrega da vítima sacrificial e,
portanto, não havia culto, tanto o coletivo como o individual. A confissão preparava o
fiel, na Sinagoga, para o grande “Dia do Perdão” nacional.
IV. Perdão: A vítima substituta, oferecida por todos, garantia o perdão tanto na esfera
individual como na comunitária. Na Sinagoga não havia sacrifício, mas a ideia e a
lembrança da vítima sacrificial estavam presentes e eram centrais no culto.
V. Gratidão: Agradecia-se a Deus o perdão recebido e todas as demais graças. Os
cânticos salteriais, geralmente, mas não obrigatoriamente, entravam aqui.
Ordem de culto da sinagoga
Segunda parte:
I. Oração do amor (Ahabah): Por esta oração o penitente se declarava escravo de Javé,
sempre à sua disposição em quaisquer circunstâncias. Amor-dedicação era o que nela
se requeria
II. Oração de crença no Deus único (Ehad [único]): Nesta se repudiava a idolatria e se
afirmava pertencer a um único Senhor. Israel, a noiva, só tinha um esposo, Javé. A fé
verdadeira jamais é desviada do Criador para a criatura.
III. Declaração de fé (Shemah): Fazia-se a leitura de Dt 6.4-9 ou Nm 15.17-41.
IV. Oração das bênçãos: Eram dezoito orações ou uma oração só com dezoito seções,
agrupadas em: Adoração, gratidão e intercessão.
V. Ensino: Lei e profetas. Comunicação didática, não retórica.
VI. Bênção Aaraônica: Observe que esta ordem obedece a uma sequência lógica,
liturgicamente falando, pois acompanha os movimentos da alma em estado de
adoração.
Liturgia
• A palavra liturgia é uma transliteração do grego: λειτουργια / λειτουργέω /
λειτουργος
• Esta expressão grega, por sua vez, é a junção das expressões λαος (concernente ao
povo ou à comunidade) e εργον (serviço), de modo que seu significado primário é:
serviço público.
• A palavra ainda ganhou conotações mais amplas na antiguidade, chegando até a
significar o serviço de uma meretriz. Assim, essa expressão tem uma origem secular.
Na Grécia antiga, a liturgia era um trabalho público, realizado em prol da cidade – como
pagar impostos. Paulo chama as autoridades romanas, em Rm 13.6, de “liturgos de
Deus” e, sobre si mesmo, ele usa essa expressão em Rm. 15.16, dizendo-se “liturgo de
Jesus Cristo”.
• Liturgia com a conotação de serviço religioso, encontramos esta palavra em Lc 1.23, At
13.2, Hb. 8.2,6.
• Nesse sentido, liturgia é um serviço prestado por pessoa(s) em benefício de outros. A
ideia de liturgia, no contexto do culto publico, envolve a participação congregacional.
Liturgia

• No culto, Deus vem ao nosso encontro pela ministração da Palavra –


e nós nos elevamos a Deus pelas expressões de adoração e louvor.
• Quando falamos em ordem do culto ou ordem litúrgica, estamos
apenas dizendo que o culto, como já vimos, deve ser dirigido de
modo ordeiro, para que cumpra seus propósitos. Estamos dizendo
ainda que ele deve ter certos elementos – e que tais elementos, por
vezes, servem-se de circunstâncias que o levarão a termo.

“Que fazer, pois, irmãos? Quando vos reunis, um tem salmo, outro, doutrina, este traz
revelação, aquele, outra língua, e ainda outro, interpretação. Seja tudo feito para
edificação”. (1 Co 14.26)
Liturgia

O calendário cristão:
• Os cristãos, desde cedo, entenderam ser necessário se reunir para
“manter viva sua memória” (Lc 1.2). Jesus mesmo disse, quando
estabelece a Ceia, que “sempre que estiverem juntos, devem fazer
isso em memória dele”.
• Logo o calendário cristão ficou mais elaborado, e além de um dia
para celebração cristã (o domingo), o “ano cristão” passou a ser
desenvolvido (chamado de ano litúrgico ou calendário litúrgico).
Páscoa, Pentecostes (comemorando a ascensão) e Epifânia – que
mais tarde se tornou o Natal.
Liturgia

“Os [cristãos] que deixaram de


observar o sábado e vivem
segundo o dia do Senhor, no qual
nossa vida se levantou por Ele em
sua morte”
Inácio de Loyola
Liturgia

“Reuni-vós no dia do Senhor, para


a fração do pão e celebrai a
eucaristia”
Didaquê
Liturgia

“O primeiro dia em que Deus fez o


mundo, e também o dia da
ressurreição de nosso Senhor”
Justino, o Mártir
Espaço de culto

• O Templo não é mais exigido. Inicialmente, os cristãos se


reuniam em casas (Rm 16.4,5), mas a igreja é reconhecida
como o ajuntamento dos cristãos para culto, independente
do local.
• A dispersão geográfica do cristianismo primitivo era muito
grande e os cristãos eram poucos, espalhados mundo à
fora. Quando passaram a ser perseguidos, os cristãos
chegaram a se reunir até mesmo em cavernas e
catacumbas.  
Espaço de culto

• Com a liberdade de culto estabelecida a partir de


Constantino, no século IV, e a ascensão do cristianismo
como credo oficial do Império, os cristãos passaram a
contar com melhores espaços para seu culto, como as
basílicas romanas, de estilo arquitetônico romanesco e
que receberam este nome porque eram presididas pelo
“Basileu”, espécie de Juiz daquele tempo.
Eram originalmente utilizados como fórum de assembleias
jurídicas e populares e foram adaptados para recepcionar
o culto cristão.
Basílica de São Vital,
construída em 525
Basílica de Santo Apolinário,
consagrada em 549
Arte cristã
• A arte religiosa é algo intrínseco à fé judaico-cristã. O culto do Antigo
Testamento era eminentemente simbólico e a arte desempenhou um
papel importante em transmitir os valores da revelação de Deus
através de símbolos selecionados pelo próprio Deus.
• Os cristãos desde cedo desenvolveram o uso da arte para identificar
seus símbolos. Na igreja primitiva, era comum o uso da pintura nos
lugares de culto, como catacumbas, como meio de retratar a
devoção dos cristãos primitivos. Por exemplo, os cristãos eram
identificados por pictogramas simbólicos que apontavam para
Cristo como o peixe (ictus) , o pavão, o cordeiro ou a âncora.  
Arte cristã
• A tradição reformada puritana desenvolveu uma forte reação contra
o uso de arte para fins de culto ou o que é chamado de arte litúrgica,
a qual, segundo White, tem o propósito de “levar à presença do
sagrado”. Todavia, o uso de arte para simbolizar aspectos de nosso
credo é algo bom e desejável, especialmente em tempos como os
que vivemos, que rejeitam os símbolos cristãos e querem
empurrá-los para lugares obscuros. Os protestantes perdem em não
ter símbolos tais como batistérios, sinos, campanários, vitrais,
cruzes e mesmo arte pictórica em seus ambientes de culto. Esses
objetos não devem servir ao culto como elemento cúltico, mas como
expressão de beleza e significado de nossa história cristã e símbolos
de nossa fé.
Fiéis ao Apóstolo Paulo ajoelhados
no genoflexiório em frente ao local
de sepultamento do apóstolo
Aula 4
“Primeiro o modo como Deus é cultuado
devidamente; e, segundo, a fonte da qual a
salvação pode ser obtida. Quando se perde de
vista estas coisas, embora possamos nos gloriar do
nome cristãos, nossa profissão de fé é vazia e vã.”

João Calvino
O princípio regulador do culto

• No Princípio Regulador, tudo o que é feito no culto e adoração


corporativa da Igreja deve ser claramente fundamentado nas
Escrituras.

• No Princípio Normativo, aquilo que não é explicitamente proibido


pelas Escrituras, pode ser usado no culto e adoração corporativa.
“A regra que distingue entre o culto puro e o culto
corrompido é de aplicação universal, a fim de que não
adotemos nenhum artifício que que nos pareça
apropriado, mas atentemos para as instruções do único
que está autorizado a legislar quanto ao assunto.
Portanto, se quisermos que Deus aprove nosso culto, esta
regra que ele impõe nas Escrituras com o máximo rigor
deve ser cuidadosamente observada ”

João Calvino
“Cremos que a Escritura Sagrada contém de
modo complete a vontade de Deus, e que
tudo o que o homem está obrigado a crer
para ser salvo ;e nela suficientemente
Confissão ensinado. Portanto, já que toda forma de
Belga culto que Deus requer de nós se encontra
nela amplamente descrita, não é permitido ao
homem ensinar nenhuma outra maneira de
culto que não aquela que é ensinada na
Escritura”.
O princípio regulador do culto

• No Princípio Regulador, valoriza-se o princípio reformado do “Sola


Scriptura”.
• O Princípio regulador rejeita o uso de tradições de homens para o culto
cristão.

“Respondeu-lhes: Bem profetizou Isaías a respeito de vós, hipócritas, como


está escrito: Este povo honra-me com os lábios, mas o seu coração está
longe de mim. E em vão me adoram, ensinando doutrinas que são preceitos
de homens. Negligenciando o mandamento de Deus, guardais a tradição dos
homens. E disse-lhes ainda: Jeitosamente rejeitais o preceito de Deus para
guardardes a vossa própria tradição.”
O princípio regulador do culto

• No Princípio Regulador, passou-se a observar os Elementos do Culto:

1. A Leitura das Escrituras (1 Tm 4.13)


2. O canto da salmos, hinos e cânticos Espirituais; (Ef 5.19)
3. As orações (1 Tm 2.1)
4. A ministração da Palavra pela pregação (1 Tm 4.2)
5. A observância dos sacramentos / ordenanças. (Lc 22.19)
O princípio regulador do culto

• Circunstâncias de Culto:
São as coisas de caráter não religioso necessárias à realização do culto:
1. O local de culto
2. Horário de cultos e dias de reunião da igreja
3. Os móveis do prédio: cadeiras, púlpito, mesa, etc)

As circunstâncias de culto não devem ser sacralizadas.


Devem ser empregadas com prudência e bom senso – e isto deve ser
determinado à luz da sabedoria bíblica.
Aula 5
Orando a Palavra

“Antes de tudo, pois, exorto que se use a prática de súplicas, orações,


intercessões, ações de graças, em favor de todos os homens” (1Timóteo 2.1)

• As orações fazem parte do ato de adorar a Deus.


• A oração pública cumpre um papel corporativo da maior importância.
a) Estimula as orações privadas
b) Enriquece a linguagem da oração
c) Fornece modelos de orações bíblicas
d) Exerce um papel doutrinal didático
Orando a Palavra

• Tipos de oração
a) Louvor dos atributos de Deus
b) Confissão de Pecados e Lamentação
c) Gratidão e Ações de Graças
d) Súplicas em favor das Autoridades e por paz na cidade
e) Intercessão por aqueles que padecem

• Nas orações, reconhecemos que Deus é Senhor sobre Céus e Terra;


reconhecemos que ele ouve o seu povo e está em um relacionamento paternal
com os cristãos; expressamos nossa reverência e temor do Senhor;
expressamos nosso amor e dependência de Deus.
Orando a Palavra

Modelos de orações públicas:


• Bendito o Senhor que se encarnou e nasceu entre os homens.
• JESUS BENDITO, FILHO DO DEUS ALTÍSSIMO, LOUVADO SEJA.
• Tu és o verbo de Deus, luz de luz, criador de todas as coisas. Tudo foi feito por
meio de ti e sem ti nada do que foi feito se fez.
• Ó CRISTO TODO PODEROSO, TE CONFESSAMOS COMO NOSSO SENHOR E
DEUS.
• TU ÉS aquele que vive; aquele que esteve morto, mas eis que está vivo pelos
séculos dos séculos e tem as chaves da morte e do inferno.
Orando a Palavra

• TU ÉS O PRINCÍPIO É O FIM, ALFA E ÔMEGA, A BRILHANTE ESTRELA DA


MANHÃ.
• Tu és aquele que é, que era e que há de vir, o Todo-Poderoso.
• Jesus Cristo, tu és a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano
dos reis da terra. Àquele que nos ama, e, pelo seu sangue, nos libertou dos
nossos pecados, e nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai
• Digno é Cordeiro que foi morto de receber o poder, e riqueza, e sabedoria, e
força, e honra, e glória, e louvor. A ti a glória e o domínio pelos séculos dos
séculos. Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, seja o louvor, e a
honra, e a glória, e o domínio pelos séculos dos séculos. Receba hoje nosso
louvor e adoração.
Orando a Palavra

Modelos de orações públicas:


• Bendito seja o nome da tua glória, que ultrapassa todo bendizer e louvor. Só tu
és SENHOR, tu fizeste o céu, o céu dos céus e todo o seu exército, a terra e tudo
quanto nela há, os mares e tudo quanto há neles; e tu os preservas a todos com
vida, e o exército dos céus te adora.
• Deus santíssimo, recebe agora nosso louvor e adoração. Tu és o Deus
Altíssimo que possui os Céus e a Terra. Pois não há outro Deus, senão o
SENHOR, Deus justo e Salvador não há outro além de ti.
• Tributamos ao Senhor glória e força porque a sua misericórdia dura para
sempre.
Orando a Palavra

• Tributamos ao Senhor louvor, porque O SENHOR é a nossa rocha, a nossa cidadela, o


nosso libertador. Nosso Deus, nosso rochedo, a força da nossa salvação, o nosso
baluarte e escudo e o nosso refúgio.
• Tu, SENHOR, és a nossa lâmpada; o SENHOR derrama luz nas trevas. O caminho de
Deus é perfeito; a palavra do SENHOR é provada; ele é escudo para todos os que nele
se refugiam. Pois quem é Deus, senão o SENHOR? E quem é rochedo, senão o nosso
Deus? tu és a nossa fortaleza e a nossa força.  
• Vive o SENHOR, e bendita seja a nossa Rocha! Exaltado seja o nosso Deus, a Rocha da
nossa salvação!
• Recebe agora nossa adoração e louvor, pois é a ti que cantamos, é a ti que exaltamos,
é a ti que adoramos, é por ti que estamos hoje aqui. Tu é os o único digno, ó Deus trino,
de todo louvor, Glória, honra e adoração.
Lendo a Palavra

“Até minha chegada, aplica-te à leitura”(1Tm 4.13)

“Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de
Deus” (Mt 4.4)

• A leitura pública das Escrituras cumpre o papel de afirmar a Bíblia como sendo
a fonte de autoridade, fé e ordem dos cristãos e do culto que estes realizam.
Lendo a Palavra

• O Poder das Escrituras:


“E leu no livro, diante da praça, que está fronteira à Porta das Águas, desde a alva
até ao meio-dia, perante homens e mulheres e os que podiam entender; e todo o
povo tinha os ouvidos atentos ao Livro da Lei. (...) Esdras bendisse ao SENHOR, o
grande Deus; e todo o povo respondeu: Amém! Amém! E, levantando as mãos;
inclinaram-se e adoraram o SENHOR, com o rosto em terra.” (Neemias 8.3,6)

Não é a minha palavra fogo, diz o SENHOR, e martelo que esmiúça penha?”
(Jeremias 23.29)
Lendo a Palavra

• O Poder das Escrituras:


“Toda a Escritura é inspirada por Deus e útil para o ensino, para a repreensão,
para a correção, para a educação na justiça” (2Timóteo 3.16)

“Porque a palavra de Deus é viva, e eficaz, e mais cortante do que qualquer


espada de dois gumes, e penetra até ao ponto de dividir alma e espírito, juntas e
medulas, e é apta para discernir os pensamentos e propósitos do coração.”
(Hebreus 4.12)
Lendo a Palavra

• Na Leitura Bíblica...
a) Ouvimos a voz de Deus
b) Somos instruídos
c) Temos nossa linguagem enriquecida
• Selecionando o texto com sabedoria
Selecionar o texto bíblico é uma tarefa importante e cumpre o papel de ensino
também. A Escritura pode ser lida de modo intercalado com momentos distintos
do culto e, quando sua leitura é planejada de modo que se harmonize com os
cânticos, as orações e a pregação, o culto terá uma harmonia que honra a
Escritura.
Lendo a Palavra

• Modelo de leitura de confissão de Pecados:


Confissão: Hebreus 2.1-3
Por esta razão, importa que nos apeguemos, com mais firmeza, às verdades
ouvidas, para que delas jamais nos desviemos. Se, pois, se tornou firme a palavra
falada por meio de anjos, e toda transgressão ou desobediência recebeu justo
castigo, como escaparemos nós, se negligenciarmos tão grande salvação? A qual,
tendo sido anunciada inicialmente pelo Senhor, foi-nos depois confirmada pelos
que a ouviram; 
Lendo a Palavra

• Oração Coletiva 
Certeza de Perdão: Hebreus 2.17,18
Por isso mesmo, convinha que, em todas as coisas, se tornasse semelhante aos
irmãos, para ser misericordioso e fiel sumo sacerdote nas coisas referentes a
Deus e para fazer propiciação pelos pecados do povo. Pois, naquilo que ele
mesmo sofreu, tendo sido tentado, é poderoso para socorrer os que são tentados. 
Aula 6
Cantando a Palavra

• “Falando entre vós com salmos, entoando e louvando de coração ao Senhor


com hinos e cânticos espirituais” (Ef 5.19)

• A importância da música
a) Cumpre o papel do ensino
b) Memorização
c) Mexe com as emoções
• A música deve ser usada no culto público a Deus: salmos, hinos e cânticos ...
De coração. O cântico é parte da adoração cristã junto da igreja.
Cantando a Palavra

• Música no culto precisa ser teologicamente sã – pois música é ensino

a) Exaltação dos atributos de Deus


b) Afirmação do Evangelho
c) Lamentação pelo pecado e certeza de perdão
d) Segurança e Perseverança na vida cristã
e) Preparação para o sermão
Cantando a Palavra

• O que cantar? Devemos cantar somente os salmos?

a) A riqueza da variedade: salmos, hinos e cânticos espirituais


b) Cuidados para não pautarmos a música pela variedade de gostos na igreja
Cantando a Palavra

• Canto Congregacional

a) Fortalece a unidade da igreja e afirma seu aspecto pactual e corporativo


b) Fornece uma linguagem comum e implica numa confissão de fé comum
c) Encoraja o cristão e o traz lembrado da realidade da redenção e da providência
em sua vida.
Cantando a Palavra

• Acompanhamento Musical

a) A Música e os instrumentos são servos da letra


b) Menos, às vezes, é mais
c) Cuidados com o ambiente e associções

• Como Cantar?
a) Os músicos devem ser maduros e prudentes na execução da música
b) Olhos fechados, expressões corporais, exibição de emoção, vaidades...
Aula 7
Pregando a Palavra

“Prega a palavra, insta, quer seja oportuno, quer não, corrige, repreende, exorta
com toda longanimidade e doutrina”. (2 Timóteo 4.2)

Deus determinou que sua palavra deveria ser pregada na igreja. Pois a fé vem
pelo ouvir da Palavra: “E, assim, a fé vem pela pregação, e a pregação, pela
Palavra de Cristo”.

• A Pregação é a parte central do ajuntamento cristão para culto e adoração!


Pregando a Palavra

• A pregação da Palavra de Deus precisa ter proeminência na vida da igreja. É


através da pregação que a congregação é alimentada, instruída, encorajada,
confrontada em seus pecados, exortada, fortalecida, ensinada.
“A esse respeito temos muitas coisas que dizer e difíceis de explicar, porquanto
vos tendes tornado tardios em ouvir. Pois, com efeito, quando devíeis ser
mestres, atendendo ao tempo decorrido, tendes, novamente, necessidade de
alguém que vos ensine, de novo, quais são os princípios elementares dos
oráculos de Deus; assim, vos tornastes como necessitados de leite e não de
alimento sólido. Ora, todo aquele que se alimenta de leite é inexperiente na
palavra da justiça, porque é criança. Mas o alimento sólido é para os adultos,
para aqueles que, pela prática, têm as suas faculdades exercitadas para discernir
não somente o bem, mas também o mal.” (Hebreus 5.11-14)
Pregando a Palavra

• “E muito se admiravam de sua doutrina, porque sua palavra era com


autoridade” (Lc 4.32)
• “Porque nada fiz saber entre vós senão a Jesus Cristo e este crucificado” (1Co
2.2)
• “E, chegando-se à sua terra, ensinava-os na sinagoga, de tal sorte que se
maravilhavam e diziam: Donde lhe vem esta sabedoria e estes poderes
miraculosos?” (Mt 13.54)
• “Leram no Livro, na Lei de Deus, claramente, dando explicações, de maneira
que entendessem o que se lia” (Ne 8.8)
“Cristo pregou corajosamente. Não havia nada de covarde em nosso
Salvador. Ele não se evadia de certos assuntos e nem fazia uso de
linguagem agradável para ganhar alguém. Ele nunca esteve ansioso
para lapidar o diamante do evangelho para que agradasse ao gosto
da época. Ele foi bravo como um leão, embora gentil como um
cordeiro. Incisivo como o bisturi de um cirurgião, embora cuidados
como a mão de uma mãe. Como ele repreendia os pecados de seus
ouvintes! Ele nunca se amedrontou diante de seus ouvintes, nem
mesmo quando pegavam em pedras para atirar nele. (...)”

Charles Spurgeon
“A pregação é a lógica pegando fogo! É a teologia em
chamas! É raciocínio eloqüente! O pregador está falando
aos ouvintes da parte de Deus e a respeito dEle, está
falando sobre a condição dos ouvintes — o estado da sua
alma. Está lhes dizendo que, por natureza, estão sob a ira
de Deus — são “filhos da ira, como também os demais”

Martyn Lloyd-Jones
“Ao Apresentar as Doutrinas do Texto, seu
cuidado deve ser, primeiro, que a matéria
Diretório de seja a verdade de Deus. Em segundo lugar,
Culto de
que seja uma matéria contida e
Westminster
fundamentada naquele texto para que os
ouvintes possam discerninr como Deus a
ensina a partir daquele texto”
A Participação da
Igreja na Pregação
“Incorre em grande pecado quem não
ouve a pregação e despreza um
tesouro tal como este!” ”
Martinho Lutero
Pregando a Palavra

• Tendo em vista a importância da pregação na experiência de culto do povo de


Deus, ela deve ser exercida com…
a) Fidelidade bíblica: O texto deve ser lido com clareza e explicado em seu contexto
histórico-gramatical
b) É preciso oferecer sentido e compreensão, com explicação clara das doutrinas
destacadas no texto pregado.
c) Aplicar corretamente a doutrina à vida das pessoas, num discurso claro, simples,
direto e atual.
Pregando a Palavra

• A Participação da Igreja:
a) Reconhecer a autoridade das Escrituras em matéria de fé e prática
b) Orando, para que Deus abençoe a ministração das Escrituras e abençoe o
pregador.
c) Examinado a Escritura para avaliar se o sermão honra o texto bíblico.
d) Fazendo perguntas, quando pertinente, ao pregador sobre pontos que não
tenham ficado claro.
e) Meditando, durante a semana, no texto e no sermão pregado.
Aula 8
Vendo a Palavra

“Fazei isto em memória de mim” (Lc 22.19)


Vendo a Palavra

“Fazei isto em memória de mim” (Lc 22.19)


Os sacramentos do Batismo e da ceia são representações dramáticas e
simbólicas de realidades espirituais que fazem parte da vida do cristão e foram
ordenadas pelo próprio Senhor Jesus Cristo.

• Um Símbolo de Fé:
A importância do símbolo está na coisa significada. Está no valor que representa.
A linguagem confessional, apresenta as ordenanças como um sinal. Um símbolo.
O símbolo é a junção da preposição grega sun, que significa junto e da palavra
grega ballo que significa lançar, atirar. Assim, símbolo é atirar junto – pôr junto –
comparar.
Vendo a Palavra

“Fazei isto em memória de mim” (Lc 22.19)


• Sacramento ou ordenança?

A expressão sacramento ou ordença são alternativas e intercambiáveis.


Ordenança está ligada à ordem direta do Senhor a que se observassm a Ceia e
o Batismo; sacramento, por sua vez, vem do latim sacramentum, que significa
rito sagrado em geral.
A Confissão de Westminster (XXVII,1) diz que “receber os sacramentos é fazer
uma diferença visível entre os que pertencem à igreja e o resto do mundo, e
solenemente obrigá-los ao seriço de Deus em Cristo, segundo a sua palavra”.
Vendo a Palavra

A observância destas ordenanças tem sido um sinal de distinção da igreja cristã


nestes últimos 20 séculos, desde a vinda de Cristo sobre a terra, e permanecem
como um sinal visível da participação do povo de Deus na aliança que Cristo
mesmo estabeleceu com seu povo.

A observância dos sacramentos fazem parte da proclamação e culto cristãos e


têm o propósito de evocar a mensagem do Evangelho e confirmar e fortalecer na
fé os fieis seguidores de Cristo.
Vendo a Palavra

O Batismo:

O Batismo representa uma realidade espiritual na vida daquele que é batizado. É


sinal e testemunho público da transformação espiritual e confissão de fé daquele
que é batizado, sendo o primeiro ato de obediência daquele que confessa Jesus
Cristo como seu Senhor.

Este sinal deve ser recebido com fé e como um ato da graça de Deus, que
assegura ao cristão que em Cristo ele recebe nova vida.
Vendo a Palavra

Textos bíblicos sobre o batismo:


Que diremos, pois? Permaneceremos no pecado, para que seja a graça mais
abundante? De modo nenhum! Como viveremos ainda no pecado, nós os que
para ele morremos? Ou, porventura, ignorais que todos nós que fomos batizados
em Cristo Jesus fomos batizados na sua morte? Fomos, pois, sepultados com
ele na morte pelo batismo; para que, como Cristo foi ressuscitado dentre os
mortos pela glória do Pai, assim também andemos nós em novidade de vida.
(Romanos 6.1-4)
Vendo a Palavra

Forma de Batismo:
Não há uma prescrição de forma em particular quanto à forma do batismo, de
modo que, historicamente ele tem sido praticado por imersão, efusão ou
aspersão. Todavia, a tradução mais evidente da palavra “baptizo” sugere a
imersão em águas e, a evidência bíblica indica que a prática comum da igreja
primitiva, mesmo a partir de João Batista, era o batismo por imersão (At 8.36-38;
Mt 3.13).
Vendo a Palavra

Sujeito do Batismo:
Aquele que é discípulo de Jesus Cristo e professa fé nele (Mt 28.19). Batizar
bebês com base na fé dos pais e no entendimento que com isso são inseridos
solidariamente na aliança, como quando as crianças eram circuncidadas, tem
sido uma prática histórica e comum da igreja, embora não haja prescrição ou
exemplo (ou proibição) do batismo de bebes na Bíblia. Isto não regera a criança,
que terá de fazer posterior confissão de sua fé.
Vendo a Palavra

A Ceia do Senhor:

É uma refeição cerimonial na qual os cristãos participam do pão e do vinho em


memória de seu Senhor crucificado.

Memória no pensamento hebraico é diferente de uma “mera lembrança”, mas é


ser transportado para os eventos significados e tê-los diante de si, de seu
coração e afetos. É entrar na própria história e tomar parte dela.
Vendo a Palavra

A Ceia do Senhor (Confissão de Fé Londrina de 1689)


A ceia do Senhor Jesus foi instituída por Ele, na mesma noite em que foi traído,
para ser observada nas igrejas até o fim do mundo; a fim de lembrar
perpetuamente e ser um testemunho do sacrifício de sua morte; para confirmar
os crentes na fé e em todos os benefícios dela decorrentes; para promover a
nutrição espiritual e o crescimento deles, em Cristo; para encorajar o maior
engajamento deles em todos os seus deveres para com Cristo; e para ser um elo
e um penhor da comunhão com Ele e de uns com os outros.
Vendo a Palavra

Com este espírito e com a convicção que pela Ceia o Espírito nos alimenta a fé e
comunica os benefícios do sacrifício de Cristo em nosso favor, queremos
convidar para participar da Ceia do Senhor todo aquele que é crente em Jesus
Cristo, e que já professou publicamente sua fé através do batismo ou da
profissão pública de fé, e que não esteja afastado da comunidade da fé em
razão de disciplina ececlesiástica. Se você ainda não foi batizado ou ainda não
fez sua profissão de fé, queremos recomendar que aguarde, até estar convicto
de sua posição em Cristo e pedir o seu batismo.
Vendo a Palavra

A Ceia do Senhor (Confissão de Fé Londrina de 1689)


• Na Ceia os benefícios da morte de Cristo são aplicados na experiência do
cristão.
• Na Ceia os cristãos têm oportunidade de confessar seus pecados e buscar
purificação.
• Na Ceia o cristão é nutrido e alimentado, pela fé, para prosseguir em sua vida
cristã.
Vendo a Palavra

• Na Ceia o cristão dá testemunho público de sua união com Cristo e unidade


com o corpo de Cristo, a igreja.
• Na Ceia a morte de Cristo é anunciada.
• Cristo está espiritualmente presente na Ceia do Senhor.
Vendo a Palavra

Os sacramentos esclarecem, afinal, quem está ligado pactualmente e em


comunhão com a igreja. O batismo é um ato de obediência que significa a
recepção visível do batizando no corpo de Cristo. A participação na Ceia é,
igualmente, um ato de obediência que testemunha a unidade da igreja e a
comunhão com Cristo. Só devem ser excluídos desta refeição cerimonial aqueles
que são disciplinados pela igreja por pecados impenitentes.
“A pregação é a lógica pegando fogo! É a teologia em
chamas! É raciocínio eloquente! O pregador está falando
aos ouvintes da parte de Deus e a respeito dEle, está
falando sobre a condição dos ouvintes — o estado da sua
alma. Está lhes dizendo que, por natureza, estão sob a ira
de Deus — são “filhos da ira, como também os demais.”

Martyn Lloyd-Jones

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