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I.

 Pregação Expositiva TEOLOGIA BÍBLICA
II. Teologia Bíblica Uma Introdução à Pregação e à
III. Evangelho

IV. Conversão
Teologia Bíblica
a
V. Evangelismo
Diagnóstico – O Problema com Grande Parte da Pregação de Hoje
VI. Membresia Article
Na  associação  de  igrejas  à  qual  eu  pertenço  –  a  Southern  Baptist  Convention
10.06.2014
VII. Disciplina [Convenção  Batista  do  Sul]  ­,  a  batalha  pela  inerrância  da  Escritura  pode  ter

VIII. Discipulado sido  ganha.  Entretanto,  nem  nós  nem  outras  denominações  ou  igrejas  evangélicas  que
ganharam  batalhas  semelhantes  deveríamos  nos  congratular  tão  rapidamente.  Isso  porque
IX. Liderança muitas  igrejas  conservadoras  podem  abraçar  a  inerrância  da  Escritura,  mas,  ainda  assim,
negar  na  prática  a  suficiência  da  Palavra  de  Deus.  Nós  podemos  dizer  que  a  Escritura  é  a
palavra  inerrante  de  Deus,  mas,  ainda  assim,  falhar  em  proclamá­la  seriamente  de  nossos
púlpitos.

Existe,  na  verdade,  uma  fome  pela  palavra  de  Deus  em  muitas  igrejas  evangélicas  hoje.
Algumas séries de sermões fazem, em seus títulos, referências a programas de TV tais como
Gilligan’s Island, Bonanza e Mary Tyler Moore. A pregação, com frequência, foca em passos
para um casamento bem­sucedido ou em como criar filhos em nossa cultura. Sermões sobre
questões  familiares,  obviamente,  são  adequados  e  necessários,  mas  dois  problemas
By Thomas R. frequentemente  aparecem.  Primeiro,  o  que  as  Escrituras  de  fato  ensinam  acerca  desses
Schreiner assuntos  é  frequentemente  negligenciado.  Quantos  sermões  sobre  casamento  apresentam
com fidelidade e urgência o que Paulo de fato ensina sobre os papeis do homem e da mulher
(Ef 5.22­23)? Ou acaso nós estamos constrangidos pelo que as Escrituras ensinam?

Segundo,  e  talvez  mais  sério,  tais  sermões  são  quase  sempre  pregados  no  nível  horizontal.
Eles  se  tornam  o  centro  da  vida  semanal  da  congregação,  e  a  cosmovisão  teológica  que
permeia a Palavra de Deus e provê o fundamento para toda a vida é simplesmente ignorada.
Nossos  pastores  se  tornam  moralistas  como  Dear  Abby,  dando  conselhos  sobre  como  viver

CATEGORY + uma vida feliz semana após semana.

AUTHOR + Muitas  congregações  não  percebem  o  que  está  acontecendo  porque  a  vida  moral  que  tal
pregação promove está de acordo, ao menos em parte, com a Escritura. Ela vai ao encontro
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das necessidades sentidas tanto por crentes como por incrédulos.

Pastores também creem que devem preencher seus sermões com histórias e ilustrações, de
modo  que  as  anedotas  enfatizem  o  ensino  moral  apresentado.  Todo  bom  pregador  usará
ilustrações.  Todavia,  sermões  podem  se  tornar  tão  repletos  de  histórias  que  acabam

Popular this Month desprovidos de qualquer teologia.

Uma Introdução à Eu tenho ouvido evangélicos afirmarem com certa frequência que as igrejas evangélicas estão
Pregação e à Teologia indo  bem  em  teologia  porque  as  congregações  não  estão  reclamando  daquilo  que  lhes  é
Bíblica ensinado.  Tal  comentário  é  completamente  assustador.  Nós,  como  pastores,  temos  a
By Thomas R. Schreiner
responsabilidade de proclamar “todo o desígnio de Deus” (At 20.27). Nós não podemos pôr a
nossa  confiança  em  pesquisas  de  opinião  congregacionais  para  determinar  se  nós  estamos
Pregue ao Descrente,
cumprindo o nosso chamado. Nós devemos pôr a nossa confiança naquilo que as Escrituras
ao Crente e ao Membro
de Igreja exigem.  Pode  ser  que  uma  congregação  jamais  tenha  sido  seriamente  ensinada  na  Palavra
By Aaron Menikoff de Deus, de modo que os crentes não percebem onde nós estamos falhando como pastores.

O que é “Membresia Paulo nos alerta que “entre vós penetrarão lobos vorazes, que não pouparão o rebanho” (At
Significativa”? 20.29). E, em outro lugar, ele afirma que “haverá tempo em que não suportarão a sã doutrina;
pelo contrário, cercar­se­ão de mestres segundo as suas próprias cobiças, como que sentindo
coceira nos ouvidos; e se recusarão a dar ouvidos à verdade, entregando­se às fábulas” (2Tm
4.3­4). Se nós avaliamos nossa pregação pelo que as congregações desejam, nós podemos
estar  dando  espaço  para  as  heresias.  Eu  não  estou  dizendo  que  nossas  congregações  são
heréticas,  mas  apenas  que  o  teste  para  a  fidelidade  é  a  Palavra  de  Deus,  e  não  a  opinião

popular.  O  chamado  dos  pastores  é  para  alimentar  o  rebanho  com  a  Palavra  de  Deus,  não
para agradar as pessoas com o que elas desejam ouvir.
para agradar as pessoas com o que elas desejam ouvir.

Muito  frequentemente,  nossas  congregações  são  treinadas  de  modo  pobre  por  aqueles  de
nós que pregam. Considere o que acontece quando alimentamos uma congregação com uma
dieta  constante  de  pregação  moralista.  Eles  podem  aprender  a  ser  gentis,  perdoadores,
amorosos,  bons  maridos  ou  esposas  (tudo  isso  é  bom,  obviamente!).  Os  seus  corações
podem  ser  aquecidos  e  até  edificados.  Mas,  à  medida  que  o  fundamento  teológico  é
negligenciado, o lobo da heresia passa a espreitar cada vez mais de perto. Como? Não que o
próprio  pastor  seja  um  herege.  Ele  pode  ser  completamente  ortodoxo  e  fiel  em  sua  própria
teologia.  No  entanto,  ele  presume  a  teologia  em  toda  a  sua  pregação  e,  assim,  torna­se
negligente em pregar ao seu povo o enredo e a teologia da Bíblia. Em uma ou duas gerações,
portanto,  a  congregação  pode,  desavisadamente  e  por  ignorância,  chamar  um  pastor  mais
liberal.  Esse  novo  pastor  também  pregará  que  as  pessoas  devem  ser  boas,  gentis  e
amorosas.  Ele  também  enfatizará  a  importância  de  bons  casamentos  e  relacionamentos
dinâmicos. As pessoas nos bancos podem nem sequer discernir a diferença, uma vez que a
teologia parece exatamente igual à do pastor conservador que o precedeu. E, em um sentido,
ela  o  é,  pois  o  pastor  conservador  nunca  proclamou  ou  pregou  a  sua  teologia.  O  pastor
conservador  cria  na  inerrância  da  Escritura,  mas  não  em  sua  suficiência,  pois  ele  deixou  de
proclamar tudo o que as Escrituras ensinam à sua congregação.

Nossa ignorância acerca da teologia constantemente se evidencia. Não saem da minha mente
duas ocasiões nos últimos dez anos (uma em um grande estádio, por um pregador cujo nome
não  lembro)  em  que  um  pregador  convidava  as  pessoas  para  virem  à  frente.  O  sermão  no
estádio  pretendia  ser  um  sermão  evangelístico,  mas  eu  posso  honestamente  dizer  que  o
evangelho  não  foi  pregado  de  modo  algum.  Nada  foi  dito  acerca  de  Cristo  crucificado  e
ressurreto, ou por que ele foi crucificado e ressurreto. Nada foi dito sobre por que a fé salva, e
não as obras. Milhares vieram à frente e foram, sem dúvida, contados como salvos. Mas eu
coçava  minha  cabeça  e  indagava  o  que  de  fato  estava  acontecendo.  Eu  orei  para  que  ao
menos  alguns  fossem  verdadeiramente  convertidos,  talvez  porque  eles  já  conhecessem  o
conteúdo do evangelho de ouvi­lo em outras ocasiões. O mesmo aconteceu no culto de uma
igreja que eu visitava. O pregador prolongou­se em um inspirado convite para que os ouvintes
“viessem  à  frente”  e  “fossem  salvos”,  mas  ele  não  deu  qualquer  explicação  acerca  do
evangelho!

Tal  pregação  pode  encher  nossas  igrejas  de  pessoas  não  convertidas,  as  quais  são
duplamente  perigosas:  elas  foram  asseguradas  por  seus  pastores  de  que  são  convertidas  e
de  que  nunca  podem  perder  a  sua  salvação,  mas  ainda  estão  perdidas.  Então,  daquele  dia
em diante, essas mesmas pessoas são exortadas, semana após semana, com o nosso novo
evangelho para esses tempos pós­modernos: sejam legais.

Descoberta – O que é Teologia Bíblica

A  solução  para  os  problemas  com  a  pregação  rasa  descritos  na  Parte  1  é,  na  verdade,
bastante  simples:  os  pastores  precisam  a  prender  a  usar  a  teologia  bíblica  em  suas
pregações. Contudo, tal aprendizado exige que comecemos com a pergunta: o que é teologia
bíblica?

Teologia Bíblica versus Teologia Sistemática

A teologia bíblica, em contraste com a teologia sistemática, foca no enredo bíblico. A teologia
sistemática, embora seja informada pela teologia bíblica, é atemporal. Don Carson argumenta
que a teologia bíblica

se coloca mais próxima ao texto do que a teologia sistemática, almeja ser genuinamente
sensível no tocante às distinções entre cada corpus e busca conectar os diversos corpora
usando  as  suas  próprias  categorias.  Idealmente,  portanto,  a  teologia  bíblica  permanece
como  uma  espécie  de  ponte  entre  a  exegese  responsável  e  a  teologia  sistemática
responsável (ainda que cada uma dessas inevitavelmente influencia as outras duas). [1]

Em  outras  palavras,  a  teologia  bíblica  se  limita  mais  intencionalmente  à  mensagem  do  texto
ou corpus em consideração. Ela questiona quais temas são mais centrais para os escritores
bíblicos  em  seu  contexto  histórico  e  procura  discernir  a  coerência  entre  esses  temas.  A
teologia bíblica foca no enredo da Escritura – o desdobramento do plano de Deus na história
redentiva. Como nós consideraremos mais cuidadosamente na Parte 3, isso significa que nós

deveríamos  interpretar  e  então  pregar  cada  texto  no  contexto  de  sua  relação  com  todo  o
enredo da Bíblia.
A teologia sistemática, por outro lado, formula questões ao texto que refletem as questões ou
preocupações  filosóficas  do  momento.  Os  sistemáticos  também  podem  –  com  um  bom
propósito  –  explorar  temas  que  estão  implícitos  nos  escritos  bíblicos,  mas  que  não  recebem
atenção  primária  no  texto  bíblico.  Além  disso,  deveria  ser  evidente  que  qualquer  teologia
sistemática digna desse nome é edificada sobre a teologia bíblica.

A ênfase distinta da teologia bíblica, tal como Brian Rosner observa, é que ela “permite que o
texto bíblico dite a pauta”. [2] Kevin Vanhoozer articula o papel específico da teologia bíblica
ao  dizer:  “‘teologia  bíblica’  é  o  nome  dado  a  uma  abordagem  interpretativa  da  Bíblia  a  qual
assume  que  a  Palavra  de  Deus  é  textualmente  mediada  pelas  diversas  palavras,  literária  e
historicamente  condicionadas,  dos  seres  humanos”.  [3]  Ou,  “para  exprimir  a  asserção  de
modo  mais  positivo,  a  teologia  bíblica  está  em  harmonia  com  os  interesses  dos  próprios
textos”. [4]

Carson expressa bem a contribuição da teologia bíblica:

Mas,  idealmente,  a  teologia  bíblica,  como  seu  nome  implica,  mesmo  ao  trabalhar
indutivamente a partir dos diversos textos da Bíblia, busca desvendar e articular a unidade de
todos  os  textos  bíblicos  tomados  juntos,  recorrendo  primariamente  às  categorias  daqueles
próprios  textos.  Nesse  sentido,  ela  é  teologia  bíblica  canônica,  teologia  bíblica  “de­toda­a­
Bíblia”. [5]

A  teologia  bíblica  pode  limitar­se  à  teologia  de  Gênesis,  do  Pentateuco,  de  Mateus,  de
Romanos  ou  até  mesmo  à  teologia  paulina.  Contudo,  a  teologia  bíblica  pode  também
compreender  todo  o  cânon  da  Escritura,  no  qual  o  enredo  das  Escrituras  como  um  todo  é
integrado.  Com  muita  frequência,  pregadores  expositivos  limitam­se  aos  livros  de  Levítico,
Mateus  ou  Apocalipse,  sem  considerar  o  lugar  que  eles  ocupam  no  enredo  da  história
redentiva.  Eles  isolam  uma  parte  da  Escritura  da  outra,  e  assim  pregam  de  um  modo
truncado,  ao  invés  de  anunciarem  todo  o  conselho  de  Deus.  Gerhard  Hasel  corretamente
destaca  que  nós  precisamos  fazer  teologia  bíblica  de  um  modo  “que  busca  fazer  justiça  a
todas  as  dimensões  da  realidade  de  que  os  textos  bíblicos  testificam”.  [6]  Fazer  tal  teologia
não  é  meramente  uma  tarefa  para  professores  de  seminário;  é  a  responsabilidade  de  cada
pregador da Palavra!

Pensemos  novamente  sobre  as  diferenças  entre  teologia  bíblica  e  sistemática,  para  o  que
Carson  traça  o  caminho.  [7]  A  teologia  sistemática  considera  a  contribuição  da  teologia
histórica e, assim, se utiliza da obra de Agostinho, Tomás de Aquino, Lutero, Calvino, Edwards
e  tantos  outros  ao  formular  o  ensino  da  Escritura.  A  teologia  sistemática  procura  anunciar  a
Palavra  de  Deus  diretamente  para  o  nosso  tempo  e  nosso  ambiente  cultural.  Obviamente,
então,  qualquer  bom  pregador  deve  ser  versado  na  sistemática  para  anunciar  uma  palavra
profunda e poderosa aos seus contemporâneos.

A  teologia  bíblica  é  mais  indutiva  e  fundacional.  Carson  corretamente  afirma  que  a  teologia
bíblica  é  uma  “disciplina  mediadora”,  ao  passo  que  a  teologia  sistemática  é  uma  “disciplina
culminante”. Nós podemos afirmar, então, que a teologia bíblica é intermediária, funcionando
como uma ponte entre o estudo histórico e literário da Escritura e a teologia dogmática.

A teologia bíblica, então, trabalha a partir do texto em seu contexto histórico. Isso não significa
afirmar  que  a  teologia  bíblica  é  um  empreendimento  puramente  neutro  ou  objetivo.  A  noção
de que nós podemos separar nitidamente o que o texto significou do que ele significa [what it
meant  from  what  it  means],  como  pretendia  Krister  Stendahl,  é  uma  quimera.  Scobie  diz  o
seguinte acerca da teologia bíblica:

As  suas  pressuposições,  baseadas  em  um  compromisso  com  a  fé  cristã,  incluem  a
crença  de  que  a  Bíblia  transmite  uma  revelação  divina,  que  a  Palavra  de  Deus  na
Escritura  constitui  a  norma  da  fé  cristã  e  da  vida  cristã,  e  que  todo  o  variado  material
tanto  do  Antigo  como  do  Novo  Testamentos  pode  de  algum  modo  ser  relacionado  ao
plano e propósito do único Deus de toda a Bíblia. Tal teologia bíblica situa­se em algum
lugar entre o que a Bíblia “significou” e o que ela “significa”. [8]

Segue­se, então, que a teologia bíblica não está confinada apenas ao Novo Testamento ou ao
Antigo Testamento, mas que ela considera ambos os Testamentos juntos como a Palavra de
Deus.  De  fato,  a  teologia  bíblica  trabalha  a  partir  da  noção  de  que  o  cânon  da  Escritura

funciona  como  a  sua  norma  e,  assim,  ambos  os  Testamentos  são  necessários  para
desvendar a teologia da Escritura.

Equilibrando o Antigo e o Novo Testamento
Há uma maravilhosa dialética entre o Antigo Testamento e o Novo Testamento no trabalho da
teologia bíblica. O Novo Testamento representa a culminação da história da redenção iniciada
no Antigo Testamento e, assim, a teologia bíblica é por definição uma teologia narrativa. Ela
captura a história da obra salvadora de Deus ao longo da história. O desenrolar histórico do
que Deus tem feito pode ser descrito como a “história da salvação” ou a “história redentiva”.

Também  é  proveitoso  considerar  as  Escrituras  a  partir  da  perspectiva  de  promessa  e
cumprimento: o que é prometido no Antigo Testamento é cumprido no Novo Testamento. Nós
precisamos  tomar  cuidado  para  não  apagarmos  a  particularidade  histórica  da  revelação  do
Antigo  Testamento,  de  modo  a  expungir  o  contexto  histórico  do  qual  ele  nasceu.  Por  outro
lado, nós devemos reconhecer o progresso da revelação do Antigo Testamento para o Novo
Testamento.  Tal  progresso  da  revelação  reconhece  a  natureza  preliminar  do  Antigo
Testamento  e  a  palavra  definitiva  que  vem  no  Novo  Testamento.  Dizer  que  o  Antigo
Testamento  é  preliminar  não  elimina  o  seu  papel  crucial,  pois  nós  só  podemos  entender  o
Novo  Testamento  quando  também  compreendemos  o  significado  do  Antigo  Testamento,  e
vice­versa.

Alguns  são  hesitantes  em  abraçar  a  tipologia,  mas  tal  abordagem  é  fundamental  para  a
teologia bíblica, uma vez que é uma categoria empregada pelos próprios escritores bíblicos. O
que é tipologia? Tipologias são as correspondências divinamente pretendidas entre eventos,
pessoas  e  instituições  do  Antigo  Testamento  e  o  seu  cumprimento  em  Cristo,  no  Novo,  [9]
como  quando    Mateus  se  refere  em  seu  Evangelho  ao  retorno  de  Maria,  José  e  Jesus  do
Egito  usando  a  linguagem  da  saída  de  Israel  do  Egito  (Mt  2.15;  Êx  4.22;  Os  11.1).
Obviamente, não apenas os autores do Novo Testamento observam essas “correspondências
divinamente  pretendidas”.  Os  autores  do  Antigo  Testamento  também  o  fazem.  Por  exemplo,
tanto  Isaías  como  Oséias  predizem  um  novo  êxodo  que  será  moldado  de  acordo  com  o
primeiro êxodo. Do mesmo modo, o Antigo Testamento fala da expectativa de um novo Davi
que  será  ainda  maior  do  que  o  primeiro  Davi.  Nós  vemos  no  próprio  Antigo  Testamento,
portanto, uma gradação na tipologia, de modo que o cumprimento do tipo é sempre maior do
que o próprio tipo. Jesus não é apenas um novo Davi, mas o maior Davi.

A  tipologia  reconhece  um  padrão  e  um  propósito  divinos  na  história.  Deus  é  o  autor  final  da
Escritura – a história é um drama divino. E Deus conhece o fim desde o começo, de modo que
nós, como leitores, podemos ver prenúncios do cumprimento final no Antigo Testamento.

Direção – Como Fazer Teologia Bíblica ao Pregar

Ao pregar as Escrituras, é vital compreender onde o livro que estamos estudando se situa na
linha do tempo da história redentiva. Correndo o risco de simplificar demais, fazer boa teologia
bíblica ao pregar consiste em dois passos básicos: olhar para trás e, então, olhar para o todo.

Olhar para Trás – Teologia Antecedente

Walter  Kaiser  nos  lembra  de  que  nós  deveríamos  considerar  a  teologia  que  antecede  cada
livro à medida que pregamos as Escrituras.

Por  exemplo,  ao  pregarmos  o  livro  de  Êxodo,  nós  dificilmente  interpretaremos  a  mensagem
de  Êxodo  com  exatidão  se  o  lermos  à  parte  de  seu  contexto  precedente.  E  o  contexto
precedente de Êxodo é a mensagem transmitida em Gênesis. Nós aprendemos em Gênesis
que Deus é o criador de todas as coisas, e que ele fez os seres humanos à sua imagem, de
modo  que  os  seres  humanos  estenderiam  o  governo  do  Senhor  por  todo  o  mundo.  Adão  e
Eva, contudo, falharam em confiar em Deus e em obedecer o mandato divino. A Criação foi
seguida  pela  Queda,  a  qual  introduziu  morte  e  miséria  no  mundo.  Não  obstante,  o  Senhor
prometeu  que  a  vitória  final  viria  através  da  semente  da  mulher  (Gn  3.15).  Intenso  conflito
haveria entre a semente da mulher e a semente da serpente, mas a primeira iria prevalecer.
Nós  vemos  no  restante  de  Gênesis  a  batalha  entre  a  semente  da  mulher  e  a  semente  da
serpente, e nós aprendemos que a semente da serpente é muito poderosa: Caim mata Abel;
os  ímpios  subjugam  os  justos  até  que  restam  apenas  Noé  e  sua  família;  seres  humanos
conspiram para fazer um nome para si mesmos ao construírem a torre de Babel. Ainda assim,
o Senhor permanece soberano. Ele julga Caim. Ele destrói todos no dilúvio, exceto Noé e sua
família. E ele frustra os desígnios dos homens em Babel.

O Senhor faz uma aliança com Abraão, Isaque e Jacó, assegurando que a vitória prometida
em  Gênesis  3.15  viria  por  meio  da  semente  deles.  O  Senhor  lhes  concederá  uma  semente,
uma  terra  e  uma  bênção  universal.  Gênesis  focaliza  especialmente  na  promessa  acerca  da
semente.  Em  outras  palavras,  Abraão,  Isaque  e  Jacó  não  possuem  a  terra  da  promessa,
tampouco eles abençoam o mundo inteiro durante a sua geração. Mas Gênesis conclui com o
relato dos doze filhos que o Senhor concedeu a Jacó.
relato dos doze filhos que o Senhor concedeu a Jacó.

Então,  como  essa  “teologia  antecedente”  de  Gênesis  é  crucial  para  a  leitura  do  livro  de
Êxodo? Ela é fundamental, pois, quando Êxodo começa com a imensa multiplicação de Israel,
nós imediatamente reconhecemos que a promessa abraâmica de muitos descendentes, dada
em Gênesis, está se cumprindo. Não apenas isso, olhando para Gênesis 3, nós percebemos
que Faraó é um descendente da serpente, enquanto Israel representa a semente da mulher.
O esforço de Faraó para matar todas as crianças do sexo masculino representa os desígnios
da  semente  da  serpente,  à  medida  que  a  batalha  entre  as  sementes,  preanunciada  em
Gênesis, continua.

Enquanto continuamos a nos mover pelo livro e Êxodo e o resto do Pentateuco, nós podemos
ver que a libertação de Israel do Egito e a promessa de que eles conquistarão Canaã também
represente  um  cumprimento  da  aliança  do  Senhor  com  Abraão.  A  promessa  da  terra  está
agora  começando  a  se  cumprir.  Além  disso,  Israel  agora  atua,  em  certo  sentido,  como  um
novo Adão em uma nova terra. Como Adão, eles devem viver em fé e obediência no espaço
que o Senhor lhes concedeu.

Se  nós  tivéssemos  que  ler  Êxodo  sem  ser  informados  pela  mensagem  antecedente  de
Gênesis, nós não perceberíamos a significância da história. Nós leríamos o texto à parte do
seu contexto, e seríamos vítimas de uma leitura arbitrária.

A  importância  da  teologia  antecedente  é  evidente  ao  longo  do  cânon,  então  nos
contentaremos aqui com outros poucos exemplos. Vejamos:

A conquista sob Josué deve ser interpretada à luz da aliança com Abraão, de modo que
a  posse  de  Canaã  é  entendida  como  o  cumprimento  da  promessa  feita  a  Abraão  de
que ele desfrutaria da terra de Canaã.
Por  outro  lado,  o  exílio  dos  reinos  do  norte  (722  a.C.)  e  do  sul  (586  a.C.)  ameaçado
pelos profetas e registrado em diversos livros representa o cumprimento das maldições
da aliança de Levítico 26 e Deuteronômio 27­28. Se os pregadores e as congregações
não conhecem a teologia antecedente da aliança mosaica e as maldições ameaçadas
naquela aliança, eles dificilmente poderão discernir o significado de Israel e Judá sendo
enviados para o exílio.
A  promessa  do  novo  Davi  reflete  a  aliança  previamente  feita  com  Davi  de  que  a  sua
dinastia permaneceria para sempre.
O  Dia  do  Senhor,  que  é  tão  proeminente  nos  profetas,  deve  ser  interpretado  à  luz  da
promessa feita a Abraão.

Obviamente, o mesmo é verdade acerca do NT.

Nós dificilmente poderemos entender a importância do reino de Deus nos sinóticos se
não  conhecermos  o  enredo  do  Antigo  Testamento  e  formos  ignorantes  acerca  das
alianças e promessas feitas a Israel.
A  significância  de  Jesus  ser  o  Messias,  o  Filho  do  Homem  e  o  Filho  de  Deus  está
completamente arraigada na revelação prévia.
O  livro  de  Atos,  como  Lucas  aponta  em  sua  introdução,  é  uma  continuação  do  que
Jesus começou a fazer e ensinar, e, portanto, é informada tanto pelo Antigo Testamento
como pelo ministério, morte e ressurreição de Jesus.
As epístolas também se alicerçam na grande obra salvadora realizada por Jesus Cristo,
e explicam e aplicam às igrejas estabelecidas a mensagem salvadora e o cumprimento
das promessas de Deus.
Finalmente, Apocalipse faz sentido como o ápice da história. Não é apenas um anexo
aposto  ao  final  para  promover  alguma  excitação  sobre  o  tempo  do  fim.  As  muitas
alusões  ao  Antigo  Testamento  demonstram  que  a  revelação  do  Apocalipse  é  traçada
sobre  o  pano  de  fundo  da  revelação  do  Antigo  Testamento.  Semelhantemente,  o  livro
não faz qualquer sentido a menos que vejamos que ele se coloca como a conclusão de
tudo o que Jesus fez e ensinou.

Isso não significa que o enredo da redenção tem a mesma centralidade em todos os livros do
cânon.  Nós  poderíamos  pensar  acerca  dos  livros  de  sabedoria  como  Cantares  de  Salomão,

Jó, Eclesiastes, Provérbios e Salmos. Contudo, mesmo nesses exemplos, os autores bíblicos
pressupõem as verdades fundamentais da criação e queda de Gênesis, assim como o papel
especial de Israel como o povo da aliança de Deus. Algumas vezes, eles até mesmo articulam
esse  papel,  como  quando  os  Salmos  narram  a  história  de  Israel.  Ainda  assim,  nós  somos
lembrados  da  diversidade  do  cânon  e  reconhecemos  que  nem  toda  porção  de  literatura
possui a mesma função.

A  principal  verdade  para  os  pregadores  aqui  é  que  eles  devem  pregar  de  tal  maneira  a
A  principal  verdade  para  os  pregadores  aqui  é  que  eles  devem  pregar  de  tal  maneira  a
integrar os seus sermões no escopo mais amplo da narrativa bíblica da história da redenção.
Aqueles nos bancos precisam ver a imagem mais abrangente do que Deus tem feito e como
cada parte da Escritura contribui para aquela imagem. O que nos leva ao segundo passo para
fazer boa teologia bíblica na pregação…

Direção – Como Fazer Teologia Bíblica ao Pregar (cont.)

Olhe para o Todo – Pregação Canônica

Como pregadores, nós não devemos nos limitar apenas à teologia antecedente. Nós também
devemos  considerar  o  todo  da  Escritura,  o  testemunho  canônico  que  agora  possuímos  no
ministério,  morte  e  ressurreição  de  Jesus  Cristo.  Se  nós  pregarmos  apenas  a  teologia
antecedente, não estaremos dividindo acuradamente a palavra de Deus; tampouco estaremos
levando a mensagem do Senhor ao povo de nossos dias.

Quando  pregamos  nos  primeiros  capítulos  de  Gênesis,  portanto,  nós  também  devemos
proclamar  que  a  semente  da  mulher  é  Jesus  Cristo,  e  que  a  queda  da  criação  na  futilidade
será  revertida  por  meio  da  obra  de  Jesus  Cristo  (Rm  8.18­25).  Nossos  ouvintes  devem  ver
que a velha criação não é a palavra final, mas que há uma nova criação em Cristo Jesus. Nós
devemos mostrar­lhes pelo livro de Apocalipse que o fim é melhor do que o começo, e que as
bênçãos da criação original serão alargadas (por assim dizer) na nova criação.

Do  mesmo  modo,  o  que  nós  como  pregadores  diremos  ao  pregar  em  Levítico,  se  não
pregarmos Levítico à luz do cumprimento havido em Jesus Cristo? Certamente nós devemos
proclamar que os sacrifícios do AT se cumpriram na obra de Jesus Cristo na cruz.

Além  disso,  os  regulamentos  concernentes  às  leis  alimentares  e  à  purificação  devem  ser
interpretados  canonicamente,  de  modo  a  compreendermos  que  o  Senhor  não  nos  chama
para  seguirmos  as  leis  alimentares  ou  os  regulamentos  de  purificação.  Esses  regulamentos
apontam para algo maior: a santidade e a nova vida que devemos possuir como crentes (1Co
5.6­8; 1Pe 1.15­16).

Tampouco  é  o  caso,  como  o  Novo  Testamento  claramente  ensina,  de  que  os  crentes  ainda
estejam sob a lei Mosaica (Gl 3.15­4.7; 2Co 3.7­18). A antiga aliança foi planejada para estar
em vigor por um período determinado na história da salvação. Agora que o cumprimento em
Cristo  se  manifestou,  não  estamos  mais  sob  a  aliança  que  o  Senhor  instituiu  com  Israel.
Então,  é  um  erro  pensar  que  as  leis  às  quais  Israel  estava  obrigado  como  nação  deveriam
servir  como  paradigma  para  os  estados  nacionais  atualmente  –  como  defendem  os
teonomistas  em  nossos  dias.  Nós  devemos  reconhecer,  em  nossa  pregação,  a  diferença
entre  Israel  como  povo  de  Deus  e  a  igreja  de  Jesus  Cristo.  Israel  era  o  povo  teocrático  de
Deus, representando tanto o povo da aliança de Deus como um ente política. Mas a igreja de
Jesus Cristo não é um ente político com um código de leis para os estados nacionais. A igreja
é composta de pessoas de todo povo, língua, tribo e nação. Uma falha em compreender essa
diferença entre a antiga e a nova aliança devastaria nossas congregações.

Se nós não entendermos as diferenças entre a antiga aliança e a nova, teremos dificuldade,
por exemplo, em proclamar a conquista da terra em Josué. Certamente, a promessa para a
igreja de Jesus Cristo não é que nós possuiremos a terra de Canaã algum dia! Diversamente,
ao  lermos  o  Novo  Testamento,  nós  aprendemos  que  a  promessa  da  terra  é  entendida
tipologicamente  e  também  expandida  para  um  cumprimento  final  no  Novo  Testamento.  A
epístola  aos  Hebreus  explica  que  o  descanso  prometido  sob  Josué  nunca  foi  planejado  pra
ser  o  descanso  final  para  o  povo  de  Deus  (Hb  3.7­4.13).  Paulo  explica  que  a  promessa  da
terra  a  Abraão  não  pode  ser  confinada  a  Canaã,  mas  se  universaliza  para  incluir  o  mundo
inteiro  (Rm  4.13).  Descobrimos  em  Hebreus  que  nós,  como  cristãos,  não  aguardamos  uma
cidade  terrena,  mas  uma  cidade  celestial  (Hb  11.10;  14.16;  13.14),  uma  cidade  por  vir.  Ou,
como João coloca em Apocalipse 21­22, nós aguardamos a Jerusalém celestial, a qual não é
outra coisa senão uma nova criação. E, outras palavras, se nós pregarmos em Josué e não
enfatizarmos  a  nossa  herança  em  Cristo  e  a  nova  criação,  então  teremos  falhado

miseravelmente em comunicar o enredo da Escritura na exposição do livro. Teremos truncado
a sua mensagem de modo que o nosso povo falhará em ver como toda a Escritura se cumpre
em  Cristo,  e  como  todas  as  promessas  de  Deus  são  “sim”  e  “amém”  em  Cristo  Jesus  (2Co
1.20).

Se  nós  pregarmos  as  Escrituras  canonicamente,  usando  a  teologia  bíblica,  então
proclamaremos  Cristo  tanto  a  partir  do  Antigo  Testamento  como  do  Novo  Testamento.
Devemos evitar o perigo, é claro, de fazer alegorias simplistas ou conexões forçadas entre os
testamentos.  Nós  não  cairemos  em  tais  erros  se  tivermos  realizado  adequadamente  o
testamentos.  Nós  não  cairemos  em  tais  erros  se  tivermos  realizado  adequadamente  o
trabalho da teologia bíblica e seguido a hermenêutica dos próprios escritores apostólicos. Os
escritores  apostólicos,  afinal,  criam  que  o  Antigo  Testamento  apontava  para  Cristo  e  se
cumpria nele. E eles aprenderam essa hermenêutica do próprio Jesus Cristo, no momento em
que  ele  abriu  as  Escrituras  para  Cleopas  e  seu  amigo  no  caminho  de  Emaús  (Lc  24).  Sob
esse  aspecto,  alguns  têm  defendido  que  a  hermenêutica  dos  apóstolos  era  inspirada,  mas
não deveria ser imitada hoje. [11] Tal visão não se sustenta porque sugere que o cumprimento
do Antigo Testamento visto pelos apóstolos não confere com o que os textos verdadeiramente
significam. Se esse é o caso, as conexões apontadas entre os testamentos são arbitrárias, e
os  apóstolos  (e  o  próprio  Cristo!)  não  servem  como  modelos  de  interpretação  do  Antigo
Testamento hoje.

Se  nós  cremos,  contudo,  que  os  apóstolos  foram  leitores  inspirados  e  sábios  do  Antigo
Testamento,  então  nós  temos  um  padrão  para  lermos  todo  o  Antigo  Testamento  à  luz  do
cumprimento realizado em Jesus Cristo. O enredo e as estruturas do Antigo Testamento todos
apontam  para  ele  e  são  aperfeiçoados  nele.  [12]  Quando  nós  lemos  sobre  a  promessa  de
Abraão  no  Antigo  Testamento,  nós  percebemos  que  ela  se  cumpriu  em  Cristo  Jesus.  As
sombras  dos  sacrifícios  do  Antigo  Testamento  encontram  a  sua  substância  em  Cristo.  Por
exemplo:

Festas como a Páscoa, o Pentecostes e os Tabernáculos apontavam para Cristo como
o sacrifício pascal, para o dom do Espírito e para Jesus como a Luz do mundo.
Os crentes não estão mais obrigados à observância do shabbat,  pois  ele  também  era
uma  das  sombras  da  antiga  aliança  (Cl  2.16­17;  cf.  Rm  14.5)  e  pertence  à  aliança  do
Sinai  que  não  está  mais  em  vigor  para  os  crentes  (Gl  3.15­4.7;  2Co  3.4­18;  Hb  7.11­
10.18). O shabbat aponta para o descanso que já começou para nós em Cristo e que
será consumado no descanso celestial do último dia (Hb 3.12­4.11).
O  templo  antecipa  Cristo  como  o  verdadeiro  templo,  enquanto  a  circuncisão  é
consumada na circuncisão do coração ancorado na cruz de Cristo e protegido pela obra
do Espírito.
Davi,  como  rei  de  Israel  e  um  homem  segundo  o  coração  de  Deus,  não  representa  o
ápice do reino; Davi é um tipo de Jesus Cristo. Cristo, o superior Davi, era impecável.
Ele é o rei messiânico que, por meio de seu ministério, morte e ressurreição, inaugurou
as promessas que Deus fizera ao seu povo.

Se  não  pregarmos  o  Antigo  Testamento  considerando  todo  o  cânon,  nós  estaremos  nos
restringindo  a  lições  morais  do  Antigo  Testamento,  ou,  o  que  é  igualmente  provável,  nós
raramente  pregaremos  no  Antigo  Testamento.  Como  cristãos,  nós  sabemos  que  muito  do
Antigo Testamento não fala mais diretamente à nossa situação hoje. Por exemplo, Deus não
prometeu nos libertar da escravidão política como libertou Israel do Egito. A terra de Israel é
politicamente volátil nestes dias, mas os cristãos não creem que a sua alegria virá pelo fato de
viverem em Israel, tampouco pensam que a adoração consiste em ir ao templo para oferecer
sacrifício. Contudo, se não pregarmos o Antigo Testamento canonicamente, à luz da teologia
bíblica,  ele  frequentemente  será  negligenciado  na  pregação  cristã.  E,  ao  fazê­lo,  nós  não
apenas  nos  privamos  de  maravilhosos  tesouros  da  palavra  de  Deus,  mas  também  falhamos
em ver o caráter profundo e multifacetado da revelação bíblica. Nós nos colocamos em uma
posição na qual não lemos o Antigo Testamento do modo como Jesus e os apóstolos faziam,
e assim não vemos que as promessas de Deus são “sim” e “amém” em Jesus Cristo.

Ler o Antigo Testamento canonicamente não significa que o Antigo Testamento não seja lido
em  seu  contexto  histórico­cultural.  A  primeira  tarefa  de  todo  intérprete  é  ler  o  Antigo
Testamento em si mesmo, discernindo o significado pretendido pelo autor bíblico ao escrevê­
lo.            Além  disso,  como  defendemos  acima,  cada  livro  do  AT  deve  ser  lido  à  luz  de  sua
teologia antecedente, de modo que o enredo da Escritura é compreendido. Mas nós também
devemos ler toda a Escritura canonicamente, de modo que o Antigo Testamento é lido à luz
da história completa – o cumprimento que veio em Jesus Cristo.

Em resumo, nós deveríamos sempre considerar a perspectiva do todo – do autor divino – ao
fazer teologia bíblica e ao pregar a Palavra de Deus. Nós deveríamos ler as Escrituras tanto
de  frente  para  trás  como  de  trás  para  frente.  Nós  deveríamos  sempre  considerar  a  história
que está se desenvolvendo bem como o fim da história.

Conclusão

A nossa tarefa como pregadores é proclamar todo o conselho de Deus. Nós não cumpriremos
o  nosso  chamado  se,  como  pregadores,  nós  falharmos  em  fazer  teologia  bíblica.  Nós
podemos  receber  muitos  elogios  de  nosso  povo  por  nossas  lições  morais  e  nossas
ilustrações, mas não estamos servindo nossas congregações fielmente se elas não entendem
ilustrações, mas não estamos servindo nossas congregações fielmente se elas não entendem
como  toda  a  Escritura  aponta  para  Cristo,  e  se  elas  não  obtêm  de  nós  um  melhor
entendimento do enredo da Bíblia. Que Deus nos ajude a sermos mestres e pastores fieis, de
modo que cada pessoa sob nossos cuidados seja apresentada perfeita em Cristo.

Notas:

1.  D.  A.  Carson,  “Systematic  and  Biblical  Theology,”  em  New  Dictionary  of  Biblical
Theology (eds. T. Desmond Alexander e Brian S. Rosner; Downers Grove: InterVarsity, 2000),
94. Uma outra definição é apresentada por Charles H. H. Scobie: “A teologia bíblica pode ser
definida  como  o  estudo  ordenado  do  entendimento  da  revelação  de  Deus  contida  nas
Escrituras  canônicas  do  Antigo  e  do  Novo  Testamentos”  (“The  Challenge  of  Biblical
Theology,” Tyndale Bulletin 42 [1991]: 36).

2. Brian S. Rosner, “Biblical Theology,” in New Dictionary of Biblical Theology, 5.

3.  Kevin  J.  Vanhoozer,  “Exegesis  and  Hermeneutics,”  in  New  Dictionary  of  Biblical  Theology,
56.

4. Ibid., 56.

5. Carson, “Systematic and Biblical Theology,” 100.

6.  Gerhard  Hasel,  “Biblical  Theology:  Then,  Now,  and  Tomorrow,”  Horizons  of  Biblical
Theology 4 (1982): 66.

7. Para a discussão que segue, ver Carson, “Systematic and Biblical Theology,” 101­02.

8. Scobie, “The Challenge of Biblical Theology,” 50­51.

9. Para uma introdução mais completa à tipologia, ver David L. Baker, Two  Testaments,  One

n
Bible (IVP, 1976), capítulo 7.

u 10. 
English » Sobre 9Marks Contato Livros Doe
Walter  Kaiser,  Jr.,  Toward  an  Exegetical  Theology:  Biblical  Exegesis  for  Preaching  and
Subscribe

Teaching (Grand Rapids: Baker, 1981), 134­40.

11.  Richard  N.  Longenecker,  Biblical  Exegesis  in  the  Apostolic  Period  (2.  ed.;  Grand  Rapids:
Eerdmans, 1999).

12.  Sobre  a  importância  da  centralidade  em  Cristo  na  nossa  pregação,  ver  Graeme
Goldsworthy,  Preaching  the  Whole  Bible  as  Christian  Scripture:  The  Application  of  Biblical
Theology  to  Expository  Preaching  (Grand  Rapids:  Eerdmans,  2000);  Sidney o
p
Greidanus,  Preaching  Christ  from  the  Old  Testament:  A  Contemporary  Hermeneutical
Method  (Grand  Rapids:  Eerdmans,  1999);  Edmund  P.  Clowney,  Preaching  Christ  in  All  of

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Scripture  (Wheaton:  Crossway,  2003).  [N.T.:  Dentre  tais  obras,  apenas  o  livro  de  Sidney
Greidanus  foi  publicado  em  português,  pela  Editora  Cultura  Cristã,  com  o  título  Pregando
Cristo a partir do Antigo Testamento.]

Este  artigo  foi  extraído  e  adaptado  do  The  Southern  Baptist  Journal  of  Theology  [Jornal  de
r
Teologia Batista do Sul] 10.2 (2006) e é usado com permissão. Thomas Schreiner serve como
pastor de pregação na Clifton Baptist Church em Louisville, Kentucky. Ele é também professor
–   + A

de  Novo  Testamento  no  Southern  Baptist  Theological  Seminary  [Seminário  Teológico  Batista
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do Sul] e escreveu Romans [Romanos] (Baker, 1998) e Paul, Apostle of God’s Glory in Christ:
A Pauline Theology  [Paulo,  o  Apóstolo  da  Glória  de  Deus  em  Cristo:  Uma  Teologia  Paulina]
(InterVarsity, 2001), entre muitos outros títulos.

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