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Igreja Evangélica Assembleia de Deus em Pernambuco

Superintendência das Escolas Bíblicas Dominicais


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LIÇÃO 01 – A PESSOA DO ESPÍRITO SANTO - 1º TRIMESTRE DE 2021


(Jo 14.16-18,26; 16.14)
INTRODUÇÃO
Nesta lição veremos de maneira introdutória a doutrina da Pneumatologia; estudaremos sobre a interrelação do Espírito Santo
com as pessoas da Trindade; notaremos o Espírito Santo como um ser pessoal e divino; pontuaremos quais pecados podem ser
cometidos contra o Espírito Santo; e por fim, analisaremos a possibilidade da adoração ao Paracleto Divino.
I – PNEUMATOLOGIA: O ESTUDO SOBRE O ESPÍRITO SANTO
1.1 A doutrina do Espírito Santo. Na Teologia, a doutrina do Espírito Santo é conhecida como “Pneumatologia”. O termo vem de
“pneuma” (ar, vento, espírito), cognato do verbo “pnéo” (respirar, soprar) ou conhecida também como: “Pneumagiologia”. Já este
termo procede da junção de três palavras gregas: “pneuma” (espírito), “hagios” (santo) e “logia” (estudo). Porém, o termo preferido
dos estudiosos da Bíblia é “Paracletologia”. A palavra, “parákletos” encontrada apenas no evangelho e na epístola de João (Jo
14.16,26; 15.26; 16.7; 1Jo 2.1), procede de duas palavras gregas: “pará” (para o lado de), e “kaléo” (chamar) que significa: “alguém
que é chamado para estar ao lado de outro para ajudá-lo como um advogado” (SILVA, 1996, p.11). “O Espírito Santo é a pessoa
específica da Trindade que mais atua em nós” (SOARES, 2020, p. 14).
II - O ESPÍIRTO SANTO E A INTERRELAÇÃO COM AS PESSOAS DA TRINDADE
O nome Espírito Santo vem do hebraico “ruah kadosh” e do grego “pneuma hagios”. Ele é Deus, igual com o Pai e o Filho,
e formam uma só divindade, pois eles são “allos” palavra grega que denota “da mesma natureza, da mesma espécie e da mesma
qualidade”; diferente de “heteros” que denota “ser de espécie diferente”. Ao chamar o Espírito Santo de “allon parakleton”, Jesus
afirmou que tudo quanto pode ser afirmado a respeito de sua natureza pode ser dito do Espírito (HORTON, 2006, p. 2006).
2.1 O Espírito Santo e a doutrina da Trindade. As Escrituras ensinam que Deus é um (Dt 4.35; 6.4; Is 37.16), contudo, a unidade
divina é uma unidade composta de três pessoas, que são: Deus Pai, Deus Filho e Deus Espírito Santo (Mt 28.19; 1 Co 12.4-6), que
cooperam unidos em um mesmo propósito, onde não existe nenhum tipo de hierarquia ou superioridade entre eles; não se tratando
também de três deuses (triteísmo) e nem três modos ou máscaras de manifestações divinas (unicismo), antes, são três pessoas, mas
um só Deus (Jo 10.30). Deus é uno em essência ou substância, indivisível em natureza e que subsiste eternamente em três pessoas, o
Pai, o Filho e o Espírito Santo, iguais em poder, glória e majestade e distintas em função, manifestação e aspecto [...] Uma só
essência, substância, em três pessoas [...] as três pessoas associadas em unidade e igualdade (SOARES Org, 2017, p. 39,40 - grifo
nosso). Cremos que a doutrina da santíssima Trindade é uma verdade bíblica, conforme definida no Credo de Atanásio: “A fé universal
é esta: que adoremos um Deus em trindade, e trindade em unidade; não confundimos as Pessoas, nem separamos a substância”. O
relacionamento do Espírito Santo com o Pai e com o Filho revela a sua divindade e a sua consubstancialidade com Eles. Há um só
Deus que subsiste em três pessoas distintas (Mt 28.19, 1Co 12.4-6; 2Co 13.13; Ef 4.4-6; 1Pe 1.2) (SOARES Org, 2017, pp. 41,42).
2.2 O Espírito Santo e a doutrina Pericorese. Pericoresis vem de três termos grego: “peri” = “periferia”, “coré” = “coreografia ou
dança” e “esis” = “expressa uma ação”. Pericoresis é a união íntima intratrinitariana entre o Pai, o Filho e o Espírito Santo, ou seja,
é a habitação das Pessoas da Trindade uma na outra. É uma dança eterna, harmônica e perfeita das três pessoas da Santíssima
Trindade”. O termo se refere à mútua e íntima interpenetração das três pessoas da Trindade (Jo 10.30; 14.10,16,17,20,23; 17.5,21;
2Co 2.10,11) (SOARES, 2020, p. 24). Há uma absoluta igualdade dentro da Trindade, e nenhuma das três Pessoas está sujeita, por
natureza, à outra, como se houvesse uma hierarquia divina [...]. A subordinação do Filho não compromete a sua deidade absoluta e,
da mesma forma, a subordinação do Espírito Santo ao ministério do Filho e ao Pai não é sinônimo de inferioridade (SOARES, Org,
2017, pp. 41,42 - grifo nosso). A tradição teológica tem interpretado esta coabitação entre as pessoas da Trindade como
“interpenetrados” onde o Pai, o Filho e o Espírito Santo não apenas envolvem um ao outro, mas eles também entram um no outro,
permeando-se entre si, e habitam um no outro (SOARES, 2017, pp. 77,78). As três Pessoas são iguais e não há entre elas primeiro
e último. Existem diversos textos em que o Espírito Santo é citado na Trindade como a primeira pessoa (Is 61.1; 1Co 12.4-6; Ef 4.4-
6); como a segunda pessoa (Mt 3.16,17; 1Co 12.12,13; 1Pd 1.2); e como a terceira pessoa (Mt 28.19; At 10.38; 2Co 13.13; Mt 10.20;
Rm 8.9; 1Co 2.11,12; Gl 4.6). “Logo, o Espírito Santo é da mesma substância, da mesma espécie, de mesmo poder e glória do Pai
e do Filho” (SOARES Org, 2017, p. 67 – grifo nosso).
III - O ESPÍRITO SANTO COMO UM SER PESSOAL
Uma pessoa é um ser consciente, com arbítrio próprio e, por isso, partindo do princípio que apresenta plena capacidade
mental, é responsável pelos seus atos. A Bíblia ensina que o Espírito Santo é uma pessoa, pois possui características pessoais:
sentimento (emoção), intelecto (inteligência) e vontade (arbítrio). A Bíblia mostra o Espírito Santo como uma pessoa porque Ele:
Fala (2Sm 23.2; Hb 3.7; Ap 2.7,11,17); Guia (Jo 16.13; At 8.29; Rm 8.14); Pode ser resistido (At 7.51);
Intercede (Rm 8.26); Impede (At 16.6,7); Pode-se mentir a Ele (At 5.3,4);
Testifica (Jo 15.26; Rm 8.16); Tem vontade (Jo 3.8; 1Co 12.11); Tem emoções (Is 63.10; Ef 4.30);
Ama (Rm 15.30); Lembra (Jo 14.26); Pode-se blasfemar dele (Mt 12.31,32);
Ensina (Ne 9.20; Jo 14.26; 1Co 2.13); Convence (Ne 9.30; Jo 16.7,8); Realiza milagres (At 8.39);
Revela (At 10.19-21; Ef 1.17); Lidera (Jo 16.13,14); Pode-se insultar dele (Hb 10.29);
Escolhe (At 13.2; 20.28); Julga (At 15.28); Advoga (At 5.32);
Clama (Gl 4.6; 1Tm 4.1); Envia (At 13.2-4); Convida (Ap 22.17);
Tem inteligência (Is 11.2); Consola (Jo 14.16, 15.26; At 9.31); Ele é bom (Sl 143.10).

IV - O ESPÍRITO SANTO COMO UM SER DIVINO


A asseidade serve para designar “o atributo divino segundo o qual um ser existe por si mesmo e não precisa de outro para
existir”. Assim como o Pai e o Filho, o Espírito Santo é autoexistente. Ou seja: ele não depende de nada fora de si para existir. Ele
sempre existiu; é um ser incausado: “[…] pelo Espírito eterno” (Hb 9.14). Em toda a Bíblia, podemos ver claramente que o Espírito
Santo é Deus (BERGSTÉN, 1999, p. 97). Vejamos alguns atributos divinos do Espírito Santo:

Ele é o Espírito de Deus (Gn 1.2; 1Co 3.16, 6.11; 2Co 3.3); Ele é o Altíssimo (Lc 1.35);
Ele é o Espírito de Cristo (Rm 8.9; 1Pd 1.11); Ele é Criador (Gn 1.2; Jó 26.13; 33.4; Sl 104.24,25,30);
Ele é o Espírito de Jesus (At 16.7); Ele é Eterno (Hb 9.15);
Ele é o Espírito do Senhor (Jz 6.34; 15.14; 16.20; 2Sm 23.2,3); Ele é Deus (At 5:3,4);
Ele é o Espírito de seu Filho (Gl 4.6) Ele gerou Jesus (Mt 1.20; Lc 1.35);
Ele é o Espírito de vida e da verdade (Rm 8.2; Jo 14.16,17); Ele ressuscitou Jesus dentre os mortos (1Pd 3.18)
Ele é o Espírito da Graça e da Glória (Hb 10.29; 1Pd 4.14); Ele estar junto com o Pai e o Filho (Mt 28.19; 2Co 13.13);
Ele é Onipresente (Sl 139.7-10); Ele é doador de vida (Jó 33.4; Sl 104.30);
Ele é Onisciente (Is 40.13; 1Co 2.10-12); Ele é inspirador da Bíblia (1Pd 1.11; 2Pd 1.21; 2Tm 3.16);
Ele é Onipotente (Lc 1.35; 1Co 12.11); Ele é o Espírito lá do Alto (Is 32.15).

V - PECADOS CONTRA O ESPÍRITO SANTO


Além da blasfêmia contra o Espírito Santo, considerado o mais grave dos pecados, há outras ofensas. Vejamos:
5.1 Resistir ao Espírito Santo (At 7.51). Este foi o pecado que caracterizou os filhos de Israel quer no Antigo, quer no Novo
Testamento. O que significa resistir ao Espírito Santo? Significa opor-se, consciente e premeditadamente, contra a ação regeneradora
e santificadora do Espírito: “[...] vós sempre resistir ao Espírito Santo; assim vós sois como vossos pais”.
5.2 Entristecer o Espírito Santo (Is 63.10; Ef 4.30). Entristecer o Espírito Santo é opor-se a Ele; é ignorar-lhe a vontade e adotar o
mundanismo como norma de vida. Aos irmãos de Éfeso, exorta Paulo: “E não entristeçais o Espírito Santo de Deus, no qual estais
selados para o Dia da redenção” (Ef 4.30).
5.3 Blasfemar contra o Espírito Santo (Mt 12.32; Hb 10.29). Os fariseus diziam grosseiramente, que Jesus expulsava os demônios
com o poder de Belzebu. A advertência que lhes dirigiu o Senhor foi mais do que enérgica; foi sentencial: “Portanto, eu vos digo:
todo pecado e blasfêmia se perdoará aos homens, mas a blasfêmia contra o Espírito não será perdoada aos homens” (Mt 12.31).
A explicação do sumo sacerdote, Eli, ao repreender os seus filhos profanos: “Pecando homem contra homem, os juízes o julgarão;
pecando, porém, o homem contra o SENHOR, quem rogará por ele?” (1Sm 2.25).

VI – A ADORAÇÃO AO ESPÍRITO SANTO


A Declaração de Fé das Assembleias de Deus cita o Credo Niceno-Constantinopolitano ao afirmar a adoração ao Espírito
Santo: “Cremos no Espírito Santo, o Senhor e vivificador, o que procede do Pai e do Filho, o que juntamente com o Pai e o Filho
é adorado e glorificado” (apud SOARES Org, 2017, p. 70 - grifo nosso). “O Espírito Santo é objeto de nossa fé, oração e adoração”
(SOARES, 63ª EBO- IEADPE, 2019, p. 51). O Espírito Santo não é apenas objeto de nossa fé, mas também de nossa oração e
adoração (HORTON, 1996, p. 177 – grifo nosso). “Sobre a ‘comunhão com o Espírito Santo’ (2Co 13.13), a Bíblia mostra que
Ele é não apenas objeto de nossa fé, mas também de nossa oração e adoração” (SOARES, 2020, p. 18). Portanto, quando adoramos
a Deus estamos glorificando as três pessoas simultaneamente como bem ensina a Harpa Cristã número 10: “Glória, glória ao Pai
bendito, glória, glória a Jesus; glória dai ao Santo Espírito. Ao Deus trino, nossa luz”.
6.1 Uma pessoa divina é digna de adoração. É comum dizer que o Espírito Santo não deve ser adorado porque “ele glorifica a
Cristo”. É, na verdade, um pensamento equivocado, pois se Ele é Deus, nisso por si só, a sua adoração é aceitável, não existe na fé
cristã um deus de segunda categoria, um que deve ser adorado e outro não [...] (SOARES, 2020, p. 25 – grifo nosso). Somos ordenados
a adorar a Deus (Sl 18.3; 48.1; Mt 4.10, Ap 19.10; 22.9). O Espírito Santo é chamado de Senhor nas Escrituras: “Ora, o SENHOR é
o Espírito” (2Co 3.17 - ARA). Se, então, o Espírito Santo é Deus (2Sm 23.2,3), como uma pessoa da Trindade, então, Ele é digno de
adoração. O Espírito Santo possui a natureza da divindade - Ele compartilha os atributos de Deus. Ele não é nem angélico nem
humano, mas na sua essência Ele é divino (At 5.3,4). Paulo mostra claramente que as três pessoas da Trindade são adoradas: a) O
Pai (Gl 1.3-6); o Filho (Gl 1.7-12); e, o Espírito Santo (Ef 1.13,14). Nesta passagem temos percebemos a Divindade nas três pessoas
de maneira distinta em prol da salvação do homem. Em todas as três funções os três são dignos do mesmo louvor, glória e adoração.
CONCLUSÃO
Sendo o Espírito Santo Deus, seria impossível defini-lo ou descrevê-lo em Sua plenitude. Por isso, procuramos apenas
descrever alguns atributos, bem como algumas de suas atividades que foram registradas nas Sagradas Escrituras sem esquecer-nos,
no entanto, de que esta atuação não se limita às experiências que foram registradas nas páginas das Escrituras; pois, Ele continua
agindo, de maneira atuante e marcante, na vida dos pecadores, e, principalmente, dos servos de Deus, espalhados por todo o mundo.
REFERÊNCIAS
ANDRADE, Claudionor Correia de. Dicionário Teológico. CPAD. PEARLMAN, Myer Conhecendo as Doutrinas da Bíblia. Vida.
BÉRGSTEN, Eurico. Teologia Sistemática. CPAD. SOARES, Ezequias. O Verdadeiro Pentecostalismo. CPAD.
HORTON, Stanley O que a Bíblia diz sobre o Espírito Santo. CPAD. SOARES, E. (Org.). Declaração de Fé das Assembleias de Deus. CPAD.
HORTON, Stanley. Teologia Sistemática. CPAD. STAMPS, Donald C. Bíblia de Estudo Pentecostal. CPAD.

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