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ASSIM NA

TERRA COMO NO

CÉU
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ASSIM NA

TERRA COMO NO

CÉURESPONDA AO CHAMADO DE DEUS PARA TRANSFORMAR O MUNDO

C. PETER WAGNER
Autor do best-seller Descubra Seus Dons Espirituais
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ASSIM NA TERRA COMO NO CÉU


© 2013 Editora Sete Montes

Coordenação editorial: Ap. Fernando Guillen


Tradução: Maria Lucia Godde Cortez
Copidesque e revisão: Silvia Calmon, Ana Lacerda e Janaína Mansilha
Diagramação: Julio Fado
Capa: Luciano Buchacra (agencia2012.com.br)

Originalmente publicado nos Estados Unidos sob o título On Earth as It Is in Heaven, por
Regal, from Gospel Light, Ventura, Califórnia, Estados Unidos (www.regalbooks.com).
Copyright © 2012 por C. Peter Wagner. Todos os direitos reservados.

Publicado no Brasil por Editora Sete Montes.


1ª edição: abril de 2013. Todos os direitos reservados.

Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida, distribuída ou transmitida


sob qualquer forma ou meio, ou armazenada em base de dados ou sistema de
recuperação, sem a autorização prévia por escrito da Editora Sete Montes.

Exceto em caso de indicação em contrário, todas as citações bíblicas foram extraídas


das seguintes Bíblias Sagradas: Almeida Corrigida e Fiel, Sociedade Bíblica Trinitariana
do Brasil, © 1997, e Bíblia Sagrada Almeida Revista e Atualizada, SBB, © 1993.
Outras versões utilizadas, indicadas entre parênteses: A Mensagem e Nova Versão
Internacional (NVI).

Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)


(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)

Wagner, C. Peter
Assim na Terra como no céu : responda ao chamado
de Deus para transformar o mundo / C. Peter Wagner ;
[tradução Maria Lucia Godde Cortez]. -- 1. ed. --
Belo Horizonte, MG : Sete Montes, 2013.

Título original: On earth as it is in heaven :


answer God’s call in your life and in the church.

ISBN:

1. Bíblia - Teologia 2. Teologia do domínio


I. Título.

Índices para catálogo sistemático:


1. Teologia do domínio : Cristianismo 230.046

13-03483 CDD-230.046
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SUMÁRIO

Prefácio 7

1. Um Novo Vinho: A Segunda Era Apostólica 25

2. Um Novo Horizonte: Transformação Social 43

3. Um Novo Paradigma: A Teologia do Domínio 65

4. Um Novo Rompimento Teológico:


Deus Tem a Mente Aberta 85

5. Uma Nova Vitalidade: O Poder do Espírito Santo 109

6. Uma Nova Realidade: Isso Significa Guerra! 129

7. Um Novo Cenário: A Igreja no Mercado de Trabalho 155

8. Uma Nova Estratégia: Aprendendo com a Experiência 177

9. Uma Nova Influência:


O Dinheiro Responde a Tudo! 203

10. Uma Nova Urgência: Então, Mãos à Obra! 225

Notas 235

Índice de Referências Bíblicas 241

Índice de Assuntos 243


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PREFÁCIO

Por que escrevi este livro? A partir de meados do ano de 1990,


comecei a examinar atentamente o papel da Igreja na socieda-
de. Quando iniciei minha análise, não considerava a hipótese
de que se envolver com a cultura, o governo, a educação, a mí-
dia e o mercado de trabalho fosse uma missão dada por Deus a
nós, como crentes. Entretanto, quando minha perspectiva mu-
dou, comecei a seguir meu modo usual de pesquisa e ensino
e apliquei-o às questões relacionadas a esse tema, e finalmente
organizei minhas ideias em um livro.
Enquanto escrevia, estava ciente de que nem todos os
meus amigos — mesmo aqueles que se uniram a mim no ramo
evangélico que aceita as manifestações carismáticas — concor-
dariam com todas as conclusões às quais eu estava chegando.
Esperava que o livro estimulasse algumas tensões criativas e di-
álogos frutíferos que pudessem ajudar todos nós a ouvirmos
melhor o que Deus está dizendo às igrejas hoje. Mas jamais
previ a tempestade que ele provocaria.
O livro foi publicado primeiramente com o seguinte tí-
tulo: Domínio! — assim mesmo, com um ponto de exclamação
como parte do título. O subtítulo era How Kingdom Action Can
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8 Assim na TERRA como no CÉU

Change the World (Como a ação do Reino pode transformar o


mundo). A palavra “domínio” por si só gerou todo tipo de con-
fusão, tanto devido às minhas reais palavras sobre a reforma
da sociedade e ainda mais devido à má interpretação de alguns
do significado de domínio. Desde o princípio, fui associado a
pessoas que não conhecia e a uma teologia que não aceito.
Chamar o que se seguiu de uma “explosão radioativa de medo”
pode ser uma definição incompleta. De fato, alguns queriam
que eu fosse expulso da comunidade Cristã, imediatamente!
Um bom número de observadores se posicionou nervosa-
mente no meio de toda a questão, enquanto meus opositores
apregoavam advertências sobre toda e qualquer coisa que fosse
chamada de “domínio”. Alguns poucos abraçaram com entu-
siasmo a visão de uma transformação centralizada, que passou
a ser chamada de “Os Sete Montes”. O lado bom dessa delica-
da situação foi o fato de a mídia ter logo corrido para bater à
minha porta, querendo uma explicação sobre o por quê de
toda aquela comoção, mas não antes que o livro original — este
mesmo texto que você tem em suas mãos, mas ainda com o
título original Domínio! — tivesse sua edição esgotada.
Agora que o livro voltou a ser impresso, com um novo tí-
tulo, vejamos se podemos dar algum sentido a tudo isso. Esta é
a premissa fundamental deste livro: Deus quer que o Seu povo
aqui na terra assuma o domínio da sociedade em que vivemos,
promovendo os valores, as bênçãos e a prosperidade do Seu
Reino para todos. O novo título do livro, Assim na Terra Como
no Céu, destina-se a refletir o trecho da Oração do Pai Nosso
que diz: “... seja feita a tua vontade, assim na terra como no
céu” (Mateus 6:10). Você terá mais detalhes sobre isso à medi-
da que avançar na leitura do livro.
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prefácio 9

S U B E S T IMA N D O A O P O S I Ç Ã O
Agora vejo que subestimei gravemente o grau de oposição que
já havia se desenvolvido em certos círculos contra o que chamo
de o Mandato de Domínio. Na verdade, fico constrangido em ad-
mitir que uma rede de apologistas cristãos já vinha há algum
tempo opondo-se ao que eles chamavam de “dominionismo”, e
quando escrevi este livro, eu ainda não havia sequer ouvido fa-
lar nesse termo nem lido o que eles estavam escrevendo. Mas o
que eles estavam dizendo? Transcrevo aqui alguns trechos que
selecionei aleatoriamente na Internet de algumas de suas ex-
pressões descritivas relacionadas ao dominionismo: “um movi-
mento político perigoso”, “extremismo religioso”, “uma traição
aos costumes políticos e sociais da nossa sociedade”, “algo que
promove o ódio”, “ideias bizarras de um punhado de cristãos
de Direita”, “uma aberração da verdadeira teologia cristã”, “he-
resia” e “imperialismo cristão”, apenas para começar.
Quanto mais eu lia e analisava este material, mais con-
vencido ficava de que o medo é um dos principais elementos
motivadores por trás da oposição sincera ao dominionismo
por parte de alguns. Embora haja muitos outros elementos
que suscitam medo e possam ser identificados com precisão
ao longo da literatura, a maioria deles pode ser resumida no
medo de que o dominionismo leve a uma teocracia. Por incrí-
vel que pareça, tenho tanto receio de uma teocracia quanto os
críticos do dominionismo.

A R E S S U R R E IÇ Ã O D E U M L I V R O
Obviamente, minha editora de costume, a Regal Books, não é
suscetível ao medo do dominionismo bíblico, de modo que o
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10 Assim na TERRA como no CÉU

livro agora ressuscitou e foi lançado novamente com algumas


mudanças, e com um título mais suave e simpático: Assim na
Terra Como no Céu.
Neste intervalo de tempo, alguns indivíduos acabaram
conseguindo ter em mãos exemplares do livro controverso.
Um alvoroço de interesse público veio à tona em meados de
2011, quando o Governador Rick Perry anunciou sua candi-
datura para a Presidência pelo Partido Republicano. Alguns
de seus oponentes tentaram encontrar formas de associá-lo
ao dominionismo, e a Internet foi incendiada com discussões
animadas sobre o assunto por cerca de três meses. A revista
TIME publicou uma reportagem de cobertura sobre o Gover-
nador Perry, acompanhada de um artigo cujo título era: “Em
Deus Confiamos”, descrevendo os dominionistas como aque-
les que acreditam que a Bíblia deveria reger a sociedade. O arti-
go relata: “O que é novo nas eleições de 2012 é o surgimento da
Nova Reforma Apostólica (NRA), que foi assim chamada por
C. Peter Wagner, um ministro de Colorado Springs que escreve
livros com títulos como Domínio! Como a Ação do Reino pode
Transformar o Mundo e acredita que o mundo está nas garras
do mal... A missão da NRA: alcançar o domínio sobre as trevas
através do ativismo cristão na política e além dela”.1 Na essên-
cia, o artigo declara o nosso propósito com bastante precisão.
Mas, por favor, permita-me dizê-lo com minhas próprias
palavras.

UM F U N D A ME N T O P A R A O N O S S O M A N D AT O
Escrevi Assim na Terra Como no Céu com o objetivo de oferecer
um fundamento bíblico, teológico e estratégico para ajudar a
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prefácio 11

fortalecer o mandato urgente de Deus à Igreja para se engajar


de forma ativa na transformação da sociedade. Como afirmei,
essa é uma perspectiva relativamente nova ou um paradigma
para muitos de nós, tanto na Igreja Nuclear quanto na Igreja
que estende a sua presença até o mercado de trabalho. Para que
você possa visualizar o quadro maior, tentarei apresentar ao
mesmo tempo muitas linhas conceituais importantes, como o
governo bíblico da Igreja (falando, por exemplo, do papel dos
apóstolos e profetas), a teologia do domínio ou do Reino, uma
visão aberta de Deus, a Igreja no local de trabalho, a grande
transferência de riquezas, e outros temas relacionados.
Minha premissa básica é a de que o Reino de Deus deve vir e
que a Sua vontade deve ser feita aqui na terra como no céu. Esse
é um princípio cristão claro porque, como eu disse, estas são
exatamente as palavras que Jesus ensinou aos Seus discípulos
a orar todos os dias na oração do Pai Nosso. Como seria isso?
Cada segmento da sociedade em que vivemos seria permeado de
paz, justiça, prosperidade, saúde, alegria, harmonia, amor e li-
berdade que caracterizam o projeto original de Deus para a vida
humana. Todas as sociedades terrenas, inclusive a dos Estados
Unidos e a do seu país de origem, seriam mais felizes e mais re-
alizadas se tivessem essas qualidades de vida plenamente ativas
do que sem elas. Assim, você pode entender por que o título do
meu livro é Assim na Terra Como no Céu.
Embora os cristãos comprometidos queiram abraçar estes
valores, os cristãos não são os únicos a fazerem isso. Muitos
não cristãos também concordam com o fato de que as socie-
dades em que vivemos deveriam avançar no sentido de experi-
mentar mais paz, justiça, prosperidade, saúde, retidão, alegria,
harmonia, amor e liberdade, e eles também querem participar
pessoalmente dessa transformação.
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12 Assim na TERRA como no CÉU

Obviamente, neste momento todos nós estamos na terra —


ainda não estamos no céu. Consequentemente, devemos seguir
certas regras terrenas se quisermos mudar a nossa sociedade
para o bem. Um ponto de partida é reconhecer o que muitos
de nós temos chamado de “Os Sete Montes”, que são os princi-
pais responsáveis pela formação da cultura. São eles: Religião,
Família, Educação, Mídia, Governo, Artes e Entretenimento, e
Negócios. Para que uma determinada sociedade seja transfor-
mada, cada um dos Sete Montes precisa ser influenciado ou do-
minado por pessoas de boa vontade, sejam elas cristãs ou não.
Essa seria uma maneira positiva de encarar o dominionismo.
Minha esperança está no fato de que todos que concor-
dam com o ideal de Deus para a vida humana possam vir a ser
aqueles que estarão, no fim do dia, em posições de influência
na sociedade, seja dentro das cidades, dos estados, das nações
ou mesmo dentro de outros territórios ou grupos de pessoas. A
ideologia bíblica que sustenta essa visão é chamada de teologia
do domínio, e será explicada em maiores detalhes no capítulo 3.

N Ã O É U MA T E O CR A C I A !
Reconheço a bagagem que a palavra “domínio” traz em si. O
principal medo daqueles que se opõem ao dominionismo é o
de que ele possa acabar advogando a favor de uma teocracia.
Por exemplo, a Coalizão pela Liberdade Religiosa, uma organi-
zação norte-america, produziu um documento com o apreensi-
vo título “Poderia Haver uma Teocracia no Futuro dos Estados
Unidos?”2 Embora bem pesquisado, o documento chega à con-
clusão questionável de que a teologia do domínio ameaça abrir
a porta para uma teocracia muito temida em nosso país.
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prefácio 13

Esse medo é tão assolador que um substancial livro escrito


por Kevin Phillips tem o título: American Theocracy (Teocracia
Americana). Trata-se de uma tentativa de aumentar a teofobia
que atualmente caracteriza muitos norte-americanos. Um dos
maiores acusados por Phillips de supostamente levar os Esta-
dos Unidos em direção a uma teocracia é George W. Bush, que,
em algumas ocasiões, foi ousado o bastante para afirmar sua
fé em Deus publicamente assim como o seu desejo de ouvir a
voz de Deus e fazer a Sua vontade para a nação. Phillips teme
uma “teocracia impulsionada por um líder forte” e se refere a
“George W. Bush, Teocrata do Estado Maior”.3
Devo admitir que certos indivíduos nos círculos com os
quais me identifico, em momentos de excesso de entusiasmo,
talvez tenham feito declarações que poderiam ser interpre-
tadas como uma defesa da teocracia. Isso é lamentável, mas
compreensível. Em debates menos acalorados sobre os assun-
tos envolvidos, nenhum deles, que eu saiba, sugeriria que qual-
quer governo humano fosse uma teocracia.

O Q U E É T E O C R AC I A ?
Teocracia significa um governo dirigido por Deus. Aqueles
de nós que acreditam na Bíblia concordam que toda a terra
um dia será governada por Deus. Considerando que Deus é o
Criador do universo, Ele tem o direito definitivo de governá-la.
Está previsto que Jesus Cristo, a segunda pessoa da Trindade,
voltará à terra mais uma vez, desta vez não como um sacrifício
na cruz, mas como um guerreiro em um cavalo branco. Ele as-
sumirá o controle da sociedade humana de uma vez por todas,
e quando isso acontecer teremos uma nova terra diferente de
qualquer coisa que já conhecemos desde Adão e Eva.
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14 Assim na TERRA como no CÉU

Entretanto, tudo isso está no futuro. Ninguém sabe


quando acontecerá. Pode ser na nossa geração, ou pode ser
daqui a muitas gerações. Enquanto isso, nós, seres humanos
que representamos Deus, temos a responsabilidade de fazer
o melhor que pudermos, com todas as nossas imperfeições e
deficiências, para estabelecer sociedades humanas que, tanto
quanto possível, reflitam as bênçãos de Deus sobre toda a hu-
manidade. Em minha opinião, a melhor maneira de fazê-lo é
através de uma democracia, e não de uma teocracia.
A história humana está repleta de experimentos de gover-
nos teocráticos, tanto cristãos quanto não cristãos. Nos dias de
hoje, os exemplos de maior destaque de um governo teocrático
seriam as nações muçulmanas que vivem sob a lei sharia, que é a
lei islâmica com base no Qur’an. O deus — ou theos — que supos-
tamente governa essas sociedades é Alá, que não deve ser con-
fundido por nenhum esforço da imaginação com o Deus Jeová,
o Pai de Jesus Cristo. Não preciso catalogar a longa lista de vio-
lações aos direitos humanos sancionadas oficialmente e ineren-
tes (não apenas acidentais) à lei sharia. Vale a pena mencionar,
entretanto, apenas como um exemplo, as leis contra o crime de
apostasia, que incluem (entre outras situações) deixar o Islã por
outra fé como o Cristianismo e que punem com a pena capital
por apedrejamento ou decapitação. A liberdade religiosa não é
considerada um direito humano nas teocracias islâmicas.
Quando os Estados Unidos conquistaram a independên-
cia da Inglaterra, ela se separou de uma Igreja estatal que era,
essencialmente, uma forma de teocracia. Na teoria, Deus era o
governante da Inglaterra, e o rei ou rainha era visto como in-
dicado por Deus. O monarca, por sua vez, indicava o Arcebis-
po de Canterbury, que regia a Igreja da Inglaterra, ou a Igreja
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prefácio 15

Anglicana. A Constituição Americana rompeu com essa tra-


dição e proibiu o governo dos Estados Unidos de estabelecer
uma Igreja estatal, como a Igreja Anglicana, que governava
como uma teocracia. A democracia tomou o lugar da teocra-
cia/monarquia; e ela funcionou muito bem, pelo menos para
os Estados Unidos, por mais de 200 anos.
É por isso que rejeito não apenas uma teocracia, mas ain-
da mais uma “eclesiocracia” imaginada, na qual a Igreja gover-
naria. Em Romanos 13:1-4, a Igreja é instruída a não seguir
nessa direção. Referindo-se ao governo do Império Romano,
Paulo escreveu: “Toda a alma esteja sujeita às potestades su-
periores; porque não há potestade que não venha de Deus; e
as potestades que há foram ordenadas por Deus” (Romanos
13:1). Voltando por um instante ao tema dos Sete Montes, a
Igreja, como um corpo organizado, deveria reconhecer que
suas atividades e influência operam no monte da religião, e
não em qualquer dos outros seis. O governo civil deveria ser
visto como uma função do monte do governo — esses dois não
deveriam ser confundidos.
Nada disto desacredita a tese central deste livro de que o
plano de Deus é que o Seu Reino venha à terra assim como é
no céu, aqui e agora. Isso significa que os indivíduos que pos-
suem a mentalidade do Reino e que são motivados pelo Reino
em todos os Sete Montes devem se esforçar para influenciar e
assumir o domínio da esfera da sociedade que Deus lhes de-
signou, seja qual for. Quando isto é aplicado ao monte do go-
verno, significa que o povo de Deus com altos padrões bíblicos
deve procurar ocupar os mais altos cargos de governo possíveis
dentro de qual seja a forma de governo na qual se encontre.
Isto é dominionismo bíblico, e não teocracia.
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16 Assim na TERRA como no CÉU

A D E MO C R A C IA F UN C I O N A !
A democracia provou ser a melhor escolha para o governo civil
por causa do seu sistema de controle e equilíbrio que ajuda
a neutralizar a natureza pecaminosa inerente a nós, que foi
passada de geração em geração desde a queda de Adão. Vamos
olhar mais de perto como podemos assumir o domínio sobre
a sociedade e infundir nela os valores do Reino de Deus para
levá-la a operar dentro de um governo democrático.
A democracia, por definição, é um governo do povo, pelo
povo e para o povo. Em uma democracia, embora não haja re-
ligião estabelecida, as pessoas religiosas podem ser eleitas para
atuar tão livremente quanto as não religiosas, e elas também
podem subir às posições mais elevadas e mais influentes em
qualquer dos Sete Montes. Se os cristãos ganharem eleições,
adquirirem influência e ocuparem cargos públicos, deve-se es-
perar que propaguem e implementem os seus valores pessoais.
E isso não é teocracia; é um aplicação da democracia. Concor-
do com Rick Joyner quando afirma: “Você pode ter a melhor
forma de governo e ainda ter um mau governo se tiver pessoas
más nele. Deus está buscando escrever as Suas leis no coração
das pessoas. A forma de governo é o andaime, mas o caráter do
povo é o verdadeiro governo.” 4
Os cristãos entendem que os valores do Reino devem pe-
netrar todas as áreas de suas vidas pessoais, de suas famílias, de
seus negócios, de suas escolhas políticas, e todas as demais coi-
sas. Embora nos Estados Unidos evitemos constitucionalmente
uma Igreja estatal, nunca devemos imaginar ser possível separar
a religião ou a fé de uma pessoa da maneira como ela pensa,
toma decisões, vota e rege todas as questões de sua vida. Qual-
quer pessoa que deseje votar de modo contrário aos seus valores
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prefácio 17

espirituais seria uma hipócrita e, portanto, estaria desqualifica-


da para qualquer cargo público devido ao seu desvio de caráter.
A liberdade e o livre-arbítrio pessoal são elementos que
fazem parte e representam uma parcela de um governo conso-
lidado pelos princípios divinos do Reino. Consequentemente,
as pessoas de qualquer fé religiosa ou aquelas que não têm ne-
nhum credo são bem-vindas e respeitadas. Cada uma tem um
voto. A verdadeira democracia honra o pluralismo religioso. Se
os que professam uma determinada fé certa são a maioria, es-
pera-se que eles elejam líderes que compartilhem de seus valo-
res. Se forem minoria, entretanto, não devem esperar governar.
Se os princípios cristãos estiverem dirigindo o governo, a
liberdade dos não cristãos será essencial. Por quê? Porque as
pessoas são cristãs apenas quando fizeram essa escolha pes-
soal. Os verdadeiros crentes não nascem nessa fé — eles são
crentes em resultado de sua decisão pessoal de abrirem suas
vidas para Jesus Cristo. É isso que significa nascer de novo. Ne-
nhum cristão verdadeiro foi feito refém e obrigado a se conver-
ter ao Cristianismo como preço por sua soltura. Tampouco as
pessoas permanecem cristãs por medo de que caso venham a
apostatar, sejam sujeitas à pena capital, como as que estão sob
a lei sharia. Os cristãos não têm motivos para colocar os não
cristãos na cadeia ou para negar-lhes os direitos civis simples-
mente porque eles decidiram não nascer de novo, mas seguir
outras religiões em vez disso. A liberdade religiosa é altamente
valorizada no Reino de Deus aqui na terra.

A MA IO R IA G O V ER N A
Para esclarecer um pouco mais, se os cristãos por acaso consti-
tuírem a maioria em uma sociedade democrática, eles respeita-
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18 Assim na TERRA como no CÉU

rão os direitos das minorias. Entretanto — em uma verdadeira


democracia — não se deve esperar que eles apoiem os desejos
da minoria anticristã de moldar a sociedade de acordo com
valores não cristãos. Nem que se sintam intimidados por aque-
les que proclamam que a religião não deve se misturar com a
política. Eles concordarão com o Presidente Barack Obama,
que disse: “Os secularistas estão errados quando pedem que os
crentes deixem sua religião na porta antes de entrarem em um
debate público.”5
Por exemplo, se uma maioria cristã quer permitir a prá-
tica de orar a Deus em nome de Jesus em certas reuniões
públicas, a minoria deve seguir as regras básicas da demo-
cracia e não tentar proibir essa prática. Se uma maioria sen-
te que o casamento heterossexual é a melhor escolha para
uma sociedade feliz e próspera, a minoria que discordar
deve se conformar — não porque vivem em uma teocracia,
mas porque vivem em uma democracia. O princípio mais
básico da democracia é o de que a maioria das pessoas, e
não a minoria, governa e estabelece as normas definitivas
para a sociedade.
Com base nessa premissa, assumir o domínio, ou transfor-
mar a sociedade, não subentende uma teocracia. O dominionis-
mo acontece quando se joga segundo as regras do jogo demo-
crático e, de forma justa e correta por meio dos votos do povo, se
ganha a influência necessária nos Sete Montes para finalmente
beneficiar toda a nação e abrir toda a sociedade para as bênçãos, a
prosperidade e a felicidade que Deus deseja para todas as pessoas.
As pessoas que possuem a mentalidade do Reino, e não a Igreja
organizada, governarão as sociedades transformadas do futuro.
Mais uma vez, repito, isso está longe de ser um apelo à teocracia.
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prefácio 19

OS COMP O N E N T E S D A T R A N S F O R M A Ç Ã O S O C I A L
Em 2005, creio que foi o próprio Deus que me revelou um
gráfico retratando os componentes essenciais para a trans-
formação da sociedade. Nos capítulos que se seguem, ex-
plicarei esses componentes e mostrarei como eles se inter-
relacionam.

TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
A Igreja Apóstolos no
Mercado A Transferência
no Mercado
de Trabalho de Riquezas
de Trabalho

O Governo da Igreja Quebrando o Espírito


de Pobreza

Como retratado no gráfico, existem duas colunas que sus-


tentam a transformação social. A primeira é a Igreja no mer-
cado de trabalho. Essa ideia começou a tomar forma dentro
do Corpo de Cristo em fins dos anos 90, e se tornou comum
nos anos 2000. Em 2006, escrevi um livro sobre esse assunto,
The Church in the Workplace,* e também resumo esse conceito
mais amplamente no capítulo 7 deste livro. O fundamento da
primeira coluna é o governo bíblico da Igreja. Meu compêndio

*
Publicado em português com o título Os Cristãos no Ambiente de Trabalho,
pela Editora Vida. (N. da T.)
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20 Assim na TERRA como no CÉU

sobre este assunto é o livro Apostles Today (Apóstolos hoje), que


menciono no capítulo 1.
A segunda coluna é a grande transferência de riquezas que
Deus tem prometido por intermédio dos Seus profetas por vá-
rios anos. No capítulo 9, indico que ao longo de toda a história
humana três coisas acima de todas transformaram a sociedade:
a violência, o conhecimento e a riqueza — e a maior delas é a ri-
queza. Sem grandes quantias de riquezas nas mãos das pessoas
que possuem a mentalidade do Reino e que se alinham com
os princípios do Reino de Deus, estou convencido de que não
veremos a transformação social que desejamos. O fundamento
desta coluna é a quebra do espírito de pobreza. Infelizmente,
grandes segmentos da Igreja imaginam que existe uma correla-
ção direta entre a piedade e a pobreza. Essa é uma ilusão debi-
litante. Precisamos expulsar o espírito de pobreza e substituí-
lo pelo espírito bíblico e divino de prosperidade se esperamos
atuar como eficazes agentes de transformação social.
Os apóstolos no mercado de trabalho são os catalisado-
res dinâmicos que ativarão todo o processo de transferência
de riquezas. No capítulo 7, explico essa peça importante do
quebra-cabeça e porque não podemos esperar ver uma trans-
formação social prolongada se não ativarmos os nossos após-
tolos no mercado de trabalho.
A terra, como fundamento de toda a estrutura, e os po-
deres cósmicos que pairam sobre ela enfatizam a necessidade
de se levar a sério a guerra espiritual. Como líder das forças
das trevas, Satanás odeia a ideia de uma transformação social
justa. Ele veio para roubar, matar e destruir (ver João 10:10).
Ele não quer que as pessoas sejam felizes e prósperas. Pobreza
e miséria são a especialidade do diabo. Esclareço os princípios
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prefácio 21

e práticas para se tratar com esta questão no capítulo 6, “Uma


Nova Realidade: Isto Quer Dizer Guerra!”
A tarefa que temos diante de nós é enorme, mas empol-
gante! Nunca houve um tempo melhor na história para amar
a Deus e atuar como um de Seus agentes para ajudar a mol-
dar a nossa sociedade de forma que a raça humana venha a
atingir o seu verdadeiro destino. Minha oração é que este livro
transmita a cada leitor a paixão por agir e a fé para crer que o
que decidamos realizar fará a diferença nas vidas de milhões
de pessoas.
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ASSIM NA

TERRA COMO NO

CÉU
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CAPÍTULO 1

U M N O V O V IN H O :
A S E G U N D A E R A A POS TÓLI CA
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26 Assim na TERRA como no CÉU

N ós que somos crentes em Cristo vivemos agora no tempo


mais extraordinariamente empolgante de toda a história
da humanidade! Sei que alguns dirão que essa é uma declara-
ção bastante absurda. Mas vamos refletir sobre ela por alguns
instantes.

A S U P E R V IA D A S C O M U N I C A Ç Õ E S
É verdade que a história foi pontilhada com muitas épocas
extraordinárias. Entretanto, somente a geração atual possuiu
a supervia das comunicações. Ninguém sabe como, quando e
onde a roda foi inventada. Milhões de pessoas na China, África
e Índia não sabem nem se importam com o fato de Colombo
ter descoberto a América. Foi preciso um longo e lento proces-
so para que as mudanças iniciadas por Isaac Newton ao desco-
brir a lei da gravidade, os irmãos Wright voando em um avião
em Kitty Hawk e Henry Ford instalando a primeira linha de
montagem afetassem a maneira como um grande número de
pessoas vive.
A história cristã também vivenciou alguns momentos ex-
traordinários, começando com a encarnação, a crucificação e
a ressurreição de Jesus, e depois passando para os Atos dos
Apóstolos e a cristianização do Império Romano, a Reforma
Protestante, o movimento missionário moderno e o Aviva-
mento da Rua Azusa, apenas para citar alguns pontos altos.
Cada um desses eventos causou uma grande empolgação, mas,
pelo menos inicialmente, apenas entre um segmento relativa-
mente pequeno da população cristã da época.
Agora que o mundo inteiro está em contato por meio
do ciberespaço, a nossa situação é completamente diferente.
Quando o Espírito Santo fala às igrejas, apóstolos de todos os
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UM NOVO VINHO: A SEGUNDA ERA APOSTÓLICA 27

continentes que têm ouvidos para ouvir estarão de acordo com


o que Deus está dizendo sobre o próximo momento da Igreja.
Isso por si só faria deste tempo um momento empolgante para
se estar vivo, mas tão importante quanto isso é o fato de que
a Igreja de Jesus Cristo está, neste momento, nas fases iniciais
da mudança mais radical na maneira de se “fazer igreja” desde
a Reforma Protestante do século 16.
Qual é, exatamente, essa mudança?

A SEGUNDA ERA APOSTÓLICA


Para resumi-la em poucas palavras, estamos agora na Segunda
Era Apostólica. Estamos nela, de acordo com os meus cálculos
mais cuidadosos, desde por volta de 2001. Pela primeira vez
desde os dois séculos iniciais da Igreja, uma massa importante
do Corpo de Cristo reconhece mais uma vez os dons e ofícios
contemporâneos de apóstolo e profeta. Um número cada vez
maior de pessoas começou a aceitar literalmente Efésios 2:20,
que diz que o fundamento da Igreja são os apóstolos e os pro-
fetas, sendo Jesus a principal pedra angular.
Como acontece com toda mudança de paradigma impor-
tante como esta, nem todos mudam de uma vez. Os sociólogos
empregam a teoria da Difusão de Inovações para medir esse tipo
de mudança. Essa teoria é representada por uma curva em for-
ma de sino, que ajuda a prever os níveis de mudança, movendo-
se através do tempo e identificando desde os inovadores até os
que mudam primeiro, os que mudam no meio, os que mudam
por último, e, finalmente, os retardatários — que nunca mudam.
A Nova Reforma Apostólica, um termo genérico para designar
as igrejas da Segunda Era Apostólica, está atualmente na fase
dos que dão início primeiramente às mudanças, pelo menos nos
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28 Assim na TERRA como no CÉU

Estados Unidos. É por isso que você ainda encontrará muitas


igrejas e denominações que ainda nem sequer ouviram falar da
Nova Reforma Apostólica, assim como muitas outras que po-
dem saber alguma coisa sobre ela, mas decidiram por vários mo-
tivos que não querem participar, pelo menos não ainda.

U M MO V IME N T O CO L O S S A L
Ainda assim, é importante saber de antemão que este é um
movimento colossal, reconhecido amplamente pelos sociólo-
gos da religião e pelos historiadores da Igreja e também por
outros estudiosos. Por exemplo, um de nossos pesquisado-
res mais respeitados, David Barrett, autor da enorme World
Christian Encyclopedia (Enciclopédia Cristã Mundial), dividiu
o Cristianismo mundial em cinco “mega blocos”, dos quais o
maior é o Catolicismo romano com mais de 1 bilhão de mem-
bros.1 Entretanto, dos quatro mega blocos não católicos, a
Nova Reforma Apostólica (que ele chama de Neoapostólica,
Independente ou Pós-denominacional) é a maior, com mais
de 432 milhões de partidários, comparados com os números
menores dos mega blocos Protestante/Evangélico, Ortodoxo
e Anglicano.2 Esses Neoapostólicos compreendiam apenas 3%
do Cristianismo não católico em 1900, mas estão projetados
para incluir quase 50% por volta de 2025.
A Nova Reforma Apostólica não apenas é o maior dos
quatro mega blocos não católicos, como também (e tão impor-
tante quanto) é o único de todos os cinco que está crescendo
mais rápido que o Islã. É importante reconhecer que não esta-
mos falando de algo periférico, mas sim de um movimento di-
nâmico exatamente no coração do Cristianismo do século 21.
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UM NOVO VINHO: A SEGUNDA ERA APOSTÓLICA 29

As raízes da Nova Reforma Apostólica podem ser rastreadas


desde 1900, quando o Movimento da Igreja Africana Indepen-
dente foi lançado. O Movimento da Igreja nos Lares na China,
que teve início por volta de 1975, e o Movimento da Igreja Rural
Latino-americana, emergindo por volta de 1980, foram partes
do mesmo fenômeno espiritual em continentes diferentes. Nos
Estados Unidos, as igrejas carismáticas independentes, que da-
tam de por volta de 1970, foram as precursoras mais imediatas
do que agora é chamado de a Nova Reforma Apostólica.

F U N D A ME N T O T E O L Ó G I C O
Quando eu disse que agora estamos vivendo a transformação
mais radical na maneira de se fazer igreja desde a Reforma Pro-
testante, quero enfatizar a expressão “fazer igreja”. A teologia
central da Reforma não é o que está sendo transformado atu-
almente. E, sim, ela continua a suprir o fundamento teológico
sobre o qual a Nova Reforma Apostólica é construída. Marti-
nho Lutero estabeleceu a autoridade final das Escrituras para
a fé e a prática, quando anteriormente a própria Igreja institu-
cional havia sido considerada a autoridade final. Ele estabele-
ceu o princípio bíblico da justificação pela fé, e não da salvação
por boas obras. Ele ensinou sobre o sacerdócio de todos os
crentes. A ideia antiga era a de que os cristãos precisavam de
um sacerdote ordenado para ajudá-los a chegar a Deus. Lutero
disse que isso estava errado. Todo crente pode e deve se aproxi-
mar de Deus e se comunicar com Ele sem precisar da mediação
de um sacerdote profissional.
O estabelecimento desses princípios aconteceu no século
16. Duzentos anos depois, no século 18, John Wesley esclareceu
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30 Assim na TERRA como no CÉU

os princípios bíblicos de santidade que os reformadores não


haviam enfatizado da mesma maneira. O Século 19 então viu
o florescer do Movimento Missionário Moderno. Começando
com a ida de William Carey à Índia, impelido pelo princípio
controverso de “usar os meios”, como ele mesmo declarou,
para alcançar os pagãos.3 O famoso avivamento de 1906 da Rua
Azusa finalmente começou a trazer a pessoa e a obra da tercei-
ra pessoa da Trindade, o Espírito Santo, para o Seu lugar ade-
quado. Na verdade, aqui nos Estados Unidos, uma análise da
genealogia da Nova Reforma Apostólica mostra que ela passa
pelas igrejas carismáticas independentes, pelo Pentecostalismo
clássico, e finalmente chega ao Avivamento da Rua Azusa.

INT E R C E S S O R E S , P R O F E TA S E A P Ó S T O L O S
Uma aceleração significativa do processo histórico que levou à
Segunda Era Apostólica teve início na década de 70. Foi quando
o grande movimento de oração começou. Praticamente todo
movimento de oração de destaque no cenário atual se iniciou
nesse período. Pela primeira vez, o Corpo de Cristo começou a
reconhecer o dom e o ofício do intercessor. Hoje é possível en-
trar nas igrejas praticamente deixando de lado o aspecto deno-
minacional, e apresentar alguém a uma pessoa ou outra com
as palavras: “Ela é uma de nossas intercessoras.” Nos anos 70 e
antes disso, isso teria sido extremamente raro, embora algumas
vezes fossem reconhecidos os “guerreiros de oração”. Porém a
mais nova tendência de se reconhecer e ativar intercessores em
nossas igrejas e ministérios continua a crescer.
O dom e o ofício de profeta começaram a ser apoiados
pelo Corpo de Cristo na década de 80. Com essa afirmação
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UM NOVO VINHO: A SEGUNDA ERA APOSTÓLICA 31

não quero dar a entender que não havia profetas antes de


1980. Creio que a Igreja sempre teve profetas. Entretanto, an-
tes de 1980, a maioria dos profetas de Deus estava restrita em
seu ministério pela noção geral entre muitos crentes de que o
ofício de profeta havia cessado depois do primeiro século, ou
algo assim. Agora, entretanto, um grupo importante e cada vez
maior da Igreja reconhece e apoia o ofício de profeta.
A década de 90 viu o princípio do reconhecimento do dom
e do ofício de apóstolo na Igreja de hoje. É verdade que muitos
líderes cristãos ainda não creem que agora temos apóstolos
legítimos no nível de Pedro, Paulo ou João, mas um conjunto
considerável da Igreja concorda que eles estão aqui. Por exem-
plo, no momento em que escrevo este texto, a Coalizão Inter-
nacional de Apóstolos (ICA), que presidi por 10 anos, inclui
mais de 300 membros que reconhecem mutuamente e apoiam
um ao outro como apóstolos legítimos.

A SEQUÊNCIA
Vamos especular por um instante sobre o motivo pelo qual
Deus poderia trazer à tona intercessores nos anos 70, profetas
nos anos 80, e apóstolos nos anos 90, nessa sequência especí-
fica. Creio que o motivo é claro. Os intercessores tinham de
vir primeiro porque sua tarefa principal é abrir o caminho no
mundo invisível entre o céu e a terra. Eles sabem como usar a
autoridade espiritual que Deus lhes deu para amarrar e neu-
tralizar os poderes demoníacos que lutam para gerar confusão.
Quando eles fazem bem o seu trabalho, a voz de Deus pode ser
ouvida mais claramente aqui na terra.
Quem, então, são aqueles mais fortemente ungidos por
Deus para ouvir a Sua voz? É claro que são os profetas. Com
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32 Assim na TERRA como no CÉU

os intercessores em ação, os profetas podem ouvir a Deus com


mais precisão e transmitir essa mensagem ao Corpo de Cristo.
Entretanto, e existem exceções notáveis, profetas em geral po-
dem receber a mensagem correta de Deus, mas na maior parte
do tempo eles não têm a menor ideia do que fazer com ela. É aí
que os apóstolos entram em cena.
Uma das principais funções dos apóstolos é “colocar em or-
dem as coisas restantes”, como Paulo escreveu a Tito (Tito 1:5).
Os apóstolos recebem a Palavra do Senhor dos profetas (logica-
mente, os apóstolos também ouvem diretamente de Deus). Os
apóstolos julgam e interpretam a palavra; eles criam estratégias
sobre como devem proceder; e eles assumem a liderança na con-
cretização dessas estratégias. Assim, para que os propósitos de
Deus sejam plenamente realizados, os intercessores, os profetas
e os apóstolos são todos necessários, e nessa sequência. A par-
tir do momento em que eles assumem o seu lugar, o palco está
montado para a entrada na Segunda Era Apostólica em 2001.

IS T O É B ÍB L I C O ?
Caso haja alguma dúvida, quero fazer uma pausa para com-
provar que as tendências para a Igreja que acabo de descrever
são bíblicas. Se eu não pudesse fazer isso, estaria entre os pri-
meiros a seguir em uma direção diferente.
Há uma quantidade considerável de material bíblico sobre
os apóstolos e o ministério apostólico no Novo Testamento. En-
tretanto, para simplificar as coisas, vou optar por citar apenas
três referências bíblicas. Estou fundamentando meus comentá-
rios na suposição de que concordamos que a Bíblia é a Palavra
de Deus. Nesse caso, estas três Escrituras devem ser o suficiente
para persuadir qualquer pessoa que ainda continue duvidando.
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UM NOVO VINHO: A SEGUNDA ERA APOSTÓLICA 33

A primeira é Efésios 4:11. Ela diz: “E ele [Jesus] deu uns


como apóstolos, e outros como profetas, e outros como evan-
gelistas, e outros como pastores e mestres.” A maioria das
nossas igrejas hoje reconheceu confortavelmente os ofícios
de evangelista, pastor e mestre. Mas muitas delas se sentem
desconfortáveis com a menção aos ofícios contemporâneos de
apóstolo e profeta. Elas podem dizer que acreditam que a Bí-
blia é 100% inspirada por Deus, mas de alguma forma parecem
reconhecer apenas 60% deste versículo específico da Bíblia.
Elas preferem, o que é muito compreensível, continuar em sua
zona de conforto.
A segunda Escritura é Efésios 2:19-20: “Membros da família
de Deus [ou seja, a Igreja], edificados sobre o fundamento dos
apóstolos e dos profetas, sendo o próprio Cristo Jesus a princi-
pal pedra da esquina.” Jesus, naturalmente, fundou a Igreja, mas
quando ascendeu aos céus Ele delegou as bases operacionais
fundamentais para o futuro crescimento da Igreja aos após-
tolos e profetas. Poderíamos argumentar que, sem apóstolos e
profetas, a Igreja repousa sobre um fundamento deficiente.
A terceira Escritura é 1 Coríntios 12:28. O capítulo de 1
Coríntios 12 é o mais detalhado da Bíblia sobre os dons espiri-
tuais que Deus dá ao Corpo de Cristo. Este versículo específico
é o único que coloca os dons espirituais em ordem numérica:
“E a uns pôs Deus na igreja, primeiramente apóstolos, em se-
gundo lugar profetas, em terceiro mestres, depois operadores
de milagres, depois dons de curar, socorros, governos, varie-
dades de línguas.” A ordem numérica não é apenas uma es-
colha aleatória. Embora não implique em uma hierarquia, é
claramente uma ordem divina. Os apóstolos vêm primeiro, e
os profetas em segundo. Todos os outros dons funcionarão no
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34 Assim na TERRA como no CÉU

seu potencial máximo somente se estiverem adequadamente


relacionados com os apóstolos e os profetas.
Alguns podem tentar descartar estas três Escrituras com
a suposição de que os apóstolos e profetas foram necessários
apenas nos primeiros anos da Igreja e que, portanto, principal-
mente depois que a Bíblia foi escrita, eles cessaram. O termo
teológico para isso é “cessacionismo”, que deriva da palavra
“cessar”. Entretanto, essa é uma posição difícil de sustentar,
principalmente à luz da linha de tempo dada em Efésios 4:13.
Todos os cinco ofícios relacionados em Efésios 4:11, que fo-
ram dados “para o aperfeiçoamento dos santos” (Efésios 4:12),
foram considerados necessários por quanto tempo? “Até que
todos cheguemos à unidade da fé, e ao conhecimento do Filho
de Deus, a homem perfeito, à medida da estatura completa de
Cristo” (Efésios 4:13). Poucas pessoas que conheço afirmariam
que a Igreja chegou a este ponto. A conclusão lógica, portanto,
seria que ainda precisamos dos apóstolos e profetas bem como
de todos os outros ofícios fundamentais.

POR QUE ESTE TÍTULO?


Inúmeros indivíduos me disseram palavras como estas: “Con-
cordo que precisamos do ministério apostólico em nossas
igrejas hoje, mas por que usar este título? Desde que os após-
tolos estejam atuando como apóstolos, o título não importa.”
Curiosamente, aqueles que fazem essa pergunta não usa-
riam o mesmo raciocínio para o título de “Pastor” como regra.
A maioria das igrejas locais não ficaria contente se seu líder
dissesse algo do tipo: “Posso atuar como seu Pastor, mas, por
favor, não me chamem de Pastor.” O fato é que o título de
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UM NOVO VINHO: A SEGUNDA ERA APOSTÓLICA 35

“Pastor” ou algumas vezes “Reverendo”, implica em certa des-


crição de cargo reconhecida dentro da congregação e em de-
terminado papel na comunidade fora da congregação. O mes-
mo acontece com um professor de seminário. Somente uma
pessoa excêntrica diria: “Vou atuar como professor, mas, por
favor, não me dê o título de Doutor.” Se nos sentimos confor-
táveis com os títulos de pastor e mestre, por que nos sentiría-
mos desconfortáveis com o título de apóstolo?
Jesus não se sentia desconfortável. Foi Ele quem introdu-
ziu o título “apóstolo” na vida do Novo Testamento — para iní-
cio de conversa. Sabemos que em uma ocasião Jesus afastou-se
para orar a noite inteira, e na manhã seguinte chamou todos
os seus discípulos para uma reunião. Na reunião, Ele escolheu
doze dos discípulos para serem Seus líderes, e os comissionou
com o título de “apóstolos” (ver Lucas 6:12-13). Na socieda-
de dos dias de Jesus, a palavra “apóstolo” tinha implicações
militares e políticas, e Jesus adotou o termo para indicar um
papel específico na extensão do Reino de Deus. O significado
básico da raiz da palavra em grego (apóstolos) é alguém enviado
com uma missão. Entretanto, nem todos aqueles a quem Jesus
enviou eram apóstolos, como os obreiros de Lucas 10. Os doze
apóstolos foram mais do que apenas enviados; eles também re-
ceberam uma autoridade de liderança apostólica que os outros
discípulos de Jesus não tinham.
O título “apóstolo” segue ao longo do restante do Novo
Testamento. Ele aparece 74 vezes, em contraste com as pa-
lavras “mestre” (14 vezes), “profeta” (8 vezes), “evangelista”
(3 vezes), e “pastor” (3 vezes). Os escritores das epístolas do
Novo Testamento se identificam como “apóstolos” 11 vezes
em comparação com “servo” (5 vezes), “presbítero” (2 vezes)
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36 Assim na TERRA como no CÉU

e “prisioneiro” (1 vez). Relaciono esses números na tentativa


de mostrar que as inibições atuais que alguns líderes cristãos
abrigam, impedindo-os de usar o título de “apóstolo”, estão,
sem dúvida, enraizadas mais no condicionamento cultural do
que na exegese bíblica.

O QUE É UM APÓSTOLO?
O que é um apóstolo? Minha definição do trabalho de um após-
tolo é a seguinte: um apóstolo é um líder cristão dotado, ensina-
do, comissionado e enviado por Deus com a autoridade para es-
tabelecer o governo fundamental da Igreja dentro de uma esfera
de ministério que lhe foi designada, ouvindo o que o Espírito
está dizendo às igrejas e colocando as coisas em ordem de acor-
do com essa palavra, para a expansão do Reino de Deus.
O tipo mais comum de apóstolo é alguém que foi indi-
cado por Deus para supervisionar um determinado número
de igrejas. Eles formam redes apostólicas e são chamados fre-
quentemente de “apóstolos verticais”. Meu papel apostólico
pessoal é diferente. Ele tem mais a ver com reunir certos gru-
pos de líderes como educadores, profetas, ministros de liberta-
ção, e outros apóstolos. Então, eu funciono como um “após-
tolo horizontal”.
A principal característica que distingue um apóstolo é a
autoridade que lhe foi dada por Deus. Paulo diz aos Corín-
tios que não se envergonha de se vangloriar da autoridade que
Deus lhe deu (ver 2 Coríntios 10:8). Entretanto, ele continua
sua afirmação indicando que Deus só o autorizou a usar a sua
autoridade apostólica em certas esferas, uma das quais inclui
os Coríntios (ver 2 Coríntios 10:13). Infelizmente, alguns após-
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UM NOVO VINHO: A SEGUNDA ERA APOSTÓLICA 37

tolos imaturos supõem que são apóstolos para toda a Igreja,


em vez de reconhecerem as limitações de suas esferas. Eles pre-
cisam seguir o exemplo de Paulo quando diz aos Coríntios: “Se
eu não sou apóstolo para os outros, ao menos para vós o sou”
(1 Coríntios 9:2).

UM NOVO ODRE
O fenômeno da Segunda Era Apostólica é claramente um novo
odre no desenvolvimento da história da Igreja. Odres novos
são comuns. Pelo fato de a Igreja de Jesus Cristo ter crescido
ao longo dos séculos, ela nunca cresceu exatamente da mesma
maneira. Ela cresceu de um modo nos tempos do Novo Testa-
mento, de outra maneira no Império Romano antes de Cons-
tantino, de outro modo na Idade Média, de outra maneira no
tempo da Reforma, de outra maneira na era da colonização
europeia, e de outra maneira depois da Segunda Guerra Mun-
dial, mencionando apenas alguns períodos longos da história
da Igreja. Cada uma dessas mudanças nos padrões de cresci-
mento da Igreja exigiu um novo odre.
Jesus ensinou sobre odres juntamente com uma das mu-
danças mais radicais que aparece na Bíblia, a de passar da Velha
Aliança para a Nova Aliança. Em uma ocasião, os discípulos de
João Batista foram ver Jesus porque estavam angustiados. Eles
estavam angustiados porque estavam extremamente famintos.
João Batista estava fazendo-os jejuar o tempo todo, ao passo
que Jesus e Seus discípulos estavam comendo, bebendo e apro-
veitando a vida. Eles pediram uma explicação a Jesus.
Em Mateus 9:14-17, Jesus ensinou-lhes algo sobre a Noiva
e o Noivo e depois sobre colocar remendos novos em vestes
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38 Assim na TERRA como no CÉU

velhas. Finalmente, Ele chegou aos odres. Neste contexto, João


Batista representava o velho odre da Velha Aliança, e Jesus re-
presentava o novo odre da Nova Aliança. Jesus disse: “Nem se
deita vinho novo em odres velhos; do contrário se rebentam,
derrama-se o vinho, e os odres se perdem” (Mateus 9:17).

A N O S S A AT IT U D E C O N TA
Pelo fato de que o estou tentando fazer aqui é provar que nós,
nas igrejas da Nova Reforma Apostólica, somos agora os no-
vos odres do século 21, sinto que é essencial que possamos de-
monstrar a atitude correta para com os odres velhos. Jesus não
desprezou nem João Batista nem o odre velho. Na verdade, em
dado momento, Ele disse que não havia homem nascido de
mulher maior que João (ver Mateus 11:11). Cada um dos odres
velhos de Deus, em um determinado momento, foi um odre
novo. O motivo pelo qual Deus não derrama o Seu vinho novo
nos odres velhos baseia-se na Sua misericórdia. Ele não quer
destruir os odres velhos, porque os ama. Na verdade, o vinho
velho costuma ser valorizado pelos conhecedores de vinho.
O principal odre eclesiástico dos últimos séculos que se
passaram foram as denominações, e antes disso, as igrejas esta-
tais. Embora estejamos na Segunda Era Apostólica, as denomi-
nações não vão se evaporar, assim como a Velha Aliança Judai-
ca não se evaporou depois que Jesus veio. Jesus comenta sobre
isso quando diz: “E ninguém, tendo bebido o velho, quer logo
o novo; porque diz: Melhor é o velho” (Lucas 5:39). Entretanto,
embora continuemos a honrar aqueles que preferem o vinho
velho, não estamos relutantes em sugerir que, agora mesmo, se
quisermos estar entre os transformadores da história de Deus
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UM NOVO VINHO: A SEGUNDA ERA APOSTÓLICA 39

nesta época, faríamos bem em estar no lugar em que possamos


receber o Seu vinho novo, pois “vinho novo deve ser deitado
em odres novos” (Lucas 5:38).

OLHANDO PARA O NOVO


Quais são algumas das características dos odres da Igreja no
século 21? Uma delas é o nome “Nova Reforma Apostólica”.
“Reforma” indica, como mencionei, que agora estamos teste-
munhando a transformação mais radical na maneira de se fa-
zer igreja desde a Reforma Protestante. Na verdade, creio que
um argumento razoável poderia ser o de que a mudança atual
na maneira de se fazer igreja (não uma mudança na teologia
básica), pode ser ainda maior que a da Reforma.
A expressão “apostólica” enfatiza a mais radical de todas
as mudanças, a saber, o reconhecimento do ofício de apóstolo
na Igreja de hoje. Há uma nova aceitação do fato de que o Es-
pírito Santo, ao pôr em execução o projeto de Deus para o Cor-
po de Cristo, delega uma quantidade extraordinária de auto-
ridade espiritual a indivíduos. A suposição no odre velho das
denominações era a de que todas as decisões finais devem ser
tomadas pelos grupos eclesiásticos de uma espécie ou outra e
não confiados a qualquer indivíduo. Nas novas igrejas apostó-
licas, entretanto, os pastores passam a ser líderes da igreja local
em vez de seus empregados. E no nível trans-local, os apóstolos
estão no comando, em vez de conselhos, sínodos, presbitérios,
assembleias gerais ou outros grupos do tipo. Isso dá lugar ao
que um líder chama de “o governo indolor da Igreja”.
A palavra “nova” é usada para distinguir este movimento
de uma série de denominações que são odres velhos, mas que
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40 Assim na TERRA como no CÉU

incluíram a palavra “Apostólica” no nome. Entretanto, a mi-


nha observação é de que muitos dos líderes da Nova Reforma
Apostólica agora estão deixando de lado o “Nova” e chamando
este movimento simplesmente de “Reforma Apostólica”.
As igrejas da Reforma Apostólica exibem muitas caracterís-
ticas notáveis, além da característica de governo da Igreja livre
de dor. Elas iniciaram o estilo de adoração contemporâneo, que
agora está sendo adotado por um número crescente de igrejas de
todas as categorias. Estender a sua atuação para fora das quatro
paredes é uma parte relevante do DNA delas, com a plantação
de igrejas e o envio de missionários e o cuidado com os pobres e
necessitados embutidos na sua estrutura. As finanças são mais
abundantes. Estas igrejas ensinam sobre o dízimo, assim como
ofertar mais e acima dos dízimos, como parte essencial de uma
vida agradável a Deus. As igrejas apostólicas são impelidas por
uma visão, em contraste com suas similares, que tendem a ser
mais impulsionadas por sua herança histórica.
Pelo fato de que os papeis bíblicos dos apóstolos, profetas,
evangelistas, pastores e mestres devem equipar todos os santos
para a obra do ministério (ver Efésios 4:12), a congregação, em
vez das escolas bíblicas e seminários teológicos tradicionais,
torna-se a incubadora primordial para os novos líderes da Igre-
ja. Pastores fortes, e não a Igreja em si mesma, empregam os
membros de sua equipe e indicam presbíteros que os apoiam,
assim como à sua visão. Eles também assumem a responsabili-
dade de selecionar e treinar seus sucessores, em contraste com a
prática de confiar aos comitês de seleção essa responsabilidade.
Muito frequentemente, o sucessor acaba sendo o filho do pastor
titular. Casais de clérigos, tendo o marido e a esposa como co-
pastores, são mais comuns do que eram no odre velho.
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UM NOVO VINHO: A SEGUNDA ERA APOSTÓLICA 41

D E MO N S T R A Ç Õ E S D E P O D E R
Considerando que a genealogia da Nova Reforma Apostólica
se origina desde o movimento carismático independente e o
Pentecostalismo clássico, seria de se esperar que demonstra-
ções do poder do Espírito Santo fossem comuns. Nem todas
as igrejas apostólicas se autoidentificariam como carismáti-
cas em sua natureza, mas provavelmente 80% delas o fariam.
Creio, entretanto, que quase todas permitiriam dons de sinais
ocasionais em seu meio, mas não necessariamente como parte
de seu ministério público.
A partir dessas colocações, a maioria das igrejas apostóli-
cas gostaria de ter a reputação de identificar-se com o apóstolo
Paulo, que disse: “A minha palavra e a minha pregação não
consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, mas em
demonstração do Espírito e de poder” (1 Coríntios 2:4). A vida
contínua da Igreja incluiria profecia, línguas, oração de con-
cordância, linguagem corporal exuberante, bandeiras, dança,
curas, ministérios de libertação, artes proféticas, guerra espiri-
tual proativa, e apelos ao altar para oração individual.

O U V ID O S A P O S T Ó L I C O S
Sete vezes no livro de Apocalipse, Jesus diz: “Aquele que tem ou-
vidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas.” Essa declaração ocor-
re em cada uma das cartas às sete igrejas em Apocalipse 2 e 3.
Todo crente pode e deve ouvir o que o Espírito Santo está
dizendo. Por exemplo, você precisa ouvir o que o Espírito está
dizendo sobre a direção da sua vida. Um mestre precisa ouvir
o que o Espírito está dizendo sobre sua turma. Um prefeito
precisa ouvir o que o Espírito está dizendo sobre a cidade. Um
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42 Assim na TERRA como no CÉU

Diretor Executivo precisa ouvir o que o Espírito está dizendo


para os negócios. Um pastor precisa ouvir o que o Espírito está
dizendo para a Igreja. Mas nenhum destes são aqueles a quem
Deus indicou principalmente para ouvir o que o Espírito está
dizendo às igrejas (no plural).
São os apóstolos, adequadamente relacionados com os
profetas, mais que qualquer outra pessoa, que precisam ter ou-
vidos para ouvir o que o Espírito está dizendo às igrejas. Após-
tolos verticais que supervisionam 100 ou 1.000 igrejas preci-
sam ouvir o que o Espírito está dizendo às igrejas em sua rede,
mas nem todos eles são responsáveis por ouvir o que o Espírito
está dizendo às igrejas em geral. Alguns apóstolos, entretanto,
são responsáveis por isso, e são esses que têm o que estou cha-
mando de “ouvidos apostólicos”. Paulo se refere a eles em Efé-
sios 3:5 quando fala da revelação que “... noutros séculos não
foi manifestado aos filhos dos homens, como agora tem sido
revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas”.
Decidi escrever este livro sobre assumir o domínio porque
tenho ouvido muitos que têm ouvidos apostólicos dizendo
que um dos principais itens da agenda atual de Deus para o
Seu povo é a transformação social. Não tenho dúvidas nenhu-
ma de que isso é o que o Espírito está dizendo às igrejas hoje.
Além do mais, creio que Deus não falava tão fortemente a esse
respeito antes porque Ele sabia que era necessário ter o gover-
no bíblico da Igreja estabelecido antes que essa transformação
pudesse ser implementada de modo adequado.
A transformação social é o grito de guerra da Segunda Era
Apostólica. O próximo capítulo explicará o que a transforma-
ção social implica para todos nós.
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CAPÍTULO 2

U M N O V O H O R IZ O N T E :
T R A N S F O R M A ÇÃ O S OCI A L
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44 Assim na TERRA como no CÉU

L embro-me de quando não poucos, mas muitos de nós lí-


deres evangélicos, supúnhamos que um livro sobre trans-
formação social só poderia ser escrito por um liberal. Por um
instante quero explicar o processo histórico muito interessan-
te que nos levou a essa conclusão equivocada.
Primeiramente, entretanto, gostaria de dizer que estamos
claramente em uma nova época. Conforme mencionei no úl-
timo capítulo, o Espírito Santo começou a falar expressamen-
te às igrejas sobre assumir o domínio ou, em outras palavras,
transformar a sociedade. Agora que estamos na Segunda Era
Apostólica, temos uma infraestrutura governamental da Igre-
ja estabelecida, muito mais capaz de dar conta da atribuição
de transformar cidades, nações e outros grupos sociais do
que antes.

A ME N TA L ID A D E H E B R A I C A
Uma das mudanças mais significativas deste novo odre é uma
mudança da mentalidade grega para a mentalidade hebraica.
A Bíblia, tanto o Antigo Testamento quanto o Novo Testamen-
to, tem como pano de fundo uma mentalidade hebraica. A
ideia básica por trás da mentalidade hebraica é a de que Deus
e os princípios espirituais permeiam toda a vida aqui na terra.
Alguns chamam isso de holismo. É verdade que o Novo Testa-
mento foi escrito no Império Romano, que havia assimilado a
mentalidade grega, mas, com exceção de Lucas, ele foi escrito
por judeus. Entretanto, à medida que a Igreja se desenvolvia
ao longo dos séculos, cada vez mais a cultura grego-romana
foi se infiltrando, até que o Imperador Constantino finalmente
sequestrou a Igreja e, ao que consta, completou essa transição.
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UM NOVO HORIZONTE: TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 45

Bryant Myers, Professor de Desenvolvimento Transforma-


cional no Seminário Fuller, é um dos mais completos profis-
sionais teóricos do atual movimento de transformação social.
Ele o chama de desenvolvimento transformacional. Duran-
te anos Myers esteve na vanguarda dessa tentativa de trazer
a Igreja de volta para a mentalidade hebraica. Em seu livro
Walking With the Poor (Andando com os pobres), ele explica o
que tem acontecido:

Ao longo deste livro, pretendo me esforçar para superar


problemas apresentados pela persistente e insistente con-
vicção ocidental [Myers está fazendo referência à mentali-
dade grega] de que os domínios espiritual e físico da vida
estão separados e não se relacionam. Esse pressuposto
invadiu e controlou quase todas as áreas da pesquisa in-
telectual, incluindo o desenvolvimento da teoria e da prá-
tica, assim como grande parte da teologia cristã. Buscarei
um entendimento acerca do desenvolvimento no qual os
desenvolvimentos físico, social e espiritual estão continu-
amente inter-relacionados.1

Essa inter-relação consistente entre o desenvolvimento fí-


sico, social e espiritual reflete a abordagem hebraica típica com
relação à vida.

OS CRIST Ã O S D E V E R IA M T R A N SF O R M A R O M U N D O
Concordo com Bryant Myers, e está claro que não somos os
únicos a pensarmos assim hoje. Também pensa assim James
Davidson Hunter, um sociólogo da Universidade da Virginia.
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46 Assim na TERRA como no CÉU

Considere a seguinte questão levantada por Hunter: “Se os


norte-americanos estão entre as pessoas mais religiosas da ter-
ra (56% adoram a Deus pelo menos mensalmente, 43% sema-
nalmente) como é possível que a nossa cultura seja completa-
mente secular?”2 A maioria de nós ouviu perguntas como essa
inúmeras vezes, e, para ser sincero, tem sido difícil responder a
ela. Creio que uma das causas é a nossa mentalidade grega, que
nos diz que os cristãos devem se preocupar em salvar almas e ir
para o céu em vez de dar muita atenção às coisas materiais tais
como a transformação da nossa sociedade.
Hunter, ao contrário, diz: “A maioria dos cristãos da histó-
ria interpretaram o mandato da criação em Gênesis como um
mandato para transformar o mundo.”3 Considere o quanto
essa sugestão é radical. Quando olho para trás, para os meus
anos e anos de treinamento teológico até me formar, não me
lembro de ter ouvido algo assim de meus professores. Apren-
di que, como ministros cristãos, a nossa missão era mudar as
pessoas. A suposição era a de que se conseguíssemos ter um
número suficiente de pessoas salvas, o mundo então poderia
mudar. Acho importante o fato de James Davidson Hunter ser
um sociólogo, e não um teólogo.
Tomemos a Austrália como exemplo. Não são muitos os
norte-americanos que entendem que a Austrália tem mostra-
do sinais de uma transformação social significativa, grande
parte da qual é atribuída a um novo aumento repentino de
cristãos que estão levando a sério a ordenança que receberam
de transformar o mundo. Brian Pickering, líder da Rede Aus-
traliana de Oração, comenta:

Há muitos anos os cristãos não têm um impacto tão gran-


de em uma eleição federal. Há muitos anos a fé cristã não
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UM NOVO HORIZONTE: TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 47

é o centro do foco nacional e o centro dos debates em


de todas as formas de mídia... Esta eleição pode vir a ser
reconhecida como o momento decisivo, quando, a partir
da honestidade política, a fé pessoal assumiu o comando
como a maior influência sobre a futura direção da nossa
sociedade.4

Sendo nós cristãos e evangélicos, ao lermos algo assim,


queremos aplaudir. Faz muito sentido. Em vez de deixar que
a sociedade siga o seu próprio curso, por que não deveríamos
sair, colocar a mão na massa e mudar as coisas para melhor?
Deveríamos! Creio que veremos situações como as que aconte-
ceram na Austrália surgirem em todo o mundo porque é isso
que o Espírito está dizendo às igrejas atualmente. Ele nos dará
entendimento, e nos dará poder para realizarmos os Seus pro-
pósitos.
Por falar em entendimento, se vamos seguir em uma nova
direção, precisamos ter um entendimento claro de onde esta-
mos no presente. E uma das maneiras de saber onde estamos
agora é entender como chegamos aqui. Portanto, creio que é
muito útil neste ponto dar algumas grandes pinceladas na tela
da história da transformação social.

HIS T Ó R IA D A T R A N S F O R M A Ç Ã O S O C I A L
Constantino se tornou o imperador de Roma no século 4.
Como mencionei anteriormente, os fundamentos filosóficos
do Império Romano haviam sido moldados pela mentalidade
grega. Pensadores famosos do passado como Platão e Aristó-
teles haviam moldado a visão da realidade das pessoas. Elas
acreditavam que a realidade tinha duas dimensões prioritá-
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48 Assim na TERRA como no CÉU

rias, a espiritual e a natural. A área mais pura era a espiritual,


o mundo das ideias. A natural, ou o mundo material, era uma
parte necessária da vida, mas inferior. Quanto mais as pessoas
conseguissem absorver o espiritual e ter êxito em se distancia-
rem do natural, melhor se sairiam.
Essa perspectiva greco-romana, também conhecida como
dualismo, era diferente do projeto original de Deus para o
mundo. Ele não tinha planos de separar o espiritual do mate-
rial, mas sim de manter ambos como partes integrantes de um
todo. O que acontece no natural sempre afeta o espiritual, e
vice-versa. A revelação de Deus — a Bíblia — está fundamenta-
da nesse pressuposto, o qual temos chamado de mentalidade
hebraica.
A Igreja teve início no Império Romano dentro de um
pequeno grupo demográfico, chamado de Judeus. Embora to-
dos os primeiros crentes em Jesus, o Messias, fossem judeus, o
Evangelho logo começou a se espalhar entre os gentios e não
demorou muito para que os judeus se tornassem a minoria na
Igreja. Ver a vida através de uma mentalidade hebraica era algo
natural para os crentes judeus, mas para os gentios, requeria
uma mudança de paradigma. À medida que os séculos sob a
liderança de Constantino se passaram, previsivelmente a cul-
tura greco-romana prevalecente adquiriu cada vez mais influ-
ência sobre os líderes da Igreja. Embora a Bíblia tivesse nascido
na cultura hebraica, ela era cada vez mais interpretada e apli-
cada à igreja através das ideias dualistas da mentalidade grega.
E o que isso tem a ver com transformação social? A cul-
tura que cerca a Igreja a influencia. Sempre a influenciou, e
sempre a influenciará. Entretanto, como veremos em deta-
lhes no próximo capítulo, a Igreja é parte do Reino de Deus.
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UM NOVO HORIZONTE: TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 49

Toda cultura, inclusive a greco-romana, foi corrompida em


certo grau pelas obras do inimigo, e é dever do povo de Deus
identificar e transformar esses aspectos de impiedade que fa-
zem parte da cultura para que o Reino de Deus venha à terra
assim como no céu.
O Imperador Constantino professava haver se convertido
ao Cristianismo. Eu disse “professava”, pois só Deus sabe se
ele realmente nasceu de novo ou se os seus atos faziam parte
de um expediente político e não de uma experiência espiritu-
al. De qualquer forma, Constantino deu início a uma Igreja
estatal, transformando o Cristianismo na religião oficial do
Império Romano. A princípio, isso pode parecer uma verda-
deira transformação social, uma vitória para o Reino de Deus.
Certamente houve alguns benefícios de curto prazo, como,
por exemplo, a ampla perseguição à Igreja tornou-se algo ile-
gal, e consequentemente um maior número de pessoas experi-
mentou o novo nascimento. Entretanto, em longo prazo, essa
mudança terminou gerando efeitos negativos, com os quais
lutamos até os dias de hoje.
Mas eis o que acontece com uma igreja assumida pelo es-
tado: ela não transforma o governo, mas o governo transfor-
ma a igreja. Sob a liderança de Constantino e seus sucessores,
a igreja se tornou espiritualmente impotente, levando ao que
conhecemos como a Era das Trevas. A Igreja é chamada para
influenciar o governo, mas não para governar a sociedade. Esse
é um dos motivos pelos quais a ameaça da lei muçulmana da
sharia é tão aterrorizante. Nós, cristãos, aprendemos a nossa
lição com Constantino. Conforme detalhei no Prefácio, não
abraçamos uma teocracia como uma forma desejada de gover-
no civil.
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50 Assim na TERRA como no CÉU

O S R E F O R MA D O R E S
Uma enorme mudança ocorreu com a Reforma Protestante
do século 16. Os dois líderes mais proeminentes da Reforma
foram Martinho Lutero, na Alemanha, e João Calvino, em
Genebra.
Martinho Lutero, o grande reformador que quebrou o ca-
tiveiro do Catolicismo medieval, estabeleceu os fundamentos
teológicos básicos do nosso movimento Protestante com dou-
trinas como a autoridade das Escrituras, a justificação pela fé
e o sacerdócio universal dos crentes. Todos nós fomos benefi-
ciados por sua corajosa e brilhante quebra de paradigmas te-
ológicos.
Entretanto, no que diz respeito ao tema do qual tratamos
aqui, Lutero manteve um dualismo padrão voltado para a
mentalidade grega, predominante desde Constantino. H. Ri-
chard Niebuhr, um reconhecido analista do pensamento de
Lutero, escreveu o seguinte:

[Lutero] parece ter uma atitude dúbia para com a razão e


a filosofia, para com os negócios e o comércio, para com
a organização religiosa e os ritos, assim como para com
o estado e a política... Lutero dividia a vida em compar-
timentos, ou ensinava que a mão direita cristã não devia
saber o que a mão esquerda mundana do homem estava
fazendo.5

O próprio Lutero estava longe de ter um pensamento ho-


lístico, ou seja, de possuir um entendimento integral dos fenô-
menos. Ele escreveu:
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UM NOVO HORIZONTE: TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 51

Há dois reinos, um é o Reino de Deus, o outro é o reino


do mundo... O Reino de Deus é um reino de graça e mi-
sericórdia... mas o reino do mundo é um reino de ira e
severidade... Ora, aquele que confundir esses dois reinos...
traria ira sobre o Reino de Deus e misericórdia ao reino
do mundo, e isso é o mesmo que colocar o diabo no céu e
Deus no inferno.6

Menciono isso porque, ao contrário de Lutero, João Cal-


vino, seu companheiro de reforma, tinha uma visão mais po-
sitiva do mandato da Igreja para se envolver com a cultura e
transformá-la. Niebuhr escreveu:

Mais que Lutero, [Calvino] procura que toda a vida pre-


sente seja permeada pelo evangelho. Seu conceito mais
dinâmico das vocações dos homens como atividades nas
quais possam expressar sua fé e amor e possam glorifi-
car a Deus no seu chamado... leva à ideia de que o que o
evangelho promete e torna possível... é a transformação
da humanidade em toda a sua natureza e cultura em um
Reino de Deus.7

Um termo contemporâneo para essa posição de João Cal-


vino ao qual farei referência de tempos em tempos neste livro é
“o mandato cultural”, o que significa dizer, simplesmente, que
temos uma missão da parte de Deus para assumir o domínio e
transformar a sociedade.
Um exemplo de como este mandato cultural foi exercido
na vida real aconteceu na Holanda, por volta de 1900, por um
dos discípulos de Calvino, Abraham Kuyper. Ministro Refor-
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52 Assim na TERRA como no CÉU

mado ordenado e teólogo de renome, Kuyper disse que o seu


desejo mais profundo era o seguinte:

Apesar de toda a oposição mundana, as santas ordenanças


de Deus devem ser estabelecidas novamente no lar, na esco-
la e no estado para o bem do povo para esculpir, por assim
dizer, na consciência da nação as ordenanças do Senhor...
até que a nação preste homenagem novamente a Deus.8

Para fazer isso acontecer, Kuyper concorreu a Primeiro


Ministro da Holanda e foi eleito. Ele realmente trouxe trans-
formação social a uma nação.
Mas foi apenas por algum tempo. Talvez um dos moti-
vos pelos quais a Holanda não permaneceu como uma nação
transformada por muito tempo tenha sido porque faltaram a
Kuyper percepções das dimensões espirituais de transforma-
ção social em nível estratégico. De acordo com o que eu conhe-
ço dos acontecimentos, ele não captou claramente o papel pro-
ativo que Satanás, juntamente com os principados e potesta-
des das trevas, exercia ao infectar as sociedades com a injustiça.
Para ele, os principados e potestades eram instituições sociais
humanas pecaminosas e não seres demoníacos em si. Pelo fato
de estarmos agora corrigindo esse equívoco, tenho grandes es-
peranças de que veremos o mesmo tipo de mudanças sociais
que Kuyper trouxe sendo mantidas através das gerações.

A CON S T IT U IÇ Ã O D O S E S TAD O S U N I D O S E O
MO V IME N T O MIS S IO N Á R I O M O D E R N O
Nem Lutero nem Calvino deram passos para dissolver as es-
truturas da Igreja estatal instituídas por Constantino. Tanto
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UM NOVO HORIZONTE: TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 53

antes quanto depois da Reforma, supunha-se que o governo


deveria estar no comando da Igreja. A Igreja Católica Romana,
a Igreja Luterana, a Igreja Reformada, a Igreja Anglicana, bem
como a Igreja da Escócia (Presbiteriana) eram as únicas insti-
tuições religiosas de suas nações reconhecidas e apoiadas pelo
governo. Parece estranho para nós hoje que pastores fossem,
por exemplo, empregados do governo; mas isso acontece mui-
to comumente com as igrejas dominadas pelo estado.
Abrindo um parêntese, é importante notar que uma razão
importante pela qual Abraham Kuyper pôde realizar o que fez
foi o fato de sua Igreja Holandesa Reformada ser a igreja ofi-
cial do estado Holandês na época. Essa é uma razão pela qual
as estratégias de hoje para a transformação social deverão ser
necessariamente diferentes das de Kuyper.
A Constituição dos Estados Unidos, ratificada em 1783, e
o Movimento Missionário Moderno, encabeçado por William
Carey quando ele foi da Inglaterra para a Índia em 1792, pro-
moveram algumas das primeiras alternativas significativas para
as igrejas estatais. A Constituição proibia uma Igreja estatal nos
Estados Unidos. E quando os missionários dessas igrejas foram
para as nações hindus, budistas, muçulmanas ou animistas, as
igrejas estatais se tornaram inviáveis. O resultado foi o surgi-
mento do que conhecemos agora como denominações.
Diante dessa nova realidade religiosa, a ideia de transfor-
mar a sociedade começou a ficar em segundo plano. A maio-
ria das pessoas não sabia como transformar a sociedade fora
de uma Igreja estatal. O movimento missionário começou a
colocar o foco no que chamamos de “o mandato evangelís-
tico”, excluindo o mandato cultural. Ganhar almas e plantar
igrejas tornou-se a tarefa central aceita. Aperfeiçoar a situação
social imediata no campo missionário estabelecendo escolas,
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54 Assim na TERRA como no CÉU

hospitais, orfanatos e coisas do gênero era uma ideia bastante


comum, mas geralmente vista como um meio de salvar mais
almas e não como um esforço para mudar a nação em si.
Este foco no mandato evangelístico também levou aos
grandes despertamentos espirituais que pontuaram a história
norte-americana. Reformas sociais como o direito de voto das
mulheres, a abolição da escravatura e o Movimento de Tempe-
rança, foram exceções notáveis, e não a regra. Nenhum desses
despertamentos em si gerou transformações sociais estruturais.

O E VA N G E L H O S O C I A L
Em fins da década de 1800, a voz de Walter Rauschenbusch, de
Rochester, Nova York, começou a ser ouvida. Ele tentou levar
o mandato cultural para a linha de frente do movimento mis-
sionário, juntamente com o mandato evangelístico. Ele é lem-
brado hoje como um dos mais proeminentes pioneiros do que
logo veio a ser chamado de movimento do evangelho social.
Infelizmente, foi neste ponto que o elemento liberal da
Igreja teve êxito em absorver o mandato cultural. Ironicamen-
te, o próprio Rauschenbusch defendia que o mandato evan-
gelístico deveria ser mantido em primeiro lugar, mas não era
capaz de impedir o avanço da tendência liberal. Os seguidores
do evangelho social defendido por ele se alienaram dos evan-
gélicos (1) atribuindo a raiz do mal social nos Estados Unidos
ao capitalismo e (2) removendo o mandato evangelístico de
sua agenda.
Isto causou uma forte reação negativa entre os líderes
evangélicos por volta do ano de 1900, ajudando a provocar, en-
tre outras coisas, a controvérsia fundamentalista-modernista.
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UM NOVO HORIZONTE: TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 55

Além disso, também fez com que os evangélicos rejeitassem a


ideia da transformação social, pois ela se tornou estereotipada
como uma doutrina liberal. É por isso que mencionei no início
do capítulo o fato de ter havido um tempo no qual se presu-
mia que qualquer livro como este sobre transformação social,
havia sido escrito por um liberal.
Hoje, naturalmente, isso mudou. Ao rastrear da forma
mais cuidadosa possível sua origem, concluo que essas mu-
danças tiveram início nos anos 60. Naquela época, o Espíri-
to Santo começou a falar fortemente aos cristãos evangélicos
e bíblicos sobre sua responsabilidade de cuidar dos pobres e
dos oprimidos. Aparentemente muitos daqueles que tinham
ouvidos para ouvir naquele tempo eram líderes evangélicos
latino-americanos. Infelizmente, alguns levaram o mandato
cultural ao extremo e terminaram com uma Teologia da Li-
bertação latino-americana fracassada. Seguindo os passos do
movimento do evangelho social, eles pareciam ver o mandato
evangelístico como uma relíquia histórica. Muitos teólogos
liberais latino-americanos pareciam estar dizendo que a ver-
dadeira mensagem do Evangelho implicava a salvação da so-
ciedade do capitalismo norte-americano e não a salvação de
almas e crescimento da Igreja
Naquele tempo, eu ainda estava servindo como missioná-
rio e meu campo era a América Latina, de modo que obser-
vei essas tendências em primeira mão. Fui um daqueles que
começaram a chamar a atenção para tais acontecimentos, e
coloquei minhas ideias em um livro, Latin American Theology:
Radical or Evangelical? (A teologia latino-americana: radical ou
evangélica?) a fim de advertir as pessoas acerca desse liberalis-
mo emergente. Assim que o fiz, fui atacado de surpresa por
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56 Assim na TERRA como no CÉU

reações extremamente negativas ao meu livro por parte de al-


guns de meus amigos evangélicos latino-americanos, como Sa-
muel Escobar, René Padilla e Orlando Costas. Pensei que eles
concordariam com o meu pedido de mantermos o mandato
evangelístico como central e prioritário. Entretanto, a princi-
pal preocupação deles era, para todos os efeitos, o fato de eu
estar deliberadamente negligenciando o mandato cultural de
transformar a sociedade. Olhando para trás, agora vejo que
eles estavam certos, embora eu deva confessar que naquela
época segui em frente argumentando contra eles publicamen-
te e de forma bastante enérgica.

LAUSANNE, 1974
O momento mais importante e que foi mais decisivo para
nos fazer chegar ao ponto em que estamos hoje foi o Con-
gresso Internacional de Evangelização Mundial, realizado em
Lausanne, na Suíça, em 1974. Foi patrocinado pela Associa-
ção Evangelística Billy Graham e contou com a participação
de 4.500 delegados escolhidos a dedo e vindos de praticamente
todas as nações do mundo. Seu foco principal era o mandato
evangelístico. Entretanto, havia um número de pessoas sufi-
ciente ali, inclusive os latino-americanos que mencionei, para
chamar bastante a atenção daquele Congresso para o mandato
cultural. Creio que aquela reunião marcou o início da Fase 1
do nosso movimento em direção à transformação social.
Surgiu certa controvérsia quando o relatório de intenções
oficial do Congresso, que foi chamado de “Pacto de Lausanne”,
foi finalizado. Para alívio dos meus amigos latino-americanos
e de outros como eles, o Pacto de Lausanne incluía o mandato
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UM NOVO HORIZONTE: TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 57

cultural. Essa foi uma ruptura decisiva com o passado. Entre-


tanto, para decepção deles, o Pacto afirmava que o mandato
evangelístico era primordial. Eles queriam que os dois man-
datos fossem colocados em plano de igualdade, e não um aci-
ma do outro. Na verdade, eles eram tão apaixonados por suas
objeções que se recusaram ruidosamente a assinar o Pacto de
Lausanne, decidindo traçar o seu próprio contra-pacto e assi-
ná-lo em lugar do primeiro.
O fato é que a partir do Congresso surgiu um grupo per-
manente de 48 pessoas, que foi chamado de Comitê de Lau-
sanne para a Evangelização Mundial (CLEM), e eu vim a ser
uma delas. Meus amigos latino-americanos não eram elegí-
veis, pois não haviam assinado o Pacto de Lausanne. Durante
os 15 anos que se seguiram, o curso do CLEM foi determinado
em grande parte por um Grupo Operacional em Teologia di-
rigido por John Stott, do Reino Unido, e um Grupo Opera-
cional Estratégico, que eu dirigia. Enquanto eu usava a minha
influência para manter o mandato evangelístico no centro,
John Stott, que era o principal autor do Pacto de Lausanne,
estava passando por uma mudança de paradigma, fortemen-
te influenciada pelos meus amigos latino-americanos. Conse-
quentemente, nos vimos em uma progressiva tensão criativa.
É fascinante poder rever hoje o diálogo público sobre
questões relacionadas à transformação social que teve seu ápi-
ce durante os anos 80, principalmente pelo fato de, em pri-
meiro lugar, eu ser uma peça-chave, e em segundo, por eu hoje
perceber que estava do lado errado. Em certa ocasião, antes
de Lausanne, John Stott havia dito: “A comissão da Igreja não
é reformar a sociedade, mas pregar o Evangelho.”9 Mas não
muito depois disso, ele começou a mudar seu posicionamento
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58 Assim na TERRA como no CÉU

e se tornou um defensor da transformação social, ocupando


exatamente uma posição oposta a minha anteriormente. John
Stott fez essa mudança provavelmente 20 anos antes que eu
finalmente a fizesse. Enquanto isso, realizamos duas reuniões
internacionais relacionadas à CLEM como plataformas para
expressar publicamente as nossas diferentes visões, uma em
Pattaya, na Tailândia (1980), e outra em Grand Rapids, Michi-
gan (1982).
Apenas a título de registro, este era o tipo de coisa que eu
estava dizendo naquela época:

Do início ao fim [a reunião em Pattaya] tomou uma po-


sição clara e direta sobre a questão da primazia do evan-
gelismo... Embora reconhecendo que o mandato cultural
é realmente parte da missão holística, [a reunião] se re-
cusou a seguir a rota do Conselho Mundial de igrejas e
torná-la primordial ou igual ao evangelismo.10

Agora, olhando para trás, posso ver que minha influência


e a de outros como eu lamentavelmente persistiu, mesmo na
reunião de Grand Rapids, que foi evidentemente muito mais
orientada na direção do mandato cultural do que havia acon-
tecido nas reuniões anteriores. O documento final dizia, entre
outras coisas:

Nunca, ou raramente, deveríamos precisar escolher en-


tre satisfazer a fome física ou a fome espiritual, ou entre
curar corpos ou salvar almas, uma vez que o amor autên-
tico pelo nosso próximo nos levará a servi-lo como uma
pessoa inteira. Não obstante, se for preciso escolher, então
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UM NOVO HORIZONTE: TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 59

teremos de dizer que a necessidade suprema e definitiva


de toda a humanidade é a graça salvadora de Jesus Cristo,
e que, portanto, a salvação espiritual eterna de uma pes-
soa tem mais importância do que o seu bem-estar tempo-
ral e material.11

Ao longo dos anos desde então, a comunidade evangélica


se tornou cada vez mais confortável com o mandato cultural,
sem temer que ele venha a diluir o mandato evangelístico. Por
volta de 2005, por exemplo, a Coalizão de Missões da América
sob a direção de Paul Cedar, que é o ramo norte-americano da
CLEM, já havia começado a engrenar os seus programas na
direção da transformação da América, exigindo que as cidades
fossem renovadas e redimidas. Aquilo significava uma despe-
dida do passado.

TOMANDO A S N O S S A S C ID A D E S P A R A D E U S , 1 9 9 0
Enquanto isso, os evangélicos norte-americanos de inclinação
carismática começaram a se mover em uma direção um tan-
to diferente dos evangélicos tradicionais, levando mais a sério
o mandato bíblico da guerra espiritual em nível estratégico.
Considero ser essa a Fase 2 do nosso movimento em direção
à transformação social. Antes de 1990, não havia sido escrito
muito, nem se havia pregado ou discutido muito entre os líde-
res sobre os principados e potestades de alto escalão designa-
dos por Satanás para manter todos os segmentos da sociedade
em trevas e miséria.
Esse pensamento começou a mudar na última reunião do
Movimento de Lausanne, que ocorreu em Manila, em 1989.
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60 Assim na TERRA como no CÉU

Em Manila, não menos do que cinco dos líderes internacionais


que haviam sido convidados para falar escolheram tratar do
fenômeno que veio a ser chamado de “espíritos territoriais”.
Eu por acaso fui um deles. Antes do término da reunião, senti
o Senhor me impelindo a assumir o papel de liderança na co-
municação deste conceito ao Corpo de Cristo em geral.
Como detalharei no capítulo 6, imediatamente após a reu-
nião um grupo com alguns de nós formou uma mesa redonda
chamada Rede de Guerra Espiritual (RGE) para investigar as
questões relacionadas aos espíritos territoriais. Um dos mem-
bros da RGE era John Dawson, que havia acabado de publi-
car seu livro considerado um marco, Reconquiste Sua Cidade
Para Deus. Em minha opinião, foi o livro dele, que ao vender
sozinho cem mil cópias em 1990, colocou de forma firme o
mandato cultural na agenda dos evangélicos carismáticos. Ex-
pandindo o plano de ação de ganhar indivíduos para tomar
unidades sociais inteiras tais como cidades, Dawson iniciou
uma importante mudança de paradigma que se tornou mais
forte ao longo dos anos. Tomar uma atitude voltada para a
transformação social não era mais um caminho de domínio
exclusivo dos liberais do evangelho social — aqueles que como
eu se colocavam na extremidade conservadora da questão tam-
bém haviam reajustado suas prioridades.

T R A N S F O R MA Ç Ã O S O C I A L
À medida que contingentes cada vez maiores da Igreja come-
çam a planejar estratégias nessa direção, quanto mais depres-
sa pudermos chegar a um acordo geral sobre a terminologia
a ser utilizada, melhor poderemos nos comunicar uns com os
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UM NOVO HORIZONTE: TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 61

outros. Eu gostaria de argumentar que a “transformação so-


cial”, juntamente com os seus derivados, deva ser a expressão
mais útil. Alguns têm usado os termos “tomada de cidades”,
“alcançar as cidades”, “transformando a cultura”, “renova-
ção”, “restauração”, “reforma” ou “redimindo a cidade”. Cada
um desses termos tem seu mérito, mas eles tendem a nos
espalhar em lugar de nos levar a um foco unificado. Com no-
mes de peso como George Otis, Jr. (da série de vídeos Transfor-
mações), Luis Bush (Transformar o Mundo), e Alistair Petrie
(Transformed! People, Cities, Nations [Transformados! Pessoas,
cidades, nações]) usando o termo, ele parece estar ganhando
aceitação.
Uma vez que concordamos que transformação social é um
termo útil, devemos também concordar com o que queremos
dizer com ele e como mensurar essa transformação. Luis Bush
indica que a palavra bíblica para transformação é derivada de
metamorpho, a palavra também usada para uma lagarta sendo
metamorfoseada em uma borboleta. Bush escreve: “Diferente
da reforma, [a transformação] não apenas coloca um remendo
na sociedade, ela a transforma de dentro para fora.” Ele conti-
nua dizendo:

[A transformação] pode se caracterizar pela consciência


penetrante da realidade de Deus, pela correção radical dos
males sociais, pelo decréscimo proporcional das taxas de
crimes, pela bênção sobrenatural sobre o comércio local,
pela cura dos de coração partido (os alienados e privados
de seus direitos civis), por atos regeneradores de restaura-
ção da produtividade da terra, e pela exportação da justiça
do Reino.12
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62 Assim na TERRA como no CÉU

A analogia da metamorfose de uma lagarta em borboleta


também nos ajuda a chegar a um acordo realista sobre como
medir a transformação social. A tendência nos últimos anos
tem sido usar medidas pouco claras, fundamentadas princi-
palmente em relatos breves. Algumas listas de cidades ou na-
ções transformadas chegaram às centenas. Mas o que significa
“transformado”? Na maioria dos casos significa que a cidade
está melhor do que costumava estar. Algumas lojas de porno-
grafia foram fechadas, um bairro escolar foi melhorado, um
banco ora por seus clientes, a taxa de AIDS foi reduzida, poços
foram cavados, raças se reconciliaram, ou a economia melho-
rou. Não pretendo chamar de comuns a nenhum dos itens aci-
ma, mas não concordo que qualquer um deles, ou mesmo par-
te deles, garanta o uso do particípio passado “transformado”.
Dizer que certas cidades estão “no processo de transformação”
seria muito melhor.
Creio que o nosso objetivo deveria ser nada menos que a
transformação sociologicamente verificável. Quero dizer com
isso que um observador independente, externo, qualificado,
usando ferramentas padronizadas de ciência social de repor-
tagem investigativa, conclui que a unidade social agora está
tão diferente do que costumava estar quanto uma borboleta
é diferente de uma lagarta. Seria esse um padrão alto demais?
Penso que não. Parece-me que se permitirmos medições sem
convicção, não científicas, de transformações baseadas prin-
cipalmente em um entusiasmo não profissional, corremos o
perigo de diluir a verdadeira mensagem do Reino de Deus, que
é o fato de nós assumirmos o domínio.
Concordo com Ed Silvoso, que afirma que “a transforma-
ção das nações deve ser palpável, e o mais importante indica-
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UM NOVO HORIZONTE: TRANSFORMAÇÃO SOCIAL 63

dor social é a eliminação da pobreza sistêmica”.13 Essa é uma


sugestão radical, mas ela é ao mesmo tempo bíblica e mensurá-
vel. A pobreza é uma maldição de Satanás, e por pobreza sistê-
mica entendemos que os bebês que nascem em certos sistemas
sociais estão destinados a viver vidas de pobreza. Independen-
te do que possa acontecer de bom, se a pobreza sistêmica ainda
caracteriza partes de uma cidade ou de uma região ou nação,
ela não deve ser considerada transformada. Silvoso conclui
que eliminar a pobreza é “a evidência social mais palpável da
transformação verdadeira, com base bíblica”.14

A L MO L O N G A , G U AT E M A L A
Um dos melhores exemplos de transformação sociologica-
mente verificável que temos até hoje é o caso de Almolonga,
na Guatemala. Almolonga foi apresentada no primeiro vídeo
Transformações de George Otis, Jr. e, desde então, se tornou uma
atração turística cristã popular. Vamos concluir este capítulo
com um fragmento de uma divulgação de informações feita
em 2005 pela Christian World News, da CBN:

Imagine uma cidade onde existem tão poucos crimes que


as cadeias precisaram ser fechadas, e as colheitas de ali-
mentos são tão fartas e apetitosas que poderiam ter vindo
do Jardim do Éden... A maioria dos 18 mil residentes de
Almolonga é de fazendeiros... Em um dia típico no mer-
cado, durante uma das oito colheitas anuais, toneladas e
toneladas de vegetais frescos são acumuladas no centro
da cidade para exportação. Ali eles são carregados em
grandes caminhões-trailers. Uma média de 40 desses ca-
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64 Assim na TERRA como no CÉU

minhões-trailers sai de Almolonga por dia, carregados de


alguns dos melhores produtos produzidos no hemisfério
ocidental... Os trailers que levam os vegetais são puxados
muitas vezes por caminhões Mercedes Benz.
Estima-se que mais de 90% do povo de Almolonga são
agora cristãos nascidos de novo... Há uma geração, havia
apenas quatro igrejas aqui. Hoje, existem 23!
O Pastor Harold Caballeros, da Igreja El Shaddai, na
Cidade da Guatemala, diz que o arrependimento e o avi-
vamento transformaram completamente Almolonga! O
Pastor Harold explicou: “A mentalidade e a maneira de
pensar do povo foram drasticamente transformadas! A
mudança de uma cultura de morte, uma cultura de alco-
olismo, de idolatria e feitiçaria para uma cultura na qual
hoje eles só pensam em expandir o Reino de Deus em
prosperidade, bênção e cura.”15

Transformação social? Sim, ela pode realmente acontecer


através do poder de Deus!
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CAPÍTULO 3

U M N O V O P A R A D IG MA :
A T E O L O G IA DO DOM Í NI O
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66 Assim na TERRA como no CÉU

S e transformação social é o que o Espírito parece estar si-


nalizando para as igrejas hoje, esperaríamos que a Bíblia
apoiasse uma ideia como essa. Muitos estarão fazendo a per-
gunta inevitável: existe uma teologia bíblica para confirmar o
que estivemos analisando até agora?
Vamos pensar na teologia em si por alguns instantes.

D A T E O R IA À P RÁ T I C A
Sei que teologia pode ser algo maçante e entediante. Uma das
razões para isso é o fato de grande parte da teologia tradicio-
nal, por mais que possa ser uma sabedoria academicamente
brilhante, eencontrar-se muito distante da realidade do nosso
dia a dia. Suspeito que estamos vendo uma mudança sutil de
paradigma nas atitudes de muitos líderes cristãos para com a
teologia. Quando frequentei o seminário, praticamente toda
a Igreja funcionava com base no pressuposto de que o pré-
requisito para uma ordenação seria a formação completa em
teologia sistemática, epistemologia e na história dos dogmas.
Um argumento para justificá-la seria que a referida especiali-
zação seria necessária para que a Igreja evitasse a heresia. Ironi-
camente, entretanto, ficou evidente que algumas das heresias
mais prejudiciais que atualmente contaminam as igrejas, pelo
menos na Europa e na América do Norte, foram perpetradas
por ninguém menos que teólogos versados.
Não encontro o mesmo nível de reverência pela teologia
na maioria das igrejas associadas à Nova Reforma Apostóli-
ca. Veja, por exemplo, a escola que fundei há vários anos, o
Wagner Instituto de Liderança (WIL). Partindo do princípio
de que o WIL foi projetado para treinar adultos que já estão no
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UM NOVO PARADIGMA: A TEOLOGIA DO DOMÍNIO 67

ministério, eu, por exemplo, decidi não ter nenhum dos cursos
exigidos nos seminários no currículo do curso. Minha ideia
era a de que aqueles alunos, por serem maduros, saberiam me-
lhor o que precisavam para aperfeiçoar o seu próprio ministé-
rio do que um comitê de faculdade poderia supor. Uma das
implicações desta abordagem mais recente que rapidamente
chamou a nossa atenção foi a de que se oferecêssemos cursos
tradicionais de teologia sistemática, epistemologia ou história
dos dogmas, praticamente ninguém se matricularia.
Irei um passo mais além e farei a previsão de que os teó-
logos em si provavelmente se tornarão relíquias do passado à
medida que a Segunda Era Apostólica avançar. A Igreja Católi-
ca reconheceu oficialmente o ofício de teólogo, e o equivalente
protestante são os professores de seminário (cujos cursos, por
falar nisso, são, por necessidade, exigidos para graduação). As
novas igrejas apostólicas, por outro lado, não parecem estar se-
guindo essas mesmas pegadas. Seus líderes não parecem estar
carregando a mesma quantidade excessiva de bagagem doutri-
nária que muitos de seus predecessores carregavam. Os teólogos
não são mencionados, por exemplo, em Efésios 4:11 juntamente
com os apóstolos, os profetas, os evangelistas, os pastores e os
mestres. Entretanto, tudo isso não implica a ausência da teolo-
gia legítima. Acontece apenas que os apóstolos, os profetas e os
mestres estão se tornando os novos guardiões de uma teologia
dinâmica, que acaba sendo tanto prática quanto teórica.

O QUE É TEOLOGIA?
Sobre o que estamos falando? O que é teologia afinal? Eis a
minha tentativa de definição: Teologia é uma tentativa huma-
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68 Assim na TERRA como no CÉU

na de explicar a Palavra de Deus e as obras de Deus de uma


maneira razoável e sistemática. Essa não é uma definição tra-
dicional. Em primeiro lugar, ela considera as obras de Deus
como uma fonte válida de informação teológica. Em segundo
lugar, ela vê as palavras de Deus tanto do ponto de vista do que
está escrito na Bíblia (logos) quanto do que Deus está revelando
atualmente (rhema). Sem dúvida, o lado negativo de se ver a te-
ologia desse modo é a possível subjetividade que ela traz, mas
o lado positivo é uma maior relevância ao que o Espírito está
dizendo atualmente às igrejas em um nível prático. Os mestres
pesquisam e explanam o logos, os profetas trazem o rhema, e os
apóstolos juntam tudo e apontam a direção ao futuro.

A T E O L O G IA D O D O M Í N I O
A teologia prática que edifica um melhor fundamento sob a
transformação social é a teologia do domínio, atualmente cha-
mada algumas vezes de Teologia do Reino. Ao pesquisar sua
história encontraremos suas origens desde R. J. Rushdoony
e Abraham Kuyper até João Calvino. Algumas das tentativas
pioneiras de aplicá-la em nossos dias seriam especialmente as
feitas por Bob Weiner, Rice Broocks e Dennis Peacocke, entre
outros. Infelizmente, a teologia do domínio precisou navegar
por águas turbulentas no passado recente. Acho que entendo
onde algumas dessas objeções tiveram origem.
Uma delas, por exemplo, vem daqueles que ainda detêm a
primazia do mandato evangelístico sobre o mandato cultural.
Expliquei a história deste diálogo criativo com muito cuidado
no capítulo anterior, inclusive o meu próprio ponto de vista
inicial de que o mandato evangelístico era primordial. Por eu
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UM NOVO PARADIGMA: A TEOLOGIA DO DOMÍNIO 69

ter tido esse ponto de vista no passado, creio que posso enten-
der e respeitar o ponto de vista daqueles que ainda se opõem a
esses fundamentos.

O S T E MP O S D O F I M
A segunda objeção é escatológica, e tem a ver com a nossa vi-
são dos tempos do fim. A teologia do domínio, é bem verdade,
tende a ser escatologicamente perturbadora. Por quê? Muitos
entre aqueles que fazem parte da minha geração foram doutri-
nados com a visão pré-tribulacionista e pré-milenista do fim
dos tempos. Mergulhei noite e dia na Bíblia Scofield e sentei-
me para aprender com pessoas como Wilbur M. Smith, que
ensinava que o mundo iria piorar cada vez mais até que final-
mente todos os verdadeiros crentes um dia seriam arrebatados
para o céu. Então aqueles que haviam sido deixados para trás
passariam por sete anos de tribulação, com o anticristo assu-
mindo o controle, até que Jesus voltaria em um cavalo branco
e nos levaria a todos para reinar com Ele por 1.000 anos (o
milênio). Essa era a nossa gloriosa esperança.
Se, por um lado, agora acreditamos que Deus está man-
dando que nós nos envolvamos em uma transformação social
agressiva, é óbvio que chegaremos a um ponto de vista diferente.
Não aceitamos mais a ideia de que a sociedade irá piorar cada
vez mais, pois agora acreditamos que a ordem de Deus é para
transformar a sociedade a fim de que ela melhore cada vez mais.
Concordo com Jim Hodges, que sugere que nós, cristãos, preci-
samos nos livrar do “nosso desejo excessivo de deixar o plane-
ta”.1 Isto nos torna muito menos dogmáticos acerca das teorias
do milênio. Costumo dizer de forma bem-humorada que já não
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70 Assim na TERRA como no CÉU

sei mais se sou pré-milenista, pós-milenista ou amilenista. Deci-


di ser pan-milenista, crendo que tudo vai dar certo no fim!
Agora, falando sério, confesso que até recentemente eu sa-
bia em qual escatologia eu não acreditava: a tradicional visão
futurista de Deixados para Trás, mas eu não conseguia verba-
lizar no que eu realmente acreditava. O meu ponto de mutação
aconteceu quando li Victorious Eschatology (Escatologia vitorio-
sa) de Harold Eberle e Martin Trench. A escatologia vitoriosa
se encaixa na teologia do domínio como uma mão em uma
luva. Eberle e Trench escrevem: “Antes da volta de Jesus, a Igre-
ja subirá em glória, unidade e maturidade. O Reino de Deus
crescerá e avançará até que ele encha a Terra.”2
A escatologia vitoriosa defende a tese convincente de que
muitas das profecias bíblicas com relação aos últimos dias ou
ao fim dos tempos foram literalmente cumpridas na época da
destruição de Jerusalém, no ano 70 d.C. O fim dos tempos mar-
cou o fim da Velha Aliança e o início da Nova Aliança. Jesus
literalmente voltará à terra no futuro (ver Mateus 24:35; 25:46),
mas nenhum dos sinais de Mateus 24:3-34 precederá a Sua vol-
ta, porque na verdade eles já ocorreram. Isso é conhecido pelos
teólogos profissionais como a visão preterista parcial da escato-
logia, e é a visão com a qual agora me identifico pessoalmente.3

U LT R A P A S S A N D O L I M I T E S
Para alguns, entretanto, essa visão extrapola os limites
doutrinários tradicionais. Como exemplo, uma denomina-
ção de prestígio como as Assembleias de Deus é comprometi-
da com o pré-milenismo, e isso os levou previsivelmente a se
oporem à teologia do domínio. Em uma de suas publicações
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UM NOVO PARADIGMA: A TEOLOGIA DO DOMÍNIO 71

oficiais, eles mencionam a teologia do domínio em uma série


de “Ensinos Heréticos [Que São] Reprovados” pelo Presbitério
Geral da Denominação.4
Uma objeção semelhante foi feita por John Stott, que em
seu comentário sobre o Pacto de Lausanne, escreveu:

Qual é exatamente a expectativa ou a esperança da Igre-


ja? Alguns falam hoje em dia como se devêssemos esperar
que o mundo melhorasse cada vez mais, como se garantir
as condições de prosperidade material, a paz internacio-
nal, a justiça social, a liberdade política e a realização pes-
soal fosse equivalente a estabelecer o Reino de Deus... Mas
Jesus não nos deu expectativas de que tudo melhoraria
constantemente... Essa simplesmente não é a esperança
cristã de acordo com as Escrituras.5

Lamento ter de apresentar uma terceira objeção, uma ob-


jeção que durante certo tempo levantou algumas barreiras à
afirmação mais geral da teologia do domínio, mas o fato é que
alguns dos defensores de maior destaque e mais ouvidos da te-
ologia do domínio infelizmente foram alvo de sérias acusações
de desvio moral. Embora seja difícil tirar quaisquer conclusões
sobre as causas e os efeitos dessas acusações, muitas pessoas
foram compreensivelmente alienadas da teologia do domínio
por causa dessa desagradável associação.

U M N O V O T E MP O
Já basta das águas turbulentas que os defensores da teologia
do domínio tiveram de navegar por algum tempo. Estou con-
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72 Assim na TERRA como no CÉU

vencido de que agora estamos em um novo tempo. Um núme-


ro crescente de líderes da Igreja não está mais se esquivando
do desafio de transformar a sociedade de acordo com os valo-
res do Reino de Deus. As águas turbulentas estão se tornando
mais mansas.
Sem dúvida, essa é uma opinião pessoal, mas penso que
a melhor maneira de prosseguir é afirmar e redimir o termo
“teologia do domínio”, e não descartá-lo. A alternativa suge-
rida mais frequentemente é “Teologia do Reino”. “Teologia
do Reino” é um bom termo, mas vejo o termo “teologia do
domínio” como sendo algo mais forte, mais fundamentado
na ação, mais agressivo e mais abrangente biblicamente. O
termo “Teologia do Reino” tende a ter conotações pastorais,
ao passo que o termo “teologia do domínio” tende mais para
o sentido apostólico. Fazer essa opção não é, de maneira al-
guma, negar que o Reino de Deus é o sustentáculo teológico
da teologia do domínio. Nossa oração ainda deve ser “Venha
o Teu reino, Seja feita a Tua vontade, assim na terra como no
céu” (Mateus 6:10).

O P R IN C ÍP I O
Os princípios básicos da teologia do domínio começam no
primeiro capítulo da Bíblia. A intenção original declarada de
Deus foi a de criar a raça humana para que ela “tenha domínio
sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus, sobre os animais
domésticos, sobre toda a terra e sobre todos os répteis que ras-
tejam pela terra” (Gênesis 1:26, grifo nosso). Esse é o motivo
pelo qual penso que a “Teologia do domínio” é mais biblica-
mente abrangente que a “Teologia do Reino”. O Reino de Deus
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UM NOVO PARADIGMA: A TEOLOGIA DO DOMÍNIO 73

é um tema do Novo Testamento, ao passo que o domínio é um


tema tanto do Antigo quanto do Novo Testamento.
A primeira coisa que Deus disse a Adão e Eva foi: “Sede
fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai
sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre [toda
a criação]” (Gênesis 1:28, grifo nosso). Não devemos deixar
de perceber a importância dessa afirmação. Deus não apenas
criou a terra, mas também estabeleceu um governo para ela
tendo a humanidade, começando com Adão e Eva, como os
governadores. Ele deu a Adão e Eva plena autoridade para
assumirem o domínio em Seu nome. Mas eles não eram fan-
toches, eram agentes morais com livre arbítrio. O que isso
significa? Eles tinham uma escolha. Deus não os coagiria.
Por um lado, eles podiam assumir o domínio, mas por outro,
eles tinham a autoridade de dar aquele domínio que possuí-
am a outros.
Em geral, não damos a devida atenção a esse ponto, princi-
palmente por pensarmos que já conhecemos a história da cria-
ção muito bem. O capítulo 2 nos dá alguns detalhes adicionais
sobre a criação sem mencionar o domínio. Quando a serpen-
te aparece no capítulo 3, provavelmente já nos esquecemos da
questão do domínio, o que seria um erro porque era essencial-
mente isso que Satanás estava buscando. Nossa interpretação
tradicional é a de que Satanás queria quebrar o relacionamento
de Adão e Eva com Deus e assim introduzir o pecado original,
que então seria transmitido geneticamente para toda a geração
humana através das eras. O objetivo seria que as pessoas não
fossem para o céu, mas para o inferno. Esse com certeza era um
dos alvos de Satanás, mas um objetivo ainda maior era usurpar
o domínio do mundo que Deus dera a Adão.
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74 Assim na TERRA como no CÉU

PODER E AUTORIDADE
Antes de sua queda do céu, Satanás, ou Lúcifer, tinha tanto po-
der quanto autoridade. Ele era chamado “o querubim ungido
para cobrir...” (Ezequiel 28:14). O seu grande erro foi dizer um
dia: “Subirei...” (Isaías 14:13). Ele não estava satisfeito com a
autoridade delegada por Deus; ele queria afirmar a sua própria
autoridade acima da autoridade de Deus. Ele disse: “Serei se-
melhante ao...” (Isaías 14:14). O resultado foi que ele foi lança-
do do céu. Quando isso aconteceu, ele não perdeu o seu poder,
mas perdeu a sua autoridade. Então, quando Deus delegou a
Adão a autoridade para dominar a criação, juntamente com o
livre arbítrio, Satanás viu uma oportunidade de tomar de volta
a autoridade que ele havia perdido. Deus não a teria dado de
volta a ele, mas Adão agora podia fazer isso.
Pode parecer estranho a princípio, mas pense nisto: Deus
deu a Adão a autoridade de entregar a sua autoridade a Sata-
nás! Isso dá um enfoque diferenciado ao nosso entendimento
habitual acerca da tentação e da queda.
A dita maçã se tornou simplesmente um símbolo visual da
escolha de Adão. Ele escolheria obedecer a Deus ou seguiria o ca-
minho de Satanás? Quando Satanás o convenceu a desobedecer
a Deus, a história de repente foi transformada. A autoridade de
Adão de tomar o domínio sobre a criação de Deus foi entregue a
Satanás. E o que é pior ainda, Adão colocou a si mesmo e a toda
a futura raça humana sob a autoridade de Satanás também.

U M “ L E Ã O D E S D E N TA D O ” ?
Analise a história da humanidade. Pense em algumas termi-
nologias bíblicas para descrever Satanás e o seu domínio. Ele
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UM NOVO PARADIGMA: A TEOLOGIA DO DOMÍNIO 75

é o “príncipe da potestade do ar” (Efésios 2:2). Ele é o “deus


deste século” (2 Coríntios 4:4). É o “governador deste mundo”
(João 14:30). Estes títulos tremendos não devem ser encarados
de forma superficial. Alguns pregadores inseguros que fazem
pouco do poder de Satanás chamando-o de “leão desdentado”
precisam passar por um teste de realidade. O primeiro pas-
so para derrotar um inimigo é fazer uma avaliação realista de
quem ele realmente é.
Pense no estado miserável da raça humana antes do nasci-
mento de Jesus. Pense na anarquia, nas atrocidades, no derra-
mamento de sangue, na opressão, na imoralidade, na idolatria,
na feitiçaria, nas guerras e nas doenças que assolaram grupos in-
teiros de pessoas em todas as partes do mundo. Pense nas mães
dos índios Ayoré nas selvas bolivianas que enterravam os seus
primogênitos vivos de forma rotineira. Pense nos altares astecas
dos quais escorria, vinte e quatro horas por dia, nos sete dias da
semana, um fluxo de sangue fresco das virgens que estavam sen-
do sacrificadas às forças demoníacas. Sim, havia exceções divi-
nas, como Jó, Noé, a Nínive arrependida e os israelitas, durante
os períodos em que Deus estava sendo glorificado. Entretanto,
exceções desse tipo eram poucas e espaçadas se comparadas à
massa de toda a raça humana sob o domínio de Satanás, um
domínio que ele usurpara de Adão. Não vemos nenhum leão
desdentado aqui! Pergunte a uma das virgens astecas!
A visão de Paulo da humanidade é muito realista:

E vos vivificou, estando vós mortos em ofensas e pecados,


em que noutro tempo andastes segundo o curso deste
mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espí-
rito que agora opera nos filhos da desobediência. Entre os
quais todos nós também antes andávamos nos desejos da
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76 Assim na TERRA como no CÉU

nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamen-


tos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros
também. (Efésios 2:1-3)

Um novo olhar sobre a tentação de Jesus removerá qual-


quer dúvida que ainda reste com relação ao fato de que Sa-
tanás adquiriu um domínio verdadeiro sobre a terra. O que
vou dizer agora supõe a crença de que as três tentações foram
reais. Elas foram literais, não apenas figurativas. Em cada uma
das três, Jesus poderia ter decidido pecar, o que, é claro, Ele
não fez. Portanto, vamos olhar para a terceira tentação, quan-
do “Levou-o ainda o diabo a um monte muito alto, mostrou-
lhe todos os reinos do mundo e a glória deles” (Mateus 4:8).
Quantos reinos? Todos os reinos do mundo! Então Satanás
disse: “Tudo isto te darei se, prostrado, me adorares” (Mateus
4:9). Se a tentação foi real, Satanás deveria ter a autoridade
sobre os reinos para fazer essa oferta. Embora Jesus não tenha
cedido à tentação, Ele nunca questionou a autoridade do dia-
bo sobre os reinos.

O S E G U N D O E Ú LT I M O A D Ã O
Se o plano de Deus para a história mudou de repente com o
primeiro Adão no Jardim do Éden, ele mudou novamente e
tão repentinamente quanto com a vinda do segundo e último
Adão, Jesus Cristo. Ouvimos relativamente poucas pregações
sobre Jesus como sendo o segundo Adão, principalmente
porque a maioria dos líderes cristãos não esteve em sintonia
com a teologia do domínio defendida por mim. Quando nós
estamos em sintonia com ela, entretanto, o que Paulo escreve
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UM NOVO PARADIGMA: A TEOLOGIA DO DOMÍNIO 77

em 1 Coríntios 15 se torna extremamente relevante: “O pri-


meiro homem, Adão, foi feito alma vivente. O último Adão,
porém, é espírito vivificante. O primeiro homem, formado
da terra, é terreno; o segundo homem é do céu” (1 Coríntios
15:45,47).
A maioria das pregações, como as de Billy Graham, por
exemplo, enfatiza a dimensão pastoral da morte de Jesus na
cruz. Ele morreu pelos nossos pecados individuais a fim de
nos reconciliar individualmente com Deus. Os teólogos cha-
mam isso de expiação substitutiva. Por intermédio de Jesus
podemos ser salvos, nascer de novo, ser novas criaturas em
Cristo, ser santificados e santos de Deus — e o que mais for ne-
cessário para cumprir o destino para o qual Deus colocou cada
um de nós na terra como indivíduos e finalmente acabarmos
no céu. Isso é tão importante que muitos de nós podemos até
nos lembrar do dia em que decidimos entregar nossas vidas a
Jesus Cristo como nosso Senhor e Salvador.
Além disso, porém, há também aquilo que gosto de pensar
como sendo uma dimensão apostólica da morte de Jesus na
cruz. Eis como Joseph Mattera coloca esta questão: “O prin-
cipal propósito de Jesus ter morrido na cruz não foi para que
você possa ir para o céu. O principal propósito da Sua morte
foi para que o Seu Reino possa ser estabelecido em você para
que, em resultado disso, você possa exercer a autoridade do
Reino na terra (Lucas 17:21) e reconciliar o mundo novamente
com Ele (2 Coríntios 5:19).”6 Mattera obviamente não está ne-
gando a dimensão pastoral; ele está simplesmente afirmando
que existe muito mais acerca da morte de Cristo. Ele está tra-
tando do domínio.
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78 Assim na TERRA como no CÉU

AS OBRAS DO DIABO
Deus enviou Jesus em carne humana real para fazer o que
Adão deixou de fazer. Jesus viveu uma vida humana de pureza
e obediência ao Pai. Ele foi o único ser humano vivo a estar
qualificado para tomar de volta das mãos de Satanás o domí-
nio que Adão havia perdido. “Para isto se manifestou o Filho
de Deus: para destruir as obras do diabo” (1 João 3:8). As maio-
res obras do diabo estavam relacionadas ao domínio maligno e
tirânico que Satanás exerceu sobre toda a raça humana desde a
queda do primeiro Adão. Jesus morreu para reverter a história
de uma vez por todas.
Veja por que o Pai enviou Jesus: “Porque aprouve a Deus
que, nele, residisse toda a plenitude e que, havendo feito a paz
pelo sangue da sua cruz, por meio dele, reconciliasse consi-
go mesmo todas as coisas, quer sobre a terra, quer nos céus”
(Colossenses 1:19-20). Como isso deve acontecer na vida real?
“[Deus] nos deu o ministério da reconciliação” (2 Coríntios
5:18). Isso vem a ser uma tremenda responsabilidade! Para
quem? Para aqueles de nós que estão comprometidos em fazer
a vontade de Deus. Entre outras coisas, é um mandato para a
transformação social.
Joseph Mattera concorda. Ele escreve: “Quando Jesus foi
coroado Senhor de todos, foi sobre toda a jurisdição de Deus
— não apenas sobre a Igreja — e isso inclui ‘todas as coisas’.
‘Todas as coisas’ incluem a terra, o ambiente, a política, a edu-
cação, a medicina, o sistema de saúde, as artes, o espaço, a eco-
nomia, a justiça social e as ciências humanas.”7
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UM NOVO PARADIGMA: A TEOLOGIA DO DOMÍNIO 79

A Q U IL O Q U E F O I PE R D I D O
Em dado momento, eis como Jesus descreveu a Sua própria
missão: “Porque o Filho do Homem veio buscar e salvar o per-
dido” (Lucas 19:10). Nosso entendimento pastoral tradicional
dessa declaração tem sido o de que Jesus veio para salvar aque-
les que estavam perdidos, e não aquilo que estava perdido. É
claro, Ele realmente veio salvar almas individualmente, como
eu disse, mas esse versículo específico não se refere a indivídu-
os; ele se refere ao domínio sobre a criação que Adão perdeu
no Jardim do Éden. Gosto da maneira como Ed Silvoso explica
essa questão: “Muitos cristãos não têm dificuldade para acre-
ditar que o diabo — um ser criado com poder limitado — con-
taminou toda a criação com apenas um pecado. Mas acham
difícil acreditar que Jesus Cristo — que é Deus — através de um
sacrifício perfeito fez provisão para recuperar tudo ‘aquilo que
se havia perdido.’”8 Silvoso acrescenta a dimensão apostólica.
O ministério público de Jesus começou logo após a Sua
tentação. Uma das primeiras coisas que Ele fez no Seu ministé-
rio público foi entrar na sinagoga de Sua cidade natal, Nazaré.
Ali, Jesus fez o que foi muito provavelmente o Seu primeiro
discurso. Não é de admirar que Ele tenha aproveitado a oca-
sião para definir a agenda do Seu ministério. Aqui está ela, ex-
traída do livro de Isaías:

O Espírito do Senhor está sobre mim, pelo que me ungiu


para evangelizar os pobres; enviou-me para proclamar li-
bertação aos cativos e restauração da vista aos cegos, para
pôr em liberdade os oprimidos, e apregoar o ano aceitável
do Senhor. (Lucas 4:18-19; citando Isaías 61:1-2)
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80 Assim na TERRA como no CÉU

Este é o Evangelho do Reino. Ele é claramente uma mistu-


ra do mandato cultural com o mandato evangelístico.

C O L O N IZ A Ç Ã O
Falando do Evangelho do Reino, Myles Munroe sugere que o
plano de Deus para a terra poderia ser visto como uma forma
do que conhecemos como colonização. “A colonização”, diz
Munroe, “é um processo pelo qual um governo ou governante
determina-se a estender o seu reino, o seu governo ou a sua
influência a um território adicional com o propósito de im-
pactar esse território com a sua vontade e os seus desejos”.9 O
Reino de Deus estava nas regiões celestiais, e Ele criou a terra
com a ideia de estendê-lo. A terra devia ser uma colônia do céu.
Deus era o Rei de tudo, e Ele delegou à raça humana, represen-
tada no início por Adão, o direito de exercer o governo dessa
colônia. A terra visível deve refletir a natureza e a essência do
Reino invisível do céu, que é a sua fonte. O anúncio de Jesus
na sinagoga de Nazaré foi uma declaração de que essa intenção
original de Deus, dali em diante, começaria a se materializar
em sua plenitude.
O segundo Adão fez tudo que era necessário para colocar
o projeto original de Deus para a terra de volta em seu lugar
como uma colônia do céu. Quando Ele fez isso, também dele-
gou a responsabilidade de trazer o plano de Deus à existência.
Steve Thompson diz: “Jesus, tendo recuperado a autoridade
sobre a terra, agora podia mediar e governar os negócios da
terra. Entretanto, Jesus não ficou na terra para governá-la. Ele
subiu para o Pai e está sentado à Sua direita. Então, quem ago-
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UM NOVO PARADIGMA: A TEOLOGIA DO DOMÍNIO 81

ra é responsável por governar e reinar na terra? Acredite se qui-


ser, a Igreja, que é o corpo de Cristo.”10
Esta ideia deveria nos levar de uma postura passiva para
uma ativa. Boa parte da Igreja espera que se simplesmente
orarmos o suficiente por uma transformação social, Deus em
Sua onipotência a transformará. Não penso assim. Deus espe-
ra que oremos, mas Ele também quer nos dar a autoridade, os
recursos e a revelação para sairmos no poder do Espírito Santo
e tomarmos de volta o domínio das mãos de Satanás.
Algo que deveria ajudar seria começarmos a mudar nosso
foco de redimir indivíduos para redimir a sociedade. Não me
entenda mal. Isso não é negar o fato de que quanto mais indiví-
duos salvos melhor. Vamos fazer o que for necessário para sal-
var mais pessoas! Mas isso é uma sugestão de que apenas salvar
indivíduos não levará necessariamente à transformação social.
Joe Woodard relata um debate interessante que ocorreu
entre o sociólogo Davidson Hunter e Chuck Colson, do Prison
Ministry, sobre este assunto. Colson era a favor da abordagem
individual de raiz tradicional, presumindo que “pessoas trans-
formadas transformam culturas”.11 Hunter, por outro lado,
acreditava que “as culturas nunca mudam de baixo para cima,
mas de cima para baixo”.12 A melhor estratégia, de acordo com
Hunter, seria mirar diretamente nas instituições que moldam a
cultura. Assim como orar para que os indivíduos sejam salvos,
vamos também orar para redimir instituições sociais inteiras.

A G R A N D E C O MIS S Ã O
Embora eu relute um pouco para sugerir isso, estou conven-
cido de que precisamos examinar mais de perto a Grande Co-
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82 Assim na TERRA como no CÉU

missão. Precisamos entender o que Jesus quis dizer quando


ordenou aos Seus seguidores: “Fazei discípulos de todas as na-
ções” (Mateus 28:19).
O motivo pelo qual estou relutante em trazer esse assun-
to à tona é porque, durante a maior parte da minha carreira
como missiologista especializado na Grande Comissão, con-
fesso que defendi a abordagem individualista. Eu me recusava
a interpretar “todas as nações” como unidades sociais, embora
essa fosse a tradução literal para panta ta ethne. Eu estava incli-
nado na direção das suposições de Chuck Colson e ensinava
que a única maneira de as unidades sociais abrangidas pelo
termo ethne, do qual vem a expressão “grupos étnicos”, serem
discipuladas seria ganhar um número suficiente de almas para
Cristo dentro de cada ethnos, batizá-las, colocá-las em igrejas
locais, e supor que elas forneceriam o sal e a luz necessários
para trazer mudança.
Isto agora é especialmente constrangedor porque meu
mentor missiológico, Donald McGavran, sempre interpretou
a Grande Comissão como um mandato para transformar toda
a unidade social. McGavran escreveu:

De acordo com a Grande Comissão, os povos devem ser


discipulados. Negativamente, um povo é discipulado
quando a demanda pelo politeísmo, pela idolatria, pelo
fetichismo ou por qualquer outra religião criada pelo ho-
mem é eliminada em sua lealdade corporativa. Positiva-
mente, um povo é discipulado quando seus indivíduos
se sentem unidos em torno de Jesus Cristo como Senhor
e Salvador, acreditam ser membros da Sua Igreja, e en-
tendem que “nossa gente é cristã, nosso livro é a Bíblia, e
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UM NOVO PARADIGMA: A TEOLOGIA DO DOMÍNIO 83

nossa casa de adoração é a igreja”. Uma reorientação desse


tipo do organismo social em torno do Senhor Jesus Cristo
será acompanhada por algumas e seguida por outras mu-
danças éticas.13

Como professor titular da Cadeira de Donald McGavran


na matéria “Crescimento de igrejas” no Seminário Fuller, pas-
sei a ser intencionalmente um revisionista de McGavran. Uma
das primeiras coisas que agora quero fazer quando chegar ao
céu é encontrar McGavran e pedir perdão! Sem usar esse ter-
mo, ele estava inerentemente convencido de que devemos to-
mar o domínio, e agora concordo com ele.
Atos 3:21 fala sobre Jesus estar no céu “até aos tempos
da restauração de todas as coisas, de que Deus falou por boca
dos seus santos profetas desde a antiguidade”. “Restauração”
também significa transformação, e isso remonta ao princípio,
quando Adão e Eva estavam no Jardim do Éden. Embora Je-
sus tenha vindo e transformado a história, Ele está esperando
que nós façamos a nossa parte trazendo restauração e fazen-
do acontecer na vida real. Enquanto isso, Ele está reinando
através de nós até “quando houver destruído todo principa-
do, bem como toda potestade e poder. Porque convém que ele
reine até que haja posto todos os inimigos debaixo dos pés” (1
Coríntios 15:24-25).
É nossa tarefa nos tornarmos ativistas espirituais e sociais
até que o domínio de Satanás termine.
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CAPÍTULO 4

UM NOVO ROMPIMENTO TEOLÓGICO:


D E U S T E M A ME NTE A BE RTA
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86 Assim na TERRA como no CÉU

E is uma questão para reflexão: O que fazemos realmente im-


porta? Por exemplo, terminei o último capítulo com estas
palavras: “É nossa tarefa nos tornarmos ativistas espirituais e
sociais até que o domínio de Satanás termine.” Suponhamos
que todos nós tivéssemos respondido: “Não! Não quero fazer
isso!” Essa escolha faria alguma diferença? Deus não poderia
simplesmente seguir em frente e transformar a sociedade sem
nós? Afinal, Deus não é Todo-poderoso? Ele não pode fazer
qualquer coisa que queira? Se Ele não gosta de Satanás e do
que Satanás faz, por que não o elimina da face da terra? Não
estaríamos todos muito melhor sem o diabo por perto?
Se pensarmos nessas perguntas por um instante ou dois,
perceberemos que elas têm fundamento. Na realidade, durante
séculos e séculos, os melhores teólogos cristãos se debateram
com essas perguntas e com outras que derivaram delas. Vá à
biblioteca de qualquer seminário teológico, e você encontrará
prateleiras de livros de autoria de homens versados que levam
essas coisas muito a sério.

A A Ç Ã O D O R EI N O
Este é um livro sobre assumir o domínio. Acredito firmemente
que a ação do Reino por parte de todos os crentes pode lite-
ralmente transformar o mundo. De acordo com relatos, John
Wesley disse algo com relação a isso: “Em oração, aprendi que
sem Deus não posso agir e sem mim Deus não quer agir.” Essa
é uma declaração profunda. Wesley parece ter dito que aquilo
que fazemos realmente importa. Importa não apenas para o
mundo e para aqueles que nos cercam, mas também impor-
ta para Deus. Os planos de Deus, de acordo com esse ponto
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UM NOVO ROMPIMENTO TEOLÓGICO: D E U S T E M A M E N T E A B E R T A 87

de vista, aparentemente não estão firmados em concreto. O


Todo-poderoso e onipotente Deus usará o Seu poder de uma
maneira se fizermos certas coisas, e Ele o usará de outra ma-
neira se não as fizermos. O resultado de determinados esforços
humanos não depende do fato de Deus ter ou não poder. Sur-
preendentemente, Ele dependerá das nossas escolhas, as quais
Ele mesmo nos dá liberdade para fazermos.
O que acabo de afirmar é muito controverso. É sobre esse
tema que os teólogos escreveram todos aqueles livros. Dentro
de alguns instantes explicarei detalhes de um debate bastante
acalorado que está acontecendo agora mesmo nos círculos de
liderança cristã sobre o que alguns chamam de “a mente aber-
ta de Deus”. Mas desde o início, quero deixar claro que, depois
de considerar séria e demoradamente o assunto, seja o resulta-
do melhor ou pior, pessoalmente cheguei a uma conclusão e
formei uma opinião. Para mim, o que é conhecido como teísmo
aberto nos oferece a estrutura teológica mais útil para fazermos
a nossa parte a fim de vermos acontecer este “Venha o Teu
reino Seja feita a Tua vontade assim na terra como no céu”
(Mateus 6:10).
Neste capítulo, com todo o devido respeito por aqueles
que possam discordar de mim, quero defender a minha tese da
melhor maneira possível. Ao fazer isso, também quero ser hu-
milde o bastante para admitir desde o começo que posso estar
errado, embora obviamente não creia que esteja. As questões
que estão em jogo não ameaçam a validade do Cristianismo,
nem podem ser rotuladas de heresia ou questionar a autori-
dade das Escrituras. São simplesmente diferenças de opinião
teológica respeitáveis.
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88 Assim na TERRA como no CÉU

O JA R D IM D O É D E N
Quando defendi a minha tese a favor da teologia do domínio
no último capítulo, comecei no Jardim do Éden. Vamos fazer
o mesmo quanto ao teísmo aberto.
O propósito claro e declarado de Deus ao criar Adão e Eva
no sexto dia, depois de ter criado tudo o mais nos cinco primei-
ros dias, foi o seguinte: “Façamos o homem à nossa imagem,
conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar,
e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e
sobre todo o réptil que se move sobre a terra” (Gênesis 1:26).
Se Deus quisesse, poderia ter feito diferente. Ele poderia
ter mantido Satanás, a serpente, fora do Jardim e permitido
que a história se desenrolasse de maneira feliz sob a supervisão
da raça humana e sem pecado para todo o sempre. Por que
Ele não fez isso? A questão era o controle. Deus não queria
usar Seu poder para coagir Adão a fazer coisa alguma. Adão foi
criado intencionalmente como um agente moral com livre ar-
bítrio. Deus queria que Adão o amasse, mas o verdadeiro amor
precisa ser uma escolha do indivíduo. O verdadeiro amor nun-
ca é forçado. É por isso que a escolha cabia a Adão. Ele poderia
escolher seguir o caminho de Deus ou poderia escolher seguir
o caminho de Satanás.
Adão, como bem sabemos, fez uma má escolha. Entretan-
to, vamos mudar o nosso foco por um instante de Adão para
Deus. Qual era o papel de Deus nessa escolha? Deus fez Adão
agir daquela maneira? Deus criou Adão para que ele pecasse
para poder finalmente enviar um Redentor? Deus sabia antes
de criar Adão que ele não escolheria amá-lo, mas cederia a Sata-
nás? Deus criou Adão para assumir o domínio sobre a criação
sabendo que, dentro de um curto período, Satanás usurparia
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UM NOVO ROMPIMENTO TEOLÓGICO: D E U S T E M A M E N T E A B E R T A 89

esse domínio e se tornaria o deus deste século? Deus criou a


raça humana, sabendo que a grande maioria das pessoas que
Ele criou à Sua imagem acabaria no inferno e não no céu?

P E R G U N TA S F O R T E S
Sei que estas são perguntas fortes. Elas não são o tópico co-
mum das conversas que costumamos ter enquanto tomamos
um cafezinho. A maioria das pessoas preferiria não se preo-
cupar em sequer levantar tais questionamentos sobre Deus, e
muito menos tentar respondê-los. Entretanto, não creio que
deveríamos fingir que eles não existem. Depois de pensar um
pouco, a maioria dos crentes que conheço e com os quais mi-
nistro responderia não a cada uma das perguntas do último
parágrafo, embora também possam admitir que não estariam
preparados se precisassem explicar exatamente como chega-
ram às suas conclusões. Aqueles que saíssem pela tangente
tentando dar algumas explicações lógicas para o fato de por
que Deus criaria um mundo que Ele já sabia que terminaria
em desastre, geralmente seriam aqueles que tiveram algum
treinamento teológico formal. Quase todos eles responderiam
a essas perguntas com base em um paradigma teológico cha-
mado teísmo clássico. A propósito, estou muito familiarizado
com o teísmo clássico, pois foi o que aprendi e no que tentei
acreditar quando me formei em teologia.
Se me permitem falar em tom pessoal por um instante,
não me esquecerei da minha frustração com essas questões du-
rante o meu primeiro ano de seminário. Eu morava em uma
casa com cerca de 20 outros alunos, e perdi a conta do núme-
ro de noites que tomávamos café juntos e ficávamos acorda-
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90 Assim na TERRA como no CÉU

dos até as duas da manhã com o único propósito de tentar


descobrir as respostas finais, definitivas, para essas questões
relacionadas a Deus, principalmente porque não estávamos
totalmente felizes com as respostas que os nossos professores
de teologia propunham em aula. Eles tentavam nos explicar o
teísmo clássico. Aprendemos o suficiente para passar nas pro-
vas, mas nossa frustração era com o fato de que o que apren-
demos nem sempre parecia estar alinhado muito bem com a
realidade.
Olhando hoje para trás, vejo que o nosso problema era
o fato de não nos terem dado alternativas teológicas. Fomos
ensinados que Deus era soberano, infinito, eterno, oniscien-
te, onipotente e onipresente. Ensinaram também que Ele era
imutável, e justo. Aprendemos sobre predestinação, presciên-
cia, graça irresistível e expiação limitada. A escola estava nos
doutrinando intencionalmente com a Teologia Reformada,
remontando a João Calvino, um dos famosos reformadores
europeus do século 16. Sim, nos foi dito que houve tentativas
além do Calvinismo de responder a essas perguntas difíceis,
como o Pelagianismo e o Arminianismo, mas elas foram con-
sideradas na pior das hipóteses heréticas e na melhor das hipó-
teses tolas e pouco sofisticadas.
Quando terminei os estudos e fui para o campo missioná-
rio na Bolívia, minha válvula de escape de toda essa frustração
teológica foi simplesmente ignorar essas questões. Se eu não
pude chegar a respostas razoáveis em três anos de seminário,
concluí que provavelmente jamais chegaria a essas respostas.
Eu atuava no ministério partindo do pressuposto de que esta-
va fazendo algo que realmente importava, mas não conseguia
explicar a teologia por trás dos meus atos.
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UM NOVO ROMPIMENTO TEOLÓGICO: D E U S T E M A M E N T E A B E R T A 91

T E ÍS MO A B E RT O
Minhas frustrações terminaram em fins dos anos 90, quando
ouvi falar pela primeira vez em teísmo aberto. Comecei a ler
Greg Boyd, Clark Pinnock e John Sanders, provavelmente os
três defensores mais famosos do teísmo aberto. Senti-me como
se estivesse nascendo de novo teologicamente. Finalmente eu
tinha um paradigma bíblico e teológico que trazia sentido ao
que vinha pensando e fazendo durante todo aquele tempo.
O que havia de diferente entre o teísmo clássico e o teís-
mo aberto? Um entendimento diferente sobre Deus. O teísmo
clássico havia me levado a acreditar que por Deus ser sobera-
no, Ele tinha tudo sob controle. Ele era Todo-poderoso. Ele
havia predeterminado tudo que aconteceria na história. Era
impossível Deus não saber tudo antecipadamente. Nada nun-
ca pegou Deus de surpresa. O que quer que tenha acontecido
ao longo dos séculos deve se encaixar de alguma maneira no
Seu desígnio geral. Mesmo que Ele não gostasse do mal, tudo
que aconteceu, tanto bom quanto mau, no fim das contas glo-
rificou a Deus. É por isso que Ele pôde criar Adão e Eva mesmo
sabendo o tempo todo que eles acabariam pecando e transfe-
rindo para Satanás a autoridade que Deus havia dado a eles
para assumirem o domínio. Você está vendo porque eu estava
frustrado? Essa linha de pensamento pode acabar nos obri-
gando a acreditar que o que fazemos não importa muito. Deus
tem tudo determinado antecipadamente, e aquilo acontecerá
de uma maneira ou de outra.

O QUANTO DEUS É LIVRE?


O teísmo aberto oferece outra maneira de pensar sobre Deus.
Assim como o teísmo clássico, ele começa com o entendimen-
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92 Assim na TERRA como no CÉU

to bíblico e claro de que Deus é soberano. Isso significa que,


entre outras coisas, Ele é Todo-poderoso e pode fazer tudo o
que quiser. Ambos os lados concordam nesse ponto. A sobera-
nia de Deus não é negociável. Entretanto, o teísmo aberto su-
gere que, embora Deus tenha decidido antecipadamente que
certas coisas aconteceriam de uma forma ou outra, Ele tam-
bém decidiu deixar algumas outras em aberto, dependendo
das escolhas que os seres humanos fizessem. Não apenas isso,
mas considere o seguinte: Deus não é soberano o suficiente
para limitar a Sua própria soberania se quiser?
Por que Deus iria querer limitar a Sua própria soberania?
Resumindo a resposta em poucas palavras, seria com o fim de
manter a Sua integridade. Se Deus decide deixar certas coi-
sas na história dependentes das nossas decisões humanas, isso
não pareceria certo se Ele já soubesse antecipadamente quais
seriam as nossas decisões. Seria como programar as máqui-
nas caça-níqueis de um cassino. Somente faria sentido que,
em certas situações, Deus decidisse não apenas manter as coi-
sas em aberto, mas também até mesmo optar por impedir a si
mesmo de saber antecipadamente que escolhas nós faríamos.
Veja, por exemplo, Adão e Eva no Jardim. Seria possível
que Deus tenha escolhido não saber que decisão eles toma-
riam antecipadamente? Nesse caso, o Plano A de Deus seria
claramente que eles tivessem o domínio, mas por causa da es-
colha errada de Adão, Deus então decidiu partir para o Plano
B. Ele não criou Adão especificamente para o Plano B, mas foi
ali que ele foi parar.
Pense agora no outro ponto de vista. A ideia tradicional
diz que Deus realmente sabia qual seria a decisão de Adão an-
tes que ele a tomasse. Nesse caso, Deus estaria dizendo algo
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UM NOVO ROMPIMENTO TEOLÓGICO: D E U S T E M A M E N T E A B E R T A 93

assim para si mesmo: “Sei que Adão vai comer a maçã, mas vou
dizer a ele para não comê-la de modo algum.” Para algumas
pessoas, essa poderia ser uma visão perturbadora de Deus.

A S O C IE D A D E T E O L Ó G IC A E VA N G É L I C A
O que acabo de dizer é muito preocupante para aqueles que
foram programados com o teísmo clássico e que não preten-
dem mudar. Na verdade, alguns deles iriam tão longe a ponto
de dizer que o teísmo aberto é uma heresia completa. Foi exa-
tamente isso que aconteceu na respeitada Sociedade Teológica
Evangélica à qual pertence a maioria dos teólogos evangélicos
reconhecidos, credenciados e crentes na Bíblia. É uma história
fascinante.
Havia anos que tudo corria bastante calmamente na So-
ciedade Teológica Evangélica (STE). Os teólogos, leais à for-
ma, encontravam muitas coisas a respeito das quais debater,
mas esses debates não eram demasiadamente empolgantes e
as questões não eram particularmente importantes — até que
surgiu o teísmo aberto! As coisas explodiram, porque a maio-
ria dos membros da STE por acaso eram teístas clássicos com-
prometidos.
Os três defensores notórios do teísmo aberto, Greg Boyd,
Clark Pinnock e John Sanders, começaram a escrever livros e
artigos defendendo a sua posição. Chama a atenção o fato de
que todos os três eram considerados por seus colegas como
teólogos respeitáveis, o que significa que seus argumentos te-
ológicos não podiam ser ignorados ou varridos para debaixo
do tapete. Todos eram membros da STE, embora Greg Boyd te-
nha se demitido nos primeiros estágios do debate, pois Deus o
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94 Assim na TERRA como no CÉU

estava dirigindo a deixar a academia e entrar para o pastorado.


Pinnock e Sanders continuaram sendo membros.
A questão foi levada à primeira votação na Sociedade Teo-
lógica Evangélica pelos teístas clássicos em 2001. Eles criaram
uma resolução afirmando que Deus sempre teve a presciência
completa de tudo, e 253 membros votaram a favor. Entretanto,
é muito interessante que 107 (ou um terço) dos membros da
STE que estavam presentes tenham se recusado a votar a fa-
vor. Mais interessante ainda é que quando a STE se reuniu no
ano seguinte, de acordo com a revista Christianity Today (Cris-
tianismo hoje), “Mais membros falaram contra a moção que
a favor”.1 Como um último recurso, alguns teístas clássicos
apresentaram moções formais para expulsar Clark Pinnock e
John Sanders da STE, mas ambas falharam em obter maioria
de votos.

O TEÍS MO A B E R T O É U MA Q UE S T Ã O E M A B E R T O
Por que estou contando estas histórias? Para trazer à tona o
fato de que os nossos principais teólogos evangélicos estão
longe de chegar a um consenso de que o teísmo aberto é uma
heresia absoluta. O teísmo aberto é simplesmente uma con-
clusão diferente à qual chegaram algumas pessoas que levam
a autoridade das Escrituras e a soberania de Deus tão a sério
quanto qualquer outra pessoa.
Para usar a terminologia deles, uma visão respeitável des-
sa questão seria considerar que nem o teísmo clássico nem o
teísmo aberto devem ser classificados como um absoluto teo-
lógico. Gosto da sugestão de que podemos classificar nossas
visões teológicas como “absolutos”, “interpretações” e “dedu-
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UM NOVO ROMPIMENTO TEOLÓGICO: D E U S T E M A M E N T E A B E R T A 95

ções”.2 A partir dessa definição, tanto o teísmo clássico quanto


o teísmo aberto seriam claramente deduções. Teólogos bons,
sólidos e respeitáveis têm a liberdade de fazer a sua escolha
entre os dois pontos de vista. O teísmo aberto ainda é uma
questão em aberto.
A revista Christianity Today (Cristianismo hoje) concorda
claramente que esta é uma questão em aberto. Eles decidiram
apresentar ambos os pontos de vista teológicos à comunida-
de evangélica em geral, patrocinando um debate em 2001. Na
verdade, receberam um patrocínio da Lily Endowment* para
cobrir as despesas. Escolheram dois teólogos respeitados,
Christopher Hall, para representar o teísmo clássico, e John
Sanders, para representar o teísmo aberto. O artigo estendeu-
se sobre as duas questões e teve o título “Deus Sabe Qual Será
o Seu Próximo Passo?” Nele, Hall e Sanders debateram nove
perguntas, mas cada um deles tinha tanto a dizer que mais tar-
de eles colocaram suas ideias em um livro no qual trataram a
respeito de um total de 37 perguntas relacionadas ao assunto!3

P E R G U N TA S -C H AV E
Na introdução do artigo, a revista Christianity Today levantou,
entre outras, as seguintes questões:

• Deus muda de ideia?


• Deus muda em resposta às nossas orações?
• Deus estava se arriscando quando criou a raça hu-
mana?4

*
Uma das maiores instituições filantrópicas particulares do mundo. (N. da T.)
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96 Assim na TERRA como no CÉU

Ao começar a ler o que John Sanders disse, logo me lem-


brei da sensação de frustração que experimentei quando era
um aluno de seminário. Sanders escreveu: “Quando estava no
Seminário, eu lia o que meus livros de teologia diziam sobre a
natureza de Deus. De acordo com eles, Deus não podia mudar
de modo algum, não podia ser afetado por nós em aspecto
algum, e nunca reagia a nós. Fiquei chocado!”5 Foi o mesmo
tipo de pensamento que manteve meus amigos e eu acordados
até as duas da manhã por tantas noites.
Sanders continua dizendo: “A piedade que eu havia apren-
dido com outros cristãos evangélicos se opunha diretamente
a essas crenças. Por exemplo, fui ensinado que as nossas ora-
ções de petição podiam influenciar o que Deus havia decidido
fazer. Não que Deus tenha de fazer o que pedimos, mas Ele
achou por bem que algumas de Suas decisões sejam resposta
àquilo que pedimos ou não pedimos.”6 Era o que eu queria di-
zer quando mencionei o fato de estarmos preocupados com a
possibilidade de os ensinamentos dos nossos professores nem
sempre estarem em muita sintonia com a realidade.
Deixe-me expressar uma percepção pessoal acerca desse
debate. John Sanders continuou citando uma passagem bí-
blica após outra que mostrava que Deus tem a mente aberta.
Christopher Hall tentava evitar lidar com muitas dessas Escri-
turas específicas citando a sabedoria dos teólogos anteriores
ao longo da história da Igreja que supostamente não foram
influenciados a deixar o seu teísmo clássico pelas Escrituras
que Sanders estava citando.

E S C R IT U R A S -C H AV E
Desde que comecei a ler Sanders, Pinnock e Boyd, passei a
manter meus olhos abertos para os textos bíblicos que pare-
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UM NOVO ROMPIMENTO TEOLÓGICO: D E U S T E M A M E N T E A B E R T A 97

cem indicar que Deus tem a mente aberta. Entendo que os teís-
tas clássicos também têm o seu estoque de textos como prova,
contudo, como disse anteriormente, cheguei a uma conclusão
pessoal e estou defendendo a minha conclusão. Se estivesse
escrevendo uma tese de doutorado, eu me esforçaria para de-
monstrar os dois lados, mas felizmente este é um livro prático
sobre assumir o domínio e não um exercício acadêmico.
Algumas dessas passagens bíblicas são tão claras que é di-
fícil lê-las e chegar à conclusão de que Deus nunca muda de
ideia, que Ele já decidiu tudo de uma vez por todas, antes mes-
mo da fundação do mundo, e que as escolhas que fazemos não
alteram o que Deus já decidiu que acontecerá.
Deixe-me apontar que alguns teístas clássicos — não os
Calvinistas puros, sem dúvida — tentaram fazer uma conces-
são ao estabelecerem uma diferença entre a predestinação e a
presciência. Eles argumentam que Deus não predeterminou
certas coisas porque Ele queria que nossas escolhas contassem,
mas que Ele sempre soube quais seriam as nossas escolhas.
Essa ideia, porém, parece ignorar uma passagem bíblica-chave
que diz: “Porquanto aos que de antemão conheceu, também os
predestinou” (Romanos 8:29). De acordo com esse versículo,
não deveríamos separar os dois.
Os calvinistas tentam usar esse texto como prova de que
Deus predestinou todas as coisas, mas observe que o texto não
diz diretamente que Deus fez isso. Os teístas abertos reconhe-
cem claramente que Ele predestina e, portanto, tem conheci-
mento prévio de muitas coisas. Tudo que eles estão dizendo é
que Deus também escolheu manter a mente aberta acerca de
algumas outras coisas e, como tal, não se permite ter conheci-
mento prévio de certos acontecimentos.
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98 Assim na TERRA como no CÉU

Vamos percorrer brevemente toda a Bíblia, enfatizando al-


guns dos incidentes que apontam na direção da conclusão de
que Deus tem uma mente aberta.

O Jardim do Éden
Tratei desse anteriormente neste capítulo, mas como se trata
de um texto fundamental para o teísmo aberto, creio que ele
deve ser mencionado nesta lista também.

O Dilúvio
Pelo fato de Adão ter escolhido não obedecer a Deus, mas em
vez disso ter permitido que Satanás usurpasse a autoridade
para assumir o domínio que Adão deveria ter exercido sobre a
criação, a raça humana subsequente não se desenvolveu como
Deus havia planejado originalmente. Embora alguns indivídu-
os tenham sido tementes a Deus, a maioria não foi. Quando
chegamos a Gênesis 6, Deus estava começando a mudar de
ideia a respeito da humanidade.
O que estava acontecendo? “E viu o SENHOR que a mal-
dade do homem se multiplicara sobre a terra e que toda a
imaginação dos pensamentos de seu coração era só má con-
tinuamente” (Gênesis 6:5). Obviamente, o plano original de
Deus para a humanidade não estava sendo cumprido. Qual é
a reação de Deus? “Então arrependeu-se o SENHOR de haver
feito o homem sobre a terra...” (Gênesis 6:6).
Deixe-me inserir uma ressalva: estou consciente de que a
palavra hebraica nicham, traduzida como “arrepender-se”, tam-
bém permite nuances ligeiramente diferentes, e que os teístas
clássicos naturalmente gravitam em direção a esses significa-
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UM NOVO ROMPIMENTO TEOLÓGICO: D E U S T E M A M E N T E A B E R T A 99

dos. Entretanto, todas as traduções implicam alguma espécie


de mudança em Deus. Por favor, tenha em mente que não es-
tou tentando provar que o teísmo clássico está errado. Quero
afirmar que o teísmo clássico é uma dedução legítima dos da-
dos bíblicos. O que estou dizendo, entretanto, é que o teísmo
aberto é simplesmente uma dedução tão legítima quanto o
teísmo clássico, feita a partir dos mesmos dados bíblicos. Mas
nenhum deles é um absoluto teológico, como a divindade de
Cristo. Em suma, minha alegação é a de que o teísmo aberto
me parece ser uma explicação muito melhor sobre como Deus
realmente opera no mundo.
Essa ressalva se aplicará à maioria das passagens bíblicas
que citarei nesta seção, portanto não será necessário repeti-la.
O significado de Gênesis 6:5 é um exemplo claro do ar-
gumento que estou apresentando. Vamos supor que a Bíblia
tenha sido escrita por pessoas normais de inteligência media-
na. Bem, ela não é um tratado que só pode ser corretamente
entendido por teólogos acadêmicos. Nesse caso, não há muito
a se questionar a respeito de como o leitor comum, desimpedi-
do das pressuposições teológicas que precisam ser justificadas
em cada trecho da Escritura, interpretaria Gênesis 6:6. O ver-
sículo diz simplesmente que, embora Deus tenha sido o Cria-
dor da raça humana, as circunstâncias acabaram ficando tão
ruins naquele momento que Ele desejou nunca tê-la criado. A
implicação é a de que Ele ficou surpreso de uma maneira desa-
gradável pelo fato de tudo ter ido por aquele caminho. Se for
esse o caso, não faz sentido fingir que quando Deus criou os
seres humanos Ele sabia muito bem que eles chegariam a esse
ponto. Se fosse assim, não haveria surpresa, e o fato de Deus se
arrepender não faria sentido.
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100 Assim na TERRA como no CÉU

Na verdade, Deus se arrependeu tanto que estava pronto


para dar um fim a toda a raça humana, assim como a todos os
animais (ver Gênesis 6:7). Felizmente, Ele encontrou um ho-
mem que lhe obedecia, chamado Noé, e foi concedido à huma-
nidade um novo começo depois do dilúvio.

Abraão no Monte Moriá


A maioria de nós conhece a história de Deus testando Abraão,
exigindo que ele sacrificasse seu filho Isaque. Abraão acaba-
ria obedecendo a Deus, ou não? Da maneira como Gênesis
22 conta a história, concluímos que não houve hesitação por
parte de Abraão. Ele levou Isaque para o topo do Monte Mo-
riá, edificou um altar, recolheu lenha, pegou uma faca afiada
e estava pronto para matá-lo. Naturalmente, Deus interveio, e
o resto é história.
A questão que se levanta com relação a essa história é: ela
foi um teste real que poderia ter seguido por um caminho ou
por outro, ou tudo havia sido previamente escrito por Deus?
Para a maioria dos leitores, seria tolice imaginar que não se
tratava de nada mais que um enigma predeterminado, e que
Deus sabia antecipadamente exatamente o que Abraão faria.
Abraão, assim como Adão, deve ter passado por um teste de
verdade, e poderia ter seguido um caminho ou outro. De que
outra maneira isso poderia ter sido uma verdadeira escolha?
Creio que Deus estava esperando para ver o que Abraão faria
e que Ele ficou empolgado porque Abraão escolheu obedecer-
lhe nesta decisão difícil. O resultado foi que Abraão ganhou
o favor de Deus e se tornou um dos maiores heróis da fé de
todos os tempos.
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UM NOVO ROMPIMENTO TEOLÓGICO: D E U S T E M A M E N T E A B E R T A 101

O Bezerro de Ouro
Enquanto Moisés estava no cume do Monte Sinai recebendo
os Dez Mandamentos, Arão conduzia Israel à idolatria fazen-
do o famoso bezerro de ouro. Deus ficou tão irritado que disse
a Moisés: “Disse mais o SENHOR a Moisés: Tenho visto a este
povo, e eis que é povo de dura cerviz. Agora, pois, deixa-me,
para que o meu furor se acenda contra ele, e o consuma; e eu
farei de ti uma grande nação” (Êxodo 32:9-10).
Conforme sabemos, Moisés então intercedeu em favor do
povo e disse: “Torna-te do furor da tua ira e arrepende-te deste
mal contra o teu povo” (Êxodo 32:12). Qual foi o resultado?
“Então, se arrependeu o SENHOR do mal que dissera havia de
fazer ao povo” (Êxodo 32:14).
Seria difícil entender esse diálogo e as emoções envolvi-
das se Deus já soubesse exatamente o que Ele faria antecipa-
damente. Faria parecer que Deus estava brincando com Moi-
sés. Mas faz todo sentido se supusermos que Deus tinha uma
mente aberta naquele momento.

Os 15 Anos a Mais de Ezequias


O Rei Ezequias estava com uma doença terminal. Para ajudá-
lo a morrer bem, Deus enviou o profeta Isaías, que disse: “Põe
em ordem a tua casa, porque morrerás e não viverás” (2 Reis
20:1). O destino de Deus para Ezequias naquele momento não
poderia ser declarado de maneira mais simples ou mais defini-
tiva. A hora de Ezequias havia chegado.
Entretanto, Ezequias não era um fatalista; ele era um ati-
vista. Ele se voltou para Deus, chorou, e orou ardentemente.
Quando ele fez isso, Deus disse: “Ouvi a tua oração e vi as tuas
lágrimas; eis que eu te curarei... Acrescentarei aos teus dias
quinze anos” (2 Reis 20:5-6).
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102 Assim na TERRA como no CÉU

Isso dá a entender que a oração e as lágrimas de Ezequias


foram o que fizeram com que Deus mudasse de ideia. Se Deus
soubesse antecipadamente que Ezequias oraria com tanta efi-
cácia e mudaria de ideia, não haveria razão para Ele ter declara-
do tão veementemente que Ezequias iria morrer em resultado
da sua enfermidade.

O Teste de Salomão
Quando Deus fez de Salomão o rei de Israel, Ele lhe deu um
teste muito importante. Assim como os testes de Adão e
Abraão, ele só seria válido se o resultado pudesse ter tomado
um caminho ou outro. Se Deus estava apenas fingindo que
Salomão poderia escolher seguir um caminho ou outro quan-
do, na verdade, Ele já sabia antecipadamente o que Salomão ia
fazer, não teria sido um teste de verdade.
Deus começou oferecendo a Salomão um cheque em bran-
co: “Peça-me o que quiser, e eu lhe darei” (2 Crônicas 1:7, NVI).
Salomão fez a escolha certa: “Dá-me sabedoria e conhecimento,
para que eu possa liderar esta nação...” (2 Crônicas 1:10, NVI).
Qual foi o resultado?

Deus disse a Salomão: Já que este é o desejo de seu cora-


ção e você não pediu riquezas, nem bens, nem honra, nem
a morte dos seus inimigos, nem vida longa, mas sabedoria
e conhecimento para governar o meu povo, sobre o qual o
fiz rei, você receberá o que pediu, mas também lhe darei ri-
quezas, bens e honra, como nenhum rei antes de você teve
e nenhum depois de você terá. (2 Crônicas 1:11-12, NVI)

Deus obviamente ficou satisfeito com a escolha de Salomão.


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UM NOVO ROMPIMENTO TEOLÓGICO: D E U S T E M A M E N T E A B E R T A 103

A Humildade de Roboão
Roboão, rei de Judá, não estava se saindo bem. Os egípcios,
liderados pelo rei Sisaque, estavam invadindo seu território, e
Deus estava tão irritado com Roboão que disse: “Vós me dei-
xastes a mim, pelo que eu também vos deixei em poder de Si-
saque” (2 Crônicas 12:5). Esse versículo nos dá a entender que
Deus estava decidido.
Entretanto, Deus logo mudou de ideia. Por quê? Roboão e
sua equipe de liderança decidiram se humilhar. “Então, se hu-
milharam os príncipes de Israel e o rei e disseram: O SENHOR
é justo” (2 Crônicas 12:6).
Deus gostou do que eles fizeram. “Vendo, pois, o SENHOR
que se humilharam, veio a palavra do SENHOR a Semaías, di-
zendo: Humilharam-se, não os destruirei... Tendo-se ele humi-
lhado, apartou-se dele a ira do SENHOR para que não o destru-
ísse de todo; porque em Judá ainda havia boas coisas” (2 Crôni-
cas 12:7,12). Neste caso, o futuro obviamente estava em aberto e
a humildade de Roboão moldou o futuro para melhor.

Deus Muda de Ideia


Um dos textos bíblicos que mais claramente mostra que Deus
tem uma mente aberta está em Jeremias 18. Neste versículo
Deus está falando sobre si mesmo e nos dando um retrato da
Sua verdadeira natureza. Ele diz: “A qualquer momento, posso
decidir arrancar uma nação pela raiz e me livrar dela. Mas, se
o povo se arrepender da vida desregrada, posso reconsiderar e
recomeçar com eles. Se em outra ocasião eu decidir plantar um
povo ou uma nação, e eles não cooperarem e não me derem
ouvidos, também posso reconsiderar e desistir dos planos que
eu tinha para eles” (Jeremias 18:7-10, A MENSAGEM).
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104 Assim na TERRA como no CÉU

Outra maneira de dizer isso é que Deus, em várias ocasi-


ões, escolhidas por Ele, pode ter um plano A e um plano B. A
maneira como a situação acaba se apresentando não depende-
rá de algo divinamente predeterminado ou conhecido previa-
mente. Dependerá, pura e simplesmente, das escolhas que as
pessoas fizerem, e Deus está preparado para moldar o futuro
de uma maneira ou de outra.

Jonas em Nínive
Depois da famosa experiência de Jonas com a baleia, ele obe-
deceu a Deus e foi para Nínive. Mas Jonas não gostou do que
viu lá. Como profeta de Deus, ele declarou a Palavra de Deus
da seguinte maneira: “Daqui a quarenta dias Nínive será des-
truída” (Jonas 3:4, NVI).
Mas algo muito surpreendente aconteceu. “Os ninivitas
creram em Deus, e proclamaram um jejum, e vestiram-se de
panos de saco, desde o maior até o menor” (Jonas 3:5). Eles
disseram: “Talvez Deus se arrependa e abandone a sua ira, e
não sejamos destruídos” (Jonas 3:9, NVI).
Com certeza, Deus mudou de ideia mais uma vez. “Viu
Deus o que fizeram, como se converteram do seu mau cami-
nho; e Deus se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria e
não o fez” (Jonas 3:10).

O Q U A N T O A O R A Ç Ã O É I M P O R TA N T E ?
Para concluir este capítulo, vamos ser práticos. Uma coisa é ver
que a Bíblia ensina claramente que Deus tem uma mente aber-
ta, mas outra é perceber como esse entendimento se aplica ao
nosso serviço a Deus na vida real. Uma das áreas-chave da vida
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UM NOVO ROMPIMENTO TEOLÓGICO: D E U S T E M A M E N T E A B E R T A 105

cristã na qual o teísmo aberto é uma hipótese aventada ou não


é a oração intercessória.
O simples fato de trazer este assunto à baila me obriga a
pensar mais uma vez nos tempos do seminário, quando meus
professores eram teístas clássicos do tipo calvinista. Como eles
não acreditavam que qualquer coisa que os seres humanos fi-
zessem pudesse mudar o que Deus havia predestinado e pre-
viamente conhecido desde a fundação do mundo, a oração era
algo um pouco problemático para eles. Por que oramos? Que
diferença fará se orarmos ou não? Deus precisa que oremos ou
Ele apenas quer que oremos? A conclusão chegada por eles era
a de que as nossas orações não afetam Deus ou Seus planos,
mas transformam a nós mesmos. Nossas orações nos ajudam
a nos encaixarmos no que quer que Deus já tenha planejado.
Devo admitir que durante os 30 primeiros anos mais ou
menos de minha carreira ministerial, eu atuava sob este con-
ceito passivo de oração. Na verdade, durante algum tempo, até
parei de orar, mas vou guardar essa história para outra ocasião.
Por que Deus teria me escolhido para ajudar a liderar o movi-
mento de oração mundial dos anos 90 ainda é um grande mis-
tério. Entretanto, aprendo rápido, e logo passei a ter uma visão
mais proativa e guiada pelo Espírito acerca da oração. Foi com
prazer que li as ideias de líderes respeitáveis como Walter Wink,
Richard Foster, Irmão André e Jack Hayford, que me ajudaram
grandemente na minha rápida mudança de paradigma.

A HIS T Ó R IA P E R T E N C E A O S I N T E R C E S S O R E S
Uma das declarações mais citadas de Walter Wink é: “A histó-
ria pertence aos intercessores!”7 Essa é outra maneira de dizer
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106 Assim na TERRA como no CÉU

que a oração realmente faz a diferença. Ninguém disse isso


melhor do que Richard Foster em seu clássico Celebração da
Disciplina: “Certas coisas acontecerão na história se orarmos
corretamente.”8
Um dos precursores mais ousados do teísmo aberto é o
Irmão André, que deu ao seu livro o título E Deus Mudou de
Ideia. Ele escreveu: “Os planos de Deus para nós não foram
esculpidos no concreto. Só o Seu caráter e a Sua natureza são
imutáveis. As suas decisões não o são!”9
No livro de Jack Hayford Orar é Invadir o Impossível, um de
seus capítulos tem o título: “Se não fizermos [orarmos] Ele
não fará.”10 Hayford discorda da noção de que se não orarmos,
Deus não poderá fazer alguma coisa. Ele é soberano. Concordo
com Hayford, que diz:

Afirmamos vigorosamente a grande verdade da soberania


de Deus. Entretanto, para alguns nos dias de hoje, a sobe-
rania de Deus passou a significar que Deus exerce o Seu
poder de modo arbitrário ou aleatório, e de algum modo
projetou de forma fatalista o rumo das questões humanas
em direção a um destino que não envolve nenhuma parti-
cipação humana.11

Para onde isso nos conduz? Hayford responde: “Ideias


distorcidas sobre a soberania de Deus, como muitos pastores
reconheceram, geraram a disseminação da suposição de que
orar com ousadia é de alguma forma renunciar à crença dessa
verdade.”12
Quando eu estava reunindo material para este capítulo,
encontrei um artigo de Mary Alice Isleib, uma das mais respei-
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UM NOVO ROMPIMENTO TEOLÓGICO: D E U S T E M A M E N T E A B E R T A 107

tadas e reconhecidas intercessoras dos nossos dias. O que ela


diz representa a maneira como todos os verdadeiros interces-
sores que conheço abordam a sua tarefa. Isleib escreveu:

Todas as vezes que oramos, se o fizermos corretamente, o


imenso poder de Deus é liberado e disponibilizado para
trazer vitória e avanço nas soluções de situações, até as
aparentemente impossíveis... Em muitas cidades e nações,
[o poder de Deus] foi retido por anos, não por causa da
relutância de Deus em agir, mas sim por haver faltado ao
povo de Deus o entendimento espiritual necessário para
romper e usar o Seu poder para ver as orações atendidas.13

Para ter escrito isso, Mary Alice devia ter uma suposição
subjacente de que Deus realmente tem a mente aberta.
Podemos concluir com uma passagem bíblica que revela
claramente o coração de Deus quanto à oração intercessória:
Ezequiel 22. Deus estava alarmado com a idolatria e outros pe-
cados do povo de Jerusalém. Eles haviam incitado a Sua ira. Ele
disse: “Procurei entre eles um homem que erguesse o muro e se
pusesse na brecha diante de mim e em favor desta terra, para
que eu não a destruísse, mas não encontrei nenhum” (Ezequiel
22:30, NVI). A descrição das funções do cargo dos intercesso-
res inclui ficar na brecha diante de Deus. Aqui parece claro que
se houvesse apenas um intercessor, a história poderia ter sido
diferente. Mas como, infelizmente, não se encontrou ninguém,
Deus disse: “Por isso, derramarei a minha ira sobre eles e os con-
sumirei com o Meu grande furor” (Ezequiel 22:31, NVI).
Sim, Deus tem a mente aberta. Sim, a oração faz a diferen-
ça! Sim, o que fazemos realmente importa!
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CAPÍTULO 5

U M A N O VA V ITA L ID A D E :
O P O D E R D O E S P Í RI TO S A NTO
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110 Assim na TERRA como no CÉU

E u não culparia ninguém que ficasse desconcertado com o


título deste capítulo. O que há de tão novo sobre o poder
do Espírito Santo? Jesus não disse aos Seus apóstolos: “Mas
receberão poder quando o Espírito Santo descer sobre vocês”
(Atos 1:8, NVI)? De fato, o Pentecostes ocorreu quase há dois
mil anos.
Estamos de acordo com o fato de que o poder do Espíri-
to Santo tem estado disponível desde o nascimento da Igreja.
Entretanto, depois dos dois ou três primeiros séculos de seu
nascimento, ele se tornou um poder dormente, em sua maior
parte, até bem recentemente. Sim, a história registrou o apa-
recimento do poder do Espírito Santo em vidas e ministérios
como os de Patrick da Irlanda, Bonifácio, Savanarola, e outros
como eles, mas nenhum desses afetou o enredo e a estrutura-
ção da Igreja como um todo.

O PODER VEM À TONA


Foi somente por volta do ano 1900 que a afirmação doutri-
nária do poder do Espírito Santo e o reconhecimento históri-
co do poder do Espírito começaram a se tornar um princípio
operacional, e que agora caracteriza um grupo importante da
Igreja como um todo. Os dois acontecimentos que começaram
a mudar a história há cerca de cem anos foram o lançamento
do Movimento da Igreja Independente na África e o Movimen-
to Pentecostal na América. Pelo fato de ambos os movimentos
terem inicialmente nadado contra a maré das correntes reli-
giosas do Cristianismo tradicional, eles levaram praticamente
meio século para começarem a exercer a influência extensiva
que possuem hoje.
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U M A N O VA V I T A L I D A D E : O P O D E R D O E S P Í R I T O S A N T O 111

Devemos ser profundamente gratos a pesquisadores


como David Barrett e Philip Jenkins por nos oferecerem a evi-
dência empírica de que a Igreja agora está substancialmente
diferente do que era há 50 anos. No capítulo 1, vimos que as
descobertas de David Barrett sobre o que estou chamando de
Nova Reforma Apostólica mostram que ela agora constitui o
mais importante megabloco não católico de igrejas, e o seg-
mento de maior crescimento. Os livros ganhadores de prêmios
de Philip Jenkins, The New Christendom (A nova Cristandade) e
The New Faces of Christianity (As novas faces do Cristianismo),
não deixam dúvidas de que Deus remodelou a Igreja em um
novo odre para o século 21.
Observe que a palavra “nova” aparece em ambos os títulos
de Jenkins. E esse é o sentido no qual estou usando a palavra
“nova” no título deste capítulo sobre o poder do Espírito San-
to. O quanto ele é novo? Estamos falando apenas sobre os 2,5%
mais recentes da história cristã! Este é o nosso odre novo, um
componente essencial na dinâmica de recuperar o domínio so-
bre a criação que Adão perdeu no Jardim do Éden.
A palavra “nova” também é apropriada para a minha pró-
pria peregrinação espiritual. Fui ordenado ao ministério cris-
tão há mais de 60 anos. Desde então, consegui passar cerca
da metade do tempo desinformado sobre o poder operacional
do Espírito Santo, e depois passei a outra metade como um
participante ativo desse poder. Por conhecer tão bem tanto o
odre velho quanto o novo, sinto estar qualificado para, pelo
menos, tentar encorajar alguns daqueles que ainda não estão
fluindo nos novos rios de Deus a dedicarem uma reflexão mais
cuidadosa sobre o assunto.
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112 Assim na TERRA como no CÉU

C E S S A C IO N IS M O
Meus professores de seminário eram, de um modo geral, se-
guidores de Benjamin Breckenridge Warfield, o renomado teó-
logo de Princeton que argumentava firmemente que as mani-
festações mais visíveis do poder do Espírito Santo, tais como
curas, profecia, línguas, discernimento de espíritos, libertação
e milagres, foram realmente necessárias para ajudar a estabe-
lecer a Igreja. E é por isso que lemos sobre elas no Novo Testa-
mento. Entretanto, a partir do momento em que o cânon das
Escrituras foi estabelecido e tivemos em nossas mãos a Palavra
de Deus escrita, essas manifestações deixaram de ser necessá-
rias. Warfield argumentava que esses dons cessaram depois
dos dois primeiros séculos da Igreja, e, por isso, sua visão tem
sido chamada de cessacionismo.
Como tenho observado o rápido crescimento do Pentecos-
talismo, do movimento carismático, da Nova Reforma Apos-
tólica, e do que Philip Jenkins chama de a Nova Cristandade,
permiti-me ser envolvido em uma espécie de otimismo exa-
gerado. Eventualmente, eu sugeria que o cessacionismo ago-
ra estaria na lista de doutrinas que correm risco de extinção.
Entretanto, passei a rever minhas ideias recentemente quando
a agência de missões de uma das maiores denominações dos
Estados Unidos aprovou um regulamento dizendo que não
aceitaria nenhum novo missionário que praticasse o dom de
línguas, ainda que isso fosse feito como uma linguagem de
oração em particular. Fiquei alarmado, mas é verdade. Conse-
quentemente, senti que eu precisava incluir este capítulo sobre
o poder do Espírito Santo em um livro que tratasse do tema
de assumir o domínio e transformar a sociedade. Não devemos
permitir que nos tornemos espiritualmente complacentes.
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U M A N O VA V I T A L I D A D E : O P O D E R D O E S P Í R I T O S A N T O 113

A denominação que não quer permitir que seus missio-


nários falem em línguas afirma crer em toda a Bíblia. A meu
ver, isso parece questionável, pois a Bíblia ensina claramente
que “estes sinais acompanharão os que crerem... falarão novas
línguas” (Marcos 16:17, NVI).

E D IF IC A R E I A MIN H A I greja !
Veja, por exemplo, a sequência de eventos quando Jesus e Seus
discípulos estavam em Cesaréia de Filipos, que está registrada
em Mateus 16. Ali, Jesus pergunta aos Seus discípulos quem
as pessoas achavam que Ele era. Os discípulos disseram que
alguns achavam que Jesus era João Batista e outros achavam
que Ele era Elias, Jeremias ou outro dos profetas. Com isso
Ele estava simplesmente preparando-os para a verdadeira per-
gunta: “Quem vocês dizem que eu sou?” (Mateus 16:15, NVI).
Pedro respondeu por todo o grupo e disse: “Tu és o Cristo, o
Filho do Deus vivo” (Mateus 16:16, NVI). A palavra “Cristo”
em grego (christos) é a tradução de “Messias” em hebraico (ma-
siah). Depois de conviver com Jesus por um ano e meio, essa
era a primeira vez que os discípulos eram capazes de verbalizar
que Ele era realmente o Messias por quem os judeus haviam
esperado durante muito tempo.
Agora que eles sabiam com certeza quem era Jesus, Ele
podia contar-lhes o propósito pelo qual viera ao mundo. Je-
sus disse: “Sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mateus
16:18, NVI). Essa era a primeira vez que Jesus usava a palavra
“Igreja”. Por quê? Somente depois que os discípulos entende-
ram que o Messias já havia chegado Ele podia revelar a eles que
a Igreja também havia chegado.
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114 Assim na TERRA como no CÉU

Em seguida, Jesus disse a eles que não apenas a Igreja, mas


também o Reino de Deus havia chegado. Ele disse: “Eu lhe da-
rei as chaves do Reino dos céus” (Mateus 16:19, NVI). Agora
estamos nos aproximando do tema deste livro: assumir o domí-
nio. Senhor, “Venha o teu Reino; seja feita a tua vontade, assim
na terra como no céu” (Mateus 6:10)! A sociedade será transfor-
mada quando o Reino de Deus for ativado aqui e agora.
Os discípulos precisavam das chaves porque Jesus tam-
bém disse que enquanto eles estivessem edificando a Igreja, “as
portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mateus 16:18).
As portas do Hades certamente tentariam impedir o crescimen-
to da Igreja, mas elas não prevaleceriam. Por que não? Porque
Jesus dera aos Seus discípulos as chaves. Elas seriam usadas
para abrir as portas do Hades para que o Evangelho do Reino
pudesse se espalhar. Podemos concluir que as chaves eram ar-
mas de guerra espiritual porque logo após prometer dá-las a
eles, Jesus diz as palavras: “... tudo o que ligares na terra será
ligado nos céus, e tudo o que desligares na terra será desligado
nos céus” (Mateus 16:19). Ligar e desligar abrirá os portões do
Hades. Discutiremos mais sobre a guerra espiritual no próxi-
mo capítulo.
Posso imaginar nesse meio tempo como os discípulos
devem ter ficado entusiasmados. As palavras de Jesus foram
motivadoras. Eles provavelmente estavam dizendo palavras do
tipo: “Tudo bem, Mestre! Vamos dominar o mundo! Dirija-
nos para a batalha e nós o seguiremos!”

A B O MB A D E J E S U S
Então, Jesus soltou a bomba! Ele lhes disse que eles ficariam
sozinhos para irem ao mundo e que não estaria mais com eles
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U M A N O VA V I T A L I D A D E : O P O D E R D O E S P Í R I T O S A N T O 115

(ver Mateus 16:21; João 16:5). Pedro não gostou dessa parte,
e cometeu o grave erro de discutir com o Mestre. Foi quando
Jesus usou algumas de Suas palavras mais fortes, dizendo a
Pedro: “Para trás de Mim, Satanás!” (Mateus 16:23).
O que isso tinha a ver com o poder do Espírito Santo?
Jesus deixou tudo se acalmar por algum tempo antes de ex-
plicar isso a eles. A explicação de Jesus está registrada, não em
Mateus 16, mas em João 16. Ali, Ele lhes deu a desconcertante
notícia de que eles estariam melhor sem Ele do que com Ele.
Jesus disse: “Todavia digo-vos a verdade, que vos convém que
eu vá; porque, se eu não for, o Consolador não virá a vós; mas,
quando eu for, vo-lo enviarei” (João 16:7). A vantagem deles
seria o fato de terem o Espírito Santo.
Deixe-me afirmar isso teologicamente. Para cumprir a
Grande Comissão, a saber, discipular as nações ou transformar
a sociedade, a presença imediata da terceira pessoa da Trinda-
de é mais importante do que a presença imediata da segunda
pessoa da Trindade! Jesus está à direita do Pai intercedendo
por nós. O poder operante de Deus em nossas vidas e ministé-
rios hoje é o Espírito Santo. É por isso que é uma grande falta
de sabedoria extinguir o Espírito de qualquer forma que seja.

D O TA D O S D E P O D E R D O A LT O
Para dar prosseguimento ao que aconteceu, depois de três anos
com os Seus discípulos e após Sua morte e ressurreição, quan-
do Jesus finalmente estava pronto para partir, Suas instruções
não foram para que eles saíssem e começassem a evangelizar o
mundo. Em vez disso, Ele disse aos Seus discípulos: “... ficai,
porém, na cidade de Jerusalém, até que do alto sejais revestidos
de poder” (Lucas 24:49). Três anos recebendo o melhor ensina-
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116 Assim na TERRA como no CÉU

mento do mundo não bastavam. Além disso, eles precisavam


do poder do Espírito Santo para pregar com eficácia a men-
sagem do Reino. Felizmente, eles obedeceram, o Pentecostes
veio, e o resto é história.
Seria tolice pensarmos que as coisas são diferentes hoje.
Nosso mandato é assumirmos o domínio sobre a criação de
Deus. A transformação social é o nosso alvo. Nenhum poder
humano é suficiente para uma tarefa como esta. Mas a pro-
messa de Jesus é para nós: “Mas receberão poder quando o Es-
pírito Santo descer sobre vocês” (Atos 1:8, NVI).
Pense por um instante em transformar a estrutura social da
cidade onde você vive agora. É um enorme desafio! Sim, o poder
do Espírito Santo nos foi prometido, mas quanto poder? Essa
é uma pergunta muito boa, e a resposta deveria ser animadora.
Vamos começar pensando no que Jesus disse certa vez: “Na ver-
dade, na verdade vos digo que aquele que crê em mim também
fará as obras que eu faço, e as fará maiores do que estas, porque
eu vou para meu Pai” (João 14:12). Parece quase inacreditável
que qualquer ser humano pudesse fazer obras maiores do que
Jesus, mas não foi outro senão o próprio Jesus quem disse que
isso aconteceria realmente. Ir para o Pai é crucial, pois, como
acabamos de ver, somente quando Jesus vai para o Pai é que Ele
envia o Consolador, a saber, o Espírito Santo.

C O MO P O D E MO S FA Z E R A S M E S M A S
O B R A S O U MA IO R E S ?
O motivo pelo qual podemos ter a expectativa de realizar as
mesmas obras ou outras maiores que Jesus hoje é porque te-
mos acesso precisamente ao mesmo poder que Jesus usou para
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U M A N O VA V I T A L I D A D E : O P O D E R D O E S P Í R I T O S A N T O 117

fazer todas as Suas obras: o Espírito Santo. Essa afirmação é


tão importante que merece uma boa explicação.
Eis a minha hipótese em poucas palavras: o Espírito Santo
era a fonte de todo o poder de Jesus durante o Seu ministério
terreno. Jesus não exercia nenhum poder por si mesmo. Po-
demos fazer as mesmas obras e outras maiores do que as que
Jesus fez porque temos acesso à mesma fonte de poder.
Vamos começar a pensar sobre isso lembrando-nos do
fato de que Jesus tem duas naturezas, uma natureza divina e
outra humana. Esse é um daqueles absolutos teológicos aos
quais me referi anteriormente. Ele não é meio divino e meio
humano. Ele é 100% divino e 100% humano. A matemática
pode não funcionar, mas a teologia funciona. E nós aceitamos
isso pela fé.

Cem Por Cento Humano e Cem Por Cento Divino


Diante dessa afirmação, qual é, então, a relação entre as duas
naturezas de Jesus? Para ser mais específico, pense na questão
apresentada em Marcos 13:32. Jesus está no Monte das Olivei-
ras com Pedro, Tiago, João e André. Eles lhe perguntam quan-
do virá o fim (ver Marcos 13:3-4). Jesus lhes dá ensinamentos
sólidos sobre os últimos dias e depois diz: “Mas daquele dia e
hora ninguém sabe, nem os anjos que estão no céu, nem o Fi-
lho, senão o Pai” (Marcos 13:32). Jesus admitiu que não sabia
quando viria o fim. Como isso seria possível se Ele era 100%
divino? O Pai sabia, mas o Filho não.
Os teólogos deram atenção considerável a essa questão
desconcertante. Ao longo dos anos, três explicações foram ofe-
recidas, nenhuma das quais considero adequadas. Elas são as
seguintes:
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118 Assim na TERRA como no CÉU

• A teoria do mistério total. A ideia aqui é a de que nunca


saberemos a resposta. Este é um daqueles mistérios
teológicos que não podemos sondar. Concordo que
existem alguns mistérios teológicos, do tipo “como
as três pessoas da Trindade podem ser uma só essên-
cia”. Entretanto, não concordo que o relacionamen-
to entre as duas naturezas de Cristo seja um misté-
rio.
• A teoria do Jesus humano. Alguns teólogos liberais gos-
tam de ensinar que Jesus não era realmente Deus,
mas apenas um ser humano excepcional. Nesse caso,
naturalmente haveria muitas coisas que Ele não sa-
bia. Não posso aceitar esta explicação porque levo
João 1 a sério: “No princípio era o Verbo, e o Verbo
estava com Deus, e o Verbo era Deus. E o Verbo se
fez carne, e habitou entre nós...” (João 1:1,14). Jesus
definitivamente era Deus.
• A teoria do duplo canal. Esta é de longe a explicação
mais comum entre aqueles que aceitam a crença or-
todoxa de que Jesus era tanto divino quanto huma-
no. Ela sugere que durante o ministério terreno de
Jesus, Ele constantemente passava de uma natureza
para outra. Ele fez algumas coisas como Deus (trans-
formar água em vinho, por exemplo) e outras coisas
ele fez como homem (ter fome e sede, por exemplo).
Esta teoria de dois canais parece plausível a princí-
pio, mas ela não se sustenta sob uma análise mais
profunda. Marcos 13:32 é um exemplo disso. A teoria
dos dois canais diria que o que Jesus realmente que-
ria dizer era “Humanamente falando, não sei quando o
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U M A N O VA V I T A L I D A D E : O P O D E R D O E S P Í R I T O S A N T O 119

fim virá”. É claro que, como Deus, Ele realmente sa-


bia. Qual é o problema? É muito simples. Se Jesus es-
tivesse falando humanamente, como Ele saberia que
os anjos também ignoravam a data? Humanamente,
não dá para sabermos como os anjos pensam. Parece
razoável que Jesus tenha mudado de canal bem no
meio de uma frase? Provavelmente não.

A Forma de Servo
A melhor maneira de entender a relação da natureza humana
de Jesus com Sua natureza divina é indo até Filipenses 2:5-8.
Essa passagem começa dizendo que Jesus, “... sendo em forma
de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus” (v. 6). Sim,
Jesus era Deus, e Ele tinha todos os atributos de Deus. Mas
na encarnação, Ele se tornou diferente do Pai ao receber uma
natureza humana: “Mas esvaziou-se a si mesmo, tomando a
forma de servo, fazendo-se semelhante aos homens” (v. 7). Ob-
serve que Ele não abriu mão da Sua divindade; em vez disso,
Ele se tornou diferente do Pai e do Espírito Santo assumindo
a forma humana. Além disso, havia a concordância de Jesus
de se tornar obediente ao Pai durante a Sua encarnação. “E,
achado na forma de homem, humilhou-se a si mesmo, sendo
obediente até a morte, e morte de cruz” (v. 8).
Pense na obediência de Jesus. Ela era voluntária. Era tem-
porária. Ela suspendeu totalmente o uso (não a posse) dos Seus
atributos divinos. Isso significa que a única natureza que Jesus
usou enquanto esteve na terra foi a Sua natureza humana.
Isto ajuda a dar sentido ao fato de Jesus ser considerado o
segundo Adão. “O primeiro homem [Adão], formado da terra,
é terreno; o segundo homem [Adão] é do céu” (1 Coríntios
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120 Assim na TERRA como no CÉU

15:47). Ambos foram criados diretamente por Deus. Nenhum


deles nasceu da união de pais humanos. Ambos estavam de-
baixo de uma aliança de obediência ao Pai. Jesus, é claro, tinha
acesso aos Seus atributos divinos, mas escolheu obedecer ao
Pai e não usá-los.

As Tentações
Satanás tentou Adão e Jesus da mesma maneira, com o objeti-
vo de fazer com que eles quebrassem a aliança de obediência ao
Pai. No caso de Adão, ele o seduziu a comer do fruto proibido,
e funcionou. O primeiro Adão caiu. No de Jesus, a tentação
foi seduzi-lo a usar os Seus atributos divinos transformando
pedras em pães, saltando do templo e reivindicando a posse
por direito sobre os reinos do mundo. Mas desta vez a tática de
Satanás não funcionou, e o segundo Adão foi vitorioso.
Releia os Evangelhos a partir dessa perspectiva e você verá
que todas as obras poderosas de Jesus, Seus milagres, Seus si-
nais e maravilhas, Suas profecias, Seu ministério de libertação,
e tudo o mais, podem ser explicados adequadamente pela ope-
ração sobrenatural do poder do Espírito Santo através de Jesus
como ser humano. Por exemplo, Ele disse em um determinado
momento: “Mas, se eu expulso os demônios pelo Espírito de
Deus, logo é chegado a vós o Reino de Deus” (Mateus 12:28).
Embora pudesse ter feito isso, Jesus não expulsava demônios
pela Sua própria onipotência divina. Na verdade, Ele permane-
ceu humilde e permitiu que o poder do Espírito Santo operas-
se por seu intermédio.
Tudo isso terminou na cruz, como Paulo em Filipenses
2:8 disse que terminaria. Após Sua ressurreição, Jesus passou
a ter novamente pleno acesso aos Seus atributos divinos. Na-
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quele momento, Seus discípulos lhe fizeram uma pergunta


sobre quando viria o fim, exatamente como haviam lhe per-
guntado em Marcos 13. Mas, desta vez, Jesus não disse “Não
sei”, porque de fato o sabia. Em vez disso, Ele disse: “Não vos
pertence saber os tempos ou as estações que o Pai estabeleceu
pelo seu próprio poder” (Atos 1:7).

Poder Ilimitado
Essa explicação deve dissipar quaisquer dúvidas acerca de
como Jesus pôde dizer a nós, meros seres humanos, que nós
faríamos as mesmas obras que Ele fez e obras ainda maiores.
O mesmo Espírito Santo que fez milagres por meio de Jesus
está disponível para fazê-los através de nós hoje. Isso deveria
nos dar confiança enquanto enfrentamos os desafios da trans-
formação social. Não há poder humano que possa recuperar o
domínio sobre a criação de Deus que Satanás usurpou, mas o
Espírito Santo está conosco e Ele nos oferece poder ilimitado.
A transformação social requer planejamento, estratégia e
execução cuidadosos. Entretanto, os projetos humanos, por
mais hábeis e sintonizados que possam ser, não bastarão. O
Reino de Deus só será estabelecido aqui na terra com o pleno
engajamento humano somado ao poder sobrenatural. Faría-
mos bem em não esperar que o poder sobrenatural siga o que
fazemos em nossa capacidade humana, mas sim que ele prece-
da o que fazemos abrindo a porta para novas realizações.

P A U L O E M AT E N A S
O apóstolo Paulo aprendeu bem essa lição em sua segunda via-
gem missionária. Em Atos 17, lemos sobre o esforço evangelís-
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122 Assim na TERRA como no CÉU

tico de Paulo em Atenas. Ele estava plenamente ciente de que


evangelizar aquela cidade seria um desafio formidável. Atenas
era o eixo intelectual e filosófico da cultura greco-romana, e
Paulo decidiu ajustar a estratégia da sua missão de acordo com
isso. O seu procedimento usual era começar pela comunida-
de da sinagoga local, o que ele de fato fez (ver v. 17). Depois,
por alguma razão, ele começou a ouvir alguns filósofos, que o
persuadiram a entrar na área de atividade deles: o Areópago.
Paulo, um intelectual versado em seu próprio direito, fez algu-
mas pesquisas e obteve informações sobre coisas como o deus
desconhecido deles. Os filósofos gostavam de discutir, então
Paulo começou a debater com eles para que cressem na verda-
de de Deus.
Sei que muitos professores de homilética afirmam que o
sermão de Paulo na Colina de Marte foi seu melhor sermão.
Intelectualmente, pode ter sido realmente, mas pelo aspecto
evangelístico, esteve longe disso. Ali, no Aerópago de Atenas,
Paulo passou pelo pior pesadelo de um palestrante. Os ouvin-
tes ficaram tão incontroláveis que eles nem sequer lhe conce-
deram a cortesia de permitir que ele terminasse o seu discurso.
Eles riram dele debochadamente. Eles o interromperam e dis-
seram palavras do tipo: “Obrigado, mas não quero ouvir nada
disso!” Paulo terminou com alguns convertidos, porém mais
tarde não ouvimos nada sobre uma Igreja sólida em Atenas.
Foi a missão evangelística mais infrutífera de Paulo.
O que Paulo aprendeu com aquela dolorosa experiência
em Atenas? Nós aprendemos que nenhum esforço humano,
por mais brilhante que possa ser, pode roubar a cena do poder
absoluto do Espírito Santo. Em um de seus momentos mais
transparentes, Paulo abre o coração sobre Atenas para os cren-
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U M A N O VA V I T A L I D A D E : O P O D E R D O E S P Í R I T O S A N T O 123

tes que vieram a Cristo na sua parada seguinte, a cidade de


Corinto. Em 1 Coríntios, Paulo escreve: “Eu, irmãos, quando
fui ter convosco, anunciando-vos o testemunho de Deus, não
o fiz com ostentação de linguagem ou de sabedoria [como aca-
bei de fazer em Atenas!]... A minha palavra e a minha pregação
não consistiram em linguagem persuasiva de sabedoria, [como
aconteceu em Atenas!], mas em demonstração do Espírito e de
poder” (1 Coríntios 2:1,4). A lição para nós é que “[a nossa] fé
não se apoiasse em sabedoria dos homens, mas no poder de
Deus... Porque o Reino de Deus não consiste não em palavras,
mas em poder” (1 Coríntios 2:5; 4:20).

A S S U MIN D O O D O M Í N I O
Isto está diretamente relacionado com assumir o domínio.
Durante centenas e centenas de anos, é triste dizer, não te-
ria sido possível para o Espírito Santo falar às igrejas sobre
transformação social como Ele está fazendo hoje. O motivo
é porque a Igreja não estava explorando o poder sobrenatu-
ral que sempre esteve disponível. Muitas vezes me pergunto
sobre João Calvino. Como vimos no capítulo 2, Calvino havia
entendido com precisão o mandato cultural. Ele ensinou que
o povo de Deus tem a responsabilidade de trazer a sociedade
a um alinhamento com o Reino de Deus. Contudo, sua falta
de contato com o poder do Espírito Santo foi seu ponto cego.
Embora eu tenha mencionado Benjamin Breckenridge War-
field como um recente defensor teológico do cessacionismo,
deveria ser acrescentado que a fonte principal de Warfield foi
João Calvino.1 A história poderia ter tido um desenrolar muito
diferente na Europa se Calvino tivesse entendido o quanto o
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124 Assim na TERRA como no CÉU

poder sobrenatural é essencial para a implementação do man-


dato cultural e para a transformação da sociedade.
Mesmo entre alguns líderes atuais que deveriam conhecer
mais a esse respeito, o poder do Espírito Santo não ocupa a po-
sição central. Concordo com Robin McMillan, que diz: “Para
transformar a sociedade, cada geração precisa operar em um
nível espiritual mais alto que a anterior, e desenvolver uma ex-
periência progressiva com a dimensão sobrenatural de Deus.
Muitos outros crentes conheceram o Seu poder, mas permiti-
ram que a sua experiência diminuísse com o tempo.”2

O P E R IG O D E C A IR NA R O T I N A
McMillan está apontando para um perigo do qual precisamos
estar totalmente conscientes. Como os sociólogos da religião
têm indicado, desde Max Weber a Margaret Poloma, existe
uma tendência embutida nos movimentos religiosos novos e
cheios de vitalidade de caírem na rotina. Inúmeros observado-
res, tanto internos quanto externos, indicaram que isso tem
acontecido no movimento Pentecostal em geral. Muitos líde-
res pentecostais da segunda geração, constrangidos pela exu-
berância de seus pais e pelo rótulo “Holy Rollers”,* decidiram
tornar suas igrejas mais respeitáveis. Pesquisas demonstraram,
por exemplo, que uma grande porcentagem de membros das
igrejas Pentecostais norte-americanas não fala em línguas.
Lembro-me claramente de estar presente em uma aula de
Escola Dominical para adultos em que um dos membros esta-
va relatando suas duas semanas de férias recentes. Em um de

*
Em uma tradução literal, “Santos Rolantes”. Uma referência aos cristãos
mais exuberantes em suas manifestações de entusiasmo espiritual. (N. da T.)
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U M A N O VA V I T A L I D A D E : O P O D E R D O E S P Í R I T O S A N T O 125

seus domingos fora, ela havia ido adorar em uma Igreja Pente-
costal no Canadá, e no outro, havia ido adorar em uma Igreja
Presbiteriana na Califórnia. Com certo grau de satisfação na
voz, ela disse: “E você realmente não poderia dizer qual era
a diferença entre as duas igrejas!” Mantive silêncio por uma
questão de cortesia, mas fiquei apavorado. Há apenas uma ge-
ração atrás as duas igrejas eram tão diferentes quanto um con-
certo de rock e uma sinfonia de Beethoven. O que aconteceu?
A Igreja Presbiteriana havia permanecido fiel à sua forma, mas
a Igreja Pentecostal havia tido êxito em se tornar “respeitável”.
Parte disso deve-se à tendência de diluir e diminuir a ativação
do poder sobrenatural.
Eis o que a socióloga Margaret Poloma descobriu:

Apesar da evidência das experiências religiosas em an-


damento, poucos observadores questionariam o fato de
que o fervor carismático dos primeiros Pentecostais foi
de alguma forma como que domesticado ao longo das dé-
cadas. Embora o charisma ainda seja, em muito, parte do
estilo de vida deles, teoricamente, assim como na prática,
houve uma mudança notável de uma ênfase no “caris-
ma mágico” apoiada pelos líderes proféticos para formas
mais sacerdotais ou relacionadas a uma rotina.3

VAM O S S E G U IR E M F R E N T E C O M P O D E R !
Este perigo de cairmos na rotina, associado a uma consequen-
te redução da operação do Espírito Santo que o acompanha,
está igualmente presente no Movimento Carismático, filho do
Movimento Pentecostal, e na Nova Reforma Apostólica, filha
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126 Assim na TERRA como no CÉU

do Movimento Carismático. Se não estivermos cientes dessa


possibilidade, e, consequentemente, se não estivermos precavi-
dos, poderemos em breve nos ver revertendo o que vimos com
relação ao apóstolo Paulo e terminar indo de Corinto de volta
para Atenas. Em vez de dependermos do poder de Deus, po-
deríamos ficar satisfeitos com palavras sedutoras de sabedo-
ria humana. Não estou prevendo que isso acontecerá, mas, se
acontecer, é previsível que nossos esforços para assumir o do-
mínio e experimentar a presença do Reino de Deus em nossas
sociedades não nos beneficiem muito.
As igrejas da Segunda Era Apostólica devem continuar a
ser igrejas marcadas pelo poder sobrenatural. Se o livro de Bill
Hamon, The Day of the Saints (O Dia dos Santos) estiver correto
em sua abordagem profética, o poder sobrenatural não cairá na
rotina nas igrejas apostólicas, mas aumentará grandemente, e
se espalhará pelas igrejas. Os sinais e maravilhas não serão mais
domínio das superestrelas ou dos evangelistas de cura; eles se
tornarão parte da experiência normal de todos os santos.
Na última vez em que estive na Nigéria, por exemplo, es-
tava conversando com um evangelista comum, cujo nome não
me lembro. Perguntei se os sinais e maravilhas faziam parte
do seu ministério regular, e ele me garantiu que sim. Então
perguntei: “Você já viu os mortos ressuscitarem?” Ele respon-
deu: “Oh, sim, é claro.” Então perguntei: “Quantos você viu
pessoalmente ressuscitarem dos mortos?” Ele fez uma pausa
por um instante, sacudiu a cabeça e respondeu: “Não sei dizer.
Não consigo lembrar!” Fiquei perplexo! Depois pensei em Je-
sus enviando Seus discípulos. Ele costumava dizer a eles para
pregarem o Reino de Deus e “curai os enfermos, limpai os le-
prosos, ressuscitai os mortos, expulsai os demônios” (Mateus
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U M A N O VA V I T A L I D A D E : O P O D E R D O E S P Í R I T O S A N T O 127

10:7-8). Por que deveríamos esperar qualquer coisa inferior a


isso na Nigéria?
E a pergunta principal, é claro, é por que deveríamos espe-
rar qualquer coisa inferior a isso na América? Obviamente, não
deveríamos. Vamos entrar em sintonia com o poder sobrena-
tural do Espírito Santo enquanto obedecemos a Deus e avan-
çamos para o que for necessário para que o Seu Reino venha e
a Sua vontade seja feita assim na terra como no céu!
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CAPÍTULO 6

U M A N O VA R E A L ID A D E:
IS S O S IG N IF I CA GUE RRA !
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130 Assim na TERRA como no CÉU

V imos que o segundo Adão, Jesus Cristo, veio “buscar e sal-


var o perdido” (Lucas 19:10), o que significa a perda pelo
primeiro Adão do domínio sobre a criação que Deus havia de-
signado para ele e para a raça humana. Jesus veio para “des-
truir as obras do diabo” (1 João 3:8). Satanás pode ter usurpa-
do a autoridade de Adão sobre a criação no Jardim do Éden,
mas Jesus veio com a intenção determinada de fazer a história
retroceder.

U MA IN VA S Ã O E M G R A N D E E S C A L A
Quais são as obras do diabo que Jesus veio destruir? Obvia-
mente obras como a miséria, a pobreza sistêmica, a injustiça
e a opressão que Satanás havia conseguido infligir à raça hu-
mana desde o Jardim do Éden. Os títulos de Satanás “prínci-
pe da potestade do ar” (Efésios 2:2) e “príncipe deste mundo”
(João 14:30), indicam que ele tem um reino. Ele governa uma
hierarquia beligerante do mal. Em escala global, esse reino de
trevas não havia sido desafiado diretamente antes da vinda do
segundo Adão. Mas quando Jesus veio, lançou uma invasão em
grande escala contra ele.
Essa invasão nos faz lembrar o cenário da Segunda Guer-
ra Mundial. Os aliados, liderados pela Grã-Bretanha e pelos
Estados Unidos, estavam determinados a acabar com os anos
de agressão maligna de Adolf Hitler. Hitler havia conquistado
a Europa, e estava tentando bombardear a Grã-Bretanha para
que ela se rendesse. Os aliados decidiram partir para a ofensiva
e realizar uma invasão maciça da Europa nas praias da Nor-
mandia, na França. O Dia D era uma operação arriscada e dis-
pendiosa, mas os aliados tiveram êxito em garantir a primeira
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U M A N O VA R E A L I D A D E : I S S O S I G N I F I C A G U E R R A ! 131

praia conquistada. Quando fizeram isso, todos souberam que


a guerra na Europa havia terminado e que Hitler havia sido
derrotado. Entretanto, na verdade, a guerra não havia termina-
do. Algumas das batalhas mais ferozes ainda deveriam ocorrer
antes de Hitler ser finalmente subjugado. Por fim, a coragem e
a dedicação dos aliados prevaleceram e arrancaram a rendição
incondicional da Alemanha.

A G U E R R A A IN D A N Ã O T E R M I N O U !
A vinda de Jesus em carne, morrendo na cruz e sendo ressusci-
tado dos mortos, foi equivalente ao Dia D de Satanás. Quando
Jesus trouxe o Reino de Deus à terra, uma parte da praia do
território espiritual foi garantida. A guerra definitiva estava
ganha e Satanás foi derrotado na cruz, à semelhança da derro-
ta de Hitler nas praias da Normandia. Entretanto, a guerra es-
piritual ainda não está terminada em muitos aspectos. Há dois
mil anos o Reino de Deus tem avançado com força, e o plano
de Deus é que este avanço continue em um vigor crescente até
a volta de Jesus. Satanás sabe que o seu tempo está se esgotan-
do, mas ele certamente não pretende partir em silêncio. Para a
Igreja, isso significa guerra!
Um dos títulos mais conhecidos de Jesus é o de Príncipe
da Paz (ver Isaías 9:6). Entretanto, veja o que Jesus também
disse: “Não penseis que vim trazer paz à terra; não vim trazer
paz, mas espada” (Mateus 10:34). Como estes dois fatos apa-
rentemente contraditórios podem ser conciliados?
No mundo real, com mais frequência do que poderíamos
desejar, a única maneira de obter a paz é vencendo uma guerra.
A minha geração, por exemplo, viveu a maior parte do tempo
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132 Assim na TERRA como no CÉU

em paz. Por quê? Porque vencemos a Segunda Guerra Mun-


dial. Eu tinha quinze anos quando ela terminou. Em compa-
ração a ela, a Guerra da Coréia, a Guerra do Vietnã, a Guerra
Fria, a Guerra do Golfo e a Guerra do Iraque não foram nada
além de tempestades num copo d’água. Até mesmo ao longo
da história de Israel, no Antigo Testamento, os tempos de paz
quase sempre se seguiam à vitória na guerra. Por exemplo, Sa-
lomão teve paz somente porque seu pai, Davi, havia se dispos-
to a guerrear (ver 2 Samuel 7).

O FRACASSO DE SAUL
O caso de Saul demonstra o quanto Deus leva a guerra a sé-
rio. Saul era um rei escolhido pelo próprio Deus. Deus havia
planejado um destino incrível para ele. Uma de suas primeiras
missões dadas por Deus foi “Vai, pois, agora, e fere a Amale-
que, e destrói totalmente a tudo o que tiver, e nada lhe poupes;
porém matarás homem e mulher, meninos e crianças de peito,
bois e ovelhas, camelos e jumentos” (1 Samuel 15:3). Saul foi
à guerra, mas o que ele escolheu fazer? “E Saul e o povo pou-
param Agague, e o melhor das ovelhas e dos bois, e os animais
gordos, e os cordeiros, e o melhor que havia e não os quiseram
destruir totalmente; porém toda coisa vil e desprezível destru-
íram” (1 Samuel 15:9). Saul não teve dificuldade em enten-
der o que Deus havia ordenado; ele simplesmente optou por
não obedecer.
Deus ficou profundamente decepcionado. Este foi um dos
incidentes nos quais, como expliquei no capítulo 4, Ele havia
aparentemente optado por manter a mente aberta. Não foi
Deus quem predestinou e previamente conheceu que Saul lhe
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U M A N O VA R E A L I D A D E : I S S O S I G N I F I C A G U E R R A ! 133

desobedeceria. Foi o livre arbítrio de Saul. Quando Deus viu o


que Saul fez, disse: “Arrependo-me de haver constituído Saul
rei” (1 Samuel 15:11). Ele a princípio pensava que Saul faria
as escolhas certas, e sentiu muito quando Saul o decepcionou.
Então Deus mudou de ideia acerca de Saul e passou para o
Plano B. Saul até tentou se arrepender, mas era tarde demais.
No capítulo seguinte, Davi é ungido sucessor de Saul!
Felizmente, agora estamos vivendo sob a Nova Aliança,
e não na Velha Aliança, quando Deus estava direcionando o
povo a participar de uma guerra física para destruir seus ini-
migos. Com a Nova Aliança, Jesus trouxe o Reino de Deus.
As nossas batalhas não são mais físicas; elas são espirituais.
Jesus disse: “E, desde os dias de João o Batista até agora, se
faz violência ao reino dos céus, e pela força se apoderam dele”
(Mateus 11:12). Não tomaremos o domínio permanecendo
passivos. Só tomaremos o domínio se o Corpo de Cristo se
tornar violento e declarar guerra ao inimigo!

DO CÉU À TERRA
O panorama cósmico desta guerra está em Apocalipse 12. Va-
mos dar uma olhada nele com atenção:

• Há uma guerra. “E houve batalha no céu; Miguel e


os seus anjos batalhavam contra o dragão, e bata-
lhavam o dragão e os seus anjos” (Apocalipse 12:7).
Satanás obviamente possui um exército poderoso do
mal sob o seu comando. A guerra começa no céu.
• A vitória final está determinada. “Mas não prevalece-
ram [o dragão e seus anjos], nem mais o seu lugar se
achou nos céus” (v. 8).
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134 Assim na TERRA como no CÉU

• Satanás é lançado para baixo. “E foi expulso o grande


dragão, a antiga serpente, que se chama diabo e Sa-
tanás, o sedutor de todo o mundo, sim, foi atirado
para a terra, e, com ele, os seus anjos” (v. 9).
• Satanás leva a guerra do céu para a terra. “Satanás, o se-
dutor de todo o mundo, sim, foi atirado para a terra,
e, com ele, os seus anjos” (v. 9). As batalhas agora
devem ser guerreadas por nós aqui na terra.
• Satanás está mais furioso agora do que nunca. “o diabo
desceu a vós, e tem grande ira, sabendo que já tem
pouco tempo” (v. 12). Seria lógico que à medida que
o tempo avance, o inimigo se torne mais desespera-
do e ainda mais perigoso.
• Satanás guerreia contra o povo de Deus. “E o dragão
irou-se contra a mulher, e foi fazer guerra ao rema-
nescente da sua semente, os que guardam os man-
damentos de Deus, e têm o testemunho de Jesus
Cristo” (v. 17). Se você e eu temos o testemunho de
Jesus Cristo, Satanás está guerreando contra nós.
Talvez não gostemos de guerras. Talvez até optemos
por negar o fato de que ela existe, mas isso não faz
diferença. Estamos definitivamente em guerra, quer
gostemos disso ou não.
• Deus vence! Três coisas finalmente ganham a guerra:
(1) o que Jesus fez (“Eles o venceram pelo sangue do
Cordeiro”), (2) o que dizemos (“Pela palavra do seu
testemunho”), e (3) o que fazemos a respeito disso
(“Eles não amaram as suas vidas até a morte” [v. 11]).
Não devemos ficar passivos. Devemos estar total-
mente comprometidos em destruir as obras do dia-
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U M A N O VA R E A L I D A D E : I S S O S I G N I F I C A G U E R R A ! 135

bo, ainda que isso possa nos custar a vida. Cada sol-
dado aliado que avançou pelas praias da Normandia
no Dia D estava comprometido em dar a sua vida se
necessário. Por que deveríamos ser menos compro-
metidos em fazer avançar o Reino de Deus?

Não apenas espera-se que a Igreja guerreie, espera-se que


ela vença a guerra!

A MP L IA N D O A A G E N D A
A guerra espiritual sem dúvida aumentará tanto em intensi-
dade quanto em eficácia agora que estamos na Segunda Era
Apostólica. É um fato curioso que a Igreja em geral parecia
estar contente com um mínimo de envolvimento na guerra
espiritual antes dos anos 90. Por exemplo, que eu me lem-
bre, quando fiz meu treinamento teológico nos anos 50 e 60,
a guerra espiritual não poderia ser prevista pelo radar de ne-
nhum dos meus professores.
Durante minha participação na liderança do Comitê de
Lausanne para a Evangelização Mundial (CLEM) nos anos 70
e 80, a guerra espiritual não fazia parte de nossa agenda. Sur-
preendentemente, tínhamos a intenção de criar uma estratégia
para ganhar o mundo para Cristo, mas era quase como se o
diabo tivesse ido hibernar em algum lugar. Até mesmo os Pen-
tecostais em nosso meio, que provavelmente deveriam saber
das coisas, não tentavam direcionar a nossa atenção para ven-
cermos a intenção dos principados e potestades malignos de
garantir que Satanás mantivesse o seu domínio sobre a criação
por tanto tempo quanto lhe fosse possível.
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136 Assim na TERRA como no CÉU

Uma mudança drástica, atribuível, pelo menos a meu ver,


apenas ao mover soberano da mão de Deus, teve início durante
o Congresso Internacional de Evangelização Mundial realiza-
do em Manila, em 1989. Embora não tivesse sido planejado
pelo comitê do programa, nada menos do que cinco dos pales-
trantes em Manila optaram por tratar do tema que chamáva-
mos de “espíritos territoriais”. Eu por acaso era um dos cinco.
Enquanto estive ali, senti muito claramente que Deus estava
me designando para assumir a liderança de forma mais per-
manente nesta área.

GUER R A E S P IR IT U A L E M N Í V E L E S T R AT É G I C O
Logo comecei a reunir uma série de consultorias de alto nível,
com algumas dezenas de líderes que haviam demonstrado in-
teresse no que passou a ser chamado de “guerra espiritual em
nível estratégico”. Nós lhe demos o nome de Rede de Guerra
Espiritual (RGE). Compilei um livro com os escritos de 19 au-
tores que, pelo que eu descobri, haviam pelo menos tratado do
assunto em algum momento. Ele foi publicado nos Estados
Unidos com o título Engaging the Enemy (Entrando em guerra
contra o inimigo) e na Inglaterra com o título Territorial Spirits
(Espíritos territoriais).*
Enquanto fazia isto, eu estava ensinando no Seminário
Teológico Fuller. Inevitavelmente, a mídia, tanto secular quan-
to cristã, passou a se interessar por este desenvolvimento alta-
mente inovador e bastante controverso, e a atenção da mídia
teve êxito em arrancar alguns teólogos seminaristas de suas
zonas de conforto. Uma coisa levou a outra, e fui convocado

*
Lançado também no Brasil com o título Espíritos Territoriais. (N. da T.)
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U M A N O VA R E A L I D A D E : I S S O S I G N I F I C A G U E R R A ! 137

diante do conselho acadêmico para me defender no que, para


todos os efeitos, equivalia a um julgamento por heresia. Feliz-
mente, eu havia recebido anteriormente um prêmio pelo meu
exercício acadêmico e ninguém conseguiu provar que o que eu
estava ensinando havia transgredido qualquer parte da decla-
ração de fé do seminário. Isso garantiu o meu emprego, mas
não extinguiu a crítica de imediato.
Finalmente, as coisas se acalmaram e a conclusão foi que
a guerra espiritual começou a ser levada muito a sério por seg-
mentos importantes do Corpo de Cristo. A literatura sobre o
assunto começou a espalhar-se nos anos 90 e na primeira dé-
cada de 2000. Até mesmo muitos teólogos e eruditos passa-
ram a ter curiosidade se os demônios, os espíritos malignos,
os principados e as potestades realmente existem hoje em dia,
principalmente depois de ler o livro de Philip Jenkins, The New
Faces of Christianity (As novas faces do Cristianismo). Jenkins,
um erudito altamente reconhecido de Penn State, enfatiza a
nova Igreja colossal e em explosão no Terceiro Mundo (África
Subsaariana, América Latina e grandes partes da Ásia, inclusi-
ve Índia e China), indicando as diferenças entre ela e a antiqua-
da e previsível Igreja do hemisfério norte (Europa, América do
Norte e Austrália) como a conhecemos.
Jenkins afirma, por exemplo: “De uma maneira avassala-
dora, as igrejas do Terceiro Mundo ensinam uma crença firme
na existência do mal e na realidade do diabo.”1 Então ele cita
Olusegun Obsanjo, ex-presidente da Nigéria, que disse: “Du-
vidar da existência do diabo ou de Satanás é como duvidar
da existência do pecado. Observando a influência e o efeito
do ocultismo, do esoterismo e dos cultos satânicos em nossa
sociedade, e particularmente em nossas instituições de ensino
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138 Assim na TERRA como no CÉU

superior, é difícil negar a existência dos seres demoníacos ou


diabólicos.”2
Absorver estas coisas não é fácil para os teólogos tradi-
cionais do Norte. Jenkins prossegue comentando: “A maioria
dos leitores do Norte hoje em dia rotula aqueles que acreditam
em demônios e feitiçaria de irremediavelmente pré-modernos,
pré-científicos, e provavelmente de anteriores à invenção da es-
crita. E o fato de crer em coisas como essas lançaria dúvidas so-
bre as afirmações dos crentes quanto a uma religião autêntica
ou inteligente.”3 Não é de admirar que eu tenha sido chamado
para me dirigir ao conselho acadêmico!

A P Ó S T O L O S S Ã O G UE R R E I R O S
É incrível como o momento desta nova direção para o Corpo de
Cristo foi paralelo ao surgimento do governo bíblico da Igreja,
que vimos no capítulo 1. Foi apenas nos anos 90 que o dom
e ofício de apóstolo começou a ser reconhecido e aceito. An-
teriormente, a Igreja havia sido liderada em grande parte por
pastores, mestres e administradores. A responsabilidade dos
pastores é cuidar, alimentar e consolar o rebanho. Muito pou-
cos pastores têm os dons ou o temperamento para mobilizar
um exército para a guerra. Os apóstolos, por outro lado, o têm.
Em sua maior parte, os apóstolos são guerreiros. Eles fazem
um grande esforço para conhecer o inimigo, para desenvolver
habilidades no emprego das armas de guerra espiritual, e para
motivar aqueles que são chamados para as linhas de frente.
Tendo isso em mente, é bastante compreensível que o Es-
pírito Santo não começasse a falar às igrejas sobre ataques de
alto nível contra Satanás e suas forças do mal até que os após-
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tolos estivessem em cena. Agora que eles estão aqui, não há


volta. O Reino de Deus se expandirá por toda a terra. Satanás
está furioso porque ele sabe que o seu fim está se aproximando
cada vez mais. A sua destruição final, como a de Hitler, é ape-
nas uma questão de tempo.

P R E C IS A MO S V EN C E R
Enquanto isso, nós, como Corpo de Cristo, precisamos vencer.
Precisamos tomar de volta o que o inimigo roubou. O próprio
Jesus escreveu sete cartas às igrejas que encontramos nos capí-
tulos 2 e 3 de Apocalipse. É notável que em cada uma das sete,
Ele tenha dito ao povo daquelas igrejas para vencer, e, em todas
elas, Ele anexou uma maravilhosa promessa para aqueles que
estivessem dispostos a ir à guerra e a vencer o inimigo. Eis a lista:

• À Igreja de Éfeso, Ele promete que comerão da árvo-


re da vida (ver Apocalipse 2:7).
• A Igreja de Esmirna escapará da segunda morte (ver
v. 11).
• Pérgamo receberá o maná escondido (ver v. 17).
• Tiatira terá poder sobre as nações (ver v. 26).
• A Igreja de Sardes terá o seu nome escrito no Livro
da Vida (ver Apocalipse 3:5).
• Filadélfia será uma coluna no templo de Deus (ver
v. 12).
• Laodicéia se sentará com Jesus em Seu trono (ver v. 21)!

O que, exatamente, significa “vencer”? A palavra grega


para vencer é nikao. É fácil lembrar porque é a raiz do nome
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140 Assim na TERRA como no CÉU

masculino “Nicolas” e do feminino “Nicole”. Esses são os no-


mes escolhidos por alguns pais que esperam que seus filhos se-
jam vencedores. Essa também é a raiz do nome dos tênis Nike,
dando apoio à ideia comercial criativa de que se você usar cal-
çados Nike, você com certeza ganhará o jogo!

VEN C E R S IG N IF IC A G U E RR A E S P I R I T U A L
O que nikao significa na Bíblia? Eis o que diz o Dicionário Inter-
nacional de Teologia do Novo Testamento: “No Novo Testamento
nikao quase sempre pressupõe o conflito entre Deus e os pode-
res demoníacos que se lhe opõem.”4 Em outras palavras, nikao,
mencionado sete vezes por Jesus em Apocalipse 2 e 3, é uma
palavra bíblica para guerra espiritual.
Só sabemos que Jesus usou a palavra nikao duas outras
vezes. Uma é na famosa passagem em que Jesus diz: “Eu venci
[nikao] o mundo” (João 16:33). A outra é em Lucas 11:22, que
descreve o momento em que “Sobrevindo, porém, um mais va-
lente do que ele, vence-o [nikao]”.
Deixe-me explicar o segundo versículo bíblico. Os fariseus
estavam perseguindo Jesus, tentando encontrar alguma coisa
de que pudessem acusá-lo. Eles o observaram expulsar um de-
mônio de um mudo de tal maneira que o mudo falou pela
primeira vez na vida. Quando eles estavam tentando explicar
como isso podia acontecer, um dos fariseus sugeriu que Jesus
deveria estar usando o poder de Belzebu, um principado de-
moníaco muito conhecido. Então, Jesus respondeu ao que eles
disseram sobre Belzebu:

• “Mas, se eu expulso os demônios pelo dedo de Deus,


certamente a vós é chegado o Reino de Deus” (Lucas
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11:20). A expressão “dedo de Deus” significa o Espí-


rito Santo (ver Mateus 12:28).
• “Quando o valente, bem armado, guarda a sua pró-
pria casa, ficam em segurança todos os seus bens.”
(Lucas 11:21). O valente é um principado demoní-
aco. O valente possui armamento e está preparado
para a guerra, ele protege os seus bens, que são o
domínio ilegal que ele tem sobre a sociedade, prin-
cipalmente sobre as almas não salvas. Obviamente,
se nada acontece à sua armadura, ele mantém o do-
mínio.
• “Sobrevindo, porém, um mais valente do que ele”
(Lucas 11:22). O mais valente é o Espírito Santo, o
poder pelo qual Jesus disse que expulsava os demô-
nios no versículo 20. É importante observar que esse
é o mesmo Espírito Santo que está em nós! Jesus
disse: “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o
Espírito Santo” (Atos 1:8). Com o poder do Espírito
Santo podemos confrontar o valente com confiança.
• “Sobrevindo, porém, um mais valente do que ele,
vence-o” (Lucas 11:22). “Vencer” é nikao, a segunda
vez em que Jesus usa essa palavra fora do livro de
Apocalipse.

Não podemos ignorar a importância desse contexto para


a questão de tomar o domínio. Para conseguirmos isso não
basta apenas orar e esperar passivamente que Deus tome o do-
mínio por nós. Esse não é o Seu desígnio. Tomar o domínio
é confrontar ativamente o valente, ou os principados e potes-
tades que estão sob o controle de Satanás, e vencê-los com o
poder do Espírito Santo em nós. Quando fazemos isso, nós,
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142 Assim na TERRA como no CÉU

como o mais valente, tiramos-lhe “a armadura em que con-


fiava e lhe [dividimos] os despojos” (v. 22). O povo de Deus
assume o domínio que tem por direito sobre a criação. Somos
vencedores!

AS ARENAS DA GUERRA
Nem toda guerra espiritual é igual. Quando a Rede de Guerra
Espiritual (RGE) iniciou a sua série de reuniões em princípios
dos anos 90, um item principal de sua agenda era rotular e
definir quais eram realmente as diferentes áreas de guerra espi-
ritual. A RGE concluiu que seria útil distinguir três arenas nas
quais a nossa guerra espiritual acontece:

• Guerra espiritual de nível básico. Refere-se à expulsão


de demônios de indivíduos, mais comumente co-
nhecida como ministério de libertação.
• Guerra espiritual de nível oculto. Refere-se não a con-
frontar demônios individuais, mas a tratar com as
atividades mais organizadas dos espíritos malig-
nos, como as realizadas na feitiçaria, no vodu, nas
religiões orientais, no Satanismo, na Maçonaria, na
Santeria, na Nova Era, na macumba, na magia, na
Wicca, e similares.
• Guerra espiritual de nível estratégico. Aqui se entra na
dimensão invisível dos principados e potestades das
trevas que em geral assumem a forma de espíritos
territoriais destinados a manter áreas geográficas
inteiras, esferas sociais específicos ou determinados
grupos culturais cativos do maligno. Essa é clara-
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mente a área que mais exige a guerra espiritual. Pode


resultar em mortes caso não seja feita com sabedo-
ria, de acordo com o protocolo espiritual e sob a
direção e condução específica do Espírito Santo. A
partir disso, concluímos que grande parte da guerra
espiritual relacionada diretamente a assumir o do-
mínio e à transformação social obviamente situa-se
no nível estratégico. Por esse motivo, o foco deste ca-
pítulo é a guerra espiritual de nível estratégico.

G U E R R A E S P IR I T U A L
EM ÉFESO
Para apresentar melhor o assunto, considere o ministério de
Paulo em Éfeso. A cidade de Éfeso se destaca como o esfor-
ço evangelístico de maior sucesso de Paulo. A Bíblia diz, por
exemplo: “E durou isto por espaço de dois anos; de tal maneira
que todos os que habitavam na Ásia [província na qual Éfeso
estava localizada] ouviram a palavra do Senhor Jesus, assim
judeus como gregos” (Atos 19:10). Não é de admirar que Paulo
tenha se envolvido na guerra espiritual em todos os três níveis
enquanto evangelizava Éfeso. Vamos dar uma olhada nelas:

• Guerra espiritual de nível básico. “E Deus pelas mãos de


Paulo fazia maravilhas extraordinárias. De sorte que
até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos
enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espí-
ritos malignos saíam” (Atos 19:11-12). Expulsar de-
mônios faria parte da rotina normal de evangeliza-
ção como Jesus, em muitas ocasiões, disse que seria.
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144 Assim na TERRA como no CÉU

• Guerra espiritual de nível oculto. Éfeso era o centro da


magia no Império Romano. Ela possuía as mais re-
nomadas escolas de magia nas quais os magos mais
habilitados ensinavam e praticavam. Provavelmente
havia mais mágicos per capita em Éfeso do que em
qualquer outra parte do mundo. Paulo não apenas
atraiu os mágicos, como também ministrou pode-
rosamente a eles. “Também muitos dos que haviam
praticado artes mágicas, reunindo os seus livros, os
queimaram diante de todos. Calculados os seus pre-
ços, achou-se que montavam a cinquenta mil dená-
rios” (Atos 19:19). Na economia de hoje, esse valor
equivaleria a cerca de 4 milhões de dólares. Deve ter
havido um bom número de mágicos convertidos
para alimentar uma fogueira como essa!
• Guerra espiritual de nível estratégico. O espírito territo-
rial que estava sobre Éfeso era a famosa Diana dos
Efésios. O seu templo era uma das sete maravilhas
do mundo antigo. Mais que isso, dizia-se que ele era
o primeiro equivalente histórico ao Banco Mundial.
Embora Paulo não a tenha enfrentado em nível pes-
soal, o seu domínio foi enfraquecido a ponto de suas
imagens estarem perdendo o seu poder, fato que le-
vou os artesãos que confeccionavam suas imagens
em prata a começarem a perder seus negócios, por
isso fizeram uma revolta em favor de Diana e contra
Paulo. Na mente deles, havia uma relação de causa
e efeito entre a oculta impotência constrangedora
de Diana e a presença de Paulo em Éfeso (ver Atos
19:23-41).
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U M A N O VA R E A L I D A D E : I S S O S I G N I F I C A G U E R R A ! 145

Embora não encontremos isto na Bíblia, a história indica


que o apóstolo João assumiu a liderança da Igreja de Éfeso
alguns anos após a partida de Paulo. O famoso historiador
de Yale, Ramsay MacMullen, nos conta que João, diferente-
mente de Paulo, enfrentou Diana diretamente. João entrou
no templo dela e se envolveu em uma guerra espiritual de ní-
vel estratégico. De acordo com MacMullen, no templo, João
orou: “Oh Deus... diante de cujo nome todo ídolo, todos os
demônios e todos os poderes imundos fogem: que agora o
demônio que está aqui fuja em Teu nome!”5 Quando ele dis-
se essa palavra através do poder do Espírito Santo, o altar
sagrado de Diana rachou em pedaços e a metade do templo
desabou! Desse ponto em diante, Éfeso se tornou o centro do
Cristianismo mundial pelos 200 anos seguintes. Este é um
dos melhores exemplos de como a guerra espiritual pode nos
ajudar a assumir o domínio.

O Q U A D R O G E RA L
Vamos fazer uma pausa para relembrar o gráfico do prefácio,
que coloca os componentes operacionais da transformação
social em um quadro geral. Observe que lidar com os proble-
mas da terra nos dá o fundamento para lidarmos com todo
o processo, e se sobrepondo a tudo isso está a necessidade de
confrontar os poderes cósmicos de tal maneira que toda a at-
mosfera seja aberta para ligar o céu à terra. Paulo tinha isso
em mente quando incentivava que “pela igreja, a multiforme
sabedoria de Deus se torne conhecida, agora, dos principados
e potestades nos lugares celestiais” (Efésios 3:10). Para a Igreja,
mais uma vez, isso significa guerra!
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146 Assim na TERRA como no CÉU

TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
A Igreja Apóstolos no
Mercado A Transferência
no Mercado
de Trabalho de Riquezas
de Trabalho

O Governo da Igreja Quebrando o Espírito


de Pobreza

Observe como a terra forma a arena na qual a transformação


social acontecerá. A Bíblia diz: “E se o meu povo, que se chama
pelo meu nome, se humilhar, e orar, e buscar a minha face e se
converter dos seus maus caminhos, então eu ouvirei dos céus,
e perdoarei os seus pecados, e sararei a sua terra” (2 Crônicas
7:14). A terra pode ser contaminada. Derramamento de san-
gue, tirania, opressão, trauma, injustiça, quebra de alianças,
perversão sexual, corrupção, idolatria e guerras podem ofere-
cer pontos de entrada para os principados e potestades toma-
rem o domínio. Quando isso acontece, a terra fica debaixo de
um cativeiro espiritual, e precisa de cura.

U S S IN S K , R Ú S S I A
A cidade russa de Ussinsk realmente viu a transformação so-
cial ocorrer. Ela havia presenciado a explosão do petróleo e
depois a crise do petróleo. O Pastor Schenjazarapenko, que
compreendia a questão dos princípios que estavam por trás da
cura da terra, assumiu a liderança. Ele descreveu Ussinsk deste
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U M A N O VA R E A L I D A D E : I S S O S I G N I F I C A G U E R R A ! 147

modo: “Pobreza geral, desemprego, crime, drogas, prédios ina-


cabados e crescimento dos cultos pagãos eram as principais
características da cidade.”6 Na verdade, o prefeito havia anun-
ciado publicamente que todos aqueles que pudessem partir
deveriam fazer isso.

• Oração. Como mencionei neste capítulo, a guerra es-


piritual é necessária para abrir o céu e fazer recuar
as forças do diabo de destruição maligna em nossas
sociedades. A oração é o principal fundamento para
a guerra espiritual. Contudo, não se trata simples-
mente de qualquer tipo de oração. Neste caso, não
se trata de uma oração pastoral; é uma oração apos-
tólica. Não é uma oração piedosa ou religiosa, mas
profética. Não é uma oração defensiva, mas ofensiva.
No caso de Ussinsk, foi necessário apenas um pe-
queno grupo de crentes que sabiam como orar dessa
forma. Eles oraram com poder e de forma agressiva
durante quatro meses.
• Mapeamento Espiritual. A oração estratégica e profé-
tica só é plenamente eficaz se for direcionada para
o alvo adequado. O mapeamento espiritual permite
localizar os altos através da pesquisa histórica, física
e espiritual. Como George Otis, Jr. diria, é preciso
fundamentar a nossa guerra espiritual na interces-
são associada à informação.7 Em meu livro Breaking
Strongholds in Our City (Quebrando as fortalezas da
nossa cidade), Otis escreveu um capítulo em conjun-
to com outros especialistas, e no final dele você en-
contrará 60 perguntas que precisa fazer e responder
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148 Assim na TERRA como no CÉU

para conseguir realizar um mapeamento espiritual


preciso e direcionar suas orações para a transforma-
ção social. Schenjazarapenko e seu grupo fizeram o
mapeamento espiritual de Ussinsk para que as ora-
ções deles estivessem focadas nas principais fortale-
zas que os espíritos territoriais haviam estabelecido.
• Arrependimento por Identificação. Os pecados do passa-
do, principalmente os pecados sociais, precisam ser
identificados e tratados espiritualmente por aqueles
que estão vivendo hoje e talvez possam nem ter real-
mente cometido esses pecados, mas precisam fazer a
remissão deles. Isso faz parte de nos humilharmos,
orarmos e nos convertermos dos nossos maus cami-
nhos conforme encontramos em 2 Crônicas 7:14.
Schenjazarapenko afirma: “Nós nos arrependemos
dos pecados do passado (guerra civil, gulags,* rebe-
liões) e do presente, inclusive dos rituais satânicos
nos cemitérios e dos chamados ‘altares da morte’
nos quais os abortos eram realizados.”8 Como esses
pecados do passado e do presente contaminam a ter-
ra, é preciso fazer a remissão deles para que a terra
seja purificada adequadamente.
• Caminhadas de oração e atos proféticos. Embora, natural-
mente, oremos bastante na igreja, a oração de guerra
espiritual nos leva para fora da igreja e para dentro

*
Gulags eram campos de trabalho forçado da ex-União Soviética (URSS),
criados após a Revolução Comunista de 1917 para abrigar criminosos e
todos os considerados inimigos do Estado. Gulag era uma sigla, em russo,
para “Administração Central dos Campos”, que se espalhavam por todo
o país. Fonte: Revista Abril on-line: www.mundoestranho.abril.com.br/
materia/o-que-eram-os-gulags. (N. da T.)
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U M A N O VA R E A L I D A D E : I S S O S I G N I F I C A G U E R R A ! 149

da comunidade. A oração dentro da igreja é na sua


maior parte pastoral, mas fora dela torna-se mais
apostólica e profética. É verdade que a oração não
tem limites, mas também é verdade que a oração in
loco provou ser mais eficaz em desalojar principados
e potestades das trevas que as orações à distância. Os
intercessores de Ussinsk “andaram em volta da cida-
de por meses, realizando todos os atos simbólicos
imagináveis [conhecidos como atos proféticos], in-
clusive orando na Nawarna-Rodne, uma montanha
próxima às estatuas de Lênin e da chamada ‘Rainha
dos Céus.’”9
• Reconciliação. A Bíblia diz que Deus “nos deu o mi-
nistério da reconciliação” (2 Coríntios 5:18). Este é
um princípio espiritual, mas ele atua no nível natu-
ral. Quase todos os grupos sociais podem apontar
outros grupos aos quais feriram ou pelos quais fo-
ram feridos em um momento ou outro. Isso mui-
tas vezes envolve guerra, racismo, discriminação, co-
mércio injusto, disputas de fronteira, opressão, ou
coisas do tipo. O ódio, o preconceito, a amargura e
a ira, resultantes de tudo isso, podem criar áreas nas
quais os espíritos demoníacos conseguem se alojar e
gerar tensões sociais que levam à pobreza e à misé-
ria. Entretanto, essa doença social pode ser curada
através da reconciliação dirigida pelo Espírito Santo.
Os crentes de Ussinsk fizeram cultos públicos de re-
conciliação com os cristãos da Alemanha, da Suíça e
de outras nações, com o objetivo de curar as feridas
do passado.
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150 Assim na TERRA como no CÉU

Schenjazarapenko descreve a transformação social men-


surável que ocorreu em Ussinsk:

Um novo espírito surgiu na cidade. Os prédios inacaba-


dos foram concluídos, a pintura das casas foi renovada,
as drogas desapareceram quase que por completo, e tanto
a polícia quanto a máfia ficaram confusas. Os salários su-
biram, os parquinhos das crianças foram limpos, e a taxa
de natalidade está novamente mais elevada que a taxa de
óbitos. Além disso, o índice de crimes diminuiu 60%. Não
há mais desemprego — muito pelo contrário: as pessoas
da região viajam para trabalhar aqui.10

O povo de Ussinsk, tanto crentes quanto incrédulos, está


dizendo: “A vida voltou!” A vida a que eles se referem é, natu-
ralmente, o Reino de Deus vindo aqui à terra assim como no
céu. O povo de Deus está tomando o domínio em Ussinsk.
Esse povo está trazendo cura à terra.

D A P E T IÇ Ã O À P R O CL A M A Ç Ã O
Quando os crentes russos foram até a montanha que tinha
estátuas de Lênin e da Rainha dos Céus, eles entraram na
guerra espiritual de nível estratégico. Muito provavelmente,
eles fizeram naquela montanha o que os intercessores mais
experientes em nível estratégico fariam: passaram da petição
à proclamação.
Ambas as formas de intercessão são bíblicas, já que as
duas podem ser encontradas, por exemplo, em Jó 22:27-28.
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U M A N O VA R E A L I D A D E : I S S O S I G N I F I C A G U E R R A ! 151

• Petição. “Orarás a ele, e ele te ouvirá” (v. 27).


• Proclamação. “Também determinarás algum negócio,
e ser-te-á firme, e a luz brilhará em teus caminhos”
(v. 28).

Na proclamação, não estamos pedindo a Deus que faça


algo. Em vez disso, estamos declarando, com a autoridade de
Deus, que tal e tal pedido que sabemos ser a vontade de Deus
acontecerá. É como quando Moisés estava às margens do Mar
Vermelho e Deus lhe disse: “Por que clamas a mim?... Levanta
o teu bordão, estende a mão sobre o mar e divide-o” (Êxodo
14:15-16). Deus disse a Moisés para parar com as petições e
passar à proclamação. Eis como Richard Foster descreve a pro-
clamação: “Estamos invocando a vontade do Pai sobre a terra.
Aqui não estamos tanto falando a Deus, mas por Deus. Não
estamos pedindo a Ele para fazer algo; em vez disso, estamos
usando a Sua autoridade para ordenar que algo seja feito.”11
É desnecessário dizer que a fim de proclamar e trazer à
existência a vontade de Deus é necessário primeiro ouvir a
Sua voz. A oração não é uma via de mão única, como muitos
supõem; ela é uma via de mão dupla. Falamos a Deus, e Ele
também nos fala. A proclamação só é eficaz se estivermos pro-
clamando a vontade de Deus para aquela situação específica.
Lembro-me, por exemplo, de que eu estava em uma reunião
pública na Alemanha durante a epidemia da doença da vaca
louca, quando Deus me disse para fazer uma declaração apos-
tólica contra a doença. Fiz isso diante de 2.500 pessoas, e aque-
le foi o último dia em que um caso de doença da vaca louca foi
registrado. Não pedi a Deus para acabar com a epidemia; em
vez disso, ordenei que ela parasse pela autoridade que eu tinha
pelo sangue de Jesus Cristo. E ela parou!
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152 Assim na TERRA como no CÉU

Por curiosidade, me detive para examinar cinco casos de


ressurreição de mortos no Novo Testamento porque esse é
realmente um milagre grandioso. Uma dessas ocasiões envol-
veu Pedro (ver Atos 9:36-42), outra envolveu Paulo (ver Atos
20:7-12), e três envolveram Jesus (ver Lucas 7:11-15; 8:41-42,
49-56; João 11:38-44). Em cada uma delas, foi usada a ora-
ção de proclamação (como, por exemplo, quando Jesus disse
“Lázaro, sai para fora!”). Isso pode indicar que quanto mais
elevado for o nível da oração, mais se exige a proclamação
(em lugar da petição).

S TA N D IN G R OC K
Nos Estados Unidos, as pessoas que estão, em geral, mais fa-
miliarizadas com os problemas da nação e com a guerra espiri-
tual em nível estratégico que os acompanha são os norte-ame-
ricanos nascidos aqui. Meu amigo, o apóstolo Jay Swallow,
esteve diretamente envolvido em um notável exemplo desse
princípio. Em 1997, uma epidemia de suicídios teve início re-
pentinamente na Reserva Sioux de Standing Rock. Pastores de
todas as denominações começaram a orar contra isso, mas os
suicídios apenas aumentavam. A certa altura, houve mais de
60 suicídios em dois meses. Os líderes decidiram chamar Jay,
que é um índio Cheyenne do Sul, e que construiu a reputação
de reivindicar a autoridade sobre a terra.
Quando Jay Swallow chegou em Standing Rock, ele pri-
meiro reuniu 120 dos principais líderes Sioux, inclusive os
chefes tribais, com os médicos da tradicional religião pagã,
mestres, operários e agentes de governo. Jay definiu as regras
básicas. Ele lhes disse que tinha autoridade para quebrar a mal-
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U M A N O VA R E A L I D A D E : I S S O S I G N I F I C A G U E R R A ! 153

dição do suicídio na reserva, mas para que ele prosseguisse pre-


cisava receber o pleno apoio deles no que decidisse fazer. Esse
pedido inusitado de um apóstolo cristão que era um estranho
para a maioria deles exigiu dois dias de interação e discussão
intensas. Entretanto, os líderes estavam tão desesperados na-
quele momento que decidiram dar a Jay o aval que ele pedia.
A intercessão pastoral do tipo petição pela qual os líde-
res denominacionais haviam orado por meses sem dúvida
fez muito para abrir o caminho para que Jay fosse a Standing
Rock e também para preparar os corações dos 120 líderes para
receberem ali a sua ministração. Entretanto, para o verdadeiro
confronto com as forças demoníacas no mundo invisível que
estava causando aquele tormento, era necessário fazer uso de
proclamação, e não de petição. Em 27 de dezembro de 2001,
Jay Swallow fez um decreto apostólico de autoridade dizendo
que os suicídios cessariam em Standing Rock. Daquele dia em
diante, durante mais de três anos, nem uma única tentativa de
suicídio foi registrada na reserva. Desde então, embora um sui-
cídio tenha ocorrido, a epidemia não voltou!
Se levamos a sério a retomada do domínio roubado pelo
diabo, precisamos levar igualmente a sério a guerra espiritual
necessária para desalojá-lo.
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CAPÍTULO 7

U M N O V O C E N Á R IO :
A Igreja N O M E RCA DO DE
T RA BA LHO
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156 Assim na TERRA como no CÉU

A esta altura, é hora de fazermos uma pausa e por um ins-


tante nos conectarmos ao propósito geral e à força que
impulsiona este livro. Estas páginas falam sobre o Reino de
Deus. Trata-se de um livro sobre transformação social, sobre
assumir o domínio. Optei por usar “Assim Como no Céu” no
título porque a expressão implica a ideia de ação. Deus quer
que o Seu Reino venha; Ele quer ver nossas sociedades trans-
formadas. Ainda assim, Ele está determinado a nos usar, o
Seu povo aqui na terra, para entrarmos em parceria com Ele
e fazermos isso acontecer. Incluí um capítulo sobre a mente
aberta de Deus para que todos nós pudéssemos entender bibli-
camente o quanto a nossa atuação é importante, pois o que es-
colhemos fazer realmente está no desígnio estratégico de Deus
para o futuro da humanidade.
O gráfico da transformação social que tenho usado ao lon-
go do livro pretende enfatizar as peças mais cruciais na equa-
ção divina para a transformação social. E ele também mostra
como essas peças se encaixam:

TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
A Igreja Apóstolos no
Mercado A Transferência
no Mercado
de Trabalho de Riquezas
de Trabalho

O Governo da Igreja Quebrando o Espírito


de Pobreza
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UM NOVO CENÁRIO:A IGREJA NO MERCADO DE TRABALHO 157

Observe que a única parte do esquema que possui setas


indicando ação é também a que se refere a certos indivídu-
os, a saber, os apóstolos no mercado de trabalho. O motivo
para isso é que, analisando bem a dinâmica da transformação
social, o papel dos apóstolos no local de trabalho é absoluta-
mente essencial. Não creio que veremos essa desejada transfor-
mação acontecer se nossos apóstolos no mercado de trabalho
não forem ativados da maneira adequada.

OS A P Ó S T O L O S N O ME R C A DO D E T R A B A L H O
Entendo que, para alguns, a simples noção de que possa existir
algo como apóstolos do mercado de trabalho já é uma ideia
nova. Essa estranheza já é de se esperar sempre que há uma
mudança para um novo tempo de Deus. Conforme mencionei
antes, cientistas sociais podem nos ajudar a distinguir entre
os que primeiro se tornam adeptos de uma ideia, e aqueles
que demoram um pouco mais e alguns que só muito depois
a aceitam. Isso sempre acontece quando qualquer inovação
significativa é apresentada ao público. No que diz respeito à
urgência de tomarmos o domínio, o Corpo de Cristo está pro-
vavelmente saindo da fase dos primeiros adeptos e começan-
do a avançar para a segunda fase, em que um segundo grupo
aceita essa ideia.
O meu desejo neste capítulo é ajudar o maior número
de pessoas possível a entender os apóstolos do mercado de
trabalho e a estar cientes da tarefa crucial que eles têm neste
momento. A coluna da esquerda na ilustração mostra de onde
vêm os apóstolos do mercado de trabalho, a saber, a Igreja no
mercado de trabalho. E a base desse elemento é o governo bí-
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158 Assim na TERRA como no CÉU

blico da Igreja. Apenas como lembrete, usei o primeiro capí-


tulo para tentar definir o fundamento do governo bíblico da
Igreja. Nele falei bastante sobre o dom e o oficio do apóstolo
na Igreja em geral. Agora, estamos na Segunda Era Apostólica.
Sim, os apóstolos estão conosco, mas não são todos iguais.
Deixe-me explicar.
O capítulo de 1 Coríntios 12 é o mais detalhado na Bíblia
sobre dons espirituais. Entre os muitos dons relacionados apa-
rece o dom de apóstolo (ver 1 Coríntios 12:28-29). O capítulo
começa dizendo: “Ora, os dons são diversos, mas o Espírito é o
mesmo. E também há diversidade nos serviços, mas o Senhor é
o mesmo. E há diversidade nas realizações, mas o mesmo Deus
é quem opera tudo em todos” (1 Coríntios 12:4-6). O que isso
nos mostra? Todo apóstolo obviamente teria o dom de após-
tolo, mas nem todos os apóstolos teriam o mesmo ministério
ou atividade. Sendo assim, seria de se esperar que os apóstolos
do mercado de trabalho tivessem ministérios e atividades dife-
rentes dos apóstolos que ministram em ambientes religiosos.

O S IG N IF IC A D O D E “ I greja ”
A ideia de uma Igreja no mercado de trabalho tem raízes no
significado da palavra “Igreja”. A maioria das pessoas pensa
na igreja como sendo um prédio para adoração, um culto cris-
tão, uma congregação com um pastor, ou uma denominação
organizada. Costumamos perguntar, por exemplo, “Onde fica
a igreja que você frequenta?” Mas o que geralmente pensamos
quando imaginamos uma igreja nos dias de hoje não carrega
em si o sentido bíblico original completo.
A palavra grega para “Igreja” é ekklesia. No primeiro sécu-
lo, quando a Bíblia foi escrita, a ekklesia era uma assembleia
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UM NOVO CENÁRIO:A IGREJA NO MERCADO DE TRABALHO 159

de pessoas reunidas para fins políticos. Entretanto, no Novo


Testamento, o significado básico de ekklesia se tornou simples-
mente “o povo de Deus”. Onde quer que o povo de Deus esteja,
ali está a verdadeira Igreja. Algumas vezes o povo de Deus está
reunido em uma assembleia, em outras está espalhado pela
sociedade. O Novo Testamento usa ekklesia das duas maneiras,
com uma frequência dividida em partes iguais.
A tendência dos líderes cristãos ao longo da história foi
enfatizar somente o povo de Deus reunido como sendo a ver-
dadeira Igreja. Em parte isso se baseia na ênfase da função polí-
tica da antiga ekklesia grega, como mencionei anteriormente. É
verdade que as cartas às sete igrejas em Apocalipse 2 e 3 foram
escritas ao povo de Deus reunido em certos lugares. Por outro
lado, no livro de Efésios, Paulo faz nove referências à Igreja (ekk-
lesia) (ver Efésios 1:22, 3:10,21; 5:23-25,27,29,32). Em nenhum
dos casos o termo significa um prédio de igreja, um local geo-
gráfico ou uma congregação específica. Todos eles se referem ao
povo de Deus espalhado por onde quer que esteja.
Estou detalhando este ponto porque o reconhecimento de
uma Igreja legítima no mercado de trabalho depende disso. A
Igreja no mercado de trabalho só fará algum sentido se seguir-
mos o padrão bíblico que aponta para a Igreja como sendo o
povo de Deus, esteja ele tanto reunido quanto espalhado por
vários lugares.
Nosso modo de pensar tradicional tem sido o de que a
Igreja se reúne um dia na semana, a saber, aos domingos. Isto,
é claro, está correto porque aos domingos a Igreja se reúne.
Entretanto, isso não é tudo. O povo de Deus que adora em
conjunto no domingo deixa de ser Igreja nos outros seis dias
da semana? Obviamente não, porque de segunda a sábado eles
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160 Assim na TERRA como no CÉU

ainda são o povo de Deus. Logicamente, portanto, eles são a


verdadeira Igreja da mesma forma durante a semana como no
domingo. A única Igreja verdadeira, portanto, tem duas for-
mas diferentes.

A Igreja N uclear E A Igreja E S T E N D I D A


Como poderíamos chamar estas duas formas de Igreja? Creio
ser conveniente buscarmos uma pista na sociologia, que dis-
tinguiu a família nuclear da família estendida. A maioria das
pessoas está acostumada com essa terminologia. A família nu-
clear compreende as pessoas que vivem sob o mesmo teto, ge-
ralmente mãe, pai e filhos. A família estendida inclui os avós,
tios, primos, sogros, netos, sobrinhos, e todos os demais. To-
dos fazem parte da mesma família, mas ela assume duas for-
mas diferentes e significativas.
Por que não chamarmos as duas formas de igreja de Igreja
Nuclear e Estendida? A Igreja Nuclear seria o povo de Deus
que se reúne na congregação, seja em um prédio da igreja ou
em uma casa. A Igreja Estendida seria o povo de Deus no mer-
cado de trabalho, geralmente chamada de “a Igreja do merca-
do de trabalho”. Na verdade, um de meus livros mais recentes
tem exatamente esse título.*

G O V E R N O B ÍB L I C O
Agora, vamos voltar ao governo bíblico. De acordo com Efé-
sios 2:20, os apóstolos e profetas constituem a base operacio-

*
Lançado em português com o título Os Cristãos no Ambiente de Trabalho.
(N. da T.)
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UM NOVO CENÁRIO:A IGREJA NO MERCADO DE TRABALHO 161

nal da família de Deus, a Igreja. Se esse é o caso, deve haver


apóstolos e profetas (assim como evangelistas, pastores e mes-
tres) não apenas na Igreja Nuclear, como também na Igreja
Estendida. Neste momento estou me concentrando nos após-
tolos, de forma que uma implicação do que acabo de dizer é
a necessidade de haver algo como apóstolos no mercado de
trabalho (a Igreja Estendida). Deus lhes deu o dom espiritual
de apóstolos, e Ele os chamou a um ministério ou atividade
no mercado de trabalho, em contraste com um ministério ou
atividade na Igreja Nuclear.
Apenas para fins de perspectiva, essa ideia só surgiu na
Segunda Era Apostólica, que, como mencionei, começou por
volta do ano de 2001. Até agora, quase toda a literatura so-
bre os apóstolos e a Nova Reforma Apostólica presumia que
os apóstolos atuavam apenas na igreja local. Esse foi o caso
dos meus primeiros livros sobre os apóstolos, devo admitir.
Mas Deus nos leva continuamente a novos níveis, e este é um
dos mais novos. Ele nos dá vinho novo e espera que tenhamos
odres novos prontos para recebê-lo.
E o que tudo isso tem a ver com a transformação social e
com tomar o domínio?

ESFERAS APOSTÓLICAS
Vamos começar analisando o conceito das esferas apostólicas.
É inerente ao dom de apóstolo uma autoridade extraordinária,
a tal ponto que a Bíblia diz que “A uns estabeleceu Deus na
igreja, primeiramente, apóstolos” (1 Coríntios 12:28). Paulo
foi um deles. O apóstolo disse: “Porque, se eu me gloriar um
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162 Assim na TERRA como no CÉU

pouco mais a respeito da nossa autoridade, a qual o Senhor


nos conferiu para edificação e não para destruição vossa não
me envergonharei” (2 Coríntios 10:8). Entretanto, Paulo re-
conhecia que sua autoridade apostólica só era eficaz dentro
das esferas às quais Deus lhe havia designado. É por isso que
ele diz mais tarde no mesmo capítulo: “Nós, porém, não nos
gloriaremos sem medida, mas respeitamos o limite da esfera
de ação que Deus nos demarcou e que se estende até vós” (2
Coríntios 10:13).
Paulo sabia, por exemplo, que ele não tinha autoridade
apostólica entre as igrejas da Alexandria, as igrejas de Jerusa-
lém ou as igrejas da Índia, onde Tomé havia ido. Mas ele tinha
autoridade entre as igrejas de Corinto, de Éfeso, da Galácia
e de Filipos porque estas estavam entre as esferas apostólicas
para as quais Deus o havia designado.

O S S ete Montes
Agora, vamos passar para o mercado de trabalho. Para quais
principais esferas do mercado de trabalho Deus poderia de-
signar os apóstolos? Todos os que estão atualmente tratando
de questões relacionadas às áreas de fé no trabalho reconhe-
cem que certas esferas existem. Entretanto, ainda não existe
um acordo pleno referente a quantas são ou a quais sejam
essas esferas. Já vi listas contendo três esferas e outras com
113. Existe um consenso cada vez maior, entretanto, de que
todos nós concordamos quanto aos Sete Montes, sete esfe-
ras de influência trazidas à nossa atenção no início do ano
2000 pelo consultor administrativo Lance Wallnau. Wallnau
escreveu: “Se o mundo vai ser ganho, estes são os montes
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UM NOVO CENÁRIO:A IGREJA NO MERCADO DE TRABALHO 163

que moldam a cultura e a mente dos homens. Quem quer


que controle esses montes controla a direção do mundo e a
colheita nele.”1
Quais são os Sete Montes? São eles (1) o monte da Religião,
(2) o monte da Família, (3) o monte da Educação, (4) o monte
da Mídia, (5) o monte do Governo, (6) o monte das Artes e do
Entretenimento, e (7) o monte dos Negócios. Relacionei-os em
ordem aleatória, não necessariamente em ordem de importân-
cia. Obviamente, cada um dos sete poderia se subdividir inúme-
ras vezes. Por exemplo, o monte dos Negócios incluiria a cons-
trução, a marinha mercante, o serviço de saúde, a agricultura, a
engenharia, os seguros, a mineração, os transportes, a tecnolo-
gia, o varejo, os hotéis, o mercado financeiro, além de inúmeras
outras subdivisões. Os outros seis montes teriam subdivisões
similares. O desejo de Deus é que as pessoas com mentalidade
de Reino influenciem cada uma delas e transmitam os valores
do Reino de Deus aqui na terra.
Achei fascinante aprender com Wallnau que a origem des-
se tema das sete esferas da sociedade remonta a dois líderes
cristãos notáveis, Bill Bright, fundador do Campus Crusade
for Christ,* e Loren Cunningham, fundador da Youth With a
Mission (YWAM).** Esses dois homens contam que se encontra-
ram em um almoço. Enquanto comiam, um deles relacionou
o que em sua opinião eram os sete principais segmentos da
sociedade que deveriam ser trazidos sob o senhorio de Cristo.

*
Campus Crusade for Christ é uma organização cristã interdenominacional
que promove a evangelização e o discipulado em mais de 190 países ao
redor do mundo. Em 1996, o jornal USA Today classificou-a como a maior
organização evangélica dos Estados Unidos. (N. da T.)
**
Conhecida no Brasil como JOCUM — Jovens Com Uma Missão. (N. da T.)
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164 Assim na TERRA como no CÉU

Depois que o primeiro os havia citado, o outro enfiou a mão


no bolso e, com um sorriso, tirou uma lista que havia prepa-
rado para aquela reunião. Surpreendentemente, as listas deles,
usando terminologias ligeiramente diferentes, eram idênticas!
Elas são o que Wallnau rotulou de “Os Sete Montes”.
Lance Wallnau diria que poucas pessoas atuando fora des-
ses montes, se é que existe alguma, poderiam entrar em um
deles e esperar chegar ao topo e tomar o seu domínio. Elas pre-
cisariam ser pessoas de dentro de cada um deles. Por quê? Por-
que cada um dos Sete Montes possui uma cultura diferente.

A C U LT U R A C O N TA
E por falar em cultura, muitos não entendem o quanto é vasto
o vácuo cultural entre a Igreja Nuclear e a Igreja no mercado
de trabalho. Um estudo científico notável sobre isso foi feito
há alguns anos por Laura Nash da Harvard Business School, e
Scott McLennan da Universidade de Stanford, financiado por
uma doação da associação Lily Endowment. Eles não usaram
os termos “Igreja Nuclear” e “Igreja Estendida”, mas o título
do livro deles, Church on Sunday, Work on Monday (Igreja no do-
mingo, trabalho na segunda), expressa uma ideia similar. Eles
descobriram que o vácuo cultural entre os dois é enorme. Por
exemplo, Nash e McLennan afirmam: “Os homens e mulheres
de negócios e o clero vivem em dois mundos diferentes. Entre
os dois grupos encontram-se disseminados campos minados
de atitudes acerca do dinheiro, da pobreza e do espírito dos
negócios.”2
A visão antropológica é a de que a cultura humana é sim-
plesmente um conjunto de regras que oferecem certos valores
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UM NOVO CENÁRIO:A IGREJA NO MERCADO DE TRABALHO 165

e padrões de comportamento, ajudando as pessoas em uma


determinada sociedade a viverem juntas de maneira harmo-
niosa e produtiva. Cada cultura tem seu próprio regulamento.
Considere, por exemplo, a cultura norte-americana e a cultura
japonesa. Os norte-americanos comem com garfos, guardam
os sapatos dentro de casa, cumprimentam com um aperto de
mão e dirigem do lado direito da rua. Os japoneses comem
com pauzinhos, tiram os sapatos antes de entrar em casa,
cumprimentam curvando-se e dirigem do lado esquerdo da
rua. Qual está certo e qual está errado? Os antropólogos di-
riam que ambos estão certos. A cultura norte-americana está
certa para os Estados Unidos, e a japonesa certa para o Japão.
Agora, leve isso para a Igreja Nuclear e para a Igreja Esten-
dida. Como Nash e McLennan demonstraram, cada uma delas
tem regulamentos diferentes. A maioria dos crentes no merca-
do de trabalho entende ambas as regras. Eles vivem sob uma
delas de segunda a sábado e estão acostumados a mudar para a
outra no domingo. Entretanto, eis a dificuldade: a maioria dos
líderes da Igreja Nuclear entende apenas um regulamento — o
deles — e tende a pensar que grande parte do regulamento da
Igreja Estendida está errada! Isso, obviamente, é uma receita
para mal-entendidos na melhor das hipóteses e para conflitos
na pior das hipóteses. Uma das tarefas mais urgentes que te-
mos diante de nós é todos continuarmos a construir pontes de
reconhecimento, confiança e apreciação entre as duas culturas.

MÚ S IC A C O U N T RY N O S C A S S I N O S
Sinto que um passo importante para se construir o entendi-
mento entre os líderes da Igreja Nuclear e os líderes da Igreja
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166 Assim na TERRA como no CÉU

Estendida é saber com a máxima precisão possível quais são as


diferentes regras. Tendo isso em mente, usei a segunda parte
do meu livro Os Cristãos no Ambiente de Trabalho para desenvol-
ver oito dessas regras. Elas tratam de questões como adminis-
tração do tempo, mordomia, decisões difíceis, pragmatismo,
e mais. Para dar um exemplo, deixe-me fazer referência a meu
amigo Ricky Skaggs, famoso no meio da música country e do
bluegrass. Ricky é um crente comprometido, cheio do Espíri-
to, humilde, que honra a Deus. Quando não está na igreja, ele
adere ao regulamento da Igreja Estendida.
Imaginemos um cenário no qual os pastores de uma ci-
dade estão entre os líderes de um esforço para paralisar uma
iniciativa municipal de permitir que os cassinos sejam legali-
zados na cidade. A iniciativa, entretanto, é aprovada, e um cas-
sino é inaugurado, para consternação dos pastores que viam o
cassino como uma perigosa fortaleza das trevas em seu meio.
Ricky Skaggs recebe um convite para levar a sua banda e tocar
no cassino. O regulamento da Igreja Nuclear diria a ele para
recusar o convite, e para não usar o talento que Deus lhe deu
para o diabo. Entretanto, o regulamento da Igreja Estendida
de Ricky vê as coisas de maneira diferente. Ele se assemelha
ao Rei Davi dos tempos antigos e sente que Deus o está di-
recionando para usar os seus instrumentos de uma maneira
espiritual para expulsar demônios e para introduzir o Espírito
Santo, de modo que ele aceita o convite com a condição de dar
o seu testemunho como parte da apresentação.
Quem está certo e quem está errado? Cada regra tem uma
dimensão de validade. Em condições ideais, haveria respeito
mútuo. Os pastores reconheceriam Skaggs como um líder
maduro na Igreja do mercado de trabalho e um colega de mi-
nistério. Em vez de repreendê-lo (o que, aliás, muitos fizeram
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UM NOVO CENÁRIO:A IGREJA NO MERCADO DE TRABALHO 167

com Ricky na vida real), eles respeitariam sua capacidade de


ouvir de Deus e de tomar a decisão adequada, embora pudes-
sem não concordar com ele. No que se refere à música country
nos cassinos, os pastores são claramente estranhos, enquanto
Ricky Skaggs é alguém pertencente àquele círculo, e que tem
capacidade de discernimento.

A S C U LT U R A S D O S S ete M ontes
Pense nos Sete Montes de Lance Wallnau. Cada um deles tem
uma cultura distinta também. A cultura dos negócios obvia-
mente é diferente da cultura do governo, que é diferente da
cultura da educação, e assim por diante. De fato, provavelmen-
te há muitas características em comum nos diferentes montes
para aqueles que vivem como nós, na América, mas essas dife-
renças são nuances cruciais para qualquer pessoa que tente ir
até o topo e tomar o domínio de uma esfera específica. Embo-
ra alguns possam ser capazes de conseguir isso, muito poucas
pessoas têm a capacidade de funcionar efetivamente em mais
de uma das culturas.
Deixe-me ilustrar esse princípio citando um artigo escri-
to por Steven Sample, Presidente da Universidade do Sul da
Califórnia. Ele está preocupado porque, como diz: “Vivemos
em uma era na qual as disciplinas que compreendem as artes
e as humanidades se distanciaram das disciplinas da ciên-
cia e da tecnologia.”3 Ele prossegue fazendo referência a C.P.
Snow, que “descreveu os cientistas e os intelectuais literários
como pertencentes a duas culturas incapazes de se comuni-
car entre si”.4 O ponto que Sample deseja enfatizar é o de que
a USC está comprometida em construir pontes entre essas
duas culturas, mas fiquei perplexo com o reconhecimento ge-
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168 Assim na TERRA como no CÉU

ral por parte dos estudiosos acerca de vácuos culturais como


esses no mundo real.
Isso enfatiza uma razão principal pela qual os apóstolos
do mercado de trabalho são absolutamente essenciais para a
transformação social. Só os apóstolos, sejam de que espécie
eles forem, têm a autoridade dada por Deus para influenciar
e assumir o comando de certo segmento da sociedade em fa-
vor do Reino de Deus. Isto é verdade não apenas para todos
os Sete Montes, mas também para cada uma das subdivisões
significativas dos sete, como as artes e as ciências como duas
subdivisões da educação.
Onde os apóstolos da Igreja Nuclear teriam sua influência
estratégica? Obviamente, no monte da Religião. Quanto a isso
não há o que discutir, mas onde mais? Alguns sem dúvida res-
ponderiam que eles influenciam também a família. Há alguma
verdade nisso. Embora eles possam não usar o título, os após-
tolos da Igreja Nuclear como James Dobson e Donald Wil-
demon, assim como os “Rick Warrens”, os “Bill Hybels” e os
“Joel Osteens”, tiveram uma influência positiva no monte da
Família. Entretanto, muitos argumentariam que nos Estados
Unidos, durante toda a nossa vida, a mídia infelizmente teve
consideravelmente mais influência na família norte-americana
do que a Igreja. Poucos discordariam dessa afirmativa.
Vamos dar a eles o benefício da dúvida e concordar que
os apóstolos da Igreja Nuclear podem influenciar 1,5 dos 7
montes. Isso deixa ainda 5,5 dos montes cruciais nos quais os
apóstolos da Igreja Nuclear não têm praticamente nenhuma
influência. É por isso que não podemos depender apenas dos
apóstolos da Igreja Nuclear para assumirem toda a tarefa de
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UM NOVO CENÁRIO:A IGREJA NO MERCADO DE TRABALHO 169

tomarmos o domínio. Isso não acontecerá sem os apóstolos


do mercado de trabalho cheios do Espírito Santo e decididos a
servir a Deus tomando o domínio do monte, ou de sua subdi-
visão, no qual Deus os tenha colocado.

COLOCANDO AS COISAS
EM ORDEM
Uma função importante dos apóstolos é colocar as coisas em
ordem (ver Tito 1:5). Os apóstolos veem o quadro geral. Eles
são movidos por um propósito. Quando há uma tarefa eles
colocam a mão na massa, e procuram maneiras de realizá-la.
Eles possuem uma visão. Localizam e utilizam o material e os
recursos humanos necessários. Eles são motivadores. As pes-
soas reconhecem sua autoridade, respeitam sua liderança, e se
unem à equipe voluntariamente, contribuindo no que podem
para realizar os objetivos.
Agora, pense no local de trabalho comum. É provável que
haja certo número de cristãos ali. Praticamente todos saberão
que devem ser sal e luz no seu local de trabalho porque apren-
deram isso na igreja (ver Mateus 5:13-16). A maioria deles ten-
tou ao máximo influenciar seu local de trabalho para Deus.
Entretanto, eles têm feito isso talvez por cinco, dez ou quinze
anos, e nada mudou. Em alguns casos, as coisas pioraram! O
que está acontecendo? Eles oram e testemunham de Cristo.
Eles vivem uma vida ética e fazem bem o seu trabalho. Elas
fazem amizade e exibem o fruto do Espírito. Muitos, compre-
ensivelmente, ficam desanimados e começam a acreditar que
nada jamais mudará. Às vezes, falar sobre assumir o domínio
pode parecer algo muito irrealista.
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170 Assim na TERRA como no CÉU

SUBVERTENDO UM GOVERNO
Tenho uma sugestão. Creio que o que pode muito bem estar
faltando no cenário do local de trabalho que acabo de descre-
ver é simplesmente um governo. Vamos nos lembrar de que a
nossa responsabilidade de assumir o domínio equivale à in-
vasão de um território que Satanás tem dominado por muito
tempo. Pense nos Sete Montes. Satanás tem obtido êxito em
manter o controle na maior parte deles porque ele estabeleceu
um governo em cada um. Além do mais, é preciso um gover-
no para subverter outro. O povo de Deus constitui a Igreja no
local de trabalho, mas ele tem sido relativamente impotente
porque não tem um governo bíblico. Em uma palavra, os após-
tolos do mercado de trabalho não foram ativados.
Digo “ativados”, pois creio que os apóstolos já estão no
mercado de trabalho. Deus assumiu a responsabilidade por dar
dons e chamar aqueles a quem Ele escolheu para serem apósto-
los, profetas, evangelistas, pastores e mestres; mas aqueles que
receberam esses dons precisam ser reconhecidos, encorajados
e até comissionados se vão ser adequadamente ativados. Faze-
mos isso na Igreja Nuclear bastante bem, mas ainda estamos
um pouco deficientes no que se refere à Igreja Estendida.
Um dos motivos pelos quais isso tem sido tão difícil para
nós é que a maioria de nós nunca pensou assim antes. Veja,
por exemplo, John Maxwell, um dos principais mestres de li-
derança da nossa nação. Embora ele tenha passado a maior
parte de sua carreira como um líder da Igreja Nuclear, os últi-
mos anos o atraíram para o mercado de trabalho, no qual ele
funcionou como um apóstolo do mercado de trabalho, ouso
dizer. O resultado é que ele tem uma visão mais abrangente.
Revendo o passado, Maxwell admite: “Um de meus maiores
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UM NOVO CENÁRIO:A IGREJA NO MERCADO DE TRABALHO 171

erros foi pensar que a vida girava em torno da igreja local e do


que nós estávamos fazendo. Por exemplo, se você fosse mem-
bro da igreja, precisava ter um ministério na igreja.”5 Ele conti-
nua dizendo: “Eu tinha muitas pessoas altamente capacitadas
que provavelmente nunca foram ‘sal e luz’ como poderiam ter
sido. Eu mudaria isso imediatamente se voltasse para a igreja
local. Eu seria muito mais ligado em como influenciaríamos
a comunidade e muito menos em ‘como posso colocar todo
mundo a bordo da minha igreja e do meu programa’”.6 Gosta-
ria que todo líder de uma igreja local passasse a ter uma nova
forma de pensamento.
É claro que é importante para todo crente no mercado de
trabalho saber onde está a sua Igreja Nuclear no domingo. Em
um determinado local de trabalho, podemos encontrar pres-
biterianos, nazarenos, luteranos, membros da Assembleia de
Deus, do Exército da Salvação, batistas, apostólicos, meno-
nitas, e muitos outros. Sua identidade denominacional seria
importante para eles no domingo, mas simplesmente ser um
cristão que deseja fazer a diferença é tudo que importaria de
segunda a sábado.
Vamos supor que todos os crentes neste local de traba-
lho queiram ser sal e luz, mas lhes falte um governo. Como
esse governo poderia ser estabelecido? É muito improvável que
um governo viável pudesse ser formado por um líder da Igreja
Nuclear vindo de fora, principalmente por causa da bagagem
religiosa tradicional que ele traria. Além do mais, a maioria
dos apóstolos da Igreja Nuclear nem sequer faz ideia da cul-
tura ou das regras do mercado de trabalho. Por outro lado, se
ele é um apóstolo do local de trabalho, ele geralmente não leva
muita bagagem religiosa, e atuar na cultura e nas regras do
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172 Assim na TERRA como no CÉU

local de trabalho passa a ser algo que acontece naturalmente.


Consequentemente, os apóstolos do local de trabalho, e não os
apóstolos da Igreja Nuclear, são aqueles que teriam o melhor
potencial para estabelecer um governo capaz de transformar
aquele segmento da sociedade.

E S F E R A S T E R R IT O R I A I S
Até aqui, meu foco foi a influência potencial dos apóstolos do
mercado de trabalho nos Sete Montes. Cada um desses montes
precisa de um governo apostólico para fazer recuar as forças
das trevas. Agora vamos um pouco mais além. Quando pensa-
mos em transformação da sociedade, essa palavra “sociedade”
geralmente significa um grupo de pessoas vivendo juntas em
uma determinada região geográfica, como um bairro, uma co-
munidade, uma cidade, uma província, ou até uma nação.
Por exemplo, no capítulo 2 descrevi a cidade de Almolon-
ga, na Guatemala, como um caso de estudo sociologicamente
verificável de transformação social. Na época em que este livro
estava sendo escrito, até onde eu saiba, ela era a única unida-
de social significativa realmente transformada (em outras pa-
lavras, o processo foi concluído). Entretanto, George Otis, Jr.
identificou mais de 500 cidades e outras unidades sociais que
estão atualmente bem avançadas no processo rumo à transfor-
mação social. Algumas delas chegarão a uma transformação
verificável, outras irão estagnar, e outras ainda regredirão com
o tempo.
Uma das mais importantes variáveis da análise sem dúvida
será o governo que o povo de Deus será capaz de estabelecer
a fim de confrontar o governo das trevas sobre os territórios
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UM NOVO CENÁRIO:A IGREJA NO MERCADO DE TRABALHO 173

geográficos nos quais Satanás tem estado entrincheirado desde


então. Na maioria dos casos, isso vai requerer uma liderança
apostólica in loco. Em Almolonga, diversos apóstolos surgiram
para liderar a transformação da cidade. Um dos mais conheci-
dos foi Mariano Riscajche, que é um membro da Coalizão Inter-
nacional de Apóstolos (ICA). Ele deu início ao processo expul-
sando inúmeros demônios de alcoolismo, e depois construiu
uma mega igreja com suas instalações bem na praça central da
cidade. Ele ajudou a estabelecer um governo de justiça, que ob-
teve êxito em expulsar o governo de Satanás do território.
No caso de Riscajche, Deus logo expandiu sua missão ter-
ritorial, não apenas para a cidade, mas também para as nações.
Foi profetizado que Almolonga seria uma luz para as nações,
e Riscajche, agora sediado na Califórnia, está viajando interna-
cionalmente com sinais e maravilhas que o acompanham. Em
um momento, ele era um apóstolo territorial; mas agora, neste
novo momento, seu manto apostólico é uma bênção em todo
lugar. Tenha em mente que, no momento em que este livro
está sendo escrito, Almolonga é a única cidade que passou no
teste da transformação social verificável.
A ideia de territórios como esferas apostólicas é bíblica.
Quando expliquei as esferas apostólicas anteriormente neste
capítulo, mencionei que Paulo tinha autoridade apostólica em
Corinto, Éfeso (Ásia), Filipos e na Galácia, mas não em Alexan-
dria, em Jerusalém ou na Índia. Seria correto me referir a Pau-
lo como apóstolo territorial nas regiões que estavam dentro de
suas esferas de autoridade. Pedro também é muito específico
acerca dos territórios que lhe foram designados: Ponto, Galá-
cia, Capadócia, Ásia e Bitínia (ver 1 Pedro 1:1). É interessante
notar que tanto Paulo quanto Pedro tinham influência apos-
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174 Assim na TERRA como no CÉU

tólica territorial na Ásia e na Galácia. Entretanto, embora seus


territórios estivessem sobrepostos, seus ministérios e suas es-
feras de autoridade não se sobrepunham porque Paulo era um
apóstolo aos incircuncisos — os gentios —, enquanto Pedro era
um apóstolo aos circuncisos — os judeus.

L ID E R A N Ç A P E R S EV E R A N T E
A primeira das cinco características em comum que George
Otis Jr. identificou nas cidades e regiões cujo processo rumo
à transformação social está bem avançado é a “liderança per-
severante”.7 Que tipo de liderança devemos esperar? Se o que
tenho dito está correto, ela não deve ser nada menos que uma
liderança apostólica. Não vamos confundir liderança apos-
tólica com liderança pastoral. Digo isso, pois estou entre
aqueles que cometeram o grave erro de confundir as duas há
alguns anos. Conforme já indiquei, a noção de transforma-
ção social só começou a ser detectada entre nós, evangélicos
de inclinação carismática, em 1990, com a publicação do li-
vro de John Dawson, Reconquiste Sua Cidade Para Deus. Como
muitos de nós começamos a criar estratégias, formas e meios
de tornar isso uma realidade, concordamos com George Otis
Jr. que seria necessário uma liderança que perseverasse nesse
propósito. Durante os anos 90, o ofício de apóstolo estava
apenas começando a ser reconhecido, mas ainda por poucas
pessoas. A liderança cristã mais proeminente e igualitária
que conhecíamos em todos os sentidos eram os pastores da
igreja local.
Em um esforço para definir alguma espécie de governo es-
piritual nas nossas cidades, desenvolvemos a ideia da “Igreja
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UM NOVO CENÁRIO:A IGREJA NO MERCADO DE TRABALHO 175

da cidade”. Isso significava que em uma determinada cidade


havia apenas uma igreja cristã composta de muitas congre-
gações e que os pastores das igrejas locais deviam ser vistos
como co-pastores da Igreja da cidade. Começamos a rotular
os pastores da igreja local de “guardiões espirituais da cida-
de”. Soava bem e parecia bastante bíblico, mas havia uma falha
grave. Não intencionalmente, isso acabou por neutralizar uma
liderança forte. Por quê? Porque se todos os pastores eram co-
pastores, todos eles tinham a mesma voz quanto ao que acon-
tecia na cidade. Isso significava que os perdedores teriam tanta
influência quanto os vencedores. Não se engane, em qualquer
cidade, alguns pastores são perdedores e outros vencedores. Se
os vencedores não estiverem no comando, a transformação da
cidade não pode e não irá acontecer.
Agora que estamos na Segunda Era Apostólica, reconhece-
mos que os pastores não são os guardiões espirituais da cidade
como um dia pensamos. Os apóstolos, mais especificamente
os apóstolos territoriais, devem ser vistos como os guardi-
ões espirituais da cidade. Alguns desses apóstolos territoriais
emergirão da Igreja Nuclear, muito provavelmente alguns se-
rão pastores de mega igrejas; mas estou convencido de que a
grande maioria deles virá da Igreja Estendida. Nossos apósto-
los do mercado de trabalho têm o maior potencial para liderar
as forças para a transformação da cidade. Eles são aqueles que
estarão mais profundamente encaixados nos seis montes além
da religião. Eles são vencedores. Sabem como fazer as coisas
acontecerem quando lhes é dada a oportunidade.
Seria difícil, se não impossível, imaginar reconquistar o
domínio tirando-o das mãos de Satanás sem a participação
ativa da Igreja no mercado de trabalho. Entendo que esta é
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176 Assim na TERRA como no CÉU

uma ideia bastante nova e que a implementação de tais prin-


cípios ainda está em seus estágios iniciais. Como o primeiro
passo essencial, estamos identificando os apóstolos no merca-
do de trabalho. Entre os 500 membros da Coalizão Internacio-
nal de Apóstolos (ICA) na época em que este livro está sendo
escrito, cerca de 60 ou 70 estão relacionados como apóstolos
do mercado de trabalho (Igreja Estendida). Entretanto, isso
não quer dizer que eles já foram ativados e estrategicamente
posicionados e podem ser atestados por qualquer um. O dia
virá, entretanto, em que esses generais de Deus estarão cada
vez mais cumprindo o seu destino na ampliação do Reino
do Senhor.
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CAPÍTULO 8

U M A N O VA E S T R AT É G I A :
A P R E N D E NDO COM A
E X PE RI Ê NCI A
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178 Assim na TERRA como no CÉU

P or que precisamos falar sobre uma nova estratégia? Sim-


plesmente porque, até agora, as estratégias de transfor-
mação social que temos experimentado não funcionaram
tão bem quanto esperávamos. Temos tentado uma, duas, três
vezes. Vimos muitos sinais encorajadores. Mas e a transfor-
mação? Nossas aljavas ainda não estão cheias de histórias de
sociedades humanas que passaram por uma transformação
prolongada. O Reino de Deus ainda está por vir assim na ter-
ra como é no céu.

ES C L A R E C E N D O O S N O S SO S O B J E T I V O S
O primeiro passo para determinar uma estratégia é ter um ob-
jetivo viável. O objetivo, é claro, é o que importa. A estratégia é
apenas um meio para se chegar a um fim. O motivo pelo qual
menciono isso é porque de algum modo um grande número
de pessoas foi programado com a noção ridícula de que o fim
não justifica os meios. Não é preciso pensar muito para en-
tender que nada pode justificar os meios a não ser o fim. Qual
seria a utilidade de se desenvolver uma estratégia (o meio) se
você não sabe primeiro qual é o objetivo (o fim)?
Alguns responderão que não podemos usar meios antié-
ticos para realizar um determinado fim, embora ele possa ser
um fim ético. Isto, naturalmente, é verdade. Vamos concordar,
portanto, com a necessidade de sermos éticos em tudo o que
fazemos. Tendo concordado nesse ponto desde o princípio,
sugiro que agora passemos da esfera da ética para a esfera da
estratégia prática.
Sempre haverá mais de uma opção eticamente neutra para
uma estratégia, então qual escolheremos? Naturalmente aque-
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U M A N O VA E S T R AT É G I A : A P R E N D E N D O C O M A E X P E R I Ê N C I A 179

la que melhor realize o nosso objetivo. Outra maneira de dizer


isso é “Faça o que for preciso!” Esta linha de pensamento pre-
visivelmente esbarra ainda que levemente na questão relacio-
nada ao pragmatismo. Não sei bem o porquê, mas, na mente
de um grande número de líderes da Igreja Nuclear, o pragma-
tismo é visto quase como uma transgressão. Frases religiosas
do tipo “O que realmente importa é quem eu sou, não o que
faço”, “O processo é mais importante do que o resultado”, e
“Deus sabe que meu coração está no lugar certo” são usadas
para abrir a porta para as pessoas justificarem confortavel-
mente a falta de sucesso em um determinado projeto.
Em minha opinião, essas colocações por demais ingênuas
feitas por vários líderes cristãos causaram um curto-circuito
na realização de um grande número de esforços rumo à me-
lhoria da sociedade. Aqueles que não entendem a relação en-
tre meios e fins ou aqueles que têm uma aversão automática
ao pragmatismo, geralmente são aqueles que ficam satisfeitos
apenas com as intenções, e não aqueles que insistem na produ-
ção. Para eles, definir cuidadosamente os objetivos é algo que
podemos adiar até termos mais tempo. Essas pessoas tendem
a ficar nervosas quando alguém sugere estabelecer dispositivos
de mensuração mais objetivos para avaliar o progresso rumo a
um determinado objetivo.

FAZE N D O C U MP R IR O S N O SS O S O B J E T I V O S
É desnecessário dizer que sempre fui uma pessoa que valoriza
o pragmatismo. Isso, eu sei, custou-me algumas amizades. Por
exemplo, uma das coisas das quais me orgulho de mim mesmo
é o fato de terem escrito um livro inteiro para criticar o meu
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180 Assim na TERRA como no CÉU

pragmatismo (e o de George Barna)!1 O que o livro dizia a meu


respeito é verdade! Por ser uma pessoa pragmática e por querer
ver meus objetivos realizados, três coisas se tornam extrema-
mente importantes para mim:

• Uma definição clara e precisa do nosso objetivo.


• A estratégia mais eficiente para realizar esse objetivo.
• Um dispositivo de mensuração para avaliar e medir
o progresso que está sendo feito.

Faltaram esses três elementos a muitos dos nossos re-


centes esforços cristãos para cumprir o mandato cultural e,
consequentemente, eles não atenderam nossas expectativas.
Conforme mencionei no capítulo 2, um dos nossos líderes
mais notáveis que passou décadas desenvolvendo princípios e
praticas de desenvolvimento transformacional é Bryant Myers.
Atuando anteriormente na World Vision International e agora
no Seminário Fuller, Myers é alguém que concordaria com os
três elementos que relacionei. Seu livro Walking With the Poor
(Andando com os pobres) é uma análise reflexiva do que foi
feito no passado e do que precisa ser feito no futuro. Myers
indica que nossa estratégia deve incluir “aprender enquanto
abrimos caminho para o futuro”.2 Isso requer medição e ava-
liação constantes. Nosso objetivo se torna um “marcador no
horizonte”.3 Myers continua:

Por mais fora da rota que o nosso trabalho em curto pra-


zo termine, as avaliações regulares nos permitem saber
onde estamos com relação a onde queremos chegar. Com
uma visão e valores claros, podemos então trabalhar em
planos de curto prazo, parando periodicamente para ver
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U M A N O VA E S T R AT É G I A : A P R E N D E N D O C O M A E X P E R I Ê N C I A 181

se o lugar onde terminamos está dentro da rota de nossa


visão. Se estiver, planejamos outro passo, e avaliamos no-
vamente. Se não, então redirecionamos nosso plano, da-
mos outro passo de curto prazo, e avaliamos novamente.4

Quer você goste do termo ou não, isso é uma abordagem


pragmática.

N O S S O MA R C A D O R :
A T R A N S F O R MA Ç Ã O DA C I D A D E
Obviamente o primeiro passo é determinar que marcador va-
mos fixar no horizonte. A tese final deste livro é que o nos-
so objetivo definitivo deve ser o mandato de Deus para o Seu
povo retomar o domínio sobre a criação que Adão perdeu para
Satanás no Jardim do Éden. Isso significa que o nosso marca-
dor, nosso objetivo final, não é nada menos que a transforma-
ção social.
A nossa visão de longo alcance é ver toda a vida humana
no planeta Terra desfrutando os valores e as bênçãos do Reino
de Deus. Mas isso, é claro, não vai acontecer de uma hora para
outra. Consequentemente, precisamos começar com unidades
sociais menores, mais manejáveis. Poderíamos pensar estrate-
gicamente no nosso bairro, ou no nosso vilarejo, ou na nossa
cidade ou na nossa região ou no nosso estado ou na nossa
nação. Poderíamos pensar nos Sete Montes que descrevi no ca-
pítulo 7 e em como seria transformar o monte dos Negócios, o
monte da Educação, o monte da mídia, ou o monte do Gover-
no. Poderíamos pensar em transformar nossa própria empresa
ou a indústria da construção ou a saúde pública.
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182 Assim na TERRA como no CÉU

Esta é apenas uma questão de opinião, mas creio que a


unidade social mais viável para todos em geral, em direção à
qual deveríamos dirigir nossas estratégias inicialmente, é a ci-
dade. Como um ponto de partida, isso reflete o título do livro
de John Dawson que é um ponto de referência, já mencionado
por mim diversas vezes, Reconquiste Sua Cidade para Deus. As
cidades são unidades de nossa sociedade reconhecidas, bem
definidas, manejáveis. Portanto, quando penso em estabelecer
um marcador no horizonte sinalizando nosso objetivo, me re-
firo principalmente à transformação das nossas cidades. En-
tendo que a Bíblia nos diz para fazer “discípulos de todas as
nações” (Mateus 28:19), mas os primeiros passos poderosos
em direção a esse objetivo envolveriam fazer discípulos nas ci-
dades de uma nação específica. As cidades geralmente consti-
tuem os centros de poder estratégico de uma nação.

Q U A N D O IS T O A C O N T E C E ?
Se a transformação de uma cidade é o nosso marcador, como
sabemos se e quando atingimos esse objetivo? Faço esta per-
gunta porque, nos últimos anos, um bom número de líderes
cristãos em diversos lugares esteve envolvido na tentativa de
transformar cidades. Entretanto, com exceção de Almolonga,
na Guatemala, tem sido difícil identificar uma cidade verda-
deiramente transformada. Ao usar a palavra “transformada”,
conforme fiz no capítulo 2, quero dizer uma transformação
sociologicamente verificável. Exigiria um investigador inde-
pendente, que estivesse qualificado para avaliar situações des-
se tipo, declarando publicamente que a cidade foi autêntica e
realmente transformada. Em Almolonga, por exemplo, isso foi
feito. Nesse caso, foi um jornalista investigativo que pesquisou
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o que havia acontecido e publicou suas descobertas em Crónica


Semanal, o equivalente guatemalteco para a revista TIME.
O motivo pelo qual precisamos de uma pessoa de fora
para essa avaliação é o fato de muitos líderes eclesiásticos, em
esforços bem-intencionados de encorajar aqueles que podem
estar apoiando-os de uma forma ou outra, demonstraram
uma tendência de exagerar a importância dos acontecimentos
narrados. Eles às vezes comemoram o fechamento de uma clí-
nica de aborto, a diminuição das taxas de crimes, um presépio
em frente à prefeitura, uma grande apreensão de drogas, um
crente sendo eleito prefeito, o fim de um período de seca ou
algum outro bom relato semelhante a esses como indicação
de que a cidade foi transformada. Estes podem ser sinais le-
gítimos de que um processo de transformação está realmen-
te a caminho em uma determinada cidade, mas eles deixam a
desejar no sentido de que não se trata de uma transformação
sociologicamente verificável.
Eis como Bryant Meyers vê isto: “A estrutura teológica
subjacente é a de que Deus criou um mundo social bom e ge-
rador de vida; onde quer que encontremos o bem no nosso
mundo, estamos vendo evidências da obra e dos dons de Deus.
Mas a história bíblica é o relato do projeto de Deus para res-
taurar as vidas de indivíduos e comunidades, manchados pelo
pecado, para que possam ser bons, justos e pacíficos novamen-
te.”5 Quando isso acontece com uma cidade, podemos dizer
que ela foi transformada.

FA S E T R Ê S
Como expliquei no início deste capítulo, o motivo pelo qual
precisamos considerar uma nova estratégia é porque as estra-
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184 Assim na TERRA como no CÉU

tégias que temos tentado não têm funcionado tão bem quanto
desejaríamos. Seria bom se uma cidade ou duas além de Al-
molonga se juntassem às fileiras das cidades verificavelmente
transformadas. Possivelmente a cidade de Ussinsk, na Rússia,
também esteja qualificada. Quando acrescentarmos outras ci-
dades à lista, naturalmente vamos enfatizar as estratégias que
fizeram isso acontecer e veremos o que podemos fazer para
aplicá-las em outras cidades.
Alguns podem interpretar a história de modo diferente,
mas eu gostaria de sugerir que estamos passando para a Fase
Três do plano revelado por Deus aos evangélicos para que eles
conquistem o domínio. Meu desejo é que este livro pelo menos
forneça algumas peças valiosas para esboçar um projeto para a
Fase Três. Estou focando nos evangélicos, no sentido mais am-
plo do termo, porque mundialmente, de acordo com pesqui-
sadores como David Barrett e Philip Jenkins, os evangélicos,
e especialmente os de inclinação carismática, representam a
grande massa do Corpo de Cristo vivo hoje que continuará a
estar na vanguarda nas futuras gerações.
Vejo a Fase Um como a fase da ação social. Quando resu-
mi a história do movimento de transformação social no capí-
tulo 2, sugeri que esta fase começou com Lausanne, em 1974.
Foi quando muitos evangélicos começaram a subir a bordo do
mandato cultural. Anteriormente, os ministros sociais cristãos
haviam sido em grande parte absorvidos pelo movimento do
evangelho social, que não incluiu os evangélicos, pois ele havia
retirado a ênfase ou mesmo rejeitado o mandato evangelístico.
Os evangélicos da Fase Um começaram a enfatizar o cuidado
com os pobres e menos favorecidos. Apoiavam causas como a
justiça social, a justiça nacional, a libertação em lugar da opres-
são, a igualdade racial, a distribuição equitativa de riquezas, a
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U M A N O VA E S T R AT É G I A : A P R E N D E N D O C O M A E X P E R I Ê N C I A 185

educação, o serviço de saúde e as melhorias ecológicas, enquan-


to ao mesmo tempo salvavam almas e multiplicavam igrejas.
A partir disso, concluímos que as estratégias para a trans-
formação social, como a temos definido, não eram uma parte
proeminente da Fase Um. A teologia do domínio não havia
aparecido nas agendas de maior parte dos evangélicos da ação
social. Na verdade, quando o problema realmente surgia, ele
era frequentemente descartado como sendo uma teologia de-
feituosa apontando para a teocracia, uma noção muitas vezes
ridicularizada como “triunfalismo”. Defensores da teologia do
domínio foram gravemente advertidos contra se desviarem e
voltarem para o Constantinianismo. Eu calcularia que a Fase
Um tenha durado cerca de 16 anos, de 1974 a 1989.
A Fase Dois, como expliquei no capítulo 2, foi iniciada
pelo livro de John Dawson, Reconquiste Sua Cidade para Deus.
O título do livro em si reflete o objetivo da transformação so-
cial. As estratégias aplicadas naquele tempo giravam em gran-
de parte em torno de um conjunto de conceitos relativamente
novos de guerra espiritual de nível estratégico, e atividades as-
sociadas que detalhei no capítulo 6. Uma parte crucial da Fase
Dois foi o início da revelação progressiva a respeito do governo
bíblico da Igreja. Algumas visões mais explícitas sobre a teo-
logia do domínio começaram a surgir neste período, mas elas
eram em sua maioria mantidas nos bastidores. A Fase Dois
também durou por volta de 16 anos, de 1990 a 2006.

A FA D IG A D A T R A N S FO R M A Ç Ã O
Durante a Fase Dois, referente à tomada das cidades, uma
espécie de fadiga relacionada à transformação pareceu se ins-
talar. O fato de estarmos trabalhando com nossas principais
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186 Assim na TERRA como no CÉU

lideranças evangélicas carismáticas em praticamente todas


as cidades dos Estados Unidos por 16 anos, mas ainda não
podermos apontar uma única cidade transformada em nossa
nação, tenderia a ser desanimador. Visando a uma análise do
fato, quatro explicações possíveis poderiam ser dadas:

1. Temos estabelecido o objetivo errado. É demais esperar que


todas as cidades possam ser transformadas. Discordo des-
se argumento. Creio que estávamos nos dedicando
ao verdadeiro mandato de Deus.
2. Nosso objetivo está certo, mas estamos usamos a aborda-
gem errada. Precisamos fazer algo diferente. Discordo
também. Creio que o que temos feito tem sido mui-
to bom.
3. Estamos usando a abordagem certa, mas não fizemos o
suficiente. Vamos fazer o mesmo por mais 16 anos. Dis-
cordo. Chega da mesma condição das coisas. Algo
precisa ser mudado.
4. O que temos feito está bem, mas ainda está incompleto.
Concordo com essa explicação. Creio que precisa-
mos acrescentar estratégias novas ao que já recebe-
mos de Deus. Eu não poderia ter escrito este livro
durante a Fase Dois, mas Deus continua a nos dar
vinho novo, e creio que desenvolveremos fielmente
os odres novos necessários na Fase Três.

PODE SER FEITO!


Um dos motivos pelos quais estou convencido de que as cidades
podem ser transformadas é porque temos alguns exemplos con-
cretos, embora sem dúvida não nos Estados Unidos. Mencio-
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U M A N O VA E S T R AT É G I A : A P R E N D E N D O C O M A E X P E R I Ê N C I A 187

nei Almolonga, na Guatemala, e Ussinsk, na Rússia. Espero que


haja outros exemplos dos quais eu não tenha conhecimento.
Para mostrar que isso pode ser feito, amo voltar na histó-
ria, até Florença, na Itália, onde Girolamo Savanarola liderou
um exemplo notável de transformação. Contei a história em
outros livros, mas ela é tão encorajadora que quero repeti-la
novamente:

O governo maligno da cidade [de Florença] foi destituí-


do, e Savanarola ensinou o povo a estabelecer uma forma
democrática de governo. O avivamento trouxe uma tre-
menda mudança moral. O povo parou de ler livros vis e
mundanos. Os comerciantes devolviam ao povo os lucros
excessivos que tinham obtido. Os malandros e meninos
de rua pararam de cantar músicas pecaminosas e come-
çaram a cantar hinos nas ruas. Os carnavais foram proi-
bidos e abandonados. Fogueiras enormes eram feitas com
livros mundanos e imagens obscenas, máscaras e perucas.
Uma grande pirâmide octogonal de objetos mundanos foi
erguida na praça pública de Florença. Ela tinha sete anda-
res de 18 metros de altura e 73 metros de circunferência.
Enquanto os sinos tocavam, o povo cantava hinos e as fo-
gueiras ardiam.6

Acrescentando mais um exemplo contemporâneo, vamos


até o Camboja, país sobre o qual Morris Ruddick conta esta
fascinante história:

Há quase uma década, fui impactado por uma aliança en-


tre um empresário cristão de sucesso e um missionário
experiente. [Observe a conexão entre um líder da Igreja
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188 Assim na TERRA como no CÉU

Nuclear e um líder da Igreja Estendida]. Eles haviam se as-


sociado para mobilizar um pequeno grupo de cristãos em
uma aldeia budista empobrecida na área rural do Cambo-
ja. O trabalho era escasso e a maioria das pessoas naquela
aldeia mal tinha o suficiente para alimentar suas famílias
com uma refeição por dia.
Com um vasto suprimento de argila no solo ao redor,
eles deram início a um negócio simples que criou vasos
decorativos, destinados a serem pendurados na parede.
A distribuição era feita através das lojas de presentes do
Reino Unido. A demanda pelos vasos de argila começou a
aumentar, e logo aquele punhado de cristãos cambojanos
começou a contratar outros em sua aldeia à medida que
o negócio se expandia. À medida que o empreendimento
crescia cada vez mais famílias começavam a comer duas e
depois três refeições por dia! Os proprietários comparti-
lhavam com os seus trabalhadores as verdades sobre Jesus
e os princípios da Palavra de Deus. Com o tempo, o resul-
tado foi a redução da fome da população, e toda a aldeia
abraçou a bondade do Senhor e se tornou cristã.
Agora os aldeões estão visitando outras aldeias com as
Boas Novas.7

A P R E N D E N D O C O M A EX P E R I Ê N C I A
Uma coisa é reconhecer que a transformação das cidades
é possível, outra é desenvolver uma estratégia que possa ser
transferida de uma situação para outra diferente. Eu gostaria
de ser capaz de produzir o que os cientistas chamam de “prova
de conceito”, que é o vínculo entre a teoria e a prática. A única
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maneira de uma prova de conceito se tornar realidade é através


da tentativa diligente e do erro. Benjamin Franklin, por exem-
plo, fracassou diversas vezes até conseguir canalizar a eletri-
cidade. Entretanto, ele jamais poderia ter iniciado o processo
sem ter uma teoria em mente. Mas depois que ele começou a
trabalhar, cada fracasso se tornou um passo positivo ao lon-
go do caminho porque ele estava continuamente descobrindo
como aquilo não poderia ser feito. Ele sabia como aprender
com a experiência.
Quando me dispus a escrever este livro sobre assumir o do-
mínio, eu soube desde o princípio que estaria limitado em gran-
de parte à teoria. Tenho muita esperança de que qualquer dia
desses teremos inúmeros relatos de projetos de sucesso, socio-
logicamente verificáveis, que transformaram inúmeras cidades
para o Reino de Deus. Embora não os tenhamos ainda, temos
uma série de esforços promissores em andamento, e alguns de-
les sem dúvida provarão ter êxito. Atualmente, o catálogo mais
completo desses esforços pode ser encontrado no livro de Rick
Heeren, Extraordinary Miracles (Milagres extraordinários). Adi-
cionalmente, mais para o fim deste capítulo, enfatizarei o que
poderia provar ser a nossa diretriz mais viável para uma nova
estratégia de transformação social, como foi sugerido por um
apóstolo do mercado de trabalho, Ken Eldred.

UM SONHO PARA A ÁFRICA


Quando o livro de Bruce Wilkinson, A Oração de Jabez, se tor-
nou um best-seller inesperado e galopante no ano de 2000,
Wilkinson começou a lançar uma visão para usar a sua riqueza
recém-adquirida e o seu status de celebridade para empreender
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190 Assim na TERRA como no CÉU

um intenso projeto de transformação social. Contudo, de ma-


neira decepcionante, em menos de quatro anos ele sofreu uma
queda vertiginosa da qual não conseguiu se recuperar. Apesar
de orar constantemente: “Oh! Tomara que me abençoes e me
alargues as fronteiras” (1 Crônicas 4:10), Wilkinson, diferente-
mente de Jabez, não viu sua oração respondida. Quando, em
2005, ele anunciou sua demissão repentina de seu famoso mi-
nistério, Dream for Africa, Wilkinson disse: “Em algum mo-
mento ao longo de tudo isso irá se compreender que não há
problema em se tentar uma visão e ela não funcionar, sem que
isso a torne um fracasso avassalador.”8
Uma das maneiras de impedir que o Dream for Africa en-
tre na história das missões que terminaram em fracasso total
é aprendendo com Wilkinson o que não fazer em projetos fu-
turos voltados para a transformação. Benjamin Franklin teve
seus fracassos também, mas ele continuou aprendendo com a
experiência.
O que Bruce Wilkinson tentou? Em suas visitas à África
ao longo dos anos, Deus havia lhe dado um fardo pelos 20 mi-
lhões de órfãos da África, a maioria deles resultado da morte
de seus pais causada pela AIDS. Seus dois alvos passaram a
ser cuidar dos órfãos e a prevenção da AIDS, assim como a
pobreza resultante. Embora o Dream for Africa tivesse como
alvo todo o continente, Wilkinson optou por definir a nação
empobrecida da Suazilândia como projeto piloto, adjacente
à África do Sul, com uma população menor que a cidade de
Phoenix, no Arizona. A Suazilândia, com 70 mil órfãos, lida
com o fato de que 40% de sua população adulta está infectada
com o vírus da AIDS. A maioria de seus cidadãos ganha menos
de 1 dólar por dia.9
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U M A N O VA E S T R AT É G I A : A P R E N D E N D O C O M A E X P E R I Ê N C I A 191

A AT R A Ç Ã O T U R ÍS T I C A
D A V IL A D O S S O N H O S
Wilkinson pensou ter conseguido a permissão do rei daquela
nação para construir o que ele chamou de “Vila dos Sonhos
Africana”, que abrigaria 10 mil órfãos além de supervisores
suazi, nativos da região, assim como serviria como local para
uma atração turística com um aeroporto, um hotel de luxo,
um campo de golfe e uma base para safáris africanos. Ele vi-
sualizou doadores norte-americanos lotando aquele hotel, de-
sejosos por combinar caridade com férias na África. A fim de
promover os safáris, ele pediu ao governo para lhe conceder o
controle das duas melhores reservas de caça da nação. Ele pla-
nejou uma “mega fazenda” e algumas indústrias, que ele espe-
rava poderem tornar a Vila dos Sonhos autossustentável. Para
combater a AIDS, ele lançou um programa com voluntários
norte-americanos em missões de curto prazo para promover a
abstinência sexual nas 172 escolas secundárias da Suazilândia.
Ocorre que o erro mais prejudicial de Wilkinson foi sua
falta de conhecimento das questões missiológicas. Com pou-
ca experiência de campo em comunicação intercultural, ele
foi visto por muitos dentro e fora da Suazilândia como um
norte-americano estereotipado e desagradável. Ele foi até
mesmo avisado pelo Embaixador dos Estados Unidos, Lewis
Lucke, de que o plano para tirar os órfãos de suas aldeias
nativas e levá-las para a Vila dos Sonhos Africana seria uma
violação grave às normas culturais da Suazilândia, mas a ad-
vertência não foi ouvida. A mídia suazi captou essa informa-
ção e um editor do Swazi News escreveu: “Por que [Wilkinson]
não pode simplesmente nos dizer que ele quer que o país in-
teiro lhe seja dado para poder se gabar para os seus amigos
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192 Assim na TERRA como no CÉU

no exterior de que ele possui uma colônia moderna na África


chamada Suazilândia?”10
A UNICEF na Suazilândia se voltou contra ele. O ponto
de ruptura aconteceu quando Wilkinson percebeu que havia
cometido um erro cultural interpretando mal o rei. Embora
o rei da Suazilândia tivesse demonstrado a cortesia africana
adequada a um visitante norte-americano famoso e abastado,
ele aparentemente nunca teve qualquer intenção de concordar
em apoiar a Vila dos Sonhos Africana.11

R ÍO S MO N T T, D A G U AT E M A L A
Poderíamos suspeitar que se o rei suazi (que, por falar nisso,
possui 13 esposas) fosse um crente comprometido e nascido
de novo, o projeto de Bruce Wilkinson pudesse ter se saído me-
lhor. Não necessariamente. Lembro-me da empolgação entre
os líderes cristãos norte-americanos em princípios dos anos
80, quando Efraín Ríos Montt se tornou o primeiro presiden-
te da Guatemala nascido de novo. Ele tinha uma nobre visão
de pôr fim à corrupção e vencer os grupos de guerrilheiros
marxistas que estavam destruindo a nação. A mídia evangéli-
ca norte-americana, inclusive as revistas Charisma, Christianity
Today, a CBN de Pat Robertson, bem como Jerry Falwell, Luis
Palau e outros, encorajaram uma transformação social autên-
tica naquela nação. Palau disse: “A mão de Deus parece estar
sobre ele.”12
Entretanto, sob o regime de Ríos Montt, a violência na
Guatemala atingiu níveis sem precedentes com cerca de 200
mil fatalidades, principalmente entre povos indígenas civis
inocentes. Ele sem dúvida estava enfrentando forças espiritu-
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ais do mal de alto nível que estavam tendo vantagem. Apesar


de todas as suas boas intenções, ele não podia controlar seu
próprio exército; e depois de 17 meses no cargo, acabou sendo
deposto por um golpe. A transformação não aconteceu apesar
do apoio do Corpo de Cristo internacional e da influência nas
esferas mais altas do governo. É preciso haver uma estratégia
melhor, e creio que ela se refere a tomar o domínio de todos os
Sete Montes, e não apenas de um ou dois.

S U S T E N TA B IL ID A D E
Muitos esforços bem-intencionados em direção à transforma-
ção social no fim se transformaram em tempestades num copo
d’água. Algumas histórias e narrativas encorajadoras foram
relatadas, mas elas são um grito distante da transformação
sociologicamente verificável. Bryant Myers identifica a susten-
tabilidade como um dos principais problemas desses esforços.
Eis como ele coloca a questão:

Houve muitos exemplos no passado de programas de de-


senvolvimento que pareceram estar fazendo a diferença,
na medida em que a equipe e o dinheiro da agência de de-
senvolvimento estavam presentes. Mas as avaliações dos
mesmos programas realizadas depois que o dinheiro e a
equipe haviam sido retirados revelavam que a totalidade
do empreendimento desenvolvido necessitava de mais re-
cursos do que a comunidade era capaz de prover por si
só. Depois de um ano ou dois, era difícil encontrar evi-
dências de que algum dia havia existido qualquer progra-
ma naquele lugar. Em alguns casos, a situação realmente
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194 Assim na TERRA como no CÉU

piorou, pois a comunidade havia se tornado dependente


de fontes externas e agora sofria de uma diminuição de
capacidade.13

Isto significa que quando empreendemos esforços rumo à


transformação social, é tão importante avaliar as implicações
de longo alcance quanto atenuar a crise mais imediata alimen-
tando os famintos e vestindo aqueles que estão despidos. Re-
pito, nossos projetos de transformação social têm mais chance
de se sustentarem se simultaneamente tivermos como alvo to-
dos os sete modeladores da cultura.

O Ó P IO A F E G Ã O
Um caso interessante e conhecido ocorrido no Afeganistão
mostra como uma vitória de curto prazo pode rapidamente
sofrer uma reviravolta pelas forças do mal na tentativa de man-
ter o domínio de Satanás sobre uma sociedade.
A guerra declarada pelos Estados Unidos contra o Talibã
no Afeganistão parecia ser capaz de produzir uma transforma-
ção social positiva quando o regime finalmente foi derrubado
em 2001. Entretanto, acontecimentos imprevistos turvaram as
possibilidades de sustentabilidade. Por quê? De acordo com
a escritora Carlotta Gall, do New York Times, sob o regime do
Talibã, plantar papoulas para produção de ópio era ilegal. Por
volta do ano 2000, esse tipo de plantação havia quase desa-
parecido. Entretanto, quando o Talibã foi empurrado para as
montanhas, sua estratégia de oposição ao governo se inverteu.
Os senhores da guerra começaram a encorajar a produção de
ópio oferecendo proteção militar (por um preço) aos agricul-
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tores, e eles tiveram êxito. O registro anterior antes da queda


do Talibã era de 4.600 toneladas métricas de ópio em 1999,
mas por volta de 2006, a colheita havia atingido cerca de 6.100
toneladas métricas, um aumento de 49%! Os milhões de dó-
lares gastos pela comunidade internacional para combater a
produção da droga de nada adiantaram. O ópio afegão agora
fornece cerca de 90% do consumo mundial de heroína!14
E a transformação social? Por volta de 2006, o governo
Bush havia “expressado preocupação no sentido de que o Afe-
ganistão corria o risco de se tornar um ‘estado de narcóticos’
experiente, no qual os senhores da droga tomam as decisões
no governo do país”.15

O P L A N O P. E . A . C . E . DE WA R R E N
Bruce Wilkinson não é o único cristão autor de best-sellers com
a visão de usar a sua recém-adquirida riqueza para transfor-
mar a sociedade. Rick Warren, autor de Uma Vida Com Propósi-
tos, é outro. Em vez da Suazilândia, Warren escolheu Ruanda
como sua unidade social alvo. Aprendendo com o fracasso de
Wilkinson, Warren estabeleceu relacionamentos pessoais fir-
mes com o presidente de Ruanda, Paul Kagame. Em 2005, eles
anunciaram uma iniciativa em conjunto para tornar Ruanda a
“primeira nação do mundo movida por um propósito”.16
A estratégia de Warren é tratar dos cinco gigantes globais
que atormentam a sociedade em todo o mundo, a saber, o va-
zio espiritual, a liderança egocêntrica, a pobreza, a doença e o
analfabetismo. Seu acróstico é P.E.A.C.E.:

Plantar igrejas (ou ser parceiro delas)


Equipar líderes
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196 Assim na TERRA como no CÉU

Assistir aos pobres


Cuidar dos doentes
Educar a próxima geração.

No momento em que este livro está sendo escrito, é ain-


da cedo demais para começar a avaliar os resultados do plano
P.E.A.C.E. ou mesmo prever se ele resultará na transformação
sociologicamente verificável de Ruanda. Menciono o caso, en-
tretanto, pois ele criou um entusiasmo sem precedentes entre
os líderes cristãos e as igrejas dos Estados Unidos. Muitos es-
tão convencidos de que ele será mais produtivo se comparado
às tentativas passadas. Um observador, por exemplo, disse: “O
plano P.E.A.C.E. é diferente porque tem uma estratégia inte-
grada... [Seus líderes] estão abordando o seu trabalho de forma
muito mais holística do que vimos ser realizado no passado.
Ele integra não apenas através da questão das necessidades hu-
manas, mas também através do tema dos recursos.”17
Embora sem dúvida seja um risco nesta fase inicial, al-
guns comentários podem ser pertinentes. Eu diria que o pla-
no P.E.A.C.E. se encaixa mais confortavelmente na Fase Um, a
fase da ação social das estratégias para obedecer ao mandato
cultural de Deus. A ênfase da Fase Dois na guerra espiritual de
nível estratégico e nas atividades associadas não foi colocada
em posição primordial. São cruciais para a Fase Três, como
a estou definindo, coisas como o governo apostólico/proféti-
co da Igreja, a Igreja (inclusive os apóstolos) no mercado de
trabalho, a grande transferência de riquezas, e a teologia do
domínio. Meu sentimento é de que, sem todos os itens acima,
os esforços para melhorar a sociedade terá muitos efeitos po-
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U M A N O VA E S T R AT É G I A : A P R E N D E N D O C O M A E X P E R I Ê N C I A 197

sitivos, mas possivelmente de curto prazo. Entretanto, posso


estar errado.
Deixe-me sugerir duas abordagens estratégicas mais radi-
cais, ambas supostamente fazem parte do plano P.E.A.C.E. de
longo alcance, embora não tenham sido tão explícitas quanto
as anteriores.

C U ID A R D O S D O E N T E S
Vamos começar com cuidar dos doentes. Isso certamente é
necessário. Na África o HIV/AIDS é o desafio mais colossal.
Tanto quanto possível, precisamos demonstrar compaixão aos
infectados através de medicamentos, tratamento, hospitais,
nutrição, serviços de casas de repouso e apoio aos membros da
família, principalmente aos órfãos. Precisamos dar passos em
direção à prevenção por meio da educação, da pesquisa para
produzir vacinas, da abstinência de sexo fora do casamento,
do uso de camisinhas, limpeza e higiene. Ninguém que eu
conheço, inclusive Bill Gates, se recusaria a apoiar medidas
tão positivas.
Mas poderíamos sonhar um passo além? A primeira su-
gestão que ouvi a esse respeito foi feita por meu amigo Ralph
Winter, do Centro Americano de Missões Mundiais. Winter
acredita que o vírus da AIDS provavelmente não estava no pla-
no original de Deus para a humanidade. Poderíamos supor
que ele poderia ter sido introduzido por Satanás depois de ha-
ver usurpado o domínio da criação e Adão? O fato é que se
quisermos ver literalmente a vontade de Deus feita na terra as-
sim como no céu, seria difícil imaginar que o vírus HIV estaria
vivo no céu. Talvez o nosso mandato radical de assumirmos o
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198 Assim na TERRA como no CÉU

domínio pudesse incluir vencer e eliminar o próprio vírus da


AIDS para que ele nem mesmo exista mais aqui na terra. Se
isso faz sentido, também faria estendermos o mesmo princí-
pio às causas do câncer, do mal de Alzheimer, do diabetes, das
doenças cardíacas, da esclerose múltipla, e até do resfriado co-
mum. Em vez de cuidar dos doentes, poderíamos estabelecer
como o nosso objetivo definitivo eliminar a doença!

A S S IS T Ê N C IA A O S P O B R E S
Tenho uma ideia similar com relação à assistência aos pobres.
Em inúmeros lugares, a Bíblia nos ordena que façamos isto
(ver Levítico 19:10; Deuteronômio 15:7; 26:12; Provérbios
31:8; Isaías 58:8-10; Jeremias 22:3; Mateus 5:42; Lucas 12:33).
Não creio que desfrutaremos a bênção de Deus em nenhum
dos nossos ministérios fora das paredes da igreja se deixarmos
de prestar assistência aos pobres. Uma grande porcentagem
de cristãos aqui nos Estados Unidos recebe de boa vontade
a oportunidade de dar apoio a organizações como a World
Vision, o Compassion International, a Samaritan’s Purse e o
Exército da Salvação, para citar apenas algumas. Quanto mais
pessoas pobres em Ruanda o plano P.E.A.C.E. puder auxiliar,
melhor!
Mas poderíamos sonhar um passo além? Ed Silvoso, da
Harvest Evangelism, foi o primeiro de quem ouvi o conceito de
desarraigar a pobreza sistêmica. Silvoso diz: “A transformação
da nação precisa ser palpável, e o principal indicador social é a
eliminação da pobreza sistêmica.”18 Esse princípio, mais uma
vez, soa como o Mandato de Domínio. Deus não criou Adão e
Eva para viverem em pobreza. Silvoso continua dizendo: “Na
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U M A N O VA E S T R AT É G I A : A P R E N D E N D O C O M A E X P E R I Ê N C I A 199

cena do Jardim, em Gênesis 3, vemos que a pobreza se tor-


nou o primeiro sinal palpável de deterioração no Jardim, como
ilustrado pelos espinhos e abrolhos e a falta de cooperação da
terra em dar frutos em abundancia.”19 Consequentemente, a
pobreza, como germes de uma doença, deve ser uma invenção
de Satanás que usurpou o domínio de Adão. A pobreza, de
acordo com essa visão, não é algo a ser tolerado ou meramente
reduzido, mas algo que deve ser eliminado de uma sociedade
verdadeiramente transformada. Isso pode ser feito. Veja o caso
de Almolonga, que mencionei diversas vezes. Em vez de pres-
tar assistência aos pobres, poderíamos estabelecer como nosso
objetivo definitivo eliminar a pobreza sistêmica.

A L G U MA S R A ÍZE S
D E P O B R E Z A S IS T Ê M I C A
Um passo estratégico nessa direção é sugerido por Andrew Pa-
quin em seu comentário sobre o plano P.E.A.C.E. Ele cita o
cálculo de Warren de que Ruanda tem o potencial realístico
de produzir mais frutos de qualidade do que a nação poderia
consumir. Se a nação começasse a exportar frutas, algumas das
causas da pobreza sistêmica poderiam ser reduzidas. Mas Pa-
quin dirige a nossa atenção para um fator internacional maior
que também pode estar contribuindo para a pobreza sistêmica
de Ruanda — um fato que reside nas “potências consumidoras
do Oeste”. Ele indica que “atualmente, os Estados Unidos e a
União Europeia fornecem mais de 90 bilhões de dólares em
subsídios anuais para os seus produtores agrícolas domésti-
cos a fim de protegê-los contra a competição dos exportadores
estrangeiros”.20 O resultado é que estimular a produção agrí-
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200 Assim na TERRA como no CÉU

cola de Ruanda é um bom primeiro passo, mas a estratégia


geral deve ser acompanhada de outros elementos, tais como
mudanças na estrutura do comércio internacional, se as raízes
da pobreza sistêmicas forem totalmente desarraigadas.
Mais próximo de nós, consideraríamos as estratégias para
combater a pobreza sistêmica nos Estados Unidos propostas
pelo Senador do Kansas, Samuel Brownback. Ele indica que
a guerra dos Estados Unidos contra a pobreza teve início em
1965, quando os pobres eram cerca de 12% da população. Des-
de então, os Estados Unidos gastaram nada menos do que 3
trilhões de dólares para atenuar a pobreza sistêmica. Quais os
resultados? Os pobres ainda representam 12% da população!
O comentário de Brownback é o seguinte: “A chave para acabar
com a pobreza, realmente, é receber pelo menos uma educação
mínima, casar-se, não ter filhos até se casar, e ficar com os fi-
lhos. O número de pessoas em situação de pobreza que fizeram
essas quatro coisas básicas é muito, muito pequeno.”21 Embora
o auxílio-alimentação ajude por algum tempo, estes princípios
básicos atingem as raízes. Sem atingi-los, a pobreza persistirá.

N E G Ó C IO S C O MO E ST R AT É G I A
Como eu disse mais de uma vez, não acredito que seremos
capazes de desenvolver ou implementar uma estratégia eficaz
para tomar o domínio sem a direção dos líderes do que tenho
chamado de “a Igreja no mercado de trabalho”. Em sua maior
parte, os líderes da Igreja Nuclear têm dirigido os nossos esfor-
ços na Fase Um e na Fase Dois, mas estou convencido de que a
nova direção da Fase Três virá em grande escala dos líderes da
Igreja Estendida.
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U M A N O VA E S T R AT É G I A : A P R E N D E N D O C O M A E X P E R I Ê N C I A 201

Um argumento bastante convincente a favor disso é apre-


sentado pelo empresário de sucesso Ken Eldred. O título de
seu livro God is At Work: Transforming People and Nations Through
Business (Deus está trabalhando: transformando pessoas e na-
ções através dos negócios) é revelador. Eldred começa fazendo
uma análise muito perspicaz do nosso paradigma tradicional
de missões baseado na Igreja Nuclear, partindo da perspectiva
do que eu descreveria como um apóstolo da Igreja Estendida
(do mercado de trabalho). Embora não seja hostil com relação
ao passado, ele lança uma visão radicalmente diferente para a
Fase Três.
Eldred acredita que precisamos de “uma estratégia alter-
nativa para missões para o único dos dois últimos séculos que
depende de missionários estrangeiros inteiramente sustenta-
dos”.22 Ele prossegue afirmando que “os missionários tradi-
cionais, plantadores de igrejas, evangelistas, médicos, enfer-
meiras, professores e tradutores sempre serão componentes
importantes das missões mundiais. Qualquer movimento de
missões que surja como um negócio do Reino deve ser com-
plementar a estes”. “Mas”, ele escreve, “o modelo missionário
tradicional de sustento integral continuará a enfrentar pres-
sões crescentes”.23

MISSIO N Á R IO S N O ME R C A DO D E T R A B A L H O
Em essência, a estratégia alternativa de Eldred envolve
uma mudança de depender quase que inteiramente dos mis-
sionários da Igreja Nuclear para olhar os homens e mulheres
de negócios internacionais como missionários cristãos legíti-
mos no seu próprio direito, e confiar neles para nos levarem à
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202 Assim na TERRA como no CÉU

próxima fase de transformação social. Eldred afirma: “Espe-


ro que os negócios do Reino sejam uma ferramenta primária
que revolucione as missões no século 21 oferecendo um veí-
culo economicamente autossustentável que permita que um
número crescente de missionários cristãos seja bem-vindo em
qualquer país.”24
Certamente, como sugeri anteriormente, só os apóstolos
do mercado de trabalho possuem a experiência das ruas para
conduzir o povo de Deus a assumir o domínio de todos os
Sete Montes em qualquer sociedade. Também concordo que
a necessidade prioritária nas nações menos cristãs do mundo
é o desenvolvimento econômico, e que “a oportunidade está
madura para que os homens de negócios missionários levem o
evangelho às nações de todo o mundo”.25
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CAPÍTULO 9

U M A N O VA IN F L U Ê N C I A :
O D IN H E IRO RE S PONDE
A TUDO!
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204 Assim na TERRA como no CÉU

S e você verificar a história humana, descobrirá que três ele-


mentos, mais do que qualquer outro, foram os principais
responsáveis por produzir transformação social: a violência, o
conhecimento e a riqueza. A maior delas é a riqueza!
Talvez seja isso que Salomão tinha em mente quando es-
creveu: “Por tudo o dinheiro responde” (Eclesiastes 10:19). É
muito provável que esta seja uma figura de linguagem, mas ao
mesmo tempo, reflete um princípio muito importante.
Você deve se lembrar de que no gráfico de transformação
social, exibido neste livro diversas vezes, uma das duas colunas
que sustentam a transformação social é uma grande transfe-
rência de riquezas. Estou convencido de que um motivo sig-
nificativo pelo qual ainda não tomamos nenhuma das nossas
cidades norte-americanas para Deus é porque não tivemos di-
nheiro suficiente à nossa disposição. John Kelly e Paul Costa
escrevem: “Não há dúvidas de que se o Reino de Deus será es-
tabelecido na terra, vai ser necessário muito mais dinheiro do
que a igreja tem no momento.”1
Estamos levando mais a sério do que nunca nosso com-
promisso de fazer discípulos em todas as nações. O Mandado
de Domínio de Deus nos diz que, pelo poder do Espírito San-
to, o Seu povo deve substituir o domínio de Satanás sobre as
nações pelas bênçãos do Reino de Deus. Se isso vai acontecer,
uma parte essencial do processo deve ser transferir o controle
das riquezas. Enquanto aqueles que estão agradando a Satanás
permanecerem no controle da economia do mundo, podemos
esperar pouco progresso. Agora que estamos na Segunda Era
Apostólica, entretanto, creio que precisamos estar preparados
para algumas mudanças radicais.
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U M A N O VA I N F L U Ê N C I A : O D I N H E I R O R E S P O N D E A T U D O ! 205

C O MP R A N D O U MA N A Ç Ã O ?
Há não muito tempo, por exemplo, eu estava ministrando a al-
guns apóstolos na África do Sul. Um deles, um homem negro
sul-africano, provavelmente por volta dos seus 40 anos, me fez
uma pergunta que foi chocante. Ele disse: “Peter, você gostaria
de comprar uma nação?” Como eu nunca havia ouvido uma
pergunta como aquela, e estava curioso para ver onde aquilo
levaria, respondi: “Sim! Que país? O que seria preciso?”
Ele me explicou que havia construído relacionamentos
com apóstolos na República Democrática do Congo. O Congo
era sem dúvida a nação mais miserável da África. Ela não via
uma eleição há décadas. Além disso, havia sido tiranizada por
ditadores e senhores da guerra que eram impelidos pela ganân-
cia e por uma sede de poder sem um mínimo de compaixão
pelo bem-estar do povo que governavam. Os líderes africanos
de alto nível tinham tudo, mas abriram mão da nação. Entre-
tanto, havia mudanças no horizonte. Uma eleição democrática
havia sido programada.
Meu amigo me disse que o movimento apostólico no Con-
go havia, pela primeira vez na história, realizado uma coalizão
cristã naquela nação. Embora houvesse muitas igrejas, a uni-
dade de qualquer espécie havia sido sempre um desejo evasivo.
Agora, entretanto, a unidade cristã estava se tornando uma re-
alidade. Mas não era uma unidade pastoral fundamentada na
comunhão, no cuidado mútuo e em discussões sobre doutri-
na. Era uma unidade apostólica para tratar de questões como
política, poder e o destino de uma nação.
A necessidade no momento era de dinheiro para colocar
candidatos cristãos nas votações eleitorais. Perguntei de quan-
to. Meu amigo me disse que custaria 50 mil dólares para cada
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206 Assim na TERRA como no CÉU

posição de governador de província, e 1 milhão para a presi-


dência. Eu disse a ele que concordava que seria um bom inves-
timento, cerca de 2 milhões e meio de dólares, porque aque-
le poderia acabar sendo um pequeno preço para se “comprar
um país!”

O PREÇO DAS ELEIÇÕES


Apresso-me a dizer que este plano ambicioso não se materiali-
zou, mas eu o menciono aqui por duas razões. Primeiramente,
é preciso ficar claro que a proposta não era comprar votos, mas
o fato em questão é que vencer eleições democráticas hones-
tamente realmente custa dinheiro. Mesmo em uma nação tão
acostumada à democracia quanto os Estados Unidos, nenhum
candidato que não possa ter acesso entre 500 milhões a 1 bilhão
de dólares em fundos de campanha pode pensar em concorrer
à presidência. A segunda razão pela qual trago isso à baila é
para destacar o fato de que “comprar uma nação” não é uma
linguagem usada tradicionalmente pela Igreja Nuclear. Entre-
tanto, quanto mais levarmos a sério a transformação social,
mais a sério precisamos levar as etiquetas de preço realistas.
Alguns estão entendendo a situação. Fiquei fascinado ao
ler o relato de uma Conferência Regional da ICA (Coalizão In-
ternacional de Apóstolos) em Baltimore, Maryland, liderada
por John Kelly em 2006. Um dos apóstolos presentes disse:
“Se você quiser tomar uma cidade, precisa comprá-la! Possua
negócios, propriedades e quaisquer outras oportunidades que
encontrar de construir riquezas.”2 Ao orarmos pelas nossas
cidades, poderia ser bom começarmos a suplicar a Deus que
abra as portas para que o Seu povo marche vigorosamente na
direção desse tipo de posição de apropriação.
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A G R A N D E T R A N S F ER Ê N C I A
D E R IQ U E Z A S
Inúmeros profetas respeitados têm ouvido a voz de Deus com
relação às riquezas. Eles estão citando passagens bíblicas como
Isaías 60:11: “E as tuas portas estarão abertas de contínuo,
nem de dia nem de noite se fecharão; para que tragam a ti as
riquezas dos gentios”, e Provérbios 13:22: “A riqueza do peca-
dor é depositada para o justo.” Desde o início dos anos 90, di-
versos profetas de diferentes partes da nação e do mundo têm
recebido a Palavra de Deus de que uma enorme transferência
de riquezas está prestes a começar. Alguns de nós estaremos
prontos para recebê-la, e outros de nós não.

DESM A S C A R A N D O O E S P ÍR I T O D E P O B R E Z A
Um dos artifícios mais eficazes que Satanás tem usado para
impedir que a Igreja esteja pronta para receber uma grande
transferência de riquezas tem sido a influência perniciosa do
espírito de pobreza. A Igreja em geral tem sido seriamente en-
ganada pela noção disseminada de que a piedade está intima-
mente relacionada com a pobreza.
O que a Bíblia diz? Deuteronômio 28 é um dos capítulos
mais esclarecedores da Bíblia sobre prosperidade e pobreza. Os
versículos 1 a 14 falam de prosperidade, enquanto os versícu-
los 15 a 68 falam de pobreza. A prosperidade, por exemplo, in-
clui “abundância de bens” (v. 11), a saber, uma grande e saudá-
vel família, aumento do gado e produção agrícola abundante.
Esses e muitos outros benefícios são denominados “bênçãos”
(v. 2). Do mesmo modo, Provérbios 10:22 afirma: “A bênção do
Senhor traz riqueza, e não inclui dor alguma” (NVI). Por ou-
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208 Assim na TERRA como no CÉU

tro lado, Deuteronômio 28:48 descreve a pobreza como fome,


sede, nudez, necessidade de todas as coisas. Esses, e muitos
outros desastres, são chamados de “maldições” (v. 15).
Trazendo isso para o contexto da teologia do domínio,
está claro que o desejo de Deus para a raça humana é a pros-
peridade. O desejo de Satanás é que a pobreza prevaleça. Ele
sabe que “a sabedoria do pobre é desprezada, e as suas palavras
não são ouvidas” (Eclesiastes 9:16). No céu, não há pobreza,
só prosperidade. Desejar que a vontade de Deus seja feita na
terra assim como no céu implica fazermos tudo que for possí-
vel para que as pessoas prosperem. O espírito de pobreza é um
agente demoníaco da intenção de Satanás para impedir que as
pessoas desfrutem a prosperidade dada por Deus.
Uma das táticas mais eficazes do espírito maligno da po-
breza tem sido persuadir os líderes cristãos de que a pobreza
de alguma forma é algo nobre. Essa mentalidade entrou na
Igreja quando a filosofia grega gradualmente substituiu a vi-
são mundial hebraica bíblica entre os líderes da Igreja acer-
ca do tempo em que Constantino foi o Imperador Romano.
Como mencionei no capítulo 2, os gregos sustentavam o du-
alismo, que postulava haver um mundo espiritual e um mun-
do material e que o mundo espiritual era muito superior. As
questões da riqueza eram associadas ao mundo material, e as
pessoas verdadeiramente espirituais deviam evitar isso tanto
quanto possível. É por isso que, quando o movimento monás-
tico começou por volta dessa época, era exigido que os monges
demonstrassem sua espiritualidade por meio de votos de po-
breza, castidade e obediência. Embora a castidade e a obediên-
cia não prevaleçam tanto hoje, a pobreza, infelizmente, persis-
te como um ideal espiritual.
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U M A N O VA I N F L U Ê N C I A : O D I N H E I R O R E S P O N D E A T U D O ! 209

P E R S P E C T IVA S A CE R C A
D A P R O S P E R IDA D E
Isto é verdade particularmente nas nossas igrejas ocidentais,
a saber, na Europa, América do Norte e Austrália. Estas são as
igrejas mais antigas, tradicionais e principalmente estagnadas
que Philip Jenkins chama de “do Norte”.3 Ele as compara com
as igrejas dinâmicas, de vanguarda, bem-sucedidas do Sul do
globo terrestre. No capítulo 6, descrevi algumas das diferenças
que Jenkins encontra entre as duas com relação a Satanás, aos
demônios, aos milagres e à guerra espiritual. Também exis-
tem diferenças notáveis na maneira como elas veem a pobreza
e a prosperidade. Aparentemente, o espírito de pobreza está
sendo vencido no Sul, enquanto permanece entrincheirado
em muitas de nossas igrejas do Norte. Em primeiro lugar, a
liderança das igrejas do Sul está muito mais alinhada cultu-
ralmente com a forma hebraica de ver a vida do que com o
dualismo grego.
Jenkins acha que “ao redor do mundo, muitas igrejas alta-
mente bem-sucedidas ensinam algumas variáveis do evangelho
da prosperidade, a crença controversa de que os cristãos têm o
direito e o dever de buscar a prosperidade neste mundo, para
obter saúde e riquezas aqui e agora”.4 Ele é preciso ao chamar
o evangelho da prosperidade de uma crença controversa. Pelo
menos ela é controversa aqui no Norte. A revista TIME, por
exemplo, fez uma reportagem sob o título “Deus Quer Que
Você Seja Rico?” O texto da capa prossegue dizendo: “Sim, di-
zem algumas mega igrejas. Outras chamam isso de heresia. O
debate sobre o novo evangelho das riquezas.”5
Esse debate está diretamente relacionado à tese deste li-
vro, a saber, o Mandato de Domínio. Uma das colunas do meu
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210 Assim na TERRA como no CÉU

diagrama que sustentam a transformação social está relacio-


nada com a obtenção do controle de grandes quantidades de
riquezas. Aqui no Norte, os líderes das igrejas evangélicas de
tendência carismática com relação à Segunda Era Apostóli-
ca estão mais próximos na sua maneira de pensar das igrejas
bem-sucedidas do Sul do que das igrejas denominacionais tra-
dicionais do Norte.
Os escritores da TIME pintaram esse retrato habilidosa-
mente comparando a visão de dois dos mais populares prega-
dores da atualidade, os autores de best-sellers Joel Osteen e Rick
Warren. Joel Osteen, representando o que poderia ser visto
como as igrejas apostólicas amigáveis, foi citado como tendo
dito: “Prego que qualquer pessoa pode melhorar sua vida. Creio
que Deus quer que sejamos prósperos. Creio que Ele quer que
sejamos felizes.”6 Ao contrário, Rick Warren, um evangélico da
denominação Batista do Sul, diz: “A ideia de que Deus quer
que sejamos ricos? Há uma palavra para isso: bobagem. É o
mesmo que criar um falso ídolo. Não podemos medir nosso
valor pela nossa renda.”7 A TIME continua, comentando que as
críticas direcionadas ao evangelho da prosperidade geralmente
vêm de evangélicos como Warren, não obstante, “o movimento
[evangélico], que nunca teve uma teologia robusta acerca do di-
nheiro, descobre uma filosofia agressiva que avança pelas suas
fileiras e que muitos dos seus líderes encaram como sendo sim-
plista, possivelmente herética e certamente constrangedora”.8
Voltando para a parte Sul do globo, Philip Jenkins levan-
ta a notável possibilidade de que o campo anti-prosperidade
possa se encontrar em um descompasso com relação às igre-
jas dos locais mais pobres do mundo que se multiplicam ra-
pidamente. Ele cita Kefa Sempangi, que reflete a mentalidade
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U M A N O VA I N F L U Ê N C I A : O D I N H E I R O R E S P O N D E A T U D O ! 211

hebraica em contraste com a mentalidade grega, quando diz:


“Uma religião é verdadeira se ela funciona, se ela supre todas
as necessidades do povo. Uma religião que fala apenas à alma
do homem e não ao seu corpo não é verdadeira. Os africa-
nos não fazem distinção entre o espiritual e o físico... Se o
evangelho que você está pregando não fala às necessidades
humanas, ele é inútil.”9
Eis a ironia por trás disso, de acordo com Jenkins:

Para o mundo do Norte que desfruta de saúde e riqueza


mal imaginadas por qualquer sociedade anterior, é peri-
gosamente fácil desprezar os crentes que associam o favor
divino com estômagos cheios ou acesso às formas míni-
mas de instrução ou assistência à saúde; que buscam mi-
lagres a fim de florescer, ou até de sobreviver. O Evangelho
da Prosperidade é o subproduto inevitável de uma Igreja
que contém um número crescente dos mais pobres.10

N O VA S Igrejas N E G R A S
Os afro-americanos em geral representam um dos segmentos
demográficos mais pobres dos Estados Unidos. Entretanto,
Harry Jackson, autor (com George Barna) de High Impact Afri-
can-American Churches (igrejas afro-americanas de alto impac-
to), relata que um número desproporcional de cristãos negros
está atualmente sendo atraído para mega igrejas em pratica-
mente toda a área metropolitana do país. Essas igrejas ven-
ceram o espírito de pobreza. Elas são empresariais. Os novos
pastores negros, como Jackson os chama, não têm aversão à
prosperidade. Eles acreditam na transformação social. Como
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212 Assim na TERRA como no CÉU

Edward Gilbreath observa: “Eles estão tentando restaurar a ci-


dade alcançando a comunidade através da construção de ca-
sas, negócios, e da entrada de renda de várias formas na Igreja.
Mas eles estão igualmente comprometidos em melhorar os va-
lores morais da sua comunidade.”11
Fiéis à forma, alguns dos líderes cristãos afro-americanos
tradicionais criticam essas novas igrejas negras, como a Hope
Christian Church, de Jackson, em Maryland, por pregar o evan-
gelho da prosperidade. Jackson responde: “Para esses cavalos
de guerra dos direitos civis, como Jesse Jackson e Al Sharpton,
dizer que igrejas como a nossa abandonaram o chamado de Je-
sus à justiça social para pregar um evangelho de riquezas mos-
tra o quanto eles estão desconectados das necessidades atuais
da comunidade negra.”12

O A D V E R S Á R IO M A M O M
Se o que temos visto neste livro está correto, aquele que é mais
ameaçado pela mudança de paradigma dos cristãos da pobre-
za para a prosperidade é o próprio Satanás. Vamos lembrar
que cada passo à frente em direção à retomada do domínio
da criação de Deus equivale a um passo igual para trás para o
inimigo. Considerando que o controle das riquezas será um
fator tão determinante para a transformação social, Satanás
designou um de seus poderes demoníacos de mais alto esca-
lão para frustrá-lo, a saber, Mamom. Jesus disse: “Não podeis
servir a Deus e a Mamom” (Lucas 16:13). Muitos acham que
Mamom é sinônimo de dinheiro. Não é. John Kelly e Paul Cos-
ta explicam: “Mamom não é apenas o amor ao dinheiro que as
pessoas adoram. Quando as pessoas adoram a Mamom, elas
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na verdade estão adorando um demônio. É o demônio que faz


com que as pessoas amem o dinheiro.”13
Alguns crentes, infelizmente, realmente amam o dinhei-
ro. Entretanto, não pode se demonstrar uma correlação direta
entre a prosperidade e o amor ao dinheiro. Mamom pode e
realmente influencia as pessoas pobres tanto quanto as pes-
soas ricas. Render-se a Mamom desqualificará rapidamente
uma pessoa para exercer um papel-chave ao receber riquezas
para o Reino. Mamom usa quatro espíritos demoníacos su-
balternos na sua tentativa de enredar os crentes: (1) o espírito
de ganância, (2) o espírito de cobiça, (3) o espírito de avareza
(mesquinharia), e (4) o espírito de autoconfiança. Cada um de
nós precisa estar constantemente em guarda porque esses es-
píritos são muito sutis.
Mamom, porém, não precisa ter êxito. O Espírito Santo é
mais poderoso: “Maior é aquele que está em vós do que aquele
que está no mundo” (1 João 4:4). A maioria dos crentes prós-
peros que conheço atualmente não está servindo a Mamom. A
alguns deles, entretanto, foram confiadas riquezas extraordi-
nárias. Isso ajuda a posicioná-los para o Reino. Todos os filan-
tropos proeminentes dos quais tenho conhecimento são ricos.
As necessidades pessoais deles e de suas famílias são supridas.
Eles estão posicionados para servir a outros de uma maneira
que não poderiam se fossem pobres.
Um motivo pelo qual Rick Warren pode influenciar toda
uma nação como Ruanda é porque seus livros venderam deze-
nas de milhares de cópias gerando riquezas que ele pode usar
para lançar e implementar a sua visão. Certa vez ouvi a apósto-
la Pat Francis, do Kingdom Covenant Ministries, em Toronto,
dizer que seu objetivo é ajudar cada membro de sua igreja a
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214 Assim na TERRA como no CÉU

se tornar um milionário. Ela escreve: “A missão deles é obter


riquezas com sabedoria e prosperidade para os propósitos do
Reino.”14 Pense na influência para transformação que essas pes-
soas terão quando, sem se renderem às seduções de Mamom,
obtiverem essas riquezas. Eu conheço pessoalmente tanto War-
ren quanto Francis, e não vi indícios de que nenhum deles te-
nha caído na armadilha de ser influenciado por Mamom.

A CAD E IA D A T R A N S F E R Ê N C I A D E R I Q U E Z A S
De acordo com os profetas, uma grande transferência de rique-
zas está a caminho para a expansão do Reino de Deus, e creio
que os crentes devem ajudar a preparar esse caminho. Um bom
primeiro passo, conforme acabamos de ver, é amarrar e neutra-
lizar o poder do espírito de pobreza. Devemos reconhecer que
a vontade de Deus é a prosperidade e que a pobreza é uma mal-
dição. Um segundo passo é construir uma infraestrutura para
receber, cuidar e distribuir a riqueza a ser liberada. Creio que
Deus começou a me mostrar o quadro maior há muitos anos,
através do que gosto de chamar de os quatro elos da cadeia da
transferência de riquezas.

Provedores Administradores Distribuidores Marechais de Campo

Cada um dos quatro elos dessa cadeia, provedores, admi-


nistradores, distribuidores e marechais de campo, é importan-
te. Eu pessoalmente não esperaria o cumprimento das profe-
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cias com relação à transferência de riquezas até todos os qua-


tro elos serem ativados. Assim poderíamos explicar por que a
liberação de riquezas, pelo menos na medida em que estamos
esperando, ainda não ocorreu. Mas a boa notícia é que temos
feito progressos excelentes em colocar o sistema necessário em
funcionamento.

Marechais de Campo
O objetivo é levar as riquezas dos provedores para as mãos dos
marechais de campo. Os marechais de campo são aqueles que
estão nas linhas de frente fazendo as coisas acontecerem para
a expansão do Reino de Deus. Eles estão curando os enfermos,
expulsando demônios, salvando almas, multiplicando igrejas,
cuidando dos pobres e necessitados, e transformando a socie-
dade. Nossos 200 anos de obra missionária moderna, origi-
nada no primeiro mundo e se desenvolvendo mais tarde no
terceiro mundo, colocaram um grande número de marechais
de campo em ação.
Embora nem todos os marechais de campo sejam igual-
mente eficazes no que fazem, existem formas e meios de iden-
tificar aqueles que estão entre os melhores. Eles possuem um
registro histórico de habilidade, produção, caráter e integrida-
de. Lembro-me, por exemplo, de um na África que tem planta-
do 10 igrejas por dia em diversas nações. Lembro-me de outro
na Índia que supervisiona nada menos que 15 mil plantadores
de igrejas. A maioria desses marechais de campo poderia do-
brar ou triplicar seus bem-sucedidos esforços para expandir o
Reino de Deus se tivesse mais dinheiro. O propósito da trans-
ferência de riquezas é tentar supri-los com os recursos mate-
riais necessários para terem um desempenho excelente.
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216 Assim na TERRA como no CÉU

Provedores
O primeiro elo da cadeia representa os provedores. Esta é a fon-
te inicial das riquezas que serão disponibilizadas. É importante
reconhecer que provedores não precisam necessariamente ser
crentes. Alguns serão crentes, naturalmente, mas outros estarão
suprindo com as riquezas dos ímpios que foram armazenadas
para os justos, como vimos anteriormente em Provérbios 13:22.
Existem duas maneiras gerais pelas quais essas riquezas
do Reino serão liberadas através dos provedores. Uma parte
delas virá através de uma transferência sobrenatural de rique-
zas que já existem. Outra virá através dos próprios provedores
recebendo um poder extraordinário para gerar novas riquezas.
Vamos analisar ambas.
Um exemplo bíblico muito conhecido da transferência so-
brenatural de riquezas ocorreu quando os israelitas partiram
do Egito depois de terem sido escravos por 400 anos. Quando
os israelitas chegaram no deserto, eles estavam desemprega-
dos, mas ricos. As riquezas deles não vieram de seu trabalho
de fazer tijolos sem palha. Vieram dos seus opressores, os egíp-
cios, adoradores de deuses pagãos. Elas não estavam relacio-
nadas a qualquer produção ou habilidade financeira que eles
porventura tivessem. É verdade que os israelitas tiveram de to-
mar certas atitudes para receber o que Deus lhes estava dando.
Precisaram mandar as mulheres recolherem os itens de valor
de suas vizinhas egípcias. Entretanto, as mulheres não tinham
de brigar ou discutir ou persuadir suas vizinhas a lhes darem
essas riquezas. O poder de Deus havia se movido sobre os egíp-
cios a tal ponto que eles entregaram voluntariamente as rique-
zas que haviam acumulado. Faraó mais tarde lamentou o que
haviam feito, mas era tarde demais. Deus preservou a riqueza
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do Seu povo de forma sobrenatural afogando os egípcios per-


seguidores no Mar Vermelho (ver Êxodo 14).
Trazendo isso para os dias atuais, Randall Sprague des-
creve provedores desse tipo como sendo aqueles que possuem
a “unção de Ciro”. Ele explica: “Há um grupo de pessoas no
mundo de hoje que pela graça de Deus penetrará no sistema
bancário e financeiro deste mundo, nas companhias petrolífe-
ras, nos recursos das ‘famílias tradicionais’, no sistema do cri-
me organizado, e no sistema de dinheiro de drogas. Eles sairão
com essas riquezas para evangelizar o mundo, e serão guerrei-
ros.”15 Os provedores serão aqueles que tiveram experiência em
lidar com grandes somas de dinheiro. Eles não serão princi-
piantes. Serão em geral aqueles cujos recursos financeiros pes-
soais e familiares estão seguros. Eles terão pouca necessidade
de buscar ganho pessoal adicional. Eles terão passado pelos
testes básicos de integridade pessoal e libertação da ganância.
O segundo tipo de provedores exercerá poder divino para
gerar novas riquezas. A Bíblia diz: “Antes, te lembrarás do SE-
NHOR, teu Deus, porque é ele o que te dá força para adqui-
rires riquezas; para confirmar a sua aliança” (Deuteronômio
8:18). Diferente da transferência sobrenatural de riquezas, o
poder de gerar riquezas da maneira comum está relacionado
às habilidades que os provedores desenvolveram. Se eles estão
no ramo de imóveis, venderão mais do que jamais imaginaram.
Se estiverem tendo 40% de lucro nos seus negócios, terão 100%
no ano seguinte. Se forem engenheiros, terão novas ideias de
invenções incríveis. Aqueles que receberem esse poder preci-
sarão preencher os dois requisitos de Deuteronômio 8:18: (1)
Eles precisarão se lembrar do Senhor e atribuir suas riquezas à
Sua provisão, e (2) deverão usar os resultados para estabelecer
a Sua aliança, a saber, para tomar o domínio.
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218 Assim na TERRA como no CÉU

Distribuidores
O sistema tradicional para financiar o avanço do Reino de
Deus tem sido estabelecido a partir dos provedores suprindo
financeiramente os distribuidores. Os distribuidores, o ter-
ceiro elo da cadeia, são aqueles que estabeleceram contato
direto com os marechais de campo. No odre velho, os dis-
tribuidores eram tipicamente executivos denominacionais,
diretores de juntas de missões ou líderes de ministérios espe-
cializados. No odre novo, os distribuidores são, na sua maior
parte, apóstolos.
Alguns provedores, que têm uma visão para um determi-
nado ministério e desejam ter uma participação mais ativa,
começarão suas próprias fundações e assim assumirão o pa-
pel de distribuidores tanto como de provedores. Rick Warren
é um exemplo. Talvez a maioria dos provedores, entretanto,
evite as responsabilidades da distribuição. Eles preferem dire-
cionar suas energias e sua criatividade para aumentar o fluxo
de riquezas. Eles confiam em distribuidores experientes, que
eles avaliaram cuidadosamente e cuja visão eles abraçam, para
distribuir seus recursos com sabedoria.
Tradicionalmente, o papel dos distribuidores tem sido
ouvir de Deus, lançar a visão para o seu ministério e desen-
volver contatos com provedores que a financiem. Quando há
necessidade financeira, eles apelam para os seus doadores em
busca de apoio, e os doadores respondem. A expectativa é
de que os distribuidores gastem o dinheiro como promete-
ram, quer seja para despesas gerais ou novos projetos. En-
tão, quando o dinheiro acaba, eles fazem outro apelo. Isso se
chama “financiamento com base em doadores”, e tem sido a
norma até agora.
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U M A N O VA I N F L U Ê N C I A : O D I N H E I R O R E S P O N D E A T U D O ! 219

Administradores
Digo “até agora” porque vejo uma nova inovação empolgante
no horizonte, que envolve o segundo elo da cadeia, a saber, os
administradores. Até agora, quando os provedores concedem
fundos para organizações cristãs, a expectativa mútua é de
que os fundos sejam gastos com o fluxo de caixa ou com os
projetos do ministério, e depois é pedido mais aos provedo-
res. A mais nova inovação serão os fundos de rendimentos
do ministério que receberão o dinheiro dos provedores e o
multiplicarão antes que ele seja usado. Os administradores
que lidarão com esses fundos de rendimentos do ministério
têm, em geral, sido o elo que faltava nessa cadeia. Pode muito
bem ser essa uma das razões pelas quais Deus tem adiado
a liberação do financiamento colossal que os profetas têm
anunciado.
Em sua maior parte, os administradores serão os apóstolos
do mercado de trabalho que têm experiência em multiplicar
finanças. A maioria deles terá desenvolvido habilidades traba-
lhando no setor financeiro. Eu os coloco no segundo elo da ca-
deia para indicar que, cada vez mais, estaremos vendo finanças
dos provedores chegando às mãos dos administradores antes
de chegarem aos distribuidores. Dessa maneira, muito mais
riquezas serão liberadas. O divino “poder para adquirir rique-
zas” de Deuteronômio 8:18 será ativado em administradores
ungidos em níveis extraordinários. Eles não serão planejadores
financeiros tradicionais satisfeitos apenas com retornos finan-
ceiros na faixa de 5 a 10%. Estou sonhando com muito mais do
que isso. Tenho fé de que estaremos vendo o padrão bíblico de
100% ou mais se tornar uma norma.
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220 Assim na TERRA como no CÉU

AS PARÁBOLAS DOS
A D MIN IS T R A D O R E S D E D I N H E I R O
Qual é o padrão bíblico? Muitos podem estar se perguntan-
do de onde tirei a noção na Bíblia de que podemos esperar
dobrar o dinheiro do Reino anualmente por meios legítimos.
Minha resposta é que ela vem dos ensinamentos de Jesus. Re-
firo-me às duas parábolas de Jesus sobre os administradores
de dinheiro. O nome não nos faz recordar nada imediata-
mente porque estamos mais acostumados com os títulos tra-
dicionais dessas parábolas: a parábola dos talentos (Mateus
25:14-30) e a parábola das minas (Lucas 19:11-27). Estas são
duas histórias diferentes com muito em comum. “Talentos”
e “minas” eram formas de moeda naqueles dias, sendo que
um talento valia cerca de 1 milhão de dólares e uma mina va-
lia cerca de 10 mil dólares. Ambas encontram-se no contexto
do mercado financeiro.
O argumento de Jesus é que pessoas diferentes lidam com
a administração de fundos de formas diferentes, algumas bem
e outras mal. Em cada história, dois dos três administradores
foram elogiados por suas habilidades comerciais. Verifique. Em
Mateus 25, cada um daqueles que obteve êxito no comércio ga-
nhou 100%. Os de Lucas 19 ganharam de 500 a 1.000%. É ver-
dade que não nos é dito quanto tempo se passou, mas em cada
caso, o patrão simplesmente foi viajar e voltou. É provável que a
viagem deles tenha demorado menos de um ano. A não ser que
Jesus estivesse exagerando propositalmente por alguma razão
que não consigo imaginar, um retorno de 100% ao ano ou mais
no mercado financeiro não era algo impensável para Ele.
O sinal de perigo para a administração bíblica do dinhei-
ro é personificada pelo terceiro administrador em cada uma
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U M A N O VA I N F L U Ê N C I A : O D I N H E I R O R E S P O N D E A T U D O ! 221

das histórias. Um enterrou o dinheiro (ver Mateus 25:25), e


o outro o embrulhou em um lenço e o escondeu (ver Lucas
19:20). Nenhum deles gastou o dinheiro como o filho pródi-
go, mas ainda assim eles foram considerados maus e preguiço-
sos (ver Mateus 25:26 e Lucas 19:22). Por quê? Porque ficaram
satisfeitos com dinheiro ocioso, dinheiro que deveria ter sido
administrado, mas não foi. O princípio é o de que as finan-
ças do Reino devem ser multiplicadas tanto quanto possível
enquanto estão sendo liberadas. Fundos não administrados,
acumulados a juros bancários (mencionados com escárnio em
Mateus 25:27) ou ainda menos para um tempo futuro em que
poderiam ser necessários, aparentemente não atrairão a bên-
ção de Deus.
Qual foi o problema desses infelizes administradores
de fundos? Foi o medo irracional. Na verdade, é bem sabido
que qualquer destas duas emoções, tanto o medo quanto a
ganância, podem paralisar os administradores de fundos. A
ganância não era problema aqui como é em outras parábolas,
mas o medo sim. Era um medo irracional porque esses indi-
víduos falharam no seu dever e foram desleais ao seu patrão.
Eles ignorantemente o acusaram de colher onde não havia
semeado e de recolher onde não havia depositado (ver Ma-
teus 25:24 e Lucas 19:21). Usaram exemplos de agricultura
e negócios bancários, mas o patrão não era nem fazendeiro
nem banqueiro. Ele era um comerciante. De onde vêm os ga-
nhos do comércio? Eles vêm do mercado. É muito simples:
aqueles que comercializam bem ganham dinheiro daqueles
que comercializam mal. Isso não é nada antiético; são sim-
plesmente regras estabelecidas por mútuo consentimento
dentro da profissão.
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222 Assim na TERRA como no CÉU

F IN A N C IA R C O M B A S E
N O S R E N D IME N T O S
O motivo pelo qual esmiucei este ponto de duplicar as finanças
do Reino é para destacar o papel crucial do elo número dois,
os administradores, na cadeia da transferência de riquezas. O
que eu visualizo são esses apóstolos do mercado de trabalho
assumindo a liderança na facilitação de uma mudança do que
anteriormente chamei de financiamento baseado em doadores
para um plano muito mais eficaz de financiamento, com base
em rendimentos. Os ministérios estabelecerão fundos de ren-
dimentos, cujo principal não será gasto com necessidades de
fluxo de caixa ou com novos projetos, mas será administrado
com habilidade. As contribuições para os fundos de rendi-
mentos serão vistas como investimentos no ministério, e não
como doações para o ministério. À medida que os fundos de
rendimentos forem administrados, os investidores receberão
relatórios trimestrais, assim como receberiam de um banco
ou administradora de investimentos, embora o dinheiro seja
do ministério e não deles próprios. Se gostarem do que está
acontecendo com o dinheiro, naturalmente estarão inclinados
a investir mais.
Tenho motivos para crer que veremos fundos de rendi-
mentos de ministérios atingindo o padrão de Jesus de pelo
menos 100% de retorno anual. Equivale a dizer que um minis-
tério com um orçamento de 1 milhão de dólares em despesas
gerais começaria a estabelecer um fundo de rendimentos de
1 milhão, cuja renda cobriria as despesas gerais deles. Em al-
guns casos, para antecipar a inflação e uma possível expansão,
eles poderiam escolher retirar somente 80% dos lucros para
operações e reinvestir os outros 20%. Em lugar de usar as do-
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U M A N O VA I N F L U Ê N C I A : O D I N H E I R O R E S P O N D E A T U D O ! 223

ações apenas para pagar as contas, eles então estariam livres


para usar as doações para lançar novos projetos ou para apoiar
outros ministérios que compartilhassem da mesma visão. A
chave para fazer isso acontecer, repito, são administradores fi-
nanceiros com mentalidade de Reino a quem Deus concederá
um poder extraordinário para adquirir riquezas.
Não vamos apenas gastar o nosso dinheiro, mas vamos
também multiplicá-lo antes de gastá-lo!

A T R A N S F O R MA Ç Ã O D E J E R U S A L É M
Um dos exemplos bíblicos mais conhecidos que temos de uma
cidade sendo transformada é o de Jerusalém. Durante os 70
anos de cativeiro babilônico, durante os quais Deus estava pu-
nindo Israel pela idolatria, aquela que um dia fora a magnífica
cidade de Jerusalém se tornou uma pilha deserta de entulho
— um monte de lixo, para usar a terminologia moderna. En-
tretanto, ela foi finalmente reconstruída. Jerusalém mais uma
vez se tornou uma cidade próspera com comércio, um templo,
muralhas ao redor da cidade e pessoas vivendo uma boa vida.
O processo exigiu cerca de 100 anos, mas a transformação da
cidade realmente aconteceu!
Como isso aconteceu? Dois elementos foram essenciais:
(1) indivíduos que tinham o dom de Deus e foram ungidos
para a tarefa, e (2) riquezas. Deus escolheu esses indivíduos
proeminentes para liderar o Seu povo: primeiro foi Zorobabel;
depois Esdras, 81 anos depois; e finalmente, Neemias, 13 anos
depois disso. A essas pessoas foram confiadas as riquezas. Sem
servos de Deus que têm uma visão voltada para os propósitos
de Deus, que têm um coração voltado para obedecer a Ele e
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224 Assim na TERRA como no CÉU

que provaram sua integridade com relação a finanças, não po-


demos esperar que Deus libere grandes quantias. As riquezas
para a transformação de Jerusalém foram liberadas através de
dois reis pagãos, adoradores de ídolos da Pérsia: Ciro e Arta-
xerxes. Essa foi uma transferência sobrenatural de riquezas, e
não o resultado do trabalho e da produção pessoal dos israeli-
tas. Tudo começou quando “despertou o Senhor o espírito de
Ciro, rei da Pérsia” (Esdras 1:1). Sem as riquezas da Pérsia, este
caso clássico de transformação social não poderia ter ocorrido.
À medida que os dias se passam e o povo de Deus conti-
nua a apresentar a visão de obediência ao mandato de Deus
de tomar o domínio, podemos esperar ver Ciros e Artaxerxes
dos dias modernos serem ativados para suprir quantias astro-
nômicas de riquezas com o propósito de serem usadas para o
avanço do Reino de Deus aqui na terra.
Como Salomão escreve em Eclesiastes 10:19, talvez com
ironia: “Por tudo o dinheiro responde!”
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CAPÍTULO 10:

U M A N O VA U R G Ê N C IA:
E N T Ã O , M Ã OS À OBRA !
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226 Assim na TERRA como no CÉU

O meu desejo neste capítulo conclusivo é ajudar a moldar


as peças unindo-as em um todo. Estou ciente de que os
outros capítulos podem, em sua maior parte, ter sido vistos
como ensaios independentes sobre temas relacionados à teolo-
gia do domínio. Cada um, entretanto, destina-se a colocar em
nossas agendas uma questão essencial para o completo enten-
dimento e a implementação prática dos nossos papéis, a fim
de ajudar a trazer o Reino de Deus à terra assim como no céu.

TRANSFORMAÇÃO SOCIAL
A Igreja Apóstolos no
Mercado A Transferência
no Mercado
de Trabalho de Riquezas
de Trabalho

O Governo da Igreja Quebrando o Espírito


de Pobreza

Cada capítulo é como um livro em uma livraria do domí-


nio. Os suportes para os livros são o gráfico da transformação
social que mostrei na introdução e agora apresento novamente.
Minha abordagem será simplesmente apontar os nove te-
mas principais do livro e mostrar como eles se encaixam para
formar o quadro total do domínio.

1. O Governo Bíblico da Igreja


Três de meus amigos mais próximos estão atualmente traba-
lhando em outros livros que tratam da transformação social
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U M A N O VA U R G Ê N C I A : E N T Ã O , M Ã O S À O B R A ! 227

ou do Mandato de Domínio. Eles, sem dúvida, não são os úni-


cos. Não conheço outro momento na história em que algo as-
sim tenha ocorrido. Por que o momento em que vivemos é tão
diferente? Tenho certeza de que tem a ver com a Segunda Era
Apostólica.
O governo bíblico da Igreja é a base para um dos dois
pilares que sustentam a transformação social, mas também
creio que ele representa o ponto crucial no que diz respeito ao
tempo. As tremendas atribuições que Deus está dando à Igreja
neste tempo não poderiam ter sido empreendidas sem a ati-
vação do fundamento dos apóstolos e dos profetas. A história
será diferente de 2001 para cá. O século 21 promete ser o sé-
culo mais glorioso para a Igreja desde a morte e a ressurreição
de Jesus.

2. O Reino é Maior que a Igreja


Por mais de um século os cristãos evangélicos haviam enfatiza-
do o mandato evangelístico enquanto praticamente negligen-
ciavam o mandato cultural. Salvar almas e multiplicar igrejas
era o nosso objetivo de pleno acordo. Sim, alimentávamos os
famintos e cuidávamos dos órfãos e equipávamos hospitais
ao longo do caminho, mas tudo isso se destinava a abrir mais
portas para o evangelismo.
A meu ver, é interessante que o gráfico que estamos usan-
do tenha como cerne a transformação social e que o evangelis-
mo e a plantação de igrejas nem sequer aparecem. Isso não sig-
nifica que eles estão excluídos. Mais pessoas estão atualmente
sendo ganhas para Cristo diariamente do que em qualquer ou-
tro momento da história, e esse número continuará a crescer.
Missões e evangelismo agora são uma parte da estrutura e da
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228 Assim na TERRA como no CÉU

trama da Igreja em geral, tanto quanto tomar a Santa Ceia ou


adorar e orar em conjunto, sem que seja necessário aparecer em
um diagrama representando as atuais mudanças de paradigma.
Agora entendemos que o Reino de Deus não está confina-
do às quatro paredes da igreja local. Continuamos a ser o povo
da Igreja, mas também somos o povo do Reino. O Reino inclui
a Igreja, mas ele é muito mais amplo do que a Igreja. Agora
estamos livres para esperar uma resposta literal para a nossa
oração: “Venha o Teu reino, seja feita a Tua vontade assim na
terra como no céu” (Mateus 6:10).

3. O Desejo de Tomar o Domínio é Bíblico


Foi necessário um longo tempo para sobreviver ao estigma
do rótulo de “triunfalismo” com o qual Constantino marcou
a Igreja no século 4, mas agora temos as portas abertas na
direção do nosso entendimento do que o segundo Adão real-
mente veio fazer. O primeiro Adão perdeu o domínio sobre a
criação que Deus havia lhe dado, e o segundo Adão veio para
restaurá-lo.
Jesus veio para “buscar e salvar o que se havia perdido”
(Lucas 19:10). O que é que se havia perdido? O domínio de
Adão sobre a criação.
Agora deixamos as nossas inibições para teologizar acerca
da tomada do domínio. A teologia do domínio não é um flash-
back do triunfalismo de Constantino, mas certamente é um
novo chamado à ação para uma Igreja triunfante. A teologia
do domínio nos dá um entendimento coerente do que Deus
revelou na Bíblia (logos) e do que o Espírito está dizendo às
igrejas hoje (rhema). Tomar o domínio não é uma espécie de
esquema sociopolítico grandioso e humano, e sim o desígnio
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U M A N O VA U R G Ê N C I A : E N T Ã O , M Ã O S À O B R A ! 229

do próprio Criador do universo para o futuro da raça humana,


que Ele colocou aqui na terra.

4. O Que Escolhemos Fazer Importa para Deus


De todos os capítulos, este poderia, na mente de alguns, es-
tar muito próximo da iconoclastia absoluta. Sugerir que Deus
honra a nossa criatividade o bastante para nos permitir tomar
certas decisões que Ele não predeterminou ou mesmo conhe-
ceu antecipadamente põe em dúvida algumas de nossas supo-
sições teológicas mais consagradas. É difícil negar, entretanto,
que a Bíblia oferece grande quantidade de evidências revelado-
ras de que Deus, realmente, tem a mente aberta, que Ele usa a
Seu critério. A maioria de nós concorda que a Bíblia prevalece
sobre a teologia. Ver Deus como tendo a mente aberta é uma
maneira legítima, e acredito que muito convincente, de enten-
der Deus a partir daquilo que Ele revelou na Sua Palavra. Se
o que escolhemos fazer em obediência às ordens de Deus não
tem efeito sobre aquilo que Ele já sabe que vai acontecer de
qualquer forma, não creio que eu teria uma razão boa o bas-
tante para escrever um livro como este.
Se me permitem uma especulação pessoal por um instan-
te, minha opinião seria que o teísmo aberto é o quinto rompi-
mento teológico mais importante desde a cruz e a Ressurrei-
ção. Isto é um exagero? Possivelmente, mas não penso assim.
Os outros quatro seriam: (1) a decisão do Concílio de Jeru-
salém de que os gentios não precisam ser circuncidados e se
tornar judeus para serem salvos; (2) a descoberta de Martinho
Lutero da doutrina bíblica da justificação pela fé; (3) a percep-
ção de William Carey de que Deus espera que usemos meios
para alcançar os pagãos; e (4) o reconhecimento da verdadeira
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230 Assim na TERRA como no CÉU

pessoa e obra do Espírito Santo tendo início com o avivamen-


to da Rua Azusa.

5. O Combustível Espiritual para Assumirmos o Domínio


Vem do Espírito Santo
Falando do Avivamento da Rua Azusa em 1906, podemos di-
zer com precisão que o mundo mudou muito desde então. Se
a teologia do domínio reúne todos os componentes do gráfico
da transformação social conceitualmente, o poder do Espírito
Santo ativa todos eles operacionalmente. Não é segredo que o
trabalho externo da doutrina clássica da Trindade ocupou os
teólogos profissionais por séculos. Muitos deles ainda se es-
forçam no sentido de entender uma pneumatologia truncada
sem nenhuma experiência pessoal do enchimento e do poder
do Espírito Santo, mas o número deles continua a diminuir.
Cada vez mais, estamos reconhecendo a validade prática
do que escrevi no capítulo 5: com a finalidade de cumprir a
Grande Comissão, a saber, discipular as nações ou transfor-
mar a sociedade, a presença imediata da terceira pessoa da
Trindade é mais importante que a presença imediata da se-
gunda pessoa da Trindade! Jesus está sentado à direita do Pai
intercedendo por nós. O poder operante de Deus em nossas
vidas e ministérios hoje é o Espírito Santo. É por isso que não
é nada sábio apagar o Espírito de qualquer maneira.

6. Satanás é o Principal Inimigo Que Deve Ser Derrotado


Começando no Jardim do Éden, quem ficou no caminho do
cumprimento de Adão e Eva do destino de Deus para que eles
tomassem o domínio da Sua criação foi a serpente, que conhe-
cemos como Satanás. Satanás não permitirá que o domínio dos
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reinos deste mundo que ele usurpou seja tirado dele sem lutar.
Nós, que acreditamos na retomada do domínio, estamos en-
gajados nesta luta, comumente chamada de guerra espiritual.
A década de 90 foi uma experiência de aprendizado acele-
rada para o Corpo de Cristo nas questões relacionadas à guerra
espiritual, principalmente o nível estratégico de guerra espiri-
tual, que está relacionado aos principados e potestades a que
Paulo se refere em Efésios 6:12. Antes desse período, conceitos
como mapeamento espiritual, espíritos territoriais e arrepen-
dimento identificacional nem sequer apareciam nos nossos
estudos. Mas eles existem agora, e são extremamente impor-
tantes para implementar a transformação social.
Veja o gráfico da transformação social. Subjacente a todo
o esquema está a terra e as questões relacionadas a ela. São
áreas diretamente relacionadas à guerra espiritual. Satanás
contaminou a terra e a amaldiçoou. Ele deslocou poderes de-
moníacos de alto escalão para escurecer a atmosfera espiritual
sobre a sociedade e para bloquear a liberdade do céu de fluir
até à terra. Ambas as áreas precisam e podem ser purificadas
espiritualmente. Temos as ferramentas para fazer isso, as pes-
soas com os dons para isso, e o poder do Espírito Santo para
fazer isso. Então, será feito!

7. Nosso Trabalho é o Nosso Ministério


A maioria de nós costumava acreditar que todo ministério era
exercido apenas no contexto dos programas patrocinados pe-
las igrejas locais. Mas já não é mais assim! Agora sabemos que
Deus chama o Seu povo para ministrar também no local de
trabalho. Um dos motivos pelos quais Kong Hee de Cingapu-
ra pastoreia uma das maiores igrejas do mundo é porque ele
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232 Assim na TERRA como no CÉU

ensina ao seu povo que eles não estão no mercado de trabalho


apenas para ganhar a vida. Ele explica: “Devemos governar,
dominar, assumir a liderança, e exercer influência em todo o
mundo. Querendo que toda a terra seja cheia da Sua glória,
Deus espera o máximo de frutificação e produtividade em
tudo o que fazemos.”1
O povo de Deus não é apenas Igreja aos domingos, mas
também nos sete dias da semana. A Igreja no mercado de tra-
balho tem o fundamento dos apóstolos e dos profetas. No grá-
fico, o único elemento que contém setas, representando ação,
são os apóstolos do mercado de trabalho. Se o Espírito Santo
fornece o combustível espiritual para a transformação social,
então os apóstolos do mercado de trabalho, aqueles que po-
dem penetrar os Sete Montes, são agentes humanos indispen-
sáveis para fazer isso acontecer.

8. Precisamos Fazer Tudo Funcionar Bem


Ao longo dos anos, algumas tentativas de transformar a so-
ciedade funcionaram melhor que outras. Vamos aprender tan-
to com os nossos sucessos quanto com os nossos fracassos.
Precisamos concordar com uma abordagem pragmática da
estratégia se esperamos ter êxito. Nossas estratégias do passa-
do foram elogiáveis, mas poucas, se é que existiram, levaram à
transformação sociologicamente verificável de uma determi-
nada cidade. Não condenemos o que fizemos, mas esforcemo-
nos para fazer melhor.
Uma das mudanças estratégicas mais promissoras está re-
lacionada à Igreja no mercado de trabalho. Poder ser que os
apóstolos do mercado de trabalho, caso sejam criativamente
ativados, acabem sendo uma das forças missionárias mais for-
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tes que já conhecemos. Se eles veem os seus negócios como


sendo do Reino, eles podem ver portas que jamais seriam
abertas para os missionários tradicionais, e o potencial deles
para catalisar a transformação social pode ser enorme. Cabe
ao Corpo de Cristo como um todo reconhecer, afirmar, apoiar
e encorajar os missionários do mercado de trabalho.

9. Transformar a Sociedade Custa Dinheiro


Não se engane a esse respeito: se não tivermos acesso a quan-
tias expressivas de dinheiro, nossas tentativas de tomar o do-
mínio terão resultados inexpressivos. Esse é um dos motivos
pelos quais os missionários apostólicos no mercado de traba-
lho que acabo de mencionar podem exercer um papel tão cru-
cial. Deus dá a muitos deles o poder para adquirir riquezas (ver
Deuteronômio 8:18).
Além do mais, eles têm mais experiência em lidar com
grandes somas de dinheiro que a maioria dos líderes da Igreja
Nuclear. Eles sabem como administrar. Entendem o mercado
financeiro e concordam que dinheiro ocioso gera um obstá-
culo na expansão do Reino. Evitam as ciladas do medo e da
ganância. Eles têm acesso aos Sete Montes (Religião, Família,
Artes, Educação, Governo, Mídia e Negócios). Com todos eles
em operação, podemos esperar que Deus, assim como tem
prometido, liberará as riquezas dos ímpios, grandes somas de
riquezas que serão usadas para gerar uma transformação so-
cial expressiva e mensurável.
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234 Assim na TERRA como no CÉU

CONCLUSÃO
Estes são os chamados livros da atual biblioteca do domínio.
Outros, sem dúvida, serão acrescentados à medida que acu-
mularmos experiência ao longo dos anos. Esta é uma aventura
empolgante. É empolgante por estar enraizada na Palavra do
Senhor. Ela acontece como obediência sincera ao que o Espíri-
to está dizendo atualmente às igrejas.
Sei que muitos se unirão a mim quando eu concluir este
livro com um decreto apostólico:

No poderoso nome de Jesus


E pela onipotência do Espírito Santo
Decretamos na autoridade da Palavra do Senhor que
O Teu Reino virá
A Tua vontade será feita na terra assim como no céu!
Amém.
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NOTA S FINAIS

Prefácio
1. Jon Mecham, “In God We Trust: Few in Number, Dominionists Believe the Bible
Should Govern Society,” TIME, 26 de setembro de 2011, pg. 38.
2. “The Righteous Revolution: Could There Be a Theocracy in America’s Future?”
PRO-S.O.C.S., 1996. http://prosocs.tripod.com/riterev.html.
3. Kevin Phillips, American Theocracy (New York: Penguin Books, 2006), pg. ix.
4. Rick Joyner, “The Kingdom of God Is the Strength of a Nation”, 5 de setembro
de 2006; http://www.elijahlist.com/words/display_word.html?ID=4452.
5. Barak Obama,citado em “God’s Will in the Public Square,” Christianity Today,
setembro 2006, pg. 28.

Capítulo 1: Um Novo Vinho — A Segunda Era Apostólica


1. Barrett na verdade relaciona seis mega blocos eclesiásticos, sendo o sexto “Cris-
tãos Marginais”, o que inclui os Mórmons, as Testemunhas de Jeová, os Espíri-
tas, os Ocultistas, e daí por diante, uma categoria que optei por excluir.
2. David B. Barrett, et. al., “Missiometrics 2006,” International Bulletin of Missionary
Research (Janeiro 2006), pg. 28.
3. A expressão “usando meios” pode não ser familiar para alguns. William Carey,
sapateiro na Bretanha, sentiu um forte chamado de Deus para ir à Índia e “al-
cançar os pagãos para ganhá-los para Cristo”, para usar a terminologia da época.
Ele apresentou sua visão a um grupo de líderes religiosos, um dos quais disse pa-
lavras que queriam dizer mais ou menos isto: “Se Deus quer alcançar os pagãos,
Ele o fará sem a sua ajuda. Por favor, sente-se jovem!” Carey insistiu, escreveu
o seu famoso livro An Enquiry into the Obligations of Christians to Use Means for the
Conversion of the Heathens (Uma investigação das obrigações dos cristãos de usar
meios para a conversão dos pagãos, 1792), e foi para a Índia, personificando os
“meios” que Deus usaria para alcançar os perdidos.
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236 Assim na TERRA como no CÉU

Capítulo 2: Um Novo Horizonte azTransformação Social


1. Bryant L. Myers, Walking with the Poor: Principles and Practices of Transformational
Development (Maryknoll, NY: Orbis Books, 1999), pg. 1.
2. James Davidson Hunter, citado em Joe Woodard, “Solving the Secular Paradox:
How Can Christians Influence World Culture?” Calgary Herald, 19 de junho de
2005, pg. B7.
3. James D. Hunter, comunicação pessoal, 11 de janeiro de 2007.
4. Brian Pickering, “Christian Influence on Australian Politics Clearly Growing,”
City Harvest Prayerlink (1 de dezembro de 2004), pg. 3.
5. H. Richard Neibuhr, Christ and Culture (New York: Harper and Row Publishers,
1951), pg. 171.
6. Martin Luther, citado em Neibuhr, Christ and Culture, paz. 171-172.
7. Ibid., paz 217-218.
8. Abraham Kuyper, citado em D. James Kennedy, “God’s Purpose for Our Lives,”
Business Reform, Julho/Agosto 2002, pg. 17.
9. John R. W. Stott, “The Great Commission,” citado em Carl F. H. Henry e W.
Stanley Mooneyham, eds., One Race, One Gospel, One Task (Minneapolis, MN:
World Wide Publications, 1967), vol. 1, pg. 50.
10. John Stott, “The Great Commission, Part III,” Congresso Mundial de Evangelis-
mo, 1966; http://www2.wheaton.edu/bgc/archives/docs/Berlin66/stott3.htm.
11. “Evangelism and Social Responsibility: An Evangelical Commitment,” Docu-
mentos Ocasionais de Lausanne N.º 21 Relatório Grand Rapids (Uma Publica-
ção Conjunta do Comitê de Lausanne para Evangelização Mundial e da World
Evangelical Fellowship, 1982), pg. 25.
12. Luis Bush, “Transform World Indonesia 2005” (publicado em particular), pg. 14.
13. Ed Silvoso, Transformation (Ventura, CA: Regal Books, 2007), pg. 115.
14. Ibid.
15. Sarah Pollak, “Guatemala: The Miracle of Almolonga,” CWNews (10 de junho
de 2005), CBN.com.

Capítulo 3: Um Novo Paradigma — A Teologia do Domínio


1. Jim Hodges, discurso, Conferência “Starting the Year Off Right”, Denton, Texas,
4 de janeiro de 2007.
2. Harold R. Eberle & Martin Trench, Victorious Eschatology (Yakima, WA: Worldcast
Publishing, 2006), pg. 1.
3. Eu gostaria de esclarecer que Deus usou o pré-milenismo como um poderoso
fator motivador para missões na maior parte do século 20. Allan Anderson, um
dos principais acadêmicos Pentecostais, relaciona o pré-milenismo como a pri-
meira das cinco características principais do Pentecostalismo global (ver “Spre-
ading Fires: The Globalization of Pentecostalism in the Twentieth Century,”
International Bulletin of Missionary Research, Janeiro 2007, paz. 8-14). Entretanto,
estamos agora em uma nova época.
4. General Presbytery of the Assemblies of God, “Endtime Revival—Spirit-Led and
Spirit-Controlled: A Response to Resolution 16,” Agosto 2000.
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NOTAS FINAIS 237

5. John Stott, The Lausanne Covenant: An Exposition and Commentary, Lausanne Occa-
sional Papers, N.º 3 (Wheaton IL: Lausanne Committee for World Evangelization,
1975), pg. 36.
6. Joseph Mattera, Ruling in the Gates (Lake Mary, FL: Creation House Press, 2003),
pg. 5.
7. Ibid., pg. 49.
8. Ed Silvoso, “Evangelism,” Charisma, Setembro 2004, pg. 49.
9. Myles Monroe, Rediscovering the Kingdom (Shippensburg, PA: Destiny Image,
2004), pg. 26.
10. Steve Thompson, “Your Authority in Christ,” The Morning Star Journal, Summer
2006, pg. 22.
11. Chuck Colson, citado em Joe Woodard, “Solving the Secular Paradox: How Can
Christians Influence World Culture?” Calgary Herald, 19 de junho de 2005, pg. B7.
12. James D. Hunter, comunicação pessoal, 11 de janeiro de 2007.
13. Donald Anderson McGavran, The Bridges of God: A Study in the Strategy of Missions
(New York: Friendship Press, 1981), pg. 14; grifo do autor.

Capítulo 4: Um Novo Rompimento Teológico — Deus Tem a Mente Aberta


1. Doug Koop, “Closing the Door on Open Theists?” Christianity Today, Janeiro
2003, pg. 25.
2. Ted Haggard, Dog Training, Fly Fishing, and Sharing Christ in the 21st Century
(Nashville,TN: Thomas Nelson Publishers, 2002), pg. 111.
3. Os exemplares de Christianity Today foram os de 21 de maio de 2001, e 11 de
junho de 2001. O livro é Does God Have a Future? Por Christopher A. Hall e John
Sanders (Grand Rapids, MI:Baker Academic, 2003).
4. “Does God Know Your Next Move?” Christianity Today (21 de maio de 2001), pg.
39.
5. Ibid., pg. 40.
6. Ibid.
7. Walter Wink, Engaging the Powers (Minneapolis, MN: Fortress Press, 1993), pg.
298.
8. Richard Foster, Celebration of Discipline (San Francisco: HarperSan Francisco,
1988), pg. 35.
9. Brother Andrew, And God Changed His Mind (Grand Rapids, MI: Chosen Books,
1990), pg. 15.
10. Jack Hayford, Prayer Is Invading the Impossible (New York: Ballentine Books, 1977),
pg. 53.
11. Jack Hayford, “Pray with Power,” Ministries Today, Julho/Agosto 2003, pg. 90.
12. Ibid.
13. Mary Alice Isleib, “Releasing God’s Mighty Power,” The Voice, Julho 2006, pg. 12.

Capítulo 5: Uma Nova Vitalidade — O Poder do Espírito Santo


1. Ver, por exemplo, Beth Yvonne Langstaff, Temporary Gifts: John Calvin’s Doctrine of
the Cessation of Miracles (Ann Arbor, MI: UMI Dissertation Services, 1999).
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238 Assim na TERRA como no CÉU

2. Robin McMillan, “The Kingdom Is Supernatural,” The Morning Star Journal, Ja-
neiro 2006, pg. 9.
3. Margaret M. Poloma, The Assemblies of God at the Crossroads (Knoxville, TN: The
University of Tennessee Press, 1989), pg. 94.

Capítulo 6: Uma Nova Realidade — Isso Significa Guerra!


1. Philip Jenkins, The New Faces of Christianity (New York: Oxford University Press,
2006), pg. 100.
2. Ibid.
3. Ibid., pg. 98.
4. W. Gunther, “nikao,” The New International Dictionary of New Testament Theology,
ed. Colin Brown (Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House, 1975), vol.
1, pg. 650.
5. Acts of John 38-45, citado em Ramsay MacMullen, Christianizing the Roman Empire
AD 100-400 (New Haven, CT: Yale University Press, 1984), pg. 26. Reconhecendo
que alguns acadêmicos questionam a precisão de Acts of John, MacMullen argu-
menta: “Essas histórias maravilhosas foram relatadas da forma mais confiável”
(pg. 26), e ele fornece mais justificativas históricas em sua nota de rodapé na
página 133.
6. Dawn Europa, DAWN Friday Fax #43.01,9, Novembro 2001.
7. Ver George Otis, Jr., Informed Intercession (Ventura, CA: Regal Books, 1999).
8. Dawn Europa, DAWN Friday Fax #43.01,9, Novembro 2001.
9. Ibid.
10. Ibid.
11. Richard J. Foster, Prayer: Finding the Heart’s True Home (San Francisco: Harper San
Francisco, 1992), pg. 229.

Capítulo 7: Um Novo Cenário — A Igreja no Mercado de Trabalho


1. Lance Wallnau, “A Prophetic, Biblical, and Personal Call to the Marketplace”
(impresso em particular).
2. Laura Nash & Scotty McLennan, Church on Sunday, Work on Monday (San Francis-
co: Jossey-Bass, 2001), pg. 128.
3. Steven B. Sample, Página do Presidente, USC Trojan Family Magazine, Outono
2006, pg. 5.
4. Ibid.
5. John Maxwell, “If I Had It to Do Over Again... A Rev! Interview with John Ma-
xwell,” Rev! Magazine, September/Outubro 2006, pg. 36.
6. Ibid.
7. George Otis, Jr., Informed Intercession (Ventura, CA: Regal Books, 1999), pg. 56.

Capítulo 8: Uma Nova Estratégia — Aprendendo com a Experiência


1. Ver John F. MacArthur, Ashamed of the Gospel (Wheaton, IL: Crossway Books,
1993).
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NOTAS FINAIS 239

2. Bryant L. Myers, Walking with the Poor (Maryknoll, NY: Orbis Books, 1999), pg. 146.
3. Ibid.
4. Ibid., paz. 146-147.
5. Ibid., pg. 176.
6. Wesley Duewel, Revival Fire (Grand Rapids, MI: Zondervan Publishing House,
1995), pg. 46.
7. Morris Ruddick, “Ruddick Update,” recebido de response@strategic-initiatives.
org, 13 de dezembro de 2006, pg. 2.
8. Bruce Wilkinson, citado em Michael M. Phillips, “In Swaziland, U.S. Preacher
Sees His Dream Vanish,” The Wall Street Journal, 19 de dezembro de 2005, pg. A1.
9. Ibid., pg. A8.
10. Ibid.
11. Ibid., pg. A12.
12. Luis Palau, citado em Deann Alford, “The Truth Is Somewhere,” Christianity To-
day, Setembro 2006, pg. 21.
13. Myers, Walking with the Poor, pg. 128.
14. Carlotta Gall (The New York Times), “Opium Harvest Increases 49%,” The Gazett
(Colorado Springs, CO), 3 de setembro de 2006.
15. Ibid.
16. Abram Book, “Giants in the Land,” Leadership, Summer 2006, pg. 18.
17. Ibid., pg. 19.
18. Ed Silvoso, citado em Rick Heeren, Marketplace Miracles (Ventura, CA: Regal
Books, 2008).
19. Ibid., pg. 163.
20. Andrew Paquin, “Politically Driven Injustice,” Christianity Today, Fevereiro 2006,
pg. 88.
21. Samuel Brownback, citado em Jimmy Stewart & Stephen Strang, “A Voice in
the Wilderness,” Charisma, Agosto 2006, pg. 64. http://charismamag.com/index.
php/features2/569-christians-in-government/13384-a-voice-in-the-wilderness.
22. Ken Eldred, God Is at Work: Transforming People and Nations Through Business
(Ventura,CA: Regal Books, 2005), pg. 46.
23. Ibid.
24. Ibid.
25. Ibid., pg. 53.

Capítulo 9: Uma Nova Influência — O Dinheiro Responde a Tudo!


1. John Kelly & Paul Costa, Power to Get Wealth (Hinesville, GA: Palm Tree Publica-
tions,2006), pg. 7.
2. John Kelly, “ICA Summit, Baltimore, MD,” pg. 10.
3. Philip Jenkins, The New Christendom (New York: Oxford University Press, 2002).
4. Philip Jenkins, The New Faces of Christianity (New York: Oxford University Press,
2006), pg. 90.
5. David Van Biema and Jeff Chu, “Does God Want You to Be Rich?” Revista
TIME, 18 de setembro de 2006. http://www.time.com/time/magazine/arti-
cle/0,9171,1533448,00.html.
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240 Assim na TERRA como no CÉU

6. Ibid., pg. 53.


7. Ibid., pg. 50.
8. Ibid.
9. Jenkins, The New Faces, paz. 96-97.
10. Ibid., pg. 97.
11. Edward Gilbreath, “High-Impact Leader and Shaker,” Christianity Today, Novem-
bro, 2006, pg. 54.
12. Ibid.
13. Kelly & Costa, Power to Get Wealth, paz. 41-42.
14. Pat Francis, comunicação pessoal, 17 de janeiro de 2007.
15. Randall Sprague, The Cyrus Anointing (Tulsa, OK: Phos Publishing, 1998), pg. 50.

Capítulo 10: Uma Nova Urgência — Então, Mãos à Obra!


1. Kong Hee, “The Glory in You,” Harvest Times, Abril-Julho 2006, pg. 18.
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ÍNDICE DE REFERÊNCIAS BÍBLICAS

Gênesis 1:26 — 72, 88 Isaías 14:13-14 — 74


Gênesis 1:28 — 73 Isaías 60:11 — 207
Gênesis 6:5-7 — 98,99 Isaías 61:1-2 — 79
Gênesis 22 — 92
Jeremias 18 — 103
Êxodo 14:15-16 — 151 Jeremias 18:7-10 — 103
Êxodo 32:9-10,12,14 — 101 Jeremias 22:3 — 198

Deuteronômio 8:18 — 217, 219, 233 Ezequiel 22 — 107


Deuteronômio 28 — 207 Ezequiel 22:30-31 — 107
Ezequiel 28:14 — 73
1 Samuel 15:3,9,11 — 132
Jonas 3:4-5,9-10 — 104
2 Reis 20:1,5-6 — 101
Mateus 4:8-9 — 76
1 Crônicas 4:10 — 190 Mateus 5:13-16 — 169
2 Crônicas 1:7,10 — 102 Mateus 5:42 — 198
2 Crônicas 1:11-12 — 102 Mateus 6:10 — 8, 72, 87, 114, 228
2 Crônicas 7:14 — 146, 148 Mateus 9:14-17 — 37
2 Crônicas 12:5-7 — 103 Mateus 10:7-8 — 127
Mateus 10:34 — 131
Esdras 1:1 — 224 Mateus 11:11 — 38
Mateus 11:12 — 133
Jó 22:27-28 — 150 Mateus 12:28 — 120, 141
Mateus 16 — 113
Provérbios 10:22 — 207 Mateus 16:15-19,18-19,21,23 — 113-
Provérbios 13:22 — 207, 216 115
Provérbios 31:8 — 198 Mateus 24:3-35 — 70
Mateus 25 — 220
Eclesiastes 9:16 — 208 Mateus 25:14-30 — 220
Eclesiastes 10:19 — 204, 224 Mateus 25:24 — 221
Mateus 25:25-27 — 221
Isaías 6:1-2 — 79 Mateus 28:19 — 81, 182
Isaías 9:6 — 131
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242 Assim na TERRA como no CÉU

Marcos 13 — 121 1 Coríntios 2:4 — 41


Marcos 13:3-4,32 — 117, 118 1 Coríntios 2:5 — 123
Marcos 16:17 — 113 1 Coríntios 4:20 — 123
1 Coríntios 9:2 — 37
Lucas 4:18-19 — 79 1 Coríntios 12:4-6 — 158
Lucas 5:38-39 — 38 1 Coríntios 12:28 — 33, 161
Lucas 6:12-13 — 35 1 Coríntios 12:28-29 — 158
Lucas 7:11-15 — 152 1 Coríntios 15:24-25 — 83
Lucas 8:41-42,49-56 — 152 1 Coríntios 15:45,47 — 76, 120
Lucas 10 — 35 2 Coríntios 4:4 — 74
Lucas 11:20 — 141 2 Coríntios 5:18 — 78, 149
Lucas 11:22 — 140 2 Coríntios 5:19 — 77
Lucas 12:33 — 198 2 Coríntios 10:8 — 36, 162
Lucas 16:13 — 212 2 Coríntios 10:13 — 36, 162
Lucas 17:21 — 77
Lucas 19 — 220 Efésios 1:22 — 159
Lucas 19:10 — 78, 130, 228 Efésios 2:1-3 — 75
Lucas 19:11-27 — 220 Efésios 2:2 — 74, 130
Lucas 19:20-22 — 221 Efésios 2:19-20 — 33
Lucas 24:49 Efésios 2:20 — 27, 160
Efésios 3:5 — 42
João 1:1,14 — 118 Efésios 3:10,21 — 145, 159
João 10:10 — 20 Efésios 4:11 — 33, 34, 67
João 11:38-44 Efésios 4:12 — 34, 40
João 14:12 — 116, 130 Efésios 4:13 — 34
João 14:30 — 74, Efésios 5:23-25,27,29,32 — 159
João 16 — 115 Efésios 6:12 — 231
João 16:5,7 — 115
João 16:33 — 140 Filipenses 2:5-8 — 119, 120

Atos 1:7 — 121 Colossenses 1:19-20 — 78


Atos 1:8 — 110, 116
Atos 3:21 — 83 Tito 1:5 — 32, 169
Atos 9:36-42 — 152
Atos 17 — 121 1 João 3:8 — 78, 130
Atos 19:10-12 — 143 1 João 4:4 —
Atos 19:19,23-41 — 144
Atos 20:7-12 — 152 Apocalipse 2–3 — 41, 139, 140, 159
Apocalipse 2:7,11,17,26 — 139
Romanos 8:29 — 93 Apocalipse 3:5,12,21 — 139
Romanos 13:1-4 — 15 Apocalipse 12:7-9,11-12,17 — 133,
134
1 Coríntios 2:1,4 — 123
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ÍNDICE POR ASSUNTOS

Abraão (bíblico) — 100, 102 André (discípulo) — 117


Ação do Reino —86 Anglicana (Igreja) — 14, 15, 28,
Adão (bíblico) — 16, 72-80, 88, 53
92, 98, 100, 102, 111, 119, Apostles Today — 20
120, 130, 181, 197-199, 228 Apostólicos — 171
Adão e Eva — 13, 72, 73, 83, 88, Apóstolo, definição de — 36
91, 92, 198 Apóstolo da Igreja Nuclear —
Administradores — 138, 214, 219, 168, 171
222, 223 Apóstolo horizontal — 33
Administradores de dinheiro, Apóstolo territorial — 173, 175
parábolas dos — 220, 221 Apóstolo vertical — 36, 42
Adoradores/adorando — 213, Apóstolo(s) — 26, 30-34, 40, 67,
216, 224 110, 152, 160, 173, 174, 196,
Adorar (adorado) — 125, 228 205, 206, 218, 227, 232
Afeganistão — 194, 195 Apóstolo, dom de —158, 161
África — 26, 110, 137, 189, 190- Apóstolo, esferas de influência
192, 197, 205, 215 — 162
África do Sul — 190, 205 Apóstolo, funções — 32, 169
Afro-americanos — 211, 212 Apóstolo, ofícios/papéis de — 11,
Agague — 132 27, 30, 31, 33, 39, 40, 158,
AIDS — 62, 190, 191, 197, 198 174
Alá — 14 Apóstolo, título de — 35
Alemanha — 50, 131, 149 Apóstolos como guerreiros — 138
Alexandria — 162, 173 Apóstolos no mercado de
Aliados/Aliado — 130, 131, 135 trabalho — 20, 146, 156-158,
Almolonga, Guatemala — 63, 64, 161, 168-170, 172, 175, 176,
172, 173, 182, 184, 187, 199 189, 196, 202, 219, 222, 232
Amaleque — 132 Arcebispo de Canterbury — 14
América do Norte (norte- Areópago — 122
americano) — 46, 66, 137, Aristóteles — 47
209 Armas de Rede de Guerra
América Latina (latino- Espiritual (RGE) — 60, 136,
americano) — 29, 55, 56, 57 142
Andando com os Pobres — 45, 180 Arminianismo — 90
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244 Assim na TERRA como no CÉU

Arrependimento identificacional Camboja — 187, 188


— 231 Campus Crusade for Christ —
Artaxerxes — 224 163
Artesãos em prata — 144 Capadócia — 173
Ásia (dias atuais) — 137 Capitalismo — 54, 55
Ásia (província romana) — 143, Carey, William — 30, 53, 229
173, 174 Cativeiro babilônico — 223
Assembleias de Deus — 70, 171 Catolicismo — 28, 50
Associação Evangelística Billy Cedar, Paul — 59
Graham — 56 Celebração da Disciplina — 106
Asteca — 75 Centro Americano de Missões
Atenas — 121-123, 126 Mundiais — 197
Atos proféticos — 148, 149 Cesaréia de Filipos — 113
Austrália, australiano — 46, 47, Cessacionismo — 34, 112, 123
137, 209 Charisma — 192
Autoconfiança, espírito de — 213 China/Chinês — 26, 29, 137
Avivamento da Rua Azusa — 26, Christian Broadcasting Network
30, 230 (CBN) — 63, 192
Baltimore, Maryland — 208 Christianity Today — 94, 95, 192
Banco Mundial — 144 christos — 113
Barna, George — 180, 211 Cristãos, Os no Ambiente de
Barrett, David — 28, 111, 184 Trabalho — 19, 160, 166
Batistas — 171, 210 Church on Sunday, Work on Monday
Beethoven — 125
— 164
Belzebu — 140
Cidade da Guatemala,
Bezerro de ouro — 101
Guatemala — 64
Bitínia — 173
Cidades — 12, 44, 59-62, 107,
Bolívia, boliviano — 69, 90
172, 174, 182, 184-186, 188,
Bonifácio — 110
189, 204, 206
Boyd, Gregory — 91, 93, 96
Breaking Strongholds in Your City Cingapura — 231
— 147 Ciro (bíblico) — 217
Bretanha (ver Inglaterra) Coalizão de Missões da América
Bright, Bill — 163 — 59
Broocks, Rice — 68 Coalizão Pela Liberdade Religiosa
Brownback, Samuel — 200 — 12
Budista — 53, 188 Coalizão Internacional de
Bush, George W. — 13, 195 Apóstolos (ICA) — 31, 173,
Bush, Luis — 61 173, 206
Caballeros, Harold — 64 Cobiça, espírito de — 213
Calvinismo/Calvinistas — 90, 97, Colonização — 37, 79
105 Colson, Chuck — 81, 82
Calvino, João — 50-52, 68, 90, Compassion International — 198
123 Concílio de Jerusalém — 229
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NOTAS FINAIS 245

Congo, República Democrática Dilúvio, O — 98, 100


do — 205 Dinheiro — 164, 193, 204-206,
Congresso Internacional de 210, 212, 213, 215, 217-224,
Evangelização Mundial — 56, 233
136 Distribuidores — 214, 218, 219
Constantinianismo — 185 Dízimo(s) — 40
Constantino — 37, 44, 47-50, 52, Dobson, James — 168
208, 228 Domínio! — 7, 8, 10
Constituição dos Estados Unidos Dominionismo — 9, 10, 12, 15,
— 15, 52, 53 18
Corinto — 123, 126, 162, 173 Dream for Africa — 190
Costa, Paul — 204, 212 Dualismo, dualístico — 48, 50,
Costas, Orlando — 56 208, 209
Cultura — 7, 12, 46, 48, 49, 51, E Deus Mudou de Ideia — 106
64, 81, 163-165 Eberle, Harold — 70
Cultura greco-romana — 44, 48, Eclesiocracia — 15
49, 122 Éfeso — 139, 143-145, 162, 173
Cultura hebraica — 48 Egito (egípcios) — 103, 216, 217
Cultura, os sete modeladores da ekklesia — 158, 159
— 167, 168, 194 Eldred, Ken — 189, 201
Cultura, transformando — 61 Elias (bíblico) — 113
Cunningham, Loren — 163 Eliminação da pobreza — 63, 198
Davi, Rei — 132, 133, 166 Encarnação — 26, 119
Dawson, John — 60
Enciclopédia Cristã Mundial — 28
Day of the Saints, The — 126
Enfermos, cuidar dos — 215
Decreto apostólico — 153, 234
Engaging the Enemy — 136
Democracia — 14-18, 206
Era das Trevas — 49
Demoníaco — 31, 52, 75, 140,
escatologia — 70
141, 149, 153, 208, 212, 213,
Escatologia Vitoriosa — 70
231
Demônio(s) — 120, 127, 137, 138, Escobar, Samuel — 56
140-143, 145, 166, 173, 209, Esdras (bíblico) — 223
213, 215 Esfera apostólica — 161, 162, 173
Denominação(ões) — 28, 30, 38, Esfera social — 142
39, 53, 70, 112, 113, 152, 153, Esfera territorial — 172
158, Esmirna — 139
Denominacional — 30, 153, 171, Espírito demoníaco/maligno —
210, 218 137, 142, 143, 149, 208, 213
Dez Mandamentos — 101 Espírito Santo — 23, 36, 39, 41,
Dia D — 130, 131, 135, 44, 55, 80, 110-112, 115-117,
Diabo (ver Satanás) 119-127, 138, 141, 143, 145,
Diana — 144, 145 149, 166, 169, 204, 230-232
Dicionário Internacional da Teologia Espíritos territoriais — 60, 136,
do Novo Testamento — 140 142, 144, 148, 231
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246 Assim na TERRA como no CÉU

Espíritos Territoriais — 136 191, 193-195, 233


espíritos, discernimento de — Governo da Igreja — 19, 20, 36,
112 39, 40, 42, 146, 156, 158, 185,
Estados Unidos (da América) — 196, 226, 227
11-16, 28-30, 53, 54, 112, 130, Graham, Billy — 55, 77
152, 165, 168, 186, 194, 196, Grand Rapids, Michigan — 58
198-206, 206, 211 Grande Comissão — 81, 82, 115,
Estratégia — 81, 121, 122, 178, 230
180, 183-186, 188, 189, 193- Grupo Operacional Estratégico
196, 199-201, 232, — 57
ethnos — 82 Guardiões — 67, 175
Europa (europeu) — 37, 66, 90, Guatemala (guatemalteco) — 63,
123, 130, 131, 137, 209 64, 172, 182, 183, 187, 192
Eva (bíblico) (ver Adão e Eva) Guerra da Coréia — 132
evangélico(s) — 7, 28, 44, 47, Guerra do Golfo — 132
54-56, 59, 60, 93, 94, 96, 174, Guerra do Iraque — 132
184, 185, 210, 227 Guerra espiritual — 20, 41, 59,
Exército da Salvação — 171, 198 114, 131, 135-138, 140, 145-
Extraordinary Miracles — 189 145, 147, 148, 150, 152, 156,
Ezequias (bíblico) — 101, 102 185, 196, 209, 231
Falwell, Jerry — 192 Guerra Fria — 132
Faraó — 216 Guerreiros de oração — 30
Fariseus — 140 Hall, Christopher A. — 95, 96
Fase Dois — 185, 186, 196, 200 Hamon, Bill — 126
Fase Três — 183, 184, 186, 196, Hayford, Jack — 105, 106
200, 201 Hee, Kong — 231
Fase Um — 185, 186, 196, 200 Heeren, Rick — 189
Feitiçaria — 64, 75, 138, 142 High Impact African-American
Filadélfia (bíblica) — 139 Churches — 211
Filipos — 113, 162, 173 Hindu — 53
financiamento — 218, 219, 222 Hitler, Adolf — 130, 131, 139
Florença, Itália — 187 Hodges, Jim — 69
Ford, Henry — 26 holístico — 50
Foster, Richard — 105, 106, 151 Holanda — 51, 52
Francis, Pat — 213, 214 Hope Christian Church — 212
Franklin, Benjamin — 189, 190 Hunter, James Davidson — 45,
Galácia — 162, 173, 174 46, 81
Gall, Carlotta — 194 Hybels, Bill — 168
Gentios — 48, 174, 207, 229 Igreja Católica (Romana) — 53,
Gilbreath, Edward — 212 67
God Is at Work — 201 Igreja da Escócia — 53
governo — 7, 11-17, 33, 49, 53, Igreja da Inglaterra (Anglicana)
80, 152, 170-173, 181, 187, — 14, 53
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NOTAS FINAIS 247

Igreja Luterana — 53 Lausanne, Suíça — 56, 57, 184


Igreja Reformada — 53 Lei sharia (muçulmana) — 14,
Império Romano — 15, 26, 37, 17, 49
44, 47, 48, 49, 144 Lênin — 149, 150
Índia — 26, 30, 53, 137, 162, 173, Liberalismo — 55
215, Libertação — 36, 41, 79, 120, 142,
Índio Ayoré — 75 184, 217
Inglaterra (ver também Reino Líderes proféticos — 125
Unido) — 14, 53, 136 Lily Endowment — 95, 164
Intercessor, intercessores — 30- Linguagem da oração — 112
32, 105, 107, 149, 150 Línguas — 41, 112, 113, 124
Irmão André — 105, 106 logos — 68, 228
Isleib, Mary Alice — 106, 107 Lúcifer (ver Satanás)
Israel, israelitas — 75, 101, 102, Lucke, Lewis — 191
103, 132, 216, 223, 224 Luteranos — 171
Jackson, Harry — 211, 212 Lutero, Martinho — 29, 50, 51,
Jackson, Jesse — 212 52, 229
Japão — 165 MacMullen, Ramsay — 145
Jardim do Éden — 63, 76, 79, 83, Maçonaria — 142
88, 98, 111, 130, 181, 230 Macumba — 142
Jenkins, Philip — 11, 112, 132, Magia — 142, 144
138, 184, 209- 211 Mamom — 212, 213, 214
Jeremias (bíblico) — 113 Mandato bíblico — 59
Jerusalém (ver também Concílio
Mandato cultural — 51, 53-56,
de Jerusalém) — 70, 107, 115,
58-60, 68, 79, 123, 124, 180,
162, 173, 223, 224
184, 196, 227
Jó (bíblico) — 75
Mandato da criação — 46
João (discípulo) — 31, 117, 145
Mandato de Deus — 181, 186,
João Batista — 37, 38, 113, 133
224
Jonas (bíblico) — 104
Joyner, Rick — 16 Mandato de Domínio — 9
Judá — 103 Mandato evangelístico — 53-57,
Kagame, Paul — 195 59, 68, 79, 184, 227
Kelly, John — 204, 206, 212 Mandato para a transformação
Kingdom Covenant Ministries social — 78
— 213 Manila, Filipinas — 59, 60, 136
Kitty Hawk — 26 Mapeamento espiritual — 147,
Kuyper, Abraham — 51-53, 68 148, 231
Laodicéia — 139 Mar Vermelho — 151, 217
Latin American Theology: Radical or marechais de campo — 214, 215,
Evangelical? — 55 218
Lausanne, Comitê para a Mars Hill (ver Aerópago)
Evangelização Mundial Marxista — 192
(CLEM) — 57-59, 135 masiah — 113
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248 Assim na TERRA como no CÉU

Mattera, Joseph — 77, 78 nicham — 98


Maxwell, John — 170 Niebuhr, H. Richard — 50, 51
McGavran, Donald Anderson Nigéria — 126, 127, 137
McLennan, Scotty — 164, 165 nikao — 139-141
McMillan, Robin — 124 Nínive — 75, 104
medo(s) — 8, 9, 12, 13, 17, 221, Nível básico — 142, 143
233 Nível estratégico — 52, 59, 136,
Menonitas — 171 142-145, 150, 152, 185, 196,
Mentalidade grega — 44-48, 50, 231
211 Nível oculto — 142, 144
Mentalidade hebraica — 44, 45, Noé (bíblico) — 75, 100
48 Normandia, França 130, 131,
Mercado de trabalho, a Igreja no 135
— 19, 146, 156-159, 163, 175, Nova Era — 142
200, 226, 232 Nova Reforma Apostólica (NRA)
metamorpho — 61 — 10, 27-30, 38-41, 66, 111,
Miguel (anjo) — 133 112, 125, 161
missionários — 40, 53, 113, 201, Obama, Barak — 18
202, 233 objetivo(s) 10, 62, 73, 120, 149,
Moisés — 10, 151 169, 178-182, 185, 186, 198,
Monroe, Myles — 79, 80 199, 213, 215, 227
Monte das Oliveiras — 117 Obsanjo, Olusegun — 137
Monte Moriá — 100 Odre(s) novo, velho — 37-40, 44,
Monte Sinai — 101 111, 161, 186, 218
Montt, Efrain Rios — 192 ópio — 194, 195
Movimento de oração 30, 105 Oração de concordância — 41
Movimento do evangelho social Oração de Jabez, A — 189
— 54, 55, 184 Oração de petição — 96, 150, 151,
Movimento da Igreja Africana 153
Independente — 29 Oração do Pai Nosso — 8, 11
Movimento Missionário Oração movida pelo Espírito —
Moderno — 26, 30, 52, 53 105
Muçulmano — 14, 49, 53 Oração intercessória — 105, 107
Myers, Bryant — 45, 180, 193 Oração profética — 147, 149
Nash, Laura — 164, 165 Oração(ões) — 21, 41, 72, 86, 95,
Nazaré 79, 80 101, 102, 104-107, 147-149,
Nazarenos — 171 151, 152, 190, 228
Neemias — 223 Orar é Invadir o Impossível — 106
Neoapostólicos — 28 Ortodoxo (bloco) — 28
New Christendom — 111 Osteen, Joel — 168, 210
New Faces of Christianity, The — Otis, George Jr. — 61, 63, 147,
111, 137 172, 174
New York Times — 194 P.E.A.C.E. — 195-199
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NOTAS FINAIS 249

Pacto de Lausanne — 56, 57, 71 Predestinado, predestinação —


Padilla, René — 56 90, 97, 105
Palau, Luis — 192 Presbiteriana (Igreja) — 53, 125
Panta ta ethne — 82 Presbiterianos — 171
Paquin, Andrew — 199 presciência — 90, 94, 97
pastor(es) — 33-35, 39, 40, 43, 53, Proclamação — 150-153
67, 106, 138, 152, 158, 161, Profecia — 41, 112
166, 167, 170 ,174, 175, 211 profeta (s) — 11, 20, 27, 30-36,
pastorado — 94 40, 42, 67, 68, 83, 101, 104,
pastoral — 77, 78, 147, 149, 153, 113, 160, 161, 170, 207, 214,
174, 205 219, 227, 232
pastor-mestre — 138 Provedores — 214-219
Patrick da Irlanda — 110 Qur’an — 14
Pattaya, Tailândia — 58 Rainha dos Céus — 149, 150
Paulo (apóstolo) — 15, 31, 32, 36, Rauschenbusch, Walter — 54
37, 41, 42, 75, 76, 120-123, Reconciliar, reconciliado,
126, 143-145, 152, 159, 161, reconciliação — 62, 77, 78,
162, 173, 174, 231 149,
Peacocke, Dennis — 68 Reconquiste Sua Cidade Para
Pedro (discípulo) — 31, 113 Deus — 60, 174, 182, 185
Pelagianismo — 90 Rede Australiana de Oração — 46
Pentecostal, pentecostalismo — Reforma — 61
30, 41, 110, 112, 124, 125 Reforma Protestante — 26, 27,
Pérgamo — 139
29, 39, 50
Perry, Rick — 10
Reino Unido (ver também
Pérsia — 224
Inglaterra) — 57, 188
petição — 96, 150-153
Religiões orientais — 142
Petrie, Alistair — 61
Reserva Sioux de Standing Rock
Phillips, Kevin — 13
— 152
Phoenix, Arizona — 190
Pinnock, Clark — 91, 93, 94, 96 Revista TIME — 10, 183, 209, 210
Plantação de Igrejas — 40, 227 rhema — 68, 228
Platão — 47 Riscajche, Mariano — 173
Pobreza — 147, 149, 164, 190, Robertson, Pat — 192
195, 208, 212 Roboão, rei — 103
Pobreza sistêmica — 63, 130, 198, Rotina — 124-126, 143
198, 200 Ruanda (ruandense) — 195, 196,
Pobreza, espírito de — 19, 20, 198, 199, 213
146, 156, 207, 208, 209, 214, Ruddick, Morris — 187
226 Rushdoony, R. J. — 68
Poloma, Margaret — 124, 125 Rússia (russo) — 146, 150, 184,
Ponto — 173 187
Pragmático, pragmatismo — 166, Salomão, rei — 102, 132, 204, 224
179-181, 232 Samaritan’s Purse — 198
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250 Assim na TERRA como no CÉU

Sample, Steven — 167 Swallow, Jay — 152, 153


Sanders, John — 91, 93-96 Swazi News — 191
Santeria — 142 Tailândia — 58
Sardes — 139 Talibã — 194, 195
Satanás — 20, 52, 59, 63, 73-78, Teísmo aberto — 87, 88, 91-95,
80, 83, 86, 88, 91, 98, 115, 98, 99, 105, 106, 229
120, 121, 130, 131, 133-135, Teísmo clássico — 89-91, 93-96,
137, 139, 141, 170, 173, 175, 99
181, 194, 197, 199, 204, 207- Tempos do fim — 69
209, 212, 230, 231 Teocracia — 9, 12, 13-16, 18, 19,
Satânico — 137, 148 49, 185
Satanismo — 142 Teocracia Americana — 13
Saul, rei — 132, 133 Teologia do domínio — 11, 12,
Savanarola, Girolamo — 110, 187 65, 68-72, 75, 76, 88, 185,
Schenjazarapenko, pastor — 146, 196, 208, 226, 228, 230
148, 150 Teologia do Reino — 68, 72
Segunda Era Apostólica — 25, Teologia da Libertação latino-
27, 30, 32, 37, 38, 42, 44, 67, americana — 55
126, 135, 158, 161, 175, 204, Teologia Reformada — 90
210, 227 Teologia Sistemática — 66, 67
Segunda Guerra Mundial — 37, Terceiro Mundo — 137, 209, 210,
130, 132 215
Segundo Adão — 76, 80, 119, Thompson, Steve — 80
120, 130, 228 Tiago (discípulo) — 117
Seminário Teológico Fuller — Tiatira — 139
136 Tomé (discípulo) — 162
Sempangi, Kefa — 210 Toronto, Canadá — 213
Sete Montes — 8, 12, 15, 16, 18, Transferência de riquezas, cadeia
162, 163, 164, 167, 168, 170, de — 214, 222
172, 181, 193, 202, 232, 233 Transformação social — 19, 20,
Sharpton, Al — 212 42-49, 52, 53, 55-62, 64, 66,
Silvoso, Ed — 62, 63, 79, 198 68, 69, 78, 80, 81, 116, 121,
Sisaque, rei — 103 123, 143, 145, 146, 148, 150,
Skaggs, Ricky — 166, 167 156, 157, 161, 168, 172-174,
Smith, Wilber M. — 69 178, 181, 184, 185, 189, 190,
Snow, C.P. — 167 192-195, 201, 204, 206, 210-
Sociedade Teológica Evangélica 212, 224, 226, 227, 230-233
(STE) — 93, 94 Transformação social,
Sprague, Randall — 217 componentes da — 19
Stott, John R. W. — 57, 58, 71 Transformação social, definição
Suazilândia — 190-192, 195 de — 61
Suíça — 56, 149 Transformação social, Gráfico —
suicídio(s) — 152, 153 19, 146, 156, 226
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NOTAS FINAIS 251

Transformação social, história Vila dos Sonhos Africana — 191,


de — 47-49 192
Transformação social, Visão Mundial — 180, 198
movimento de — 45, 184 visão preterista parcial — 70
Transformar o Mundo — 45, 46, Vodu — 142
61, 86 Wagner Instituto de Liderança
Transformações — 61, 63 (WIL) — 66
Transformed! People, Cities, Nations Wallnau, Lance — 162-164, 167
— 61 Warfield, Benjamin Breckenridge
Trench, Martin — 70 — 112, 123
Trindade — 13, 30, 115, 118, 230 Warren, Rick — 168, 195, 199,
UNICEF — 192 210, 213, 214, 218
Universidade de Harvard — 164 Weber, Max — 124
Universidade de Stanford — 164 Weiner, Bob — 68
Wesley, John — 29, 86
Universidade de Virginia — 244
Wicca — 142
Universidade de Yale — 145
Wildemon, David — 168
Universidade do Sul da
Wilkinson, Bruce — 189-192, 195
Califórnia — 167
Wink, Walter — 105
“Unção de Ciro” — 217
Winter, Ralph — 197
Ussinsk, Rússia — 146-150, 184, Woodard, Joe — 81
187 Youth with a Mission /JOCUM,
vencer — 139-141, 192, 198, 206 YWAM — 163
Vida Com Propósitos, Uma — 195 Zorobabel — 223
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