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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

PROFESSOR: EMANUEL FRAGOSO

DICSIPLINA: ÉTICA II

SOBRE A QUESTÃO DO BEM E MAL EM DEUS

E A POSSIBILIDADE DE EXISTÊNCIA DO MAL ABSOLUTO.

(ESPINOSA, SANTO AGOSTINHO)

Breno Araujo 1

Na concepção Espinosista, se Deus é absolutamente bom, ele não


pode ser mau. Claro, se consideramos que o que entendemos por deus nos
faça um bem, ele será um bem. Mas Não só por considerarmos o termo
‘’absoluto’’ mas por ser a substância um bem em sí, mas não no sentido
comum como conhecemos. Esse bem em sí, seria uma infinitude de algo que é
completo e causa de sí; sem considerar o bem em um sentido que atribuímos
aos seres humanos.

Se fôssemos considerar apenas o termo ‘’absoluto’’ e radicalizar a


concepção cristã, ele poderia sim, ser mau, de um ponto de vista mais crítico
levando em conta a contradição que há na questão do livre arbítrio. Ora, deus
é tido como absolutamente bom, poderíamos julgá-lo também como mau, pois
quando permite o livre arbítrio ao homem, este é queimado nas profundezas
malignas do inferno quando desobedece cometendo um pecado. Mas, a
intenção aqui não é criticar o cristianismo.

Deus ou substância para Espinosa é infinito e causa de sí. A ideia de


perfeição ou imperfeição são atributos humanos, seres finitos e limitados por
outros corpos. A substância é concebida por sí mesma e não tem relação com
algo de positivo ou negativo, perfeito ou imperfeito. Ao ser concebida e limitada
por sí mesma, ela não tem razão ou motivação de existir, ela simplesmente
existe em potência produtora de sí e da natureza. E como é infinita e limitada
apenas por sí, não possui atributos humanos, que são essas mesmas
conceituações de bem e mal. Tristeza, angústia, felicidade ou prazer, são
malefícios e benefícios de atributos potencialmente humanos; a potência

1
Granduando em Filosofia, UECE, 2018
natural da substância (deus) não é constituída pelos mesmo atributos. Os
atributos da substância é concebido por um intelecto além das capacidades e
potências humanas, e que são infinitamente constituídos ou concebidos pela
própria substância. No qual, o julgamento moral de bom e mau é limitado para
a nossa percepção julgar com precisão.

Santo Agostinho em seu julgamento de bem e mal, vai ter sempre


como base a orientação divina como caminho e orientação principal.
Considerando o livre-arbítrio com uma justificativa um pouco diferenciada da
maioria dos que se julgam cristãos costumam usar. Para agostinho o livre-
arbítrio é como uma condição necessária para que o homem possa ser
orientado pelo caminho racional do bem (que seria o caminho de deus) e o
desvio do caminho de deus, que seria a perdição do espírito por influências
externas como as tentações das paixões do corpo e do mundo físico; como o
influencia Plotino. Como o autor tem privilégio pelas orientações espirituais,
sustenta a ideia de que o livre-arbítrio é uma forma de orientar o homem para o
reconhecimento do mal que existe no mundo do pecado e dos desejos
exacerbados, demonstrando que o mundo das paixões e do pecado em geral,
afasta o homem de deus e da contradição do mal perante a razão divina.

Refuta totalmente a ideia de responsabilizar a deus por equívocos e


inclinações maléficas próprias do ser humano, e que o livre-arbítrio é
constituído de tendências para o mal ou o pecado; mas que sem ele não seria
possível reconhecer o bem, e prosseguir no caminho divino, rumo ao mérito da
salvação. E que este mesmo desvio do mal, com o poder e responsabilidade
de escolhas e ações, seguindo ainda assim o caminho da salvação seria a
própria liberdade.

Sobre a existência de um mal transcendental e absoluto, ou uma


divindade maligna, esta concepção é descartada por agostinho. O autor afirma
ser deus a causa de todo o bem, já que dele tudo precede. E que o mal é uma
causa errônea da corrupção da espécie humana e da ordem do caminho da
razão divina. Agostinho conclui resumidamente quando faz uma crítica ao
maniqueísmo que afirma a existência do bem e do mal como relações
antagônicas que pairam transcendentalmente na terra através dos homens em
cada ação, como se não tivessem escolha ou saída no bem supremo e na
salvação. O filósofo refuta ao radicalismo desta concepção por privar o ser
humano da liberdade de escolher o caminho de deus. Mas os seres humanos
possuem escolhas e decisões dignas; seguir o caminho do bem é o caminho
da salvação, é a própria liberdade.

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